Boas práticas para conviver com os riscos de
deslizamentos e inundações
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Fenômenos naturais, como deslizamentos e inundações, fazem
parte da dinâmica terrestre e são processos constantes na história
do nosso planeta.
Boas práticas para conviver com os riscos de deslizamentos e inundações
Deslizamentos em Mirim Doce. Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Os blocos de rochas da imagem a seguir indicam a evidência de
antigas movimentações de solo e rocha.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitora da Universidade Federal de Santa Catarina
Professora Roselane Neckel, Drª.
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina
Professor Sebastião Roberto Soares, Dr.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Diretor Geral Professor Antônio Edesio Jungles, Dr.
Diretor Técnico e de Ensino Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.
Diretor de Articulação Institucional Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Superintendente Geral Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
EXECUÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Coordenação do ProjetoProfessor Antônio Edésio Jungles, Dr.
Coordenação ExecutivaJanaina Rocha Furtado
Elaboração de ConteúdoDiane Guzi
Mari Ângela Machado
Michely Márcia Martins
Capa, Projeto Gráfico e DiagramaçãoSTUDIO S Diagramação & Arte Visual(48) 3025-3070 | [email protected]
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres.
Boas práticas para conviver com os riscos de deslizamentos e inundações / texto Diane Guzi, Mari Angela Machado, Michely Márcia Martins. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2012.
14 p. : il. color. ; 21 cm. – (Redução de Riscos de Desastres na Prática)
1. Desastres naturais. 2. Deslizamentos. 3. Inundações I. Guzi, Diane. II. Machado, Mari Angela. III. Martins, Michely Marcia. IV. Universidade Federal de Santa Catarina. V. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. VI. Título.
CDU 504.4
Catalogação na fonte por Graziela Bonin CRB – 14/1191.
Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.
w w w.ceped.ufsc.br • 54 • B oas prát i cas para conv iver com os r i scos de des l i zamentos e inundações
Quando estes fenô
menos ocorrem em
núcleos habitacionais
resultam em danos hu
manos e ou materiais e
são considerados De
sastres Naturais.
Menos de um ano após o
deslizamento no Morro da
Mariquinha podemos perce
ber a alteração da paisagem,
o solo depositado próximo
ao bloco de rocha deslizado
propiciou a cobertura vege
tal da área soterrada.
Este exemplo ilustra o
permanente processo de mo
dificação do nosso planeta.
Blocos de rocha no município de Benedito Novo. Fonte: CEPED UFSC, 2010.
Deslizamento no Morro da Mariquinha. Fonte: Notícias Terra, 2011.
Morro da Mariquinha. Fonte: CEPED UFSC, 2012.
Em dezembro de 2011 um bloco de rocha deslizou no Morro da
Mariquinha, Centro de Florianópolis (SC), soterrando casas e resul
tando em uma vítima fatal.
Com a evolução do processo de urbanização e o crescimento das
cidades o número de pessoas vivendo em áreas de risco tem aumen
tado. O adensamento populacional em áreas caracterizadas como
ambientalmente frágeis também pode potencializar e /ou desencade
ar esses processos, aumentando a vulnerabilidade dessa população.
Muitas pessoas só descobrem que viviam em áreas de risco de
pois de serem afetadas por algum evento. Desta forma, é importan
te desenvolver em nossa sociedade a cultura de percepção do risco,
ou seja, COMPREENDER o local onde se habita pode ser o primeiro
passo para se evitar ou prevenir situações de risco de desastres.
O número de vítimas fatais por desastres naturais no Brasil tam
bém evidencia a crescente ocupação em áreas de risco e expressa a
urgência de ações conjuntas para a conscientização da sociedade e
de políticas públicas de prevenção e resposta aos desastres.
w w w.ceped.ufsc.br • 76 • B oas prát i cas para conv iver com os r i scos de des l i zamentos e inundações
Os deslizamentos, frequentemente, apresentam sinais e evidên
cias de movimentação e cada indivíduo pode compreender o local
onde vive pelo monitoramente de alguns fatores simples, como:
Î Presença de trincas no terreno e nas
edificações e monitoramento da
evolução das mesmas;Mortes decorrentes de desastres naturais no Brasil entre 1991 e 2010. Fonte: CEPED UFSC, 2010.
Em Santa Catarina os desastres naturais mais frequentemente
estão associados à intensidade de chuvas, resultando em inunda
ções e deslizamentos. Nas últimas duas décadas 113.697 pessoas
foram afetadas por deslizamentos no Estado (CEPED UFSC, 2011).
DESLIZAMENTOS ou escorregamentos são movimentações de
solo, rocha ou detritos, gerados pela ação da gravidade. Estes proces
sos são deflagrados pela infiltração de água, principalmente da chuva.
Estes fenômenos têm origem em terrenos inclinados e podem
ser naturais ou gerados por intervenções humanas, como cortes ou
taludes instáveis para construção de moradias e estradas, drena
gem insuficiente e ausência de tubulações sanitárias.
Instabilidade da encosta - corte em 90°.Fonte: CEPED UFSC, 2012.
Trincas no solo, município de Lontras (SC). Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Trincas no solo e edificações em Joinville (SC). CEPED UFSC, 2011.
Embarrigamento causado por movimento de massa do tipo rotacional. Pomerode (SC). Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Trincas no solo, município de ascurra (sc). Fonte: ceped ufsc, 2011.
Deslizamento em encosta causado por corte em 90° em talude em Presidente Getulio. Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Î Inclinação de árvores, postes, cercas e muros;
Î Infiltrações e surgências de água;
Î Embarrigamento de solo, paredes ou muros;
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As ENCHENTES são caracterizadas pelo aumento da vazão de
um curso d’água durante um período de chuvas intensas. Durante
uma enchente, quando as águas de um rio extravasam para as áreas
marginais, chamamos esse processo de inundação.
Nas cidades o crescimento urbano nem sempre vem acompa
nhado de obras estruturais, como um sistema de drenagem eficien
te, gerando problemas de alagamentos. O acúmulo de lixo em ga
lerias, bueiros e ruas também favorece a situação para alagamento.
Em abril de 2012, o Brasil reformulou a POLÍTICA NACIONAL
DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL (PNPDEC), aprovada pela Lei n.
12.608, a qual segue os conceitos definidos pela Estratégia Interna
cional de Redução de Desastres.
Definese Defesa Civil como o conjunto de ações de preven-
ção, mitigação, preparação, resposta e recuperação destinadas
à redução dos riscos de desastres com vistas à preservação do
moral da população, o estabelecimento da normalidade social e
a proteção civil.
Assim, para construirmos uma sociedade mais segura em rela
ção a desastres naturais devemos desenvolver ações em todas as
etapas do ciclo, como:
Alagamento na sede do município de Mirim Doce (SC). Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Processo de erosão e solapamento das margens do rio em Araquari. Fonte: CEPED UFSC, 2011.
As enchentes e inundações ocorrem rapidamente não sendo pos
sível observar com muita antecedência sinais ou evidencias de ocor
rência, como para os deslizamentos. Por isso, é sempre importante
observar a elevação das edificações próximas às margens dos rios,
histórico de enchentes e inundações da área, entupimento das vias de
drenagem e desbarrancamento (solapamento) das margens dos rios.
w w w.ceped.ufsc.br • 1110 • B oas prát i cas para conv iver com os r i scos de des l i zamentos e inundações
Î Ações de PREVENÇÃO para evitar por completo os
efeitos do desastre;
Î Ações de MITIGAÇÃO para que na inevitável ocor-
rência os impactos sejam minimizados;
Î Ações de PREPARAÇÃO e RESPOSTA para agir de
forma imediata e eficaz na situação de emergência,
com o propósito de salvar vidas e satisfazer necessi-
dades básicas de subsistência da população afetada;
Î Ações de RECONSTRUÇÃO para reestabelecer a
infraestrutura às condições básicas de ordem civil
e esforços para reduzir os fatores de risco;
A seguir alguns exemplos das ações que a De
fesa Civil deve promover na sociedade:
Î Prevenção: construção de uma represa ou muro de contenção para
eliminar o risco de inundações; uma regulamentação sobre o uso do
solo que não permita o estabelecimento de assentamentos em zonas
de alto risco, utilizar o Mapeamento Geotécnico como ferramenta para
identificar áreas de risco; etc.
