dosvox: possibilidades de uso pedagÓgico no processo …
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
COORDENADORIA DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM
COMPUTAÇÃO- PARFOR
ALECSANDRA BARROSO PORTUGAL DEL PIERO INGRID MESQUITA ARAUJO
DOSVOX: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
São Miguel do Guamá - PA 2017
ALECSANDRA BARROSO PORTUGAL DEL PIERO INGRID MESQUITA ARAUJO
DOSVOX: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Computação da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Computação. Área de Concentração: Educação Especial Orientador Esp. Jamir Alexandre Ferreira Fernandes
São Miguel do Guamá - PA 2017
Del Piero, Alecsandra Barroso Portugal
DOSVOX: possibilidades de uso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem / Alecsandra Barroso Portugal Del Piero, Ingrid Mesquita Araujo. – São Miguel do Guamá, PA, 2017.
61 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena
em Computação) – Plano Nacional de Formação de Professores, Universidade Federal Rural da Amazônia, 2017.
Orientador: Jamir Alexandre Ferreira Fernandes 1. Tecnologia da Informação e Comunicação – uso
pedagógico 2. DOXVOX – software educativo 3. Inclusão 4. Deficiência visual 5. Formação docente – método I. Araújo, Ingrid Mesquita II. Fernandes, Jamir Alexandre Ferreira, (orient.) III. Título
CDD – 371.33
ALECSANDRA BARROSO PORTUGAL DEL PIERO INGRID MESQUITA ARAUJO
DOSVOX: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural da
Amazônia, como parte das exigências do Curso de Licenciatura em Computação
pelo Plano de Formação de Professores - PARFOR, para obtenção do título de
licenciado. Área de Concentração: Educação Especial.
____________________________
Data da Aprovação
Banca Examinadora:
_________________________________ Orientador Prof. Esp. Jamir Alexandre Ferreira Fernandes
Universidade Federal do Pará - UFPA
_________________________________ Membro 1 Prof. Ma. Gláucia Nazaré Baía e Silva
Secretária Estadual de Educação – SEDUC/PA
________________________________ Membro 2 Prof. Dra. Merilene do Socorro Silva Costa
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
DEDICATÓRIA
Dedicamos a Deus por nos capacitar e
mostrar que, mesmo com todos os
obstáculos, somos capazes de alcançar
todos os nossos objetivos.
E eu, Ingrid Mesquita Araujo, dedico, em
especial, ao meu pai Antônio Lopes de
Araujo (in memorian) que estará sempre
em meu coração.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela capacidade e força para superar
as dificuldades.
Aos meus pais, Dedivar de Sousa Portugal e Zildete Barroso Portugal
pelo exemplo de vida, determinação e amor.
Ao meu esposo Antônio Guimarães Del Piero, ao meu filho Filipe Portugal
Guimarães Del Piero e a minha nora Rhanna Rayssa Souza da Paixão pelo apoio e
incentivo incondicional a correr em busca dos meus objetivos.
A minha irmã Andressa Barroso Portugal Feitosa e família pelo carinho.
A Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior e ao Plano
Nacional de Formação de Professores pela oferta e investimento na educação.
A Universidade Federal Rural da Amazônia pela oportunidade de realizar
esse sonho. E, em especial, à coordenadora do curso de computação, Merilene do
Socorro Silva Costa.
A todos os professores, que conheci durante minha trajetória acadêmica,
pelos conhecimentos transmitidos.
Ao Professor Orientador Esp. Jamir Alexandre pela dedicação e carinho
em orientar este trabalho de conclusão de curso.
Aos amigos e colegas de curso pelo companheirismo e por estarem
presentes nesta difícil e árdua trajetória de minha vida.
Enfim, agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Papai do céu pela vida e pelas oportunidades dadas a mim.
Aos meus pais, Antônio Lopes de Araujo (in memorian) e Ivette do
Socorro Mesquita Araujo pelos conselhos e amor que me deram ao longo da vida.
A minha irmã Isabella Mesquita Araujo pela companhia e amizade.
A Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior e ao Plano
Nacional de Formação de Professores pela oferta e investimento na educação.
A Universidade Federal Rural da Amazônia pela oportunidade de realizar
esse sonho. E, em especial, à coordenadora do curso de computação, Merilene do
Socorro Silva Costa.
A todos os professores, que encontrei durante minha trajetória
acadêmica, pelo acompanhamento elucidador e aos conhecimentos transmitidos.
E em especial, ao Professor Orientador Esp. Jamir Alexandre, pela
paciência em orientar este trabalho de conclusão de curso.
Aos amigos e companheiros de curso por trilharem juntamente comigo
esta caminhada até a graduação.
Por último, agradeço a todos que contribuíram para a conclusão deste
trabalho e curso.
“Um cego agora pode escrever e ser lido
e ler o que os outros escreveram”.
Antonio Borges
RESUMO
ARAUJO, Ingrid Mesquita; DEL PIERO, Alecsandra Barroso Portugal. DOSVOX: Possibilidades de uso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. 2017. Trabalho ao curso de Licenciatura em Computação – Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, PARFOR - Polo São Miguel do Guamá, 2017. O modelo educacional brasileiro vem passando por muitas transformações. Parte delas relacionada à inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino, um direito salvaguardado pelo artigo 208 da Carta Magna. Diante da inclusão, a escola tem como papel principal garantir a plena educação dos alunos com deficiência, oferecendo condições para seu desenvolvimento. Uma alternativa metodológica seria o acesso às tecnologias, que cada vez permeia a realidade escolar, fazendo delas aliadas ao processo de ensino. Porém, é necessária uma adequação às tecnologias usadas comumente por pessoas ditas normais, a qual pode ser realizada por meio das tecnologias assistivas, que são todo o conjunto de recursos e dispositivos adaptados. Essas tecnologias, dentre elas o DOSVOX, oportunizou o uso do computador que tornou o processo de leitura mais eficiente e possibilitou a inclusão destes na sociedade. A evolução tecnológica contribuiu consideravelmente para a quebra de algumas barreiras que perduravam na vida das pessoas com deficiência visual. Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo pesquisar bibliograficamente possibilidades de uso da ferramenta tecnológica DOSVOX no processo de ensino-aprendizagem como estratégia facilitadora para a apreensão dos conhecimentos. Essa ferramenta foi criada pelo Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, a partir de testes e modificações para melhorar o desempenho e principalmente, adequá-lo às necessidades do deficiente visual, assim conseguiu-se criar um software completo com inúmeros programas, voltados às atividades do dia-a-dia. Quanto ao âmbito educacional, o DOSVOX pode contribuir com o processo de inclusão, alfabetização, interação e desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, mediante o uso correto e sua inserção nos laboratórios de informática como práxis, os benefícios são incontáveis.
PALAVRAS-CHAVE: Inclusão, Deficiência Visual, Software, Formação Docente
ABSTRACT ARAUJO, Ingrid Mesquita; DEL PIERO, Alecsandra Barroso Portugal. DOSVOX: Possibilities of pedagogical use in the teaching-learning process. 2017. Work to the course of Degree in Computer – Amazon Federal Rural University, PARFOR -São Miguel do Guamá Polo, 2017.
The Brazilian educational model has undergone many transformations. Part of them related to the inclusion of students with special needs in the regular network of education, a right safeguarded by article 208 of the Constitution. In the face of inclusion, the school's main role is to guarantee the full education of students with disabilities, offering conditions for their development. A methodological alternative would be access to technologies, which increasingly permeate the school reality, making them allied to the teaching process. However, it is necessary to adapt to the technologies commonly used by so-called normal people, which can be realized through assistive technologies, which are all the set of resources and devices adapted. These technologies, among them DOSVOX, allowed the use of the computer that made the reading process more efficient and made possible the inclusion of these in society. Technological developments have contributed considerably to the breakdown of some of the barriers in the lives of people with visual impairments. In this context, this work aimed to bibliographically research possibilities of using the technological tool DOSVOX in the teaching-learning process as a strategy to facilitate the apprehension of knowledge. This tool was created by the Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) institute at UFRJ, from tests and modifications to improve performance and mainly, to adapt it to the needs of the visually impaired it was possible to create a complete software with numerous programs, focused on the activities of the day-to-day activities. As for the educational scope, DOSVOX can contribute to the process of inclusion, literacy, interaction and development of the teaching-learning process, through the correct use and its insertion in computer labs as praxis, the benefits are countless. KEYWORDS: Inclusion, Visual Impairment, Software, Teacher Training
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Inicialização do sistema DOSVOX.......................................................... 47
Figura 02 - Opções disponíveis pelo sistema............................................................ 47
Figura 03 - Teste do teclado...................................................................................... 48
Figura 04 - Manipulação de arquivos........................................................................ 48
Figura 05 - Jogos disponíveis no sistema................................................................. 49
Figura 06 - Jogo da Forca......................................................................................... 50
Figura 07 - Utilitários disponíveis no sistema............................................................ 50
Figura 08 - Calculadora vocal.................................................................................... 51
Figura 09 - Dispositivos multimídia............................................................................ 51
Figura 10 - Dispositivos de Internet........................................................................... 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAEC – Centro de Apoio Educacional ao Cego
DV – Deficiência Visual
DOS – Disk Operational System
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação e Cultura
NCE – Núcleo de Computação Eletrônica
SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados
TA – Tecnologias Assistivas
TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
2 DEFICIÊNCIA VISUAL NO BRASIL ............................................................. 13
2.1 Deficiência visual: compreendendo conceitos e desmistificando
paradigmas .................................................................................................. 13
2.2 Inclusão da pessoa com deficiência visual na escola regular .......... 16
2.3 O potencial não explorado do individuo com deficiência visual ...... 18
2.4 A importância do uso de ferramentas computacionais para alunos
com deficiência visual nas escolas ........................................................... 20
2.5 Livros digitais falados ........................................................................... 23
2.6 Cegos, legislação de direitos autorais e a mídia digital .................... 25
3 PRIMEIROS PASSOS DA COMPUTAÇÃO PARA CEGOS NO BRASIL.... 30
3.1 Como o uso do computador afetou a vida das pessoas cegas ........ 31
3.2 O primeiro experimento de computação para cegos com tecnologia
nacional ........................................................................................................ 33
4 DOSVOX ....................................................................................................... 36
4.1 Origem da criação do DOSVOX ........................................................... 37
4.2 A criação do vox .................................................................................... 38
4.2.1 De protótipo a pequeno produto: o DOSVOX toma forma ................. 41
4.3 Difusão do DOSVOX para além da universidade ................................ 42
4.4 Funcionalidades do DOSVOX .............................................................. 43
4.5 Análise sobre a usabilidade/funcionalidade do DOSVOX ................. 45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 53
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 55
11
1 INTRODUÇÃO
A educação é considerada um direito fundamental, deve ser garantido a
todos os cidadãos, sem distinção de nenhum tipo, a qual é assegurada por meio da
carta magna. Com vistas a garantir esse direito, passou-se a incluir as crianças com
deficiência nas turmas regulares de ensino, o que antes não acontecia, assegurando
assim a permanência das mesmas. Diante da crescente demanda, percebeu-se a
necessidade de uma real inclusão, a qual seria motivadora do processo de ensino-
aprendizagem.
Mediante a esse contexto, iniciou-se investimentos em estudos e
pesquisas na área de educação especial com o intuito de prover meios para que a
inclusão acontecesse plenamente. As iniciativas em prol da educação especial
possibilitaram entre tantas alternativas metodológicas, a criação de tecnologias
assistivas. Essas tecnologias vieram promover, tanto a inclusão dos alunos
especiais, quanto o desenvolvimento de habilidades e da aprendizagem, além de
respeitar as suas limitações.
As tecnologias assistivas englobam recursos, metodologias e práticas,
que visam promover o acesso à informação de forma interdisciplinar e a autonomia
do aluno, independente da sua deficiência. Podem ser encontradas em diferentes
espaços e de diversos tipos, da mais simples às mais complexas, utilizada até
mesmo no computador, apresenta-se nele através de adaptações no hardware e no
software, como: teclados modificados, softwares especiais com reconhecimento de
voz, leitores de tela, dentre outros. Além dessas características, podem atender aos
mais diversos tipos de necessidades em razão de adequarem-se a elas.
