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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INTEGRAÇÃO DE PCDS EM UM AMBIENTE DE TRABALHO IGUALITÁRIO JULIANA DE ANDRADE RAMOS ORIENTADOR: Prof. PAULO JOSÉ Rio de Janeiro 2019 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

    PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

    INTEGRAÇÃO DE PCDS EM UM AMBIENTE DE TRABALHO

    IGUALITÁRIO

    JULIANA DE ANDRADE RAMOS

    ORIENTADOR:

    Prof. PAULO JOSÉ

    Rio de Janeiro 2019

    DOCU

    MENT

    O PR

    OTEG

    IDO

    PELA

    LEID

    E DI

    REITO

    AUT

    ORAL

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

    PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

    Apresentação de monografia à AVM como requisito

    parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Pessoas.

    Por: Juliana de Andrade Ramos.

    INTEGRAÇÃO DE PCDS EM UM AMBIENTE DE TRABALHO

    IGUALITÁRIO

    Rio de Janeiro

    2019

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    ...à Deus e a todas as pessoas que me apoiaram

    para o desenvolvimento e a finalização desta

    monografia.

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Aos meus familiares, em especial os meus pais,

    amigos e todas as pessoas envolvidas que

    contribuíram para a realização desta monografia.

  • 5

    RESUMO

    O estudo a ser apresentado mostrará a realidade vivida hoje por portadores

    de deficiência no seu processo de inclusão no mercado de trabalho e na sociedade.

    Será apresentada também historicamente a evolução deste processo e a

    importância de conscientizar e sensibilizar a mudança comportamental referente à

    acolhida destas pessoas pela sociedade brasileira. O objetivo é mostrar que vai

    além da obediência à lei, mas sim no papel como cidadãos com ética,

    responsabilidade social e sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação.

    Esclarecerei os tipos de deficiência e ajudarei o leitor a entender mais sobre este

    mundo da inclusão e sua extrema importância.

  • 6

    METODOLOGIA

    Serão utilizados livros, artigos de revistas, estudos pedagógicos, sites na

    internet e a legislação como métodos de estudo para o trabalho.

  • 7

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO .........................................................................................................................8

    CAPÍTULO I

    Significado Geral de Deficiência, Classificações e Tipos de deficiências

    existentes.............................................................................................................................. 10

    CAPÍTULO II

    O Processo Histórico da Inclusão dos Deficientes no Mundo e no Brasil ......... 18

    CAPÍTULO III

    Além da Lei de Cotas ......................................................................................................... 26

    CONCLUSÃO........................................................................................................................ 35

    BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 38

    ÍNDICE .................................................................................................................................... 42

  • 8

    INTRODUÇÃO

    Diversidade constitui-se em um tema que vem sendo discutido amplamente

    pela sociedade contemporânea. A diversidade, seja na sociedade quanto nas

    organizações, é fundamental para o enriquecimento de todos. A relação entre as

    pessoas vem gradativamente assimilando as diferenças entre si, sejam elas

    culturais, étnicas, ideológicas ou outras, que quanto mais são divididas e

    compartilhadas, mais enriquecem a aprendizagem de novos valores e da

    importância destes valores.

    Atitudes de intolerância e preconceito entre os homens estão presentes desde

    longa data e abordaremos dentro do estudo esta parte histórica. A não aceitação

    das diferenças de credo, raça, cultura, de orientação sexual, condição física,

    intelectual ou mental infelizmente tem condenado muitos grupos de pessoas à

    marginalização social. O dano que se causa a esses indivíduos pode impactá-los por

    toda a vida.

    Em contrapartida a consciência sobre os problemas que estas intolerâncias

    causam diretamente ao indivíduo vem crescendo e parece que a humanidade está

    finalmente refletindo seriamente que nunca fomos iguais, somos e sempre seremos

    diferentes. Isto é real e natural e a diversidade entre os homens é que garante a

    importância da originalidade de cada um de nós e o respeito a nossa individualidade.

    Tratar com igualdade as diferenças é o objetivo deste estudo, mostrando as

    principais dificuldades encontradas desde a antiguidade até os dias atuais e o

    processo de evolução que viemos conquistando.

    Apesar da conscientização de algumas empresas sobre o assunto, ainda há

    muito que se aprender para que esta relação entre instituição e os portadores de

    deficiência se torne uma convivência tranquila, trazendo benefícios para ambas às

    partes.

    Segundo dados do IBGE, a população brasileira conta com 190 milhões de

    pessoas, sendo 23,9% portadoras de alguma deficiência. Número altamente

    significativo. De acordo com o último Censo do IBGE, o Brasil possui hoje 45

    milhões de Pessoas com Deficiência (PCDS).

  • 9

    Podemos observar hoje, mudanças comportamentais referentes à acolhida

    dada pela sociedade para com estas pessoas e das empresas em um modo geral,

    que enxergaram a necessidade de aprender a conviver com as diferenças e

    passaram a pensar de forma inclusiva. No estudo serão detalhados ainda os

    significados, classificações e tipos de deficiências existentes.

    As palavras chaves neste momento do enfoque da deficiência passam a ser

    capacidade, ambiente, apoio e essa revisão de conceitos apresenta uma interface

    com o conceito de qualidade de vida.

    A presença destes profissionais no mercado de trabalho é de extrema

    importância, pois sua inclusão não é só econômica, mas também social, uma vez

    que é também e principalmente dentro do ambiente de trabalho que o PCD tem a

    oportunidade de romper preconceitos, demonstrando suas habilidades e

    produtividade igual ou melhor que qualquer outro empregado. Não podemos deixar

    de citar que o próprio PCD também precisa se ajudar no processo de inclusão, não

    se vitimando perante os obstáculos enfrentados. O apoio familiar e de amigos

    também é muito importante.

    Cabe agora a sociedade planejar seus sistemas de suporte com prestação de

    serviços que visam o bem-estar da pessoa com deficiência e sua inclusão social.

  • 10

    CAPÍTULO I

    Significado Geral de Deficiência, Classificações e Tipos de

    deficiências existentes.

    1.1. Significado Geral do Termo “Deficiência”

    Como já foi mencionado, a deficiência é um tema que traz consigo o peso da

    exclusão, do preconceito, da invisibilidade e da rejeição social.

    Podemos dar algumas definições para Deficiência. Uma delas, do Instituto

    Benjamin Constant em seu site, considera-se, “Pessoa com deficiência àquela que

    apresente, em caráter permanente, perdas ou reduções de sua estatura, ou função

    anatômica, fisiológica, psicológica ou mental, que gerem incapacidade para certas

    atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”.

    De acordo com o Decreto 3.298 de, 20 de dezembro de 1999, é considerado

    pessoa com deficiência: Art.3ºPara os efeitos deste Decreto considera-se então:

    I-Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou

    função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o

    desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser

    humano;

    II-Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou

    durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou

    ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos;

    III-incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade

    de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações,

    meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência

    possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar

    pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.

    De maneira geral, o termo está relacionado com um alto grau de disfunção

    das funções psicológicas, fisiológicas ou anatômicas do ser humano, uma vez que

    todos podemos sofrer algum tipo de deficiência no organismo.

  • 11

    1.2. Classificações e Tipos de Deficiências Existentes

    Todas as deficiências, ao longo da história, puderam ser classificadas,

    trazendo algumas diferenciações, como mostrarei abaixo.

    O estudo consulta como base classificatória a visão de Ely, Vera Helena Moro

    Bins (2001), com a Política de Educação Especial. Ela classifica as deficiências da

    seguinte maneira:

    Física: “caracteriza-se pela variedade de condições não sensoriais que

    afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral, como

    decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou ainda, de

    más formações congênitas ou adquiridas”;

    Auditivas: “caracteriza-se pela perda total ou parcial, congênita ou adquirida,

    da capacidade de compreender a fala através do ouvido, podendo ser leve,

    moderada, severa e profunda. De 25 a 40 decibéis (db) – surdez leve; de 41 a 55db

    – surdez moderada; 56 a 70 db – surdez acentuada; 71 a 90 db – surdez profunda;

    Anacusia – perda total da capacidade auditiva”;

    Mental: “caracteriza-se pelo funcionamento intelectual geral

    significativamente abaixo da média, com manifestação antes dos dezoitos anos

    proveniente do período de desenvolvimento, juntamente com limitações associadas

    a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em

    responder adequadamente as demandas da sociedade quanto a: desempenho em

    família e comunidade, comunicação, habilidades acadêmicas, independência de

    locomoção, saúde, cuidado pessoal, segurança, desempenho escolar, lazer e

    trabalho”;

    Visual: “cegueira caracteriza-se pela redução ou perda total da acuidade

    visual, igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; baixa

    visão: que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor

    correção óptica. Os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em

    ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de

    quaisquer das condições anteriores”;

  • 12

    Múltipla: “caracteriza-se pela associação, no mesmo indivíduo, de uma ou

    mais deficiências (mental, visual, auditiva, física) com comprometimentos que

    acarretam atrasos no desenvolvimento global da capacidade adaptativa”;

    As deficiências também podem ser classificadas desta forma:

    Cognitiva: Dificuldade no tratamento das informações recebidas (atividades

    mentais) ou na produção linguística (uma das saídas do sistema cognitivo);

    Sensorial: Dificuldade de perceber informações através da percepção

    (sistema sensorial – audição, visão, paladar/olfato, háptico e equilíbrio)

    Deficiência-múltipla: Associação de mais de um tipo de deficiência.

    Físico-motora: Limitação que ocorre durante a performance do indivíduo, isto

    é, de suas decisões de ação que envolve a mobilidade, força, precisão e

    coordenação; A deficiência física pode gerar sequelas e muitos tipos de limitações

    motoras. São classificadas como deficiências físicas:

    Amputação: Perda parcial ou total de um determinado membro ou segmento

    de membro;

    Monoparesia: Perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior

    ou superior);

    Monoplegia: Perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou

    superior);

    Paraplegia: Perda total das funções motoras dos membros inferiores (pernas)

    causando perda da sensibilidade e movimentação destes, impossibilitando o andar

    e, algumas vezes, a capacidade de permanecer sentado. Essa lesão, muitas vezes,

    é causada por lesão da medula espinhal ou por casos de poliomielite;

    Paraparesia: Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores;

    Tetraparesia: Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e

    superiores;

  • 13

    Tetraplegia: Perda total das funções motoras dos membros inferiores e

    superiores;

    Triplegia: Perda total das funções motoras em três membros;

    Triparesia: Perda parcial das funções em três membros;

    Hemiparesia: Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo

    (direito ou esquerdo);

    Hemiplegia: Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo

    (direito ou esquerdo);

    Nanismo: Deficiência acentuada no crescimento;

    Paralisia Cerebral: Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central.

    Em alguns casos a paralisia ocorre pela falta de oxigenação (hipóxia) na área

    afetada, gerando sintomas como alterações psicomotoras, espasmos musculares

    repentinos, chamados de paralisia cerebral espástica, tremores, convulsões, perda

    de coordenação, respiração irregular, entre outros sintomas, podendo ou não causar

    deficiência mental, pois apesar de existirem casos onde o indivíduo apresenta

    paralisia cerebral e deficiência mental, estas duas condições podem não acontecer

    necessariamente ao mesmo tempo;

    Síndrome de Down ou Trissomia do Cromossoma 21: Consiste em uma

    alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais no par 21.

    Esta modificação genética afeta o desenvolvimento do indivíduo, determinando

    algumas características físicas e cognitivas. As pessoas com esta alteração devem

    praticar atividade física para seu bem-estar físico e emocional. A maioria das

    pessoas com esta síndrome tem a trissomia 21 simples. Isso significa que um

    cromossomo extra está presentes em todas as células do organismo, devido a um

    erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. Forma mais

    frequente do retardo mental, causada pela existência de três cromossomas 21 –

    Trissomia do 21 – ao invés de dois no par 21. É uma doença genética em que os

    indivíduos apresentam, além de um grau de atraso no seu desenvolvimento

  • 14

    intelectual e motor, podem sofrer também de problemas de visão, audição e

    doenças respiratórias.

    Podemos observar que a definição legal brasileira está apoiada

    essencialmente em termos médicos, o que requer uma solicitação de laudos de

    especialistas no caso de maiores esclarecimentos quanto a comprovar a deficiência.

    Essa definição é determinante no momento, por exemplo, da contratação de

    pessoas com deficiência. Todavia em nossa prática observamos ser uma questão

    ainda complexa. No plano jurídico nem sempre confirmamos a presença da

    deficiência que o candidato alega e o laudo médico descreve, pois não se encaixaria

    em nenhuma das categorias descritas. Na realidade, tais categorias, reduzem o

    leque de possibilidades, havendo em muitos casos a condição clara de uma

    anormalidade na estrutura ou função que a priori coloca a pessoa em condição de

    deficiência.

    Dúvidas dessa natureza indicam a necessidade de ampliarmos a discussão

    sobre quem é de fato a pessoa com deficiência, e também em relação à própria lei

    de reserva de vagas que contempla somente esse segmento de pessoas.

    Prosseguindo nos dados estatísticos, de acordo com a última RAIS (Relação

    Anual de Informações Social), em 2016, houve um aumento de 3,79% no número de

    pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal brasileiro, em relação ao

    ano anterior de 2015. Com o aumento, o Ministério do Trabalho (MT) contabilizou a

    presença de 418.521 pessoas com deficiência, com carteira assinada. Os dados

    incluem empregadores da iniciativa privada, empresas públicas diretas e indiretas e

    órgãos públicos.

    Segundo a chefe da Divisão de Fiscalização para Inclusão de Pessoas com

    Deficiência e Combate à Discriminação no Trabalho, a auditora-fiscal do Trabalho,

    Fernanda Maria Pessoa di Cavalcanti, o resultado é muito significativo,

    considerando-se que, no mesmo ano, houve uma retração de 4,16% de empregos

    para trabalhadores sem deficiências. Além disso, levando em conta os últimos oito

    anos (2009 a 2016), houve um acréscimo de 45% de Pcd’s no mercado de trabalho,

    enquanto o mercado formal de emprego só cresceu 12%.

  • 15

    Facilitando o entendimento, podemos então dizer que:

    No caso de deficiência auditiva, o indivíduo pode ter dificuldades de perceber

    estímulos sonoros tanto parcialmente quanto totalmente. Quando isto ocorre é

    considerado surdez, impossibilitando a audição mesmo com a ajuda de aparelhos.

    Porém, quando a perda é considerada parcial, o portador desta deficiência consegue

    compreender a fala com ou sem ajuda de aparelhos. Na deficiência congênita, o

    indivíduo possui baixa capacidade de compreensão e comunicação das

    informações, acarretando ao afastamento do convívio social. Normalmente essa

    deficiência se manifesta até os 7 ou 8 anos de idade, impedindo-o de desenvolver-

    se nas condutas sociais adaptativas.

    As deficiências físico-motoras se apresentam na insatisfação das demandas

    de atividades que necessitam de esforço físico, exemplo, atividades de puxar,

    alcançar, agarrar, além das atividades de coordenação motora tais como, pinçar,

    andar, correr e pular. Ainda temos as deficiências múltiplas que podem se

    apresentar com uma ou mais deficiências, como já citado, temos como exemplo,

    deficiência mental associada à auditiva, paralisia ou visual.

    As deficiências sensoriais são aquelas que o indivíduo perde grande

    capacidade do sistema de percepção, o levando a apresentar dificuldades em

    perceber as informações do meio ambiente.

    As deficiências visuais são as que levam o indivíduo a ter limitações na

    capacidade de enxergar, podendo ser parciais ou totais. Ocorrendo perda parcial é

    possível que haja uma correção oftalmológica com uso de óculos ou lentes e em

    casos mais graves podem realizar cirurgia. Porém, quando a perda é total ou

    mínima, passa a ser considerada então, cegueira.

    Com base no conteúdo exposto acima, fica claro que o portador de deficiência

    é um indivíduo capaz, possuindo apenas algumas limitações, diferentes de outros

    indivíduos, sejam elas físicas, visuais, motoras e/ou mentais, mas quando treinados

    e orientados adequadamente podem tornar-se indivíduos com rendimento e

    produtividade, igual ou até mesmo maior, do que qualquer outro indivíduo –

    profissional.

  • 16

    “[...]Em nossa sociedade, as pessoas com deficiência representam

    um sinal que todos somos diferentes, e que essa diferença, antes de ser

    algo negativo, pode nos levar a atitudes mais tolerantes com as diversas

    dificuldades humanas”. (CORRER, 2003, P.18)

    Nos últimos anos, tivemos duas siglas que foram bastante utilizadas no

    tratamento aos deficientes. A primeira mais utilizada foi Pessoa Portadora de

    Deficiência (PPD) que, por solicitação dos próprios deficientes, foi modificada para

    Portador de Necessidades Especiais (PNE) com o argumento de que quem porta

    algo pode em algum momento deixar de portar.

    Além disso, foi verificado que essa expressão englobava não só os

    deficientes, mas como também os idosos, gestantes, crianças ou algum indivíduo

    que estivesse em alguma situação com necessidade de algum tratamento

    diferenciado, conforme observado por Sassaki:

    “A expressão pessoa com necessidades especiais é um gênero que

    contém as pessoas com deficiência, mas também acolhe idosos, as

    gestantes, enfim, qualquer situação que implique tratamento diferenciado.

    Igualmente se abandona a expressão pessoa portadora de deficiência com

    uma concordância em nível nacional visto que as deficiências não se

    portam, o que tem sido motivo para que se use, mais recentemente a forma

    pessoa com deficiência.” (SASSAKI, 2003, p.1236).

    Muitas pesquisas e discussões foram realizadas sobre este assunto, a nível

    mundial, enfim ficou definida a terminologia “Pessoas com deficiência” (PCD),

    adotada pela Constituição Federal de 1988 e pela legislação em vigor, como a mais

    adequada para nos referirmos a esses indivíduos, visto que as deficiências não se

    portam, estão na pessoa ou com a pessoa.

    A Declaração dos Direitos dos Deficientes, adotada pela Assembléia Geral da

    ONU, através da resolução 3.447/75 dispõem no seu Art.

    1º o seguinte:

    “O termo ‘deficiente’ designa toda pessoa em estado de

    incapacidade de promover a si mesma, no todo ou em parte, as

    necessidades de uma vida pessoal ou social normal, em consequência de

    uma deficiência congênita ou não de suas faculdades físicas ou mentais”.

  • 17

    (MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – PROCURADORIA GERAL DO

    TRABALHO, 2000, p.39).

    O CONADE (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência),

    através do decreto de nº 3.298/99, dispõe no seu Art. 3º o seguinte:

    “Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou

    função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o

    desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser

    humano”. (BRASIL, Lei de nº 3.298/99, 20 de Dezembro de 1999, art.3º,I).

    Atualmente, é cada vez mais frequente a preocupação de organizações como

    a ONU, CONADE e CORDE, por exemplo, na luta pela conscientização e inclusão

    social desses indivíduos, e podemos dizer, que já alcançamos grandes avanços

    através de pesquisas que, hoje, refletem a realidade dos PCDs de maneira mais

    positiva.

    Esta preocupação vai desde assegurar a essas pessoas uma vida social e

    econômica igualitária, mas como também garantir que o tratamento utilizado ao se

    referirem a estes indivíduos fosse feito de maneira mais respeitosa e livre de

    quaisquer tipos de preconceitos, que pudesse agregá-los a sociedade como

    cidadãos, independentemente do seu tipo de sequela.

    É preciso que haja uma mudança na mentalidade da sociedade e das

    empresas de um modo geral, que precisa aprender a conviver com as diferenças e

    passar a pensar de forma inclusiva. Já evoluímos, mas ainda é necessário mais. As

    oportunidades e a inclusão possibilitará às pessoas portadoras de deficiência a

    capacidade de produzir e contribuir para sua satisfação pessoal e profissional.

    Atualmente, de um lado, temos as empresas em busca por um crescimento

    equilibrado e sustentável, e do outro, o importante impulso dos portadores de

    deficiência e de seus familiares para atingir a independência, de forma a torná-los

    parte da sociedade.

    O mundo corporativo precisa ter mais interesse em buscar compreender a

    questão da diversidade e praticá-la da melhor maneira, para que no futuro estes

    indivíduos sejam independentes e vistos igualmente, quando comparados a

    qualquer outro profissional.

  • 18

    CAPÍTULO II

    O PROCESSO HISTÓRICO DA INCLUSÃO DOS DEFICIENTES NO MUNDO E NO BRASIL

    2.1. Da exclusão à inclusão: Uma trajetória histórico cultural

    É sempre importante conhecermos a história de grandes movimentos e

    causas de extrema relevância mundialmente e em nosso País.

    De acordo com Silva, Maria de Fátima (2008), pedagoga com 20 anos de

    experiência na área da Educação e Recursos Humanos, que vem desenvolvendo

    programas de Inclusão e Responsabilidade Social, ela diz em um de seus estudos

    sobre diversidade, que conhecer a história facilita para a compreensão das relações

    sociais que a sociedade mantém com seus membros com deficiência desde o

    período antes de Cristo até os dias atuais.

    Quando nos deparamos com essas pessoas, nossas atitudes revelam não

    somente as crenças e nossos valores individuais, como também o contexto social

    em que vivemos. Através de um condicionamento cultural “aprendemos” os

    preconceitos e reproduzimos estigmas de acordo com cada momento histórico.

    Dessa forma, a trajetória histórico/cultural das pessoas com deficiência reflete como

    se desenvolveram os valores da humanidade e nos ajudam a entender os motivos

    por que um dia condenamos ao extermínio membros imperfeitos e hoje estamos

    aprendendo cada dia mais a conviver com a diversidade humana.

    Os povos da antiguidade possuíam uma visão mística acerca da deficiência,

    entendida por alguma culpa vinculada a algum pecado cometido ou resultante da

    ação do sobrenatural, inspirava o medo, a repugnância e as pessoas com

    deficiências eram exorcizadas.

    Por outro lado, muitas deficiências podiam ser adquiridas sendo comum

    nessa época a prática da mutilação como forma de punição a não obediência às

    regras sociais, ou mesmo como castigo aos guerreiros que perdiam uma batalha.

  • 19

    Na Grécia antiga cultivou-se a visão espartana do homem forte e perfeito e

    assim crianças que nasciam com deformidades podiam ser abandonadas em

    lugares sagrados ou nas florestas. Por outro lado, os soldados mutilados em função

    de seus atos heroicos nas guerras recebiam um tratamento mais digno, beneficiados

    com práticas terapêuticas de cura e alívio como recompensa.

    Com a chegada do Cristianismo pregando valores de amor ao próximo, o

    tratamento aos doentes e deficientes é marcado por uma postura de caridade e de

    tolerância. As diferenças e desigualdades entre os homens são agora aceitas com

    resignação e fatalidade, conduzindo agora a prática do assistencialismo, surgindo

    nesse momento o atendimento destas pessoas nos hospitais e asilos mantidos por

    igrejas. Por exemplo, na idade média a pessoa com hanseníase (doença contagiosa

    conhecida popularmente como lepra) era banida da cidade e com alguma sorte

    podia ser recolhida pelos “leprosários”. Amparados por essa ideologia cristã,

    presente desde a época do Feudalismo, podemos identificar ainda hoje muitas

    instituições de atendimento a pessoa com deficiência, um modelo paternalista e

    segregacionista.

    Somente com o Renascimento foi possível uma mudança significativa na

    posição da sociedade frente a pessoa com deficiência, abrindo-se o caminho para

    ciência, afastando-se da visão mística.

    O avanço do conhecimento humano permite o desenvolvimento de técnicas

    de reabilitação da pessoa com deficiência na área da educação e da medicina.

    A ortopedia transforma-se em uma grande especialidade médica,

    desenvolvendo próteses e aparelhos de apoio e correção de deformidades.

    No século XIX surgiram escolas especializadas para cegos na Europa e EUA

    e é desenvolvido o método Braille. A capacidade de trabalho das pessoas com

    deficiência começa a ser valorizada e estas começam a aprender algum ofício.

    Nessa época merece destaque Hellen Keller, cega e surda de nascença que

    educada por Ane Sullivan passa a dedicar toda a sua existência ao trabalho para as

    pessoas com deficiência.

    2.2. Importância do Século XX

  • 20

    Sob a tutela do Estado, os “loucos”, “incapazes”, “deficientes” até então

    reclusos nas casas de internação inciam sua participação nas relações sociais e de

    trabalho. Passam a exercer sua cidadania, no rastro das mudanças sociais,

    alavancada pela revolução industrial que veio determinar maior necessidade de mão

    de obra. Os programas de reabilitação contemplam o treinamento profissional da

    pessoa portadora de deficiência, visando o desenvolvimento de suas

    potencialidades e capacidades. Porém o grande momento da reabilitação ocorre

    mesmo no século XX, com o avanço tecnológico, o progresso das ciências e uma

    postura filosófica mais engajada, se preocupando ainda mais com o bem estar do

    ser humano.

    Pelo mundo inteiro são criadas instituições especializadas no atendimento

    das deficiências e implantados programas de reabilitação. Organizações

    intergovernamentais, como a ONU, OMS E UNESCO passam a dar apoio, criando

    um intercâmbio de conhecimentos a respeito da pessoa com deficiência, que

    também passam a se organizar e lutar pelos seus direitos. Estamos então próximos

    do fim de um longo período de exclusão social.

    Por um longo período da história, as pessoas com deficiência permaneceram

    alijadas do convívio da sociedade marcadas pelo estigma da invalidez.

    Segundo Sassaki (1997) podemos identificar quatro fases que marcaram as

    relações sociais desse grupo: a fase de exclusão social que foi anterior ao século

    XX; a segregação institucional que predominou até os anos 50; fase da integração

    até os anos 70 e nos anos 80 inicia-se a discussão sobre a inclusão.

    Esse conceito de forma mais abrangente, definirá uma política de ações

    afirmativas em relação às pessoas com deficiência em direção aos seus direitos e

    respeito a sua cidadania. Em nosso país o movimento de inclusão ganha força a

    partir dos anos 90.

    A luta das pessoas com deficiência por seus direitos a cidadania organiza-se

    nos anos 70 em nível internacional, com a participação de diversos países, entre

    eles o Brasil referendando os documentos que vão estabelecer as diretrizes de ação

    em prol daquelas pessoas.

  • 21

    Em 1971, a assembleia geral da ONU proclamou a “Declaração dos Direitos

    das Pessoas com Retardo Mental”, e em 1975 aprovou a “Declaração dos Direitos

    das Pessoas Deficientes”.

    2.3. Pessoas com Deficiência e a luta pela cidadania

    Esses documentos internacionais enfatizam a não discriminação, o respeito, a

    dignidade, os direitos civis e políticos dos deficientes, o direito aos tratamentos que

    asseguram o desenvolvimento máximo de suas potencialidades, atendendo às suas

    necessidades especiais.

    O ano de 1981 foi eleito pela ONU, como o “Ano Internacional da Pessoa

    Portadora de Deficiência” e as nações discutiram os princípios da “participação e

    igualdade plenas.”

    A equiparação de oportunidades e acessibilidades aos bens e serviços da

    sociedade vão concretizando nessa década, ainda segundo Silva, Maria de Fátima

    (2008), com a aprovação pela Assembléia Geral das Nações Unidas, através da

    Resolução 37/52, de 3 de Dezembro de 1982 o PAM, Programa de Ação Mundial

    para a Pessoa Portadora de Deficiência.

    Na área do trabalho teve grande importância a Convenção 159 da OIT,

    realizada em Genebra em 1983, que provocou nos países membros a tomada de

    medidas para a formação profissional, colocação e emprego das pessoas com

    deficiência. O documento na área da educação intitulado de Declaração de

    Salamanca, em 1994, ao tratar democratização do ensino, recomenda práticas

    educacionais inclusivas, garantindo a presença de todos os alunos com

    necessidades especiais em escolas regulares.

    Em 2001, o Brasil promulga a Convenção da Guatemala da OEA –

    Organização dos Estados americanos, realizada na Guatemala em 1999 para

    eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas portadoras de

    deficiência.

    Finalmente a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, um

    Tratado Internacional, aprovado pela ONU em 2006, é promulgada pelo nosso país

  • 22

    em 09 de Julho de 2008. Esse fato recente aumentou a perspectiva de mudanças

    significativas para as pessoas com deficiência ao assegurar-lhes o exercício pleno e

    equitativo de todos os direitos humanos, liberdade e dignidade.

    2.4. Uma revisão conceitual do conceito “Deficiência”

    O enfoque da deficiência como conceito social possui uma definição que varia

    conforme os valores e ideais de uma dada cultura frente a um certo momento de sua

    história. O que é deficiente para alguns grupos, pode não ser para outros e as

    reações das pessoas variam entre os diferentes grupos sociais. Nas sociedades

    civilizadas surge um grande esforço em reduzir as limitações das pessoas com

    deficiência, na medida em que novos métodos de reabilitação clínica e de

    assistência educativa foram sendo desenvolvidos.

    “Um ambiente preparado para as diferenças não exclui e permite o acesso e a integração

    plena, desde o ponto de vista funcional e psicológico, naquelas atividades diárias realizadas por

    todos, redefinindo assim o próprio conceito de deficiência.” (FERRÉS, 2006, p. 22)

    Dessa forma, a pessoa com deficiência encontra-se em maior desvantagem

    social se o ambiente não oferece meios que facilitem sua adaptação e integração.

    Por outro lado, se as condições de acessibilidade (normas que garantem a

    funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou removam obstáculos

    às pessoas com deficiência e permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e

    a meios de transporte) são favoráveis, com certeza a deficiência não causará tantas

    limitações.

    Essa é a nova perspectiva para se compreender a deficiência na atualidade: a

    inserção da pessoa em seu ambiente definirá sua condição.

    Considerando que a deficiência causa limitações em alguma função do

    indivíduo, como por exemplo, uma perna amputada limita a locomoção, podemos

    otimizar o ambiente reduzindo a limitação funcional, proporcionando serviços,

    apoios, tecnologias e treinamento, focalizando o desenvolvimento da pessoa em

    suas habilidades potenciais. Ainda com o mesmo tipo de exemplo, uma pessoa que

    tem a perna amputada, com apoio de muletas é beneficiada ao caminhar em áreas

    com rampas, ao invés de escadas.

  • 23

    As palavras chaves passam a ser capacidade, ambiente, apoio e essa revisão

    de conceitos apresenta uma interface com o conceito de qualidade de vida. Cabe

    agora a sociedade planejar seus sistemas de suporte com prestação de serviços

    que visam o bem-estar da pessoa com deficiência e sua inclusão social.

    Segundo Sassaki, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para

    todos. Vol. 174. WVA, 1997:

    “A sociedade atravessou diversas fases no que se refere às

    práticas sociais. Ela excluiu as pessoas com condições atípicas, depois

    passou a atendê-las em instituições segregadas, como escolas especiais,

    centros de reabilitação etc. Em seguida veio a prática da integração social,

    a inserção pura e simples das pessoas com deficiências, que conseguiam,

    por méritos próprios, utilizar espaços físicos e sociais sem nada modificar na

    sociedade. Alguns necessitavam de adaptação para tentar a convivência

    com os não deficientes, outros já foram inseridos em ambientes separados,

    dentro dos sistemas gerais, ex.: Classe especial dentro da escola regular. ”

    Para o autor, é a sociedade que deve ser modificada para incluir todas as

    pessoas. Ela precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros.

    A entrada no século XXI já traz como marcas importantes iniciativas para a

    promoção e a defesa dos Direitos Humanos no Brasil e, de maneira especial, dos

    direitos das pessoas com deficiência. Os desafios ainda são muitos, mas são

    inequívocas e inúmeras as conquistas. O Ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de

    Direitos Humanos da Presidência da República, em entrevista alusiva ao Dia

    Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência (em 21 de setembro de 2010)

    sintetizou: “os avanços na área das pessoas com deficiência são visíveis, em termos

    orçamentários, institucionais, de participação social, no marco legal e de integração

    entre os ministérios.” O Decreto da Acessibilidade, a Lei do Cão Guia e a ratificação

    da Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência são os

    destaques no marco legal.

    A realização de duas Conferências Nacionais dos Direitos da Pessoa com

    Deficiência, organizadas pelo CONADE e pela CORDE, e a ratificação da

    Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência

    colocaram o tema num novo patamar no País. Tanto o texto da Convenção, como as

  • 24

    deliberações das Conferências incorporam os avanços conceituais e terminológicos

    pelos quais o movimento lutou, no Brasil e no mundo, nos últimos trinta anos. No

    caso do Brasil, a Convenção foi ratificada com equivalência de emenda

    constitucional e, com relação às Conferências, consolidou-se um espaço

    participativo de deliberação nas políticas públicas.

    Destaques da Legislação ano a ano, de acordo com o site “Bengala legal”:

    2004: Estabelecidas normas gerais e critérios básicos para a promoção da

    acessibilidade arquitetônica e urbanística, de transportes, na informação e

    comunicação e ajudas técnicas – resultado de debates, propostas, sistematizações

    e consultas públicas (coordenação SDH).

    2005: a Língua Brasileira de Sinais (Libras) meio legal de comunicação e

    expressão, é incluída como disciplina curricular; simultaneamente, é prevista e

    certificada a formação de professores e instrutores e garantida a formação do

    tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa; dados do Censo Educação

    Superior/2008 (INEP/MEC) demonstram que a disciplina de Libras foi ofertada em

    7.614 cursos superiores; foram formados também 2.401 docentes para o ensino da

    Libras e já existe um total de 2.725 intérpretes à disposição de alunos surdos ou

    com deficiência auditiva (coordenação MEC).

    2006: Garantido à pessoa com deficiência visual usuária de cão-guia o direito

    de ingressar e permanecer com o animal em todos os locais públicos ou privados de

    uso coletivo (coordenação SDH).

    2007: Regulamentada a concessão de pensão especial às pessoas atingidas

    pela hanseníase que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios; o

    Brasil é o primeiro país do ocidente a reconhecer essa ação como violação de

    Direitos Humanos; foi instituída a Comissão Interministerial de Avaliação dos

    requerimentos de indenização; 4.389 pessoas já foram beneficiadas com a pensão,

    de dezembro de 2007 a dezembro de 2009 (coordenação SDH).

    2008: Ratificados os textos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

    Deficiência e seu Protocolo Facultativo. A Convenção, que cuida dos direitos civis,

    políticos, econômicos, sociais e culturais dos cidadãos com deficiência, passa a ser

  • 25

    o primeiro tratado internacional de direitos humanos ratificado com equivalência

    constitucional, nos termos da Emenda Constitucional 45/2004 (coordenação SDH).

    2009: Decreto n° 6.980: A Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos

    da Pessoa com Deficiência sucede a Coordenadoria Nacional para Integração da

    Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE. Com a estrutura maior e com o novo

    status, o órgão gestor federal de coordenação e articulação das ações de promoção,

    defesa e garantia de direitos humanos desse conjunto de 24,5 milhões de brasileiros

    tem mais alcance, interlocução e capacidade de dar respostas às novas demandas

    do segmento.

    2010: Estabelecidas normas para o pagamento da indenização por dano

    moral às pessoas que adquiriram deficiência física decorrente do uso da Talidomida.

    A assinatura do Decreto contou com o apoio do Poder Legislativo e foi resultado de

    uma grande articulação política da assessoria parlamentar da Casa Civil e da

    Secretaria de Direitos Humanos (SDH/PR). O Instituto Nacional do Seguro Social

    (INSS) ficará responsável pela operacionalização do pagamento da indenização

  • 26

    CAPÍTULO III

    ALÉM DA LEI DE COTAS

    3.1. O Mercado de Trabalho e a Responsabilidade Social

    Responsabilidade (vem do latim “responsabilitate”, ato de responder) Social

    (do latim “societas” (associação amistosa) refere-se às atitudes que as empresas e

    indivíduos tomam para cumprir deveres e obrigações para com a comunidade em

    geral). É um termo relativamente novo, que vem conquistando cada dia mais

    adeptos, por ser uma estratégia dos empreendedores que julgam importância não só

    investir em projetos sociais, mas também em viabilizar condições de trabalho para

    os funcionários, criando um ambiente leve e produtivo.

    A responsabilidade social visa, principalmente, que as empresas possam

    contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. A tomada

    de atitudes para mostrar a responsabilidade social é feita nas empresas de forma

    voluntária, independente de incentivos fiscais ou legislação, embora acabe se

    tornando uma necessidade por envolver benefícios para a coletividade que apoia a

    atividade empresarial. A responsabilidade social tem levado as empresas a

    repensarem suas obrigações perante a sociedade, pois hoje, tem-se demonstrado

    ser fundamental para a continuidade de uma marca no mercado a consciência com

    que cada empresa trata o ser humano.

    Froes e Melo (2001), no livro “Gestão da responsabilidade social corporativa:

    o caso brasileiro” faz uma análise do investimento das empresas, mostrando que as

    mesmas lucram socialmente quando as ações internas dão bons resultados.

    Segundo eles, os dados apontam que a produtividade aumenta e que, quando as 11

    empresas investem em habilidades e talentos, os funcionários se sentem motivados,

    com isso, ganha a empresa, que gasta menos com a saúde dos funcionários. Nesse

    sentido, “A responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e

    fomentar a cidadania individual e coletiva. [...] As ações de responsabilidade social

    são extensivas a todos os que participam da vida em sociedade – indivíduo,

    governo, empresa, grupos sociais, movimentos sociais, igrejas, partidos políticos e

    outras instituições.” (FROES; MELO, 2001, p. 27).

  • 27

    A responsabilidade social é, portanto, uma ação coletiva e uma mobilização

    cívica destinada a um grupo e extensiva a todos, podendo, sim, estar

    completamente relacionada à inclusão social e à cidadania coletiva das massas

    populares, em que todos se tornam agentes de mudança.

    Froes e Melo (2001), com referência a Leonardo Boff, afirmam: “Vivemos um

    difuso mal-estar da civilização”. Isso se dá pelo descuido, descaso e abandono.

    Segundo Boff (1999, p. 97 apud FROES; MELO, 2001), há dois modos de ser no

    mundo: o trabalho e o cuidado. Aí emerge o processo de construção da realidade

    humana. Diante disso, os sujeitos se transformam a realidade, através de uma

    construção dialética. Sendo o grande desafio para o ser humano combinar trabalho

    com cuidado, que não se opõem, mas se compõem”.

    A responsabilidade social é um exercício que considera os projetos sociais e

    as ações comunitárias. A primeira se refere a empreendimentos voltados à busca de

    problemas sociais que afligem a sociedade, sendo necessárias atitudes imediatas. A

    segunda trata-se da participação de empresas em campanhas sociais, realizadas

    por fundações filantrópicas e governamentais, entre outras. Um exemplo destas

    ações são as doações de apoio a grupos, como creche, escolas, instituições de

    abrigo etc. (FROES; MELO, 2001).

    A responsabilidade como um ato social é muito mais que um cuidado. É uma

    conduta ética, talvez essa seja a razão do conhecido slogan “RESPONSABILIDADE

    SOCIAL”.

    3.2. As Demandas da Legislação e o Trabalho

    A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é a principal norma legislativa

    brasileira referente ao Direito do Trabalho e o Direito Processual do Trabalho. Criada

    pelo Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e sancionada pelo então

    presidente Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo, ela unifica toda

    legislação trabalhista existente no Brasil. O seu objetivo principal é a

    regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho. Além disso, a CLT

    reflete sobre a oferta e demanda do bem e do serviço.

  • 28

    O homem sempre lutou por mudanças na busca de seus direitos e conquistou

    alguns que lhes possibilita hoje uma vida mais digna. Atualmente, no século XXI, a

    massa excluída está sendo tratada com maior cuidado pela legislação brasileira,

    criando novos parâmetros políticos e, porque não dizer, econômicos e sociais.

    No Brasil, foram criados diversos Decretos e Emendas para justificar fatos ou

    situações e, assim, ganhar a importante força de lei, tendo como referência o bem-

    estar do cidadão, mobilizando uma política a favor do direito de ir e vir, de trabalhar

    e de estudar, como qualquer sujeito do Estado Federativo do Brasil, estendendo-se

    também é claro, ao deficiente.

    Na Constituição Federal de 1988 está posto o princípio de igualdade e da

    dignidade do ser humano. O art. 7o trata diretamente do direito dos trabalhadores ao

    dispor que:

    Art. 7o. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

    visem à melhoria de sua condição:

    I- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem

    justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização

    compensatória, dentre outros direitos; II -seguro-desemprego, em caso de

    desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IV –

    salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a

    suas necessidades vitais básicas e às de sua família, com moradia,

    alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e

    previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder

    aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; […] VIII - décimo

    terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da

    aposentadoria; [...]

    É fundamental ao cidadão ter conhecimento de seus direitos e que estão

    dispostos na legislação, bem como dos deveres para uma prática de cidadania.

    A Lei de Cotas, que tem base na Convenção no 150/83, da Organização

    Internacional do Trabalho, foi incorporada no Decreto Legislativo no 51, de 28 de

    agosto de 1989, ganhando força de lei. Desta forma, as pessoas com deficiência

    dispõem dos demais benefícios sociais entre os quais: orientação; formação

  • 29

    profissional e educacional; de emprego, não podendo ser negada a sua igualdade

    perante os demais cidadãos (BRASIL, 2007).

    Essa regulamentação da convenção editou, durante 69a Conferência,

    realizada em Genebra, em 1o de junho de 1983, a Recomendação no 168, que trata

    da reabilitação profissional e do emprego às pessoas com necessidades especiais.

    Em 13 de dezembro de 2006, a Assembleia Geral da Organização

    das Nações Unidas (ONU) aprovou a Convenção Internacional de Direito da

    Pessoa com Deficiência, o primeiro documento de direito do século XXI e o

    oitavo da ONU. Trata-se de importantíssimo instrumento de aprimoramento

    dos direitos humanos, não apenas porque atende as necessidades

    específicas desse grupo, que conta com cerca 650 milhões de pessoas com

    deficiência em todo o mundo. [...] mas, acima de tudo, porque revigora, os

    direitos humanos, hoje ameaçados por guerras consideradas ilegais pela

    ONU e pelo avanço do mercado global, em detrimento de direitos sociais

    antes consolidado ( BRASIL, 2007. p. 13).

    Com certeza, este dado já mudou, mas não se pode deixar de pensar que é

    preciso analisar as possibilidades deste público e não somente a sua deficiência,

    como já foi mencionado.

    A Lei de Cotas estabelece a obrigatoriedade das empresas na contratação de

    pessoas com deficiência no mercado de trabalho, determinando uma porcentagem

    específica. Uma empresa que possui 100 (cem) ou mais funcionários precisa

    preencher uma parcela de 2% (dois por cento) de seus cargos com pessoas com

    deficiência.

    Entre as normas internacionais existentes, como Decretos que conferem

    status de lei nacional no Brasil, encontra-se a Convenção no 159/83 da OIT e a

    Convenção Interamericana. Tratam de toda e qualquer discriminação contra

    pessoas com deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala,

    promulgada em 8 de outubro de 2001.

    A Convenção da Guatemala afirma que as pessoas com deficiência possuem

    os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas,

    definindo como discriminação, com base na deficiência, toda diferenciação ou

    exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas

  • 30

    liberdades fundamentais. Desta forma, ambas as Convenções auxiliam a lei que

    trata das pessoas com limitação física, mental, sensorial ou múltipla, e que possuem

    incapacidade para o exercício de atividades normais. Em razão dessa incapacidade,

    tinham dificuldade de inserção social.

    De acordo com isto, é necessário abrirmos os olhos para este novo campo de

    trabalho e potencializar as pessoas, não apenas com deficiência, ver novas formas

    de agir no mundo e pensar no futuro com maior responsabilidade, pois diariamente

    crescem as dificuldades no mercado de trabalho. As disputas por vagas são grandes

    e a procura se mantém cada vez mais acirrada. Talvez a maior dificuldade das

    empresas para adotar um projeto de inclusão seja o desconhecimento a respeito das

    deficiências e as possibilidades e habilidades destes profissionais. Nos abrirmos

    para o novo é algo que possui somente um lado, o lado positivo.

    Conforme o Ministério do Trabalho (2007), as políticas internacionais de

    incentivo ao trabalho das pessoas com deficiência envolvem providências que vão

    desde a reserva obrigatória de vagas dentro das empresas, até o incentivo fiscal e

    propiciar condições empresariais em favor de fundos públicos, para subsidiar

    programas de formação profissional, no âmbito privado e público.

    Uma fato, Portugal estabelece a cota de 2% no trabalho privado e 5% na

    tarefa administrativa pública, sendo uma cota mínima, comparada à da Alemanha,

    que determina para as empresas com mais de 16 empregados uma cota de 6%,

    incentivo para o fundo de formação profissional de pessoas com

    deficiência.(BRASIL, 2007).

    Além disso, existem ainda alguns países, como a Bélgica, que não há um

    percentual legal para a iniciativa privada. É estabelecida por sindicatos e por

    representantes patronais para cada ramo da economia. Segundo os EUA, são

    inexistentes cotas legais fixadas, uma vez que as medidas afirmativas dessa

    natureza decorrem de decisões judiciais. (BRASIL,2007).

    No Brasil, a legislação estabelece obrigatoriamente que uma empresa com

    100 (cem) funcionários preencha uma parcela de seus cargos com pessoas com

    deficiência, conforme dispõe o art. 93 da Lei no 8.213/91.

  • 31

    Percentuais estabelecidos pela legislação brasileira para a contratação de

    pessoas com necessidades especiais:

    - de 100 até 200 funcionários - 2%

    - de 201 a 500 funcionários - 3%

    - de 501 a 1000 funcionários - 4%

    - de 1001 em diante funcionários – 5%

    (FONTE: BRASIL (2007. p. 20)

    Nos percentuais acima, visualizam-se as cotas previstas na legislação

    brasileira a cada empresa e, com a fiscalização do governo, está em vigor a

    contratação das pessoas com necessidades especiais. Assim, como em outros

    países, se estabelece um fundo formativo. É importante esta ação, podendo

    administrar com mais serenidade e não apenas contratar os portadores de

    necessidades especiais para cumprir com a legislação, o pensamento não é mais

    somente este. São pessoas que necessitam de atenção e acompanhamento. Por

    outro lado, é de suma importância a busca do mercado de trabalho por todos, sem

    descriminação, com vista ao reconhecimento de seus esforços por aquilo que

    acreditam ser e pelo que podem fazer para serem reconhecidos.

    O trabalho pode ser apontado como uma fonte simbólica de prática social.

    Este mercado que a cada dia está mais seletivo e que exige muita

    profissionalização, é promissor, sendo necessário investir tanto no empregado

    como no empregador.

    A Lei de Cotas trouxe somente benefícios, deixando claro que todas as

    pessoas, sem discriminação, estão amparadas por uma condição legal e sistemática

    do trabalho.

    Entendemos então que, todos têm as mesmas condições. No entanto, muitos

    não conseguem se inserir no mercado de trabalho ainda por resistência da família,

    ou por discriminação ou preconceito. A sociedade em geral, através das empresas e

  • 32

    de demais instituições, ajudam a preencher esta lacuna, firmando parcerias na

    busca de um espaço para a conquista real da cidadania.

    O ingresso das pessoas com deficiência no mercado de trabalho intensifica o

    processo da “Inclusão Social”. Para ocorrer uma inovação no mundo, é necessário

    ações que acabem com a exclusão social. As questões pertinentes à inclusão são

    inferidas pela cultura de cada local e de como a pessoa absorve esta cultura em

    uma experiência sua, particular.

    A inclusão não significa tornar todos iguais, mas respeitar a diferença e olhar

    com cuidado para os sujeitos que apresentam necessidades especiais. Desta forma,

    o processo de inserção/inclusão social é a oportunidade de o ser humano se tornar

    muito mais acessível nas suas relações sociais, sendo um paradigma da sociedade

    moderna a busca da participação das pessoas em todas as adaptações sociais.

    A questão inclusiva ainda exige mudanças significativas no modo de

    estabelecer uma relação com o outro, de maneira a provocar uma transformação

    histórica em relação ao respeito à diversidade e no que se refere ao estabelecimento

    de uma relação mais sincera.

    3.3. A Importância de um Bom Relacionamento com os PCDS

    A inclusão é um processo de mudança dentro de uma empresa,

    principalmente para aqueles que convivem e trabalham diretamente com a pessoa

    com deficiência (o PCD). Se você não tem contato direto com uma PCD pode estar

    se perguntando “Como agir?” “Como se relacionar?”. Bom, a resposta é simples, de

    forma natural da mesma forma que você trataria qualquer outro colega de trabalho.

    Ao lidar com pessoas com deficiência, lembre-se que não há diferença alguma entre

    você e elas. Pergunte sempre se pode ajudá-lo ou como pode ajudá-lo. Não se

    ofenda se ele não aceitar sua ajuda.

    Deficientes Físicos:

    - Em conversas prolongadas, procure se sentar;

    - Nunca se apoie em cadeiras de rodas, bengalas ou andadores;

  • 33

    - Acompanhe o ritmo da pessoa;

    - As palavras “corra” ou “ande”, no sentido figurado, podem ser usadas

    naturalmente.

    Deficientes Visuais:

    - Comunicação verbal é essencial;

    - Ao indicar uma cadeira, coloque as mãos da pessoa no encosto;

    - Mantenha áreas comuns desobstruídas;

    - As palavras “olhe” ou “veja”, no sentido figurado podem ser usadas

    naturalmente.

    Deficientes Auditivos:

    - Não adianta gritar;

    - Chame a atenção da pessoa, colocando-se em seu campo visual;

    - Fale pausadamente e articulando as palavras;

    - Tenha paciência e use a criatividade.

    Deficientes Intelectuais:

    - Não tenha pressa;

    - Não infantilize a pessoa. Se for adulto, trate-o como adulto;

    - Tenha consciência de sua condição intelectual;

    - Não subestime sua inteligência.

    (FONTE: Oliveira, Jamile. “O respeito à diversidade humana é o primeiro passo para

    construirmos uma empresa inclusiva”. Rio de Janeiro: Revista “Entre Nós”

    “ABBOTT”, 2015).

  • 34

    Dentro das organizações é importante lembrar que o processo de Recrutamento e

    Seleção dos PCD’S não devem ser diferentes dos demais candidatos, pois isto

    caracterizaria discriminação, o que seria totalmente o oposto do significado genuíno

    da inclusão destes profissionais dentro do mercado de trabalho. Esta igualdade deve

    estar presente também aos cargos que são oferecidos a estas pessoas, pois acaba

    sendo muito comum não haver cargos de gestão para estes indivíduos e até mesmo

    diferença de salários, o que também contraria totalmente o objetivo e propósito de

    inclusão para com estas pessoas.

    O respeito ao próximo é um sinal de respeito a si mesmo porque, ao agir dessa

    maneira, estará se mostrando digno de que ajam contigo assim também.

  • 35

    CONCLUSÃO

    Diante de tudo que foi citado neste estudo monográfico, podemos observar

    que a sociedade tem ainda uma resistência ao olhar o diferente, impossibilitando de

    certa forma sua progressão, mas, com o surgimento e a obrigatoriedade da Lei de

    Cotas, começaram a ser analisadas as possibilidades destes sujeitos. Percebe-se

    agora o que pode ser realizado pela pessoa com deficiência e não focam apenas

    nas suas limitações. Desta forma, o trabalho é um processo de inserção social, pois

    é por este meio que os homens e mulheres atendem às suas necessidades básicas

    e sua subjetividade nas relações com o outro. Buscam o seu lugar na sociedade

    pelas relações trabalhistas igualitárias, e a Lei de Cotas auxilia a inclusão destas

    pessoas na atuação no mercado de trabalho e na própria construção da existência

    humana. Conferimos também o conceito de Responsabilidade Social, o atrelando

    diretamente ao processo de Inclusão.

    Ainda é muito longo o caminho a ser percorrido para a efetivação concreta da

    Inclusão, pois ainda existem muitos desafios, entre os quais, a resistência oculta

    pela não acessibilidade e demais questões ainda não estão totalmente organizadas.

    A resistência é visível em vários setores: governo, que parece fechar os olhos para

    certas situações; empresas que incluem pessoas com necessidades especiais

    apenas para atender à legislação; a sociedade que, de um modo geral, não percebe

    o diferente e, o próprio portador de deficiência, que internaliza a impossibilidade e

    não luta pela mudança. Ele acaba se vitimizando.

    O acesso dos deficientes ao mercado de trabalho, apesar de estimulado e

    garantido pela Lei, ainda não é pleno. Todos possuem o direito a educação e ao

    trabalho, direito este garantido pela Constituição, mas ainda existem muitas

    barreiras a serem ultrapassadas e derrubadas. Vimos que estas barreiras não são

    de hoje, mas sim, desde a antiguidade.

    Estes sujeitos precisam lutar para garantir ainda mais seus direitos de

    cidadãos, o simples fato de se locomover em locais públicos, ter seu direito de ir e

    vir, ter acesso facilitado e ter ainda mais participação na sociedade de maneira

    integral ou ativa ainda não se encontra próximo do que podemos chamar de

    satisfatório. O processo vem sendo de maneira lenta. Apesar desta lentidão, este é

  • 36

    um grande marco para a inclusão e caracteriza uma nova postura para as demandas

    de trabalho. As relações do trabalho e da sociedade estão sendo construídas

    positivamente e as resistências estão se perdendo.

    A informação se faz extremamente necessária, pois através dela, essa

    resistência do ambiente corporativo pode ser diluída. Quanto mais conhecimento

    sobre este assunto for fornecido aos colaboradores, mais fácil se estabelece esta

    relação, o que possibilita uma mudança de conceito sobre as habilidades e

    capacidades que estes profissionais possuem.

    As organizações e nós, como sociedade, devemos rever no que diz respeito

    as ações que necessitam ser tomadas para que os deficientes tenham uma vida

    digna, assim como todo e qualquer cidadão merece. Uma boa estrutura corporativa

    engajada em Gestão de Pessoas faz um enorme diferencial neste tipo de processo,

    se torna fundamental.

    Incluir o próprio deficiente e seus familiares no processo também é de suma

    importância, pois eles não devem agir ou serem tratados como vítimas, mas como

    indivíduos “normais”, capazes de produzir e atuar de forma mais efetiva seja no

    âmbito social, como no profissional.

    As pessoas com deficiência são capazes de contribuir para uma sociedade

    igualitária, mostrando os seus valores, não somente no mundo corporativo, mas

    também no ambiente social o qual convive.

    Podemos afirmar que existem muitas ações que nós, como sociedade e

    organização podemos realizar para de fato aumentarmos a inclusão social em nossa

    empresa, cidade e até mesmo em nosso país. A ideia é de algo extensivo, de

    mudanças e de acolhida a estas pessoas de um modo geral.

    Há muitos avanços no mercado de trabalho e existem muitos movimentos

    interessantes e marcantes na inclusão, um exemplo é quando um colega de trabalho

    estreita sua relação e é receptivo verdadeiramente com uma pessoa com

    deficiência, esta postura gera enriquecimento na conduta social e estimula o

    encontro com o diferente. Isto se organiza em um contexto de respeito mútuo, no

    qual o olhar se dirige as possibilidades e não nas limitações.

  • 37

    O processo de inclusão no mercado de trabalho então, está sendo construído

    gradativamente, em decorrência da permanência justa das pessoas com deficiências

    em todo meio social.

  • 38

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    BRASIL – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO-OIT. Normas

    internacionais do trabalho sobre a reabilitação profissional e emprego de pessoas

    portadoras de deficiência. Brasília: Corde, 1997.

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    & Sociedade, 2007.

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    CORRER, R. Deficiência e inclusão social: construindo uma nova

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    ELY VERA HELENA MORO BINS; Desenho Universal: Apoio à decisão de

    projetos de espaços públicos. Florianópolis: UFSC, 2001.

    Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios

    da Previdência Social e dá outras providências.

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    PASTORE, JOSÉ. Oportunidade de trabalho para portadores de Deficiência.

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    RIBAS, JOÃO BAPTISTA CINTRA. Viva a diferença: convivendo com nossas

    restrições ou deficiências. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1996

    VANNUCHI, Paulo de Tarso. Convenção sobre os direitos das pessoas com

    deficiência. Brasília, 2007.

  • 39

    BIBLIOGRAFIA CITADA

    BRASIL. Decreto no 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei

    no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a

    Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e

    dá outras providências.

    CONADE (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência),

    através do decreto de nº 3.298/99, dispõe no seu Art. 3º

    CORRER, P.18. Educação Inclusiva, 2003,

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    Assembléia Geral da ONU, resolução 3.447/75.

    ELY VERA HELENA MORO BINS (2001), com a Política de Educação

    Especial

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    MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Lei de nº 10.098/00, DE 19 DE DEZEMBRO DE

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    OLIVEIRA, JAMILE. “O respeito à diversidade humana é o primeiro passo

    para construirmos uma empresa inclusiva”. Rio de Janeiro: Revista “Entre Nós”

    “ABBOTT”, 2015

    RAIS (Relação Anual de Informações Social), 2016; Número de pessoas com

    deficiência no mercado de trabalho formal brasileiro

  • 40

    SASSAKI, ROMEU KAZUMI. Inclusão. Construindo uma Sociedade para

    Todos. Rio de Janeiro: WVA, 1999.

    SASSAKI, ROMEU KAZUMI. Inclusão: Construindo uma sociedade para

    todos. Vol. 174. WVA, 1997:

    SASSAKI, ROMEU KAZUMI. Vida independente: história, movimento,

    liderança, conceito, reabilitação, emprego e terminologia. São Paulo: Revista

    Nacional de Reabilitação, 2003.

    SILVA, MARIA DE FÁTIMA. “Programa de Inclusão e Responsabilidade

    Social” Estudo de contribuição; FGV (2008)

  • 41

    WEBGRAFIA

    -http://cadeirando.blogspot.com.br/2012/01/conceitos-de-acessibilidade-

    nas.html

    Cadeirando – Sobre diversidade – Data de acesso: 12/04/2019.

    - http://www.deficienteonline.com.br/lei-8213-91-lei-de-cotas-para-deficientes-

    e-pessoas-com-deficiencia___77.html

    Deficiente Online – Lei de Cotas. Data de acesso: 12/04/2019.

    - http://www.bengalalegal.com/seculoxxi-historia-pcd

    Destaques da Legislação

    - http://www.portalacesse.com/2018/01/23/

    Lei de Cotas: RAIS registra aumento na contratação de pessoas com

    deficiência – Autor: Juliana Reis. Data de acesso: 11/03/2019.

    - http://www.bengalalegal.com/seculoxxi-historia-pcd

    O Século XXI – Deficiências – Autor: Mário Cléber Martins Lanna Júnior. Data

    de acesso: 08/04/2019.

    - https://www.significadosbr.com.br/responsabilidade-social

    Significado de Responsabilidade Social – Data de Acesso:

    02/04/2019.

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  • 42

    ÍNDICE

    FOLHA DE ROSTO.................................................................................................................2

    AGRADECIMENTO.................................................................................................................3

    DEDICATÓRIA.........................................................................................................................4

    RESUMO ...................................................................................................................................5

    METODOLOGIA ......................................................................................................................6

    SUMÁRIO .................................................................................................................................7

    INTRODUÇÃO .........................................................................................................................8

    CAPÍTULO I

    Significado Geral de Deficiência, Classificações e Tipos de deficiências

    existentes.............................................................................................................................. 10

    1.1. Significado Geral do Termo “Deficiência” ....................................................... 10

    1.2. Classificações e Tipos de Deficiências Existentes........................................ 11

    CAPÍTULO II

    O Processo Histórico da Inclusão dos Deficientes no Mundo e no Brasil ......... 18

    2.1. Da exclusão à inclusão: Uma trajetória histórico cultural ........................... 18

    2.2. Importância do Século XX .................................................................................... 19

    2.3. Pessoas com Deficiência e a luta pela cidadania .......................................... 21

    2.4. Uma revisão conceitual do conceito “Deficiência” ....................................... 22

    CAPÍTULO III

    Além da Lei de Cotas ......................................................................................................... 26

  • 43

    3.1. O Mercado de Trabalho e a Responsabilidade Social .................................. 26

    3.2. As Demandas da Legislação e o Trabalho ....................................................... 27

    3.3. A Importância de um Bom Relacionamento com os PCDS ......................... 32

    CONCLUSÃO........................................................................................................................ 35

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................................... 38

    BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................................... 39

    WEBGRAFIA......................................................................................................................... 41

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVMJULIANA DE ANDRADE RAMOSProf. PAULO JOSÉ

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVMSUMÁRIOINTRODUÇÃOCAPÍTULO ISignificado Geral de Deficiência, Classificações e Tipos de deficiências existentes.1.1. Significado Geral do Termo “Deficiência”1.2. Classificações e Tipos de Deficiências Existentes

    CAPÍTULO IIO PROCESSO HISTÓRICO DA INCLUSÃO DOS DEFICIENTES NO MUNDO E NO BRASILCAPÍTULO IIIALÉM DA LEI DE COTASCONCLUSÃOBIBLIOGRAFIA CONSULTADABIBLIOGRAFIA CITADAWEBGRAFIAÍNDICE