Î Preparação: inclui atividades relacionadas a gestão como elaboração
de planejamento de contingências; reserva de equipamentos e de su-
primentos; desenvolvimento de rotinas para a comunicação de riscos;
capacitações, treinamentos e exercícios simulados de campo, etc.
Î Mitigação de desastre: desenvolvimento do sistema de alerta, que
tem como objetivo alertar a população com antecedência para que
atuem com tempo suficiente e de modo adequado reduzindo a possi-
bilidade de que se produzam danos (humanos, materiais e ambientais)
e prejuízos econômicos e sociais).
Î Resposta: suprimento de água potável, a provisão de alimentos, a ofer-
ta e instalação de abrigos temporários, etc;
Î Reconstrução: investimento em tecnologias de engenharia para su-
porte aos eventos adversos (terremotos, ventos, enchentes, etc), re-
construção das edificações públicas e privadas, pontes, sistema viário,
setores de saúde, etc.
Fique atento para algumas AÇÕES que você e o seu município
podem realizar para contribuir com a promoção de comunidades
mais seguras:
Î Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos, previsto pela
Lei N°12.608 de 2012, compatibilização com o Plano Diretor para cada
município;
Î Definir e fiscalizar o uso e ocupação do solo – integração com órgãos
municipais;
Î Seguir as normas técnicas para cortes de taludes e de aterros;
Î Obras para estabilização e contenção de encostas: muros de arrimo,
gabiões, cortinas atirantadas, cortes e aterros, dentre outros;
Exemplo de uma obra de estabilização de encostas. Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Prevenção
Mitigação
Preparação
Resposta
Reconstrução
Retaludamento com banqueteamento
Edificações
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Î Drenagem urbana;
Î Impermeabilização das edificações;
Î Investimento em obras de infraestrutura como pontes, túneis, eleva-
dos, etc;
Î Preservação das margens de rios e lagos;
Î Ações para desassoreamento do fundo dos rios;
Î Sistema de esgoto eficiente;
Î Coleta de lixo.
Exemplo de uma obra de estabilização de encostas. Fonte: CEPED UFSC, 2011.
Referências Bibliográficas
CARVALHO, Celso Santos; MACEDO, Eduardo Soares de; OGURA, Agostinho Tadashi (Org.). Mapeamento de riscos e encostas de rios. Brasília: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Atlas de desastres naturais 1991 a 2011: volume Brasil. Florianopólis: CEPED UFSC, 2011. 27 v.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Atlas de desastres naturais 1991 a 2011: volume Santa Catarina. Florianopólis: CEPED UFSC, 2011. 27 v.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Capacitação básica em Defesa Civil. Florianópolis: CAD UFSC, 2012.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Suporte técnico para atendimento de áreas atingidas. v. 1. Florianópolis: CEPED UFSC, 2012. 7 v.
TERRA. Notícias. 2011. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br>.
LEMBRANDO que nosso planeta está em constante mudança e nossas cidades em processo de crescimento precisamos, além de evitar ações que promovam desastres, devemos aprender a
conviver com o risco de desastre.
Uma comunidade CONSCIENTE é uma comunidade segura!
Tela de alta resistência
Atirantamento dos blocosde rocha instáveis
Muro de pedra demão argamassada Edificações próximas
RuaCroqui da solução.Desenho fora de escala.Para solução definitiva realizar:- Levantamento topográfico;- Realizar estudo da drenagem superficial e subsuperficial;- Determinar coesão e ângulo de atrito (ensaios);- Dimensionar a estrutura de contenção.