Consoni (2012, p. 01) ainda acrescenta que por meio dessas tecnologias,
[...] a educação passa a dar maiores oportunidades de desenvolvimento
com novas maneiras de convivência e em sequência abrem-se as portas da sociedade, para que assim as pessoas tenham oportunidades de mostrar o seu potencial e encontrarem o seu espaço diante de todos, vencendo os obstáculos que a vida impõe.
Com base nesse pressuposto, este trabalho estará focado na ferramenta
de acessibilidade conhecida como DOSVOX e consequentemente, no público a que
é direcionado. O DOSVOX é uma tecnologia assistiva criada pelo Núcleo de
Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, visa promover o
12
uso do computador por pessoas com deficiência visual através de um sintetizador de
voz, composto de programas com utilidades específicas para atender às
necessidades desse público.
Desse modo, o trabalho em questão tem como objetivo pesquisar
bibliograficamente possibilidades de uso da ferramenta tecnológica DOSVOX no
processo de ensino-aprendizagem como estratégia facilitadora para a apreensão
dos conhecimentos. Assim, para conseguir alcançar o objetivo geral proposto por
esta pesquisa, o mesmo estará dividido em três capítulos.
Os capítulos abordarão, em primeiro lugar, acerca da deficiência visual
trata-se dos dados estatísticos, a inclusão escolar, a importância do uso de
ferramentas computacionais, dentre outros aspectos que se fazem importante para
entender a deficiência. Em segundo, sobre a influência da computação na vida do
deficiente visual e quanto às iniciativas com o uso de tecnologia nacional e em
terceiro, aborda-se especificamente do DOSVOX e suas ferramentas, pontua-se
também a sua funcionalidade.
Ademais, o trabalho torna-se relevante por apresentar uma ferramenta
pouco conhecida pelo público em geral, sua utilidade e formas de interação com a
mesma no contexto educacional, suscitando a sua utilização em benefício do
processo de ensino-aprendizagem de alunos com deficiência visual inclusos na rede
regular de ensino.
13
2 DEFICIÊNCIA VISUAL NO BRASIL
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, apresentados
por Gil (2000), estima-se que em países em desenvolvimento como o Brasil de 1 a
1,5 por cento da população é portadora de deficiência visual, em sua maioria com
baixa visão. Em contraponto, os dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acredita-se que existem, no Brasil, mais
de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil com perda total da
visão e seis milhões com baixa visão. (Portal Brasil, 2015)
Considera-se que muitos desses casos poderiam ter sido minimizados se
medidas preventivas tivessem sido tomadas e a informação fosse propagada, em
virtude de que algumas das causas da deficiência visual se tratadas previamente
não teriam tanto impacto na acuidade visual do indivíduo, mas por falta de
conhecimento, a situação agrava-se. Porém, vale ressaltar que evoluções foram
feitas nesse sentido.
Na realidade brasileira, a inclusão foi um grande passo em direção à
derrubada de muitos paradigmas que cerceavam as capacidades das pessoas com
deficiência e as rotulavam como coitadas ou inválidas, conquanto são pessoas como
outras quaisquer. É notável que ao longo do tempo ocorreram muitos avanços,
todavia ainda existe muito a ser feito em prol das pessoas com deficiência, para
assim salvaguardar os seus direitos.
Deste modo, após a conquista do direito à inclusão, caberá à sociedade
acreditar na potencialidade do individuo com deficiência visual, proporcionar
condições e ao mesmo tempo, respeitar as suas especificidades, sem esquecer que
as limitações de uma pessoa com deficiência visual (DV), independente de qual seja
a definição atribuída à deficiência e as barreiras interpostas, não significam em
nenhum momento incapacidade.
2.1 DEFICIÊNCIA VISUAL: COMPREENDENDO CONCEITOS E
DESMISTIFICANDO PARADIGMAS
A deficiência, de acordo com o Decreto N° 3.298 (1999), é considerada a
perda ou redução, de caráter permanente, de determinada função que pode ser
14
física, fisiológica ou psicológica que acarretam em dificuldades na realização de
certas atividades consideradas comuns ao ser humano dito normal. Pode ser
classificada como congênita ou adquirida e é dividida em física, intelectual, visual e
auditiva, cada uma com características próprias.
A deficiência visual tem como definição a perda ou ausência da
capacidade visual em ambos os olhos, é irreversível mesmo com uso de lentes ou
tratamentos clínicos ou cirúrgicos. Ou seja, de acordo com Miranda (2008, p. 04), “as
pessoas consideradas com deficiência visual caracterizam-se por uma incapacidade
ou limitação no ato de “ver””. Diante disso, vale ressaltar, pessoas possuintes de
doenças como miopia, astigmatismo ou hipermetropia que podem ser corrigidas com
o uso de lentes ou cirurgias não são consideradas deficientes visuais.
Com base em Gil (2000), as principais causas desta deficiência de origem
congênita ou adquirida estão relacionadas a doenças infecciosas, traumas oculares,
catarata, influências pré-natais, atrofia do nervo óptico, glaucoma, deslocamento de
retina, diabetes e outras. Algumas das causas podem ser prevenidas por intermédio
de vacinas ao longo da gestação, acompanhamento médico e atenção dos
responsáveis no decorrer do desenvolvimento da criança.
Os diferentes graus de deficiência visual são denominados de baixa visão
e cegueira. A baixa visão ou visão subnormal, como também é conhecida, é
caracterizada pela alteração da capacidade funcional da visão decorrente de
inúmeros fatores isolados ou associados, apontados por Gil (2000, p. 06), tais como:
“rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo visual
e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades”. A perda da
visão pode ocorrer numa escala em nível severo, moderado ou leve, devido a
influência de fatores ambientais inadequados.
Já a cegueira, consiste numa alteração grave ou total de uma das funções
primordiais da visão que afeta de modo irremediável a acuidade visual, ou seja,
prejudica-se a percepção da luz, dessa maneira, não se consegue discernir cor,
tamanho, forma, distância, posição, entre outras características. Nessa situação,
perde-se totalmente a capacidade visual.
No âmbito educacional, existem práticas específicas para atender as
necessidades das pessoas diagnosticadas como baixa visão ou cegueira. O primeiro
grupo apresenta resíduo visual, pois conseguem distinguir vultos, claridade e objetos
a pouca distância, assim pode-se utilizar de recursos óticos especiais, detalhados
15
abaixo por Braga1 (1997):
Recursos ou auxílios ópticos para visão subnormal são lentes especiais ou dispositivos formados por um conjunto de lentes, geralmente de alto poder, que se utilizam do princípio da magnificação da imagem, para que possa ser reconhecida e discriminada pelo portador de baixa visão. Os auxílios ópticos estão divididos em dois tipos, de acordo com sua finalidade: recursos ópticos para perto e recursos ópticos para longe. (BRAGA, 1997, p. 12 apud GIL, 2000, p. 07).
Enquanto, o outro grupo precisa ter como processo de aprendizagem a
alfabetização no Sistema Braille para sua comunicação, quer seja por meio da
leitura ou da escrita, a estimulação da utilização dos sentidos remanescentes – tato,
audição, olfato e paladar, o treinamento para a mobilidade e orientação e se
necessário, o uso de bengala ou cão-guia.
A escola, nesse contexto, deve equipar-se com materiais pedagógicos
adaptados, adquiridos ou confeccionados, dentre os quais livros didáticos transcritos
em Braille, livros com caracteres ampliados, reglete, lupas, papel especial, objetos
com relevo, máquinas Braille, recursos e equipamentos tecnológicos, como
softwares, sistema operacional DOSVOX, teclado colmeia, ou seja, ferramentas de
acessibilidade voltadas ao público-alvo. Além disso, requer, também, estrutura física
adequada para receber alunos com deficiência visual, o que facilitará
consideravelmente a sua orientação e mobilidade. Dardes (2010, p. 04) ainda
evidencia que é:
[...] preciso a colaboração e empenho de todos na remoção de preconceitos que prejudicam a aprendizagem de todos os alunos, sendo deficientes ou não. A garantia da Inclusão vai além do espaço físico. É preciso repensar a prática pedagógica, ou seja, flexibilizar o currículo para que todos aprendam. Além disso, deve-se prever a presença de profissionais especializados, como tradutores de Braille, que acompanhe o desenvolvimento desse aluno, no horário pós-aula e faça as traduções para o português e vive-versa.
Desta maneira, o processo de ensino-aprendizagem de alunos com
deficiência visual terá requisitos suficientes para acontecer, em igualdade de
condições e como resultado prepará-lo para a vida, pois antes de tudo respeitará as
suas limitações e assim derrubará muitos dos paradigmas da sociedade que
perpetuam a ideia de incapacidade.
1 BRAGA, A. P. Recursos ópticos para visão subnormal – seu uso pela criança e adolescente.
Revista Con-tato. São Paulo, 1997.
16
2.2 INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA ESCOLA REGULAR
A inclusão de pessoas com deficiência teve início a partir do
estabelecimento de propostas inclusivas postuladas em documentos oficiais, a
saber: a Constituição Federal Brasileira de 1988 no artigo 208, a Lei n. 7853:1989 no
artigo 2º, a Declaração de Salamanca, Lei n. 13.146:2015, entre outros, os quais
visavam assegurar a inserção desses alunos em classes regulares de ensino e
abandonar a ideia de segregação, contudo para uma real inclusão é necessário
muito mais do que o acesso a classes com alunos ditos normais. Assim como
ressalta Miranda (2008, p. 02):
A ideia da democratização do ensino como possibilidade de manter todas as crianças na escola, e o ideal de uma escola de qualidade para todos parecem não ser suficientes para garantir posturas coerentes de toda a comunidade educacional, para receber os alunos com deficiências.
A partir dessa conjectura, a inclusão de alunos com deficiência requer
tanto que o estabelecimento de ensino se prepare estruturalmente para recebê-los,
quanto que a comunidade educacional adquira conhecimentos acerca das reais
implicações da deficiência a ser atendida. Após essas atitudes, pode-se dizer que a
inclusão da pessoa com deficiência na rede regular ocorrerá em sua totalidade,
torna-se um sujeito ativo e participante do seu processo de ensino-aprendizagem,
independente de qual seja a sua deficiência.
Nota-se, então, que a inclusão de pessoas com deficiência é algo
possível, apesar de não ser uma tarefa fácil, pois exige uma postura receptiva e
coerente de todos os que compõem a educação. Com base nisso, direciona-se,
nesse momento, o olhar para o foco de estudo desse trabalho: o software Dosvox
como auxiliador das pessoas com deficiência visual inseridas em um ambiente
escolar. As pessoas com deficiência visual são por vezes discriminadas pelas suas
limitações, da mesma maneira que todas as outras pessoas com deficiência têm
suas capacidades analisadas a partir aparência física. A inclusão de pessoas com
deficiência visual no ambiente escolar tem por objetivo a socialização com os demais
e a alfabetização na língua Braille, neste caso se tiver a ausência total da visão.
Para tanto,
[...] é preciso que seja levado em consideração todos os elementos que norteia o processo educacional do aluno, isto é proporcionar aos
17
professores uma formação especializada para o ensino desses, prover os recursos adaptados, distribuir livros em Braille, ter um ambiente mais afetuoso que respeite a singularidade do aluno, em síntese, no processo de inclusão cabe à escola se adaptar às condições dos alunos e não os alunos se adaptarem ao modelo da escola, pois falar em inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular, sem que haja recursos fundamentais para a sua aprendizagem, é tão questionável quanto a sua permanência na educação especializada. (SILVA, 2012).
Nesse sentido, a inclusão de pessoas com deficiência visual e com
qualquer outro tipo de deficiência está em processo, porque ainda há muito a ser
feito para que ela se torne algo concreto e não seja apenas mais um número que
tende a aumentar sem qualidade. Os esforços positivos mediante a situação são
vários e perceptíveis, porém incluir está além dos esforços de uma minoria, como
frisa Silva (2012, p. 07), “[...] no processo de inclusão cabe à escola se adaptar às
condições dos alunos e não os alunos se adaptarem ao modelo da escola”, ressalta-
se aqui que escola não se trata somente da questão estrutural, mas de tudo que a
engloba e está inserido nela.
