documento protegido pela leide direito autoral · 2018-02-19 · matarazzo (2010, p. 170) comenta...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Contabilidade e Futebol.
Um campeonato carioca de finanças.
William de Souza Maia
ORIENTADOR:
Prof. Luciana Madeira
Niterói
2018
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista EM AUDITORIA E CONTROLADORIA
Por: William de Souza Maia
Contabilidade e Futebol.
Um campeonato carioca de finanças.
Niterói
2018
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha esposa Érica pela perfeita ideia
de me chamar para fazermos juntos este curso de
MBA. Ela que sempre me inspira para eu correr
atrás do sucesso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai (In Memorian)
flamenguista, que com certeza ia está reclamando
do time dele, como ele sempre fez!
5
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar os principais indicadores
financeiros dos quatro maiores clubes do futebol carioca nos anos de 2015 e
2016, analisando o desempenho obtido com o objetivo de demonstrar que a
análise contábil pode ajudar a entender o que ocorreu na organização, auxiliar
na tomada de decisão de uma situação atual e também a projetar o futuro,
podendo tornar os clubes de futebol mais fortes.
Para realizá-lo, foram analisadas as demonstrações contábeis
publicadas nas páginas oficiais dos clubes na internet e, através de alguns
indicadores financeiros selecionados por categoria de análise de balanços
utilizados por analistas.
6
METODOLOGIA
O trabalho se baseou em pesquisas bibliográficas em materiais dos
últimos 16 anos e os principais autores pesquisados foram: ASSAF NETO,
Alexandre e MATARAZZO, Dante C. Os principais temas pesquisados foram:
Análise Vertical e Horizontal, Análise de Indicadores de Rentabilidade,
Indicadores de Liquidez e Estrutura de Capital. Foi utilizada como fonte
material já publicado, constituído principalmente de livros e materiais
disponibilizados na internet.
Para o estudo foi definida como amostra os quatro maiores clubes
do futebol carioca, conforme o Ranking Nacional dos Clubes (RNC) 2018,
divulgado no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), atualizado em
14 de dezembro de 2017. Segue o ranking divulgado:
Fonte:https://www.cbf.com.br/noticias/campeonato/ranking-da-cbf-2018-palmeiras-e-cruzeiro-
lideram#.Wjpe59-nHcc
7
Definida a amostra, foram coletadas, nas páginas oficiais dos quatro
maiores clubes do futebol carioca, as demonstrações contábeis nos anos de
2015 e 2016.
De acordo com a Lei 10.672/03, os demonstrativos contábeis dos
clubes de futebol, após terem sidos auditados por Auditores Independentes,
deverão ser disponibilizados e publicados em jornal de grande circulação.
Na busca pelas demonstrações financeiras nas páginas oficiais dos
clubes na internet, todas foram encontradas facilmente em sua maioria na
sessão clube/instituição e transparência/balanço.
A facilidade encontrada na obtenção das informações demonstra
que os mesmos estão se esforçando na busca por uma gestão mais
profissional, onde a divulgação de informações de natureza contábil/financeira
tem importância fundamental.
A análise por meio de índices é realizada de acordo com o
conhecimento e a experiência adquirida pelos analistas de mercado. Nem
sempre, os analistas se utilizam dos mesmos índices para analisar as
demonstrações financeiras divulgadas (ASSAF NETO, 2012).
Os valores, neste trabalho, devem ser considerados em milhares de
reais.
Os últimos 5 anos, os textos utilizados deverão respeitar esse
horizonte delimitado.
No QUADRO 1, estão representados os principais índices, segundo
Matarazzo (2003), de análise de balanços. Para Matarazzo (2003, p. 147), eles
garantem “[...] um diagnóstico preciso da situação econômico-financeira da
empresa”.
8
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA 12
CAPÍTULO II
APRESENTAÇÃO DOS CLUBES 17
CAPÍTULO III
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DOS CLUBES 25
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 48
10
INTRODUÇÃO
O futebol é o esporte mais praticado no mundo e, principalmente no
Brasil, continua sendo a grande paixão nacional. Mas isso não significa que os
clubes sejam autossuficientes e honrem seus compromissos. Péssimas
administrações financeiras, falta de transparência nos contratos, investimentos
mal feitos, corrupção e amadorismo fizeram com que a maioria dos clubes
chegasse ao fundo do poço, pois não há investidor interessado em associar a
sua marca com este panorama.
A esperança para mudar essa triste realidade é o exemplo de alguns
clubes, especialmente na Europa, onde a profissionalização de dirigentes e
gestores, semelhante a existente em empresas comerciais, faz com que as
finanças das instituições caminhem lado a lado com o desempenho esportivo.
E é nesse aspecto que a contabilidade possui papel fundamental,
esclarecendo e ajudando através das demonstrações contábeis a determinar a
real situação econômica e financeira dos clubes de futebol, traduzindo e
informando a sociedade qual a capacidade de pagamento de dívidas,
rentabilidade do capital investido, investimento disponível, dinheiro em caixa,
possibilidade de falência, entre outros.
A Contabilidade é o grande instrumento de auxílio à administração,
medindo os resultados das empresas, avaliando o desempenho dos negócios,
dando diretrizes para o processo decisório. Muitas empresas vão à falência ou
enfrentam sérios problemas de sobrevivência por não ter uma contabilidade
adequada ao gerenciamento, levando-as à má gerência dos negócios e à
tomada de decisões a partir de dados duvidosos (MARION, 2007)
11
A análise dos indicadores financeiros de uma entidade pode
contribuir com as decisões de seus múltiplos usuários. Estes, pessoas de
natureza física e/ou jurídica, como os acionistas, os gestores, os fornecedores,
os clientes, os credores, os concorrentes e o governo, possuem necessidades
diversas e buscam parâmetros adequados para direcionar suas decisões
(ASSAF NETO, 2012).
Chiavenato e Cerqueira Neto (2003) afirmam que toda organização
deve ser transparente e clara com seus usuários. Para isso, as empresas
precisam adotar indicadores que permitam interpretar os resultados de forma
objetiva, de maneira a auxiliar na formação de opinião pública, tanto interna
como externa à entidade.
Apesar dos clubes de futebol ter obrigações semelhantes aos de
empresas comerciais, o grande objetivo não é o lucro e sim promover o esporte
e entretenimento.
