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Jornalistas, colaboradores e pessoas que viveram a história do Diário da Manhã foram convidados para relatar, em textos, suas experiências sobre os 33 anos de circulação do jornal. Muitos fizeram questão de ressaltar que o DM é fruto da saga do semanário Cinco de Março, que durante 25 anos lutou contra a corrupção, o jaguncismo e a ditadura militar em Goiás. Cinco de Março e Diário da Manhã somam 58 anos de idealismo dos jornalistas Consuelo Nasser e Batista Custódio em defesa da liberdade de imprensa. O editor-geral preferiu não participar da edição do conteúdo para que jornalistas e colaboradores manifestassem livremente sua visão e opinião. Domingo, 17 de março de 2013 Arthur da Paz, Lorimá Dionísio - Mazinho e Welliton Carlos – Editores do Especial de 33 anos

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Domingo, 17 de maro de 2013

Jornalistas, colaboradores e pessoas que viveram a histria do Dirio da Manh foram convidados para relatar, em textos, suas experincias sobre os 33 anos de circulao do jornal. Muitos fizeram questo de ressaltar que o DM fruto da saga do semanrio Cinco de Maro, que durante 25 anos lutou contra a corrupo, o jaguncismo e a ditadura militar em Gois. Cinco de Maro e Dirio da Manh somam 58 anos de idealismo dos jornalistas Consuelo Nasser e Batista Custdio em defesa da liberdade de imprensa. O editor-geral preferiu no participar da edio do contedo para que jornalistas e colaboradores manifestassem livremente sua viso e opinio.Arthur da Paz, Lorim Dionsio - Mazinho e Welliton Carlos Editores do Especial de 33 anos

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GOINIA, DOMINGO, 17 DE MARO DE 2013

ESPECIAL

Dirio da Manh

MEMRIA

Um raio em manh de cu limpoNascido durante a ditadura, o Dirio da Manh clareou a liberdade e trouxe tona o esprito democrtico do ento governador Ary ValadoFOTOS: ARQUIVO DM

Cartaz de lanamento do jornal Dirio da Manh em 1980

Carlos Alberto Santa CruzEspecial para

o comeo dos anos 80 do sculo passado, a ditadura militar de 64 agonizava e, c fora, a manh de Thiago de Melo comeava a rajar o horizonte de listres vermelhos, da cor da liberdade; e o povo de Chico Buarque no andava mais falando de lado e olhando pro cho; as portas do exlio foram destrancadas e o comandante Luiz Carlos Prestes desceu no Galeo livre, leve e solto, seguido de Brizola e Arrais; as cadeias polticas foram quebradas. O voto voltou a valer. Foi nesse lusco fusco de liberdade que nasceu o jornal Dirio da Manh, uma clarinada de esperana na madrugada nova do Centro-Oeste, um raio fulgurante em manh de cu azul. O jornal nasceu no governo de Ary Valado, que no se incomodou nem um pouquinho com o surgimento do novo dirio, que tinha o DNA da liberdade, do combate e da contestao, pois vinha dos jornalistas Batista Custdio e Consuelo Nasser, forjados e temperados nas oficinas do semanrio Cinco de Maro. E o Cinco de Maro no foi apenas um jornal, era a voz dos que no tinham voz, foi um muro aonde o povo vinha escrever suas necessidades, o brevirio onde os desconsolados vinham rezar sua orao, uma tocha acesa iluminando os caminhos dos que no tinham estradas, o dobrar dos sinos para os que ainda queriam crer. O jornal acordava Gois todas as segundas-feiras apontando desmandos, corrupo e tirania nos governos e nos poderosos, nos momentos mais arreganhados da ditadura. A cada vez que empastelavam o semanrio, ele vinha mais letal, e s segundas-feiras o povo se levantava mais cedo para disputar o jornal nas bancas, e os corruptos tambm, porque tinham o sono interrompido. Durante mais de 20 anos, Batista Custdio viveu e sobreviveu desafiando governos e desgovernos numa terra brbara em que chacinavam-se jornalistas luz do dia, em praa pblica, e o mandante ainda se homiziava no Palcio das Esmeraldas. Batista no morreu e nem sequer foi espancado, como era moda naquele

N

Dirio da Manh

tempo um milagre. Foi preso, mas tambm queria o qu? Um dia, eu acompanhei o senador Benedito Vicente Ferreira ao crcere do DI, onde Batista cumpria pena de oito meses por crime de opinio. O senador goiano estava acompanhado do tambm senador Eurico Rezende, lder do governo no Senado. Benedito me disse que o seu colega iria tirar Batista da cadeia. L chegamos e eu fiquei esperando, enquanto os dois senadores entraram para falar com o preso. Depois de quase uma hora de l saram e eu entrei. Batista me disse que acabara de se recusar a assinar um documento que o lder do governo federal lhe trouxera em troca de sua liberdade imediata. Eu prefiro cumprir a pena at o fim, a ter que assinar um documento que desonra a minha biografia me disse Batista. Antes, durante e depois da sua priso, Batista escrevia em roda p da primeira pgina do Cinco de Maro artigos que eram recortados e pregados nos murais das escolas, dos clubes e at das reparties pblicas. Eram textos lancinantes na qualidade e na quantidade. Atingia todos os degraus do lirismo, da temeridade, do picaresco e da ironia. Nunca mais ningum escreveu igual.

Nem ele mesmo. O Cinco de Maro era um jornal feito a mo e com o corao. Alm de Batista e Consuelo, l estavam Jvier Godinho, o jornalista que mais escreveu em Gois nos ltimos 50 anos; Antnio Jos de Moura, Waldomiro Santos, Aroldo de Brito, Anatole Ramos, Jesus Freire, Sebastio Povoa, Geraldo Vale, Carmo Bernardes, Oscar Dias, Djalba Lima, Neiron Cruvinel, Paulo Gonalves, Jos Morais e outros jornalistas brilhantes da imprensa goiana. L na retaguarda estavam Paulo Roberto Neves de Souza, Lourival Nunes, Jos Morais, Manoel Pescador, Cezar Borges, Luiz Antnio de Souza e Lzaro Custdio dos Santos, um homem inteiro, campeo da ponderao e da honestidade.

O DEMOCRATAO Dirio da Manh surgiu ento sob as barbas do governo Ary Valado, o ltimo delegado da ditadura em Gois, mas que, na prtica, foi o governo mais democrata em toda a nossa histria. Ary entendeu logo o salto de qualidade que Gois dava em comunicao e foi coerente com a sua histria de udenista progressista. Como deputado, muitas vezes bateu de frente com o regime militar: votou contra a cassao do

deputado Mrcio Moreira Alves, a favor do divrcio do senador Nelson Carneiro, protestou no fechamento do Congresso e ajudou tirar da cadeia muito preso poltico (eu mesmo fui um deles). Em momento algum Ary fez embargo financeiro ao Dirio da Manh, negando-lhe anncios. Ao contrrio: tratou o novo dirio em p de igualdade com O Popular, embora o jornal tenha patrocinado a campanha do candidato da oposio ao governo de Gois, Iris Rezende Machado, que veio a ser eleito com mais de 60 porcento dos votos. Na poca, Batista Custdio e toda a equipe do jornal acreditavam que Iris era o salvador do Estado. E quem no acreditava? O Dirio da Manh surgiu do tamanho das grandes publicaes nacionais, um jornal altura do eixo Rio-So Paulo e que chegou a receber da Academia Brasileira de Letras o prmio de o terceiro melhor jornal do Brasil. O Dirio da Manh era feito pelos chamados monstros sagrados do jornalismo brasileiro: Milton Coelho da Graa, Mino Carta, Alusio Biondi, Cludio Abramo e foi editado durante muito tempo por esse Quixote, alucinado pela sustentabilidade, Washington Novaes, que teima

em pedir ao capitalismo respeito ao meio ambiente. O capital s respeita o lucro. O capitalista tem o corao no estmago e o intestino no corao. Aquele foi o grande momento de Gois, O Dirio da Manh foi um magnfico vendaval nessa desgraada e desoladora paisagem poltica de Gois, como definia Nasser. Nos anos 80, o jornal virou cartilha nas universidades, mural dos exilados polticos que retornavam Ptria e a voz dos que foram silenciados durante toda a ditadura. No miolo da ptria, afinal um jornal cheirando as coisas novas, e que era mais lido nos gabinetes de Braslia do que os outros. Rara era a semana em que um deputado ou senador no subia tribuna, escorando-se no Dirio da Manh, ora para ler matria de alto interesse pblico, ora para ajud-lo em sua orao. Por sorte ou por azar, eu acabei secretrio de Comunicao do primeiro governo de Iris Rezende. Quem diria? Em pouco mais de um ano, o governo que o Dirio da Manh ajudara a eleger passou a olhar com desconfiana e restrio o comportamento do jornal. Eu sa da secretaria, e o governo retirou todos os anncios do jornal, at editais. Chegou ao ponto de a

Celg interromper o fornecimento de energia s instalaes do jornal, que s foi restabelecida por ordem do ministro do Interior do governo federal. O embargo financeiro do governo estadual foi to brutal que um juiz governista e apressado, por motivo irrelevante decretou a falncia do jornal e mandou fech-lo, interrompendo o mais fascinante captulo da histria da imprensa goiana. Fechar jornal delito mais grave do que fechar escolas. Alexandre, o brbaro macednio, s vsperas de dominar o mundo, s portas de Alexandria, ordenou aos seus exrcitos: destruam tudo, menos a casa de Pndaro, o poeta. A casa de Pndaro era a biblioteca dos gregos e guardava todas as publicaes da cultura helnica. Todos os grandes jornalistas da imprensa goiana ajudaram a fundar o Dirio da Manh, e eles apareceram neste painel exposto nos principais pontos da cidade e que hoje decora em tamanho menor, a redao do DM. A miniatura foi cedida pelo jornalista Ivan Mendona, que tambm faz parte desta histria, a histria mais forte da imprensa goiana dos ltimos 50 anos, s comparvel histria do Cinco de Maro que nasceu no cho da greve.

Ary Valado foi o governador que apoiou o lanamento do Dirio da Manh

Editor Batista Custdio defendeu a candidatura de Iris Rezende

Dirio da Manh

ESPECIAL

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MENSAGEM

Parabns ao Jornal do Leitor InteligenteFOTOS: ARQUIVO DM

Marconi PerilloEspecial paraDirio da Manh

C

umprimento o Dirio da Manh, este jornal ousado e vigoroso no trato da notcia e da opinio, caractersticas que o acompanham desde a fundao. Sob o comando do editor geral Batista Custdio, sempre atento e antenado com seu tempo, o DM rompeu barreiras para mostrar que a luta por um jornalismo comprometido com os anseios do seu pblico leitor fundamental para seu fortalecimento como um meio de comunicao responsvel. Admiro Batista Custdio por

sua capacidade de romper fronteiras e liderar mudanas. Com dedicao, o Dirio da Manh empresta uma valiosa ajuda ao aperfeioamento do jornalismo, em forma e contedo, tornando concretos dessa maneira avanos qualitativos muito importantes para a comunicao em Gois. Que desse bojo emerjam novas conquistas. Cumprimento toda a equipe do Dirio da Manh, que demonstrou garra e competncia na produo de um dos mais importantes veculos de comunicao do Pas e que nestes 33 anos se doou e se dedicou na concretizao de um trabalho meritrio. Tenho absoluta conscincia da posio estratgica do DM na luta pela consolidao de um Estado forte, estruturado, social-

Tenho absoluta conscincia da posio estratgica do DM na luta pela consolidao de um Estado forte, estruturado, socialmente justo, acolhedor e sintonizado com as grandes mudanastrabalho como alicerces para seguir adiante e vencer obstculos. O Dirio da Manh uma instituio que zela por esses princpios. Recebam, portanto, o Dirio da Manh e toda sua equipe, os nossos cumprimentos. E continuem firmes nesta jornada de grandes xitos. (Marconi Perillo governador do Estado de Gois)

mente justo, acolhedor e sintonizado com as grandes mudanas. Nosso governo em nenhum momento se apartar da sua mais genuna essncia democrtica. A democracia jamais poder prescindir de uma imprensa livre, vigorosa e atenta s aes de todos os agentes que compem a sociedade. Manteremos os propsitos firmes, a confiana em alta e, sobretudo, a transparncia, a f e o

ste caderno especial sobre os 33 anos de fundao do Dirio da Manh foi idealizado para reunir comentrios, relatos, opinies e histrias de pessoas que sempre estiveram ligadas ao jornal, sejam como leitor, colaborador ou profissional de imprensa. No dia 12 de maro de 1980 o DM deu continuidade ao projeto de o Cinco de Maro, tambm editado pelos jornalistas Batista Custdio e Consuelo Nasser, um semanrio que ressaltava o jornalismo investigativo em defesa dos interesses do povo goiano. O Dirio da Manh passou por vrias fases desde o festivo lanamento, reconhecimento nacional pela sua qualidade, crises financeiras at ao fechamento por falncia em 3 de outubro de 1984 e reabertura dois anos depois. Nessa trajetria o jornal foi feito por centenas de jornalistas, colaboradores e estagirios que buscaram a boa prtica na escola de textos e reportagens da redao. Os abalos polticos e financeiros foram constantes por

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A histria escrita por quem faz jornalcausa da ousadia do jornal e todos eles superados pelo ideal e esprito de luta de Batista Custdio. Todavia, e apesar dos contratempos, o DM impera como mdia moderna e reflexiva. Foi a mais inovadora na Internet, a mais incisiva na participao democrtica do leitor (criou conselhos editoriais populares) e a mais completa em termos de formao dos melhores profissionais do mercado. Pelo DM, e seu DNA Cinco de Maro, passaram os melhores jornalistas do Brasil, ganhadores de prmio Esso e regionais. Em todos os momentos, o DM foi uma central de notcias e ao mesmo tempo esfera pblica de defesa do cidado. Pelas pginas do jornal, e pelo site www.dm.com.br, passou a recente histria de Gois. Grandes tragdias, momentos de alegria, informaes bombsticas, breaking news, entrevistas histricas, todos dados que interessam Gois e o Brasil, chegaram aos leitores atravs da dedicao do DM.

VIAGEM NO TEMPO

Primeira edio do Dirio da Manh, veiculada dia 10 de maro de 1980, antecipando o lanamento oficial, ocorrido dois dias depois No grito do pequeno jornaleiro o povo se acostumou a ouvir as manchetes do novo jornal goiano

(Os editores, Lorim Dionsio - Mazinho e Welliton Carlos)

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ESPECIAL

Dirio da Manh

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Uma redao do barulhoO ambiente era alegre e muito responsvel. A qualidade da edio era questo de honra para todos. O peso do trabalho era dividido e depois debatido no ramal 51, uma lanchonete nos fundos do prdio do DM, onde no faltava cervejaIsanulfo CordeiroEspecial paraDirio da ManhARQUIVO DM

CRUSH NAS PAREDESToda Redao, sabe-se bem, tem de ser um local propcio criatividade. Pois para decor-la o escolhido por Batista Custdio foi um arquiteto que na poca (no sei se suas convices persistem) adotava o pensamento e os trajes cor de jerimum do mestre indiano Bagwan Shree Rajneesh. O arquiteto mandou pintar de duas cores nossas paredes: laranja a metade inferior e verde a de cima. Parecia propaganda de Crush. Doa a cabea s de olhar. O talento do arquiteto evidenciou-se quando nos entregou o banheiro masculino recm-reformado. Tinha dois vasos sanitrios que, sem uma imprescindvel divisria, esperavam que ocupantes lado a lado desfrutassem deles simultaneamente...

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oi difcil? Foi. Enfrentamos salrios atrasados, instabilidade administrativa e trabalho alm do volume razovel. Fortes batalhas. Mas, de 1980 a 1984, da fundao ao auge da crise do recm-nascido Dirio da Manh, perodo que vivi profundamente, preponderava entre ns, os jornalistas daqui, o pressentimento de que de Gois sairia uma revoluo no jornalismo brasileiro. Mais adiante depararamos com o avassalador problema da sustentabilidade financeira do projeto. Mas, at ento, trabalhamos e curtimos muito. Em 1985 retornei ao O Popular, de onde sara em 1979, para mais 20 anos de desafios, projetos e conquistas junto a novos e antigos amigos. Mas o aniversariante de hoje o Dirio e, como em todos os anos, este jornal comemora justificadamente a data publicando depoimentos sobre sua histria. Tudo de srio e profundo, parece-me, j foi contado. Ento, ao atender ao convite gentil deste grande personagem da histria que Batista Custdio, conto aqui alguns casos interessantes vividos naquela Redao vibrante. Cada uma das editorias no Dirio da Manh, prdio grande na Avenida 24 de Outubro, quase em frente ao campo do Atltico e vizinho de um posto de gasolina do Jos Carlos Bretas, tinha seu telefone, um ramal de dois dgitos. Assim: editoria de Poltica, ramal 32; editoria do DM Revista, ramal 26: editoria de Esportes, ramal 18, e por a vai. Como o trabalho nos ocupava o dia inteiro, o almoo e o jantar tinham de ser por ali mesmo. Quase sempre valamo-nos de um boteco. Nos fundos, passado o corredor da garagem, o barzinho servia caldo de mocot, algum tipo de carne, arroz e feijo. s vezes tinha espetinhos; o que no podia faltar era cerveja bem gelada. Um lugar bom assim, refgio verdadeiro, tinha de permanecer disfarado dos clientes que teimavam em nos chamar no auge das horas sagradas das refeies ou de eventuais e benditos momentos de lazer: a esses a secretria e tutelar Carmem Lcia res-

Registro fotogrfico da redao do Dirio da Manh, na dcada de 1980pondia que estvamos ocupados numa entrevista no ramal 51. valor transcendental e cientfico. E o caderno especial que produzimos da passagem do Papa no Distrito Federal foi uma verdadeira bno, um trabalho muitos pontos acima, de forma e contedo, do que fizeram Folha de S. Paulo, O Globo e outras publicaes naquele momento, para ns, to importantes quanto o DM. Na pauta, pais de planos Na Editoria de Economia, formatada inicialmente pelos craqussimos professores da UFG convertidos em editores Sergio Paulo Moreyra e Servito Menezes, em seguida comandada por Marco Antnio Tavares Coelho e depois por este escriba, s havia cobras motivadssimos pela criatividade contagiante: Lauro Veiga Jardim Filho, Ayms Beatriz, Abadia Lima, Eliana Prudente e outros jornalistas tambm altamente cotados. Fazamos belas reportagens locais e, aos correspondentes do Rio e So Paulo, encomendvamos entrevistas vibrantes inclusive com jovens scholars recmvindos de doutorados no exterior, a exemplo de Edmar Bacha, que um pouco mais adiante se notabilizariam transubstanciados que foram, muitos deles, em pais de planos econmicos como o Real.

A CEDILHA ASSASSINANum de meus primeiros trabalhos ali, pretendi ensinar ao leitor, em tempos watergateanos, como fazer um transmissor FM sem fio do tamanho de uma caixa de fsforos, com transistores, resistores etc. bem baratinhos encontrveis facilmente naquela loja especializada da Rua 3, no Centro. Com um passo a passo muito bem desenhado por Mariosan Gonalves e o texto apropriado, batizei minha reportagem especial de A espionagem ao alcance de todos. Pois algum da reviso cuidou de consertar o erro. E saiu l, bem grande, ao lado de minha assinatura, o inesquecvel ttulo A espionagem ao alcane de todos. Com cedilha e tudo.

SIRON NA COPAOs jogos da Seleo Brasileira cobravam criatividade, matria prima abundante. E convocado, nosso artista maior Siron Franco no negava fogo. Na Redao, em plena torcida que trabalhava e ao mesmo tempo gritava a cada lance de perigo no jogo, Siron dava suas pinceladas numa cartolina e propunha uma ideia para a capa do caderno especial contando tudo sobre a partida. A sugesto era aprovada ali mesmo, na Editoria de Arte, na hora, em meio alegria coletiva que nos embriagava.

GUGU COMANDA A FESTAA Redao era uma sala grande, sem divisrias, povoada estridentemente por algo em torno de uma centena de jornalistas e visitantes, todo mundo falando alto, batendo mquina, telefones tocando, cigarros acesos, velhos ventiladores tentando em vo vencer o calor e Luiz Gugu Augusto da Paz saudando aos gritos qualquer um que entrasse pela porta da frente: Ah, potncia sexual!, para ouvir aplausos gerais de resposta a este bem-humorado cumprimento. Uma farra!

O RAMAL 51

CADERNO DO PAPAJoo Paulo II veio ao Brasil, e o Dirio da Manh, claro, tinha de fazer bonito. Convocamos nossa sucursal de Braslia que, inteira, devotou-se tarefa de corpo e alma. E no era uma sucursal qualquer. Para dar uma ideia: seu diretor era ningum menos que Pompeu de Souza, o inventor do lead, um dos criadores da revista Veja, sacrossanto e venervel guia espiritual de todos quantos jornalistas fossem, e seu secretrio-geral, Jayme Sautchuk, que reencontro agora em maro, para minha alegria, envolvido com questes relacionadas transparncia do cu de Cristalina e outras do mais alto

Siron Franco ilustrou o jornal durante a Copa de 1982

Marcos Antnio Coelho, ex-editor de Economia do DM

Salmo no Salerno sob a arquibancada do Atltico Clube GoianienseNosso mtico colega paulista Cludio Abramo (aquele da definio jornalismo o exerccio dirio da inteligncia e a prtica cotidiana do carter) apareceu um dia para conhecer a experincia, comandada na poca por Washington Novaes. Era sbado e, no rpido intervalo de que dispnhamos para almoar, ns o levamos ao Don Salerno, restaurante especializado mais em atender os trnsfugas da noite nos buracos das madrugadas. E no que o refinado e genial Cludio elogiou muito a meia carcaa de frango assado e arroz que lhe serviram numa daquelas mesas mal ajambradas debaixo das arquibancadas do campo do Atltico?

MORTE EM PAZ DO ASSASSINOJos Renato de Assis, jovem reprter de muito valor, realiza uma pauta que lhe passei no DM Revista, que sempre trazia belas reportagens. A daquela vez, ilustrada por um cano de espingarda apontando para o rosto do leitor, exibia uma entrevista com o feroz assassino Ramiro, chamado pela imprensa na poca de Bandido da Cartucheira. O ttulo: Cara a cara com Ramiro. Um trabalho impactante, revelador, exclusivo, ousado. Claro que merecia repercusso. Jos Renato de Assis, incansvel, volta cadeia para nova reportagem com o facnora. E retorna Redao desta vez triste, de mos vazias. Contrariando toda a lgica da violncia que cultivara matando gente a torto e a direito com disparos de cartucheira nas fazendas por onde errava em sua trajetria criminosa, Ramiro havia morrido s e pacificamente, como um passarinho,

enquanto dormia num catre da Casa de Priso Provisria.

DIETA DE BABAE estas histrias do DM no podem acabar sem o toque do reprter Rosalvo Leomeu Gonalves, redimido do serto de Arraias para alcanar o stimo crculo do paraso os ensinamentos de outro guru indiano da moda poca, o at mais tarde imortal Sai Baba (que Shiva o tenha!). Ns, os incrus, num lance de ousadia pag, ousamos oferecer-lhe num sbado de chuva uma vigorosa feijoada no Ramal 51. Rosalvo Leomeu imediatamente recusa o convite: Amigos, desconhecem vocs que eu sou ovo-lcteo-vegetariano? (Isanulfo Cordeiro jornalista e Assessor de Imprensa do governo Marconi Perillo)

Jornalista Cludio Abramopalha que Jayro Rodrigues acabava de acender em sua mesa. Aproximase e diz, com a pronncia que todos sabem imitar: O prezado jornalista faz-me lembrar os palheiros do senhor meu pai... Me d um?

poca, o presidencivel Paulo MalufE Jayro, com uma ponta de orgulho, puxa uma palha de milho, pica pacientemente um pedao de fumo de rolo made in Mossmedes e, sem qualquer preconceito ideolgico, serve sorrindo um pito ao ento candidato dos militares Presidncia da Repblica.

PALHEIRO PARA MALUFO inafastvel (mesmo em Goinia) Paulo Maluf entra na Redao para uma entrevista e de longe sente o cheiro do cigarro de

Dirio da Manh

ESPECIAL

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O maior sucesso no aniversrio do DMFuturo do jornal depende do amadurecimento profissional e da pena dos editores Sabrina Ritiely e de Arthur da PazJvier GodinhoEspecial paraDirio da Manh

HISTRIA

Alfredo Nasser, lder inesquecvel

O

s 33 anos de fundao, que o Dirio da Manh est comemorando hoje, constituem o mesmo tempo de sua contribuio Histria de Gois. Em 12 de maro de 1980, ele comeou a ajudar a escrev-la, esbanjando pioneirismo. Foi o primeiro dirio em Gois realmente dirio, circulando nos sete dias da semana; o primeiro a funcionar com conselho de redao, o primeiro em cores, o primeiro com site na internet, o primeiro a informatizar totalmente a redao e o setor grfico, o primeiro com todas suas pginas em cores. Depois dele, nunca mais a imprensa goiana foi a mesma. Todos os jornais tiveram que se modernizar e, os que no conseguiram, desapareceram. Alm disso, a contratao pelo DM de grandes nomes do jornalismo paulista, carioca e brasiliense provocou uma revoluo de qualidade entre ns. Em dezembro de 1979, este humilde escriba recebeu em casa a visita de Batista Custdio e Consuelo Nasser. Trabalhramos no Cinco de Maro, de 1964 a 1970, nos rduos tempos da ditadura, sitiados entre a censura poltica e a represso. O casal nos falou do novo projeto, ainda segredo comercial, e seus olhos faiscavam de entusiasmo. Batista j havia acertado com valores da grande imprensa do Pas e, em Gois, selecionara profissionais para sua equipe. O jornal ter expresso nacional e, em breve tempo, tambm internacional garantia ele, pensando enorme. Os dois nos deixaram lisonjeado com o convite para integrar sua equipe. A notcia do lanamento do Dirio da Manh logo ganhou as ruas e nos habituamos a ouvir colegas e empresrios diagnosticando a ousadia: No passa de uma aventura... Em maro de 1984, acertvamos nosso ingresso no DM, para suceder, com muita honra, nada menos do que a Washington Novaes, realmente uma das expresses do jornalismo brasileiro, extremamente tico e campeo de ecologia. Infelizmente, sete meses depois, o jornal era asfixiado financeiramente, at falncia, pelo governo do Estado, rugindo de dios. Como nada impossvel quele que tem f, em 1986, Batista elidiu a falncia e recriou o jornal, a partir do nada, transformando dezenas de estudantes de comunicao social em jornalistas de verdade, coisa que ele sempre soube fazer, com paixo e competncia. Nas redaes do Pas inteiro e mesmo no exterior, trabalham jornalistas que aprenderam o bsico na sua modesta mas competentssima escolinha, com sala de aulas no Cinco de Maro, no Edio Extra e no Dirio da Manh. Em agosto de 1991, retornamos ao Dirio da Manh, reencontrando em Batista a f de sempre. Ele respirava, comia e bebia redao e administrao de jornal e sonhava sonhos onde o personagem principal era o filho Fbio. Em Fbio, como continuador de sua obra, Batista apostava todas as fichas, por isto sofreu tanto com sua morte prematura, em janeiro de 1999. Nem assim deixou de lutar ou perdeu a f, apoiado por outros filhos, tendo frente Julio Nasser. Hoje, seu futuro depende do amadurecimento profissional e da pena de Sabrina Ritiely e de Arthur da Paz. Fbio foi um capitulo parte nessa histria ensopada de lgrimas, mas tambm plena de f e de esperana. No Cinco de Maro, Batista, Consuelo, ns e outros jovens companheiros fomos terrveis panfletrios, querendo consertar o mundo. Batendo, apanhando, sofrendo, errando e aprendendo, evolumos lentamente. Tempos depois, no Dirio da Manh, no verdor dos anos talentosos e no ardor da juventude brigona, Fbio ironizava: Hoje, eu sou Batista Custdio, o criador de casos de antigamente. Meu pai meu tio Alfredo Nasser, querendo botar pano quente em tudo... Para o gentil leitor entender melhor, preciso saber que outro grande e saudoso jornalista, Leonan Curado, escreveu no Jornal de Notcias que os anos fizeram de Alfredo Nasser guerreiro e monge ao mesmo tempo. Com sua pena incandescente, sua oratria e sua honradez, Nasser mantivera acesa a chama das oposies goianas contra os desmandos do ludoviquismo durante trs dcadas, quando tantos companheiros foram abatidos ou desertaram. Mesmo preservando intacto o ideal, Nasser deputado estadual e federal, senador, ministro da Justia e at, eventualmente, no parlamentarismo, primeiro ministro di Brasil,. se dobrou aos anos, que transformaram o modesto barraco onde morava, na Rua 74, no Bairro Popular, em muro de lamentaes e, ele, num sbio conciliador de amigos, conhecidos e desconhecidos. A dor amansou Batista e o transformou num longevo sobrevivente de reveses. Ele mudou

DM era um sonho de Fbio Nassermuito e para melhor. Perdeu a braveza, mas no a super f, que o faz atualmente, na antevspera dos 80 anos de idade, produzir cada edio do Dirio da Manh com o auxlio de apenas dois ou trs colaboradores. assim que ele levanta poeira e d a volta por cima. Friedrich Nietzsche, que Fbio lia e comentava, errou quando escreveu que todos os grandes intelectuais so cticos. Batista intelectual e, acima de tudo, acredita em Deus e em si mesmo. Com a internet e as redes sociais, o mundo metamorfoseado em aldeia global, acabou o monoplio da informao, mas a grande imprensa no desapareceu porque est sabendo se adaptar e conviver com as imposies dessa revoluo, que varre e sacode os cinco continentes. No Cinco de Maro, na Avenida Gois com a Rua 61, ento Bairro Popular, no havia porteiro, nem guarda, nem segurana. Entrava quem quisesse. Bastava subir a pequena escada direita e ficava cara a cara com os jornalistas na redao, instalada sobre um jirau de madeira, com cinco ou seis mesinhas encimadas por velhas mquinas de escrever, e no mais do que meia dzia de cadeiras de pernas bambas. Tudo era pobre, feio, improvisado e, milagrosamente, funcionava bem. L, os reclamantes, os filhos do povo, tinham sempre razo. Os espaos do semanrio estiveram permanentemente abertos a jornalistas, escritores, poetas, artistas, professores, estudantes e profissionais de todas as tendncias, que neles escreviam o que bem entendiam. Seus maiores reprteres eram os annimos homens das ruas. Eles lhe levavam incessantemente denncias, queixas, amarguras, protestos, aplausos, frustraes e esperanas. Sentindo-se ameaados em qualquer circunstncia, recorriam ao caminho que jamais lhes foi fechado: Vou ao Cinco de Maro. bvio que um veculo de comunicao social assim errou muitas vezes e fez muitos inimigos, que o perseguiram de todas as maneiras possveis, e uns poucos no o perdoaram at hoje. No aceitavam que, atuando como um feroz co de guarda, ao lado de oprimidos indefesos, ele ajudasse muita gente, aliviasse muitas dores, evitasse muitos males, abortasse muitas tragdias e secasse muitas lgrimas. At hoje acontece que algum mais vivido nos pare na rua ou em outro lugar, iniciando o dilogo: Li uma vez no Cinco de Maro... E, incrvel porm verdadeiro, discorre sobre uma reportagem ou artigo ali publicado h quase meio sculo. Foi com certeza recordando essa inusitada realidade que a inspirao providencial relampejou na cabea de Batista Custdio e ele criou, no Dirio da Manh, o caderno Opinio Pblica, que estampa todo tipo de manifestao dos leitores. Envie seu artigo (com foto) para opiniaodmgmail.com eis o convite na capa do jornal, aproximando-o do homem da rua. Assim, se nos perguntassem o que consideramos mais importante no Dirio da Manh atual, que Batista Custdio edita praticamente sozinho, responderamos, testemunha que somos desse passado hericos e lendrio: O caderno Opinio Pblica. este o maior sucesso do DM no seu 33 aniversrio. (Jvier Godinho jornalista)

Sobre os ombros de Jlio Nasser, Batista depositou o peso da presidncia do DM

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ESPECIAL

Dirio da Manh

Trs dcadas de lutas, quedas e vitriasBatista viveu dias infernais: os amigos desapareceram, a famlia se desintegrou, os polticos que viviam cata de espao no jornal no atendiam aos seus telefonemasSuely ArantesEspecial paraDirio da ManhARQUIVO DM

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Dirio da Manh chega aos 33 anos com corpinho de 70, envelhecido precocemente por uma trajetria de glrias, quedas, lutas e vitrias, tudo assim, junto e misturado. Mas qual a boa histria que no rene esses ingredientes? O roteiro comea em 1980, quando o jornal nasceu da costela do semanrio Cinco de Maro, que Batista Custdio resolveu transformar em jornal dirio com um projeto ousado sobre uma megaestrutura desenhados por seu idealismo. Muitos acharam que seria um sonho a mais de Batista e Consuelo Nasser. No foi. O jornal nasceu sob o signo do sucesso e fez histria no jornalismo goiano e ganhou o Brasil, chegando a ser considerado o quarto do Pas pela respeitada Academia Brasileira de Letras, onde recebeu o prmio alusivo. Batista e Consuelo fizeram uma revoluo na imprensa. Selecionaram os melhores jornalistas do Estado, como Carlos Alberto Sfadi, Isanulfo Cordeiro, Jayro Rodrigues, Fleurymar de Souza, Carlos Alberto Santa Cruz, Marco Antnio da Silva Lemos, Lorim Dionsio, Wilson Siveira , Snia Penteado, Hlio Rocha, Jvier Godinho, entre outros. No satisfeito, buscaram mais nomes consagrados nos jornales do Rio, So Paulo e Minas. Assim se juntaram ao time goiano, profissionais da qualidade de Washington Novaes, Aloysio Biondi, Reinaldo Jardim, Elo Callage, que ganharam dos enciumados (no bom sentido) colegas o bem-humorado apelido de legio estrangeira. Briancadeira parte, os dois times conviviam harmoniosa e respeitosamente, tanto que o coleguismo virou amizade e eles mesmo riam muito da recepo, em princpio no muito cordial.

Lzaro Custdio, mais do que irmo na hora da crise. Samyr Helou, mdico e companheiroO DM deu to certo, que estava bom demais para continuar. Jornal forte nem sempre agrada a empresrios e polticos, principalmente. Dizer que exite imprensa idependente de grupos econmicos e polticos, pelo menos pelas bandas aqui da Amrica Latina, utopia, infelizmente. Foi nessas guas revoltas que o DM embarcou e afundou. Salrios altos pagos em dia, tiragem que alcanava todo o Estado, Distrito Federal e outras capitais brasileiras gerava custo operacional que aos poucos foi tornando-se invivel. Gois, poca no contava ainda com empresas e indstrias de grande porte para anunciar seus produtos. O maior anunciante era o governo mesmo e ponto. Quando Iris Rezende assumiu o governo sucedendo a Ary Valado, o DM tinha milhes para receber em notas empenhadas e no recebidas. Iris pagou algumas e foi rolando a dvida at Batista e Consuelo no conseguiram mais esperar. Eles tinham pressa, Iris no. Da nasceu o desentendimento entre compadres e amigos at que virou briga feia, prejudicando centenas de funcionrios, fornecedores, os donos do jornal e o prprio governo. Nesse cenrio no faltaram as traies, intrigas e mentiras. Poderia relembrar vrias, mas vou citar uma das piores que presenciei: a histria inventada por bajuladores do governador , que corromperam jornalistas de carter frgil para se aliar a eles, com oferta de emprego no governo. Assim, fizeram malabarismo sabe-se l de que jeito, mas tiveram acesso a um artigo que o Batista havia escrito (ainda no publicado) com crticas pesadas a Iris Rezende, mas ao seu governo, sem resvalar para o plano pessoal. Mas para ofender o homem pra valer tinha de haver ataques famlia do governador. Se era isso que faltava, estava resolvido. O grupeto maldoso, de posse s laudas do artigo, enxertou um pargrafo escrito por eles,que atingia em cheio a honra de Iris Rezende no que h de mais sagrado para um pai, a honra de um filho. E l foram eles, excitados entregar o artigo ao Iris, jurando ser o texto original. Iris perdeu o cho, claro. S que no meio dos cizaneiros havia um jornalista que resolveu telefonar para o Lzaro Custdio, irmo de Batista, e comentou o fato, em tom at ameaador. Apavorado, Lzaro chegou redao do DM pouco antes da meia-noite e aos berros pedia explicaes ao irmo para tanta mesquinharia, citando o tal trecho fabricado pela turma oportunista. Batista, sem entender nada, me chamou e pediu que eu pegasse na minha gaveta os originais do tal artigo (havia deixado comigo porque na poca eu era secretria de redao e responsvel por decidir em que pgina e dia o artigo deveria ser publicado). O prprio Batista pediu para que segurasse a publicao at a prxima semana, na esperana de resolver a situao com o governo. Entreguei as quase dez laudas ao Lzaro, ele leu uma a uma, releu e no achou sequer uma linha que se referisse famlia de Iris. Tem alguma coisa errada, disse Lzaro, completando: O fulano de tal leu para mim uns comentrios deplorveis sobre a famlia de Iris que estariam nesse artigo e no vejo nada disso. Onde est o erro, Batista?, indagou todo desconcertado com a maneira agressiva que havia chamado ateno do Batista. O erro, Lzaro, est nas mos infectas de gente que at pouco tempo levava uma vida nababesca bancada com o gordo salrio

Orlando Conde, fiel amigo em todas as horasque recebia do DM e me encheia de elogios e afagos to falsos e interesseiros como osque hoje depositam aos ps do Iris. Resultado da pera bufa: o artigo verdadeiro no foi publicado, outros foram mas este no, sou testemunha do seu contedo (guardo comigo uma cpia do original at hoje). Porm, Iris, inflamadssimo pelos puxa-sacos oportunistas (toda gente desse naipe ), prefeiriu acreditar que o tal artigo existiu e iniciou uma perseguio ao DM at que conseguiu fech-lo. Batista viveu dias infernais. Os amigos desapareceram, a famlia se desintegrou, os polticos que viviam cata de espao no jornal no atendiam aos seus telefonemas, vendeu os poucos bens que lhe restaram e passou um ano com despensa vazia numa chcara emprestada por Man de Oliveira. Sabe que ia l visit-lo? Valterli Guedes, Gabriel Nascente, Potenciano Monteiro (j falecido), Samyr Helou (tambm falecido) o Luis Carlos e eu. Sem contar o fiho Fbio Nasser que foi morar com o pai e o fiel Orlando Conde, um faz-tudo, que s abandonou Batista quando a morte lhe buscou. No se pode omitir nunca o nome de Ronaldo Caiado nessa histria. Deputado federal e presidente da poderosa UDR, procurou Batista e garantiu: Vou ajudar voc a reabrir o DM. A essas alturas, at o Batista duvidou. Pois Caiado, com sua lealdade e braveza que trouxe do bero, fez uma srie de reunies com os ruralistas, polticos, amigos e quase que como uma ordem convocou todos: Cada um como puder, tem de ajudar o Batista a reabrir o jornal. Entre eles, havia alguns que se afastaram do Batista, mas no tiveram coragem de contrariar Caiado. A comeou o longo caminho de volta do Dirio da Manh, que competa 33 anos . Nessas trs dcadas, outras crises viriam. Mas isso assunto para outra histria pautada no idealismo, fora, coragem e persistncia para servir de exemplo para os jovens que esto chegando agora ao jornalismo, com a cabecinha cheia de iluso. H flores nessa seara? Sim, mas os espinhos no so poucos. Como em qualquer profisso, h alegrias, conquistas, decepes e glamour. Mas nada que a persistncia carregada com os ps ficados no cho no vena. (Suely Arantes jornalista)

Dirio da Manh

ESPECIAL

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Tem caf quente?A redao do Dirio da Manh continua grande, porm o nmero de profissionais diminuiu bastanteLorim Dionsio MazinhoEspecial paraDirio da Manh

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o entrar na sala do Batista, que havia me convocado para ajudar na edio especial sobre o aniversrio de 33 anos do Dirio da Manh, senti falta do barulho de mquinas de escrever, das risadas e dos gritos de uma turma grande, alguns perguntando se tinha caf nas garrafas trmicas, outros querendo saber o andamento de uma reportagem publicada na edio do dia e que estava sendo repercutida para o prximo nmero. A redao continua grande uns 400 metros quadrados de rea mas poucos profissionais trabalhando, debruados em seus computadores silenciosos. Foi-me indicada uma sala de servio e nela encontrei um pster com as fotos de 41 colaboradores e fundadores do DM. Eu estou entre eles e, rapidamente, contei nove mortos no quadro. Bateu-me um cansao natural dos que se aposentam da agitao do jornalismo. Mesmo assim me recordei de outros com-

panheiros que no estavam entre os 41, mas que fizeram parte da redao e que alguns deles tambm j partiram para um plano que, pela minha formao crist, espero ser melhor do que esse em que vivemos hoje. Nas lembranas me veio a imagem enorme do Amrico Custdio, irmo do Batista e que era responsvel pela parte grfica do DM. O cara era forte e tinha um corao maior do que seu prprio peito. Falava macio e era querido por todos. Certa madrugada ele me ligou em casa, depois de tentar achar o Hlio Rocha por volta das trs da manh me pedindo para mexer na primeira pgina onde, segundo ele, Batista tinha inserido, depois que todo mundo tinha sado da redao, um pequeno editorial agressivo e que poderia azedar ainda mais a crise poltica e financeira que assolava o jornal. Fui e troquei o texto por uma notcia de agncia. Recebi um puxo de orelhas do Batista quando cheguei para trabalhar tarde, mas j sabendo que Amrico tinha batido no peito e se responsabilizado pela modificao da primeira pgina. As discusses entre os irmos sempre existiam, mas eles sempre foram solidrios, se res-

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Batista e Amrico sempre discutiam a edio do DM que seria impressa

peitavam e se amavam. Escrever sobre o Dirio da Manh exige da gente recordaes de tempos bons e tambm de momentos difceis. Prefiro me lembrar das alegrias, dos papos maravilhosos na redao e depois a turma reunida em mesas de botecos aps o dever cumprido. Ao brinde dos copos de cerve-

ja seguiam-se os assuntos variados do jornal que circularia assim que o dia amanhecesse. A gente era feliz, muito feliz e no sabia. A minha profisso de jornalista foi forjada na Rdio Riviera, em O Popular, na TV Anhanguera, na assessoria de imprensa da extinta Goiastur, em vrios jornais semanrios, revistas, telejornalismos

da antiga TV Goy, TV Serra Dourada, TV Goinia, TV Brasil Central e radiojornalismo de algumas emissoras goianas. Do Dirio da Manh o convite foi feito pelo editor Carlos Alberto Sfadi, com quem eu havia trabalhado em O Popular. Eu fui sabendo que estaria entre amigos e em um ambiente que seria construtivo para

minha profisso. E foi. Assimilei muita coisa que emanava da destacada inteligncia de meus companheiros de jornal e, melhor, tive a honra de trabalhar ao lado deles todos eles. Sendo coringa na redao, tive oportunidade de editar artigos de colaboradores do DM. Quando o professor Carlos Drummond de Andrade escrevia com excesso eu falava com ele pelo telefone e ele ditava o que poderia ser cortado no texto. No final ele perguntava se tinha espao para o desenho do Jorge Braga, que o grande poeta fazia questo de ver ilustrando os seus contos. Essa convivncia era gostosa e se tornou inesquecvel. O Dirio da Manh est a, cheio da mesma coragem e ousadia como foi idealizado por Batista Custdio e Consuelo Nasser, e cumprindo sua misso de moldar talentos. Faltam apenas os gritos e as farras dos bons tempos de redao cheia. O jornal continua vivo e forte, para a admirao de milhares de leitores e preocupao de algumas figuras que, ainda hoje, teimam em escrever pginas no captulo da triste memria de nossa histria contempornea. (Lorim Dionsio Mazinho jornalista aposentado)

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Dirio da Manh

DMTV

Uma televiso na internetPioneira em Gois, a tev do Dirio da Manh, na internet, fez e faz escola. Com uma linguagem gil, rpida e de fcil compreenso, seus programas chegaram, inclusive, a partilhar espaos em tevs fechadas, como o o Bicho e ReatorUlisses AesseEspecial paraDirio da Manh

ideia aparentemente simples, tornou-se um exemplo a ser seguido no mercado de Comunicao online. O DMTV, televiso de internet do jornal Dirio da Manh, surgiu com o start do engenheiro Marcus Fleury, um apaixonado pela rea de comunicao, radioamador, engenheiro de profisso e criador de alguns projetos que mais na frente deram origem a algumas rdios comunitrias em Gois, como a de Nova Ftima. Com o afilhado Jlio Nasser, Marcus Fleury, pensando no conceito multimdia do Dirio da Manh, sugeriu, com o seu acompanhamento, a criao do DMTV. Depois de implantada, superados todos os impasses eletrnicos e de infraestrutura, o DMTV se tornou a nica emissora de internet no Centro-Oeste e, tambm, uma pioneira em operao no Brasil. Criada, j no ar, com alguns exemplos de sucesso.

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tcias, um boletim apresentado de hora em hora, possibilitando o internauta a estar sintonizado com as ltimas informaes e acontecimentos e o Na Balada, com informaes sobre os acontecimentos na noite goiana, programa voltado para o pblico teen.

ELEIES NA WEBO DMTV tambm teve importante papel na cobertura das eleies em Gois desde a sua criao. Com informaes geis e comentrios precisos, em tempo real, levou aos internautas informaes sobre o desenrolar das votaes. Com a coordenao de Alex Pereira,o atual diretor do DMTV, a emissora conseguiu aumentar a audincia durante os dias de cobertura e mostrou a face poltica, tambm, do DMTV, algo similar que j faz o Dirio da Manh, jornal, h bastante tempo. Com uma programao ativa, o DMTV mostrou e mostra que possvel realizar uma televiso presente e interativa junto ao seu pblico. Essa tendncia, de oportunizar, debates e informaes, em tempo real, fez e faz com que a emissora seja hoje uma das principais do Pas, embora enfrente hoje dificuldades financeiras para manter a sua boa programo no ar. O tempo dir que o DMTV sempre fez e faz o certo, de olho no futuro.

POLITIZANDOO debate poltico na internet uma realidade, sem possibilidade de retrocesso, dizem especialistas e polticos ouvidos pelo Dirio da Manh. O DMTV, na verdade, foi o primeiro veculo de comunicao do Centro-Oeste a transmitir, ao vivo, por meio da web, as propostas de alguns candidatos em Gois. Um dos exemplos foi o debate dos candidatos Prefeitura de Aparecida de Goinia, segunda maior cidade de Gois. Alm de louvar o ineditismo do jornalista Batista Custdio na poca, os professores ouvidos pelo DM, chegaram a dizer que o modelo deve ser copiado por outros veculos. O DMTV e o DM mais uma vez so pioneiros nesta atitude que fortalece a democracia brasileira, disse o doutor em Marketing Poltico e professor da UFG, Luiz Signates. Uma cidade como Aparecida, que no tem divulgao em mdia televisiva, s tem a ganhar com o debate promovido pelo DMTV, completou o antroplogo e cientista poltico Wilson Ferreira da Cunha. J o professor de Cincias Polticas Itami Campos, na vspera de realizao do debate, ressaltou a tendncia pela qual a internet atinge o eleitorado. O prprio DM lido em todo o mundo por meio da web. O modelo veio para ficar, que todos os candidatos o incorporaro.

PBLICO JOVEMDe acordo com o presidente do Dirio da Manh, Jlio Nasser, a presena, ideia e experincia de Marcus Fleury, aliado ao seu conhecimento em TI, foram importantes para a manuteno do DMTV no ar e,tambm, o seu sucesso junto ao pblico. Para Jlio, o DMTV rompeu com a estrutura da tev comum e fez presena positiva na internet a partir do momento em que usou a plataforma como meio de divulgao de suas mensagens e sua programao: tudo direcionado para um pblico jovem, com necessidade de leitura rpida, j que o tempo curto, devido as suas atribulaes e agendas. Jlio lembra que o DMTV contou com a presena de bons profissionais que alimentaram todo o conceito da televiso de internet do Dirio da Manh. Criando, assim, uma cultura de televiso online com a presena interativa de sua audincia, ou seja, dos internautas.

Vista da redao do DMTV: moderna, prtica e interativatransmisso foi a do Campeonato Goiano e posteriormente para a msica. Com o tempo, multiplicou os seus focos, estendendo aos internautas uma variedade de programas voltados para todos os segmentos: do esporte msica; da culinria poltica; da cultura moda. Com uma programao mais plural, mais dinmica, a tendncia foi a de conquistar mais audincia e ao mesmo tempo fazer uma verdadeira televiso, mesmo com uma linguagem prpria da web, na internet. Pedro Fernandes, que chegou a disputar o prmio da revista Dynamite, uma das principais do Pas; alm de outros como o Bicho, um programa apresentado pela jornalista tala Carvalho, sobre o mercado pet no Brasil e em Gois e o Autorotao, apresentado pelo jornalista Fernando Prado, sobre as novidades do setor automotivo. Vrias outras atraes diversificaram a programao do DMTV, entre eles, o DMTV No-

Alex Pereira: poltica na web

NOVOS PROGRAMASEx-diretor do DMTV, Ulisses Aesse afirma que a programao, na poca, precisava de um grade. Para isso, foi necessrio uma ampla reunio com o staff da emissora e uma definio de uma programao que atendesse a todos os setores da sociedade. Definida, o DMTV colocou uma programao com atraes como Reator, um programa de rock, apresentado por

S ESPORTESO DMTV foi ao ar pela primeira vez no ano de 2006. No incio, a programao era voltada apenas para a cobertura esportiva, tanto que a primeira

Jlio Nasser: televiso para um pblico jovem e sem tempo

Ulisses Aesse: uma programao com a linguagem da internet

Conceito criado com a participao de grandes e bons profissionaisO comentarista e consagrado narrador de futebol Janurio de Oliveira chegou a bater um bolo num domingo do passado com o apresentador Milton Neves, durante um bate-papo. Neves elogiou o trabalho de Janurio de Oliveira, que criou os bordes t l um corpo estendido no cho, sinistro, muito sinistro, t l o que todo mundo queria, cruel, muito cruel, alm de tantos outros. Janurio tem um currculo invejvel: j atuou na TV Educativa, Rdio Globo (durante 20 anos) e junto com Luciano do Valle, na TV Bandeirantes. Janurio foi um dos que prestigiaram a web tev do Dirio da Manh, DMTV, onde fez comentrios precisos, durante alguns programas e mostrou mais uma vez porque tem grande prestgio em todo o Pas. Mestre mestre em qualquer lugar. Gois, So Paulo ou em qualquer parte do mundo. O DMTV teve, tambm, as participaes do cronista esportivo Valrio Luiz e, tambm, Paulinho Azeitona. Os dois, Anhanguera, como narrador oficial dos jogos da emissora, o reprter, at ento nefiio e iniciante, Vitor Roriz, disputava com o competente Fernando Prado os microfones da emissora. Contando sempre com o trabalho tcnico do experiente Alex Clmaco, responsvel por manter a emissora no ar no setor de Suporte. O trabalho era constantemente supervisionado pelo presidente do DM, Jlio Nasser, e, tambm, pelo criador da emissora, seo Marcus Fleury. Vale lembrar que Lincoln, o Leo da Serra, ex-craque do Gois, tambm, ajudou nos comentrios de vrios jogos transmitidos pela emissora, um filo que o DMTV conseguiu criar escolas e bons profissionais, tanto que a programao era assistida por um pblico vido por informaes de Gois e que se encontrava espalhado por quase duzentos pases do mundo. Uma legio de internautas que ajudou no sucesso do DMTV e ainda hoje faz a emissora estar na histria das tevs na web.

Engenheiro Marcus Fleury: o idelizadornum determinado momento da histria da emissora, foram seus diretores, alicerando o conceito de um canal online que respeitava e respeita a vocao musical e esportiva do internauta. Val-

Paulinho Azeitona: msica e qualidaderio Luiz implantou o conceito de cobertura esportiva na emissora do DM. J, Paulinho Azeitona, apresentador do programa Gynteen, na TBC, deu vez e voz msica, tornando a emissora mo-

Valrio Luiz: esporte tambm na redederna e com uma qualidade musical, que conseguiu dobrar a audincia do DMTV. Na gesto de Valrio Luiz, o maior incentivo produo esportiva, revelou talentos. Hoje, na Televiso

Dirio da Manh

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A velha chama no se extinguiuOnde quer que exista algum empenhado em esconder alguma coisa, isso ser notcia. Todo o resto propaganda (George Orwell)Marco Antnio LemosEspecial paraDirio da Manh

ARTIGO

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h, o velho e sempre proftico Orwell... Em 1984, ele nos oferece a face mais cruel, fria e insensvel do totalitarismo, em que aqueles que detm o poder absoluto ou, se ainda no o tm, de tudo fazem para rapidamente alcan-lo e consolid-lo empenham-se em manipular, ocultar, controlar, ajustar. No totalitarismo, no existe Histria nem h memria. Todo registro de tal modo adulterado e maquiado que passa a no haver qualquer diferena entre passado, presente e futuro. O passado permanentemente reciclado e ajustado s convenincias da atualidade, e, em termos efetivos, jamais houve mudana, porque sempre foi assim. Pelo instantneo do momento atual, antigos inimigos viram aliados e velhos aliados so convertidos em inimigos. Melhor ainda, nada disso; se algum ainda tiver dvidas, bastar conferir os registros oficiais (os nicos disponveis): descobrir que os aliados e os inimigos de hoje o so desde sempre. O mtodo de dominao consiste em suprimir ou demonizar qualquer heresia

ou dissidncia, apagar ou modificar documentos, manipular e controlar os meios de informao. de Antonio Gramsci e seu intelectual orgnico babarem de satisfao na gravata; nem se a coisa tivesse sido encomendada no seria to perfeita. Desde o aparecimento de 1984, que se deu em 1948, a proposta de Orwell sempre foi tomada como mero exerccio polticoalegrico. Como seria possvel aquele mundo do Big Brother pudesse vir a existir, ainda mais no Brasil? Entretanto, especialmente a partir de 2003, ele vem se tornando assustadoramente mais prximo e factvel. J temos a novilngua do politicamente correto. Ainda no chegamos ao Ministrio da Verdade preconizado por Orwell, mas j temos, a pleno vapor, a Comisso da Verdade, cujos trabalhos no andam e investiga no se sabe bem o qu, mas j tem as concluses prontas: a culpa, seja l do que for, j sabemos, da direita, dos militares, do imperialismo e das dazelite. PT, MST, UNE, sindicatos, minorias mobilizadas e ONGs j praticam o programa de Dois minutos de dio, parte do dia em que os seguidores de Lula e Dilma, como em 1984, se renem para assistir a propagandas enaltecendo as conquistas do decnio petista e principalmente para exercitar e direcionar o dio que

mal contm contra os inimigos. No existem adversrios; apenas inimigos e so assim considerados qualquer um que seus lderes assim considerarem, ou que no apie com frenesi tudo que provier do governo. O Dirio da Manh completa 33 anos. Nasceu sob a gide da liberdade, do inconformismo da democracia e da pluralidade. Veio luz guiado pela idia voltairiana de, a despeito de eventualmente no concordar com as idias de algum, defender e assegurar-lhe sempre em suas pginas o direito desse algum de diz-las. Fico feliz em constatar que ainda agora, mais de trs decnios aps sua fundao, ele continua fiel aos princpios sobre os quais foi erigido. Por sinal, nesse aspecto aproveito para fazer um registro pessoal. Se existe algum, no cenrio pblico brasileiro, que sempre me despertou a mais viva idiossincrasia, este algum foi o ex-ministro Jos Dirceu, condenado pelo STF priso por haver orquestrado e comandado o mensalo, trama urdida pela cpula do PT para que o partido lograsse controlar a seu bel-prazer o Congresso e levasse a efeito o mais completo aparelhamento da estrutura estatal j vista desde o nacional-socialismo de Hitler e o comunismo de Stlin, numa invulgar experincia totalitria, com supresso de

qualquer oposio ou discordncia. Os modelos mais prximos de regime desse tipo de aparelhamento so os atuais regimes cubano, vietnamita e o da Venezuela chavista. Ou ainda, em verso um pouco mitigada, o kirschnerismo na Argentina.

Foi a que me lembrei das lies e do exemplo de Batista Custdio, de jamais negar espao a quem quer que seja

Sempre tive Jos Dirceu como o exemplo mais acabado de personalidade poltica nefasta. Suas inquestionveis inteligncia e tenacidade o transformaram em uma espcie de gnio a servio do mal. Eu no precisei de que o Supremo confirmasse o mensalo. Os elementos coletados pela mdia e os debates na Cmaras que culminaram com a cassao do ex-ministro da Casa Civil sempre me foram mais que suficientes para me convencer, em termos polticos e fticos, da realidade dessa compra de votos

e do aparelhamento da mquina estatal, bem como da responsabilidade de Jos Dirceu e da cpula do PT no episdio. Portanto, quando me deparei com a condio de Jos Dirceu como colaborador do blog do Noblat e colunista regular do Dirio da Manh, quase surtei. Como era possvel, eu me indagava, conceder-se espao e prestgio a tal figura? Como, na mais absoluta contra-mo dos fatos e da Opinio Pblica, deferia-se a Dirceu o direito de ocupar espao na imprensa e na blogosfera, em desafio a realidades incontestveis e sob o cinismo do raciocnio revelador de que estava cada vez mais convencido de sua inocncia? Foi a que me lembrei das lies e do exemplo de Batista Custdio, de jamais negar espao a quem quer que seja, e garantindo esse auxlio to mais efetivamente quanto mais em desgraa ou em estado de desamparo a pessoa estivesse. Foi ento que me recordei do esprito que marcou a criao e a evoluo do Dirio da Manh, o oferecimento de uma tribuna onde quem quer que se julgasse injustiado pudesse ocupar, de forma livre e desimpedido. Foi a que me dei conta do esprito que, em Londres, preside a existncia do Speech Corner, no Hyde Park, uma rea em que lcito a qual-

quer ocupar e manifestar seu pensamento de forma livre, sem a mais remota possibilidade de que o poder pblico vir a tolh-lo ou interferir nessa liberdade. Em suma: at Jos Dirceu, a despeito de ser o que efetivamente , tem direito a se defender e a expor suas opinies, por mais cnicas, mentirosas, falaciosas e maliciosas que possam ser. Concordei com Batista Custdio, embora com relutncia. E tambm com Rui Barbosa: as leis que no protegem meus adversrios no podem me proteger. da democracia legtima, em nosso prprio interesse, permitir e at facilitar que rebotalhos ticos como o ex-ministro e ex-presidente do PT possam se manifestar livremente ao contrrio do que sucede com Yoani Snchez em Cuba e a quaisquer oposicionistas em plagas bolivarianas ou em democracias populares, que Dirceu to ardorosamente defende. E que seriam os primeiros a silenci-lo caso optasse por dissidir ou aderir a qualquer posio contrria ortodoxia totalitria que tanto ama e defende. Assim, meus parabns a Batista, na certeza de que o esprito do Dirio da Manh no se extinguiu, trinta anos aps. (Marco Antonio Lemos jornalista, juiz de direito do Distrito Federal e fundador do Dirio da Manh)

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ESPECIAL

Dirio da Manh

Trinta e trs idadesProduzir imprensa por trinta e trs anos no tarefa para anes, nem para mesquinhos, nem para deslumbrados.pletou sua tarefa aos trinta e trs anos, mas para chegar a eles passou por duras provas: total esquecimento dos doze aos trinta anos, tentao no deserto, humilhao de um julgamento injusto, preterio do povaru em favor de Barrabs, criminoso conhecido, at alcanar a morte dolorosa e humilhante reservada aos piores criminosos: a cruz. Mas pode exclamar: Tudo est consumado. E, afinal, ressurgiu. O Dirio da Manh, sob o comando deste inexplicvel Batista Custdio, combativo e combatido, quieto e alvoroado, cego e profundamente vidente, silencioso e loquaz, o tpico ser que v sem olhar e realiza sem fazer. Empunhando uma bandeira democrtica de informar a verdade e de formar opinio abalizada, o Dirio da Manh vem atravessando lagos calmos e mares tempestuosos, mas sempre navegando, sempre indo na direo do alvo pretendido, sempre caminhando para a frente na busca daquilo que entende verdadeiro, justo e aceitvel. Produzir imprensa por trinta e trs anos no tarefa para anes, nem para mesquinhos, nem para deslumbrados.

HOMENAGEM

Getulio TarginoEspecial paraDirio da Manh

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O ser integral conhece sem ir, v sem olhar e realiza sem fazer Lao Tzu

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uvi de um amigo, no aniversrio de outro, o seguinte: Vim porque aniversrio de oitenta anos. Se fosse de setenta e nove no viria. Vi nesta afirmao o enorme respeito de quem a fez pela idade provecta de oitenta anos, seu significado e sua simbologia. O Dirio da Manh j fez outros aniversrios: de trinta, de trinta e um, de trinta e dois anos de vida... Mas o jornal completou trinta e trs anos! No compareci aos outros aniversrios, mas este no poderia deixar de estar presente, de dizer minha pequena mas verdadeira e sincera palavra de congratulao. Trinta e trs um nmero emblemtico, altamente simbolgico, profundamente humano e divino. O divino Mestre com-

Trinta e trs um nmero emblemtico, altamente simbolgico, profundamente humano e divino.

trabalho penoso, para denodados e gente que desesperadamente agarra a esperana e no a deixa fugir nunca. Atravessou o Dirio da Manh e registrou momentos histricos importantssimos, da cidade, do estado, do pas e do mundo. Chegou at a era digital e adotou-a, de modo que o que se escreve no DM est na boca do mundo, ante a revoluo da informtica. Liberal, abre suas pginas a todos, abriga todas as tendncias, d-se ao luxo de ser um portal ao qual se pode ter acesso, atravessando-o para os confins do mundo. Mas algo que, pessoalmen-

Washington Novaes saiu da TV Globo para ser editor-geral do DMte, me toca profundamente a sensibilidade desse jornalista para com o belo, a arte, a cultura em geral e, especialmente, a literatura. H anos e anos vem o Dirio da Manh cedendo espao aos escritores (articulistas, cronistas, ensastas,) em cadernos como Opinio Pblica e DM Revista, ou pgina inteira para a Oficina Potica, aos domingos. Especialmente Academia Goiana de Letras tem o Dirio da Manh cedido espao, seja nas notcias dos eventos, nas entrevistas com seus dirigentes, seja na publicao de Suplementos Literrios como o hoje tabloide Academia , Suplemento Literrio da Academia Goiana de Letras. So fatos como este que tornam especialssima esta data em que este importantssimo veculo da imprensa goiana e brasileira completa trinta e trs anos de atividade. E por isto que, seja pessoalmente, seja em nome da Academia Goiana de Letras, seria impossvel deixar de comparecer e de proclamar: Salve o trigsimo terceiro aniversrio do Dirio da Manh. Gois, orgulhoso, sada o jornal e aplaude seu dirigente maior, jornalista Batista Custdio e todos aqueles que formam a denodada e competente equipe que lhe empresta apoio e sustentao. Valha-nos a graa divina. Parabns Batista, parabns Dirio da Manh!!! (Getulio Targino Lima advogado, professor, jornalista, escritor, membro e atual presidente da Academia Goiana de Letras. Email: [email protected])

Dirio da Manh

ESPECIAL

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Em respeito s lutas sociaisDM garante direito de resposta, faz jornalismo democrtico e valoriza as causas ambientaisARQUIVO DM

MEIO AMBIENTE

Welliton CarlosEspecial paraDirio da Manh

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Dirio da Manh presta enorme servio pblico quando defende causas de interesse coletivo. Em plena era de denuncismos sem fundamento, o jornal no incio da dcada de 2000, apresentou para a sociedade o editorial "Defesa da tica e da honra", em que o jornal comunicava seu interesse em no publicar denncias infundadas ou documentadas. O impresso aplicava, de fato, pela primeira vez no pas a regra que 'todos so inocentes at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria'. Apesar de democrata na divulgao das opinies, o princpio da Defesa da tica e da honra vedava o uso das pginas do jornal para a prtica de calnias e difamaes. A prtica sistemtica desde o princpio legou maior responsabilidade, diminuindo o nmero de aes na justia e de reparao de danos morais. Por sua vez, o jornal passou a publicar fatos consolidados, que receberam sentena condenatria. Os suspeitos receberam o direito de contar sua verso. A regra valia

Jornal travou luta contra a poluio do Rio Araguaiatanto para crimes comuns quanto para a poltica. caso das usinas, que destruram o manancial, a sociedade civil saiu vitoriosa. Em 2009, aps acirrado debate poltico, o governo federal anunciou sua postura em avaliar as licenas para a construo de usinas hidreltricas. Mas existiam outras batalhas. O DM e uma rede de sete ONGS comeara, ento, uma luta rdua pela retirada de dragas que contaminavam e destruram cerca de 81 quilmetros de manancial. A campanha ganhou as ruas, a imprensa e os polticos. Os atuais senadores em exerccio, Demstenes Torres e Marconi Perillo, alm dos deputados federais e estaduais, bem como vereadores e prefeitos, comearam um debate pblico a respeito do problema. Cerca de 52 dragas que buscavam diamantes foram retirados do rio. Associao Goiana dos Municpios (AGM), a Ordem dos Advo-

DRAGASOutra campanha de peso do jornal tratou da defesa do Rio Araguaia. O Dirio da Manh travou duas lutas: contra a presena de usinas de dragas. No

gados do Brasil (OAB), Ministrio do Trabalho, polcias Militar e Civil, sindicatos e inmeras ONGs ambientais apoiaram a causa defendida pelo impresso. O ministro do Meio Ambiente em exerccio, Carlos Minc, se declarou contrrio a presena de dragas no rio, mas foi incapaz de rever a postura dos rgos federais em relao concesso de permisses que possibilitam a explorao no Araguaia. O tema foi veiculado em reportagens nacionais pelas emissoras de televiso e tomou corpo em debates do senado, que aprovou um projeto de Rio-Parque para regio fato que diminuiu a agresso de mineradoras no rio. A realidade das dragas no Rio Araguaia foi constatada por diversas expedies. O DM mostrou que as 52 dragas legalizadas por rgos ambientais estavam matando os peixes do rio. A rea de proteo ambiental do encantado (APA do Encantado) era a principal era a principal vtima das agresses. Frente falta de aes da Secretaria do Meio Ambiente de Gois, (Semarh), o Ibama do Mato Grosso do Sul, responsvel pelas licenas ambientais, o Ibama de Gois, Instituto Ona Pintada e outras organizaes comearam uma campanha de preservao do rio. O DM apoiou a visita de ambientalistas, fiscais bilogos e gegrafos que monitoraram o problema.

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ESPECIAL

Dirio da Manh

Um marco na Histria da ImprensaARQUIVO DM

MEMRIA

Alicerce da LiberdadeO jornal Dirio da Manh tem papel fundamental na histria do jornalismo goiano e do desenvolvimento do Estado. Nestes 33 anos, foi crucial para a disseminao da informao, contribuindo com o desenvolvimento regional. A data um marco para o jornal e tambm para Gois. Parabns aos profissionais que passaram pelo jornal, aos que esto hoje e ao jornalista Batista Custdio pela busca constante por uma imprensa livre cujo maior interesse servir de alicerce populao goiana.

Valterli GuedesEspecial paraDirio da Manh

uando foi fundado h exatos 33 anos, o Dirio da Manh de imediato passou a cumprir relevante papel na Imprensa brasileira. Modernssimo, bem elaborado, independente, de pronto foi reconhecido como uma referncia entre os jornais do Pas. Era to bom trabalhar no DM que ns, os da editoria de poltica, ao encerrarmos nosso trabalho, a pelas dez da noite, amos para algum restaurante numa espcie de comemorao diria. E o assunto principal era justamente o trabalho daquele dia e o que faramos no dia seguinte. Certa vez fui nas frias de 30 dias, para Fortaleza e, l chegando, supus que ali aguentaria ficar o resto da vida. Boas praias, passeios de jangada, leitura despreocupada. Mas, a pelo dcimo quinto dia no mais suportei a saudade da redao do DM e antecipei o retornou. Quem ficou na vantagem foi o Batista Custdio. Alis, merecidamente. Depois, aconteceram as dificuldades financeiras, perseguies, com reflexos at os dias atuais. Elas foram enfrentadas

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Outdoors anunciavam mudana na imprensa goianabravamente pelo Batista. Na sua obstinada luta pela recuperao, vi-o trabalhar de p, com um telefone em cada ouvido. Foi nessa poca que ouvi do Batista a seguinte confisso: Quando a gente fica sem nada e quer fumar, o dinheiro de uma carteira de cigarros muito dinheiro. Alguns daqueles amigos a quem pedia ajuda, dos quais ouvia antes rasgados elogios, nessa hora aproveitaram para, antes da ajuda, tirar um sarro: Primeiro quero lhe dizer que voc nunca foi empresrio. Para o Batista isso no era nenhuma ofensa, porque se existe uma profisso que nunca exerceu fascnio sobre ele, a de empresrio. Vendo-o naquela labuta, um dia lhe confessei e agora reafirmo: eu no suportaria sequer dez por cento do que ele suportou. Suportou e continua suportando. J lhe disse: Do carma, ningum consegue fugir. Batista Custdio prosseguiu e prosseguir por muito tempo ainda. Assim espero. Porque assim acho necessrio a Gois e ao Brasil. Sem os dois jornais que criou, inicialmente o Cinco de Maro, que coincidentemente, neste dia em que boto estas mal traadas no papel tambm faz aniversrio, depois o DM, que chega idade de Cristo sustentando a Bandeira das Liberdades, Gois no teria, quanto sua evoluo, chegado onde chegou. Parabns, Dirio da Manh ; parabns, Gois; e, na pessoa de Batista Custdio, parabns e uma calorosa salva de palmas a toda a equipe deste grande Jornal. (Valterli Guedes advogado, jornalista, scio-diretor do escritrio Castro, Guedes e Willar advogados e Consultores; editor da revista Hoje, presidente da AGI Associao Goiana de Imprensa e articulista do Dirio da Manh. Foi secretrio de Estado em Gois (Governo Henrique Santillo))

Helenir QueirozEmpresria e presidente da Acieg

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OPINIO

Sem imprensa livre no h democraciaMaguito VilelaEspecial paraDirio da Manh

alve os 33 anos de vida do Dirio da Manh e sua audaciosa luta pela liberdade de expresso sustentadora do Estado democrtico de direito. Falar de imprensa livre em Gois sem trazer a lume o pensamento refletido na luminosa tela mental do inigualvel jornalista, poeta e escritor Batista Custdio tentar escamotear a verdade. totalmente impossvel tentar descrever mesmo que resumida e palidamente, sua brilhante e vitoriosa saga de jornalista e de cidado, sem nos ancorarmos nos princpios de religiosidade que ele esposa como normas norteadoras de sua irreparvel conduta. Extraordinria a fora da indescritvel intuio e da aguada sensibilidade que conduzem os seus passos fazendo dele um ser humano diferenciado, ao mesmo tempo bravo, destemido, verdadeiro, sincero, leal e extremamente generoso. Hoje experiente e traquejado na arte de escrever bem e com acerto, sem a preocupao de querer agradar a todos, sobretudo aos poderosos, este lder de escol que j nasceu com a alma jornalista incrustada em sua indumentria fsica, mais do que um culto e talentoso escriba e empresrio bem sucedido, um conselheiro, um amigo,

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um analista poltico de primeira linha e com ampla viso do mundo. A sua uma histria que se confunde com a histria da verdadeira imprensa de Gois. O sertanejo oriundo das barrancas do rio Bonito, hoje um adepto fervoroso e cultor permanente da sbia e generosa lei universal da Evoluo. Advindo do abenoado bero da respeitabilssima e veneranda Igreja Catlica Apostlica Romana, Batista Custdio revela-se consciente de que traz grafada em sua memria de pocas bastante recuadas, a marca indelvel de muitas andanas pelos tempestuosos caminhos da vida imperecvel. Poder-se-ia dizer sem medo de errar, com extrema humildade, serena coragem e com a mais absoluta convico, que na presente existncia fsica ele nasceu para desenvolver a sublime arte de escrever com proveito e como missionrio da vida ajudar a redirecionar o caminho da humanidade. E escrevendo desta forma e sem a preocupao de querer agradar quem quer que seja, forjou na incansvel luta do dia a dia, sua brilhante e irreparvel trajetria profissional como autntico e intrpido defensor dos oprimidos, dos pobres, dos excludos, dos humildes, dos miserveis e de todos aqueles que, segregados pela sorte jornadeiam pelos caminhos da vida num estado vegetativo de completo desvalimento moral. Da saga vitoriosa de sua lcida inteligncia, da sua invejvel ins-

pirao jornalstica e dos encantos sublimados de sua alma livre e democrtica, nasceram o bravo e destemido lder estudantil, o intransigente e obstinado defensor da democracia, o timoneiro da esperana e da f, o algoz da ditadura militar e o arauto de liberdade. Foi mourejando neste universo denso, tempestuoso e desacreditado da notcia, da crtica impiedosa e da informao trazidas a lume pela grande mdia conservadora, que o Batista, jornalista arrojado, destemido e audacioso, conseguiu construir neste pas e neste orbe de paradoxos e contradies, uma imprensa sria e responsvel, que j se revelou capaz de contribuir com a construo da cidadania e de uma cultura de paz. Culto e inteligente este fervoroso defensor da liberdade de expresso e do Estado democrtico de direito, lcido escriba, vate e cantador da alma do povo, um vivo orgulho do jornalismo goiano que nunca se sentiu aprisionado. Quando aoitado pelo bramir estridente das baionetas impiedosas do autoritarismo, algemado e trancafiado nos pores da ditadura militar, o inigualvel jornalista goiano, reviveu simbolicamente na prpria pele o drama de Scrates que, embora atrs das grades e na iminncia de ingerir o veneno fatal que o levaria morte fsica quedando-se inerte, declarou-se inteiramente livre, consciente de que sua essncia jamais seria o corpo perecvel. Batista hoje reconhecidamente um espiritualista de escol, traz

consigo a plena conscincia de que o ser humano constitudo de uma parceira dualidade, a argamassa celular e nela incrustada a alma, a essncia da vida imperecvel e plenamente livre, livre como o vento, livre como os pssaros, livre como a gara voando no arrebol. Quem assim pensa e age como o fizeram Scrates e Batista, nunca se sentir aprisionado mesmo com o cerceamento ou perca da liberdade de seu corpo fsico. E foi com este esprito de liberdade plena que a lcida inteligncia deste notvel jornalista, com mais de meio sculo de bons servios sociedade, vem orgulhando os goianos, encantando Gois e enobrecendo o jornalismo brasileiro.

Escrevendo sem a preocupao de querer agradar quem quer seja, Batista forja sua brilhante trajetria profissional

Atravs de sua pena destemida e generosa ultrapassou os estreitos limites das nossas fronteiras, varreu todos os rinces da ptria, universalizando o verbo da verdade e levando a mensagem cristalina da verdadeira imprensa livre e democrtica,

ajudando a construir a cidadania, desejoso de implantar definitivamente na face escura do planeta, o reinado permanente dos nobres e valorosos princpios da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Escudados nesta corajosa linha de pensamento de seu Editor Chefe foi que o jornal Cinco de Maro e seu sucedneo Dirio da Manh, transformaram-se em vanguardeiros da esperana e da f, timoneiros da liberdade e arautos da democracia brasileira. O Dirio da Manh, fonte geradora e fomentadora desta luta sem trguas e permanente em favor da cidadania, transformouse em uma indispensvel ferramenta de gesto destinada a quebrar paradigmas. Ao fomentar a construo da cidadania plena, sugere que cada cidado brasileiro ou no, ao sentir o despertar de sua prpria conscincia assuma livremente o comando de sua individualidade, resgate seus valores pessoais inalienveis, assenhoreia-se de seus direitos e deveres, sem violentar a conscincia de outrem. Esta a ousada, vanguardeira, arrojada e sublime tarefa que o Cinco de Maro e agora o Dirio da Manh, sob o plio generoso e a batuta do intrpido, audacioso e destemido Batista Custdio, vem sustentando e compartindo com todos os segmentos da sociedade goiana. Prova incontestvel desta irrefutvel realidade foi a criao e implantao da coluna Opinio Pblica, comandada pela jovem e competente jorna-

lista Sabrina Rittiely. Ali o Dirio da Manh em espao livre laico e democrtico, oferece a quem o desejar, oportunidade de expor abertamente seus pensamentos seus pensamentos e seus ideais. A Opinio Pblica, transformouse no maior foro de debates do jornalismo goiano, freqentado no raramente por brilhantes articulistas, poetas, prosadores, profissionais liberais, polticos, educadores, estudantes, renomados jornalistas, ilustres escritores e pela gente do povo, onde todos os assuntos de interesse pblico so comentados e exaustivamente debatidos. Ao ensejo do transcurso do aniversrio dos 33 anos deste renomado jornal, criador e sustentador da imprensa livre em Gois, com jbilo e alegria, ousamos em nome do generoso povo de Aparecida de Goinia, a quem temos a honra de representar, render nossas sinceras homenagens. Ao faz-lo, manifestando aqui o preito da nossa gratido e do nosso reconhecimento ao laureado jornalista e amigo Batista Custdio, ao ilustre aniversariante Dirio da Manh, filho dileto e amado do seu corao e a todos os profissionais que abrilhantam com suas presenas aquela trincheira de luta, pelos relevantes e inestimveis servios prestados a Gois e ao Brasil. Parabns a todos. Felicidade sempre. Gratido e paz. (Maguito Vilela ex-governador do Estado e prefeito de Aparecida de Goinia)

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Dirio da Manh

Trinta e trs anos este msJayro RodriguesEspecial paraDirio da ManhARQUIVO DM

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ano 1981. Dia e ms, no me lembro. O local, a antiga sede do Dirio da Manh, na Av. 24 de Outubro n 1240, Campinas. O horrio, por volta de 9h30. Na imensa sala de redao do jornal, aquela hora ainda sem muita gente, o ento senador Lzaro Barboza, do PMDB, tagarela amistosamente com alguns jornalistas (Ivan Mendona, Luiz Augusto da Paz e Valterli Guedes, alm deste escriba, Chefe de Redao). A alguns metros, apenas observando, Batista Cardoso, reprter esportivo, que, a caminho do Estdio Antnio Accioly, fizera uma pausa para tomar gua, pois ainda curtia uma ressaca da noite anterior, num priplo que comeara no Ramal 51 , um misto de boteco e restaurante, que ficava praticamente nos fundos do prdio do DM, e terminara no sei onde, na companhia de Isanulfo Cordeiro, Hlio Rocha e o saudoso Raimundo Filho. O fotgrafo Lailson Duarte, o Jacar, procura poses do visitante para a ilustrao da entrevista. Sbito, adentra o recinto o ento editor de Poltica, Marco Antonio Lemos, de jeans, camisa aberta ao peito, exibindo um enorme cordo e crucifixo de prata. Junta-se ao grupo, cumprimenta o sena-

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Redao do DM, onde aparecem Jayro Rodrigues ( mquina) e Carlos Alberto Sfadi (costas)dor. Lzaro Barboza, de forma absolutamente inesperada, num gesto rpido, toma do crucifixo, beija-o e o larga incontinenti. Todos reagem aturdidos, momentaneamente paralisados pelo imprevisto. Com enorme e malicioso sorriso, Lzaro vira-se para o fotgrafo, ainda sem ao, e comenta: Mas que foto que voc perdeu, hein, meu filho?... Estourou uma gargalhada geral, e a entrevista prosseguiu. Narro esta histria para que as novas geraes de jornalistas e comunicadores possam ter uma idia do clima jocoso e participativo, da experincia diferente, trepidante, entusistica que era fazer jornalismo no Dirio da Manh. Um jornal que, pelo lema adotado por Batista Custdio, s deveria ter a ideologia do fato. Alis, muito embora a redao contasse com esquerdistas em sua maioria (coisa absolutamente normal, at porque, segundo a frase primorosa de Assis Chateaubriand, em conselho a Roberto Marinho, no h como se fazer jornalismo sem comunista nem bal sem viado), esse preceito era seguido risca e se tocava o jornal num ritmo em clima de unidade em torno do objetivo de elaborar e entregar ao pblico o melhor possvel. Havia uma unidade de ao no propsito de excelncia jornalstica, um clima de tolerncia e de reciprocidade, apesar de eventuais desencontros polticos, ideolgicos e filosficos, diferenas polticas. Reprteres e redatores concentravam-se na informao, to ampla e imparcial quanto possvel; as opinies, livres e sem qualquer tipo de censura, ficavam para a parte editorial e para as inmeras colunas pessoais que sempre foram uma marca registrada do DM. Por sinal, j passados mais de trinta anos, posso assegurar que nunca folheei uma publicao que apresentasse tamanha multiplicidade de opinies, em todas as reas: quem quer que tivesse algo a dizer, e assinasse, obtinha espao no jornal. Convivamos excelentemente bem, reacionrios e progressistas, neoliberais, homo e heterossexuais, Opus Dei e Teologia

da Libertao, periquitos, vilanovenses e atleticanos, PDS, PMDB, trotskystas, Partido, PC do B e at o PT, recm-criado, a gozar ainda de uma aura quase religiosa e messinica de probidade tica e poltica, bem pr-mensalo. Basta assinalar, para registro da poca, que caso a blogueira cubana Yoani Snchez por l aparecesse, naquela poca, no despertaria quaisquer frias de militncias ou hostilidades de grupos. Seria tratada como aquilo que efetivamente era, ou seja, como notcia. direita e esquerda, seria dissecada sob todos os ngulos e facetas que pudesse apresentar, da poltica economia e do cabelo ao vestido, sem restrio, boicote ou oba-oba. Qualquer julgamento competiria ao leitor fazer. Recordo com muita saudade e nostalgia o perodo em que passei no Dirio da Manh, tanto pelo que pude (pudemos, todos) concretizar e pelo que aprendi, profissional e vivencialmente. Hoje, infelizmente, um tempo em que se fala em regulao da mdia, com inequvocos propsitos de censura e amordaamento. Aquela poca, aquele projeto e os que o executaram compem um farol de referncia, na persistncia da luta em favor da democracia e da liberdade de expresso, que nunca cessou e sempre se renova. Em 1980, na criao do Dirio da Manh, ainda vivamos sob o regime militar, sob a opresso da censura e ainda nos recupervamos dos traumas da sombra e dos ecos do AI-5, cuja revogao

era recente. Assim como hoje, nosso desafio de ento era manter acesa a chama dos ideais de liberdade e de informao. Nossa principal contribuio a tais causas foi o estmulo liberdade de expresso, focados na idia de que a liberdade a essncia da cultura ocidental, o princpio de seus triunfos; constitui mesmo o centro de sua irradiao. O valor da liberdade, nela contido o direito informao e livre expresso, assim como o da civilizao ou da educao, consiste no fato de que, sem ela, a personalidade individual no pode concretizar todas as suas potencialidades, no pode viver, agir, fruir, criar conforme as inmeras maneiras que permite cada momento da Histria. Participamos, no Dirio da Manh, de um processo que, ao inovar o exerccio da imprensa em Gois, pregou e ajudou a consolidar a liberdade e a cidadania e disseminou o inconformismo. Recordemos que nossa sociedade humana, portanto falvel e sujeita a erros e equvocos. Estes deixam de ser perigosos quando permitido contradiz-los e denunci-los livremente. (Jayro Rodrigues, prximo dos 73 anos, foi, ao lado de Carlos Alberto Sfadi, um dos primeiros contratados por Batista Custdio para o lanamento de um jornal que viria a ser o Dirio da Manh. Hoje, Superintendente de Comunicao da Casa Civil do Governo de Gois)

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Misso da imprensaO Dirio da Manh registra o dia a dia dos acontecimentos significativos, comenta novas ideias, discute sua propriedade de adaptao ao meio, vergasta os erros, corrige e abranda os costumes. Gois sempre foi bero da imprensa livre e corajosaGois tem uma histria de imprensa livre

Olmpio JaymeEspecial paraDirio da Manh

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este momento to conturbado para os destinos do Brasil, com os governos em absoluto divrcio com os interesses e objetivos do Pas, com a corrupo predominando em todos os setores da vida publica nacional, um poder se levanta contra e em defesa das tradies de honradez e dig-

nidade do povo brasileiro, a IMPRENSA. Ela uma arma dos fracos contra os desmandos dos fortes, e um blsamo que alivia as dores dos humildes contra os desmandos das inconsequncia governamental. To grandiosa e to complexa a misso social da imprensa que preciso acompanhar a humanidade em todas as suas maravilhosas ocasies de vida, para se poder defin-la . A cincia, as artes, a literatura, a poltica vivem em absoluta dependncia da imprensa veculo admirado que se apodera

de todas as idias, de todo um sentir de uma poca que os conduz pelas mais longnquas paragens do mundo, doutrinado a todos . O jornal tormento dos maus governos, o sonho mau dos dspotas e, muitas vezes, o furaco que levanta colunas de homens contra o regime das violncias, dos atentados, esmagando e construindo em seu lugar o reinado da Liberdade, do Direito e da Democracia. Quem pode medir o prestgio de um jornal quando bem orientado, bem escrito e, sincera-

mente, inspirado em verdadeiros sentimentos de patriotismo? O jornal espelha por toda parte as grandezas de um Pas, seu florescimento, suas riquezas, sua civilizao, mostrando como o administram, como o governam para atingir o grau de progresso e de cultura que maravilha a todos os outros; e no dia seguinte nos aponta as vicissitudes, as misrias que assolam um outro, que v diminuda a sua populao, desbravadas as suas riquezas, pela m direo de seu governo . O jornal registra dia a dia os

acontecimentos significativos, comenta as novas idias, discute sua propriedade de adaptao ao meio, vergasta os erros, corrige e abranda os costumes. Gois sempre foi bero da imprensa livre e corajosa, sendo respeitvel sua tradio. E dentro da operosidade jornalstica surgiu a figura de Batista Custdio, inegavelmente uma pena capacitada e de muita coragem, que enfrentou e tem enfrentado pocas tormentosas e governo despticos, pagando caro pela sua bravura e idealismo. Foi sempre um tormento para a in-

sensatez e para o despotismo. Essa sua condio de jornalista bravo e corajoso vem desde a sua mocidade a frente do Cinco de Maro e sua e sua voz continua sendo o eco de Alfredo Nasser em nossos dias. E hoje, quando se comemora o aniversrio do operoso e bravo Dirio da Manh necessrio que Gois reconhea a significao desse rgo de imprensa na vida do Estado, vergastando os erros e mostrando os acertos. (Olmpio Jayme ex-deputado e advogado)

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Viagem no tempoHomens de coragem e bravura, aliados jornalista e advogada Consuelo Nasser, fizeram do semanrio tribuna democrtica que tirava o sono dos corruptos s segundas-feiras, o esprito que idealizou o Dirio da ManhJoo NederEspecial paraDirio da Manh

TRA JETRIA

M

arcando os 33 anos de existncia do Dirio da Manh, justo comemorar o feito extraordinrio do jornalista Batista Custdio na sua luta intensa para a preservao do jornal que ele, Batista, idealizou e fez nascer para ser um marco na divulgao de Gois para o Brasil, pena que nunca, nunca mesmo, esse claro de idealismo tivesse iluminado os poderosos que governaram nosso Estado, pois, em sentido contrrio, mesmo aps a abertura gradual para a redemocratizao iniciada em 1.983, o Dirio da Manh foi brutalmente massacrado, asfixiado pelo poder econmico fantasiado de falncia para garrotear a liberdade de pensamento que renascia em meio a tantas esperanas que se perderam no desencanto da tirania dos que juravam, em praa pblica, amor pela liberdade de imprensa. Venho de longe, caminhando

sem cansao, cultivando as lembranas de um apaixonado pelo jornalismo e vm-me memria, lances da histria no to recente, recordando o Jornal de Notcias desde os anos 1.950,do sculo passado, rememorando as agruras do Alfredo Nasser para fazer circular seu jornal, voz sonora e firma das Oposies Goianas de ento, tendo a seu lado Desclieux Crispim, Sebastio de Abreu, Jos Luiz Bitencourt (pai), Jos Morais e tantos outros agora so apenas histrias. Veio depois o antigo Estado de Gois que expressava as opinies e o pensamento do Partido Comunista, mantido por Alberto Xavier, Abro Isaac Neto, Moacir Berch e outros, cujas oficinas foram violentamente transformadas em montes de caracteres esparramados pelo cho e seu humildes funcionrios levados pela polcia poltica em uma bravata de extrema covardia. Mais adiante, surgiu pelas mos de Clotrio Mena Barreto o jornal Nova Capital, instalado na Rua 20, com o objetivo de divulgar o ideal da mudana da capital federal para o Planalto Central, com uma equipe liderada por Geraldo do Vale, Pimenta Neto e

Jos Leo, com durao de poucos anos; mais adiante, no tempo de novas eleies, aquele que era O Social, voltou a circular como Dirio da Tarde, tendo alcanado grande tiragem quando teve como diretor Luiz Gonzaga de Barros Mascarenhas. Ainda com as idias de novos tempos, veio lume o Dirio do Oeste, de Waldemar Gomes de Melo, com acentuadas inovaes, mas no teve vida longa, mesmo sendo muito bem feito tanto na forma como no contedo, nele pontificando Javier Godinho entre outros tantos bons jornalistas. Mas o pico acontecimento que viria a ocorrer na noite de 5 de maro de 1.959, na Praa do Bandeirante, deu nome a um semanrio que fez histria em Gois o Cinco de Maro, nascido com a coragem emanada dos moos que enfretaram as polcias civil e militar, lutando os estudantes pela melhoria do ensino pblico em Goinia. Homens de coragem e deciso, aliados a bravura de uma mulher, Consuelo Nasser, Batista Custdio, Waldemar Peres de Faria, Telmo de Faria e outros colaboradores, fizeram do semanrio que s segundas-feiras tirava o sono dos

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Consuelo Nasser, bravura nas pginas do Cinco de Maro e DMcorruptos de Gois.. Nasceu dos ideias do Cinco de Maro o nosso Dirio da Manh que, merce de Deus, tem sobrevivido graas a tenacidade do Batista Custdio que teima em no deixar cair o estandarte do jornal que caminha vencendo todas as dificuldades para consolidar-se como a mais autntica tribuna democrtica do pensamento plural dos goianos e dos brasileiros que se expressam livremente em suas pginas. Costuma-se associar-se o nmero 33 idade em que Jesus foi levado cruz, padecendo o seu calvrio de incompreenses, mas o fez para salvao de todos, bons e maus, mas na ressurreio que a glria maior se projeta no tempo, em meio as saudades do Fbio Nasser, grande espirito com fora criativa que fundou o Dirio da Manh acreditando no futuro que estamos vivendo, porque Fabio Nasser teve a viso do amanh, mesmo na noite escura das trevas que silenciaram por doloroso tempo a voz do Dirio da Manh e l, habitando entre os Espritos Iluminados, suas preces falam de amor, de paz, de saudade, cheias de carinho pelo pai Batista Custdio, que hoje pode comemorar os 33 anos do Dirio da Manh como o vitorioso, porque na cruz em que quiseram coloc-lo em tantas oportunidades, nasceram flores e at cravos, estes perfumados! Se olhar para traz, Batista, voc ver que na verdade, voce o Dirio da Manh, venceram. (Joo Neder jornalista, escritor e promotor de Justia aposentado)

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NA IMPRENSA GOIANA

O homem que abriu os novos caminhosAps o sucesso do corajoso semanrio Cinco de Maro, Batista Custdio consolida um moderno dirio, um dos melhores veculos de comunicao do Centro-OesteEliezer PennaEspecial paraDirio da Manh

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fundao de um jornal no pode ser vista apenas como a criao de uma fazenda, a constituio de uma estrada ou levantamento de um edifcio. Em um rgo de comunicao existem mais que a ampliao de fortunas, o aumento