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Page 1: Doenças sob controle - Notícias agrícolas, eventos … da giberela do trigo A giberela do trigo (Gibberella zeae)é uma doença que ataca a planta de trigo especialmente naquelas

TTTTTrigorigorigorigorigopatógenos

A maioriados fungos

necrotróficossobrevive

na semente

Antes de enfocarmos o controledos patógenos necrotróficos, é

importante salientar que esse tipo de fun-go possui a habilidade de nutrir-se de te-cidos mortos (habilidade saprofítica). Po-dem penetrar no tecido verde da planta,no entanto, secretam toxinas que matampequenas áreas das folhas (manchas), quepodem coalescer, tomando conta de todaa folha. Esses fungos, desenvolvem-semesmo após a morte do hospedeiro.

O aumento da intensidade desses fun-gos em uma lavoura estádiretamente condiciona-do ao uso de sementesinfectadas à monocultu-ra e ao plantio direto.

A maioria dos fungosnecrotróficos sobrevivena semente, muitas ve-zes na forma de micéliodormente e, outras ve-zes, infestando-as. A semente é importan-te fonte de inóculo em áreas onde não secultivava trigo ou em áreas onde se praticaa rotação de culturas (evitar a reintrodu-

ção). O tratamento de sementes é, portan-to, medida de extrema importância paradiminuir a incidência de fungos necrotró-ficos na lavoura de trigo.

Preferencialmente, deve-se tratar os lo-tes de semente que apresentem baixo ín-dice de infecção. Nesses, o controle é maisefetivo, podendo chegar à erradicação oupróximo a ela. Sementes com elevada in-fecção de Bipolaris sorokiniana, como ocor-re em alguns lotes (98 % a 100 %) porexemplo, devem ser descartadas, pois os

fungicidas atualmenterecomendados (Tabela),não eliminam o fungocom índice de infecçãosuperior a 30 % (Reu-nião... 1999).

A determinação domomento de controledas manchas foliares naparte aérea deve ser fei-

ta por um dos seguintes critérios: a) a par-tir do estádio de elongação, quando a inci-dência (% de folhas com no mínimo umalesão de 2 mm de comprimento) for de 70

% a 80 %. b) pelo uso do LDE (limiar dedano econômico), cuja função de dano éR = 100 – 0,635 I. Os fungicidas deverãoser reaplicados sempre que esse nível deinfecção for novamente alcançado.

Exemplo:Para a ferrugem da folha em cultiva-

res suscetíveis, toma-se a função de dano(R = 100 – 0,608 I). O dano causado é de0,608 kg para cada 100 kg de rendimen-to de grãos. Sabendo-se o rendimento mé-dio ou o potencial de rendimento espe-rado, como por exemplo 2.700 kg/ha, atra-vés de uma regra de três, onde 100 estápara 0,608 e 2.700 está para X, obtêm-seX = 16,416 kg/ha ou CD = 0,016416 ton.

Substituindo-se os valores na fórmu-la têm-se: ID = 30.0/ (105 x 0,8 x0,016416) = 21,76 I ð LDE = 21,76 %

Quando a incidência da ferrugem for21,76 %, tem-se uma perda de US$ 30.0que é o custo do produto + o custo daaplicação. O controle deve ser realizadoantes de atingir o LDE (5 % a menos, ouseja LDE entre 17 % e 22 %). O mesmoprocedimento deverá ser adotado para as

DoençasDoençasDoençasDoençasDoençassob controlesob controlesob controlesob controlesob controle

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DoençasDoençasDoençasDoençasDoençassob controlesob controlesob controlesob controlesob controleCom o manejoadequado, pode-seevitar os prejuízoscausados peloataque de patógenos

Page 2: Doenças sob controle - Notícias agrícolas, eventos … da giberela do trigo A giberela do trigo (Gibberella zeae)é uma doença que ataca a planta de trigo especialmente naquelas

A rotação deculturas eliminagrande parte dos

causadores dedoenças

outras doenças.

Controle dagiberela do trigoA giberela do trigo (Gibberella zeae)é

uma doença que ataca a planta de trigoespecialmente naquelas regiões onde, porocasião da floração, (antese), as condiçõesclimáticas são de temperatura alta (20 ºCa 25 ºC), e precipitação pluvial de, nomínimo, 48 horas consecutivas. Maioresinformações a respeito das condições pre-valecentes para a doença podem ser ob-tidas no trabalho de Reis (1988). As per-das relatadas com a doença variam emfunção da suscetibilidade da cultivar edas condições climáticas ocorrentes noano, principalmente na fase crítica (flo-ração). Reis, (1991), durante seis anos naEmbrapa Trigo, determinou uma perda derendimento de grãosde 14,0 %. Picinini &Fernandes (1994 e1997), em ensaios namesma instituiçãocom as cultivares BR43 e BR 37, determi-naram perdas de ren-dimento de grãos de54 % e 35 %, respectivamente. O melhorcontrole (90 %) da doença, nesses doisexperimentos, foi obtido pelo fungicida te-buconazole, na dose de 125 g i.a./ha, apli-cado na floração plena. Neto & Giordani,(1987), em experimentos realizados na Fun-dacep, em Cruz Alta, RS, relataram per-das de até 44,09 % na produtividade de

trigo, cultivar CEP11. Nesses experi-mentos, o melhorcontrole (82 %) foiobtido com a mistu-ra propiconazole125 g i.a./ha + pro-cloraz 450 g i.a./ha.

Atualmente, osfungicidas reco-mendados pelapesquisa para ocontrole dessa do-ença, são apresen-tados na Tabela emaiores informa-ções sobre os fungi-cidas testados esuas eficiências no controle de Gibberellazeae em trigo, podem ser obtidas nos tra-

balhos de Neto & Giorda-ni, (1987), Reis, (1990), Pi-cinini & Fernandes, (1991,1992, 1994, 1995 e 1997).

De uma maneira geraltem se observado nas con-dições brasileiras que, osagricultores que praticamum sistema de rotação de

culturas eficiente, e, que por isso consi-gam eliminar a maior parte dos fungos ne-crotróficos que sobrevivem na palha dasculturas de trigo, de cevada ou de triticalerealizam apenas uma aplicação de fungici-das durante o ciclo das culturas. Quandoesse fato não ocorre, e o ano for extrema-mente favorável à ocorrência de doenças

(primaveras quentes e chuvosas), são ne-cessárias duas ou, às vezes, três aplica-ções de fungicidas, onerando grandemen-te o custo de produção.

Técnicas deaplicação de fungicidasO sucesso de um programa de trata-

mento fitossanitário depende de uma sé-rie de fatores, muitos deles inerentes àaplicação de fungicidas em si, como porexemplo: a escolha da cultivar, a aduba-ção equilibrada, a densidade de semea-dura e a cobertura de nitrogênio. O con-trole fitossanitário é ferramente importan-te para a minimização das perdas pelasdoenças. Para obter-se sucesso no uso docontrole químico, deve-se usar produtoscom eficiência comprovada, e aplicá-losquando as condições meteorológicas e bi-ológicas forem favoráveis. Quatro são ospontos a considerar para o sucesso deuma aplicação de fungicidas: timing, co-bertura, dose correta, segurança.

Timing: É o momento ideal para aaplicação do fungicida. As recomenda-ções oficiais normalmente preconizam ocontrole quando:

Perdas = custo do produto + custoda aplicação

Cobertura: O melhor efeito biológicoé obtido quando o equipamento é bemajustado, proporcionando cobertura mí-nima e uniforme do alvo. Nas tabelas 3 e4 é mostrada a classificação das gotas deacordo com o seu diâmetro e a densida-de das gotas (número de gotas/cm2) ide-ais para uma boa pulverização com fungi-cidas.

José Maurício adverte contra manejo incorreto

CNPT

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Dose: A eficácia de um produto é dire-tamente proporcional à sua dose.

Lembrar sempre que:Sub dose: < custo < persistência <

controleDose excessiva: > custo > fitotoxici-

dadeSegurança: Durante a aplicação, to-

dos os cuidados devem ser tomados paraque não haja contaminação do operador(use sempre EPIs), dos mananciais, da flo-ra e da fauna.

Maiores informações sobre a técnicade aplicação de fungicidas podem serobtidas nas publicações de Veloso et al.,(1984) e de Oseki & Kuns (sd).

Monitoramentodas doençasO sistema de auxílio

à tomada de decisão nocontrole de doenças detrigo vem sendo desen-volvido pela EmbrapaTrigo com objetivo de ori-entar os técnicos e osagricultores sobre o po-tencial de dano que asdoenças podem causarno rendimento da cultu-

ra. O sistema usa dados referen-tes às características de solo e declima para estimar a produção detrigo na presença e na ausência de

doenças. A época de plantio, a cultivar usa-da e o momento do aparecimento dos pri-meiros sintomas da doença são fatores im-portantes levados em consideração pelosistema.

Para usar o programa é preciso entrarcom algumas informações sobre a lavou-ra de trigo como por exemplo: a cultivarutilizada, a estação climática de referên-cia, o tipo de solo, a data de plantio e adata de aparecimento dos primeiros sin-tomas das doenças. No momento, a po-pulação de plantas na lavoura e a quanti-dade de nitrogênio são consideradas fi-xas pelo programa.

O sistema consiste basicamente no em-

prego de um modelo de simulação queprediz o crescimento diário da cultura detrigo, inclusive os estádios fenológicos.Um modelo de epidemias de doenças foiacoplado ao simulador de crescimento detrigo, de modo a estimar o impacto queas doenças causam na planta de trigo aoeliminar área foliar fotossinteticamenteativa.

Para fazer as estimativas dos efeitosda(s) doença(s) no rendimento de trigo,o programa realiza grande quantidade decálculos matemáticos usando a informa-ção fornecida pelo usuário. Estudos decasos que piorem ou melhorem o cená-rio podem ser realizados usando-se a sé-rie de clima histórico presente para cadauma das estações climáticas de referên-cia, ou seja, a que fique mais perto dousuário. O programa também pode seralimentado com os dados climáticos atu-alizados até a data da simulação e comdados climáticos obtidos através de pre-visões meteorológicas para o período queresta até completar o ciclo da cultura detrigo.

Os resultados obtidos através da si-mulação podem ser visualizados pormeio de gráficos ou em formato de plani-lha.

Maiores informações sobre o SSTDpodem ser obtidas pela consulta à Revis-ta Cultivar nº 15/2000 ou pelo acesso àinternet, no site da Embrapa Trigo:

http://www.cnpt.embrapa.br/ pragas edoenças/software para simulação

A perda relativa estimada pelo siste-ma quando compara o rendimento de tri-go na ausência e na presença de doença(s)traduz o potencial de dano econômicoesperado. A decisão do uso de fungici-das para reduzir o impacto das doençassobre a produção vai depender principal-mente do preço de trigo e da produçãoesperada na lavoura que está sendo acom-panhada.

Este programa foi desenvolvido emação conjunta da Universidade de Guel-ph (Canadá), Universidade da Flórida(EUA), SAS Brasil e Embrapa Trigo dePasso Fundo, RS.

Picinini recomenda atenção com os patógenos

Edson Clodoveu Picinini eJosé Maurício Cunha Fernandes,Embrapa Trigo

CNPT

Oídio Giberela