A contabilidade pode ajudar na saúde financeira dos quatro maiores
clubes do futebol carioca? O objetivo deste trabalho é analisar alguns
indicadores financeiros obtidos das demonstrações contábeis divulgadas pelos
clubes 4 maiores clubes do futebol carioca e demonstrar a importância dessas
análises financeiras, que permitem tirar conclusões que ajudem a encontrar um
caminho mais autossustentável para os clubes de futebol e consequentemente
para a sociedade.
Este trabalho é composto de três capítulos. O primeiro capítulo
refere-se à fundamentação teórica dos processos de análise, conceituando as
análises Horizontal e Vertical, Índices de Liquidez, Índices de Estrutura e
Endividamento e Índices de Rentabilidade. Em seguida, no segundo capítulo,
iniciamos com a apresentação dos quatro maiores clubes do futebol carioca,
são eles: Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, demonstrando o histórico
e a situação patrimonial e financeira de cada um deles. E por último, no terceiro
capítulo, é realizada a análise financeira das demonstrações contábeis dos
clubes, utilizando os índices conceituadas no primeiro capítulo.
12
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA
1.1. Análise das Demonstrações Contábeis
Ribeiro (2011) e Assaf Neto (2012) conceituam Processos de
Análise como Técnicas utilizadas pelos analistas de Balanços para a obtenção
de conclusões acerca da situação econômica e financeira da Entidade ou de
outros aspectos relacionados com o Patrimônio, de acordo com os interesses
dos usuários. Ribeiro (2011) explica que as etapas do processo de análise são
as seguintes: Exame e Padronização das Demonstrações Contábeis; Coleta de
Dados; Cálculos dos Indicadores; Interpretação de Quocientes; Análise
Vertical/Horizontal; Comparação com Padrões e Relatórios. Com as
comparações elaboradas pelo analista, é possível decifrar qual situação que a
empresa se encontra no momento da análise com relação a períodos
anteriores.
1.1.1. Análises Horizontal e Vertical
Matarazzo (2010), expressa que “a Análise Vertical e Horizontal
presta-se fundamentalmente ao estudo de tendências”. A Análise Horizontal é
dada pela comparação entre dois exercícios sociais como explica Iudícibus
(2013) a finalidade principal da análise horizontal é apontar o crescimento de
itens dos Balanços e das Demonstrações de Resultados (bem como de outros
demonstrativos) através dos períodos, a fim de caracterizar tendências.
Silva (2012) divide a metodologia dos cálculos da Análise Vertical
em duas etapas. A primeira corresponde ao Balanço Patrimonial onde é
dividido o valor de cada conta ou grupo de contas pela totalização do ativo ou
passivo, multiplicando por 100, obtendo-se a participação de cada conta ou
grupo de conta em relação ao total. Já a segunda é com relação a
Demonstração de Resultados, onde divide-se o valor de cada item da
13
demonstração pelo valor da Receita Operacional Líquida e multiplica-se por
100, obtendo-se a participação de cada conta na formação do resultado.
Matarazzo (2010, p. 170) comenta que, “o percentual de cada conta
mostra sua real importância no conjunto”. Contudo, a Análise Horizontal é a
evolução percentual de cada conta em uma série de demonstrações em
relação à anterior. E, a Análise Vertical é o percentual que cada conta mostra
de importância ao conjunto.
1.1.2. Indicadores Financeiros
Os indicadores econômicos são utilizados para demonstrar a vida
econômica e financeira de uma determinada entidade ou instituição e podem
ser expressos em valores monetários absolutos, valores relativos ou taxas de
variação, tempo, entre outros. Sobre esses índices, encontramos na literatura a
seguinte definição:
“Índices financeiros são relações entre contas ou grupos de contas das
demonstrações contábeis que tem por objetivo fornecer-nos informações que
não são fáceis de serem visualizadas de forma direta nas demonstrações
contábeis.” (SILVA, 2005, p. 248).
Os índices a serem utilizados na análise devem mostrar as
informações que os administradores precisam para tomar suas decisões, de
forma clara e concisa, com o maior número de dados possíveis, e em tempo
hábil também, pois informações atrasadas não servem para a tomada de
decisão.
1.1.2.1. Índices de Liquidez
São índices que possibilitam a análise da capacidade de pagamento
da empresa, e a necessidade de capital de giro. Marion (2006) define que
esses índices revelam a capacidade da empresa de saldar suas dívidas em
curto prazo, longo prazo, ou imediato, evidencia que se possuir um bom fluxo
de caixa, dificilmente terá problemas de endividamento.
14
Já Ross (1995), salienta que os índices de liquidez são medidos pela
facilidade com que a empresa consegue transformar seus ativos em dinheiro.
Os ativos circulantes são os mais líquidos, já os ativos imobilizados demoram
um pouco mais para serem transformados em dinheiro.
1.1.2.1.1. Liquidez Geral
Composta pela soma do ativo circulante mais o realizável a longo
prazo, dividido pela soma do passivo circulante mais o exigível a longo prazo,
representa o valor que a empresa disponibiliza a longo prazo para saldar com
suas obrigações, afirma Silva (2005). Nessa interpretação diz-se que quanto
maior o valor, melhor as condições da empresa. Utilizada também como
medida de segurança, revelando a capacidade de pagar suas dívidas e
compromissos conforme comenta Assaf Neto (2010).
1.1.2.1.2. Liquidez Corrente
Representa os valores, bens, dinheiro, estoque, todo o ativo que a
empresa disponibiliza, comparando-se as suas dívidas. Nesse índice divide-se
o ativo circulante total pelo passivo circulante total, e segundo Silva (2005),
quanto maior for esse índice mais disponibilidades tem para pagar suas
dívidas. É importante que esses índices sejam analisados junto com outros
fatores, como os giros de estoques, fornecedores a pagar, recebimento das
vendas.
1.1.2.1.3. Liquidez Seca
Este índice é calculado, diminuindo-se os estoques do ativo
circulante e dividindo-se pelo passivo circulante. ROSS (1995, p. 50) “os ativos
de conversão rápida são aqueles ativos circulantes que podem ser facilmente
transformados em dinheiro.” Nesse caso, diminuem-se os valores dos
estoques, pois são ativos de menor liquidez. Quanto maior esse índice melhor
as condições da empresa.
15
1.1.2.2. Índices de Estrutura e Endividamento
Mencionam a relação entre recursos próprios e de terceiros,
mostrando a dependência da empresa dos capitais de terceiros e o prazo para
pagamento dos mesmos, Assaf Neto (2010). Esses índices são importantes,
mostra o quanto de capital próprio e de terceiros estão envolvidos na empresa.
1.1.2.2.1. Endividamento em relação ao Ativo Total
O Endividamento em relação ao Ativo Total visa avaliar a
participação do capital de terceiros em relação ao ativo total, ou seja, a
percentagem do ativo financiada por capitais de terceiros. Nesse caso quanto
maior o índice, pior para a empresa, demonstra que tem dificuldades de
pagamento.
1.1.2.2.2. Composição do endividamento
Considera-se as dívidas e obrigações da empresa de curto prazo e
longo prazo, divide-se o passivo circulante pela soma deste, mais o exigível a
longo prazo. Nesse caso também quanto maior o índice, pior para a empresa,
demonstra que tem dificuldades de pagamento. Ao se avaliar esse índice
devem-se levar em consideração os prazos de vencimentos das dívidas.
1.1.2.2.3. Imobilização dos Recursos Não Correntes
Neste índice calcula-se o percentual de recursos não correntes
aplicados ao ativo da empresa, considera-se o exigível a longo prazo,
dividindo-se o ativo permanente pela soma do patrimônio líquido mais o
exigível a longo prazo.
Para Assaf Neto (2009), este índice indica os valores que a empresa
está usando de recursos em curto prazo para financiar ativos permanentes,
esse indicador significa que quanto maior, pior para as condições, pode trazer
problemas para a empresa.
16
1.1.2.3. Índices de Rentabilidade
Para Assaf Neto (2010), esse índice vai calcular o desempenho da
empresa em relação aos investimentos e as vendas. O principal parâmetro a
ser usado para essa avaliação é o lucro líquido.
1.1.2.3.1. Margem Líquida ou Retorno Sobre as Vendas
É calculado usando os lucros líquidos divididos pela venda líquida,
dessa forma identifica-se quanto de lucro a empresa obteve em relação à
venda líquida do período, segundo Santos (2001). Pode ser considerado
quanto mais elevado melhor, desde que esses valores sejam sempre
atualizados para que os índices sejam corretos.
1.1.2.3.2. Giro do Ativo
De acordo com Silva (2005), este índice permite que se avalie a
relação entre as vendas e os investimentos efetuados. Calcula-se o giro dos
ativos dividindo as vendas líquidas pelo ativo total, quanto maior melhor, indica
que a utilização dos recursos está aplicada corretamente.
1.1.2.3.3. Retorno Sobre o Ativo
Este índice identifica o lucro que a empresa tem em relação aos
investimentos totais, dividindo-se o lucro líquido pelo total do ativo. Souza
(2005) define que quanto maior esse retorno, melhor as condições da empresa.
Segundo Assaf Neto (2010), é avaliado o quanto a empresa teve de lucro em
relação aos investimentos, comparando-se resultados esperados e os
realmente encontrados, se ela encontrar valores superiores aos esperados,
significa que ocorreu agregação de valor econômico.
No capítulo seguinte iniciaremos com a apresentação dos quatro
maiores clubes do futebol carioca, são eles: Flamengo, Fluminense, Botafogo e
Vasco, demonstrando o histórico e a situação patrimonial e financeira de cada
um deles.
17
CAPÍTULO II
APRESENTAÇÃO DOS CLUBES
2.1. Apresentação e histórico dos clubes cariocas
O presente estudo trata dos quatro maiores times do futebol carioca,
são eles:
2.1.1. Flamengo
O Clube de Regatas do Flamengo (“Flamengo” ou “Clube”) é uma
associação sem fins lucrativos, criada com o objetivo principal de promover
reuniões e diversões de caráter desportivo, cultural, cívico e recreativo,
reconhecido como de utilidade pública pela Lei n. º 1516, de 8 de novembro de
1967. O Flamengo foi constituído por prazo indeterminado, com personalidade
jurídica distinta de seus associados, os quais não respondem, solidária ou
subsidiariamente, pelas obrigações contraídas pelo Clube.
O Clube de Regatas Flamengo foi idealizado por alguns amigos,
moradores da praia do Flamengo, que decidiram criar um grupo de regatas.
Então, em setembro de 1895, em um restaurante, José Agostinho Pereira da
Cunha convidou os seus amigos para a criação do grupo, sendo acatado por
Mario Spínola, Augusto da Silveira Lopes e Nestor de Barros. Foi dessa
maneira que o Clube de Regatas Flamengo foi fundado.
Com o passar dos anos, o futebol foi ganhando espaço na
preferência popular carioca, passando a dividir o cenário esportivo com o remo.
Devido à proximidade entre os clubes do Flamengo e do Fluminense, muitos
sócios dividiam suas práticas esportivas entre, remo no Flamengo e futebol no
Fluminense. Alguns anos mais tarde uma cisão interna no Fluminense fez com
que muitos sócios deixassem o clube, fundando o departamento de esportes
terrestres (entre eles o futebol) no Clube de Regatas Flamengo, em 1912.
18
Os principais títulos do clube são: Mundial de Clubes e Taça
Libertadores da América, em 1981; Hexacampeonato brasileiro, em 1980,
1982, 1983, 1987, 1992 e 2009;
Tricampeonato da Copa do Brasil, em 1990, 2006 e 2013.
2.1.2. Fluminense
Fluminense Football Club, entidade de direito privado, sem fins
lucrativos, tem por objetivo a prática social, cultural, cívico, recreativo e
desportivo, cuja manutenção ocorre exclusivamente por conta das
contribuições sociais, patrocínios, cotas de televisão, renda de jogos e
negociação de atletas.
O Fluminense Football Club foi fundado em 21 de julho de 1902, no
Rio de Janeiro. O objetivo era criar um clube dedicado à prática do futebol e
com o nome de Rio Football Club, contudo já existia um clube de regatas com
esse nome, logo, os fundadores decidiram nomear o clube com o nome que
era utilizado para fazer referência aos nativos do Estado do Rio de Janeiro.
Inicialmente as cores da camisa do clube eram cinza e branco,
porém, dois anos depois, em 1904, o clube optou por adotar a camisa tricolor,
com as cores verde, branco e “encarnado” (um tom de vermelho).
As principais conquistas do clube são: Campeonato Brasileiro em
1970, 1984, 2010 e 2012. A Copa do Brasil de 2007. Copa Internacional do Rio
em 1952 (torneio considerado o campeonato Mundial de Clubes da época).
Uma curiosidade interessante na história do clube aconteceu em 1927, em que,
após conquistar o título do Campeonato Carioca, a diretoria do clube constatou
que havia ferido um dos artigos que proibia a substituição de jogadores de uma
partida para outra. Sendo assim, o clube solicitou a anulação do campeonato e
devolveu a taça.
19
O Clube conquistou ainda a Taça Olímpica em 1949. Essa taça é
entregue ao clube que, segundo o Comitê Olímpico Internacional, mais fez em
prol do olimpismo e do esporte. O vencedor desta taça deveria ser exemplo de
organização administrativa e um vitorioso nos setores esportivos, sociais,
artísticos e cívicos. O clube foi o último clube a ser agraciado com essa taça,
que passou a ser concedida a entidades nacionais e em ocasiões especiais.
2.1.3. Botafogo
O Botafogo de Futebol e Regatas, entidade de direito privado, sem
fins lucrativos, tem por objeto social:
(i) promover reuniões e diversões de caráter desportivo, social,
cultural, cívico e recreativo, cuja manutenção ocorre exclusivamente por conta
das contribuições sociais (mensalidades, taxa de manutenção e venda de
títulos), aluguéis de instalações sociais e desportivas, patrocínios e rendas
provenientes de competições desportivas, como arrecadação da bilheteria de
jogos e cotas de televisionamento;
(ii) participação em outra sociedade na qualidade de sócio quotista
ou acionista.
Assim como outros grandes clubes, a fundação do Botafogo tinha
como principal esporte o remo, que deu nome ao Clube de Regatas Botafogo,
em 1894. Anos mais tarde, em 1904, foi fundado o Botafogo Football Club, um
clube totalmente separado do primeiro. Apenas em 1942 os clubes decidiram
fazer a fusão, tornando-se Botafogo Futebol e Regatas.
Dentre as principais conquistas do clube, pode-se citar:
tetracampeonato Carioca (de 1932 a 1935); tetracampeonato do Torneio Rio-
São Paulo (1962, 1964, 1966, 1998) e bicampeonato brasileiro (1968, 1995).
Em 2007, o clube venceu a licitação para administrar o Estádio
Olímpico João Havelange durante 20 anos. Até o momento, o clube ainda não
conseguiu vencer títulos no novo estádio.
20
2.1.4. Vasco
O Club de Regatas Vasco da Gama, fundado no então Distrito
Federal, em 21 de agosto de considerado de Utilidade Pública pela Lei nº 949,
de 2 de junho de1966, é uma Sociedade Civil sem fins lucrativos, com sede e
foro na cidade do Rio de Janeiro, caracteriza-se como entidade desportiva,
recreativa, assistencial, educacional e filantrópica.
O clube foi originalmente fundado para prática do remo, em 21 de
agosto de 1898. O clube foi o primeiro clube esportivo do Brasil a eleger um
presidente não branco. Durante o período de 1904 à 1906, Francisco Cândido
de Araújo presidiu o clube.
O departamento de futebol do clube só veio a ser criado no ano de
1915, após a fusão com o Luzitânia SC, clube dedicado ao futebol que só
aceitava portugueses em seu elenco. Contudo o primeiro título no futebol veio
apenas em 1923, após o clube passar pela terceira e segunda divisões do
campeonato carioca. Nesse ano o clube conquistou seu primeiro título carioca,
com uma equipe repleta de jogadores não brancos, algo pouco usual para a
época.
Os principais títulos do clube são: Campeonato Brasileiro em 1974,
1989, 1997 e 2000. Copa do Brasil em 2011. Libertadores da América em 1998
e Copa Mercosul em 2000.
21
2.2. Situação patrimonial e financeira dos clubes cariocas
Quadro 02 - Fonte: Demonstrações Financeiras dos Clubes - elaborado pelo autor
2.2.1. Flamengo
Em 31 de dezembro de 2016, o Clube apresenta passivo a
descoberto no montante de R$ 95.157 (R$ 248.635 no ano de 2015) e um
capital circulante líquido negativo no montante de R$ 176.968 (R$ 179.221 no
ano de 2015).
A administração do Clube tem trabalhado na implementação de
medidas para reverter o quadro de capital circulante líquido e o passivo a
descoberto, entre as quais:
Controle efetivo das despesas e revisão dos investimentos não
prioritários
Renegociação de dívidas com redução de encargos e alongamento do
vencimento dos contratos de empréstimos
Elevação da receita com renovação ou negociação de novos contratos
de direitos de transmissão, patrocínio e uniforme
Desenvolvimento de novas parcerias de marketing
Desenvolvimento de parcerias para custear reformas visando os Jogos
Olímpicos
22
Ampliação do programa sócio torcedor e
Aumento da receita de jogos por meio de incentivos ao comparecimento
da torcida e investimentos nas divisões de base como fonte de talentos.
2.2.2. Fluminense
Em 31 de dezembro de 2016, o Clube apresenta passivo a
descoberto no montante de R$ 43.337 (R$ 51.678 no ano de 2015) e um
capital circulante líquido negativo no montante de R$ 194.788 (R$ 169.049 no
ano de 2015).
As ações a serem tomadas pelo clube para gestão das suas contas
incluiu:
Força tarefa para redução de despesas operacionais (meta 20% em
relação a 2016)
Plano estratégico de marketing e comunicação
Revisão e otimização da estrutura organizacional mais política de cargos
e salários
Revisão dos contratos críticos
Painel de gestão dos contratos de futebol
Revisão da governança mais matriz de responsabilidades
Revisão e construção da política de rateios (Social + Olímpicos+ Futebol
+ Administrativo)
Strategic Sourcing para redução de custos (estratégia de permuta e
negociações conjuntas)
Formalização dos processos financeiros (politicas, normas e processos
críticos)
23
Política e processo de elaboração e monitoramento do orçamento
2.2.3. Botafogo
Em 31 de dezembro de 2016, apresentou uma deficiência de capital
de giro de R$ 210.985 (R$ 205.936 em 31 de dezembro de 2015) e um passivo
a descoberto negativo no montante de R$ 690.543 (R$ 681.300 em 31 de
dezembro de 2015).
A administração do Clube trabalhou no controle efetivo das
despesas e revisão dos investimentos não prioritários. O exercício de 2016
apresentou dificuldades ao caixa do Clube como a ausência de recursos
gerados pela participação em competições internacionais e não obtenção de
receitas significativas com negociações de direitos econômicos de atletas e
ausência de contratos de espaços publicitários e patrocínio Master, que entre
outros fatores impactaram diretamente na gestão financeira, uma vez que o
orçamento foi severamente afetado pelos eventos mencionados.
As ações promovidas pela controladora para reverter a situação
atual compreendem:
Buscar novos contratos de patrocínio e publicidade;
Investimento contínuo na base, valorizando novos jogadores que
possam reforçar o time principal e alcançar destaque internacional;
Renegociação de empréstimos e alongamento das dívidas; e
Programa de sócio torcedor.
2.2.4. Vasco
Em 31 de dezembro de 2016, o Clube apresenta passivo a
descoberto no montante de R$ 289.741 (R$ 301.064 no ano de 2015) e um
capital circulante líquido negativo no montante de R$ 214.980 (R$ 182.160 no
ano de 2015).
24
No capítulo seguinte iniciaremos a análise financeira das
demonstrações contábeis dos quatro maiores times do futebol carioca,
utilizando as Análises Horizontal e Vertical, Índices de Liquidez, Índices de
Estrutura e Endividamento e Índices de Rentabilidade.
25
CAPÍTULO III
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DOS
CLUBES
3.1. Análises Vertical e Horizontal
3.1.1. Flamengo
Quadro 03 - Análises horizontal e vertical do Ativo - Fonte: elaborado pelo autor
Conforme análise gerencial realizada no Flamengo em relação aos
exercícios findados em 31/12/2016 e 2015, verificou-se as Demonstrações do
Resultado do Exercício (DRE) e Balanço Patrimonial.
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2016 e
2015, as contas de maior representatividade do Ativo Circulante são contas de
Caixa e equivalente de caixa com 3% e 6%, Contas a Receber com 3% e 4%,
Depósitos Judiciais com 3% e 7%. Enquanto no Ativo Não Circulante, são as
26
contas Imobilizado com 33% e 33%, Propriedades para Investimentos com
27% e 30%, Intangível com 15% e 10%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Ativo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram no Contas a Receber,
Depósitos Judiciais e Intangível.
Em relação ao Contas a Receber, em 2016, o Clube assinou novo
contrato de longo prazo para televisionamento dos jogos de futebol, tendo
direito irrestrito ao montante de R$ 120.000, em valores nominais,
correspondentes a bônus de assinatura pela cessão de exclusividade ao
cliente. Deste total, o Clube recebeu, no ato da assinatura, R$ 70.000, devendo
o valor residual (R$ 50.000, em valores nominais) a ser liquidado em duas
parcelas, vincendas em 2019 e 2021. O montante de R$ 35.079 corresponde
ao valor presente do direito residual deste bônus de assinatura.
Em relação aos Depósitos Judiciais, entre as principais
movimentações de baixa dos saldos de depósitos judiciais e provisão para
contingências, destaca-se o litígio envolvendo o Consórcio Flamengo Plaza.
Em 2016 foi aprovado o acordo entre o Clube e o Consórcio Flamengo Plaza
para o pagamento de R$ 61.500, tendo sido resgatados os depósitos judiciais
vinculados a esta ação judicial.
Em relação ao Intangível, no ano de 2016 o Clube adquiriu direitos
federativos de atletas como Mancuello, Rodenei, Cuellar, Murallha, além de ter
firmado contrato com pagamento de direito de imagem com os jogadores
Diego, Rever, dentre outros.
27
Quadro 04 - Análises horizontal e vertical do Passivo - Fonte: elaborado pelo autor
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2015 e
2016, as contas de maior representatividade do Passivo Circulante são as
contas Empréstimos e Financiamentos com 19% e 22% e Provisões para
Contingências com 5% e 12%. No Passivo não Circulante as contas Impostos e
Contribuições com 55% e 55% e Empréstimos e Financiamentos com 4% e
13%. No Patrimônio Líquido a conta em destaque é Déficits Acumulados com -
71% e -112%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Passivo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram nas contas Fornecedores e
Empréstimos e Financiamentos.
A redução do saldo de Fornecedores é explicada pela liquidação de
acordos, sendo os principais com Romário, mediante o pagamento de R$ 6.884
para liquidação do saldo em aberto, cujo montante a pagar, em 31 de
dezembro de 2015, era de R$ 11.877; e Ronaldinho, no montante de R$
15.800, cujo saldo residual, em 31 de dezembro de 2016, era de R$ 1.200, com
quitação em 2017.
28
Em relação a rubrica de Empréstimos e Financiamentos temos uma
queda no Passivo circulante e não circulante, respectivamente, de 8% e 69%,
devido ao pagamento dos empréstimos, neste período, no valor de R$ 85.539.
Quadro 05 - Análises horizontal e vertical da DRE - Fonte: elaborado pelo autor
Na análise vertical da DRE, observa-se como relevante as contas de
Despesas Com Pessoal com -27% e -29% e Superávit do Exercício com 32% e
38%, nos dois períodos analisados.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações na DRE ocorreram nas contas
Amortização e Baixas de direitos de jogadores e Resultado Financeiro,
respectivamente, 87% e -238%.
29
3.1.2. Fluminense
Quadro 06 - Análises horizontal e vertical do Ativo - Fonte: elaborado pelo autor
Conforme análise gerencial realizada no Fluminense em relação aos exercícios
findados em 31/12/2016 e 2015, verificou-se as Demonstrações do Resultado
do Exercício (DRE) e Balanço Patrimonial.
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2016 e
2015, a conta de maior representatividade do Ativo Circulante é o Contas a
Receber com 10% e 3%. Enquanto no Ativo Não Circulante, são as contas
Imobilizado com 66% e 74% e Intangível com 21% e 19%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Ativo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram no Contas a Receber e
Intangível.
Em relação ao Contas a Receber, em 2016, o Clube teve um
aumento de R$48.214 em relação aos repasses de direitos
federativos/econômicos a receber decorrentes da negociação do atleta Gerson
com a A.S. Roma; e uma redução significativa de receitas a realizar, onde
correspondem os já contratados, todavia, representarão valores a receber ao
longo dos períodos futuros.
30
Em relação ao Intangível, no ano de 2016 o Clube estabeleceu
novos contratos tendo um aumento de R$23.820 em comparação ao ano de
2015. O montante referente a atletas descontinuados no processo de formação
baixado para o resultado do exercício em 2016 foi de R$ 5.290 mil (R$ 4.435
mil em 2015).
Quadro 07 - Análises horizontal e vertical do Passivo - Fonte: elaborado pelo autor
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2015 e
2016, as contas de maior representatividade do Passivo Circulante são as
contas Empréstimos e Financiamentos com 15% e 9% e Contas a Pagar com
10% e 12%. No Passivo não Circulante as contas Parcelamentos de Impostos
com 33% e 36% e Contingências e acordos com 17% e 21%. No Patrimônio
Líquido as contas em destaque são Fundo Patrimonial com -64% e -85% e
Ajuste de Avaliação Patrimonial com 54% e 66%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Passivo, levando em consideração a
31
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram nas contas Receitas a
realizar e Empréstimos e Financiamentos.
O aumento do saldo da conta Receitas a realizar deve-se a
antecipação de receita realizada pelo Barcelona em 2016 no montante de
R$18.749
Em relação a rubrica de Empréstimos e Financiamentos temos um
aumento no Passivo circulante de 112%, devido à antecipação da XXIII capital
ao clube no montante de R$43.035, decorrentes da negociação do atleta
Gerson com a A.S. Roma. Dessa forma, os valores a receber registrados na
rubrica Repasse de direitos federativos/econômicos, serão transferidos
diretamente da A.S. Roma para a XXIII Capital em 2017.
Quadro 08 - Análises horizontal e vertical da DRE - Fonte: elaborado pelo autor
Na análise vertical da DRE, observa-se como relevante as contas de
Despesas com Pessoal com -33% e -38% e Serviços Profissionais com -15% e
-12%, nos dois períodos analisados.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações na DRE ocorreram nas contas Provisão
para contingência e Resultado Financeiro, respectivamente, 182% e -205%
32
3.1.3. Botafogo
Quadro 09 - Análises horizontal e vertical do Ativo - Fonte: elaborado pelo autor
Conforme análise gerencial realizada no Botafogo em relação aos
exercícios findados em 31/12/2016 e 2015, verificou-se as Demonstrações do
Resultado do Exercício (DRE) e Balanço Patrimonial.
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2016 e
2015, as contas de maior representatividade do Ativo Circulante são contas de
Tributos a compensar e recuperar com 10% e 9% e Contas a Receber com 7%
e 18%. Enquanto no Ativo Não Circulante, são as contas Imobilizado com 41%
e 38% e Depósitos Judiciais com 17% e 21%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Ativo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram no Contas a Receber e
Intangível.
Em relação ao Contas a Receber, em 2016, o Clube teve uma
redução no montante de R$150.694 em relação aos contratos de longo prazo
assinados com empresas de televisionamento e publicidade dos jogos de
futebol e uma redução no montante de R$17.696 dos valores de contas a
receber de transferência de direitos federativos, econômicos e de formação.
33
Em relação ao Intangível, no ano de 2016, constatou um aumento de
182% em relação ao ano de 2015, deve-se ao investimento feito pelo Clube na
contratação de 12 atletas e de seu respectivo direito de imagem.
Quadro 10 - Análises horizontal e vertical do Passivo - Fonte: elaborado pelo autor
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2015 e
2016, as contas de maior representatividade do Passivo Circulante são as
contas Empréstimos e Financiamentos com 93% e 92% e Acordos a Pagar
com 24% e 18%. No Passivo não Circulante as contas Tributos Parcelados
com 246% e 228% e Acordos a Pagar com 146% e 157%. No Patrimônio
Líquido as contas em destaque são Déficit acumulado com -684% e -735% e
Superávit/Déficit do exercício com -9% e 96%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Passivo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram nas contas Tributos
Parcelados e Adiantamento de Contratos.
34
O aumento de 28% do saldo da conta Tributos Parcelados deve-se
ao Parcelamento do Programa de Modernização da Gestão e de
Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro – PROFUT, referente ao
parcelamento especial para recuperação de dívidas das entidades desportivas
com a União Federal. Desde novembro de 2015, o Clube está recolhendo os
tributos e a confirmação dos efeitos do Parcelamento PROFUT depende
também da consolidação do cálculo dos débitos por parte da autoridade fiscal,
de modo que o montante hoje reconhecido no passivo do Clube poderá sofrer
alterações. Os órgãos que consolidaram o Parcelamento PROFUT são: Banco
Central - BACEN, Caixa Econômica Federal - CEF e Procuradoria Geral da
Fazenda Nacional – PGFN.
Em relação a rubrica de Adiantamentos de Contratos temos um
aumento no Passivo circulante de 82%, devido à remuneração adicional pela
extensão dos direitos cedidos para as temporadas de 2016, 2017 e 2018,
conforme Termo Aditivo ao Contrato de Cessão de Direitos de Transmissão em
TV aberta e via Pay-Per- View do Campeonato Brasileiro Temporadas 2012 a
2015, celebrado em 16 de julho de 2012 e a repactuação dos valores e as
condições de pagamentos, conforme 2º Termo Aditivo ao Contrato, celebrado
em 11 de dezembro de 2015. Também compõem o saldo o Contrato de
Cessão de Direitos de Transmissão do Campeonato Brasileiro Temporadas de
2019 e 2020, celebrado em 11 de dezembro de 2015 e a Proposta Comercial
dos direitos do Campeonato de Futebol Profissional da Primeira Divisão do
Estado do RJ Temporadas 2017 a 2014, celebrado em 16 de junho de 2016.
35
Quadro 11 - Análises horizontal e vertical da DRE - Fonte: elaborado pelo autor
Na análise vertical da DRE, observa-se como relevante as contas de
Despesas com Pessoal com -36% e -33% e Gastos gerais com -17% e -19%,
nos dois períodos analisados.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações na DRE, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram nas contas Resultado
Financeiro e Resultado do Exercício, respectivamente, -126% e -108%
36
3.1.4. Vasco
Quadro 12 - Análises horizontal e vertical do Ativo - Fonte: elaborado pelo autor
Conforme análise gerencial realizada no Vasco em relação aos
exercícios findados em 31/12/2016 e 2015, verificou-se as Demonstrações do
Resultado do Exercício (DRE) e Balanço Patrimonial.
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2016 e
2015, as contas de maior representatividade do Ativo Circulante são contas de
Tributos a compensar e recuperar com 10% e 9% e Contas a Receber com 3%
e 12%. Enquanto no Ativo Não Circulante, são as Créditos a Receber com 34%
e 27% e Imobilizado com 37% e 35%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Ativo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram no Contas a Receber e
Créditos a Receber.
Em relação ao Contas a Receber, em 2016, o Clube teve uma
redução no montante de R$23.856 em relação aos créditos que o Clube
mantém provenientes de adiantamentos concedidos, royalties, patrocínios
firmados com parceiros e liberação de direitos federativos de atletas.
