do ceio da terra à bonança da vida familiar. família utiliza o quintal para a segurança...

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1413 Julho/2013 Lagoa de São Francisco Do ceio da terra à bonança da vida familiar. Família utiliza o quintal para a segurança alimentar A história a seguir de riquezas no Semiárido está localizada na comunidade Engano de Cima, no município de Lagoa de São Francisco, região norte do Piauí. A família de seu Raimundo Carlota é uma das 45 famílias da localidade. Ele tem três filhos, e há 50 anos está casado com Raimunda Maria do Nascimento Paula, conhecida como Dona Zidoca. Dois dos filhos trabalham com a família e o terceiro encontra-se em São Paulo. O registro desta história veio como um dos presentes das bodas de ouro do casal. A família está sorrindo para a vida, porque antes mesmo da cisterna-calçadão chegar em sua casa, eles já produziam frutas o ano todo. O segredo não é difícil. A família usa da sabedoria popular para produzir riqueza ao lado de casa durante os 12 meses do ano, cultivando plantas adaptadas a realidade local. Na produção frutífera tem a manga nativa, a pinha nativa, a acerola, a laranja, a batata doce, o limão doce, a abóbora, o caju, cheiro verde e até o urucum. Cada fruta tem um período do ano para ser cultivada, no chamado planejamento de propriedade. Na produção animal tem o bode, o porco, a galinha, o peru e a galinha guiné, que nesta região é conhecida como capote. Estes são animais de fácil criação, consomem pouco alimento e pouca água. Eles vivem numa área onde há um quintal com a extensão de um hectare, onde são produzidas frutas e criado pequenos animais para o consumo da família. A criação de caprinos é feita como em toda região. O criador solta os animais pela manhã para pastar nas áreas próximas e voltam à tardinha para dormir no aprisco, situação muito comum nesta região do Piauí, mas para a família de seu Raimundo Carlota manter essa riqueza ao lado da casa com tanta variedade não

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Page 1: Do ceio da terra à bonança da vida familiar. Família utiliza o quintal para a segurança alimentar

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1413

Julho/2013

Lagoa de São Francisco

Do ceio da terra à bonança da vida familiar.Família utiliza o quintal para a segurança alimentar

A história a seguir de riquezas no Semiárido está localizada na comunidade Engano de Cima, no município de Lagoa de São Francisco, região norte do Piauí. A família de seu Raimundo Carlota é uma das 45 famílias da localidade. Ele tem três filhos, e há 50 anos está casado com Raimunda Maria do Nascimento Paula, conhecida como Dona Zidoca. Dois dos filhos trabalham com a família e o terceiro encontra-se em São Paulo. O registro desta história veio como um dos presentes das bodas de ouro do casal.

A família está sorrindo para a vida, porque antes mesmo da cisterna-calçadão chegar em sua casa, eles já produziam frutas o ano todo. O segredo não é difícil. A família usa da sabedoria popular para produzir riqueza ao lado de casa durante os 12 meses do ano, cultivando plantas adaptadas a realidade local. Na produção frutífera tem a manga nativa, a pinha nativa, a acerola, a laranja, a batata doce, o limão doce, a abóbora, o caju, cheiro verde e até o urucum. Cada fruta tem um período do ano para ser cultivada, no chamado planejamento de propriedade. Na produção animal tem o bode, o porco, a galinha, o

peru e a galinha guiné, que nesta região é conhecida como capote. Estes são animais de fácil criação, consomem pouco alimento e pouca água.

Eles vivem numa área onde há um quintal com a extensão de um hectare, onde são produzidas frutas e criado pequenos animais para o consumo da família. A criação de caprinos é feita como em toda região. O criador solta os animais pela manhã para pastar nas áreas próximas e voltam à tardinha para dormir no aprisco, situação muito comum nesta região do Piauí, mas para a família de seu Raimundo Carlota manter essa riqueza ao lado da casa com tanta variedade não

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

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A família diz que devido a limitação de água, não conseguem, produzir o suficiente para a comercialização, apenas comercializam a pinha, com safra uma vez por ano. Uma situação fácil de compreender, até porque a água faz muita falta se não há estoque. Mas com a vinda da água para a produção, tudo isso vai mudar e melhorar a vida da família na produção e na segurança alimentar. Se as famílias dispõem de água para aumentar a produção vamos gerar mais vida e renda neste lugar, diz Batista. A família vive da produção de seu quintal, da roça familiar e da aposentadoria do casal.

Seu Raimundo Carlota completa suas atividades diárias, com uma atividade muito rara na região, a produção artesanalmente do tradicional SURRÃO, depósito do sertanejo guardar seu legume. Apesar de nos dias atuais o surrão está cada vez mais sendo substituído pelas embalagens plásticas, seu Carlota garante que não abre mão de guardar seu feijão e milho no velho e valioso surrão. Diz não produzir para venda porque as pessoas quase não procuram mais, e por isso o preço se torna muito baixo. Dona Zidoca também faz cordas reaproveitando fios plásticos de embalagens de farinha de trigo. Faço para o uso diário e para vender também na vizinhança. Diz dona Zidoca.

Um pequeno espaço de terra onde se geram muitas vidas e esperanças no Semiárido.

Em si plantando tudo dá, Basta apenas planejar a garantia da

segurança alimentarPara a riqueza dos frutos da agricultura

familiar E a vida do semiárido continuar a pulsar.

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