A escola, destarte, deve posicionar-se de forma positiva e atuante diante
da inclusão de pessoas com deficiência visual para dar condições aos mesmos de
relacionarem-se e vivenciarem o cotidiano escolar com autonomia, leva-se em
consideração as limitações que a deficiência impõe e que podem ou não serem
ultrapassadas. Além de considerar que
[...] a inserção dos alunos com deficiência visual no ensino regular pressupõe que ela seja estudada tendo em vista a formação educativa e social dos alunos e não apenas as razões de interesses político-econômicos. Deve sim, estar voltada para a perspectiva em que o ser humano seja o motivo principal e inquestionável do progresso e do avanço técnico-científico, possibilitando e favorecendo seu pleno desenvolvimento com vistas à emancipação social e individual. (MIRANDA, 2008).
Isto posto, a garantia da escolarização vai além do acesso e permanência
do aluno com deficiência visual na escola, é necessário agregar qualidade para que
a inclusão não seja um fim em si mesmo e torne-se somente uma atitude a ser
praticada por ser obrigatória. É sine qua non considerar todas as especificidades do
aluno para viabilizar meios e métodos que possibilitem o desenvolvimento integral da
pessoa com deficiência, transforma-se o processo educacional em algo válido e
significativo para o indivíduo.
18
2.3 O POTENCIAL NÃO EXPLORADO DO INDIVIDUO COM DEFICIÊNCIA
VISUAL
Ao longo da história acreditou-se que as pessoas com deficiência não
tinham aptidões e habilidades, por isso eram desacreditadas e discriminadas,
sacrificadas ou deixadas à margem da sociedade por representarem um fardo. De
acordo com Mazzotta (2005), a postura da sociedade perante às pessoas com
deficiência passou por diferentes fases, também chamadas de atitudes sociais e
denominadas, por ele, como marginalização, assistencialismo e
educação/reabilitação, as quais serão descritas abaixo:
Marginalização – atitudes que colocavam o indivíduo à margem, as
quais não lhe permitiam o acesso a serviços comuns a toda a
sociedade, como educação, saúde, alimentação, moradia, entre
outros;
Assistencialismo – atitudes marcadas por um sentido filantrópico,
paternalista e humanitário advindas de instituições, pessoas ou
entidades da sociedade civil, que buscavam ajudar de forma
pontual, porém não transformava a realidade social do indivíduo;
Educação/reabilitação – atitudes de crença nas possibilidades de
mudança nas limitações que a deficiência impõe para
desenvolvimento das capacidades das pessoas com deficiência e
ao mesmo tempo, a preocupação com a formação educacional
para a vida em sociedade.
A atitude da sociedade mediante às pessoas com deficiência
gradativamente transformou-se e o assunto passou a ser encarado por outros
prismas. A realidade atual demonstra que as pessoas com deficiência têm e devem
ter seus direitos assegurados, garantidos pelos documentos legais. Além disso, as
pessoas com deficiência corroboram através de ações sua real capacidade, assim
mostram que a deficiência não define limitação e sobrepujam os preconceitos que
ainda encontram na sociedade, mesmo que muitas vezes estejam velados.
Ainda assim, apesar das mudanças ocorridas ao longo dos anos na
perspectiva acerca das pessoas com deficiência, as pessoas com DV, total ou
parcial, têm suas capacidades questionadas e pouco são valorizadas em seu
potencial ao serem comparadas com pessoas ditas normais, porém como é
19
evidenciado por Souza e Angelici (2014, p. 04):
Nenhuma diferença existe, entretanto, sob o aspecto intelectual, entre os deficientes visuais e as pessoas dotadas de visão. Assim toda a potencialidade do deficiente visual pode vir à tona no desenvolver da capacitação do raciocínio, compreensão de conceitos abstratos, percepção de fatos essenciais e discernimento de relações importantes através de uma igualdade de condição com a criança vidente, isto é, não limitando o seu contato com o mundo.
Diante da citação acima, compreende-se que a pessoa com deficiência
visual equiparada a uma pessoa vidente ou dita normal tem capacidades similares,
porém com determinadas limitações. Todavia, mesmo diante dessas barreiras a
pessoa com deficiência visual tem aptidões para desenvolver-se e assimilar
conhecimentos que o ajudarão na sua inclusão no mercado, porém o potencial da
pessoa com deficiência visual é pouco levado em consideração e vários fatores
contribuem para isso.
No contexto educacional, pode-se perceber que a maioria das práticas
pedagógicas ressalta a capacidade visual como principal meio de apreender o
conhecimento, como reitera Nunes e Lomônaco (2010, p. 58), “essa ideia de
restrição do desenvolvimento do cego justifica-se pela supervalorização da visão na
aquisição do conhecimento”. Mas, não se pode deixar de considerar que a pessoa
com deficiência visual tem outros órgãos do sentido que podem e devem ser
estimulados para desenvolver as suas habilidades.
A vista disso, a pessoa com deficiência visual ainda que não tenha a
possibilidade de utilizar o sentido da visão para a sua mobilidade e integração com o
meio tem em contraponto habilidades para ampliar seu repertório cognitivo,
utilizando-se dos outros sentidos, como confirma Mazzotta2 (1992 apud SOUZA;
ANGELICI, 2014, p. 03):
[...] apesar da incapacidade visual, os cegos têm condições assim, de estruturar conhecimentos dos mais simples aos mais complexos, pela utilização plena dos sentidos remanescentes, sem que isso implique numa compensação sensorial.
Conforme Sá, Campos e Silva (2007), os outros sentidos sensoriais da
pessoa com deficiência visual devem ser estimulados desde cedo, durante os
primeiros anos de vida ou logo após a perda da visão, com o intuito de desenvolvê-
2 MAZZOTTA, M. J. S. Fundamentos da educação especial. São Paulo: Pioneira, 1992.
20
la integralmente, visto que, através do incentivo desses sentidos, a pessoa com
deficiência visual conseguirá elaborar conhecimentos e desenvolver-se ao utilizar
suas percepções táteis, auditivas, olfativas e palatáveis.
Independente dos benefícios de fomentar a potencialização dos sentidos
remanescentes, as iniciativas existentes dos profissionais da educação em realizar
tal ação encontram entraves que dificultam o desvelar do processo de ensino-
aprendizagem desses indivíduos, dentre eles: falta de formação dos profissionais
que gera o despreparo para trabalhar com pessoas com essa especificidade, falta
de material didático e equipamentos especializados, entre outros. Dessa forma,
destaca a autora:
[...] uma pessoa desprovida da capacidade visual tem que lidar com uma gama de obstáculos que poderão afetar seu desenvolvimento psicomotor, intelectual e sócio-emocional, se não receber atendimento especializado tão logo seja detectado seu problema. A experiência educacional com as pessoas com deficiência visual tem mostrado o quanto eles se beneficiam de um trabalho bem planejado e consistente voltado para o desenvolvimento de áreas que são afetadas pela falta de visão. (MIRANDA, 2008).
Nota-se, então, que a prática pedagógica consciente, reflexiva e
transformadora resulta em benefícios mútuos, tanto para o aluno DV (deficiente
visual), quanto para o professor, uma vez que ocasiona a valorização do potencial
humano. Enquanto, que o oposto dessa prática acarretará em um resultado não
satisfatório ao processo educacional do aluno DV, por não considerar suas
habilidades e aptidões. Práticas, como essa, devem ser extintas, para dar lugar à
práxis emancipadoras e que enalteçam o potencial, tantas vezes, não explorado do
aluno com deficiência visual.
2.4 A IMPORTÂNCIA DO USO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS PARA
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NAS ESCOLAS
Nos dias atuais, sabe-se que a tecnologia está presente em todas as
esferas sociais e a educação, a principal instituição social formadora do cidadão
como um ser integral, tem o papel de incluí-lo na sociedade. Assim, acredita-se que
a tecnologia é indispensável na formação do cidadão no mundo globalizado e a
21
escola precisa se adequar para atender a esta nova realidade e desse modo,
projetar a civilização em direção a uma sociedade do conhecimento.
Diante disso, a escola tem como papel garantir o acesso a essas
tecnologias e fazer delas aliadas ao processo de ensino-aprendizagem, afinal elas
cada vez mais permeiam a realidade escolar e adentram os portões da escola, como
ressalta Esteves (2013, p. 32), “[...] as escolas estão totalmente envolvidas com as
tecnologias e, cada vez mais, estão presentes os recursos que descartam a posição
do papel, dos cadernos e dos livros nos espaços escolares”.
Os recursos tecnológicos estão reduzindo a utilização dos materiais
comumente usados em uma sala de aula e dão lugar as Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC), as quais oferecem uma infinidade de opções para
desenvolver habilidades e competências no alunado. É notório que as TIC
favoreceram as práticas pedagógicas por razão de ter facilitado o acesso a
ferramentas tecnológicas, dessa forma, motiva-se a inclusão digital, que por sua vez
contribuem para a minimização das barreiras encontradas pelas pessoas com
deficiência.
Como dito acima, muitas são as dificuldades encontradas pelas pessoas
com deficiência no contexto educacional que envolve os mais diferentes fatores. Em
relação às pessoas com deficiência visual, alguns dos problemas que atrapalham o
seu processo ensino-aprendizagem, são: a comunicação escrita, pois a linguagem
utilizada é o Braille e poucas são as iniciativas de videntes para aprendê-lo, a gama
de conteúdos do currículo escolar que privilegia a visualização, a falta de formação
dos profissionais da educação, a ausência de materiais didáticos adaptados, a falta
de ferramentas computacionais ou tecnologias assistivas e a ausência de
manutenção dessas ferramentas.
Segundo a autora, para minimizar essas dificuldades é primordial ”[...]
preparar o ambiente, criando condições para o acesso, participação e aprendizagem
destes alunos, tendo em vista o desenvolvimento da autonomia e da independência,
uma melhor qualidade de vida e inclusão social”. (SALES, 2012, p. 23). À vista disso,
uma alternativa para criar condições para esses alunos é a utilização das TIC,
empregadas como/por meio de Tecnologias Assistivas, pois com elas pode-se
proporcionar uma maior independência ao aluno em seu processo de ensino, além
de aderir significado à práxis.
Para melhor entendimento, tecnologias assistivas (TA) são consideradas
22
como todo o conjunto de recursos e serviços que contribuem para desenvolver ou
ampliar habilidades nas pessoas com deficiência, o que proporciona uma maior
interatividade ao processo educacional do aluno. As mesmas são de grande
relevância, dado que “tem assumido fundamental importância para possibilitar o
acesso ao currículo e garantir a aprendizagem desses alunos”. (GIROTO; POKER;
OMOTE, 2012, p. 18).
No que se trata de recursos voltados a pessoas com deficiência visual,
eles podem ser dos mais simples aos mais complexos em comparação a tecnologia
embutida, referidas por Giareta (2004):
No atual cenário das tecnologias voltadas para a pessoa portadora de DV, existem equipamentos específicos e algumas ferramentas computacionais que atendem às necessidades do DV e o auxiliam no dia a dia, principalmente nos estudos e no entretenimento. Todos os anos surgem novidades nessa área, desde bengalas com sensores, impressoras em braille, celulares e demais dispositivos adaptados, programas com tecnologia assistiva, até computadores feitos especialmente para cegos, tornando real a possibilidade de o deficiente visual exercer suas tarefas de forma similar à de uma pessoa que não seja DV. O uso da tecnologia facilita aos portadores de necessidades especiais o desenvolvimento da aprendizagem com os recursos de escrita, leitura e pesquisa de informação. No Brasil, o que permitiu o acesso do cego ao mundo da informática foi o lançamento dos programas leitores de tela, como o DOSVOX, o VIRTUAL VISION, além do famoso JAWS. (GIARETA, 2004).