Em relação à conta Créditos a Receber, no ano de 2016, constatou
um aumento de 21% em relação ao ano de 2015, deve-se aos depósitos
judiciais de valores bloqueados e depositados referente a ações judiciais em
andamento.
37
Quadro 13 - Análises horizontal e vertical do Passivo - Fonte: elaborado pelo autor
Quando da realização da Análise Vertical nos exercícios de 2015 e
2016, as contas de maior representatividade do Passivo Circulante são as
contas Empréstimos de Terceiros com 21% e 16% e Encargos Sociais e
Tributários com 14% e 6%. No Passivo não Circulante as contas Encargos
Sociais e Tributários com 57% e 62% e Empréstimos de Terceiros com 28% e
25%. No Patrimônio Líquido as contas em destaque são Déficit acumulado com
-104% e -144% e Ajuste do Exercício Anterior com -44% e -43%.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações no Passivo, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram nas contas Credores
Diversos e Encargos Sociais e Tributários.
38
O aumento de 515% do saldo da conta Credores Diversos deve-se
ao aumento do montante dos compromissos a longo prazo assumidos com os
diversos credores, onde pode-se se destacar: Vip Inter. Mark. Cons. Esp. Eireli
(R$1.860), Jonas Jessue da Silva Junior (R$3.168) e Edmundo Alves de Souza
Neto (R$2.163).
Em relação à rubrica de Encargos Sociais e Tributários teve um
aumento de 134%, devido aos Parcelamentos Fiscais, incluídos de acordo com
a Lei 13.155/15, conforme levantamento apurado pela Receita Federal,
parcelamento junto ao BACEN e Ato Trabalhista
Quadro 14 - Análises horizontal e vertical da DRE - Fonte: elaborado pelo autor
Na análise vertical da DRE, observa-se como relevante as contas de
Despesas com Pessoal com -49% e -46% e Gastos gerais com -44% e -48%,
nos dois períodos analisados.
Observam-se na Análise Horizontal, comparando-se os mesmo
períodos, que as principais variações na DRE, levando em consideração a
porcentagem e a materialidade do valor, ocorreram nas contas Result.
Renegociação de Tributos (PROFUT) e Resultado do Exercício,
respectivamente, -100% e -90%.
39
3.2. Indicadores Financeiros
3.2.1. Índices de liquidez
Quadro 15 - Índices de liquidez - Fonte: elaborado pelo autor
Ao analisar os índices de liquidez Geral dos times cariocas verifica-
se que os Clubes não vão muito bem. Sua análise indicará quanto o Clube
possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada $ 1,00 de
dívida total para com terceiros.
A melhor situação é a do Flamengo, que em 2015 tinha no ativo
circulante junto com o realizável a longo prazo um valor de R$ 0,17 para cada
R$ 1,00 de dívida, apresentando uma situação desfavorável; e teve uma
melhora no ano de 2016, aumentando para R$ 0,20, mas apresentando mais
uma vez uma situação desfavorável.
40
Houve uma melhora também na situação do Fluminense, onde em
2015 tinha no ativo circulante junto com o realizável a longo prazo um valor de
R$ 0,06 para cada R$ 1,00 de dívida, apresentando uma situação
desfavorável; e teve uma melhora no ano de 2016, aumentando para R$ 0,13,
mas apresentando mais uma vez uma situação desfavorável.
Na situação dos clubes Botafogo e Vasco aconteceu uma piora do
ano de 2015 para 2016. Para o Botafogo, em 2015 tinha no ativo circulante
junto com o realizável a longo prazo um valor de R$ 0,14 para cada R$ 1,00 de
dívida, apresentando uma situação desfavorável; e teve uma piora no ano de
2016, diminuindo para R$ 0,13. Acontecendo a mesma situação com o Vasco,
tendo em 2015 no ativo circulante junto com o realizável a longo prazo um valor
de R$ 0,19 para cada R$ 1,00 de dívida, apresentando uma situação
desfavorável; e teve uma piora no ano de 2016, diminuindo para R$ 0,18.
Em relação ao índice de liquidez corrente, nenhum dos quatro times
tem a capacidade de saldar seus compromissos a curto prazo. A análise deste
indicador retrata quanto de dinheiro a empresa possui, de curto prazo, para
pagar cada $ 1,00 de suas dívidas também de curto prazo.
A melhor situação é a do Fluminense, verificar-se que o índice de
liquidez corrente, em 2015, é de R$ 0,08, pode-se afirmar que para cada R$
1,00 de obrigação de curto prazo o Clube só dispõe de $ 0,08, isto é, $ 0,92
poderão deixar de serem pagos, a cada $ 1,00, se algo não fosse feito. O
índice melhorou no ano de 2016, verifica-se que o índice é de R$ 0,23 no ativo
circulante para cada R$ 1,00 de obrigação de curto prazo, continuando ainda
com uma situação desfavorável.
Para o restante dos times, a situação piorou do ano de 2015 para o
ano de 2016. Verificou-se que os índices de liquidez corrente, em 2015, dos
Clubes Flamengo, Botafogo e Vasco foram, respectivamente, R$ 0,32, R$ 0,14
e R$ 0,17 no ativo circulante para R$ 1,00 de obrigação a curto prazo, tendo
uma piora no ano de 2016, onde tiveram os seguintes índices respectivamente:
R$ 0,20, R$ 0,09 e R$ 0,05 no ativo circulante para cada obrigação a curto
prazo.
41
Em relação ao índice de liquidez seca, não houve mudança
relevante comparando com o índice de liquidez corrente, pois o índice de
liquidez seca assemelha-se ao de liquidez corrente, diferenciando-se apenas
no fato de se excluírem os estoques a fim de se reduzir um fator de incerteza,
tendo em vista que, ainda que este faça parte do Ativo Circulante, não se tem
plena certeza do tempo da sua realização, também porque o Passivo
Circulante é líquido e certo.
Como a rubrica de estoque não é tão relevante no Balanço
Patrimonial dos Clubes, tem-se a mesma análise do índice de liquidez corrente
para o índice de liquidez seca.
42
3.2.2. Índices de Estrutura e Endividamento
Quadro 16 - Índices de Estrutura e Endividamento - Fonte: elaborado pelo autor
Verifica, mediante a Quadro 15, que o time que tem a maior
Participação dos Capitais de Terceiros sobre os Recursos Totais foi o
Botafogo, ou seja, é o clube com maiores dívidas com terceiros, por outro lado,
o clube com mais recursos próprios era o Fluminense, 1,12 e 1,08, nos anos de
2015 e 2016, respectivamente. Logo, o Botafogo é o que mais devia a
terceiros, enquanto o Fluminense o que menos recorria à capital de terceiros.
