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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Importância dos Estudos Neurocientíficos para identificar
crianças que apresentam Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade no processo de ensino-aprendizagem,
na fase de alfabetização.
Por: Ana Paula Alexandre de Menezes Aguiar
Orientador
Profª Marta Relvas
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Importância dos Estudos Neurocientíficos para identificar
crianças que apresentam Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade no processo de ensino-aprendizagem,
na fase de alfabetização.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Ana Paula Alexandre de Menezes Aguiar.
3
AGRADECIMENTOS
Aos familiares presentes durante toda
a etapa do curso e aos amigos que
trilharam nesta jornada de saberes
neurocientíficos.
4
DEDICATÓRIA
Dedico em especial ao meu adorado e
companheiro de todas as horas, João
Carlos Veiga da Silva, ao meu maior
orgulho e tesouro, minha filha, Giulia
Alexandre Aguiar Silva e aos amigos
sempre presentes na minha caminhada
de formação continuada: Marly Veiga da
Silva, Jane Cunha, Damião Nascimento e
à minha querida irmã e futura professora
Rebekka de Menezes.
5
RESUMO
O trabalho apresentado tem por objetivo esclarecer ao leitor a
importância dos estudos neurocientíficos para identificar crianças que
apresentam o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH no
processo de ensino aprendizagem, na fase de alfabetização, bem como, a
importância de uma avaliação e de um diagnóstico fidedigno com as
características apresentadas pela criança com TDAH.
Além de abordar questões relacionadas diretamente ao transtorno, o
trabalho também aborda a posição da escola, do professor e da criança diante
do transtorno, fornecendo estratégias de como atuar em relação à criança, aos
conteúdos e ao processo de leitura e escrita das mesmas.
Apresenta ainda os aspectos neurobiológicos do cérebro da criança
portadora do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH,
ressaltando a importância do professor diante do avanço acadêmico dos
alunos e da sua competência profissional, visando o desenvolvimento de
habilidades que assegurem às crianças a sustentação do foco na sala de aula.
Palavras-chave: alfabetização, aprendizagem, avaliação, déficit de
atenção, diagnóstico, hiperatividade e transtorno.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido a partir de uma revisão
bibliográfica de alguns teóricos que discursam sobre o tema: Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, como: ROTTA, OHLEWILER e
RIESGO, RELVAS, Marta Pires, SAMPAIO, Simaia; FREITAS, Ivana Braga e
BARKLEY, R. A e OLIVIER, Lou.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Neurociência e o Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade -TDAH. 09
1.1 - A Avaliação e Diagnóstico do Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade e a Neurociência. 12
CAPÍTULO II - A escola, o professor e a criança com
TDAH. Como atuar diante do transtorno? 16
CAPÍTULO III - Estratégias para ajudar as crianças com
TDAH no processo de leitura e escrita e matemática
na fase de alfabetização. 24
3.1 - Aspectos neurobiológicos do cérebro do TDAH 27
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 34
8
INTRODUÇÃO
O trabalho apresentado aborda a importância de uma avaliação e de um
diagnóstico bastante criterioso em crianças que apresentam o Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, de forma fidedigna às suas
características, sintomas, que podem variar de acordo com cada caso, e acima
de tudo, deve ser respaldado por uma equipe multidisciplinar para que possam
ajudar tanto aos portadores como os familiares das crianças com TDAH.
É extremamente importante que pais, professores e profissionais de
saúde possam conhecer o desenvolvimento normal de uma criança para
estarem capacitados a identificar precocemente os sintomas do TDAH, que
muitas vezes pode se apresentar de modo sutil e de difícil diagnóstico.
Algumas famílias apresentam resistência ao saberem que a criança
apresenta o transtorno, daí a importância de se constituir parcerias com a
escola, família e com os profissionais de saúde visando um objetivo único, que
é o de dar suporte à criança com TDAH, encontrando estratégias para
conseguir o seu foco de atenção, estratégias, metodologias diferenciadas na
transmissão dos conteúdos e a realização de uma avaliação diferenciada de
forma que a criança possa compreender e realizar a mesma.
O TDAH ainda é um transtorno subdiagnosticado e subtratado em todo
o mundo. Precisamos esclarecer equívocos, desfazer mitos e fazer com que o
transtorno seja mais bem conhecido entre os profissionais de educação e que
seus portadores sejam encaminhados de forma correta para tratamento,
evitando assim rotulação e a medicalização em excesso.
9
CAPÍTULO I
A NEUROCIÊNCIA E O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE - TDAH.
Segundo SAMPAIO e FREITAS o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade é uma síndrome ligada ao desenvolvimento neurobiológico que
interfere diretamente no comportamento, contudo por desequilibrar os
mecanismos de atenção e memória muito utilizado na aprendizagem.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é considerado um
dos principais problemas crônicos da infância. RELVAS define o TDAH como
um transtorno psiquiátrico, neurobiológico mais comum da infância e da
adolescência, de causas ainda desconhecidas, mas com forte participação
genética na sua etiologia. Acompanha o sujeito por toda a vida. Não é um
transtorno de aprendizagem (TA), mas os sintomas são: desatenção,
impulsividade que afetam secundariamente a aprendizagem.
Apresentando em alguns casos comorbidades, com disruptivos do
comportamento como (transtorno de conduta e transtorno opositor desafiante,
depressão, ansiedade, sendo que tais fatores interferem no bom desempenho
escolar).
De acordo com o DSM-IV, o TDAH é uma síndrome. Rohde e Benczik
(1999:2) descrevem como um problema mental ou um transtorno da adaptação
não estático, que tem início na infância com predisposição a permanecer
durante a vida adulta.
É caracterizado por um conjunto de sintomas e sinais por meio de uma
tríade sintomatológica clássica: desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Esta deve permanecer pelo menos seis meses e manifestar-se nos diversos
10
ambientes sociais freqüentados por quem apresenta as características. Pode
ainda estar associado a outros transtornos ou distúrbios.
Ainda de acordo como DSM-IV, o índice de crianças em idade escolar
que se inserem neste quadro varia entre 5% a7%. Nos diversos estudos
realizados, muitas possíveis causas foram apresentadas. Estas podem estar
ligadas a fatores exógenos e endógenos, comprometendo o funcionamento
normal do cérebro, tendo como consequência alterações funcionais (ROTTA,
OHLWEILER e RIESGO, 2006).
Os fatores exógenos são classificados como pré-natal, perinatal e pós-
natais. Os pré-natais são aqueles relacionados à mãe no decorrer da gravidez,
como: o uso de drogas, álcool, tabaco, doenças crônicas, intoxicação,
hemorragias, entre outros, que aliados à interações materno-fetais, constituem
um quadro favorável ao desenvolvimento do transtorno. Uma delas, de
fundamental importância é a aceitação da gravidez e as condições emocionais
em que ocorreu a gestação. Os fatores perinatais são definidos como aqueles
que ocorrem durante o trabalho de parto e que possam, trazer reveses ao
desenvolvimento do bebê. Já os pós-natais relacionam-se a fatores que
possam interferir diretamente no desenvolvimento da criança: infecções do
sistema nervoso central – SNC, traumatismos, alterações metabólicas, etc.
Dos fatores endógenos, sem dúvidas, o caráter hereditário merece
investigação detalhada. É muito comum crianças com TDAH serem filhas de
pais com TDAH. Esses fatores aliados aos fatores ambientais geram uma
etiologia multifatorial. (ROTTA, OHLWEILER e RIESGO, 2006).
Considerar o ambiente em que a criança se insere é fundamental. Nele,
podemos destacar as condições sociais, a qualidades das trocas entre as
crianças e outras pessoas de sua convivência e condições psicoafetivas.
11
Segundo OLIVIER o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
pode ser definido como multifatorial associado a fatores ambientais e
genéticos. Variações e na morfologia do cérebro, onde estão presentes desde
a tenra idade com anormalidades no circuito frontoestriado/cerebelo,
principalmente no hemisfério direito, considerado responsável pela maioria dos
distúrbios de coordenação motora e por um programa subnormal sensório-
motor (a dopamina parece ser a principal alteração neuroquímica sublinhando
essas alterações morfológicas), além de outras causas possíveis. Mas não
muito divulgadas.
Estudos demonstram uma diminuição no metabolismo na região
frontal/orbital. Este distúrbio é caracterizado por uma hiperatividade exagerada,
tornando a criança irritada, impaciente para brincar, inclusive quebrando
constantemente seus brinquedos, muito chorona e com sono irregular.
Ainda de acordo com OLIVIER é importante analisar, apesar da maioria
dos indivíduos apresentarem um conjunto de sintomas e características de
desatenção, hiperatividade, impulsividade, existem algumas predominâncias e
variações que os classificam em subtipos: Combinados: Quando os sintomas
igualam-se em desatenção, hiperatividade, e impulsividade. Desatento –
Quando os sintomas pendem para desatenção, variando desde simples
desatenção até grande alienação. Hiperativo-Impulsivo – Quando os sintomas
aliam-se à hiperatividade-impulsividade
Segundo SCHMIDT na maioria dos estudos, o TDAH está associado a
alterações do córtex pré-frontal e de suas projeções a estruturas subcorticais.
Pesquisas recentes de neuroimagem têm avaliado em detalhes o circuito
frontoestrial, sobretudo na região do córtex pré-frontal, caudado para uma
alteração em córtex parietal posterior direito. Portanto poderíamos chamar o
TDAH de um transtorno frontossubcortical
12
Pesquisas realizadas em genética molecular apontam que o TDAH está
associado a disfunções dos neurotransmissores, principalmente do sistema
dopaminérgico e noradrenérgicos. (SARDBERG, 2002). Não há um gene
específico que explique as disfunções dos neurotransmissores, mas a
interação de vários genes está envolvida na função de neurotransmissores
diferentes (VOELLER, 2004). É consenso que nenhuma alteração em um só
sistema de neurotransmissores seja responsável por uma síndrome tão
heterogênea quanto o TDAH.
Os exames de neuroimagem tendem a mostrar que o cérebro de
crianças não portadoras de TDAH não funciona de forma idêntica aos das
crianças com TDAH, que têm o um desenvolvimento cerebral imaturo, e não
existe nenhuma evidência, até o momento, que garanta que os exames de
neuroimagem possam diagnosticar a hiperatividade.
1.1 - Avaliação e Diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade - TDAH e a Neurociência.
De acordo com SAMPAIO e FREITAS o diagnóstico do TDAH é
complexo e exige um olhar multidisciplinar. É pautado no quadro clínico
comportamental, e devem ser levados em consideração os ambientes em que
vive a criança ou o adolescente, além da qualidade da interação com estes.
Para a obtenção de um diagnóstico precoce, é necessária a observação
clínica por parte do professor, visto que a maior parte dos sintomas é mais
bem constatada no ambiente escolar, principalmente em virtude dos prejuízos
acadêmicos, assim como sociais.
Outro fator é a observação dos pais em relação ao quadro apresentado
pela criança. É importante que a família possa identificar o marco do
desenvolvimento do transtorno.
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Muitas crianças com TDAH apresentam concomitantemente aos sinais
comportamentais aos déficits acadêmicos, relevantes, principalmente nas
áreas de Língua Portuguesa e Matemática, pois exige concentração
prolongada para o desenvolvimento das competências relativas aos conteúdos.
Além disso, pode haver problemas na caligrafia, pois, algumas vezes a
coordenação motora não é bem desenvolvida.
É muito comum a discrepância entre o potencial e o resultado das
avaliações. Geralmente, mesmo com muito estudo, as notas não são ideais. A
repetência é fator relevante em relação às crianças que não apresentam o
transtorno.
A dificuldade para manter a atenção é um dos sintomas preponderantes
do TDAH. Crianças que convivem com esse transtorno sofrem por não
conseguirem sustentar a atenção, algumas delas apresentam dificuldades para
compreender o foi dito em situação de diálogo. Essas características dificultam
ainda mais o processo de aprendizagem.
É imprescindível para a avaliação do TDAH uma equipe multidisciplinar.
Neste caso, o professor, o neuropediatra, o psicopedagogo e/ou psicólogo
devem participar. Cada profissional atuante deverá analisar as prioridades a
depender de como se manifestam os sintomas.
Durante o processo de diagnóstico é importante identificar ou excluir
possíveis síndromes ou transtornos associados, como comorbidade ao TDAH,
ou a possibilidade de que os sintomas apresentados não sejam decorrentes de
outros transtornos ou síndromes.
Segundo MAIA a criança com TDAH apresenta uma movimentação
excessiva, falta de atenção, impaciência, impulsividade, distração
,impossibilidade de focalizar a atenção por muito tempo em um determinado
objetivo, problemas de rejeição, dúvidas quanto a sua capacidade intelectual e
baixa autoestima. Crianças com TDAH são propensas a experimentar
14
dificuldades na aprendizagem acadêmica e social, em muitas situações da sala
de aula, mas não em todas. Os problemas afetivo-emocionais que surgem pela
inadequação do comportamento, mais i fracasso escolar, normalmente levam o
o indivíduo a desenvolver uma percepção de rejeição e abandono, alterando
todo o seu sentimento de autoestima.
É comum perturbarem as atividades de sala de aula falando ou saindo
da cadeira sem permissão, conversando com colegas em momentos
inapropriados, ficando zangados quando confrontados ou com tarefas
frustrantes, além de grande inquietude.
O mesmo autor ainda ressalta que:
“Os alunos com TDAH apresentam riscos de dificuldades
significativas em uma variedade de áreas funcionais, não
necessariamente diretamente associadas ao conjunto
dos problemas específicos do TDAH que, em alguns
casos, são mais graves que os déficits principais do
TDAH. Chamamos a essas associações comorbidades.
Os transtornos frequentemente citados em associações
ao TDAH incluem incapacidades específicas no
aprendizado (dislexia, discalculia, disgrafia), atraso na
linguagem, incoordenação motora, dentre outros.. Tais
comorbidades na esfera cognitiva, bem como
psiquiátrica, aumentam o impacto negativo do
transtorno”. (MAIA, 2011:107, 108).
Após o diagnóstico realizado em parceria com um neuropediatra ou
psiquiatra, inicia-se a etapa do tratamento. Em muitos casos, a inserção dos
fármacos é de suma importância para um avanço mais efetivo e a regulação
dos sintomas de hiperatividade/impulsividade e desatenção.
15
Neste caso pode-se falar sobre a regulação do sistema nervoso central
por meio da neurotransmissão química, dando enfoque aos
neurotransmissores que estão diretamente envolvidos nos TDAH: dopamina e
noradrenalina.
Estes neurotransmissores atuam diretamente na equilibração da
atenção e da concentração, assim como nas funções cognitivas relacionadas
ao aprendizado, interesse e motivação, atenção e sustentação do foco,
vigilância, fluência verbal e comportamento com base em indícios sociais.
Segundo os autores
(...) é Importante ter consciência de que o uso da
medicação possivelmente não levará à cura do
transtorno. Por outro lado, estimulará áreas cerebrais
responsáveis pelo comportamento inibitório, melhorando
os sintomas, hiperatividade/impulsividade, aumentando e
regulando os neurotransmissores que estão deficitários
nas regiões responsáveis pela regulação do
comportamento no freio a estímulos e
consequentemente, trará a melhora na concentração e
nas respostas adequadas a situações específicas.
(SAMPAIO e MAIA. 2011: 144)
Isso ocorre devido ao arranjo das funções cerebrais envolvidas no
transtorno. Há casos em que essas modificações se tornam permanentes e a
criança pode suspender o uso de remédios ao longo do desenvolvimento.
Estudos indicam que esse efeito se dá em razão de uma reorganização
cerebral ou mesmo de um amadurecimento das funções cerebrais envolvidas.
Contudo, 50% a 60% das crianças tendem a permanecer apresentando os
sintomas ao longo da vida. (NETO, 2010)
16
CAPÍTULO II
A ESCOLA, O PROFESSOR E A CRIANÇA COM TDAH.
COMO ATUAR DIANTE DO TRANSTORNO?
O TDAH é um transtorno neurobiológico. Não se trata de um transtorno
de aprendizagem, mas por causa da hiperatividade/impulsividade e falta de
atenção, contribui para que as crianças que têm o TDAH acabem fracassando
academicamente quando não assistidas adequadamente pela escola,
tendendo a perder o estímulo pelos estudos.
De acordo com ROTTA, OHLERILER e RIESGO, os autores afirmam
que: “cerca de 70% das crianças apresentam comorbidade transtorno de
aprendizagem”.(SAMPAIO e FREITAS. 2006: p.15)
Somente o amparo às necessidades das crianças com TDAH de forma
enérgica trará ganhos a longo prazo fazendo com que ela consiga ver
concretamente os efeitos dos seus esforços.. O auxílio do educador no sentido
de organizar o planejamento de suas ações, bem como na execução de cada
passo do que foi traçado, é fundamental para que a criança possa se
autorregular e conquistar a autonomia e a independência a cada ano de sua
vida acadêmica.
Segundo SAMPAIO, Simaia e FREITAS, Ivana afirmam que:
“Não existe “receita” ou solução para tratar os problemas
de aprendizagem. Quando se fala em TDAH,
encontramos uma diversidade extensa, pois o número de
combinações entre os sintomas é diverso, Além disso,
existem as particularidades inerentes a cada caso.
Contudo, pode-se pensar em estratégias que certamente
auxiliarão a criança na adaptação ao universo escolar,
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contribuindo também para o avanço cognitivo e
comportamental de todo o grupo. Pensar em inclusão é
pensar de forma sistêmica”.
Muitos aspectos devem ser lavados em consideração, entre eles:
1 - o preparo dos profissionais contratados pela
instituição: lidar com crianças que fogem ao padrão de
aprendizado exige especialização contínua;
2 - a aceitação da escola à diversidade;
3 - o número de alunos por classe: apesar de ser
regulamentado pelo MEC um número maior que 15
alunos por turma, para a criança com TDAH essa
quantidade representa menores possibilidades de
atenção sustentada, o que é indispensável quando há
necessidade de realizar atividades e avaliações
individuais que exigem manutenção do foco. Neste caso,
a escola deve contar com um número reduzido de alunos
ou como auxílio de um tutor para que as demandas
sejam atendidas.
4 – a posição da equipe pedagógica em relação ao uso
da medicação indicada: o uso da medicação é indicada
em muitos casos e, alguns deles, a administração ocorre
no ambiente escolar. Sendo assim, faz-se necessária a
colaboração da equipe no sentido de garantir a
continuidade do tratamento;
5 – o elo estabelecido entre a escola, a crianças e a
família: acriança é o centro, a referência primordial da
relação que a escola deve estabelecer com a família. O
contato deverá ser permanente para que a instituição
18
possa auxiliá-la no processo de organização das ações,
garantindo a continuidade no ambiente familiar;
6 – sabe-se que o TDAH tem um caráter hereditário
bastante presente nos casos de crianças diagnosticadas.
Sendo assim, a família de pais com TDAH necessitam de
apoio para (re)organizar condutas e direcionar as ações,
favorecendo o equilíbrio entre o trabalho realizado na
escola e a rotina familiar. Neste caso, a equipe
multidisciplinar que acompanha a criança paralelamente
ao trabalho escolar terá um papel fundamental no sentido
da equilibração das ações;
7 – conhecer sobre a proposta do trabalho escolar
voltada para a convivência e a resolução de conflitos: a
criança com TDAH é naturalmente imatura e apresenta
dificuldades em estabelecer e seguir limites
estabelecidos em grupos. Normalmente acaba por ser
marginalizada em suas relações socioafetivas. Esse
quadro agrava ainda mais o sintomas, principalmente, em
caso onde se têm como comorbidade os transtornos de
conduta. Nestes casos, a situação é ainda mais delicada.
Uma escola que tenha em seu projeto de trabalho o
desenvolvimento de atividades que visem à autonomia e
á reflexão das atitudes que trazem incômodos para a
convivência social possibilita à criança e ao grupo
reorganizar suas atitudes diante dos conflitos vividos,
além de pensar em novas perspectivas para situações
futuras;
8 – informar-se a respeito da visão que a escola tem
sobre o conceito de disciplina e os caminhos seguidos a
fim de assegurar o cumprimento de normas
estabelecidas: a construção de regras quando feitas
pelos alunos com o auxílio d do professor possibilita à
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criança com TDAH se incluir como autor e sujeito de suas
ações. Contudo, ter claro que o comportamento desta
criança é imprescindível e que, por isso ela tem
dificuldades de gerir suas atitudes e faz com que muitos
conflitos inevitáveis sejam trabalhados na perspectiva da
reconstrução de condutas adequadas socialmente. Logo,
ações que visem a disciplina favorecerão o cumprimento
de regras e a não aplicação de punições e
estigmatização do aluno;
9 – atentar par o número de crianças que apresentam
necessidades educativas especiais (NEE) na sala de aula
é um ponto importante: por ser a criança com TDAH
muito ativa e por apresentar dificuldade de aprendizagem
(DA) muitas vezes associadas ao transtorno
mencionado,não é interessante que, em sua classe,
tenham muitas crianças que necessitem de demandas
específicas do professor e muito menos, outra criança
diagnosticada com TDAH no mesmo ambiente. O
números indicado para as crianças que apresentam NEE
em uma sala de aula é de, no máximo duas;
10 – questionar sobre o conceito e o modelo de avaliação
dos conteúdos: a criança com TDAH muitas vezes tem
dificuldade em lidar com a extensão e o tempo destinado
à realização das avaliações. Essa característica requer
adaptações como a divisão da avaliação por etapas, a
supressão de questões ou a elaboração de enunciados
diretos, os grifos imperativas ou palavras–chave, o
aumento da fonte e do espaçamento, o uso somente da
frente da folha (não impressão do verso) ou ainda a
realização oral desta atividade. Apesar de parecer
simples, a escola, neste caso, deverá contar com uma
estrutura que possa atender a essa demanda;
20
11 – por fim, verificar se a instituição apresenta
disponibilidade para estabelecer parcerias com os
profissionais que atendem a criança: para que o
desempenho da criança seja favorável, é de suma
importância a troca de informações da escola com a
equipe multidisciplinar. Esse procedimento trará garantias
de que ambos caminham seguindo uma proposta
unificada para que a criança possa se organizar nas suas
atitudes seguindo orientações de forma coordenada. O
diálogo com profissionais que atendem clinicamente a
criança favorecerá a compreensão do estilo de
aprendizagem, auxiliando-a no desenvolvimento de
intervenções mais adequadas. Ao mesmo tempo,
compartilhar situações vividas nos ambientes clínico e
escolar amplia o domínio sobre o quadro e a evolução
apresentada pela criança assim como a reflexão sobre
novas abordagens que possam ser vinculadas ao
trabalho em desenvolvimento.
De acordo com os autores, para a criança com TDAH, é preciso ter claro
o objetivo principal de estar na escola que é aprender. Aprender conteúdos
que sozinha ela terá ainda mais dificuldade. Estabelecer que o seu
comportamento deva favorecer o aprendizado e o aprendizado do colega,
assim como o trabalho da professoras e dos profissionais que trabalham na
escola.
Como a criança com TDAH tem problemas com regras, repeti-las de
forma diferenciada durante o período de aula será de fato necessário para que
o trabalho tenha rendimento e o aluno possa internalizar a orientação.
Ainda de acordo com os autores, para se construir uma vida acadêmica
favorável, terá de aprender a inibir comportamentos (vontades), sentar-se
quieto, organizar ações, manter a atenção, cooperar, dividir, ouvir, (seguir
instruções) brincar de maneira adequada.
21
É importante que o professor considere que o aluno com TDAH é mais
imaturo em relação aos colegas da mesma idade e que socialmente necessita
de apoio para compreender e alcançar os objetivos acadêmicos, bem como
estabelecer vínculo no grupo.
“Em relação ao TDAH, é imprescindível o conhecimento sobre o
quadro, assim como a tolerância em relação ao inesperado para
que, de fato, possa haver avanços no desenvolvimento da
criança”. (BARKLEY, 2002)
Traçar um plano de atendimento das necessidades da criança com
TDAH é de suma importância para que os eu trabalho ocorra de forma efetiva.
Contudo, ao visar o atendimento dessa criança, deve-se ter o cuidado também
com a não estigmatização desta no grupo. Para isso, as orientações não
podem ser diretamente a ela integralmente. Esse cuidado trará ganhos
também para o grupo, pois são ações que propiciarão a todos novas
oportunidades de aprender a planejar, aprender a executar e situar-se no
tempo e no espaço no universo da sala de aula.
1 – tornar a rotina compartilhada auxiliará o grupo na
regulação do tempo, assim como durante o dia. Avaliar o
que foi realizado oi não e os motivos que favoreceram ou
não a execução deste planejamento faz com que todos
possam responsabilizar por suas ações inserindo-se no
contexto de ganhos e perdas como parte integrante do
grupo;
2 – estabelecer com a criança quais são as expectativas
esperadas para cada atividade;
3 – usar recursos visuais para auxiliar a manutenção de
regras;
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4 – usar recursos visuais para apresentar um novo
assunto ou para estabelecer metas;
5 – ter disponível um calendário com os agradecimentos
de atividades, avaliações e outros aspectos importantes
da rotina:
6 - ser direto em cada orientação;
7 - auxiliar o estudante na organização dos materiais,
esclarecendo o que será necessário a cada atividade.
8 – organizar o espaço da sala, a disposição das
cadeiras, coordenar a arrumação dos materiais coletivos
e do grupo, refletindo sobre a importância deste
procedimento para a manutenção das atividades,
também é um ato regulador;
9 - compartilhar o planejamento das atividades, requisitar
sugestões de atividades que possam ser inseridas ma
rotina e que contemplem o conteúdo. Instigar a
curiosidade do grupo ajudará todos no sentido de tornar o
grupo sujeito de aprendizagem. Sendo a atividade
planejada, sugerida pelo grupo, todos se sentirão
motivados a suprir as demandas de suas curiosidades;
10 – refletir com a turma ao entregar uma atividade que
demande tempo, autonomia e competências específicas
sobre quem necessita de auxílio e quem pode auxiliar
tirará a criança com TDAH do foco do grupo de que é ela
a pessoa que sempre precisa da ajuda do outro, bem
como dará a cada criança a possibilidade de refletir sobre
o próprio processo de construção do conhecimento
(metacognição). Esse automonitoramento é
imprescindível ao processo de construção do
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conhecimento, bem como a uma vida acadêmica de
sucesso;
11 – refletir com o grupo sobre a disposição dos assentos
de cada um na sala de aula ao invés de determinar
previamente dará ao grupo e a cada criança autonomia e
independência. Essa é uma atividade que requer do
professor o domínio da classe e o conhecimento sobre as
características de cada um. Neurologicamente falando,
lugares fixos trazem imobilidade cerebral necessária ao
desenvolvimento das percepções sobre longe, perto,
lateralidade e leitura sobre o ambiente da sala de formas
diferenciadas. Contudo, a criança com TDAH não deve
sentar-se entre o maio e o fim da sal, assim como
próxima a portas e janelas devido à facilidade em
dispersar-se, bem como traz dificuldades ao acesso ao
professor. Neste caso, a avaliação dos lugares onde
cada um pode sentar-se é importante. Daí a possibilidade
de pensar em regiões onde cada um possa sentar
durante períodos preestabelecidos com todos do grupo.
Aparentemente estas atividades podem parecer dispersivas dos
objetivos reais da aprendizagem. Contudo, quando realizadas desde a
educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental garantirá a todos
que a regulação das ações ocorrerá internamente. É o que se chama de
autorregulação. “O maior progresso no comportamento na sala de aula e no
desempenho acadêmico apenas acontecerá a partir da combinação de
estratégias”. (CASTRO e NASCIMENTO. 2009: p. 68)
24
CAPÍTULO III
ESTRATÉGIAS PARA AJUDAR ÀS CRIANÇAS COM
TDAH NO PROCESSO DE LEITURA, ESCRITA E
MATEMÁTICA NA FASE DE ALFABETIZAÇÃO.
Sendo o TDAH “a porta de entrada” para muitas dificuldades ou
transtornos de aprendizagem, torna-se indispensável à realização da
avaliação diagnóstica para que o professor possa compreender as
modalidades particulares de sua aprendizagem, assim como ter a garantia
de aspectos que merecem maiores considerações nas intervenções
pedagógicas.
Diante desta premissa, além de pensar sobre estratégias de
organização da estrutura, da formação profissional e da sala de aula, cabe
voltar a atenção para o aluno e suas deficiências particulares. Após a
avaliação psicopedagógica e a identificação das áreas afetadas, pode-se
pensar em algumas estratégias destinadas ao processo de aquisição da
leitura e escrita e da matemática.
Seguem algumas orientações que, em casos como estes, podem
auxiliar o desempenho favorável da compreensão segundo (ROTTA,
OHLWEILER e RIESGO, 2006).
Na leitura:
1 – realização da leitura em voz alta;
2 – ilustração de histórias lidas;
25
3 – levantar aspectos importantes do texto que será lido
auxiliando a seleção de informações importantes;
4 – discutir o assunto antes da leitura, levantando
conhecimentos prévios ou hipóteses sobre o assunto;
5 – discutir depois da leitura, enfatizando o que foi
relevante no texto;
6 – utilizar gravadores. Podem ser usados tanto para a
sua leitura como para a leitura dos colegas;
7 – estimular o uso de livros diversificados abordando o
assunto de formas variadas. A criança de forma geral e
principalmente a criança com TDAH, é bastante motivada
por meio de novidades.
Na escrita:
Segundo ROTTA, OHLWEILER e RIESGO a escrita é sempre uma
aquisição conflituosa do ponto de vista cognitivo. É um sistema simbólico que
exige relações diversas, sendo a principal a relação entre grafema e fonema.
Daí a importância da consciência fonológica para o desenvolvimento desta
habilidade.
“No caso do TDAH, este sistema é altamente afetado.
Quando na educação infantil há investimentos na
expressão gráfica da linguagem, muitos aspectos podem
ser minimizados. O incentivo a construções de narrativas
podem favorecer a construção de esquemas que auxiliam
a organização do pensamento e a concatenação de
ideias”. (ROTTA, OHLWEILER e RIESGO, 2006).
26
Na produção textual:
A dificuldade em escrever textos é comum às crianças, principalmente
quando existe o TDAH. Escrever texto de forma espontânea pode ser um
recurso inicial. Contudo, para garantir a construção de competências na área,
existem critérios que necessitem de atenção, planejamento e capacidade de
execução. Competências altamente afetadas pelo transtorno, Segundo
(ROTTA, OHLWEILER e RIESGO, 2006), alguns procedimentos poderão
favorecer a construção destas competências:
1 – realizar atividades que foquem a organização
estrutural de cada gênero;
2 – traçar passos para se organizar o material escrito;
3 – incentivar a releitura do material e a consequente
revisão das produções;
4 – ter claro que revisar não é corrigir ortografia e sim
melhorar a produção, deixando o texto atrativo para o
leitor. Tratar a produção como algo social dando função à
atividade.
Na matemática:
Um dos distúrbios que podem estar relacionados ao TDAH é a
discalculia. É caracterizada pela dificuldade ou pela incapacidade de resolver
situações problema predominando a confusão em situações que em que o s
cálculos são necessários. Como também, está vinculada a capacidade de
planejar.
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De acordo com ROTTA, OHLWEILER e RIESGO, pode-se ajudar a
criança seguindo algumas orientações:
1 – solicitar que sejam grifados os passos ou o que é
desejado na atividade;
2 – oferecer uma folha de papel para que possa realizar
os cálculos. O trabalho mental deve ser estimulado em
algumas situações, mas nunca nas avaliações;
3 – iniciar os assuntos rememorando conteúdos
necessários à nova aquisição que será apresentada em
seguida;
4- oferecer material concreto que deve ser proporcionado
principalmente até o final do primeiro ciclo do Ensino
Fundamental;
5 – incentivar a revisão das atividades e das avaliações.
3.1 – Aspectos Neurobiológicos do Cérebro do TDAH.
Para compreender o processo que abarca o funcionamento mental
característico do TDAH, é preciso ressaltar algumas funções da área pré-
frontal envolvidas no distúrbio, como também, os principais
neurotransmissores envolvidos, para assim entender a relação da disfunção
do sistema neurobiológico central com a manifestação dos sintomas: déficit
de atenção, hiperatividade e impulsividade.
O córtex pré-frontal é caracterizado por filtrar estímulos irrelevantes
responsável por nossa distração, tendo em vista uma regulação do
comportamento humano, no que diz respeito a pensamentos, velocidade
das atividades físicas e mentais e impulsos. A região pré-frontal conecta-se
com inúmeras estruturas encefálicas, como estruturas subcorticais,
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diferentes processos cognitivos, sistema límbico, córtex temporal, occipital e
parietal. Tal região é subdividida em funções relacionadas a diferentes
regiões anatômicas como: córtex pré-frontal lateral e córtex cingulado
anterior, os quais são responsáveis pelo desempenho de tarefas cognitivas,
e o córtex ventromedial, o qual está relacionado com a emoção. Contudo, a
região lateral e ventromedial desempenham a função de controle e inibição
do comportamento (Capovilla e colaboradores, 2005).
Algumas antigas hipóteses diziam que o TDAH era causado por algum
dano estrutural cerebral, e embora esta teoria tenha caído em desuso, sabe-
se que existem algumas diferenças estruturais entre um cérebro com este
transtorno e um normal. Através de estudo com Imagem de Ressonância
Magnética (IRM) e Tomografia por Emissão de Pósitrons (TEP) foram
verificadas algumas anomalias nas redes estriatais frontais do cérebro,
especialmente no córtex pré-frontal, área supostamente responsável pela
inibição de comportamento e na mediação de reações a estímulos
ambientais. Além disso, os neurotransmissores, dopamina e norepinefrina,
estão comumente mais ausentes em certas regiões cerebrais, como o
córtex frontal, o que pode contribuir para a sintomatologia do transtorno
(Dupaul; Stoner, 2007).
No entanto, a parte mais afetada nas pessoas com TDAH é o
lobo frontal do hemisfério direito, onde há um hipofuncionamento de suas
funções e uma hiporpefusão cerebral, na qual consiste em uma diminuição
do aporte sanguíneo. Tal diminuição promove uma redução da glicose do
sangue e com isso, há uma redução do metabolismo nessa região, e
consequentemente, menos energia para desenvolver suas atividades.
Nesse processo existem neurotransmissores envolvidos constituindo as
teorias bioquímicas do TDAH.
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Entre as teorias bioquímicas existem duas que aparecem mais na
literatura: dopaminérgica e a noradrenérgica. No início de estudos com
animais, a teoria dopaminérgica foi o foco; essa teoria se apóia a um déficit
de dopamina nas regiões corticais, sendo assim a responsável pela
manifestação dos sintomas do TDAH (Szobot e Stone, 2003). De acordo
com Nieoullon (2002) pesquisas vêm demonstrando que a ação da
dopamina altera as funções cognitivas, principalmente as envolvidas com a
regulação da atenção. O que vem sustentando essa hipótese de alteração
dopaminérgica é o efeito do metilfenidato (medicação muito utilizada em
TDAH) que aumenta a dopamina na fenda sináptica e em outras regiões
cerebrais.
Embora a teoria dopaminérgica tenha sustentação, outros
estudos embasam a hipótese da teoria noradrenérgica do TDAH, que
consiste também numa hipofunção como no processo da dopamina. Mick e
Faraone (2008) explicitam três receptores adrenérgicos envolvidos: alpha-
2A, 2C e 1C que estão relacionados a características do TDAH, como déficit
de atenção, impulsividade e hiperatividade. De acordo com esses mesmos
autores essa hipótese também tem sido sustentada através de fármacos,
como antidepressivos tricíclicos, que inibem o transporte da noradrelanina,
tendo resultados nos sintomas do TDAH.
Ainda sobre os aspectos fisiológicos do TDAH através do MRI (imagem
por ressonância magnética) que permite o estudo do cérebro in vivo, indica
que este transtorno pode estar relacionado a um atípico funcionamento do
lobo frontal, gânglio basal, corpo caloso e vermis cerebelar (Vaidya e cols.,
1998).
De acordo com Goldberg (2002), o TDAH, pode ser compreendido como
uma disfunção dos lobos frontais ou de estruturas ligadas a estes lobos que
afetam características relacionadas a funções executivas. Os lobos frontais
são: a área de comando do cérebro, os responsáveis pelas funções mais
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desenvolvidas e complexas denominadas funções executivas como tomada
de decisão, autorregulação, motivação, memória de trabalho,
intencionalidade e planejamento. Assim, se existe uma alteração no
funcionamento do lobo frontal esse fato pode ser o responsável por um
déficit do comportamento inibitório e comprometimento das funções
executivas.
Segundo Rodhe e cols. (2004) as características básicas do TDAH são
definidas pelo déficit do comportamento inibitório e das funções executivas,
ou melhor, comportamentos relacionados à falta de controle, déficit de
motivação para realização de tarefas, falta de um comportamento
controlado por regras, prejuízo do senso crítico antes da realização do seu
comportamento e busca pela recompensa imediata.
Cabral (2003) cita que, a maioria dos últimos estudos, evidencia o TDAH
como um distúrbio neurobiológico, podendo ser agrupados em dois grandes
grupos: um que ressalta o déficit funcional de certos neurotransmissores e
outro grupo de estudos que ressalta o déficit funcional do lobo frontal. Em
relação aos neurotransmissores envolvidos seriam a dopamina e a
noradrenalina. Em relação a esta última hipótese está relacionado ao fato
de que medicamentos utilizados para minimizar os sintomas do TDAH são
compostos das mesmas substâncias que aumentam as quantidades de
dopamina e de noradrenalina disponíveis no cérebro, denominados de
estimulantes do sistema nervoso central ou sistema nervoso periférico.
O sistema nervoso central (SNC) recebe, analisa e integra informações,
sendo o local onde ocorre a tomada de decisões, mas é o sistema nervoso
periférico (SNP) que carrega as informações dos órgãos sensoriais para o
sistema nervoso central (LOURES e cols., 2002). O SNP apresenta divisões
e uma delas é denominada de sistema autonômico que também tem
subdivisões: sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático.
Portanto, sistema nervoso central e sistema nervoso periférico estão
31
relacionados e acredita-se que estudando o SNP consiga-se chegar a
algumas considerações sobre o TDAH.
32
CONCLUSÃO
.
De acordo com ROHDE e BENCZIK, aprender a controlar ou driblar os
sintomas é o passo crucial para o desenvolvimento acadêmico das crianças
que apresentam o transtorno. Por meio de encaminhamentos adequados,
terapias e da colaboração da escola podem-se alcançar bons resultados ao
longo da vida.
A escola é fundamental no processo de regulação dos sintomas. É
importante lembrar que é neste espaço que a criança permanece a maior parte
do seu dia. Sendo assim, o professor precisa desenvolver o olhar crítico em
relação ao desenvolvimento das crianças. Ele é o grande responsável pelo
avanço acadêmico dos alunos.
Além de conhecer toda a sintomatologia referente ao transtorno, é
fundamental dominar técnicas que favoreçam o controle de comportamentos
inadequados, assim como meios de manter a concentração no espaço da sala
de aula. Muitos dos recursos citados no trabalho necessitam exclusivamente
da competência profissional e do desenvolvimento de habilidades que
assegurem às crianças a sustentação do foco na sala de aula.
Aprender a dominar os sintomas do TDAH é algo que criança só
conquistará mediante o auxílio do todos que a cerca. Por isso, enfatiza-se a
necessidade de parcerias constantes entre a escola, a família e os
profissionais para que possam tornar as expectativas realidade.
33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 - CID 10 – Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento:
descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Coord. OrganizaçãoMundial
da Saúde. Porto Alegre: Artmed, 1993.
2 – DSM-IV-TR-TM. Manual diagnóstico estatístico de transtornos mentais.
Trad. Cláudia Dornelles Porto Alegre: ARTMED, 2002.
3 - MAIA, Heber. Neuroeducação e Ações Pedagógicas. Rio de Janeiro: WAK
Ed, 2011.
4 – NETO, L.M.R. at al. TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade ao longo da vida. Porto Alegre: ARTMED, 2010.
5 – OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. 6ª ed.
Rio de Janeiro: WAK Ed., 2011.
6 - RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: as
múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 5ª ed. Rio de Janeiro:
WAK Ed., 2011.
7 – ROTTA, T. N.; WEILER, L.; RIESGO, R.S. – Transtornos da
Aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, 2006.
8 – SAMPAIO, Simaia; FREITAS, Ivanna Braga (orgs). Transtornos e
Dificuldades de Aprendizagem: entendendo melhor os alunos com
necessidades educativas especiais. Rio de Janeiro: WAK Ed., 2011.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - A Neurociência e o Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade -TDAH. 09
1.1 - A Avaliação e Diagnóstico do Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade e a Neurociência. 12
CAPÍTULO II - A escola, o professor e a criança com
TDAH. Como atuar diante do transtorno? 16
CAPÍTULO III - Estratégias para ajudar as crianças com
TDAH no processo de leitura e escrita e matemática
na fase de alfabetização. 24
3.1 - Aspectos neurobiológicos do cérebro do TDAH 27
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 34