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Doenças Emergentes vs Saúde Pública FONTE: www.cienciahoje.pt Doenças Emergentes: São aquelas cuja incidência em humanos aumentou durante as últimas duas décadas ou que poderão ameaçar a humanidade num futuro próximo.

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Doenças Emergentes vs Saúde Pública

FONTE: www.cienciahoje.pt

Doenças Emergentes:

São aquelas cuja incidência em

humanos aumentou durante as

últimas duas décadas ou que

poderão ameaçar a humanidade

num futuro próximo.

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Doenças Emergentes vs Saúde Pública

FONTE: www.cienciahoje.pt

DOENÇAS

EMERGENTES

- Globalização

- Mobilidade das Populações

- Comercialização de animais

- Alterações Climáticas

- Poluição

- Devastação ambiental

- Comportamentos de Risco

- Resistência a fármacos

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Doenças de Declaração Obrigatória

As doenças infeciosas podem constituir um perigo para a comunidade.

BOLETIM DE DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA

Notificação das Autoridades de Saúde

Implementação das medidas necessárias para evitar ou diminuir o risco de contágio

Autarquias

Autoridades de Saúde Veterinária

Plano de Controlo Epidemiológico

Autoridades de Saúde e Proteção Civil

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ZOONOSES:

“Todas as doenças transmissíveis de forma natural dos animais vertebrados para o

Homem e vice-versa”

(OMS, 1959)

CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

Tipo de Transmissão

Antropozoonoses (Homem Animal)

Zooantroponoses (Animal Homem)

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Existem várias classificações de zoonoses:

a) Agente Responsável;

Bacterianas (p.e. Tuberculose);

Fúngicas (p.e. Tinha);

Víricas (p.e. Raiva, Gripe Aviária);

Parasitárias (p.e. Sarna, Toxoplasmose).

Outros agentes (Enfalopatia Espongiforme Bovina - BSE).

b) Sistema ou Grupo de Órgãos Afetados;

Digestivas;

Cutâneas;

Respiratórias;

Sistémicas.

CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

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A suscetibilidade de contágio está relacionada com a capacidade de

resposta do sistema imunitário de cada indivíduo:

- Indivíduos imunocompetentes;

População adulta, de todas os países desenvolvidos.

- Indivíduos imunocomprometidos;

Crianças, idosos e gestantes, doentes com desnutrição ou outra patologia debilitante.

- Indivíduos imunodeprimidos.

Indivíduos HIV+, doentes com transplantes ou algum tipo de cancro, que são submetidos a corticoterapias

imunossupressoras prolongadas.

CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

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CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

c) As vias de transmissão:

-Por contacto direto (via fecal-oral, via cutânea, via aerógena);

- Indiretamente (através de meios contaminados);

- Por intermédio de vetores (geralmente artrópodes: mosquitos, carraças, etc.).

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CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

c) As vias de transmissão:

FONTE: Adaptado de www.oms.com

infeção.

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ALGUMAS ZOONOSES

IMPORTANTES…

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1 - RAIVA

Etiologia: família Rhabdovírus, género Lyssavirus (4 serotipos)

-Vírus RNA, facilmente destruído por detergentes e desinfetantes;

- Fora do organismo é rapidamente destruído. Viável durante pouco tempo em cadáveres.

Hospedeiros: Todos os animais de sangue quente são suscetíveis. Numa determinada zona

endémica o vírus restringe-se a uma espécie que serve de reservatório predominante

- Raposas, lobos, alguns roedores > coelhos, felinos, bovinos, morcego > cães, pequenos ruminantes, cavalos

> aves, Homem

Transmissão: quase sempre por mordedura de um animal que tem o vírus na saliva.

O vírus não penetra pele intacta, mas sim mucosas*.

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1 - RAIVA

Patogenia:

Mordedura/ Inoculação IM → uniões neuromusculares → replicação viral nos neurónios e

disseminação rápida pelo SN → entrada no cérebro causando défices nos nervos

cranianos e alterações de comportamento → disseminação até às glândulas salivares,

saliva e outros tecidos.

Sintomas: curto período de depressão mental, inquietação, sensação de mal-estar e

febre agitação descontrolada e hipersalivação espasmos musculares da garganta e

da área vocal dolorosos.

Em 20 % dos casos, a raiva inicia-se com a paralisia das pernas, que se vai estendendo ao

resto do corpo

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1 - RAIVA

NÃO EXISTE EM PORTUGAL!

É uma doença de DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA.

Não há tratamento.

- Limpeza e desinfeção adequada da ferida;

- Tratamento de suporte.

Profilaxia:

- Vacinação anual de cães e gatos – Obrigatória na Europa.

- Vacinação da população silvestre – raposas na Europa

- Vacinação de pessoas de alto risco (vet, técnicos lab, viajantes)

Quarentena: Animal suspeito deve permanecer em observação durante 10 a 20 dias

(legislação portuguesa).

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2 - TUBERCULOSE

Etiologia:

Mycobacterium tuberculosis, M. bovis, M. avium, M. africanum.

Hospedeiros:

Homem, gado, outros animais domésticos e selvagens.

Transmissão:

-Ingestão: através do leite não pasteurizado e seus derivados ou carne crua (normalmente tuberculose intestinal);

- Inalação: mais comum enquanto doença profissional, ou seja, tratadores de animais, magarefes, veterinários (normalmente tuberculose pulmonar).

- Contacto com pele lesada.

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2 - TUBERCULOSE

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- DOENÇA DE DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA!

Controlo:

• Consumo de leite pasteurizado.

• Rigorosas medidas de higiene, como limpeza e desinfeção das instalações animais.

• Rigorosas medidas de maneio sanitário, como cuidados na introdução de novos animais no rebanho

(animais com testes negativos para a doença e originários de rebanhos livres da doença);

• Quarentena e isolamento de animais suspeitos.

Em regiões de alta prevalência:

• Sacrifício dos animais doentes;

Em regiões de baixa prevalência:

• Implementação de programas de controlo e erradicação da tuberculose:

- Testes tuberculínicos;

- Sacrifício dos animais doentes;

- Certificação de rebanhos livres da doença;

- Certificação de “áreas livres” da doença.

HUMANOS: - medidas de higiene e segurança

- vacinação BCG

2 - TUBERCULOSE

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3 – LEISHMANIOSE

Etiologia: parasita Leishmania spp.

Hospedeiros: Homem e Cães → Importante reservatório!

Vetores: Mosquito (flebótomo).

IMPORTÂNCIA NAS CRIANÇAS até aos 4 anos de idade!

Transmissão: A transmissão do cão ao Homem, faz-se sempre por intermédio do

inseto vetor.

A doença não se transmite por mero contacto ou proximidade física com o animal!

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3 – LEISHMANIOSE

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3 – LEISHMANIOSE

Patogenia: Picada do vetor → inoculação através da saliva do insecto →

macrófagos da derme (local de multiplicação) → lise dos macrófagos e libertação das

leishmanias → disseminação pelo organismo (gânglios linfáticos, baço, fígado e outros

órgãos/tecidos e principalmente a pele).

Sintomatologia: - Febre

- Perda de peso;

- Anemia;

- Hepatomegália e esplenomegália.

Tratamento:

No Homem, o tratamento tem uma taxa de sucesso superior, permitindo a cura definitiva.

São raras as recidivas, excepto nos indivíduos imunodeprimidos.

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3 – LEISHMANIOSE

SAÚDE PÚBLICA

Em Portugal, são consideradas zonas endémicas a região de Trás-os-Montes e Alto Douro,

a sub-região da Cova da Beira, o concelho da Lousã, a região de Lisboa e Setúbal, o

concelho de Évora e o Algarve.

Em Portugal, a expressão da Leishmaniose Humana não é tão exuberante como a

Leishmaniose Canina. O nº de casos reportados anualmente à DGS é de cerca de 15/ano

→ DOENÇA DE DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA!!

Profilaxia:

-Reduzir/controlar a exposição ao mosquito

(Utilização de produtos específicos).

-Sacrifício de cães infetados (???) (Decreto-Lei nº314/2003 de 17 de Dezembro)

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4 – TOXOPLASMOSE

Etiologia: parasita Toxoplasma gondii

Hospedeiros:

Gatos → Importante reservatório!

APENAS O GATO, NÃO O CÃO!

Sintomatologia: A maioria das infeções são leves e assintomáticas!

Uma vez exposto à doença, o ser humano desenvolve imunidade contra o parasita e raramente

torna a adoecer com toxoplasmose.→ ♀+ já teve a doença e não há risco para o feto!

- GRÁVIDAS (1º trimestre): abortos, nados-mortos, lesões do SN feto (atraso mental)

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4 – TOXOPLASMOSE

Transmissão:

PREVENÇÃO

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4 – TOXOPLASMOSE

Patogenia:

Trato GI → vasos linfáticos e sistema porta → diferentes órgãos e tecidos → necrose de órgãos vitais

(miocardite, encefalite e retinocoroidite) → SNC

Tratamento: - Pouco efectivo em gatos (ATB e fármacos anti-maláricos)

- Humanos: combinações terapêuticas e cíclicas (Antibioterapia e corticoterapia).

Testar o gato???

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5 – COCCIDIOMICOSE

Etiologia: fungo Coccidioides immitis

Hospedeiros: Homem e outros animais (cães, gatos, bovinos, ovinos, caprinos)

Transmissão:

-Inalação Doença respiratória suave ou localizada

→ disseminação doença sistémica → pele, gânglios linfáticos, SNC

-ENDÉMICA NA AMÉRICA DO SUL E NA AMÉRICA CENTRAL

- Rara na Europa: prevalência não é conhecida!

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UMA SAÚDE! SAÚDE HUMANA

AMBIENTE

SAÚDE ANIMAL

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FIM!!!

[email protected]

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Foreign Animal Diseases. Committee on Foreign and Emerging Diseases of the United States Animal Health Association. 7th edition. (revised 2008).

- Direcção Geral de Saúde: http://www.dgs.pt

- Direcção Geral de Veterinária: http://www.dgv.min-agricultura.pt

- Observatório Nacional das Leishmanioses: http://www.onleish.org/index.php

- Organização Mundial da Saúde: http://www.who.int/en/

- The Center for Food Security and Public Health: http://www.cfsph.iastate.edu/

ALGUMAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS