dmci_trabalho escrito final

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“OBSERVAÇÃO DE UMA AULA DE MÚSICA DE CONJUNTO” Reflexão Crítica CURSO: MESTRADO EM ENSINO DE MÚSICA, VARIANTE INSTRUMENTO E MÚSICA DE CONJUNTO DISCIPLINA: DIDÁTICA DA MÚSICA DE CONJUNTO I ANO CURRICULAR: PROFESSOR RESPONSÁVEL: PROFESSOR DOUTOR JOSÉ CARLOS GODINHO MESTRANDOS: IGOR GUERRA, JOEL RODRIGUES, JOÃO TIAGO CORREIA, LUÍS FERREIRA, MIGUEL MATOS E OKSANA KURTASH

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Didática da Música

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OBSERVAO DE UMA AULA DE MSICA DE CONJUNTOReflexo CrticaCURSO: MESTRADO EM ENSINO DE MSICA, VARIANTE INSTRUMENTO E MSICA DE CONJUNTODISCIPLINA: DIDTICA DA MSICA DE CONJUNTO IANO CURRICULAR: 1PROFESSOR RESPONSVEL: PROFESSOR DOUTOR JOS CARLOS GODINHOMESTRANDOS: IGOR GUERRA, JOEL RODRIGUES, JOO TIAGO CORREIA, LUS FERREIRA, MIGUEL MATOS E OKSANA KURTASHANO LECTIVO 2014/2015

Astor Piazzolla

Aula do Quinteto de Guitarras da ESART, sob a orientao do Professor Pedro LadeirandiceIntroduo4Caracterizao da instituio, do professor e dos alunos5Objetivos da aula6Contedos trabalhados7Afinao7Dinmica7Articulao7Ritmo7Andamento7Forma8Metodologias utilizadas10Recursos disponveis12Avaliao13Balano geral da eficcia ensino / aprendizagem14Consideraes finais16Anexos17

IntroduoO trabalho apresentado foi realizado no mbito da Unidade Curricular de Didctica da Msica de Conjunto, do Mestrado em Ensino de Msica, da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politcnico de Castelo Branco.Com este trabalho pretendemos enriquecer e tornar mais eficaz o modo de compreenso das questes de carcter pedaggico num grupo de msica de conjunto. Enquanto professores de classe de conjunto deveremos ter a capacidade em lidar com instrumentaes diversas e, por vezes, bastante heterogneas, grupos de alunos com diferentes desenvolvimentos e personalidades. Na gravao realizada consta o Quinteto de Guitarras da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco (ESART), sob a orientao do Professor Pedro Ladeira. estudada a obra Inverno Porteo de AstorPiazzola, com arranjo para quarteto de guitarras realizado por Edson Lopes. O arranjo destina-se a um quarteto contudo a formao presente um quinteto, existindo dois instrumentos a interpretar a terceira voz.O trabalho ser estruturado por captulos descritivos da caracterizao do grupo e da aula, objectivos, contedos, metodologias, recursos, avaliao e balano geral da eficcia do processo utilizado na aprendizagem. Por ltimo, sero apresentadas as consideraes finais afim de cimentar e consolidar os conhecimentos da aula extrados.

Caracterizao da instituio, do professor e dos alunosA aula foi realizada e registada, em filme, na Escola Superior de Artes Aplicadas, escola do Instituto Politcnico de Castelo.Teve como intervenientes os seguintes alunos:1 guitarra - Joo Tiago Correia2 guitarra Rafael Umbelino3 guitarra Igor Guerra3 guitarra Elias Ferreira4 guitarra Tito SilvaA aula foi orientada pelo professor Pedro Ladeira, professor da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco.

Objetivos da aulaForam definidos como objetivos da aula todas as questes relacionadas com a interpretao da obra em causa: afinao, expressividade, articulao, homogeneizao de elementos rtmicos existentes, definies e consolidaes doa andamentos das vrias seces e aspectos referentes forma.Como objetivo global foi definido como o Concerto Final, ou seja, a sua interpretao final na ntegra, com vista a uma apresentao pblica posteriormente.

Contedos trabalhadosNo decorrer da aula foram abordados diversos contedos de carcter expressivo e tcnico.Visivelmente denotaram-se preocupaes musicais ao nvel expressivo e de interpretao musical, diviseis em seis reas:

AfinaoIndividual e em grupo

Dinmica Piano, Mezzo-forte, Forte, Crescendo e DiminuendoExpressividade, musicalidade e interpretao

ArticulaoArticulao do Staccato, LegatoPizzicatoAcentuaoRitmoDesenvolvimento rtmico da septina e da Sncopa

AndamentoAndamentos contrastantes preparados com Accelerando e RitardandoRallentandoFormaContrastes nas vrias seces ao nvel do carcter Inicialmente procedeu-se afinao, individual e em grupo, procurando-se a eficincia e rapidez de concretizao.Ao nvel da dinmica foram abordadas, em diversas situaes, com pormenor, as intensidades piano, mezzo-forte, forte, crescendo e diminuendo em toda em obra. Quer globalmente quer apenas a duas vozes as intensidades foram sendo exploradas com base nas indicaes da obra, bem como pela coerncia interpretativa que se pretendia aplicar. O professor explicou e aplicou convenientemente todas as dinmicas, justificando sempre a sua lgica interpretativa e de carcter. Do ponto de vista da articulao, uma das grandes questes na interpretao das composies de Astor Piazzolla, foram diferenciadas as necessidades de aplicao do Staccato e Legato como reforo do carcter da obra. As acentuaes, em particular nas vozes de suporte harmnico melodia, foram consideradas com recurso juno de apenas algumas vozes at formao geral. A execuo do pizzicato foi abordada no sentido de procurar uma maior articulao rtmica e menos meldica, novamente com a preocupao caracterstica e estilstica de Piazzolla.O desenvolvimento das sncopas e em particular da septina (1 guitarra, compasso 16), enquadrada na repetio do tema com novos elementos dinmicos, teve especial preocupao na questo rtmica. Nas questes de andamento e aggica foram discutidas a velocidade de cada uma das seces da obra e como estes recursos deveriam influenciar a sua execuo. Foram trabalhadas as transies de andamento, as preparaes e concluses frsicas. Um dos aspectos fundamentais no que diz respeito dimenso da msica a sua forma. A forma, desta obra, surge atravs de aspectos ou movimentos expressivos que influenciam e originam relaes prprias, favorecendo um carcter nico, concedendo msica uma vida prpria. O jogo imaginativo, procurando a percepo de formas lgicas, atravs da fomentao de expectativas caracteriza a msica de Astor Piazzola. Os contrastes apresentados pelo compositor causam uma expectativa no pblico-alvo, provocando tenso e relaxamento e uma maior motivao para a seco que vem a seguir. Assim, muitas das transies entre seces foram exaustivamente abordadas, no sentido de as melhor compreender e assimilar.

Metodologias utilizadasObservando e analisando a aula do Quinteto de Guitarras da ESART foram constatadas metodologias essenciais para o bom funcionamento geral em grupo. Apresentamos, de seguida, uma descrio da dinmica da aula e das metodologias utilizadas.Procedeu-se inicialmente afinao individual, depois de todos estarem devidamente preparados e posicionados, sendo, de seguida, rectificada em grupo pelo concertino. Depois de o quinteto ter dado incio obra o Professor Pedro Ladeira interveio em vrios momentos, pelo facto de as melodias no estarem bem articuladas e claras. Exemplificou cantando a melodia e ajudou a perceber como esta pode ficar mais rica atravs de uma maior descontraco e da aplicao correcta das acentuaes frsicas. Uma das metodologias utilizadas na aula consistiu em ouvir as vozes separadamente para uma melhor percepo e correco das falhas verificadas. Desta forma foi possvel que as vrias vozes ficassem mais uniformes e consistentes, procurando o resultado mais perfeito possvel.Na 2 voz foi necessrio um trabalho acrescido a nvel rtmico e at mesmo a nvel interpretativo. As indicaes do professor e a discusso com os restantes elementos do grupo foram fundamentais na adopo da forma mais eficaz de colmatar as dificuldades evidenciadas. Com a repetio da seco em causa, a 2 voz comeou finalmente a uniformizar-se com o restante grupo, demonstrando maior confiana, e segurana tcnica e musical. Atravs destas estratgias trabalhadas o grupo conseguiu ter um maior equilbrio musical, bem como um melhor entendimento entre as diferentes vozes.O recurso a exemplos concretos para transmitir uma determinada ideia musical foi muitas vezes utilizado. Exemplo disso foi o de uma rgua a vibrar apoiada numa mesa para demonstrar o efeito rtmico pretendido (2 guitarra, compassos 41, 42 e 43).A boa disposio manifestada pelo professor contribuiu positivamente para que a aula se tornasse atractiva e simultaneamente enriquecedora.O facto de termos a possibilidade de observar de forma atenta e estruturada aulas de msica de conjunto como esta possibilitou-nos uma viso mais alargada em relao s estratgias de ensino a ser utilizadas em benefcio do processo ensino/aprendizagem. A observao uma estratgia de aprendizagem eficaz, dando-nos ferramentas e metodologias com as quais podemos crescer enquanto professores, enriquecendo as nossas metodologias de ensino. Tocar em conjunto uma actividade bastante complexa, que envolve no s questes de ordem tcnica e musical, mas tambm relacionais e sociais, tornando mais desafiante o papel do professor.

Recursos disponveisFalar dos recursos disponveis ser simultaneamente abordar a instrumentao original escolhida pelo compositor: bandoneon, piano, guitarra, contrabaixo e violino. A escolha desta instrumentao original vai ao encontro da influncia nacionalista do compositor, o tango, nomeadamente pelo uso do bandoneon como instrumento solista. No arranjo e instrumentao efectuada por Edson Lopes o quinteto original d lugar a um quarteto de guitarras. Como referido anteriormente o arranjo tocado pelo quinteto de guitarras, com a duplicao de uma das vozes. Procurando obter o mesmo carcter da instrumentao original, muitas vezes, procurou-se a aproximao tmbrica em alguns efeitos sonoros.Os recursos utilizados na aula e na preparao da obra foram os seguintes:

- 5 Guitarras;- 5 Estantes;- 6 Cadeiras;- 1 Afinador;- 5 Pedais/Apoios de P;- 5 Partituras, parte individual;- 1 Partitura Geral, utilizada pelo professor;- Lpis e borracha.

AvaliaoO trabalho desenvolvido obteve resultados muito positivos. A pea apresentada, original de Astor Piazzolla, arranjada para a formao de quarteto de guitarras, teve uma particularidade e dificuldade acrescidas: transformou-se em quinteto de guitarras, uma vez que a 3 voz estava a ser dobrada. Nesta perspectiva existia, partida, a necessidade de uniformizar as terceiras guitarras, estendendo-se aos restantes elementos. Fazendo um balano de todas as estratgias que foram utilizadas ao longo da aula possvel chegar concluso que as mesmas permitiram uma evoluo muito positiva e qualidade musical no produto final.Os ajustes efectuados ao nvel da direco do fraseado, bem como a adequao do andamento nas vrias seces da obra contriburam positivamente na obteno de um melhor resultado, mais ntido e coerente.A correco dos ataques, tornando-os uniformes e comuns a todos os intrpretes, foi outro ponto positivo para o sucesso da aula e consequentemente a tornou bastante mais atractiva e produtiva. Consideramos que a diferena ao nvel da musicalidade, entre o incio da aula e o seu final, foi bastante notrio, pois a verticalidade e a coerncia global foram amplamente conseguidas. Em algumas ocasies foi necessria a correco de problemas de ordem tcnica individual e colectiva. Contudo atravs das metodologias utilizadas pelo professor e sugestes dos prprios alunos foram atingidos os objectivos pr-definidos.

Balano geral da eficcia ensino / aprendizagemEntende-se por valor na aprendizagem, dentro das dimenses musicais, qual o sentido e significado que poder ser interiorizado por cada um. Existem trs termos que esto na base deste conceito: Metacognio; Adeso; Compromisso.Atravs de uma abordagem sobre todos eles, ser fulcral saber efetuar uma identificao pessoal com a msica (se vai de encontro ao que o ouvinte anseia ouvir e se corresponde s expectativas do mesmo; o prazer da interpretao) e uma criao/adoo de sistemas de valores.Susanne Langer foi uma grande especialista em filosofia da arte, seguidora de Ernst Cassirer. Diz-nos que "a imaginao que responde msica pessoal e associativa e lgica, tingida de ritmo corporal, de sonho, mas preocupada com uma riqueza de formulaes para a sua riqueza de conhecimento no verbal, o seu conhecimento global de experincia emocional e orgnica, de impulso vital, equilbrio, conflito, as maneiras de vida e morte e de sentimento". H estmulos que ns no controlamos enquanto tocamos. Se feito com prazer ou dor, isso refletir-se- na nossa face, nos nossos movimentos corporais mas acima de tudo h que fazer com que, quem ouve, adquira facilmente a sensao de que aquilo que o msico executa e da maneira como o faz, seja fcil e d at vontade de ir para junto dele e fazer igual.Tudo isto vai de encontro ao que Aaron Copland refere: "tenso e relaxamento, densidade e transparncia, uma face tranquila ou zangada, os crescimentos e declnios da msica, o seu impulsionamento ou retrao, a sua durao, a sua velocidade...". Todos estes termos esto relacionados com os valores e significados da msica na vida.Este mtodo (processo ensino/aprendizagem) no procura a aplicao de castigos ou punies, mas sim que os prprios alunos/intrpretes reconheam quando no atingem os resultados pretendidos. Quando apresentam alguma dificuldade que a saibam dissuadir em conjunto e que tenham sobretudo cada vez mais conscincia da importncia do papel que desempenham, quer no grupo, quer na projeco que o mesmo possa ter a nvel musical, no panorama nacional. A entreajuda foi um ponto fulcral e esteve sempre presente. Com a visualizao do vdeo podemos aprender a fazer msica com qualidade, estilisticamente e com o carcter que a obra nos pede. O equilbrio das vozes um dos pontos fortes desta formao de guitarras e uma caracterstica essencial quando se faz msica em conjunto.Por todos estes motivos consideramos um balano muito positivo no processo ensino/aprendizagem. Todos os objectivos foram atingidos plenamente.

Consideraes finaisEsta formao de msica de conjunto pertinente no contexto pedaggico, permitindo uma introduo s normas de actividade da msica de conjunto ensinando a trabalhar em conjunto e contribuindo para a aquisio de competncias de esprito de grupo, entreajuda, companheirismo, compreenso e respeito. Ao trabalharem todos para o mesmo fim verifica-se uma melhoria significativa a todos os nveis, nomeadamente na qualidade e satisfao do trabalho final por parte de todos os intervenientes, desde os msicos/interpretes at aos ouvintes. Por outro lado assume um papel de dinamizao artstica, primordialmente a nvel regional, o que torna todo o esforo e dedicao vlidos at data. Pois no h satisfao maior que aquela que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros.A qualidade musical alcanada por esta formao de grupo, permite desenvolver e melhorar o papel da msica em Portugal atravs do desenvolvimento de ideias e projectos. O trabalho desenvolvido assenta na concentrao e responsabilidade caractersticas empregues pelo maestro/professor aos alunos, bem como pelos alunos ao trabalho. determinante o papel do professor Pedro Ladeira, existncia fundamental para que os msicos/executantes possam evoluir, como comprovado por tudo atrs descrito. Ao nvel expressivo, pela utilizao de exemplos simples e claros adequados msica, a qualidade musical da obra estudada evoluiu notoriamente. Num contexto mais alargado ser ainda de alguma pertinncia referir que, segundo estudos realizados at actualidade, as aulas em grupo promovem interaces sociais positivas e a rivalidade saudvel entre os alunos, diminuindo a taxa de desistncia. Os altos nveis de motivao, que normalmente gera, proporcionam um ambiente muito favorvel evoluo individual e facilitando a evoluo dos alunos que revelam mais dificuldades. As aulas do ensino instrumental em grupo promovem o desenvolvimento de certo tipo de caractersticas, mais difceis de atingir por via do ensino individual, como por exemplo o desenvolvimento da componente auditiva relacionada com a percepo de harmonia e melodia, flexibilidade tcnica, multiculturalidade e sentido de grupo.

Anexos

- Mestrado em Ensino de Msica -Unidade Curricular de Didtica da Msica de Conjunto I

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