As TA podem envolver tanto uma tecnologia mais elevada como um
software adaptado às necessidades de uma pessoa com deficiência visual, como o
DOSVOX, quanto uma bengala que ajude na locomoção e mobilidade, e até mesmo,
uma adaptação em um lápis que aumente a espessura para facilitar o manuseio ou
livros digitais falados. A intencionalidade das TA é conferir “independência” nas
atividades do dia-a-dia, seja no que tange as atividades cotidianas, a aprendizagem
ou o trabalho. As TA também contribuíram para o uso do computador por pessoas
com deficiência a partir da criação dos sistemas DOSVOX, VIRTUAL VISION e
JAWS, (DÍAZ et al., 2009)
Nesse sentido, o advento da tecnologia na escola trouxe diversos
benefícios, visto que “os recursos didáticos e as tecnologias são recursos essenciais
na aprendizagem do aluno, uma vez que os mesmos têm como função facilitar e
contribuir na inclusão do aluno deficiente visual e a falta dos mesmos podem vim a
comprometer no desempenho do educando”. (CARVALHO, 2011, p. 26). Ademais
ajudaram a diminuir barreiras, derrubar paradigmas e proporcionar uma educação de
23
qualidade.
2.5 LIVROS DIGITAIS FALADOS
Na sociedade atual, as informações são disseminadas cada vez mais
rapidamente e o acesso a elas pode ser feito por intermédio das TIC, o que a torna
mais acessível. Todavia, uma pessoa com DV, parcial ou total, pode ter dificuldade
de se apropriar dessa gama de informações exatamente pela ausência da
capacidade visual, desta maneira uma opção seria o manuseio de Tecnologia
Assistiva voltada para a reprodução audível de documentos, por meio dessa
ferramenta promove-se a aquisição de informação e educação. Aqui traz-se à tona a
questão dos livros digitais falados ou áudiolivros, como também são denominados.
Porém, as terminologias não se restringem a essas.
Com base em Paletta, Watanabe e Penilha (2008), o marco histórico dos
livros digitais falados foi pouco depois da Primeira Guerra Mundial quando tiveram
sua primeira aparição, como reafirmado abaixo:
As gravações de obras literárias e teatrais surgiram pouco depois da Primeira Guerra Mundial para entreter soldados que perderam a visão durante as batalhas. O que era um produto para cegos, porém, foi se tornando uma opção também para pessoas que não tinham tempo para ler livros tradicionais. (PALETTA; WATANABE; PENILHA, 2008).
Desde a primeira ideia dos livros digitais falados à época da Primeira
Guerra Mundial, o que se imaginava acerca dessa tecnologia era totalmente voltada
para pessoas com DV, somente com o passar do tempo perdeu essa característica.
Pois, com o advento da tecnologia, o audiolivro trouxe à tona uma nova maneira de
ler livros, ganhou adeptos entre o público dos invisuais e conquistou diferentes
países.
No Brasil, conforme Menezes e Franklin (2008), os livros digitais falados
surgiram durante a década de 1970, contudo seu uso é mais restrito ao público de
pessoas com DV. Enquanto no Brasil é uma tecnologia pouco divulgada, em outros
países, como Estados Unidos, Europa e Inglaterra é completamente popular, o qual
é utilizado por pessoas com e sem a capacidade visual prejudicada, tanto que “o
interesse pelo formato faz com que, nesses países e nos Estados Unidos, os
24
lançamentos editoriais sejam, com frequência, disponibilizados simultaneamente em
versão impressa e em áudio”. (PALETTA; WATANABE; PENILHA, 2008, p. 03).
Os áudiolivros permitem o acesso à informação e contribuem para o
processo de leitura, já que oportunizam acompanhar a leitura de um texto através de
uma gravação digital, disponíveis para download, as quais podem ser adquiridas de
maneira gratuita ou paga. As versões gratuitas são feitas por pessoas voluntárias, ao
passo que as versões pagas são produzidas por narradores profissionais e contam
com efeitos sonoros para dinamizar a leitura e a tornar mais atrativa ao ouvinte.
Ainda conforme Menezes e Franklin (2008, p. 62),
[...] o audiolivro, há anos, contribui com a educação inclusiva de pessoas com deficiências visuais, resgatando ou formando leitores, incentivando a leitura auditiva, o entretenimento e a cultura, para quem ouve e para quem se faz ouvir.
A contribuição do livro digital falado é inegável por ter propiciado a
democratização do saber junto a diversos públicos, utilizado não apenas por
pessoas com DV, mas, também, por pessoas ditas normais que tem pouco tempo
para ler livros impressos em razão da vida conturbada nos grandes centros urbanos,
conferindo assim oportunidade, autonomia e independência ao ato de ler. Apesar de
não ser algo novo e de benefícios notórios, é pouco divulgado entre a comunidade
vidente brasileira, o que dificulta o contato e faz com que muitas pessoas percam a
oportunidade de conhecer a ferramenta.
As vantagens auferidas ao áudiolivro, de acordo com Farias (2012), são
diversas, dentre elas estão: o fácil armazenamento, a ausência de peso ou volume
no seu transporte, permite a realização de diferentes atividades pelo usuário
enquanto o ouve, a utilização em situações em que a leitura não é possível e o
auxílio ao desenvolvimento da leitura. Dessa forma, é observável que as vantagens
não alcançam somente os invisuais, assim ressalta-se mais uma vez o seu possível
uso pelos mais diversos públicos.
Em prol da popularização dessa ferramenta o MEC, em 2009, juntamente
com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu uma ferramenta
denominada MecDaisy, a qual encontra-se disponível gratuitamente no portal do
MEC para qualquer pessoa que tiver interesse em conhecer seus recursos. O
software MecDaisy permite a leitura de qualquer texto em formato Daisy, a partir de
uma narração de áudio, oferece, também, a possibilidade de impressão em Braille
25
desse texto. Vale ressaltar que existem outras TA com a mesma funcionalidade do
MecDaisy, apontados por Schnidger (2012, p. 11), “[...] softwares que tocam livros
no formato Daisy como o FSReader e o Dorina Daisy Reader.”. Além da
disponibilidade de formatos, existe uma gama de equipamentos que fazem sua
leitura.
Farias (2012, p. 40) ressalta que
[...] tal ferramenta tecnológica pode ser utilizada como um complemento ao processo de alfabetização em Braille, já que, por meio do áudio, é possível desenvolver o interesse pela leitura e aprimorar, inclusive, o vocabulário do usuário. Em razão disso, instituições preocupadas com o atendimento de pessoas com deficiência visual oferecem aos alunos a oportunidade de utilizarem o audiolivro, inclusive com essa ferramenta Mecdaisy, como um recurso capaz de auxiliá-los no processo ensino-aprendizagem. (FARIAS, 2012).
Portanto, os livros digitais falados são ótimos recursos para auxiliar o
processo educativo de pessoas com deficiência visual, estimular a capacidade
audível e motivar novas práxis educacionais, mas sem menosprezar a importância
do Braille na alfabetização da pessoa com DV. Por essa razão, é mais do que válida
a sua utilização no âmbito escolar e não apenas em instituições especializadas no
atendimento de pessoas com DV. Além disso, é importante que seja difundida sua
utilidade, para que torne-se popular e seja incutida na cultura da população
brasileira, pois como ressaltado, a mesma não se limita ao público com DV.
2.6 CEGOS, LEGISLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS E A MÍDIA DIGITAL
Ao longo de todo o processo de inclusão das pessoas com deficiência na
rede regular de ensino, vários documentos legais subsidiaram esse processo, alguns
citados anteriormente em outro tópico. Um dos principais documentos é a
Constituição Federal de 1988, frisa-se especialmente o artigo 5º, o qual discorre que
“todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. (BRASIL, 2006, p. 15).
Além de assegurar a igualdade entre indivíduos, a lei maior em seu artigo
208 ampara a Educação Especial, prevê como dever do Estado o atendimento
26
educacional especializado as pessoas com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino. No entanto, apesar de toda a
legislação pertinente à inclusão, as práticas sociais estão distantes do adequado.
Essa inclusão com vistas a um atendimento educacional especializado,
especificamente, de pessoas com DV no Brasil, de acordo com Freitas e Araujo
(2011, p. 146):
[...] se tornou evidenciada em 12 de setembro de 1854, quando o Imperador D. Pedro II baixou o Decreto Imperial nº 1.428, criando o Imperial Instituto de Meninos Cegos. Esse foi o marco inicial da educação de deficientes visuais no Brasil e na América Latina. Este instituto é hoje conhecido como Instituto Benjamin Constant, foi à única instituição encarregada da educação de deficientes visuais no Brasil até 1926. Nesse local os alunos estudavam em regime de internato e recebiam uma educação especifica para alunos cegos.
Após a criação do Instituto Benjamin Constant, muitas outras instituições
especializadas surgiram em estados como São Paulo, voltadas à educação de
alunos cegos, a partir de então percebeu-se a precisão de professores preparados
para trabalhar com este público. A necessidade aumentou ainda mais depois da
criação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, em 1946, voltada para a
impressão de livros em Braille. Para suprir essa necessidade, institutos como o
Benjamin Constant realizaram cursos para capacitar professores para trabalhar com
cegos ou deficientes visuais.
Como dito acima, esse foi o marco inicial para o que se conhece hoje
como educação especial. Posteriormente, a Declaração de Salamanca realizada na
Conferência da Espanha, em 1994, deu abertura há novas posturas em prol da
inclusão de pessoas com deficiência em redes regulares de ensino, salvaguardadas
pelo artigo 208 da Carta Magna. Esse processo consolidou-se com a criação, na
década de 90, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) que
embasada na Declaração de Salamanca endossa em seu artigo 4º que o Estado
deve garantir:
[...] atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996).
É válido dizer que as legislações representaram um grande passo e a
partir delas, mas não somente, ocorreram e ainda ocorrem muitos avanços em
27
relação ao atendimento para pessoas com deficiência visual no Brasil, apesar disso
ainda faltam investimentos em diversas áreas, pois o objetivo de incluir os excluídos
está aquém. Afinal, não adianta incluir na escola, se os meios de comunicação, os
espaços públicos, as diferentes formas de entretenimento não realizam o mesmo
ato. A inclusão deve estar intrínseca a todos os aspectos da sociedade, pois como é
ressaltado abaixo:
A acessibilidade na escola é concebida como uma premissa para o pleno acesso dos alunos com deficiência e altas habilidades/superdotação, compreendendo desde a acessibilidade arquitetônica e na comunicação, passando pela produção de materiais didáticos acessíveis e o uso de recursos de tecnologia assistiva na escola. (SALES, 2012)
Essa acessibilidade não é uma exclusividade do ambiente de ensino, a
mesma tem que perpassar os limites dos muros da escola e fazer parte da
sociedade como um todo, em detrimento de a pessoa com DV fazer uso de espaços
comuns a todos, querer ter acesso à informação como qualquer outra pessoa, ou
seja, a mesma quer entender o que se passa a sua volta e para isso é sine qua non
que haja condições para essa apropriação da realidade mesmo com a ausência da
capacidade visual. Pois, como ressalta Figueiredo (2014, p. 17):
[...] em qualquer processo de inclusão, a acessibilidade é condição fundamental, devendo sempre, ser considerada em suas múltiplas dimensões, indo além da natureza física, mas, incluindo a natureza atitudinal, informacional, comunicacional, linguística, dentre outras.
Dessa forma, para a inclusão de pessoas com DV por meio do acesso à
informação como um direito garantido em lei, assim como a inclusão na rede regular
de ensino, é imprescindível que se assegure “[...] a todos o acesso à informação
[...].”. (BRASIL, 2006, p. 16). Com a intenção de resguardar esse direito à
informação, vários documentos legais foram escritos que visavam possibilitar uma
maior liberdade ao deficiente visual, tanto no contexto educacional, quanto na vida
em sociedade, pois como levanta Silva (2011, p.18):
[...] é sabido que pessoas com deficiência visual não têm acesso regular ao livro. O livro convencional não atende às suas necessidades, e os formatos acessíveis não são oferecidos nas livrarias convencionais, bem como em grande parcela das bibliotecas privadas ou públicas.
Assim, o contato com obras científicas torna-se restrito e o acesso à
28
informação também, já que as formas de se aproximar dela não são adaptadas às
especificidades do deficiente visual e são poucas as iniciativas em prol de sanar
essa dificuldade, mas as existentes são de significativa importância como o exemplo
da Biblioteca Pública do Estado da Bahia que tem em seu acervo livros digitais
falados. E de instituições como a Fundação Dorina Nowill e o Instituto Benjamin
Constant que fazem a distribuição de livros em Braille ou audiolivro que atendem às
necessidades de deficientes visuais.
Um marco legal para esse acesso à informação e para a viabilização de
livros em formatos acessíveis as pessoas com DV, ainda de acordo com Silva
(2011), foi a promulgação da Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que trata da
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Essa lei discorre que não
constitui ofensa a reprodução de obras, quer sejam literárias, artísticas ou científicas
para uso por pessoas com deficiência visual desde que feitas a partir do sistema
Braille ou outro procedimento que possibilite o usufruto por esse público. Porém,
essa reprodução encontra entraves na Lei de Direitos Autorais.
Os direitos autorais são firmados pela Carta Magna e por outros
documentos legais que protegem o direito do autor sobre a sua obra, contudo
existem limitações que servem de mecanismo para possibilitar a utilização da obra
sem prévia autorização do titular da mesma e sem pagamento pelo uso. Esse
mecanismo é amparado por meio de justificativas que dão sustentação a essas
limitações, como:
[...] a proteção dos direitos fundamentais e a defesa do interesse público. O direito de usar uma obra, adaptando-a ao formato audiolivro para o uso de uma pessoa com deficiência visual encontra respaldo na proteção dos direitos fundamentais, pois aí se configura nitidamente o direito de acesso à informação. (FIGUEIREDO, 2014)
Mesmo mediante essas limitações autorais, ainda é necessário que a
legislação brasileira trate com maior obrigatoriedade o direito de acesso à
informação e conhecimento das pessoas com deficiência visual, quer seja para
reafirmar as limitações que já existem ou ampliá-las, assim garantirá a acessibilidade
do deficiente visual a livros e trabalhos científicos, ainda protegidos, pois a Lei de
Direitos Autorais não pode continuar a impedir a expansão da educação, da
informação e da cultura de pessoas com DV.
O acesso ao conhecimento e à informação em formatos diferenciados,
29
como livros transcritos para o sistema Braille e a disponibilização desses mesmos
livros no formato de livros digitais falados, possibilitando o uso através de mídias
digitais, é de suma importância, visto que a inexistência desse acesso pode
prejudicar o deficiente visual, tanto em seu processo educativo quanto no seu
desenvolvimento cultural. Considera-se, ainda, que a utilização de mídias digitais
aproxima a pessoa com DV não apenas da sua realidade, mas o torna consciente do
mundo que o cerca e participante ativo da sociedade, como um sujeito social e
cultural.
30
3 PRIMEIROS PASSOS DA COMPUTAÇÃO PARA CEGOS NO BRASIL
Existem poucas informações acerca da computação voltada para cegos
antes do advento das tecnologias assistivas, a mais remota que se tem
conhecimento é um equipamento tecnológico portátil fabricado na Califórnia, o
Optacon, que consistia em um dispositivo eletromecânico responsável por
possibilitar a leitura de documentos impressos, porém não escritos em Braille.
Chegou ao Brasil, na década de 1970, entretanto somente pessoas com maior poder
aquisitivo tiveram acesso a esse dispositivo, além de ter algumas restrições de uso.
Ademais, “desde a década de 70, foram desenvolvidos diversos equipamentos para
serem acoplados aos computadores grandes, visando a adaptar uma pessoa cega
ao seu uso”. (GOVONI E CARVALHO, 2002, p.19).
Apesar de não haver muitos registros em relação ao desenvolvimento da
computação para deficientes visuais, sabe-se que a revolução tecnológica trouxe
grandes benefícios para a educação, vivência e socialização dessas pessoas, porém
é válido ressaltar a importância do sistema Braille nesse processo, já que
representou um grande salto no desenvolvimento e na alfabetização de deficientes
visuais. Esse sistema criado, em 1825, por Louis Braille representa a forma mais
eficiente de leitura e escrita criada para cegos, porém não é a única inventada. Gil
(2000, p. 43) discorre sobre o sistema:
O sistema braille, inscrito em relevo, é explorado por meio do tato. Cada ‘cela’ é formada por um conjunto de seis pontos, permitindo 63 diferentes combinações para obter todos os sinais necessários à escrita: letras do alfabeto, sinais de pontuação, maiúsculas e minúsculas, símbolos de Matemática, Física, Química e notação musical.
Com base no exposto acima, pode-se inferir que o Braille tem uma
tecnologia inerente que não se restringe a uma tela de computador, porém com a
evolução dos meios computacionais, aliou-se à tecnologia. A partir do Braille,
surgiram novas possibilidades de acesso á informação, dentre elas: a utilização de
gravadores em fita cassete, livros digitais falados até a chegada dos sistemas
sintetizadores de voz ou leitores de telas que favoreceram o uso do computador por
pessoas com DV, além das tecnologias assistivas que surgiram para conferir
independência. Por essa razão, ressalta-se que:
[...] antes de existir a tecnologia dos leitores de telas em português, os
31
cegos tinham de enfrentar a barreira da linguagem escrita com os normovisuais, pois somente outros cegos entendiam o que era escrito (em Braille) pelos primeiros, impossibilitando o intercâmbio de textos escritos com os segundos, sem a necessidade de mediadores e leitura em voz alta. (CARDOSO; D’ASCENZI; MONSERRAT NETO, 2013, p. 02).
Nesse sentido, a pessoa com deficiência visual sem a tecnologia como
aliada enfrentava diferentes barreiras que a colocavam à margem da sociedade.
Mas, com o progresso tecnológico e da informática em si como ferramenta
educacional, oportunizou-se o acesso a todo tipo de informação, contribuiu para a
inclusão digital, derrubou entraves que impossibilitavam a comunicação entre
videntes e deficientes visuais, criou condições para que a pessoa com DV
demonstre do que é capaz e possibilitou a agregação das Tecnologias da
Informação e Comunicação ao Braille, sem, nesse caso, desmerecer a importância
nem de um, nem de outro, favorece-se assim o desenvolvimento integral da pessoa
com deficiência visual.
3.1 COMO O USO DO COMPUTADOR AFETOU A VIDA DAS PESSOAS CEGAS
Na atual sociedade da informação, as pessoas com deficiência visual
utilizam o computador, como qualquer outra pessoa, com os mais diversos objetivos,
seja para pesquisas, para realização de atividades cotidianas e até mesmo, para o
trabalho, afinal, atualmente a computação permeia todos os campos sociais. A
diferença existente nesse uso é que para que pessoas com DV façam uso do
computador é necessário a utilização de Tecnologias Assistivas adaptadas às suas
necessidades. De acordo com Câmpelo et al. (2011, p. 112), “dentre os diversos
modelos de TA existentes [...], podemos dividi-los em dois grupos: tecnologia
assistiva para usuários de baixa visão e tecnologia assistiva para usuários cegos.”
O uso do computador a partir dessas tecnologias assistivas, softwares
específicos ou ferramentas de acessibilidade, proporcionou o acesso à informação,
educação, conhecimento, cultura e, além disso, favoreceu a tão almejada igualdade
de condições, pois o uso do computador trouxe ao deficiente visual uma
equiparação aos invisuais e possibilitou a inclusão do mesmo na sociedade, tirando-
o do papel de excluído para atuar integralmente no mundo. Mas, esses não são os
únicos benefícios, como observa Amorim, Carvalho e Menezes (2009, p. 04):
32
A tecnologia [...] representa para o portador de deficiência não só o direito de acessar a rede de informações, mas também o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.
Nota-se então que o advento tecnológico para as pessoas com DV
tornou-se uma forma de libertação, já que anteriormente para realizar determinadas
atividades tornava-se necessário que o cego levasse consigo equipamentos
específicos, impossibilitava muitas vezes a sua locomoção, havia, também, a relação
de dependência constante de outras pessoas, principalmente quando se tratava de
atividades de leitura ou qualquer ação que tivesse que usar de antemão a
capacidade visual. Além desses, muitos outros entraves foram vivenciados pelas
pessoas com DV.
Essas limitações, tantas vezes, impostas pela deficiência e a dificuldade
em transpô-las, acarretavam na diminuição da autoestima da pessoa com DV,
faziam com que se sentisse um fardo em relação às pessoas com quem conviviam
por haver essa relação direta de dependência. Nunes e Lomônaco (2010, p. 60)
destacam que “a estigmatização do deficiente visual prejudica sua personalidade e
autoestima”. Ainda hoje, o fato da rotulação interligada à incapacidade e a
descrença na capacidade da pessoa com DV prejudica a relação dela consigo
mesma. Nesse ponto, o computador também agregou benefícios, pois possibilitou
autonomia, o que contribuiu para o aumento da autoestima.
As novas tecnologias beneficiaram, igualmente, a educação das pessoas
com deficiência visual, uma vez que oportunizou a criação de novas práticas
pedagógicas, novas formas de levar o conhecimento às pessoas com DV e o acesso
à informação na grande rede mundial de Internet. Afora que como já levantado, “o
computador pode ser um importante recurso para promover a passagem da
informação ao usuário ou facilitar o processo de construção de conhecimento”.
(VALENTE, 1999, p. 71).
Antes da utilização do computador, a pessoa com DV encontrava
dificuldades maiores na aquisição de informações, uma vez que por sua capacidade
visual estar afetada, havia necessidade de um ledor ou de materiais transcritos para
o Braille, os quais, até hoje, são insuficientes. Em contraponto, com o computador
até o processo de leitura se tornou mais eficiente. Dessa forma, o advento
tecnológico no dia-a-dia das pessoas com deficiência visual tornou o acesso à
33
conteúdo informacional mais facilitado.
Borges (2009, p. 14) ainda frisa que:
[...] o uso do computador não apenas mudou a forma da pessoa cega se relacionar com o mundo, mas também como foi por eles mudado. O computador alterou substancialmente a rede do Braille, do Rádio e do Gravador (e de outros artefatos também), criando muitas novas possibilidades culturais, de trabalho e de lazer, reconfigurando substancialmente a interrelação dos cegos entre si, com as associações de apoio e com a sociedade em geral. Mostra-se, em particular, que a possibilidade de comunicações pela Internet foi crucial para permitir que a maior parte destas mudanças se tornasse possível.
Desta maneira, o computador na vida das pessoas com DV representou a
minimização das desigualdades, a diminuição das barreiras, a contribuição para a
afirmação das capacidades, a equiparação de condições, em razão de que,
atualmente, uma pessoa com DV pode ser inserido no mercado de trabalho e
realizar atividades em um computador que antigamente só poderiam ser
desenvolvidas por invisuais. De forma geral, a vida das pessoas com DV teve um
grande avanço, do aspecto pessoal ao lazer, do mercado de trabalho à
escolarização, essa que acresceu-se com uma ferramenta repleta de
funcionalidades para ser usada em prol da aprendizagem de alunos com DV. Enfim,
relacionar-se com o mundo e fazer parte dele tornou-se possível depois do
computador.
3.2 O PRIMEIRO EXPERIMENTO DE COMPUTAÇÃO PARA CEGOS COM
TECNOLOGIA NACIONAL
A evolução tecnológica contribuiu consideravelmente para a quebra de
barreiras que se perduravam na vida das pessoas com deficiência visual. Através
desse advento, muitas ferramentas foram pensadas e desenvolvidas, em países de
primeiro mundo, para transpor as dificuldades. Frente a essa realidade, o Brasil
valeu-se de tecnologia nacional com vistas a criar protótipos para solucionar os
problemas encontrados pelas pessoas cegas.
O Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro tomou a iniciativa de buscar soluções para esse problema, assim elaborou
protótipos que visavam possibilitar o uso do computador por pessoas cegas, houve a
34
interação homem-máquina de forma satisfatória, resolveu algumas das dificuldades
encontradas pelos alunos cegos da Universidade e consequentemente, favoreceu a
todas as pessoas com DV.
De acordo com Borges (2009), a primeira experiência da Universidade
com vias a esse sentido, de tecnologia nacional, utilizava-se do código Morse. Por
diversos motivos o protótipo não teve sucesso, dentre eles o sistema auditivo
precário do usuário que impossibilitava ouvir os bips do código Morse, o que colocou
o protótipo em desuso por ter sido abandonado pelos testadores, alunos cegos.
Após essa experiência frustrada, a Universidade deu inicio a novas
pesquisas para elaboração de outro experimento, dessa vez o mais consistente e
exitoso da realidade brasileira, o qual foi chamado de DOSVOX. O projeto teve seu
desenvolvimento iniciado em 1993, passou por melhorias constantes ao longo dos
anos até os dias atuais. Amorim, Carvalho e Menezes (2009, p. 05) ressaltam abaixo
no que consiste o DOSVOX:
Algumas experiências têm sido realizadas no Brasil com êxito e uma dessas alternativas está proposta pelo Núcleo de Computação Eletrônica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), num sistema operacional específico na utilização do microcomputador, possibilitando o desempenho de uma série de tarefas, antes consideradas complicadas ao cego: o DOSVOX. A definição para tal programa, segundo seus idealizadores, está na possibilidade de um cego escrever e ler o que os outros escreveram, a partir das ferramentas interativas, antes impossibilitadas, uma vez que o sistema Braille restringia o seu uso à minoria cega ou aos interessados no assunto.
O DOSVOX trouxe aos seus usuários a oportunidade de entender e se
fazer ser entendido, o que não acontecia com o sistema Braille, por ser usado
apenas por quem o conhece. Vale ressaltar, também, que este projeto é
considerado o primeiro sistema comercial a sintetizar vocalmente textos na língua
portuguesa. Além de ser completamente acessível a qualquer público, o que não
acontecia, algum tempo atrás, porque as tecnologias disponíveis tinham um custo
relativamente alto, o que inviabilizava o acesso das pessoas com DV. Pois, como
levanta Fonseca (2012, p. 12):
[...] a existência desta tecnologia de baixo custo é a chave para sua utilização. Através do uso de recursos sonoros, por exemplo, um cego pode utilizar facilmente o computador, pois a maior parte de sua interação com o mundo é feita através destes meios (audição e fala).
Pode-se dizer, então, que o projeto DOSVOX viabilizou a realização de
35
diferentes tipos de tarefas antes dificultadas, por motivo de que não havia
acessibilidade ao computador que permitisse a utilização por pessoas com DV,
porém este projeto mudou esta realidade, tanto que atualmente é grande o número
de pessoas que fazem uso do mesmo. O projeto apresenta inúmeras características
próprias, dentre elas, é considerado simples na comunicação homem-máquina, é de
baixo custo, tem programas com diferentes utilidades atendendo as mais diversas
necessidades e principalmente, respeita as especificidades do usuário com
deficiência visual.
36
4 DOSVOX
Este projeto foi desenvolvido para dar condições de acesso ao
computador por deficientes visuais e dentre os benefícios para seu uso, como já
citado, é a sua gratuidade e por ser uma tecnologia de baixo custo, a qual pode ser
utilizada por diferentes grupos sociais. Além de que “o projeto tem um grande
impacto social pelo benefício que ele traz aos deficientes visuais, abrindo novas
perspectivas de trabalho e de comunicação.” (BORGES, 1996).
O DOSVOX consiste em um sistema que se comunica com o usuário por
meio de um sintetizador de voz em português, porém pode ser configurado para
outros idiomas. De acordo com Souza e Freitas (2008), os recursos que fazem parte
do sistema são: Sistema operacional que contém os elementos de interface com o
usuário; Sistema próprio de síntese de fala, que traduz em voz todas as mensagens
apresentadas pelo sistema; Editor, leitor, impressor e formatador de textos em
formato convencional ou Braille; Programas para acesso à Internet, como correio
eletrônico (Cartavox) e navegador Web (Webvox); e jogos de caráter didático e
lúdico, entre outros.
Diante do exposto, o DOSVOX possibilita o acesso, o uso e a realização
de diferentes tarefas diretamente no computador através de um conjunto de
programas existentes nele, os quais atendem a diversas necessidades, torna-se
assim um projeto de grande efeito na vida das pessoas com DV, pois, como ressalta
Giareta (2004, p. 03), a partir dele:
[...] o deficiente visual pode não apenas ler e escrever textos no computador como navegar na Internet. Na prática, os programas interpretam toda a parte visual da tela do computador e, após essa interpretação, cada ferramenta, de forma diferente, pronuncia para o deficiente visual o que está sendo executado na tela, de acordo com a tarefa que está sendo processada.
Com vistas ao citado acima, pode-se dizer que ferramentas de
acessibilidade, como o DOSVOX, diminuíram as barreiras de comunicação,
propiciaram o acesso à informação e a uma educação de qualidade, contribuíram
para a independência como fator de autoestima e validaram as capacidades
inerentes ao individuo com deficiência visual.
Além disso tudo, também serviu como um precursor para novas
ferramentas com o mesmo intuito, a partir de então vieram ferramentas como
37
VIRTUAL VISION e outras, os quais são considerados leitores de tela, diferenciam-
se do DOSVOX por ser um sistema totalmente independente. A intenção desde o
início com o DOSVOX era que ele pudesse ser utilizado por qualquer pessoa,
mesmo as que não tivessem conhecimento técnico da máquina.
4.1 ORIGEM DA CRIAÇÃO DO DOSVOX
A principal razão que sustentou a criação do DOSVOX foi a dificuldade
das pessoas com deficiência visual acessarem as universidades ou escolas e ao
entrarem nelas, permanecerem, porém com direito a uma educação de qualidade.
Assim como aconteceu com Marcelo Luís Pimentel, aluno cego da Universidade
Federal do Rio de Janeiro no período de 1993, ano de criação do DOSVOX e um
dos responsáveis pelo surgimento do projeto.
Além da dificuldade do acesso e permanência no nível superior, os
entraves fazem-se presentes durante todo o período escolar, por diferentes motivos,
dentre os quais estão:
A leitura em Braille que restringe a comunicação escrita apenas
aqueles que conhecem o sistema;
A falta de material adequado nas escolas, como livros em Braille,
livros digitais falados;
A ausência de profissionais capacitados para auxílio intra e
extraclasse;
As provas de vestibular privilegiarem em suas questões a
capacidade visual em detrimento dos outros sentidos, o que
prejudica pessoas com DV;
Com base em Cardoso, D’Ascenzi e Monserrat Neto (2013), essas são
apenas algumas das dificuldades encontradas pelas pessoas com DV no processo
educacional, pois ainda pode-se levantar o fato da defasagem no nível de ensino
dos alunos com deficiência visual, já que muitos foram passados sem saber
completamente o conteúdo ou por solidariedade dos educadores que os
acompanhavam.
Nesse sentido, grande parte dessas barreiras foram ultrapassadas,
somente com a criação dos programas leitores de tela, porque antes deles era
38
necessário que houvesse a mediação entre a escrita e a leitura das atividades
escritas por deficientes visuais, deixava o aluno dependente de mediadores entre o
mesmo e o professor. Assim, viu-se a necessidade de resolver tais problemas, o que
aconteceu com a criação do DOSVOX.
4.2 A CRIAÇÃO DO VOX
De acordo com Cardoso, D’Ascenzi e Monserrat Neto (2013), a criação do
Vox ocorreu a partir da necessidade de um aluno cego chamado Marcelo Luís
Pimentel, após adentrar na Universidade Federal do Rio de Janeiro e deparar-se
com diferentes tipos de dificuldades para desenvolver atividades e acompanhar o
curso de Computação. Porém, essas dificuldades não foram sentidas logo no início
do curso, vieram apenas quando se tornou necessário fazer uso do computador.
Antes disso, nas matérias teóricas Marcelo contava com ajuda de colegas e do seu
pai e utilizava-se da máquina de datilografia Perkins para escrever.
O histórico do VOX, com base em Cardoso, D’Ascenzi e Monserrat Neto
(2013), aconteceu como descrito nos parágrafos a seguir. Durante o curso, Marcelo
fazia suas provas oralmente e suas respostas eram transcritas para o Braille, mesmo
muitos professores sem saber esse sistema de escrita, eram descobertas soluções
para não prejudicar o aluno. No entanto, a dificuldade passou a ser sentida ao se
iniciar a parte prática do curso, apesar de todo recurso tecnológico disponível na
UFRJ tornava-se complicado para Marcelo entender a criação e execução de
aplicativos, já que era totalmente cego.
Mediante esse empecilho, Marcelo continuou a fazer o curso e logo
descobriu os equipamentos tecnológicos utilizados por cegos que trabalhavam com
informática no Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), os quais
eram sintetizadores de voz em língua inglesa e tinham um alto custo por conta dos
equipamentos envolvidos. Com base nesses equipamentos, Marcelo percebeu que
havia uma solução para ele, porém com um custo menor. Então, o professor Mário
de Oliveira sugeriu que Marcelo criasse um projeto de iniciação científica que
resultasse na criação dessa tecnologia.
O professor, em questão, conseguiu todo o aparato necessário junto à
Universidade para realização do projeto, no entanto não havia pessoas que
39
pudessem orientar o desenvolvimento desse trabalho e Marcelo, também, não
contava com conhecimentos avançados de informática suficientes para realizar o
trabalho sozinho, pois ele ainda estava no primeiro ano de curso. Assim, o projeto
ficou de lado por um tempo.
Durante o tempo em que estudava, Marcelo utilizava o antigo sistema
operacional DOS (Disk Operational System) que fazia parte dos microcomputadores
pessoais, mas não existiam recursos que atendessem às suas necessidades, então
contava com ajuda de colegas para tomar conhecimento de todo o conteúdo que
aparecia na tela. Outra alternativa existente era de um programa que realizava um
feedback sonoro, o qual era a única forma de comunicação entre o usuário cego e o
computador.
Em agosto de 1993, Marcelo iniciou o segundo período do curso, onde
voltou a se deparar com mais um entrave, o qual seria a disciplina de Computação
Gráfica que exigia principalmente da capacidade visual para ser entendida e
internalizada. Para não prejudicar Marcelo, o professor da disciplina em questão,
Antônio Borges, sugeriu que o aluno fosse dispensado da mesma, entretanto
Marcelo não aceitou e decidiu cursar a disciplina, mesmo com todas as dificuldades.
Durante a disciplina, o professor Antônio Borges acompanhou toda a interação de
Marcelo com os equipamentos eletrônicos e percebeu a necessidade de se
desenvolver algo mais apropriado às especificidades daquele aluno.
Antônio pensou em algumas possibilidades para resolver o problema de
Marcelo em relação ao uso do computador, porém descartou-as pelo alto custo. Ele
tinha total conhecimento do que precisava ser feito, porém não sabia como tornar
aquela ideia em realidade. De antemão, pensou em utilizar uma técnica chamada
CVSD que consistia na codificação de sinais de áudio digitais que continham fala.
Além dessa técnica, pensou-se também em utilizar outra, fazer uso da máquina da
Workstations Sun (um mini-computador), já que o mesmo podia reproduzir som, mas
a ideia foi deixada de lado pela quantidade de pessoas que faziam uso dessas
máquinas para pesquisas no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da
Universidade.
A solução veio algum tempo depois, por meio de uma revista voltada para
eletrônica que o professor Antônio tinha comprado numa banca de jornais, nela
continha um pequeno circuito denominado R-2R. Por curiosidade e divertimento, o
professor montou o circuito e percebeu que o mesmo em funcionamento reproduzia
40
sons de música. Naquele instante, pensou na possibilidade daquele mesmo circuito
reproduzir voz e então os problemas de Marcelo estariam solucionados. A solução
seria:
Ele usaria voz gravada, em vez de sons musicais digitalizados, e os sons em sequência seriam produzidos pela mesma técnica. A solução seria a soletração de arquivos com o som de cada letra e a produção de feedback das teclas do computador. (CARDOSO; D’ASCENZI; MONSERRAT NETO, 2013, p. 06).
Para alcançar tal objetivo, o professor sem saber já tinha todo o material
necessário para colocar sua ideia em prática. Porque dois anos antes, ao ver um
anúncio, interessou-se e comprou uma placa de som, recém-lançada nos Estados
Unidos, chamada Sound Blaster Pro. E assim o fez, montou um circuito com uma
placa de som que gravava e reproduzia a voz gravada. Porém, faltava, o principal, a
leitura de um texto da tela do computador em tempo real, o que possibilitaria a
Marcelo saber o que havia na tela no momento do uso. Para realizar tal feito, contou-
se com a ajuda de Orlando José Rodrigues Alves, também estudante da UFRJ,
porém de um período mais avançado do curso de Computação.
A criação do programa Vox foi feita por Orlando, partindo da organização
de rotinas, até então simples, com a linguagem de programação Assembly. Assim,
no Vox, ao serem pressionadas as teclas Alt e Esc, produzia-se uma parada
momentânea no programa que estava em execução na máquina e o Vox era
acionado para fazer a leitura do conteúdo escolhido através do cursor, reproduzida
no alto falante do computador.
Dessa forma, por meio dos esforços de várias pessoas, conseguiu-se
construir o núcleo sintetizador de voz, intitulado Vox, sem o qual o DOSVOX não
poderia ter sido desenvolvido. Contudo, nessa época, o Vox era bastante rudimentar
ao que é hoje, mas foi de grande importância para os deficientes visuais que faziam
uso do computador naquele momento, tornando-se uma solução esperançosa para
minimizar as dificuldades encontradas pelos alunos cegos na Universidade.
41
4.2.1 DE PROTÓTIPO A PEQUENO PRODUTO: O DOSVOX TOMA FORMA3
Mesmo após todos os esforços em razão da criação do Vox, ainda assim
não se tinha nada totalmente estruturado que levasse a pensar no sistema
DOSVOX, o que existia eram um hardware conversor, rotinas básicas de controle e
alguns utilitários, dentre eles: o editor de textos. Como, também, não existia o
sintetizador de voz, tudo a ser reproduzido em forma de som era gravado
antecipadamente. Por essa razão, muitas das dificuldades encontradas por Marcelo
persistiam. O que se tinha até aquele momento era um protótipo que apesar das
boas intenções na sua construção não atendia completamente às necessidades de
Marcelo.
O protótipo, independente de não ter resolvido logo de imediato os
entraves do processo educacional de Marcelo na Universidade Federal do Rio de
Janeiro, possibilitou a leitura e a escrita de textos, representava um grande avanço.
Com o tempo outros alunos cegos souberam do Vox e se interessaram em fazer uso
do equipamento, porém pediram a Marcelo um curso de capacitação para aprender
a usar o sintetizador de voz e o software e assim, poderem levá-lo para casa.
Nesse momento, viu-se a necessidade de se adequar o que se tinha do
protótipo para facilitar o uso de pessoas cegas e que entendiam pouco de
computação. Era necessário, então, dar condições aos usuários cegos para lidarem
sozinhos com o sistema e assim conseguissem ligar e desligar o programa, localizar
arquivos, realizar operações básicas, descobrir o nome e a posição das teclas ao
primeiro contato, ou seja, funções simples e necessárias para sua utilização.
Desse modo, o sistema foi criado e nomeado DOSVOX (A voz do Dos)
composto por uma interface simples baseada em perguntas gravadas em áudio, cuja
resposta deveria ser dada com apenas uma letra, ou seja, a abreviação da ação
desejada, por exemplo: e – editar, i – imprimir, a – arquivos. Se houvesse dúvidas, a
tecla F1 ajuda na resposta, a tecla ESC cancela qualquer operação e os arquivos
são folheados com as setas e escolhidos com uma única letra que indica o que fazer
com ele.
Depois de todo o sistema organizado, encontrou-se certa dificuldade para
3 Todo o contexto citado no tópico é baseado em relatos do professor Antonio Borges, coordenador
do Projeto DOSVOX. A partir deles, pode-se ter uma ideia de como aconteceu todo o processo de criação do DOSVOX até a sua comercialização.
42
fabricação dos protótipos que agora teriam que ser em grande número, a qual foi
feita por uma empresa que aceitou produzi-los quase sem lucro por se solidarizar
com a causa. Para ressarcimento dos gastos, os alunos que quisessem levar para
casa o DOSVOX teriam que pagar o valor de 20 reais, além de trazer seu próprio
disquete para gravação do programa e não poderiam levar mais que uma caixinha
do protótipo.
E então, o almejado curso para aprendizagem da utilização do DOSVOX
aconteceu, porém poucos foram os alunos cegos da UFRJ que compareceram. No
entanto, por conta de uma notícia de jornal surgiram outros participantes que
tornaram-se aliados do projeto, alguns dos quais são: o diretor do Instituto Benjamin
Constant, uma mestranda cega que defenderia uma tese em relação ao uso do
computador, um ex-desenhista cego que, futuramente, tornou-se o primeiro
distribuidor comercial do DOSVOX e maior responsável por sua transformação em
produto, um professor de primeiro grau que, anos depois, tornou-se o principal
professor do Instituto Benjamin Constant.
Os participantes do curso gostaram do DOSVOX e, principalmente, da
voz gravada. Contudo, alguns defeitos ficaram aparentes, como a ausência do
sintetizador de voz que dificultava o processo de leitura, tornava-a soletrada, e a
ausência de jogos para motivar os alunos. A partir dessa constatação, procurou-se
formas de solucionar os problemas identificados e assim, criou-se os elementos
lúdicos do DOSVOX (jogos da forca, da senha, da memória e outros) e o sintetizador
de voz. Após a solução desses problemas e de alguns outros que surgiram no
decorrer da sua estruturação, buscou-se a industrialização e comercialização do que
intitularam como Kit DOSVOX.
4.3 DIFUSÃO DO DOSVOX PARA ALÉM DA UNIVERSIDADE
Após a estruturação do projeto DOSVOX, muitas pessoas tomaram
conhecimento do mesmo e interessaram-se a fazer uso, a partir dessa constante
busca foi que Antônio e Marcelo perceberam a grande dimensão que o projeto tinha
alcançado. Viu-se, então, que o projeto precisava ser divulgado para que outras
pessoas com deficiência visual tivessem acesso a ele, pois elas poderiam ser
beneficiadas, assim como Marcelo, em aumento de produtividade nas suas
43
atividades do dia-a-dia, do estudo, do trabalho e até mesmo, para o divertimento.
Dessa forma, surgiu a ideia de criar um curso, já citado no tópico anterior,
sobre tais ferramentas computacionais e a intenção era que os alunos desse curso
não fossem apenas usuários do DOSVOX, mas também futuros instrutores e
divulgadores do projeto. Porém, havia vários fatores a serem pensados, como a
fabricação em grande quantidade do sintetizador sem recursos financeiros e a
inicialização do computador sem o intermédio de uma pessoa normovisual. Depois
da resolução desses problemas, o projeto ganhou ainda maior proporção. Outros
cursos ainda foram ofertados, por alguns anos, fazendo com que o DOSVOX
crescesse e o número de usuários aumentasse.
Como até aquele momento, a internet não estava desenvolvida, a
distribuição das cópias do DOSVOX era feita por uma micro-empresa gerenciada por
Luis Cândido Pereira Castro que era deficiente visual. No entanto, após seu
falecimento, a cantora Kátia Garcia Oliveira, também deficiente visual, assumiu essa
responsabilidade, realizou essa atividade até 2002. Mas, a partir deste ano, com o
advento da internet e a acessibilidade às placas de som, o DOSVOX passou a ser
distribuído via internet através de download gratuito na página da UFRJ.
Com a distribuição do sistema pela internet, surgiu a necessidade de
oferecer suporte aos usuários do DOSVOX, criou-se o Centro de Apoio Educacional
ao Cego – CAEC, com parte da verba vinda da universidade e apoio do NCE,
tornando-se um centro de apoio para todas as pessoas com deficiência visual em
relação às tecnologias de computação voltadas a esse público e não apenas quanto
ao DOSVOX. Além do CAEC, foram instituições como o Instituto Benjamin Constant
que ajudaram o DOSVOX a tornar-se um sistema de acessibilidade de credibilidade
utilizado por muitas pessoas.
4.4 FUNCIONALIDADES DO DOSVOX
O DOSVOX, inicialmente, foi criado para a utilização no MS-DOS, o
sistema operacional mais utilizado na época da criação do projeto. Porém, alguns
anos depois, começou a ascensão do Windows trazendo diversas vantagens
operacionais em detrimento do MS-DOS. Com o passar dos anos, o Windows
expandiu-se no mercado e vários dispositivos só compatibilizavam com este sistema
44
operacional. Frente a essa realidade, o DOSVOX teve que fazer uma escolha:
migrar para o Windows ou um grande número de hardwares não o aceitaria como
ferramenta de acessibilidade.
A escolha feita foi a migração para o Windows, para tanto foi
completamente reescrito para se adequar à plataforma do sistema operacional. Além
do sistema operacional Windows, pode ser utilizado, também, no Linux, denominado
como Linvox. Como visto, o DOSVOX, ao longo dos anos, passou por muitas
melhorias que tiraram a característica de ser um produto de tecnologia rudimentar
considerado como de terceiro mundo, tornou-se um sistema que agrega softwares e
aplicativos que conferem funcionalidades à ferramenta. Atualmente, o DOSVOX é
definido como:
[...] um sistema operacional para microcomputador, baseado no DOS e no uso intensivo de síntese de voz e navegação via teclado desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ). (CARDOSO; D’ASCENZI; MONSERRAT NETO, 2013, p. 01).
O mesmo é composto por sistema de síntese de voz em língua
portuguesa, editor, programas para acesso a internet, programas educativos, jogos
para entretenimento, leitor e impressor/formatador de textos para Braille, entre
outros recursos que, em sua maioria, tem nomes similares ao DOSVOX, podem ser
baixados, no site da UFRJ, para complementar o sistema. Para melhor
entendimento, encontra-se abaixo tabela adaptada, baseada no site da
universidade, a qual demonstra alguns desses programas ou aplicativos:
Tabela 1 – Programas disponíveis para download
PROGRAMAS FINALIDADE
AGENVOX Agenda de compromissos
BARONVOX Jogo do Barão - Desafio: Tente conseguir aumentar a população de uma cidade medieval
CALCUVOX Calculadora vocal
CATAVOX Caça Palavras - Desafio: Descobrir a localização das palavras entre várias letras embaralhadas.
CHEQVOX Emissor de cheques
CHESSVOX Jogo de xadrez
FINANVOX Calculadora Financeira
LISTAVOX Impressor de documentos
MEMOVOX Jogo de memorização de letras
POWERVOX Verificador do nível de bateria do notebook
Fonte: Site do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ
Os programas apresentados na Tabela 1 têm funcionalidades específicas,
45
além de poderem ser atualizados individualmente ou em conjunto com todo o pacote
de atualização do programa. Os programas demonstrados acima são apenas uma
mostra dos mais de 70 programas disponíveis no site para download. Com base no
NCE/ UFRJ (2000), eles estão divididos nas seguintes funções: sistema operacional
que contém os elementos de interface com o usuário; sistema de síntese de fala
para língua portuguesa; editor, leitor e impressor/formatador de textos;
impressor/formatador para Braille; aplicações para uso geral: caderno de telefones,
agenda, calculadora, preenchimento de cheques, etc.; jogos diversos; utilitários de
internet: FTP, acesso a WWW, um ambiente de "chat", um editor html, etc.;
programas multimídia, como o processador multimídia (áudio midi CD), gravador de
som, controlador de volumes, etc.; programas dirigidos à educação de crianças com
deficiência visual; sistema genérico de telemarketing, dirigido à profissionais desta
área; ampliador de tela para pessoas com visão reduzida; leitores de janelas para
Windows.
Os programas ou aplicativos, em questão, beneficiam a pessoa com
deficiência visual, pois realizam atividades comuns do dia-a-dia, do trabalho e do
estudo da pessoa com DV, conferem autonomia e uma maior interação entre o
usuário e a máquina, tornando-se algo de grande valia para o deficiente visual por
mitigar determinadas necessidades.
4.5 ANÁLISE SOBRE A USABILIDADE/FUNCIONALIDADE DO DOSVOX
A usabilidade pode ser definida como a facilidade com que uma
ferramenta tem seu funcionamento assimilado e é utilizada no desenvolvimento da
atividade a que foi destinada, pode ser analisada e mensurada por meio da
experiência de uso das pessoas com o produto e assim a partir dessa análise,
conhecer a eficiência e eficácia do mesmo. Já a funcionalidade está voltada para a
capacidade de o produto prover funcionalidades que satisfaçam o usuário em suas
necessidades.
Quanto ao contexto computacional, a usabilidade de um software é
enfatizada por Gonçalves (2008, p. 54) da seguinte forma:
[...] para que um software possa ser considerado com boa usabilidade, não basta que apresente apenas uma interface agradável, satisfazendo
46
subjetivamente o usuário, mas atenda a requisitos de eficiência, facilidade de aprendizado, memorização, baixa taxa de erros e seja acessível por qualquer pessoa, independente de suas limitações.
Nesse sentido, a usabilidade e a funcionalidade do DOSVOX encontram-
se na comunicação simplificada entre homem e máquina. A relação entre os sujeitos
dessa comunicação acontece por meio do sistema operacional completo que o
DOSVOX se tornou, constitui-se de variados aplicativos que possibilitam a
realização das atividades diárias de uma pessoa com deficiência visual. Silva (2015,
p. 04) reforça ainda que a acessibilidade do DOSVOX “[...] é fundamental para as
pessoas que estão iniciando seu conhecimento em informática, sendo importante o
seu uso para as pessoas cegas e de baixa visão, tanto no âmbito social como
educacional”.
O DOSVOX a começar da sua criação foi pensado em ser uma
ferramenta de acesso fácil e que pudesse ser utilizado por qualquer pessoa,
independente do conhecimento técnico da mesma. Dentre as metas do DOSVOX,
encontradas no site do sistema, estão: alta velocidade de aprendizado, alta
velocidade no uso corrente, redução na taxa de erros de operação, rápida
assimilação da operação da interface e operação agradável. (FERRAMENTAS...,
2000)
Assim, para atingir as metas especificadas acima todo o funcionamento
do DOSVOX desde a sua inicialização busca responder de maneira eficaz às
interações do usuário. A inicialização do software ocorre a partir do acionamento das
teclas "ctrl + alt + d", sendo então sintetizada a frase "DOSVOX - O que você
deseja?", que será ouvida sempre que o sistema necessitar de uma nova
informação. Vale frisar que toda a comunicação do usuário com o DOSVOX
acontece por meio do teclado e as teclas específicas de comando. Logo, o teclado
tem um grande papel no vínculo entre a pessoa com DV e o DOSVOX, visto que
através dele se realiza os comandos.
Após a inicialização do sistema operacional DOSVOX, pode-se acessar o
"menu principal" ao pressionar a tecla F1. O menu é, ao mesmo tempo, apresentado
e sintetizado na voz característica do sistema. Na tela inicial aparecem também
informações sobre como adquirir ou obter ajuda sobre o DOSVOX (Figura 01). Para
saber as opções do DOSVOX, basta usar F1 e a qualquer momento, a tecla ESC
pode ser usada para cancelar qualquer função. A tecla F1 permanece disponível na
47
maior parte dos utilitários do sistema como tecla de ajuda.
Figura 01: Inicialização do sistema DOSVOX
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
Como evidenciado anteriormente, o teclado é de fundamental importância
para a comunicação, desse modo o usuário pode vir a usar as setas para
navegação. Essa ação mostra as opções disponíveis em uma janela na própria tela
(Figura 02). A cada acionamento de seta, uma opção é selecionada. Neste caso, a
opção desejada é escolhida ao pressionar a tecla ENTER ou selecionar a letra
correspondente ao que se deseja.
Figura 02: Opções disponíveis pelo sistema
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
48
A ação de testar o teclado ao ser escolhida realiza o reconhecimento das
teclas e suas posições, além de ser de extrema importância para usuários com DV
que não tenham total conhecimento do teclado, já que o uso do mouse é difícil
(Figura 03). O teste é finalizado quando se pressiona a tecla ESC, a qual fará soar
novamente a pergunta "DOSVOX - O que você deseja?", para que o usuário escolha
outra opção.
Figura 03: Teste do teclado
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
O usuário ao pressionar a letra "A” é informado pelo sistema o número de
arquivos em um determinado diretório. Durante o deslizar da seta, eles são falados
um a um. Quando um arquivo desejado é falado, pode-se escolher uma função a ser
realizada com ele, basta para isso acionar uma tecla (Figura 04).
Figura 04: Manipulação de arquivos
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
49
Outra atividade disponível no sistema DOSVOX são os jogos que visam
não somente a diversão do usuário, mas também auxiliar na aprendizagem do
ambiente, na medida em que ao jogar o usuário aperfeiçoa sua interação por meio
do teclado, refina sua intimidade com as teclas e a posição das mesmas e ainda,
aprimora sua relação com o sistema de um modo geral.
Os jogos são acionados por meio da tecla "J" seguido de uma letra que
representa a abreviatura do jogo desejado (Figura 05). Se houver dúvida por parte
do usuário acerca do jogo a ser escolhido, pode teclar "F1" e então é apresentado o
"menu de jogos", o qual pode ser navegado através das teclas.
Figura 05: Jogos disponíveis no sistema
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
A maior parte dos jogos do DOSVOX tem uma interface alfanumérica,
mas são repletos de efeitos sonoros, com vistas a tornar o jogo atrativo (Figura 06).
Desta forma, eles podem ser usados até por pessoas que não são deficientes
visuais por serem prazerosos, além disso, conseguem atingir a diferentes faixas
etárias pela diversidade com que se apresenta. Existem, também, entre as opções
de jogos, alguns com interface gráfica.
Da mesma forma que o restante do sistema, os jogos são comandados
unicamente pelo teclado, e a informação visual é útil para favorecer o
compartilhamento do jogo entre pessoas que enxergam com as invisuais, tornando-
se numa forma de interação entre os dois públicos.
50
Figura 06: Jogo da Forca
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
O sistema também apresenta ao usuário a opção de navegar e fazer uso
de utilitários que visam proporcionar a realização de tarefas cotidianas, as mesmas
conferem maior independência e organização por intermédio dos aplicativos
disponibilizados (Figura 07). São acionados a partir da opção "U" seguido de uma
letra que representa a abreviatura do utilitário desejado. Caso haja necessidade de
ver o "menu de utilitários", tecla-se “F1”.
Figura 07: Utilitários disponíveis no sistema
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
51
Um dos exemplos de utilitários é a calculadora vocal (Figura 08).
Possibilita a execução de cálculos simples, de forma completamente sonorizada,
torna-se numa forma de facilitar a realização de uma atividade distinta como a de
calcular.
Figura 08: Calculadora vocal
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
As pessoas com DV têm, em geral, uma ligação muito forte com som por
estimularem o sentido da audição. Daí o DOSVOX proporcionar diversos utilitários
para processamento multimídia (Figura 09). Os aplicativos de multimídia são
acionados na opção "M" seguido de uma letra que representa a abreviatura do
programa desejado. A tecla "F1" apresenta então o "menu multimídia".
Figura 09: Dispositivos multimídia
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
Além de todas as opções disponíveis para utilização completa do sistema
52
operacional DOSVOX, ainda pode-se acessar a Internet através dos dispositivos
(Figura 10). A rede mundial de Internet representa para a pessoa deficiente visual
uma forma de se conectar ao mundo e fazer parte dele, por meio da qual ele pode
ter acesso a informações, pode publicar suas próprias idéias, conectar-se a redes
sociais, enviar e receber correspondência, enfim, fazer o mesmo uso que qualquer
pessoa faz da Internet. O acesso à Internet por pessoas com deficiente visual
somente tornou-se possível por conta da criação do DOSVOX.
Figura 10: Dispositivos de Internet
Fonte: NCE / UFRJ (2000)
Observa-se, então, que a usabilidade e a funcionalidade do DOSVOX
pode ser considerada benéfica ao deficiente visual por adequar-se a ele e
oportunizar a utilização do computador por meio dos diferentes programas existentes
em sua plataforma, alguns dos quais apontados acima, mas, existe uma infinidade
disponível.
Porém, apesar dos benefícios, coexistem algumas limitações que, de
acordo com Silva (2015), são: os textos serem lidos apenas em formato txt; o
DOSVOX atuar separadamente do sistema operacional do computador. Fora essas
limitações, Perossi (2014) ainda ressalta: a incompatibilidade com o Javascript, o
que dificulta o acesso a algumas páginas da internet e a diferença de usabilidade
com o Windows.
Mesmo com as limitações elencadas acima, o DOSVOX apresenta uma
interface simples para o usuário cego, tendo em si uma grande vantagem, a de
inserir o deficiente visual no mundo digital, por essa razão as vantagens
sobressaem-se em detrimento das limitações, pois confere à pessoa com DV
independência, aumento da autoestima e consequentemente, melhoria de vida.
53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar na possibilidade da inclusão de pessoas com deficiência nas
classes regulares de ensino ou no uso do computador por pessoas com deficiência
visual era algo utópico algum tempo atrás, porém hoje a realidade é outra e o sonho
tornou-se prática. Atualmente, a inclusão, seja no ambiente educacional ou no
trabalho, de pessoas com qualquer tipo de deficiência existe e o computador pode
ser usado por pessoas com deficiência visual, independente se é baixa ou total a
perda da acuidade visual.
O processo de transformação não aconteceu do dia para noite, foi
necessário que houvesse estudos e pesquisas para a criação de documentos legais
que garantissem a obrigatoriedade da inclusão. E, também, para que se
conseguisse construir um protótipo que minimizasse as dificuldades do deficiente
visual frente à máquina. Porém, de antemão existiu a presença de barreiras, devido
a existência delas buscou-se solução.
A mitigação de algumas dessas barreiras surgiu com a criação do
DOSVOX, um software com tecnologia brasileira de distribuição gratuita que
viabilizou o uso do computador por pessoas com deficiência visual e promoveu a
inclusão digital. No que tange ao seu uso na esfera educacional, pode-se afirmar
que é uma ferramenta repleta de benefícios, pois oportuniza o acesso à informação,
confere independência no estudo e contribui para o desenvolvimento de habilidades.
Nesse aspecto, o DOSVOX possibilitou grandes avanços na vida dos
deficientes visuais. A vida dessas pessoas transformou-se de uma maneira geral,
em diversos aspectos, até mesmo na educação. O deficiente visual que antes era
considerado incapaz ou tratado como coitado por não ter a capacidade de ver, a
partir do DOSVOX torna-se protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem,
da realização das atividades diárias e do trabalho, aumentando sua autoestima por
não depender integralmente de outra pessoa.
Dessa forma, com base em todo o estudo feito ao longo desse trabalho,
pode-se dizer que o DOSVOX é de suma importância dentro dos muros das escolas,
no dia-a-dia do aluno com deficiência visual, principalmente, incentiva-se seu uso
nos laboratórios de informática. Propostas educacionais, nesse sentido, já existem,
como a de Souza & Martini (2012) que propõem a implantação do DOSVOX nos
laboratórios do ProInfo com o Linux Educacional, visto que o software tem muito a
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acrescentar à práxis dos educadores e ao processo educativo dos alunos.
Vale ressaltar que os benefícios não se restringem ao processo educativo,
por ser uma tecnologia sem custos não afetará os cofres públicos, então não haveria
a justificativa acerca da ausência de verba para sua aquisição. No entanto, apenas o
fato de que uma ferramenta como o DOSVOX inserido nas escolas favoreceria uma
inclusão de fato e de direito seria motivo suficiente para adquiri-lo e torná-lo parte da
rotina da sala de aula. Em contraponto, seria necessário que existisse o interesse
por parte dos educadores para aprender a manusear o software e do governo para
articular formações continuadas em prol de um objetivo comum.
Destarte, o DOSVOX demonstra ser uma ferramenta de incontáveis
benefícios para o processo de ensino, pois dispõe suporte para a alfabetização com
o Letravox ou com o Letrix (jogos educacionais), a socialização por meio do Papovox
(programa de bate-papo), a espacialidade com o Catavox (jogo de caça-palavras), a
expansão do vocabulário com a utilização Cruzavox ou com o Curiosovox (jogos de
cruzadinhas), dentre outros aplicativos que estão disponíveis para uso na plataforma
do software, dependerá apenas do propósito que se deseja conseguir.
O software de uma maneira geral tem algumas limitações, apontadas no
último capítulo deste trabalho, que devem ser sanadas, no entanto elas não o
impedem de realizar sua função principal que é fazer o cego ler e ser lido,
culminando assim na inclusão da criança ao adulto com deficiência visual, o que
gerará uma pessoa mais independente e feliz por conhecer, entender e fazer parte
do mundo como um ser atuante.
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