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    LETRAMENTO DESDE A EDUCAO INFANTIL:

    ampliao da compreenso do uso de imagem e textoem ambientes acessveis ao pblico-alvo da Educao

    Especial

    Cristiane Taveira, IHA/SME-RioVnia Azevedo Lemes, IHA/SME-Rio

    Sheila Venancia, IHA/SME-RioClaudia Manuela Fernandes, IHA/SME-Rio

    Rosngela Cavalcante, IHA/SME-Rio

    Introduo

    Desde a educao infantil, a criana deve estar em contato com histrias. Essasdevem ser exploradas com apoio de muita imagem, com dramatizaes e acompanhadasda lngua portuguesa oral e escrita. Em se tratando de salas de aula com alunos surdosdeve-se tambm ser ofertada a Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

    fundamental que desde a infncia at a juventude exploremos atividades emque seja possvel perceber que tudo que experimentado pode ser desenhado, escrito edramatizado, ou seja, que uma histria, por exemplo, pode ser transformada em

    desenho, msica, teatro, textos com finais diferentes ou novospersonagens, despertando assim, o prazer pela leitura.

    O registro escrito conjugado com um desenho, ummapa ou qualquer outra representao - esquema, escultura,maquete, foto, colagem-, realizado em situaes vivenciadaspor meio da dramatizao, da visitao a um espao,funcionam como letramento, facilitando a aprendizagem nalngua portuguesa ou de sinais.

    Reily (2006) nos chama a ateno ao dizer: Se apalavra para todos, a imagem tambm tem de ser (p.26).

    O registro escrito e imagtico estimula a leitura econtribui para a memorizao de enredos, sequncias eestruturas (de textos, de percursos e rotas) sejam eles mais visuais, sonoros, verbais oua mistura dos trs (visual, sonoro e verbal).

    Os tipos de leitura ou tipo de leitores se revezam ao longo das atividades de ummesmo leitor, ou seja, de acordo com o material a ser explorado ou as conexesnecessrias para pensar sobre uma histria, tema ou assunto. De um mesmo aluno,pode-se observar diversificadas posturas distinguidas em trs, por Santaella (2004):

    Leitor imersivo, das redes formadas pelos suportes digitais; Leitor movente, habitante dos centros urbanos altamente ornamentados com

    letreiros, propagandas e luzes;

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    Leitor contemplativo, meditativo, concentrado na leitura solitria em casa ou emespaos pblicos como bibliotecas.

    Sugesto de roteiros de trabalho

    Rota breve de uso de uma histria

    Planejar a explorao viso-gestual-ttil e sonora/ vivncias preparatrias

    1.Adaptao e seleo das imagens, objetos - Pensar em imagens, fotografias,objetos que sero utilizados. Pensar em aspectos que precisem serdramatizados/teatralizados.

    Pr-explorao do texto a partir de imagens

    2.

    Selecionar pistas grficas - alfabetizao ou letramento visual. Apresentaode imagens antes da explorao de um texto. O que est se passando?

    Levantar hipteses a partir do ttulo

    3.Predio hipteses de ttulo, as suposies a partir do ttulo. O que diz ottulo do texto? Quais so as pistas sobre a histria? Sobre o que a histria? Qual oassunto ou tema da histria? Reconheo alguma palavra?

    Contexto da histria

    4.Deduzir o significado da histria - O uso do conhecimento de mundo. O quepassa nesta cena? O que aconteceu aqui? O que esta situao tem a ver com o

    personagem? E com voc? J teve esta experincia? J viu ou viveu algo parecido?Interao com o texto

    5.Interao com o textoFazer uso do texto (interpretar, opinar, reconstruir,buscar uma soluo). Dar voz aos alunos e opes para responder.

    preciso lidar com respostas inesperadas dos alunos e resgatar a condio deconstruo do discurso de cada sujeito.

    Percepo de layout

    6.Inferir significado: A estrutura fsica de uma pgina de jornal, revista, e-mailou pgina na internet tem diferenas de layout. O layout engloba texto, imagens e aforma como eles se encontram em um determinado espao. preciso explorar a

    estrutura do material.Percepo da estrutura (verbal e visual)

    7.Proporcionar desenhos, slides com fotos, figuras ou pictogramas parasignificar/ampliar/revisar o vocabulrio. Sugesto de cores dos cartes partindo doconvencionado em Comunicao Alternativa e Ampliada (CAA): Personagens /pessoa,animal (amarelo), verbos (verde), substantivos (laranja), adjetivo / estados emocionais(azul), as expresses sociais (rosa), outros componentes em fundo branco.

    Este roteiro no pode ser utilizado de modo rgido sem que observemos aspeculiaridades dos sujeitos e de grupos. A criana em perodo de pr-escola no ficar

    atenta a tantos passos de interao com a mesma histria, em um s momento ou dia deescola, podendo, o professor, retomar as atividades com uma mesma histria, em vrias

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    ocasies. No esquecendo que a leitura um belo momento de prazer e deenriquecimento intelectual, no podendo restringi-la a um artifcio para proposio de

    atividades em sequncia, sem significao, contexto e participao dos interessados.

    Exemplos a partir da Fbula Os dois amigos e o urso.

    VERBAL VISUAL

    Figura 1 Texto Os dois amigos e o urso com desenhos para contao de histria (TAVEIRA, 2011)

    Mesclando a linguagem visual e verbal para aqueles que no possuem fala ouescrita funcional, ou seja, no oralizam ou usam lngua de sinais, o dilogo sobre a

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    histria, com Fcolegas, permitido no uso de pictogramas, conforme o exemplo a seguir.Observem como interessante uma contao de histria com pictogramas , lembrando

    que os pictogramas so smbolos que representam um objeto ou conceito por meio dedesenhos figurativos. Usamos nesta mesma histrias os pictogramas e figurasselecionados no Boardmakere em site de busca Google Images.

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    Figura 2 - Texto Os dois amigos e o urso em pictogramase figuras (TAVEIRA, 2011)

    Opes de resposta, em forma de mltipla-escolha podem ser utilizadas, comonos exemplos a seguir. Estas figuras precisam ser exploradas juntamente com os alunospara que as escolhas sejam significadas pelos mesmos:

    1) Dois amigos andavam pela...

    2) Os homens ficaram com medo do...

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    3) O urso mordeu o homem?

    Figura 3 Opes em pictograma e figura (TAVEIRA, 2011)

    Comunicao Alternativa e Ampliada (CAA)

    O uso de pictogramas ou figuras para o que chamado de ComunicaoAlternativa e Ampliada (CAA) depende da curiosidade do professor para montagem deum Banco de Imagens ou o uso da prpria ferramenta da internet como a buscapermitida pelo Google Imagens. Existe um programa chamado Boardmaker, jmencionado anteriormente, e o mesmo estdisponvel em nossas Salas de Recursos deAtendimento Educacional Especializado (AEE) que possui um acervo numeroso econvencionado de smbolos.

    Figura 4 Opes EU QUERO confeccionadas com pictogramas (PELOSI, 2014)

    Para saber mais sobre as prticas pedaggicas que considerem alunos quenecessitem de CAA, consultem os textos produzidos pelos Grupos de Estudos Especficosdo IHA na Aba Documentos do site IHA Informa:

    http://ihainforma.wordpress.com/

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    Slides sobre Tecnologia Assistiva e Comunicao Alternativa e Ampliada esto naAba Apresentaesno mesmo site:

    http://ihainforma.wordpress.com/slides-de-apresentacoes/acessibilidade-e-tecnologia-assistiva/

    importante pesquisar formas de organizao das imagens para que sejapossvel separ-las e organiz-las, mantendo-as acessveis para consulta e uso emforma de pastas classificadoras, fichrios por temas, caixas por assunto, clipping.

    Rotina da escola

    Nas escolas os avisos e as ordens so dados, geralmente, pela comunicao oral.No caso de uma turma com alunos pblico-alvo da Educao Especial, a comunicao

    precisa ser acompanhada de dramatizao, gravuras, ou um quadro de rotina, ou seja,quadros que sistematizem as aes em todos os momentos que as atividades sejamdisponibilizadas e desenvolvidas coletivamente e individualmente.

    Figura 5 - Agenda em formato vertical com sequncia de smbolos: tomar banho, comer, escovar osdentes, pegar a mochila, ir para escola de nibus (SARTORETTO & BERSCH, 2014)

    O registro imagtico e escrito pode e deve ser utilizado em diversas situaes daescola.

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    Nos avisos

    Com o objetivo de:1. Organizar o ambiente e a turma,2. Comunicar-se de modo imagtico e acessvel e3. Tranquilizar alguns alunos que se desestabilizam com situaes inesperadas.

    Figura 6 - Cartaz com smbolos mveis para indicaes de lugares e atividades realizadas pela turma.(SARTORETTO & BERSCH, 2014)

    Alm disso, ter a rotina afixada em vrios locais (na sala de aula, no banheiro, noparquinho), de modo claro, serve para ampliar o conhecimento sobre aspectoscomportamentais, das atividades de vida diria, que podem parecer simples ou bviaspara a maioria das pessoas, mas no o so para todas.

    Figura 7 - O melhor de Calvin (ESTADO DE SO PAULO, s.d.)

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    Algumas sequncias de quadros ou de figuras e pictogramas em pranchas que

    demonstrem pormenores do dia a dia rotinas - so essenciais para alguns alunospblico-alvo da Educao Especial. Estas sequncias podem ser usadas em diversosambientes, deixadas em local visvel, para visualizao da criana ou do jovem.

    Figura 8 - Sequncia de atividades individuais de um usurio da CAA (SARTORETTO & BERSCH, 2014)

    Passo a passo de atividades, como do uso de elevador para cadeira de rodas emtransportes, esto em nosso entorno e so usados diariamente; a forma imagtica maisrpida e aciona recursos de memria, auxiliando-nos em momentos de emergncia epraticidade.

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    Figura 9 Fotos de instrues de uso de elevador para cadeira de rodas em nibus.

    Na rodinha

    A criana pode contar o que fez por meio da oralizao ou da lngua de sinais,dramatizando ou utilizando mmicas, apontando e at mesmo mesclando expressesfaciais de contentamento (ou descontentamento). O professor capta a sua ideia e aescreve. As frases podem ser escritas no quadro e depois em papel com ilustraes daprpria criana, com desenhos dos colegas ou fotos enviadas pela famlia.

    Os textos devem ser armazenados em grandes blocos, em lbum seriado, em

    lbuns de fotos ou fichrios, para que a sua leitura seja retomada diversas vezes e devariadas maneiras.Desde a Educao Infantil e, seguindo por toda a vida, at a velhice passamos pelo

    letramento visual. No caso da criana, jovem e adulto que no totalmente alfabetizado(verbalmente), s ser capaz de fazer a discusso sobre um texto aps ter participadoativamente de sua construo, do pensar sobre (por meio de sons, imagens, palavras,sinais, rtulos e experimentaes).

    Breve relato de um professor sobre a rodinha

    Uma professora de Educao Infantil relatou sobre o uso de recursos imagticos,

    quando resolveu discutir sobre o coelho de Pscoa, que as crianas comentavamna rodinha.

    As conversas da professora com as crianas abordaram ashipteses surgidas: a. No s a galinha que coloca ovos. b.Quem teria colocado o ovo de chocolate. c.Animais que colocamovos na terra, ovos na gua etc. d.A fabricao do chocolate.

    Partindo destas conversas foram sendo planejados vdeos quemostravam a galinha e o coelho tendo os seus filhotes. Ao

    assistirem vdeos e lerem livros trabalhou-se com as vivnciasdos alunos e a opinio dos mesmos.

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    Livros imagticos, enciclopdias visuais, como a Coleo Minhas Primeiras

    Descobertas. A seguir o livro O ovo, desta mesma coleo, de autoria deGallimard Jeunesse e Pascale de Bourgoing, da Editora Melhoramentos.

    Figura 10 Fotos de acervo particular da Professora Vnia Lemes.

    Vdeos do Youtube: Galinha botando ovo e Parto da coelha imperatriz

    Figura 11 Capturas de tela do acervo particular da Professora Vnia Lemes.

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    Aps a apresentao deste vdeo do coelho (segunda foto), a professoraquestionou: Viram o coelho colocando ovos?

    Os alunos afirmaram que no eque eram coelhos pequenininhos (sinalizando otamanho, com nfase miniatura). A seguir o desenho da Aluna Surda queilustrou a descoberta da turma sobre o parto da coelha (no desenho a coelha estcom coelhinhos na barriga e dando luz a eles).

    Figura 12 Foto do acervo particular da Professora Vnia Lemes.

    A professora aproveitou para a contao da histria "O ovo" com o qual explorouque no s a galinha que coloca ovos, mas existem outros animais. O livroapontou alguns animais para a turma e outros foram surgindo em suas dvidas.Deste modo, as crianas solicitaram ver vdeos de alguns dos animais queestavam no livro para ver como e onde colocavam os seus ovos.

    Em seguida as crianas recontaram as cenas e o livro por inteiro. O costume decontar e recontar histrias importante para a criana.

    Outra questo surgida na rodinhafoi sobre a confeco do chocolate e de ovosde chocolate. As crianas no sabiam como acontecia, onde acontecia ou de queera feito o doce. Foram registradas em um blocoas etapas de como feito oovo de chocolate, o conhecimento - de ver - sobre a fruta cacau e o que maispoderia ser feito com esta fruta. Foram realizadas algumas oficinas paratrabalhar cheiro, sabor, textura de chocolates (em p, cacau e achocolatado,barra) como tambm para a produo de ovos (derretendo no calor, levando geladeira) foi realizada.

    Foram tambm propostos vdeos de fbrica de chocolate (a fbrica real, em filme,

    e a fbrica inventada nas histrias infantis).

    Educa o Infantil

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    Figura 13 Captura de tela do acervo particular da Professora Vnia Lemes.

    A partir de tantas propostas em vdeo e livro, as crianas j podem assumir opapel de crticas em relao ao universo visual, que apresentado elas. necessrio que as crianas possam comparar e ver se o vdeo animado ajuda aentender o funcionamento da fbrica ou se divertido, precisa saber sobre ospreos, os rtulos e as diferentes marcas de chocolate (barra e ovo, caro e barato)como tambm ver que possvel preparar receitas em casa, saber sobre os tiposde chocolate (sem acar, com muito acar, cacau puro, doce, amargo) eentender que panfletos, vdeos e livros podem trazer diverso, informao epropaganda de consumo.

    Estas habilidades e discernimentos sobre o apelo visual so apreendidas e postasem prtica - em postura crtica ou passiva, em consumo imediato ou emrefinamento da esttica e de escolhas - na busca por informao e conhecimento,desde a infncia.

    Na msica

    Algumas crianas no vo cantar de modo vocalizado. As letras das msicaspodem ser colocadas no cartaz ou bloco, para que possam ser imaginadas em suaescrita. Para alfabetiz-los, necessrio entender os materiais que auxiliaro o aluno naescrita quando este no pode segurar em um lpis, no vocaliza, no escuta ou ainda no

    compreendem algumas situaes que parecem simples como comear a leitura e escritada esquerda para direita, de cima para baixo.

    As letras das msicas podem ser discutidas e interpretadas por meio da lngua desinais ou de desenhos, pictogramas e recortes de revistas, corpo e movimento.

    No caso da Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS) j existe um acervo na internet(Youtube) e em DVD tanto de histrias adaptadas, interpretadas e criadas em lngua desinais quanto de msicas, contudo, h necessidade de ateno aos regionalismos damesma forma que existe o sotaque e o vocabulrio peculiar a cada regio na lngua oral,tambm caractersticas diferenciadas da lngua de sinais pode ser encontrada e precisaser respeitada em cada localidade.

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    Figura 14 - Msica Cai, Cai, Balo em lngua de sinais (PROJETOS ESCOLARES ESPECIAL/LIBRAS E BRAILLE, ANO 6)

    Nos passeios

    Organizar previamente e relatar posteriormente sobre as atividades vivenciadaspelo grupo na escola ou fora dela como, por exemplo, a festa de aniversrio do amigo,um passeio ao zoolgico. Cada criana pode contar os fatos relacionados a umacontecimento interessante, a chamada hora da novidade. Depois da composio dotexto coletivamente, as crianas fazem a leitura dele. necessrio que a escrita sejasignificativa para o aluno.

    Estes materiais produzidos podem ser lidos, vivenciados e revividos comfamiliares, colegas da faixa etria, professores e pessoas novas, no-conhecidas. Aocontar histrias que foram vivenciadas em turma, os professores, por exemplo, podemenviar folhas contendo sequncia de figuras, pictogramas, frases, mapas trabalhados. Osfamiliares podero preencher, completar e dar opinio a partir do relato do aluno. Deste

    modo, a famlia tenta entender a histria contada ou vivida e envia para a escolaalgumas pistas do que conversou com o filho/aluno e das trocas que foram possveis.

    No dia seguinte, o professor pode observar a compreenso e a comunicao doaluno.

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    Figura 15 Banco de Imagens e ideias (IHA/SME, s.d.)

    Os passeios e outras atividades ocorridas com a famlia tambm precisam serdescritos na agenda, se possvel pelos familiares. O professor pode passar os fatosdescritos para um mural, porque assim todos podero ter a oportunidade de ler suashistrias cotidianas ajudando, desta maneira a resgatar, por meio das imagens amemria de eventos passados.

    Demos nfase a necessidade de oferecer opes de comunicao: em cartes comfiguras, fotos ou pictogramas e tabuleiros placas com velcro ou imantado de modoque o aluno que no consegue escrever ou falar possa mostrar o que est se passandoem sua mente. Os objetos em miniatura, as relias (objetos reais), tambm so teis parao aluno mostrar o que sabe.

    Figura 16 - Estratgias com livros de histria (PELOSI, 2014)

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    No caso das receitas culinrias possvel fazer anotaes por meio de desenhos,com a colagem de rtulos. Veja tambm a receita quando feita com a anotao empictogramas.

    Figura 17 - Ficha de receitas com a sequncia de smbolos grficos associados com a escrita(SARTORETTO & BERSCH, 2014)

    Estas so algumas das situaes que ocorrero, no entanto, muitas outras

    atividades em que o professor ir fazer o uso do apoio escrito, alm de desenhos, figurase fotos, sonoridade e msica porque isso auxiliar no letramento. Em todas as fases denossa vida, a leitura necessita ser contextualizada. A leitura torna-se significativaporque est relacionada a situaes vividas ou elaboradas mentalmente.

    Deve-se explorar bastante as pistas visuais, a expresso corporal, alm do uso dalngua.

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    Algumas dicas para o desenvolvimento da comunicao do aluno so importantes:

    Comunicar-se como sabe; Ter acesso variedade de formas e de recursos para a comunicao; Dialogar com liberdade, sabendo-se aceito; Entender a entonao, a verbalizao que o professor envia; Desenvolver a imaginao, o faz de conta;

    Figura 18 - O melhor de Calvin (ESTADO DE SO PAULO, s.d.)

    Aprender a discriminar visualmente as palavras; Familiarizar-se com a escrita, aproveitando o material encontrado no prprio

    contexto, observando o layout do mesmo (jornal, livro, HQ);

    Desenvolver o interesse pelas histrias contadas ou dramatizadas, com a ajuda dematerial visual (DVD, fotos, gravuras); Desenvolver interesse pela leitura de histrias realizadas com a sequncia de

    desenhos e que preciso que a mesma seja recontada; Relatar as suas experincias vividas em sala ou trazidas de casa.

    Figura 19 - O melhor de Calvin (ESTADO DE SO PAULO, s.d.)

    Antes de falar o professor deve esperar que a criana olhepara ele; Falar naturalmente de acordo com a idade do aluno; Utilizar expresso corporal e facial intensificando-as para tornar mais clara a

    mensagem falada ou sinalizada;

    Descobrir se o aluno est entendendo seu interlocutor, pedindo-lhe queresponda as perguntas e valorizando a forma como ele se expressa, ou seja, elepoder utilizar-se de palavras, gestos, sons ou apontar objetos.

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    importante conhecer o desenvolvimento da linguagem e da comunicao,

    possibilitando assim estimular o que o aluno j pode fazer e, ao mesmo tempo,ajudando-o a crescer diante de situaes novas que o desafiam.

    Leituras sobre Letramento

    Letramento (verbal), na formulao de Magda Soares(2002), um conceito que no pode ser entendido como umconjunto de habilidades individuais, mas sim, como umconjunto de prticas sociais ligadas leitura e escrita emque os sujeitos, coletivamente, se envolvem no seu contexto

    social, seja por meio de interao com o material escrito demodo participativo ou a partir dos usos da lngua em prticassociais diversas.

    H pesquisadores, professores e familiares que sepreocupam apenas com a alfabetizao, ou seja, com odomnio do cdigo escrito (verbal) sem se preocupar com ahabilidade para us-lo. Para compreender formas deletramento seria necessrio entender o contexto social em que os alunos esto inseridos. preciso desenvolver estratgias imaginativas, tecnolgicas, afetivas e casadas com oscontextos culturais dos alunos, de modo que, efetivamente, propiciem o pensar e oescrever sobre alguma coisa.

    Reily (2003) demonstra a complexidade do trabalho com imagens que trazconsigo o conceito fundamental do raciocnio lgico, com a imagem permitindogeneralizaes e pensamentos relacionais, e o raciocnio classificatrio, ao trazercaractersticas como lxico, traando-se um paralelo com o processo de letramentoverbal. Para tanto necessrio apreender e dominar a lgica da imagem, ou seja, saberextrair essa lgica, e assim, agir cognitivamente sobre o objeto imagtico. As imagensesto ao nosso redor, mas preciso pensar sobre elas, analis-las, selecion-las, sabercritic-las, enfim, ler a imagem.

    Letramento visual compreendido, portanto, por alargamento e refinamento deestratgias para interpretar e entender o que visto; existe uma literatura de estudo

    para quem deseja se aprofundar no assunto. As pesquisadoras Donis A. Dondis e LuciaSantaella nos fornecem teorizaes nessa rea. Para ambas, o letramento oualfabetizao visual significa sistematizao e, at mesmo, empoderamento de pessoasque se apropriam das habilidades (e tcnicas) de leitura de imagens, criando deste modoum corpo comum, um universal de significaes e um refinamento de leitura prprio dosletrados.

    Referncias bibliogrficas citadas

    REILY, L. As imagens: o ldico e o absurdo no ensino de arte para pr-escolares surdos.In: SILVA, I. R.; KAUCHAKJE, S.; GESUELI, Z. M. (Org.). Cidadania, surdez e linguagem:Desafios e realidades. So Paulo, Editora Plexus, 2003.

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    REILY, L. Escola inclusiva: Linguagem e mediao. Campinas, SP: Papirus, 2 ed., 2006.

    SANTAELLA, L. Navegar no ciberespao: o perfil cognitivo do leitor imersivo. So Paulo:Paulus, 2004.

    SOARES, M. Letramento: um tema em trs gneros. Belo Horizonte: Autntica, 2002.

    Referncias bibliogrficas para aprofundamento em linguagemvisual

    DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual.So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    SANTAELLA, L. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora visual verbal: aplicaesna hipermdia. So Paulo: Iluminuras: FAPESP, 2005.

    SANTAELLA, L. Leitura de imagens. So Paulo: Editora Melhoramentos, 2012.

    Referncias das imagens presentes neste texto com sitesinformativos

    PELOSI, M. B. Tecnologia Assistiva by Myrian Pelosi (2014). Disponvel em:http://www.comunicacaoalternativa.com.br/estrategias

    SARTORETTO, M. L.; BERSCH, R. Assistiva: Tecnologia e educao (2014). Disponvel em:http://www.assistiva.com.br/ca.html

    TAVEIRA, C. T. (Org.). Orientaes para incluso de alunos nas escolas municipais do Riode Janeiro. Rio de Janeiro, SME/IHA, 2011. Disponvel em:http://ihainforma.wordpress.com/2011/08/04/coletanea-de-textos-do-iha-informa-revisada-em-formato-livro/

    Sites Importantes

    Portal Assistiva. Disponvel em: wwwportalassistiva.com.br

    Portal ARASAAC. Disponvel em: http://arasaac.org/

    Instituto Municipal Helena AntipoffRua Mata Machado, n 15

    Maracan Rio de Janeiro RJ CEP: 20.271-260Telefone: (21) 2234-7962 (Apoio Direo) e (21) 2234-9914 (Equipes)

    Correio Eletrnico: [email protected]

    Artigo disponibilizado em 9 de junho de 2014 para Downloadno site IHA Informa.Disponvel em: http://ihainforma.wordpress.com/