dos bens - material didático - prof. luiz andrade loveira

6
http://www.loveira.adv.br/material/bens.htm Material didático DOS BENS Classificação Posse Propriedade Na Idade Média prevaleceu na Europa o sistema feudal dominado pelos senhores feudais partindo do princípio da extensão de seu direito de propriedade sobre os bens imóveis. Quanto aos bens móveis, eram praticamente desprezados, uma vez que constituíam a única possessão dos vassalos. Daí o princípio da lex rei sitae, desde então aplicado aos bens imóveis e os móveis pela lei do domicílio do proprietário. O Direito das Coisas, segundo Beviláqua: “é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem”, tem, portanto, o objetivo de regular as relações entre o homem e as coisas, formulando normas de aquisição, exercício, conservação ou perda do poder do proprietário sobre esses bens, assim como para os meios de sua utilização econômica. Os bens no nosso Direito Positivo Brasileiro obedecem a norma do artigo 8.º da LICC: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados” . Optando pelo princípio da lei do lugar da situação da coisa como o elemento de conexão que qualifica os bens e disciplina as respectivas relações, mesmo no direito estrangeiro. São direitos reais no Brasil: a propriedade, a posse, e os direitos reais sobre coisas alheias, tanto os de uso e gozo, (enfiteuse e usufruto), os de uso ( servidões, habitação e renda constituída sobre bens imóveis), quanto os de garantia ( penhor, anticrese, hipoteca e alienação fiduciária em garantia) e o direito real de

Upload: silvio-r-andrucci

Post on 15-Nov-2015

1 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

MATERIAL DIDÁTICO QUE TRATA DOS BENS, CONFORME CONSTA DO CÓDIGO CIVIL

TRANSCRIPT

http://www.loveira.adv.br/material/bens.htmMaterial didtico

DOS BENS Classificao Posse Propriedade

Na Idade Mdia prevaleceu na Europa o sistema feudal dominado pelos senhores feudais partindo do princpio da extenso de seu direito de propriedade sobre os bens imveis. Quanto aos bens mveis, eram praticamente desprezados, uma vez que constituam a nica possesso dos vassalos. Da o princpio da lex rei sitae, desde ento aplicado aos bens imveis e os mveis pela lei do domiclio do proprietrio.

O Direito das Coisas, segundo Bevilqua: o complexo de normas reguladoras das relaes jurdicas referentes s coisas suscetveis de apropriao pelo homem, tem, portanto, o objetivo de regular as relaes entre o homem e as coisas, formulando normas de aquisio, exerccio, conservao ou perda do poder do proprietrio sobre esses bens, assim como para os meios de sua utilizao econmica.

Os bens no nosso Direito Positivo Brasileiro obedecem a norma do artigo 8. da LICC: Para qualificar os bens e regular as relaes a eles concernentes, aplicar-se- a lei do pas em que estiverem situados. Optando pelo princpio da lei do lugar da situao da coisa como o elemento de conexo que qualifica os bens e disciplina as respectivas relaes, mesmo no direito estrangeiro.

So direitos reais no Brasil: a propriedade, a posse, e os direitos reais sobre coisas alheias, tanto os de uso e gozo, (enfiteuse e usufruto), os de uso ( servides, habitao e renda constituda sobre bens imveis), quanto os de garantia ( penhor, anticrese, hipoteca e alienao fiduciria em garantia) e o direito real de aquisio. Bem como pelo mesmo princpio o exerccio das aes possessrias: manuteno na turbao, reitegrao no esbulho e o interdito proibitrio na ameaa.

Quanto aos bens mveis, vez que mudam constantemente de lugar, o 1. do art. 8. da LICC, determina: Aplicar-se- a lei do pas em que for domiciliado o proprietrio quanto aos bens mveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. J o 2. do mesmo artigo citado, regula o penhor: o penhor regula-se pela lei do domiclio que tiver a pessoa cuja posse se encontre a coisa apenhada. - CLASSIFICAO Os bens se classificam em: Corpreos : Ex.: Uma mesa, so bens fsicos; Incorpreos: Ex.: um direito, so bens abstratos;

Mveis: os que podem ser transportados, exemplo: uma cadeira; Imveis: os que no podem ser transportados sem alterao de sua substncia; Fungveis: os que podem ser substitudos por outros da mesma espcie, qualidade e quantidade, ex.: cinco ovos, dois metros de tecido, um saco de feijo; Infungveis: no podem ser substitudos, valendo pela individualidade exemplo: esta mesa, aquele quadro; Consumveis: se destroem logo que vo sendo usados; Inconsumveis: de natureza durvel, como um livro; Divisveis: podem ser divididos, ex.: um terreno; Indivisveis: no admite diviso, ex.: um relgio; Singulares: bens individualizados, ex.: um caderno; Coletivos: agregados num todo, ex.: biblioteca; Principais: Assim considerados em relao a outros considerados acessrios, ex.: a rvore em relao ao fruto; Acessrios: Que se consideram decorrentes de outros ( o fruto em relao rvore);

Pblicos: bens do domnio nacional, pertencentes Unio, aos Estados e ao Municpio; Particulares: Os que pertencem as pessoas naturais ou jurdicas de direito privado; No comrcio: bens negociveis; Fora do comrcio: insusceptveis de apropriao, ex.: luz solar, ar atmosfrico, bem como as coisas inalienveis, por destinao ou por lei (bem de famlia voluntrio ou legal p/Lei 8009/90 e bens gravados por clusula de inalienabilidade);

Imveis: Por natureza: o solo, o espao areo, e outros; Por acesso: construes, sementes lanadas terra;

Por destinao: utenslios agrcolas; Por disposio legal: penhor agrcola, sucesso aberta e outros.

Entre os bens acessrios esto as benfeitorias e os frutos.

As benfeitorias so: Necessrias, quando efetuadas para conservao; teis, quando melhoram a coisa; Volupturias: quando embelezam. Os frutos so: Naturais, quando das rvores; Industriais, quando resultam de atividade ou cultura;

Civis, quando tratam de rendimentos, juros ou dividendos. O navio e a aeronave so bens mveis sui generis, de natureza especial, sendo tratados em vrios aspectos, como se fossem imveis, necessitando de registro e admitindo hipoteca. O navio tem nome e o avio, marca, obrigatoriamente. Ambos tm nacionalidade. Podem ser projees do territrio nacional no mar e no ar (art.5. 2. , CP). So quase pessoas jurdicas, no sentido de se constiturem num centro de relaes e interesses, como se fossem sujeitos de direito, embora no possuam personalidade jurdica. No mbito do Direito de Famlia, bens reservados so os pertencentes unicamente mulher, adquiridos com o produto do seu trabalho, que se excluem da comunho (art.246, CC1916 e 1642 NCC que d total liberdade aos cnguges exceto de alienar ou gravar de onus reais os bens imveis). Bens dotais so os que constituem o dote, administrados pelo marido, para o sustento do casal. Bens parafernais so os bens particulares da mulher, no includos no dote (art.310, CC sem disposio no novo Cdigo face a extino do regime dotal de bens).

- POSSE Na posse que a deteno de uma coisa em nome prprio, cabe lei da situao regular a mesma e seus efeitos. Qualquer pessoa pode utilizar-se dos meios jurdicos oferecidos pelo forum da lex rei sitae para defender a posse atravs da ao de manuteno na turbao, de reitegrao no esbulho e a do interdito proibitrio na ameaa.

- PROPRIEDADE

Na propriedade que a deteno da coisa com o animus domini, exercendo sobre ela todos os direitos, nenhum Estado pode permitir que um sistema normativo estrangeiro interfira sobre o que as leis estabelecem para a garantia do regime de propriedade. Cada pas possui um modo prprio pelo qual ocorre a aquisio da propriedade, sendo sua lei a nica competente para determinar como isso ocorrer.

A usucapio um dos modos originrios de aquisio da propriedade (prescrio aquisitiva). Para a maioria dos autores, seria regido pela lex rei sitae. O nosso ordenamento jurdico no apresenta soluo expressa para as questes ligadas a usucapio, concluindo-se pelo art. 8. da LICC, que a lei aplicvel, para os bens mveis ou imveis, a lex rei sitae.

A enfiteuse uma forma de direito real sobre coisa alheia. Ocorre quando, por ato entre vivos ou de ltima vontade, o proprietrio atribui a outrem o domnio til sobre um imvel mediante o pagamento ao senhorio direto de uma penso anual prefixada. regulado pela lei da situao do imvel. Instituto hoje obsoleto. No novo Cdigo Civil, a enfiteuse foi proibida atravs do art.2.038 a partir da vigncia e o 2 mantm a enfiteuse somente dos terrenos e acrescidos de marinha por lei especial.

As servides so espcie de direito real sobre coisa alheia, regulado pela lex rei sitae.

No usufruto, uso e habitao que pertencem ao grupo das servides pessoais, tambm se regem pela lex rei sitae. Que estabelecem quais os tipos de servides pessoais que podero ser constitudas. Nos direitos reais de garantia, que so aqueles conferidos a certos credores para que obtenham a importncia de seus crditos com a execuo de determinados bens do devedor. So eles o penhor, quando o devedor entrega ao credor coisa mvel para lastrear seu dbito, a anticrese quando a entrega ao credor de um imvel para com os frutos deste ser paga a dvida, a hipoteca que a gravao do bem imvel do devedor, sem transmisso de posse ao credor, mas com o direito de este executar o bem para pagamento do dbito, na respectiva inadimplncia e a alienao fiduciria em garantia, que consiste na transferncia do devedor ao credor da propriedade resolvel e da posse indireta de um bem, como garantia do crdito, resolvendo-se com o pagamento do dbito.

Maria Helena Diniz afirma que: Em tudo que for relativo ao regime da posse, da propriedade e dos direitos reais sobre coisa alheia, nenhuma lei poder ter competncia maior do que a do territrio onde se encontrarem os bens que constituem seu objeto.

Na ilha de Antgua os escravos eram considerados bens imveis. No direito brasileiro so imveis: as mquinas e o gado de uma fazenda, quadros, estatuetas, lmpadas, chaves de uma casa, o direito sucesso aberta e os navios, sendo considerados mveis os direitos de obrigao e os direitos de autor, quando Joo Manoel de Carvalho Santos cita os imveis por acesso intelectual, no Brasil, incluindo as palhas, os tonis, os estrumes, as colmias, os painis e os espelhos embutidos.

No direito ingls, os peixes em um tanque e a chave de uma casa so considerados bens imveis. Para as mercadorias em trnsito, o legislador brasileiro optou pela lei do pas em que for domiciliado o proprietrio. Os navios e as aeronaves sero apreciados pelo direito do pas da respectiva matrcula. O Cdigo Civil do Chile, assevera no artigo 567: Mveis so as coisas que se podem transportar de um lugar a outro, movimentando-se por si mesmas, como os animais (por isso chamados semoventes), ou as que s se movimentem por uma fora externa, como as coisas inanimadas. Excetuam-se as que sendo mveis por natureza se reputem imveis por seu destino, segundo o artigo 570. Nos mveis de uma casa no esto compreendidos o dinheiro, os papis, as colees artsticas e cientficas, os livros e suas estantes, entre outros. O Cdigo Civil da Vanezuela diz em seu artigo 10: Os bens mveis ou imveis, situados na Venezuela, sero regidos pelas leis venezuelanas, mesmo que sobre eles tenham ou pretendam Ter direitos pessoas estrangeiras. E o artigo 11 preceitua: A forma e solenidades dos atos jurdicos que se outorguem no estrangeiro, mesmo as essenciais sua existncia, para que surtam efeitos na Venezuela sero regidas pela lei do lugar onde se realizam. Se a lei venezuelana exigir instrumento pblico ou privado para sua prova, tal requisito dever ser cumprido. Quando o ato se outorga perante um funcionrio competente da Repblica, dever submeter-se s leis venezuelanas. (In Direito Internacional Privado Florisbal de Souza DelOlmo, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1999, pgs. 112/115).