Na análise da Composição do Endividamento, apresentado no
Quadro 15, verifica que o Botafogo possuí a menor dívida de Curto Prazo em
relação às dívidas com terceiros (0,29 e 0,30, em 2015 e 2016,
respectivamente), e por outro lado, o Fluminense tem o maior índice de dívida
de Curto Prazo (0,37 e 0,44, em 2015 e 2016, respectivamente). Na análise
verificou que o único time que conseguiu reduzir as dívidas de Curto Prazo foi o
43
Botafogo. O Flamengo foi o único time que não teve mudanças do ano de 2015
para 2016.
O Clube com menor participação do Patrimônio Líquido em
comparação com recursos não correntes foi o Botafogo, ou seja, é o time com
menor Patrimônio Líquido investido em recursos não correntes, tendo o maior
Patrimônio descoberto dos quatro clubes. Entretanto, o Vasco teve o maior
resultado de seu Patrimônio Líquido utilizado para a imobilização de recursos
não correntes (2,80 e 3,88, em 2015 e 2016, respectivamente). Na análise dos
anos de 2015 e 2016 verifica, mediante o Quadro 15, que os times que tiveram
aumento no indicador que mede a quantidade de Capitais Próprios investidos
na Imobilização de Recursos Não Correntes foram: Vasco e Fluminense. E os
times do Botafogo e Flamengo apresentaram redução desse índice.
44
3.2.3. Índices de Rentabilidade
Quadro 17 - Índices de Rentabilidade - Fonte: elaborado pelo autor
Com relação a medida relativa à margem de lucro líquido, conclui-se
que a maior medida é a do Clube de Regatas Flamengo (0,32 no ano de 2016).
Isto significa que este clube apresenta o maior lucro líquido com relação a cada
unidade monetária de seu faturamento. Em 2015, a maior medida foi do
Botafogo (0,94 em 2015), porém teve uma queda relevante no ano de 2016.
No caso da medida de Giro do ativo total, destaca-se o Botafogo
com maior medida. Isto indica a alta capacidade do clube em usar todos seus
ativos para gerar receita.
Por fim, ao observar a medida de retorno do ativo, destaca-se o
Clube de Regatas Flamengo com maior medida, o que indica maior potencial
para gerar lucro a partir da utilização dos ativos do clube.
45
CONCLUSÃO
O futebol vem sofrendo um processo de transformação ao longo dos
últimos anos. Se antes era considerado apenas como diversão, hoje se tornou
uma grande oportunidade de negócio.
Através desta pesquisa, pode-se concluir que há um movimento nos
clubes cariocas de melhorar toda a estrutura que envolve o futebol, desde a
transparência de suas informações financeiras até a qualidade do jogo nos
gramados, mas ainda há um longo caminho pela frente.
E para os resultados no campo ocorrerem da maneira que se
esperam, os gestores estão percebendo que é fundamental que as obrigações
assumidas sejam cumpridas.
Um exemplo que podemos citar é o Clube de Regatas do Flamengo
que nos últimos três anos vêm adotando uma gestão mais profissional, com
administradores reconhecidos no mercado empresarial.
Com este exemplo bem sucedido, espera-se que outros clubes
possam seguir o mesmo caminho e o futebol brasileiro melhore cada vez mais
dentro e fora dos gramados.
A contabilidade pode ajudar na saúde financeira dos quatro maiores
clubes do futebol carioca? Apesar do objetivo dos clubes de futebol não ser
obter lucro e pagar dividendos ao acionista, é importante controlar as finanças
com transparência e competência, e neste controle a contabilidade tem papel
fundamental. Com isso, os clubes devem cada vez mais atrair investimentos,
elevando receitas, tirando os clubes da beira da falência para que eles possam
realizar sua missão: promover entretenimento e lazer para a sociedade.
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
▪ ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
▪ ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas. São Paulo: Atlas, 2007.
▪ ASSAF NETO, Alexandre. Curso de Administração financeira. São Paulo:
Atlas, 2009.
▪ ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque
econômico-financeiro. São Paulo: Atlas, 2010.
▪ MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. São Paulo: Atlas,
2003 e 2010.
▪ MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 2006 e
2007.
▪ IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. São Paulo: Atlas, 2013
▪ CHIAVENATO, I.; CERQUEIRA NETO, E. P. de. Administração estratégica:
em busca do desempenho superior: São Paulo: Saraiva, 2003.
▪ RIBEIRO, Antonio Lima. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2011.
▪ SILVA, A. C. R. Metodologia da Pesquisa aplicada à Contabilidade. São
Paulo: Atlas, 2005 e 2012.
▪ ROSS, Stephen A. WESTERFIELD, Randolph W. JAFFE, Jeffrey F.
Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995.
▪ SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média
empresa. São Paulo: Altas, 2001.
47
Demonstrações Financeiras dos clubes:
▪ Demonstrações Contábeis do FLAMENGO. Disponível:
http://www.flamengo.com.br/site/download/transparencia. Acesso em:
19/12/2017.
▪ Demonstrações Contábeis do FLUMINENSE. Disponível:
http://www.fluminense.com.br/financas. Acesso em: 19/12/2017.
▪ Demonstrações Contábeis do FLUMINENSE. Disponível:
http://www.botafogo.com.br/transparencia/Demonstracao_Contabil_do_BFR_e_
empresa_controlada_2016.pdf. Acesso em: 19/12/2017.
▪ Demonstrações Contábeis do FLUMINENSE. Disponível:
http://www.vasco.com.br/site/noticia/detalhe/14950/balanco-patrimonial-do-
vasco-2016. Acesso em: 19/12/2017.
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 09
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA
1.1. Análise das Demonstrações Contábeis 12
1.1.1. Análises Horizontal e Vertical 12
1.1.2. Indicadores Financeiros 13
CAPÍTULO II
APRESENTAÇÃO DOS CLUBES
2.1. Apresentação e histórico dos clubes cariocas 17
2.2. Situação patrimonial e financeira dos clubes cariocas 21
CAPÍTULO III
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DOS CLUBES
3.1. Análise Vertical e Horizontal 25
3.2. Indicadores Financeiros 39
CONCLUSÃO 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS