2ª edição disciplina informática e educação - proead · recordemos que na aula anterior nós...

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Apuena Vieira Gomes Adja Ferreira de Andrade Autores aula 15 A trajetória da informática na educação Informática e Educação DISCIPLINA 2ª Edição aula

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Apuena Vieira Gomes

Adja Ferreira de Andrade

Autores

aula

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A trajetória dainformática na educação

Informática e EducaçãoD I S C I P L I N A2ª Edição

aula

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Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDRonaldo Motta

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitorNilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Secretaria de Educação a Distância- SEDIS

Coordenadora da Produção dos MateriaisCélia Maria de Araújo

Projeto GráficoIvana Lima

Revisores de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesMarcos Aurélio FelipePedro Daniel Meirelles FerreiraTatyana Mabel Nobre Barbosa

Revisoras de Língua PortuguesaJanaina Tomaz Capistrano

Sandra Cristinne Xavier da Câmara

IlustradoraCarolina Costa

Editoração de ImagensAdauto HarleyCarolina Costa

DiagramadoresBruno Cruz de Oliveira

Maurício da Silva Oliveira JúniorMariana Araújo Brito

Thaisa Maria Simplício Lemos

Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN

MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd, East, San Rafael, CA 94901,USA.

MasterFile – www.masterfile.cpomMorgueFile – www.morguefile.com

Pixel Perfect Digital – www.pixelperfectdigital.comFreeImages – www.freeimages.co.uk

FreeFoto.com – www.freefoto.comFree Pictures Photos – www.fre-pictures-photos.com

BigFoto – www.bigfoto.comFreeStockPhotos.com – www.freestockphotos.com

OneOddDude.net – www.oneodddude.net

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Gomes, Apuena Vieira.Informática e educação: interdisciplinar / Apuena Vieira Gomes, Adja Ferreira de Andrade. – Natal, RN:

EDUFRN Editora da UFRN, 2005.316 p.1. Educação – Informática. 2. Sistemas de informação. 3. Internet. 4. Escola – Tecnologias.

I. Andrade, Adja Ferreira de. II. Título.

ISBN 85-7273-289-6 CDD 370RN/UF/BCZM 2005/49 CDU 37:004

Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização

expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

12/07/2007

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12ª Edição Aula 15 Informática e Educação

Apresentaçãohegamos a nossa última aula. É o momento de refletirmos sobre a trajetória percorrida. Como a tecnologia tem influenciado nosso cotidiano? Quais os benefícios e as desvantagens que trouxe à sociedade? Trilhamos um percurso através de várias

tecnologias (Internet, ambientes virtuais) buscando criar uma verdadeira comunidade de aprendizagem. Discutimos também sobre o sistema de computação, o ambiente Linux e seus aplicativos (editor de texto, apresentação, planilhas e editor de páginas Web).

Recordemos que na aula anterior nós refletimos sobre o uso pedagógico dos recursos tecnológicos, as possibilidades que envolvem os professores, os alunos e a escola. Esses desafios fazem parte da história da informática na Educação e será o foco de nossa discussão nesta aula.

Diante disso, como a informática tem contribuído para a Educação? E ao mesmo tempo, como esta tem apoiado aquela, fornecendo subsídios teóricos para mostrar a capacidade das ferramentas computacionais.

Para relatar as experiências utilizando essas tecnologias no contexto escolar, nós discutiremos a elaboração de um projeto interdisciplinar e refletiremos sobre as políticas públicas, os programas e projetos envolvendo Tecnologias Educacionais. Além disso, descreveremos a trajetória da Educação a Distância e alguns problemas e dificuldades enfrentados.

Esperamos, ao término destas 15 aulas, haver contribuído para a formação de cidadãos críticos e reflexivos, preocupados com o papel social e o potencial pedagógico da tecnologia. O desafio está lançado!!!

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ObjetivosDescrever a evolução tecnológica destacando algumas ferramentas utilizadas no contexto educacional.

Relatar algumas experiências que envolvem a tecnologia, retomando a trajetória da Educação a Distância.

Descrever a abordagem de projetos em Informática Educacional, suas fases e processo de implementação.

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2 Aula 15 Informática e Educação 2ª Edição

O caminho percorridopelas Tecnologias

ocê sabia que o início da trajetória das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) foi marcado por muitos problemas? A falta de planejamento, o despreparo dos profissionais e a ausência de ações governamentais para introduzi-las no cotidiano

da Escola são alguns exemplos desses problemas. Na verdade, trata-se de um modelo importado dos EUA, tanto de hardware quanto de software, mas principalmente de teorias psicológicas, como também metodológicas (instrução e não de construção).

O modelo capitalista influenciou a disseminação das tecnologias no Brasil, uma vez que incentivou a venda de equipamentos e programas, provocando uma disputa pelo domínio tecnológico e pelas TIC, o que fez surgir novos hábitos e um amplo consumo.

A falta de preparo para utilizar a tecnologia trouxe várias conseqüências negativas. Dentre estas, o excesso de informação que leva à desinformação, ao não aprofundamento, a uma

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32ª Edição Aula 15 Informática e Educação

falta de análise e de reflexão crítica. Perde-se a noção de identidade, há um desdobramento da personalidade, uma confusão entre o público e o privado.

Na verdade, estamos vivendo numa sociedade em que surgem novas formas de economia. As trocas de informação, o seu tráfego que não é mais físico, e, sim, imaterial. Há uma descentralização de tarefas, desintegra as unidades de tempo, lugar. O capital passa a ser a informação – e a capacidade de distribuição e recuperação fácil e segura desta informação. Segundo Moraes (2002), criam-se novas referências espaciais, temporais e informacionais; uma noção de tempo, espaço diferenciada e como conseqüência negativa pode levar a uma população digitalmente excluída.

Retomando a evolução tecnológica, as primeiras ferramentas eram vistas como kitsaudiovisuais, pacotes fechados fornecidos por empresas estrangeiras e mal adaptados a nossa realidade. Depois, estes evoluíram para os sistemas de ensino programado – CAI (Instrução Auxiliada por Computador), o qual baseava-se no modelo estímulo-resposta, tratando o usuário por condicionamentos. Como exemplo, ao realizar um exercício ou atividade, dependendo da ação do usuário, o software daria um estímulo positivo (um aplauso ou uma mensagem de acerto), caso contrário, emitiria um ruído sonoro de erro.

Depois, surgem os modelos de Inteligência artificial nos sistemas de ensino computacional, especificamente, utilizando formas de representação de conhecimento, o qual dá origem aos Sistemas Tutores, ou seja, softwares voltados para o ensino, utilizados como ferramentas de apoio, capazes de identificar as dificuldades e habilidades dos alunos.

Atualmente, as tecnologias educacionais têm sido empregadas na área de simulação química, física, estudo de astronomia. A realidade virtual vem sendo usada tanto para construção de mundos virtuais quanto para instrumentos de simulação e visualização bidimensional (2D) e tridimensional (3D). Um exemplo de simulação pode ser a representação, em Física, da trajetória de um carro ou de um míssel. Em Astronomia, poderíamos simular o movimento dos planetas e das estrelas e calcular suas distâncias. Na Química, é possível estudar a mistura de substâncias e perceber suas propriedades, as reações que podem causar ao meio ambiente e, portanto, testá-las antes de aplicar em nosso meio.

Temos, ainda, os hipertextos, os sistemas de autoria e as ferramentas de groupware,capazes de auxiliar o trabalho, o gerenciamento e a coordenação de grupos, como, discussões coletivas, votações e tomadas de decisões e CMC - Comunicação Mediada por Computador, que envolve ferramentas como chat, fórum, e-mail, entre outras.

InteligênciaArtificial

Inteligência Artificial (IA)é uma subárea da CiênciaCognitiva voltada aodesenvolvimento de sistemase ao estudo de modeloscognitivos capazes derepresentar o conhecimento, oraciocínio e o comportamentodos seres humanos ouanimais. (MEYER, 2000)

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4 Aula 15 Informática e Educação 2ª Edição

As políticas públicas de incentivo ao uso e disseminação da TIC se interceptam com o aparecimento dos computadores na escola, com o barateamento dos micros no mercado se une às políticas de formação de professores.

Segundo Ramos (2003), as primeiras políticas públicas na área de TIC e Informática Educativa surgiram na década de 80. Importou-se do Primeiro Mundo equipamentos, teorias e metodologias. Segundo a autora, os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) abordavam muito superficialmente a questão do uso dessas tecnologias na Educação. As políticas foram evoluindo. No início, o objetivo era ensinar ao aluno programar; depois, investiu-se na informática educacional e na formação genérica dos multiplicadores. Neste caminho, criou-se uma inovação, mas ainda marcada por traços conservadores, em que muitos professores continuavam a utilizar o computador com as técnicas tradicionais de ensino.

Segundo Barreto (2003), a primeira grande questão é como integrar as TIC à Educação. Deve-se sair da visão exclusivamente técnica, do deslumbramento e investir no uso pedagógico, reflexivo e na formação de professores.

Um dos primeiros projetos de Informática na Educação foi o EDUCOM, iniciado em 1984, financiado pelo MEC em parceria com os centros da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Esses centros implantaram cursos de

As políticas públicas, programas e projetos envolvendoTecnologias Educacionais

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52ª Edição Aula 15 Informática e Educação

sensibilização, extensão e especialização com objetivos de pesquisa e formação na área de informática educativa para professores do nível médio e superior. Iniciativas foram empregadas no desenvolvimento de softwares educativos, informática para educação especial e utilização da filosofia LOGO (VALENTE, 2002). Até hoje essas áreas de atuação permanecem sendo acrescidas de outras áreas, como Educação a Distância (EaD), desenvolvimento de softwares cooperativos e inteligência artificial na Educação.

Uma outra política pública envolvendo as TIC e a formação de professores foi o projeto FORMAR, em 1987, pelo qual a UNICAMP foi a responsável por seu primeiro curso Latus sensus – 360 h. O objetivo era a formação de professores para implantar os CIED (Centro de Informática na Educação), vinculados às secretarias de Educação, escolas técnicas federais e centros de ensino superior. O objetivo era, então, disseminar a informática no meio além dos cinco centros citados anteriormente. Algumas críticas dizem que o modelo foi muito voltado ao ensino da informática, sendo um curso compacto, sem tempo para absorver as práticas e teorias discutidas. Além disso, muitos professores alegaram que o deslocamento (Nordeste – Sul – Sudeste do país) interrompia sua prática de ensino e mostrava uma realidade fora de seu contexto de trabalho, muitas vezes, diferente da que eles encontravam em sua escola ou universidade de origem.

Há ainda uma abordagem contextualizada do conhecimento voltada para a realidade do professor (FREIRE, 1999). Nessa proposta, o curso é oferecido na escola onde o professor trabalha e tem como objetivo propiciar conhecimentos de informática e pedagógicos, baseados numa visão mais aberta, na qual o centro do processo é o aluno e não o ambiente computacional. Tal modelo foi usado pela Secretaria de Educação de São Paulo, no Programa de Educação Continuada – PEC. Segundo Valente (2002), a experiência ao longo de 10 anos de formação de professores demonstra que o modelo contextualizado na escola é o mais adequado, trazendo resultados mais imediatos, incentivando a cooperação e a interação.

A abordagem Telemática utiliza diretamente as tecnologias de informação e comunicação, ensino dos meios e com os meios. Essa abordagem foi iniciada no LEC – Laboratório de Estudos Cognitivos da UFRGS e no NIED - Núcleo de Informática na Educação da UNICAMP. O projeto visava à formação de professores, como também o desenvolvimento de material de suporte e software educativo.

O programa TV Escola foi criado pelo Governo em 1996 com o objetivo de melhorar a formação dos professores do magistério, sendo transmitido em canal próprio e gravado pelas escolas. Esse programa não atingiu os objetivos esperados, devido à falta de organização da própria escola: não havia tempo alocado aos professores para o estudo, não havia um mediador para as interações, faltava domínio do uso e profissionais especializados em vídeo. É necessário criar condições na escola, não bastam equipamentos e kits audiovisuais. Na busca de uma solução para isso, o MEC/SEED – Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação – tem atualmente investido em cursos para formar professores para o programa.

Um outro programa na área de tecnologias educacionais foi o PROINFO – Programa Nacional de Informática na Educação – promovido em 1997 pela SEED (MORAES, 2002), com vistas a implantar Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) nos estados, em

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parcerias com governos estaduais e municipais. Dentre os objetivos, visa à disseminação do uso de tecnologias no sistema público de ensino e à capacitação de multiplicadores através de cursos de especialização.

O Proformação - Programa de Formação de Professores em Exercício, voltado para professores que atuam no magistério das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

O Salto para o Futuro foi criado em 1992 pelo Governo Federal e implementado em mais de 800 postos em todo o país. São transmissões via TV, comentadas por especialistas. Há um orientador de aprendizagem em cada tele-sala e as interações podem ocorrer por fax ou carta. As dificuldades concentram-se na manutenção dos equipamentos, qualidade do material e má qualidade das gravações e da recepção.

A Política Pública para inserção dos indivíduos na sociedade da informação (http:// www.socinfo.org.br) foi criada pela Presidência da República em dezembro de 1999. Tal política foi criticada por estar mais voltada para o mercado e para o consumidor e não para a Educação. Atualmente, cerca de 12% da população está conectada à Internet. Em 2000, dos 5500 municípios do Brasil, cerca de 5000 municípios não possuíam acesso à rede.

Segundo pesquisas feitas pelo MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), para a sociedade da informação obter confiabilidade da comunidade, é preciso haver confiança pública, proteção à privacidade individual, segurança nas transações comerciais e financeiras, segurança no armazenamento dos dados, infra-estrutura de acesso (infra-estrutura física, Internet, serviços e sistemas de informação), políticas de regulamentação, investimento em programas educacionais, melhoria na velocidade de acesso e comunicação, questões éticas, liberdade de expressão, privacidade, segurança e respeito aos direitos autorais.

O projeto de Inclusão Digital de Pescadoras e Pescadores Artesanais, conhecido como Projeto Maré/Telecentro da Pesca, foi elaborado pela SEAP/PR (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República – Seap/PR), tendo como objetivo estabelecer uma política nacional para o setor, em nível ministerial, atendendo a uma reivindicação da comunidade. Pretende também propor, gerir e implementar políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento da produção da pesca e da aqüicultura nacional, de forma sustentável, sob as perspectivas econômicas, sociais e ambientais.

O acesso à tecnologia, hoje restrito a uma pequena parcela da população, deve ser disseminado para toda a sociedade, ajudando no desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural. A implantação de telecentros nas comunidades pesqueiras artesanais traz a inclusão digital a este segmento.

Por outro lado, a exclusão digital leva os sujeitos para fora do espaço econômico e social comprometendo sua inserção profissional e seu convívio na sociedade, o que gera uma forma de segregação e isolamento do mundo. Já a inclusão possibilita o acesso às novas tecnologias e à Internet, a democratização da comunicação, o uso dessas tecnologias em ações educativas, um maior acesso ao conhecimento e incentivo à pesquisa, a agilização na solução de demandas, a possibilidade de trocas de experiências com outras comunidades conectadas à rede, possibilitando um ambiente que fortalece a organização do setor.

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72ª Edição Aula 15 Informática e Educação

Atividade 1

1Pesquise na literatura específica e descreva brevemente quais das políticas públicas e programas, aqui apresentados, foram aplicados com sucesso em nosso país.

Quais dessas se mantêm nos dias atuais?

Faça um breve resumo dos programas e projetos que foram implementados em sua região ou estado. Comente sobre os objetivos propostos e alcançados, universidades e/ou escolas envolvidas e tecnologias utilizadas.

Busque na Internet o mapa da exclusão digital no Brasil. Qual é a estatística dos municípios brasileiros que estão hoje conectados à Internet?

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A trajetória daEducação a Distância

ara iniciar a trajetória da evolução percorrida pela Educação a Distância, veremos que há co-relações com a história dos meios de comunicação de massa (ALVES, 2003). Em 1939, a EaD era feita através de canais de difusão de rádio - Instituto Rádio

Monitor. Em 1941, foi fortemente marcada por projetos difundidos pelo Instituto Universal Brasileiro e Movimentos de Educação de Base através das escolas radiofônicas.

A década de 50 e 60 foram marcadas pelo ensino por correspondência, muitos dos cursos foram criados pelo Instituto Social Brasileiro. Nesse período, ocorria uma forma de ensino instrumentalizada e profissionalizante e não havia interação entre os alunos e professores como hoje. Já a década de 70 foi evidenciada pelos programas de TV, em que os cursos eram adaptados a esse tipo de mídia, havendo toda uma linguagem que possibilitava uma maior “interação” (ainda pouco sistemática porque não havia retorno da aprendizagem do aluno). Os anos 80 já sofrem a influência da telemática (telecomunicações e informática) e, por fim, a década de 90 é marcada por experiências de tele e videoconferência via satélite e uso da Internet, como formas de educação on-line.

Alves (2003) chama atenção para os diversos problemas que ocorrem com os projetos de Educação a Distância no Brasil. Inicialmente, projetos que são mais políticos do que

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92ª Edição Aula 15 Informática e Educação

educacionais, estando quase sempre atrelados a um mandato, no qual a teoria e a prática estão distantes da realidade da escola, do professor e do aluno; currículos inadequados e com ênfase na tecnologia. E, ainda, aliado a tudo isso, temos a resistência por parte de alguns educadores, devido aos traumas das experiências vividas nas décadas 50, 60 e 70, em que a sua utilização acompanhava as teorias da época. Modelos que orientavam para a fluência tecnológica e formação voltada para o consumo, principalmente quando o financiamento advinha de órgãos internacionais.

Um outro problema que a autora (ALVES, 2003) destaca é a questão da avaliação em EaD. Esta ocorre totalmente independente dos processos educativos como um todo, como se fosse um apêndice do processo. É marcante a insuficiência das teorias da avaliação nas práticas de EaD, na qual o ritual de avaliação tem enfatizado notas, conceitos e, portanto, registros numéricos.

A obrigatoriedade da prova presencial também acaba indo de encontro aos próprios aspectos que a EaD defende: flexibilidade de lugar e de tempo e uso de múltiplas linguagens são comprometidos porque exigem dos participantes presença física para realização da prova. A não flexibilidade de tempo (por exemplo, escolher a data em que esteja preparado) exige dos alunos acompanhar e adequar-se ao ritmo do curso; caso contrário, não estará apto a fazer as provas no dia marcado. E o uso das múltiplas linguagens porque restringe ao aluno demonstrar seus conhecimentos apenas através da linguagem escrita.

Fragale Filho (2003) afirma que a EaD não avançou em nosso país em função da desconfiança dos líderes educacionais em relação ao risco de fraudes, da ausência de vigilância do poder público e da atuação inescrupulosa de algumas instituições. Além disso, ele cita muitos preconceitos e temores envolvendo a EaD, associados ao barateamento do ensino, sua privatização, esvaziamento do ensino regular e simplificação da aprendizagem. Algumas dificuldades da EaD: descontinuidade de programas, dificuldade de planejamento e avaliação; desqualificação técnica e problemas de gestão pedagógica (motivação, isolamento, gerência de tempo).

Além dessas dificuldades, Barreto (2003) levanta uma outra crítica às políticas de educação a distância empregadas no Brasil. Em sua obra, o autor relembra a era dos pacotes educacionais usados na EaD, a desqualificação do saber profissional, o foco na tecnologia e não nos sujeitos. Muitos dos projetos tiveram como modelo a capacitação em serviço, na qual o professor não tinha tempo para aplicar os novos conhecimentos. O ensino estava desvinculado da pesquisa e havia uma ênfase em conteúdos e não em processos educativos, uma dedicação que privilegiava preparar os profissionais para o mercado de trabalho. Esses foram alguns dos problemas que marcaram a entrada da EaD no Brasil.

Alternativas e soluções para tais problemas têm sido aplicadas. Políticas governamentais vêm sendo implantadas, novas legislações, criadas, e grupos de trabalho têm se reunido para divulgar pesquisas em EaD. As principais pesquisas envolvem novas tecnologias, ambientes de gerenciamento de cursos, formas de acompanhamento e avaliação. Resultados desse trabalho podem ser vistos na difusão e na qualidade da Educação a Distância em nosso país.

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10 Aula 15 Informática e Educação 2ª Edição

Criando projetos emInformática na Educação

Agora que vocês conhecem um pouco do potencial da informática educativa, vamos apresentar uma alternativa de uso dessa tecnologia em sala de aula.

Aplicar a abordagem de projetos na área da informática educacional envolve diversas fases, as quais não são bem definidas e separadas hierarquicamente. Elas ocorrem dentro de um processo dinâmico e contínuo, que consiste em: estruturar o projeto, formar o professor, definir tecnologias, infra-estrutura e logística, gestão de projetos e avaliação. Alguns desses aspectos discutiremos a partir de agora.

Que benefícios vocês podem adquirir trabalhando com projetos em sala de aula?Dentre os benefícios e objetivos pedagógicos alcançados, destacam-se o acesso dos alunos aos recursos tecnológicos, sua atuação significativa na construção do conhecimento, questionando e organizando suas idéias e avançando nas suas hipóteses. Destacam-se, ainda, o enriquecimento da dinâmica de estudo, as várias possibilidades de atividades, a integração e a socialização entre os alunos e a criação de ambientes de aprendizagem.

Quando pensamos em elaborar um projeto que envolva tecnologias, nos deparamos com diversas dificuldades, como falta de planejamento do docente; limite de tempo para executar as atividades; falta de recursos. Além disso, observamos a falta de envolvimento dos profissionais, principalmente da direção escolar; a falta de um especialista da área de informática para atuar no apoio pedagógico e de monitores para ajudar os alunos no laboratório.

Implementar projetos envolvendo tecnologia educacional na escola significa oferecer a possibilidade dos alunos desenvolverem conhecimentos significativos, conforme citação a seguir.

Não se trata de uma simples junção da informática com a educação, mas sobretudo, de uma integração entre elas e à prática pedagógica, o que implica num processo de preparação contínua do professor e de uma mudança de paradigmas na escola. (BUSTAMANTE, 1996, apud ALMEIDA, 2000a, p. 37)

Essa mudança no paradigma educacional só será possível quando toda a hierarquia do sistema escolar assumir um pensamento interdisciplinar e quando sua ação assumir um caráter contextualizador, resgatando valores e experiências dos indivíduos, o que tornará a aprendizagem prazerosa e significativa.

O processo de formação do professor é uma etapa crucial e deve anteceder as fases de elaboração e implementação do projeto, permanecendo durante todo o percurso. O docente é a figura mediadora no processo de ensino-aprendizagem, e, portanto, precisa estar informado tanto do referencial teórico-metodológico da proposta quanto da parte técnica no uso da informática enquanto recurso de ensino.

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112ª Edição Aula 15 Informática e Educação

O conhecimento técnico do docente é importante, mas não constitui um pré-requisito para a utilização da metodologia de projetos, pois essa aprendizagem se desenvolverá ao longo da formação, que deverá ser contínua.

Elaborar projetos traz em sua essência atividades que, para serem executadas, necessitam do trabalho em grupo. Interagir e colaborar não fluem naturalmente, necessitam de uma adequada relação aluno-aluno, professor-aluno, professor-aluno-escola e professor-aluno-comunidade.

Na ótica de Freire (1999), algumas competências se fazem necessárias nesse processo de formação, dentre as quais:

estimular a capacidade criadora do educando;

discutir com os alunos os saberes que eles trazem à escola no contexto do problema estudado;

respeitar a autonomia, dignidade e identidade do aluno, suas idéias, hipóteses e reflexões;

possibilitar a compreensão e o diálogo junto ao aluno;

permitir a reflexão crítica sobre a prática, com vistas ao contínuo aperfeiçoamento, transformando a curiosidade ingênua em uma curiosidade científica;

criar possibilidades para a produção e construção do conhecimento.

Essa formação é planejada por uma equipe multidisciplinar, composta de especialistas na área de informática e de orientação pedagógica. O objetivo é sondar as necessidades dos docentes, e, em conjunto, organizar oficinas e cursos para supri-las, de forma que os professores adquiram progressivamente uma relativa autonomia em sua prática, dentro da abordagem de projetos, utilizando recursos tecnológicos .

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12 Aula 15 Informática e Educação 2ª Edição

Auto-avaliação

Quais as principais políticas e programas do governo envolvendo tecnologia? E por que fracassaram as primeiras iniciativas?

Comente sobre o papel das TIC na melhoria da aprendizagem.

Quais os benefícios que as tecnologias de informática e os meios de comunicação de massa podem oferecer aos professores e alunos? Dê exemplos.

Quais as possibilidades que a informática e a abordagem de projetos trazem para a Educação? Dê um exemplo de projeto, usando a tecnologia e algum conteúdo multidisciplinar.

Quais são as gerações pelas quais passaram a Educação a Distância e qual a geração em que nos encontramos hoje?

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A partir das discussões apresentadas nesta aula e das atividades de pesquisa e reflexão realizadas, descreva em poucas linhas os pontos a seguir.

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ResumoNesta aula, abordamos a trajetória da informática na Educação. Os primeiros projetos que ocorreram não deram os frutos esperados devido principalmente, à falta de preparação, planejamento e infra-estrutura. Essas dificuldades foram superadas à medida que se introduziram novas políticas e programas governamentais, o que propiciou uma melhoria no acesso à tecnologia e construiu uma base para a sociedade em que vivemos. No entanto, muitos ficaram excluídos desse evento, acarretando uma exclusão digital e social. Com isso, as TIC assumiram um importante papel, tornando-se instrumentos de inclusão e justiça social na busca de uma democratização dos processos sociais. Nessa jornada de pesquisa, professores e alunos precisam estar juntos, sendo a formação do professor essencial. Por fim, foi possível, nesta aula, refletirmos sobre a necessidade de uma constante atualização humana, tecnológica e científica para saber como se inter-relacionam os fundamentos tecnológicos e pedagógicos dentro de uma prática educativa significativa e inovadora.

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132ª Edição Aula 15 Informática e Educação

Quais são as maiores dificuldades na implantação de um curso a distância?

Quais os benefícios trazidos pela Educação a Distância?7

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ALMEIDA Fernando José de; FONSECA, Fernando Moraes. PROINFO: projetos e ambientes inovadores. Brasília: Ministério da Educação/SEED, 2000.

ALMEIDA, Maria Elizabeth de. PROINFO: informática e formação de professores. Brasília: Ministério da Educação/SEED, 2000a. 1 v.

______. ______. Brasília: Ministério da Educação/SEED, 2000b. 2 v.

ALVES, Lynn. Educação a distância. São Paulo: Futura, 2003.

ANDRADE, Pedro Ferreira de. Aprender por projetos, formar educadores. In: Formação de educadores para o uso da informática na escola. Campinas: UNICAMP/NIED, 2003. p. 57-83.

BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2003.

FRAGALE FILHO, Roberto (Org.). Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

MORAES, Maria Cândida. Educação a distância: fundamentos e práticas. Campinas:NIED, 2002.

MEYER, Marilyn et al. Nosso futuro e o computador. Porto Alegre: Bookman, 2000.

PALLOFF, Rena M. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Tradução Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2002.

RAMOS, Edla Maria Faust (Org.). Informática na escola: um olhar multidisciplinar. Fortaleza: Editora UFC, 2003.

VALENTE, José Armando. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas:NIED, 2002.

Referências