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    Dvida Ativa.Comentrios aos arts. 201 a 204 do Cdigo Tributrio Nacional.

    Aldemario Araujo CastroProcurador da Fazenda Nacional

    Professor da Universidade Catlica de BrasliaEx-Coordenador-Geral da Dvida Ativa da Unio

    Art. 201. Constitui dvida ativa tributria a proveniente de crdito dessa natureza,

    regularmente inscrita na repartio administrativa competente, depois de esgotado o

    prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por deciso final proferida em processo

    regular.

    Pargrafo nico. A fluncia de juros de mora no exclui, para os efeitos deste artigo, a

    liquidez do crdito.

    1. Outras referncias legais: Constituio (art. 131, 3o). Lei no4.320, de 1964 (art. 39).

    Lei no6.830, de 1980 (arts. 2oe 3o)

    O tema dvida ativa, alm de ser regulado nos arts. 201 a 204 doCdigo Tributrio Nacional, possui tratamento privilegiado em inmeros outros diplomas legais.

    Destacamos, neste sentido, a Constituio (art. 131, 3o), a Lei no4.320, de 1964 (art. 39) e a

    Lei no6.830, de 1980 (arts. 2oe 3o).

    Na Constituio, o assunto aparece para consagrar uma das maisrelevantes competncias da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Estabeleceu, oconstituinte, que cabe ao referido rgo a execuo judicial da dvida ativa da Unio denatureza tributria. Algumas das conseqncias da constitucionalizao do tema sero adiantedestacadas e detalhadas.

    A Lei no 4.320, de 1964, diploma regulador das normas gerais dedireito financeiro, determina que os crditos das Fazendas Pblicas no pagos sero inscritos

    num registro especfico como Dvida Ativa. O mencionado diploma legal chega a classificarexplicitamente a Dvida Ativa como Tributria e No-Tributria. No primeiro caso, temos os

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    crditos, as penalidades e os adicionais pecunirios previstos na legislao tributria. J nosegundo caso, conforme a letra da lei, temos os demais crditos da Fazenda Pblica.

    A Lei no 6.830, de 1980, que trata da execuo judicial para

    cobrana da Dvida Ativa das Fazendas Pblicas, conforme os termos de seu art. 1o, reitera

    expressamente, no art. 2o, as definies da Lei no4.320, de 1964, quanto Dvida Ativa, suanatureza e subdiviso em Tributria e No-Tributria.

    2. Caracterizao

    Dvida ativa o crdito pblico no extinto, notadamente por

    pagamento, e no afetado por nenhuma causa de suspenso de exigibilidade (conformeexplicitado adiante), integrado ao cadastro identificado pelo mesmo nome mediante atoadministrativo prprio denominado de inscrio. Se o crdito for de natureza tributria teremosa Dvida Ativa Tributria, de que trata o art. 201 do Cdigo Tributrio Nacional.

    Assim, os elementos inafastveis na idia de dvida ativa so: (a)crdito pblico; (b) ausncia de causa extintiva ou suspensiva (da exigibilidade); (c) inscrio e(d) integrao a um cadastro especfico.

    2.1. Crdito pblico

    Todos os valores, independentemente da natureza jurdica, que oPoder Pblico tem para receber de terceiros devem compor a dvida ativa. Neste sentido, temos

    o art. 39, 2oda Lei no4.320, de 1964, quando consigna: ... e Dvida Ativa No-Tributria soos demais crditos da Fazenda Pblica, tais como os provenientes ... de contratos em geral ou

    de outras obrigaes legais e o art. 2o, 1oda Lei no6.830, de 1980, ao estatuir: qualquervalor, cuja cobrana seja atribuda por lei s entidades de que trata o art. 1o, ser consideradoDvida Ativa da Fazenda Pblica (1).

    Alm da letra da lei, acima destacada, arrolamos os seguintesargumentos para justificar a necessidade de inscrio em dvida ativa de todos os crditos ouvalores devidos Fazenda Pblica e pendentes de cumprimento: (a) para dispensar o mesmotratamento a todos os devedores, independentemente da natureza do crdito devido; (b) para

    que as conseqncias prprias da inscrio em dvida ativa possam recair sobre todos osdevedores da Errio, notadamente quanto a incidncia de certos encargos (2) e o registro em

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    certos cadastros de devedores (3) e (c) para que os terceiros interessados (4) possamconstatar a eventual condio de algum como devedor da Fazenda Pblica.

    Pelas razes expostas, mesmo os crditos constitudosoriginariamente com a eficcia de ttulo executivo, a exemplo das decises do Tribunal de

    Contas da Unio (art. 71, 3

    o

    da Constituio), reclamam a competente inscrio em dvidaativa.

    2.1.1. Declarao e confisso de dvida tributria

    Levantamentos realizados no mbito da Procuradoria-Geral daFazenda Nacional do conta de que cerca de 90% (noventa por cento) dos crditos tributrios

    inscritos em Dvida Ativa da Unio decorrem das declaraes, apresentadas peloscontribuintes, com fora ou natureza de confisso de dvida tributria (5).

    A relevncia da matria no tem atrado visitas significativas dadoutrina ptria. So raras as consideraes jurdicas acerca deste importante instrumento deao da administrao tributria (6). Temos sustentado a juridicidade do instituto, basicamente

    pela conjugao do art. 109 do Cdigo Tributrio Nacional, do art. 5odo Decreto-Lei no2.124,de 1984, e do art. 585, inciso II do Cdigo de Processo Civil.

    Por outro lado, existem incontveis manifestaes jurisprudenciais,

    dos mais diversos Tribunais, reconhecendo a plena validade jurdica da chamada declarao econfisso de dvida tributria (7).

    Tambm a Advocacia-Geral da Unio, com aprovao do Presidenteda Repblica, Chefe da Administrao Pblica Federal, expediu o Parecer AGU-SF-03/2000

    (Anexo ao Parecer noGM-15), da lavra do ilustre Consultor da Unio e Procurador da Fazenda

    Nacional Oswaldo Othon de Pontes Saraiva Filho, onde restou consignada a plena validadejurdica da utilizao da declarao e confisso de dvida tributria (8).

    Resta claro, portanto, no existir dvida sria ou significativa acercada higidez da denominada declarao e confisso de dvida tributria, notadamente para fins deinscrio de dbitos em Dvida Ativa e cobrana judicial, se for necessria.

    2.2. Ausncia de causa extintiva ou suspensiva (da exigibilidade)

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    Obviamente, um crdito somente poder ser encaminhado pararegistro (inscrio) em dvida ativa se no tiver sido extinto. No caso de crdito de naturezatributria as hipteses de extino esto elencadas no art. 156 do Cdigo Tributrio Nacional.

    Tambm invivel o encaminhamento para registro (inscrio) emdvida ativa do crdito que esteja com a exigibilidade suspensa (9). No mbito tributrio ascausas de suspenso (da exigibilidade) do crdito esto arroladas no art. 151 do CdigoTributrio Nacional. Como suspender a exigibilidade importa em obstar o curso normal dacobrana do crdito, sustando temporariamente os atos prprios deste procedimento,entendemos que qualquer iniciativa ou providncia do Poder Pblico, inclusive a inscrio emdvida ativa, depende da superao da causa ensejadora da suspenso (10).

    2.3. Inscrio

    2.3.1. Natureza

    O art. 2o, 3o da Lei no 6.830, de 1980, qualifica a inscrio emdvida ativa como ato de controle administrativo da legalidade. Assim, mais importante que oassentamento, que a integrao do dbito ao registro prprio, a apurao da liquidez e

    certeza da dvida. Trata-se, fundamentalmente, de um ato de inteligncia onde faz-se o examedo atendimento dos pressupostos legais e da presena dos requisitos para a validade e eficciado ttulo executivo a ser formado.

    A inscrio em dvida ativa ao criar um ttulo executivo (extrajudicial),a partir da expedio da certido do termo de inscrio, afirma uma das peculiaridades dodireito fiscal. Com efeito, a Fazenda Pblica goza do privilgio de criar seus prprios ttulosexecutivos. O credor particular, submetido as regras de direito civil e comercial, investe contra odevedor com base em ttulo por este reconhecido previamente.

    Uma importante discusso em torno do ato de controle administrativo

    da legalidade consiste em estabelecer a extenso, os contornos e os limites da atividade deapurao da liquidez e certeza com vistas inscrio em dvida ativa.

    Existe um virtual consenso doutrinrio no sentido de que aautoridade responsvel pela inscrio no pode substituir a autoridade lanadora ou aautoridade julgadora no mbito do processo administrativo fiscal e, por ato seu, corrigir falhas

    ou irregularidades identificados na apurao, constituio ou deciso, no campo docontencioso, acerca do crdito a ser exigido do contribuinte. Exatamente neste sentido, o art.

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    22, 3odo Decreto-Lei no147, de 1967, prev a remessa do processo administrativo para arepartio federal competente com o objetivo de serem adotadas as providncias cabveis nocaso.

    Subsiste, no entanto, razovel divergncia acerca da possibilidadeda autoridade responsvel pela inscrio realizar um exame do mrito da constituio docrdito, ou seja, rever a aplicao da legislao tributria definidora do crdito a ser inscrito.Apesar dos entendimentos que sustentam a possibilidade de anlise ampla, sem limites, daconstituio do crdito (11), o legislador federal, com acerto, restringiu a pesquisa de falhas ou

    irregularidades aos aspectos formais. o que diz o art. 22, 1odo Decreto-Lei no147, de 1967.

    2.3.2. Competncia

    A legislao de cada ente estatal, merc da possibilidade de auto-organizao, como manifestao da autonomia poltica definida no texto constitucional,estabelece quais os rgos e os agentes pblicos incumbidos da atividade de inscrio dedbitos em dvida ativa.

    No mbito da Unio, reafirmando comando legais anteriores, a

    exemplo da Lei no4.320, de 1964 (art. 39, 5o), e da Lei no6.830, de 1980 (art. 2o, 4o), o art.

    12, inciso I da Lei Complementar no73, de 1993, fixou a competncia da Procuradoria-Geral daFazenda Nacional para apurar a liquidez e certeza da dvida ativa de natureza tributria (12). Omesmo diploma legal, agora no art. 17, inciso III, estabeleceu que as autarquias e fundaespblicas federais devem providenciar a inscrio, em dvida ativa prpria, apartada da dvidaativa da Unio, de crditos inerentes s suas atividades.

    O art. 15, inciso II do Decreto-Lei no147, de 1967, estabelece que osatos de inscrio e cancelamento de dbitos em dvida ativa da Unio so de competncia

    privativa dos Procuradores da Fazenda Nacional.

    Importante corrente de juristas, composta, entre outros, por GeraldoAtaliba e Paulo de Barros Carvalho, sustenta, com absoluta correo, que a inscrio atividade de natureza eminentemente jurdica a ser obrigatoriamente exercida por profissionaishabilitados tecnicamente (como os procuradores da Fazenda Pblica) (13).

    2.3.3. Prazo para remessa e prazo para inscrio

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    Os prazos para remessa de dbitos para inscrio e para realizao

    dos registros dos dbitos no cadastro da dvida ativa so temas a serem regulados pelalegislao de cada ente estatal, na mesma linha da observao realizada no item anterior.

    Para a dvida ativa da Unio, conforme o disposto no art. 22, caput

    do Decreto-Lei no147, de 1967, prevalece a definio de que dentro de 90 (noventa) dias dadata em que se tornarem findos os processos ou outros expedientes onde forem apuradosdbitos tributrios ou no-tributrios pendentes, as reparties pblicas so obrigadas aencaminh-los s unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrio emdvida ativa, depois de apurada a liquidez e certeza.

    J o exame, envolvendo eventuais correes, do processo ouexpediente que retrate o dbito para efeitos de inscrio na dvida ativa da Unio deve ser

    realizado no prazo mximo de 180 (cento e oitenta) dias. a regra do art. 22, 2odo Decreto-

    Lei no147, de 1967.

    Vale destacar que o no cumprimento dos prazos mencionados novicia o crdito inscrito, beneficiando o devedor. Trata-se de irregularidade de naturezaadministrativa com conseqncias meramente funcionais.

    2.3.4. Efeitos

    Nos termos do art. 2o, 3o da Lei no 6.830, de 1980, a inscriosuspender a prescrio, para todos os efeitos de direito, por 180 dias ou at a distribuio daexecuo fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

    Para os crditos de natureza no-tributria, cuja prescrio

    regulada por lei ordinria, o comando inserido na Lei de Execuo Fiscal tem aplicaotranqila, no suscitando maiores discusses doutrinrias e jurisprudenciais.

    Entretanto, no tocante aos crditos de natureza tributria o cenrio completamente diverso. As profundas divergncias jurdicas verificadas em torno do assuntodecorrem da necessidade de tratamento da prescrio tributria por lei complementar,conforme exigncia explcita do art. 146, inciso III, alnea bda Constituio. Assim, inmerosjuristas sustentam a ineficcia do dispositivo da Lei de Execuo Fiscal no caso de inscrio de

    dbito de natureza tributria por incompatibilidade com o Cdigo Tributrio Nacional, diplomacom statusde lei complementar.

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    H, contudo, um importante aspecto a ser considerado, importando

    na plena aplicao do preceito do art. 2o, 3oda Lei n 6.830, de 1980, aos dbitos de naturezatributria inscritos em dvida ativa. Com efeito, ao ser editada a Lei de Execuo Fiscal novigorava a norma constitucional do art. 146, inciso III, alnea b. Nesta linha, a prescrio

    tributria naquela ocasio era regulada to-somente por lei ordinria. Vale registrar, inclusive, aexistncia de inmeras disposies, daquela quadra histria, regulando a prescrio tributriaem diplomas com fora de lei ordinria. Uma outra importante conseqncia deste raciocnioreside na validade da regra em comento e seu status de lei complementar a partir dapromulgao da Constituio de 1988, por fora da aplicao do princpio da recepo.

    A inscrio em dvida ativa, dependendo do regramento legalaplicvel, pode marcar a incidncia de determinados encargos ou acrscimos ao dbito em

    cobrana. o que ocorre com o chamado encargo legal do art. 1odo Decreto-Lei no1.025, de1969. Nos termos da legislao mencionada, ao crdito da Unio inscrito acrescenta-se 10%(dez por cento) a ttulo de encargo legal. Por ocasio do ajuizamento da execuo fiscalpertinente, o acrscimo, na forma de encargo legal, atinge o patamar de 20% (vinte porcento).

    Tanto a letra da lei como a jurisprudncia reconhecem que oencargo legal substitui a condenao do devedor em honorrios advocatcios. Portanto, nasexecues fiscais da Unio o juiz no arbitra honorrios. O Superior Tribunal de Justia, por

    deciso de sua 1aSeo, j chancelou a cobrana do chamado encargo legal (14).

    Subsiste, em relao ao encargo legal, a discusso se est adstritoao processo de execuo fiscal ou se substitui a condenao do devedor em eventuaisembargos. Sustentamos, a partir do carter autnomo do processo de embargos execuo,ser cabvel a condenao em honorrios do embargante vencido, limitada, no entanto, a fixaodos honorrios, considerados os dois processos (execuo e embargos), em 20% (vinte porcento).

    2.4. Cadastro

    O art. 2o, 7o da Lei no 6.830, de 1980, ao tratar da forma depreparao do termo de inscrio e da certido de dvida ativa, afasta qualquer dvida acercados meios a serem utilizados para manuteno dos registros da dvida ativa. O cadastro pode

    ser manual (manuscrito em livros, fichas ou outros elementos assemelhados), pode sermecnico (como o registro com as j antigas mquinas de escrever) e pode ser eletrnico

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    (com a confeco de bancos de dados tratados por computadores). Em regra, pelo volume deinformaes manuseado e pela necessidade de clculos com relativa complexidade evelocidade, os atuais cadastros das dvidas ativas so eletrnicos. O uso do formato eletrnicoj avana pelo processo administrativo onde se apura o crdito a ser inscrito e mesmo peloprocesso judicial de execuo (15).

    O cadastro da dvida ativa tem carter pblico. Afinal, a condio dedevedor da Fazenda Pblica pode e deve ser de conhecimento de pessoas fsicas e jurdicaspor ocasio da tomada de deciso acerca da realizao de inmeros atos jurdicos. Neste

    sentido, o art. 11 do Decreto-Lei no1.893, de 1981, estabelece que o registro da Dvida Ativada Unio pblico, dele podendo ser extradas as certides, requeridas por qualquer pessoa,

    para defesas de direitos ou esclarecimento de situaes. A Lei Complementar no104, de 2001,

    ao modificar o 3o do art. 198 do Cdigo Tributrio Nacional (16), afastou qualquer dvida

    ainda subsistente acerca do carter pblico do cadastro da dvida ativa da Unio.O cadastro da dvida ativa tambm utilizado, a exemplo de

    inmeros outros cadastros, de natureza pblica e privada, como importante fonte deinformaes na chamada anlise de risco de crdito. Destaca-se, no cumprimento destafuno, o Cadastro Informativo de crditos no quitados do setor pblico federal (CADIN),

    regulado pela Lei no10.522, de 2002.

    Os estoques de crditos por cobrar integrantes da dvida ativa dosvrios entes estatais e suas autarquias padece, invariavelmente, da deficincia da falta dequalificao. Em outras palavras, tais dvidas no so classificadas segundo a viabilidade derecuperao, a exemplo do ocorre com as instituies financeiras. Uma das conseqnciasdesta deficincia consiste na efetiva distoro da avaliao da eficincia da atividade derecuperao de crditos no pagos pela simples comparao entre a arrecadao e o estoqueem cobrana.

    Uma das iniciativas mais importantes na atividade de recuperao de

    crditos inscritos em dvida ativa a chamada administrao de quantidades. Trata-se,basicamente, da fixao de valores mnimos para inscrio de dbitos e ajuizamento deexecues fiscais. Por esta via, necessariamente autorizada em lei (17) e em consonncia comos princpios constitucionais da eficincia (art. 37, caput) e da economicidade (art. 70, caput),busca-se ajustar o quantitativo de dvidas em cobrana s condies materiais e humanasenvolvidas com a atividade de recuperao dos valores.

    As expresses cobrana amigvel e cobrana administrativa sonormalmente aplicadas para os crditos j inscritos mas com execuo ainda no ajuizada.Nesta fase, normalmente possvel o parcelamento da dvida, implicando na suspenso daexigibilidade e da prescrio.

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    3. Expresso

    A expresso dvida ativa no adequada. Sua impropriedade temsido registrada por inmeros juristas de escol, a exemplo de Leon Frejda Szklarowsky (18) eZelmo Denari (19). A crtica pertinente. Afinal, so justapostas palavras com sentidos (oucargas semnticas) diametralmente opostos com a pretenso de reforar a idia de dvida aser cobrada pelo Poder Pblico. Ocorre, no entanto, que a nomenclatura destacada estconsagrada na ordem jurdica brasileira, chegando, como vimos, ao prprio texto constitucional

    (art. 131, 3o).

    4. A fluncia de juros e a liquidez do crdito

    A liquidez do crdito inscrito no afetada pela fluncia de juros eoutros acrscimos legais, assim como a correo monetria. Portanto, no preciso expedirum novo ttulo executivo a cada momento para que a expresso monetria do dbito estejasempre atualizada.

    Firmou-se um entendimento, amplamente dominante, no sentido daliquidez do crdito e do ttulo executivo que o representa no ser prejudicada se presentes oselementos indispensveis para a apurao do valor devido e este puder ser encontrado porsimples operao aritmtica (20).

    Art. 202. O termo de inscrio da dvida ativa, autenticado pela autoridade competente,

    indicar obrigatoriamente:

    I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsveis, bem como, sempre que

    possvel, o domiclio ou a residncia de um e de outros;

    II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

    III - a origem e natureza do crdito, mencionada especificamente a disposio da lei em

    que seja fundado;

    IV - a data em que foi inscrita;

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    V - sendo caso, o nmero do processo administrativo de que se originar o crdito.

    Pargrafo nico. A certido conter, alm dos requisitos deste artigo, a indicao do

    livro e da folha da inscrio.

    1. O termo de inscrio em dvida ativa

    O art. 2o, 5o da Lei no 6.830, de 1980, ao dispor expressamentesobre os elementos do termo de inscrio em dvida ativa, praticamente atualizou e aperfeiooua disposio do Cdigo Tributrio Nacional. O preceito em questo estabelece:

    5 - O Termo de Inscrio de Dvida Ativa dever conter:

    I - o nome do devedor, dos co-responsveis e, sempre que conhecido, o

    domiclio ou residncia de um e de outros;

    II - o valor originrio da dvida, bem como o termo inicial e a forma de

    calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato;

    III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dvida;

    IV - a indicao, se for o caso, de estar a dvida sujeita atualizao

    monetria, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para

    o clculo;

    V - a data e o nmero da inscrio, no Registro de Dvida Ativa; e

    VI - o nmero do processo administrativo ou do auto de infrao, se neles

    estiver apurado o valor da dvida.

    2. Os co-responsveis

    Quando a legislao faz referncia aos nomes do co-responsveisno termo de inscrio em dvida ativa e, por conseqncia, na respectiva certido, suscita o

    questionamento acerca da obrigatoriedade ou no do registro. Em outras palavras, a ausnciados co-responsveis no termo e na certido implica em omisso que conduz a nulidade do ato

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    de inscrio e seus desdobramentos (art. 203 do Cdigo Tributrio Nacional)?

    O entendimento mais adequado para a soluo do problema apontano sentido da possibilidade de no indicao dos co-responsveis. A rigor, quando antes dainscrio so apurados os co-responsveis o registro dos nomes uma conseqncia doresultado do levantamento realizado. Por outro lado, se no houve apurao ou levantamento

    dos co-responsveis no h o que registrar, neste particular, no momento da inscrio. Nesteponto, a redao do Cdigo Tributrio Nacional superior a da Lei de Execuo Fiscal. Aquelediploma utiliza a expresso sendo o caso, o dos co-responsveis. O caso, l escrito, justamente o conhecimento anterior ao ato de inscrio.

    A jurisprudncia firmou-se no sentido de que a execuo fiscal poderecair contra o responsvel tributrio cujo nome no consta na certido de dvida ativa,portanto, no foi inscrito antes do ajuizamento. Exige-se, entretanto, que o responsvel seja

    regularmente citado, integrando a relao processual, para que ele suporte os atos tpicos daexecuo, mormente a penhora de bens (21).

    muito comum a identificao da co-responsabilidade no curso doprocesso de execuo fiscal. O caso mais freqente diz respeito ao encerramento irregular oude fato de empresas (quando os scios simplesmente abandonam a atividade empresarial).Neste tipo de situao os co-responsveis so inscritos na distribuio judicial e no cadastro dadvida ativa.

    A eventual defesa do co-responsvel, regularmente citado noprocesso de execuo, ser realizada por meio de embargos de devedor (ou execuo) e node terceiros. Afinal, depois de citado o co-responsvel parte passiva da execuo. Ajurisprudncia chancela amplamente esta posio.

    O art. 4o, 3oda Lei no6.830, de 1980, confere aos co-responsveisum benefcio de ordem ao estabelecer que eles podero nomear bens livres e desembaraadosdo devedor para a satisfao da dvida. Ressalva, entretanto, o mesmo dispositivo legal, que os

    bens dos responsveis ficaro sujeitos execuo se os do devedor (principal) foreminsuficientes satisfao da dvida.

    3. Memria de clculo

    O art. 604 do Cdigo de Processo Civil foi alterado pela Lei no8.898,

    de 1994, para exigir do credor, quando a determinao do valor da condenao dependerapenas de clculo aritmtico, a instruo do pedido com memria discriminada e atualizada do

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    clculo.

    O regramento em questo no aplicvel ao processo de execuoda dvida ativa (execuo fiscal). Com efeito, a lei processual regula, com clareza, aomencionar a condenao, a execuo por quantia certa decorrente de processo deconhecimento anterior. Trata-se de apurar o valor da condenao presente em ttulo executivo

    judicial. Por outro lado, a Lei no6.830, de 1980, que lei especial, estabelece no art. 2o, 6o,que a Certido de Dvida Ativa, ttulo executivo extrajudicial a ser manejado pela FazendaPblica em juzo, conter os mesmos elementos do Termo de Inscrio. No particular, nos

    termos do art. 2o, 5o, inciso II da prpria Lei no6.830, de 1980, basta a referncia ao valororiginrio da dvida e a indicao dos elementos necessrios para o clculo de sua evoluo notempo.

    Art. 203. A omisso de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a

    eles relativo, so causas de nulidade da inscrio e do processo de cobrana dela

    decorrente, mas a nulidade poder ser sanada at a deciso de primeira instncia,

    mediante substituio da certido nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou

    interessado o prazo para defesa, que somente poder versar sobre a parte modificada.

    1. Omisso de elementos

    A conjugao do art. 202 (exigncias formais) com o art. 203(cominao da sano de nulidade), ambos do Cdigo Tributrio Nacional, conduziu, numprimeiro momento, a um entendimento rigoroso, agasalhado pela jurisprudncia, no sentido deinvalidar o ttulo executivo manejado pela Fazenda Pblica diante de qualquer omisso neleidentificada.

    A evoluo jurisprudencial firmou a premissa de que os requisitosformais da certido de dvida ativa tm a finalidade de identificar a exigncia tributria eviabilizar a defesa contra a mesma (22). Assim, a omisso de elemento no prejudicial a defesapassou a ser tolerada, a exemplo da falta de indicao do livro e da folha de inscrio.

    Na linha da interpretao instrumental e teleolgica das regrasfixadoras de exigncias formais para o ttulo executivo utilizado pela Fazenda Pblica restouassentado que no nula a certido de dvida ativa que contenha parcela indevidaperfeitamente destacvel das demais (23).

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    2. Substituio da certido

    O Cdigo Tributrio Nacional, no art. 203, assim como a Lei de

    Execuo Fiscal, no art. 2o, 8o, consagram uma prerrogativa especial para a Fazenda Pblica

    que consiste na possibilidade de substituio da certido da dvida ativa no curso do processode execuo fiscal. A substituio da certido objetiva a correo de erros ou o suprimento deomisses identificadas depois de sua expedio.

    2.1. Limites

    A substituio da certido de dvida ativa encontra limites, apesar de

    alguns no estarem expressos na legislao de regncia.

    Contabilizamos como limite processual o momento para substituiodo ttulo. Tanto o Cdigo Tributrio Nacional, quanto a Lei de Execuo Fiscal, fazem refernciaa deciso de primeira instncia. Trata-se, neste ponto, como reconhece a doutrina e ajurisprudncia, apesar da impropriedade tcnica do legislador, da deciso adotada nosembargos execuo. Assim, at que seja proferida sentena nos embargos opostos peloexecutado, poder a Fazenda Pblica requerer a substituio da certido de dvida ativa.

    A doutrina vem sustentando de forma escorreita que a faculdade de

    substituir a certido de dvida ativa no viabiliza a correo de vcios materiais ou formais doprocesso administrativo onde foi apurada a dvida.

    Pensamos que os limites materiais para a substituio da certido dedvida ativa esto relacionados diretamente com as dvidas retratadas no ttulo executivoapresentado em juzo. Com efeito, a certido de dvida ativa veicula certos dbitos,relacionados com a ocorrncia de certos fatos geradores. Assim, no seria possvel substituir a

    certido para incluso de novos dbitos, referentes a fatos geradores novos, no presentesno ttulo. Seria, no entanto, vivel a correo dos dbitos j presentes na certido.Exemplifiquemos para melhor ilustrar o raciocnio. Imaginemos a cobrana da Contribuio paraFinanciamento da Seguridade Social (COFINS) referente aos meses de junho e julho de 2000.No seria possvel substituir a certido de dvida ativa para incluir dbitos de agosto ou outubrode 2000, por exemplo. Seria vivel a supresso do dbito de junho ou de junho de 2000.Tambm seria possvel a correo, com reduo ou aumento, por erro de transcrio ou erromaterial, devidamente demonstrados, do dbito de junho ou de julho de 2000.

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    2.2. Conseqncias

    A substituio da certido de dvida ativa impe a devoluo doprazo de defesa para adaptao desta a nova realidade existente nos autos da execuo fiscal.Temos, a rigor, trs hipteses e suas respectivas solues. Na primeira, quando no houveainda interposio de embargos execuo, intimar-se- o executado da ocorrncia e o prazopara embargos ser computado normalmente. Numa segunda hiptese, quando o prazo paraembargar a execuo estiver em curso, a substituio da certido de dvida ativa interrompe oprazo, contando-se novos trinta dias a partir da intimao do executado. Na ltima situao,quando j apresentados embargos execuo, impe-se a intimao do embargante para, noprazo de trinta dias, aditar os embargos j opostos e pendentes de julgamento.

    2.3. Confronto entre a parte final do art. 203 do Cdigo Tributrio Nacional e o art. 2o, 8o

    da Lei de Execuo Fiscal

    Registra-se a existncia de uma controvrsia doutrinria acerca dapossibilidade de convivncia entre a parte final do art. 203 do Cdigo Tributrio Nacional e o

    art. 2o, 8oda Lei no6.830, de 1980.

    Uma forte corrente de juristas sustenta que a devoluo do prazopara embargos opostos execuo de crdito tributrio somente poder versar sobre a partemodificada do ttulo. Este raciocnio est baseado na superioridade do Cdigo TributrioNacional sobre a lei ordinria posterior.

    Outra posio doutrinria, a qual nos filiamos, advoga a derrogao

    pela Lei no 6.830, de 1980, da parte final do art. 203 do Cdigo Tributrio Nacional. Estaconcluso parte da premissa que o Cdigo Tributrio Nacional regulou, no particular, matria

    processual, no reservada lei complementar. Assim, a lei ordinria posterior alterouvalidamente regra ordinria anterior. Portanto, no mais subsiste limitao defesa na hiptesede devoluo do prazo por substituio da certido de dvida ativa.

    3. Execuo fiscal: problemas e solues

    So vrias as propostas de privatizao ou terceirizao da

    cobrana ou mesmo de alienao dos crditos inscritos em dvida ativa. As motivaes paratais projetos, nas suas mais variadas formas, giram invariavelmente em torno da discutvel

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    mxima da ineficincia das aes pblicas nesta rea. Esgrimindo verdades parciais, osautores das proposies procuram sempre comparar a recuperao de crditos numdeterminado ano com o estoque em cobrana. Este cotejo desconsidera, porque baseado emcritrio nico, as condies logsticas das aes de cobrana, a natureza e as dificuldadespeculiares desta atividade.

    Os projetos mencionados violam frontalmente o art. 131, capute 3o

    da Constituio, os arts. 3oe 7odo Cdigo Tributrio Nacional, o art. 12 da Lei Complementar

    no 73, de 1993, e os arts. 1o e 22 do Decreto-Lei no 147, de 1967. Segundo as normasconstitucionais citadas, a execuo da dvida ativa de natureza tributria cabe Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, instituio vinculada Advocacia-Geral da Unio incumbida derepresentar a Unio em juzo. J o Cdigo Tributrio Nacional, ao definir tributo, estabelece queeste ser cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Por fim, a Lei

    Complementar no73, de 1993, e o Decreto-Lei n

    o147, de 1967, com fora de lei complementar

    no particular, fixam a competncia da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para aexecuo da dvida ativa da Unio de natureza tributria ou no.

    Em suma, o constituinte e o legislador complementar estabeleceraminequivocamente o caminho a ser seguido para a recuperao de crditos pblicos no pagos:atividade administrativa coordenada e especializada.

    Por outro lado, a insistente proposio de transferncia da cobranapara a iniciativa privada esbarra na impossibilidade de delegao, ao particular, de atividade

    tpica de Estado, conforme j decidiu o Supremo Tribunal Federal na ADIN no1.717-DF (24).

    A argio de ineficincia das aes de cobrana, cumpre destacar,no resiste a uma anlise profunda, sria e isenta. Esta concluso, como destacamos, parte deum cotejo distorcido. No possvel medir a eficincia das aes de recuperao de crditossimplesmente comparando o estoque de crditos existentes com a arrecadao anual. No casoda Unio, no estoque de dvidas por serem cobradas temos seguramente mais de 50%

    (cinqenta por cento) dos valores contabilizados nas categorias de "inconsistentes" e"incobrveis". A primeira hiptese dos inconsistentes decorre, em regra, de erros cavalaresno manuseio do instrumento de declarao e confisso de dvida tributria, antes referido (25).J na segunda hiptese dos incobrveis temos dvidas decorrentes de financiamentos como dinheiro pblico para empresas e pessoas fsicas hoje desprovidas de qualquer patrimnio,rigorosamente "falidas", na linguagem coloquial ou popular, sem rigor tcnico. Portanto, o termode comparao para os valores efetivamente arrecadados no pode ser o estoque total, talcomo escriturado ou registrado.

    Por outro lado, as condies logsticas, em sentido amplo, de

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    cobrana dos crditos fiscais so lastimveis, para no dizer desesperadoras. O nmero deprocuradores existentes e alocados para as tarefas relacionadas com a recuperao decrditos absolutamente insuficiente. Assim, chegamos a ter, em mdia, milhares de processosjudiciais por procurador em efetivo exerccio. O nmero de servidores de apoio tambm nitidamente insuficiente, alm de no estarem, no caso da Unio, organizados em carreiraprpria e especializada para o desempenho das atividades exigidas pelas atribuies do rgo

    responsvel. Tambm devem ser consideradas outras carncias de ordem material, tais como:ausncia de instalaes adequadas (equipamentos, mveis e imveis), falta de armazns parabens removidos, entre outros.

    Devemos ressaltar ainda os obstculos prprios do processo deexecuo. Nele, o exeqente se depara, em regra, com um devedor recalcitrante, que nocumpriu, nem pretende cumprir, com suas obrigaes pecunirias. So incontveis os casos deempresas encerradas irregularmente e pessoas fsicas/scios desaparecidos. Por outro lado, o

    trabalho de localizao de bens e direitos dos devedores e co-responsveis esbarra em todasorte de limitaes (dificuldades operacionais, sigilos de vrias ordens, etc).

    Impe-se, no entanto, apontar as razes fundamentais para o quadrode verdadeira indigncia experimentado pelas unidades responsveis pela recuperao decrditos pblicos no pagos. Em regra, temos decises polticas, posturas governamentaisdeliberadas, no sentido de subtrair ou sonegar os recursos oramentrios e os fluxosfinanceiros adequados ao escorreito funcionamento destes setores da Administrao Pblica.

    No resta nenhuma dvida, a opo poltica deliberada, pensada eaplicada de forma cirrgica de fazer caixa com os recursos legalmente destinados paramelhor aparelhar a cobrana de crditos pblicos. Nesta linha, no se busca a melhoria dascondies de trabalho e, por via de conseqncia, dos nveis de arrecadao. Tudorepercutindo no aumento de receitas e num melhor desempenho fiscal.

    Cabem algumas palavras sobre as solues puramente normativaspara a problemtica da execuo fiscal, na linha da penhora administrativa e do reforo das

    prerrogativas do Fisco na atual Lei no 6.830, de 1980. As modificaes legislativas que noataquem os problemas bsicos do modelo atualmente experimentado no afetaro de formasignificativa o panorama da cobrana. A penhora administrativa, por exemplo, alm de incorrer

    em inconstitucionalidade (interpretao conjugada do art. 5o, incisos XXXV e LIV, do art. 146,

    inciso III, alnea b e do art. 131, caput e 3o da Constituio), simplesmente modifica oproblema de lugar, retirando-o do mbito do Judicirio e colocando-o no seio do Executivo.

    Em apertada sntese, sustentamos a adoo de um conjunto

    combinado de medidas de ordem legislativa e administrativa para superao dos principaisentraves do processo de recuperao de crditos pblicos no pagos. De incio, preciso

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    implementar medidas de "administrao de quantidades". No tem sentido um processo decontnuo aumento do nmero de varas e procuradores sempre que o nmero de processos deexecuo sofre acrscimo significativo decorrente, no caso da Unio, da utilizao mais intensadas declaraes e confisses de dvida, responsveis, como vimos, por cerca de 90% (noventapor cento) dos crditos em cobrana judicial. Paralelamente, os principais instrumentos, sempreadministrados pelo Poder Pblico, de recuperao dos crditos de reduzido valor,

    representativos da imensa maioria dos feitos em tramitao judicial, devem ser os "mecanismos

    indutores de pagamento", na linha do disposto no art. 195, 3o da Constituio. A rigor, aatividade judicial deve ser reservada, tanto em relao aos juzes, quanto aos procuradores,para fins mais nobres. As procuradorias fiscais e varas especializadas devem ser unidades deatuao preferencialmente em relao aos grandes dbitos e aos grandes devedores.Fechando um novo quadro, deve ser firmada uma posio poltica de prestgio s aes decobrana e recuperao de crditos no pagos, materializada em nveis oramentrios e fluxosfinanceiros adequados e respeito a dignidade funcional dos agentes pblicos envolvidos.

    Assim, com a administrao adequada dos meios necessrios, a

    advocacia pblica poder atingir ou realizar uma de suas mais nobres misses: a justia fiscal.Afinal, somente quando retirado do devedoro valor no carreado normalmente para os cofrespblicos que este ser igualado ao contribuinte, aquele que cumpriu tempestivamente com asua obrigao fiscal.

    Art. 204. A dvida regularmente inscrita goza da presuno de certeza e liquidez e tem oefeito de prova pr-constituda.

    Pargrafo nico. A presuno a que se refere este artigo relativa e pode ser ilidida por

    prova inequvoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.

    1. Certeza e liquidez

    A clusula de certeza e liquidez relativamente comum nosdomnios jurdicos, a comear pela Constituio quando trata do Mandado de Segurana no art.

    5o, inciso LXIX.

    A certeza est relacionada com a origem da obrigao. Indica aexistncia dos fatos jurdicos (em sentido amplo) hbeis a produzir o efeito do nascimento darelao jurdica que liga ou vincula credor e devedor. Numa afirmao simples e direta: dvida

    certa dvida existente (juridicamente). J a liquidez, relacionada com a determinao doobjeto da obrigao, refere-se a quantia exigida. Revela a presena de um valor determinado,

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    perfeitamente quantificado.

    2. Presuno relativa e inverso do nus da prova

    A tcnica jurdica da presuno converte a dvida em certeza. Trata-se de mecanismo que afasta a necessidade de buscar sempre, a todo instante, muitas vezespor intermdio de procedimentos penosos, a realidade exata dos fatos ocorridos.

    Parte-se, assim, da premissa de que a Fazenda Pblica possui umadvida contra algum (pessoa fsica ou jurdica), decorrente de fato jurdico idneo e precisa,quanto a sua expresso monetria, s podendo ser superada por prova inequvoca em sentidocontrrio. Portanto, a presuno de certeza e liquidez da dvida regularmente inscrita

    classificada como relativa oujuris tantum, justamente o contrrio da presuno absoluta oujuriset de jure, onde no se admite prova contra a presuno.

    Neste sentido, freqentemente aponta-se como uma dasconseqncias do art. 204 do Cdigo Tributrio Nacional a chamada inverso do nus daprova. Assim, a Fazenda Pblica no precisa provar os fatos que fizeram nascer a dvida(efeito de prova pr-constituda). Cabe ao devedor fazer prova para afastar a presunoconsignada em lei em favor da Fazenda Pblica.

    3. Prova inequvoca

    A expresso prova inequvoca aponta para a necessidade dedemonstrao cabal e inconteste contra a pretenso da Fazenda Pblica. Portanto, oselementos apresentados devem convencer plenamente, sem margem para dvidas ouquestionamentos razoveis.

    4. Discusso administrativa e judicial

    O afastamento da presuno de certeza e liquidez da dvida inscritapode ocorrer administrativamente ou em juzo. Erroneamente, alguns juristas apontam umasuposta indiscutibilidade da dvida inscrita no mbito da Administrao, remetendo qualquer

    irresignao para o Poder Judicirio (26).

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    Exercitando o direito constitucional de petio o devedor podeprovocar a Administrao para analisar a regularidade da dvida inscrita. A ao administrativade rever os eventuais vcios presentes no registro de determinada dvida encontra explcito

    amparo jurisprudencial e legal. Com efeito, a Smula no 473 do Supremo Tribunal Federalconsigna que a Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que

    os tornem ilegais, porque deles no se originam direitos. Este entendimento foi consagrado noart. 53 da Lei no9.784, de 1999. No mbito da Fazenda Nacional, o Decreto-Lei no 147, de1967, em seu art. 15, inciso IV confere competncia aos Procuradores da Fazenda Nacionalpara cancelar a inscrio em dvida ativa quando indevidamente feita.

    Os vcios a serem pesquisados so aqueles de natureza formal queimpediriam a inscrio ou foram cometidos durante a apurao de certeza e liquidez. Tambmpodem ser avaliadas ocorrncias jurdicas relevantes depois da inscrio, a exemplo daprescrio. Obviamente, a postulao administrativa depois da inscrio no pode ser realizadapara a reviso pura e simples do mrito do lanamento ou da deciso singular ou colegiada emsede de processo administrativo fiscal. Em outras palavras, no possvel apresentar depoisda inscrio as reclamaes e recursos prprios das fases anteriores, conforme expressadelimitao legal.

    5. Fraude contra credor e execuo

    Na medida em que o patrimnio do devedor que responde por suasdvidas (art. 184 do Cdigo Tributrio Nacional), assume importncia capital para a atividade derecuperao de crditos no pagos os instrumentos ou mecanismos jurdicos utilizados paraprevenir e desfazer a alienao patrimonial com afronta ao credor tributrio.

    A Fazenda Pblica dispe da medida cautelar inominada, da medidacautelar fiscal e do arrolamento (fiscal) de bens e direitos como meios para prevenir a alienaopatrimonial prejudicial ou inviabilizadora da realizao do crdito tributrio.

    A medida cautelar inominada, visando a indisponibilidade de bens,deve ser proposta antes da constituio do crdito tributrio (quando no cabe a cautelarfiscal), mas depois do nascimento da obrigao tributria. J a medida cautelar fiscal, em regra,deve ser proposta, tambm objetivando a indisponibilidade de bens, depois da constituio docrdito tributrio. As duas medidas cautelas (inominada e nominada como fiscal) demandam ademonstrao da probabilidade (alm da possibilidade) da alienao patrimonial em desfavordo Fisco. As circunstncias e fatos que demonstram a probabilidade de alienao patrimonial

    comporo, no plano processual, o requisito do periculum in mora. Podemos apresentar, entreoutros, os seguinte exemplos: (a) dificuldades financeiras significativas, (b) sociedade comercial

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    como repositrio de bens dos scios e (c) desaparecimento da pessoa fsica ou dos dirigentesda empresa. J o arrolamento (fiscal) de bens e direitos assume claramente as caractersticasde um procedimento preventivo. Trata-se de mero levantamento ou identificao do patrimniodo devedor tributrio, sem qualquer constrangimento ou restrio negocial. O arrolamentopressupe que possvel a alienao patrimonial mas no provvel, por no existiremaquelas circunstncias j citadas que apontem neste ltimo sentido.

    Para desfazer a alienao patrimonial j ocorrida (em fraude contra

    credor) a Fazenda Pblica pode lanar mo da ao revocatria ou pauliana (27). Trata-se deinstrumento de ndole eminentemente privada consistente na tentativa de anular o negciojurdico com vcio resultante de fraude contra credor. de todo conveniente, no entanto, aconstruo, pelos meios prprios, de uma ao pauliana fiscal, onde as especificidades docrdito tributrio sejam devidamente consideradas.

    Existe, ainda, o caso da alienao patrimonial em fraude execuo.Nesta circunstncia o ato realizado ineficaz perante a Fazenda Pblica, salvo a permannciade patrimnio suficiente para fazer frente ao crdito tributrio. Assim, os bens alienados podem,em regra, ser arrestados ou penhorados no processo de execuo fiscal.

    Subsiste uma significativa discusso doutrinria acerca da fixao domomento em que pode ser caracterizada a fraude execuo (fiscal). O problema est,basicamente, nos termos em que foi redigido o art. 185 do Cdigo Tributrio Nacional. Ali, aexpresso ... como dvida ativa em fase de execuo ... permite o entendimento de que aalienao presume-se fraudulenta a partir da inscrio em dvida ativa (28). Em sentidocontrrio, e consonante com uma interpretao sistemtica da norma, principalmente emfuno do disposto no art. 593, inciso III do Cdigo de Processo Civil, est o posicionamentoque somente depois do ajuizamento da execuo fiscal se caracteriza a fraude execuo(fiscal) (29).

    NOTAS:(1) Como o conceito de dvida ativa abrange teoricamente todos os crditos atribudos aos

    entes polticos e suas autarquias, independentemente de sua origem, como dispe o art. 2o,infra, o ensejo para a execuo fiscal se d mais pela natureza do ttulo executivo, vale dizer, acertido de dvida ativa, e pessoa do exeqente, do que pela origem especfica do crdito.(Maria Helena Rau de Souza. Execuo Fiscal. Coordenao Vladimir Passos de Freitas.Saraiva. 1998. Pg. 6)

    (2) O encargo legal previsto no Decreto-Lei no1.025, de 1969, por exemplo.

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    (3) O Cadastro Informativo de crditos no quitados do setor pblico federal (CADIN), regulado

    pela Lei no10.522, de 2002, por exemplo.(4) Exemplos: (a) concorrentes em procedimentos licitatrios (considerando que a ausncia de

    regularidade fiscal implica na inabilitao do licitante - art. 29, inciso III da Lei no 8.666, de

    1993); (b) interessados na aquisio de imveis (considerando a possibilidade de alienao emfraude contra credor ou execuo) e (c) interessados na aquisio de estabelecimentoscomerciais ou mesmo da prpria empresa (para levantamento da situao econmico-financeira do negcio).

    (5) Parecer no991/2001 - PGFN/CDA(6) Registre-se, entre elas, trabalho de nossa autoria intitulado DECLARAO E CONFISSO

    DE DVIDA TRIBUTRIA REALIZADAS PELO SUJEITO PASSIVO NOS TRIBUTOSSUBMETIDOS SISTEMTICA DE LANAMENTO POR HOMOLOGAO, publicado noperidico Tributao em Revista (Ano 4. Nmero 16. Abril a junho/96). Disponvel, tambm, noseguinte endereo eletrnico: http://www.aldemario.adv.br/artigo3.htm.(7) Das dezenas ou centenas de decises neste sentido, destacamos dois importantespronunciamentos do Supremo Tribunal Federal. So eles:

    "AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTRIO. DBITO FISCAL

    DECLARADO E NO PAGO. AUTOLANAMENTO. DESNECESSIDADE DE INSTAURAODE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PARA COBRANA DO TRIBUTO. Em se tratandode autolanamento de dbito fiscal declarado e no pago, desnecessria a instaurao deprocedimento administrativo para a inscrio da dvida e posterior cobrana. Agravo regimental

    improvido." (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento no 144.609. 2a Turma. RelatorMinistro Maurcio Corra. Julgamento em 11/04/1995).

    "CERCEIO DE DEFESA - INCISO LV DO ARTIGO 5. DA CONSTITUIO FEDERAL -

    TRIBUTO - AUTOLANAMENTO - EMBARGOS EM EXECUO - PERCIA. No configuraviolncia ao inciso LV do rol das garantias constitucionais deciso que, em embargos aexecuo, resulta no indeferimento de prova pericial , tendo em conta o fato de a cobrana do

    tributo resultar de autolanamento." (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento no167.503.

    2aTurma. Relator Ministro Marco Aurlio. Julgamento em 12/03/1996).(8) Transcrevemos o trecho mais significativo da ementa da manifestao:

    No mbito da Administrao tributria federal, consagrou-se o entendimento, com acorroborao da jurisprudncia iterativa S.T.F. e do S.T.J., de que o no pagamento ou o

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    pagamento a menor de dbito tributrio declarado pelo contribuinte, possuindo a mesmanatureza da confisso de dvida, caso de auto apurao, declarao e apurao estas aceitaspela Secretaria da Receita Federal, se submete a cobrana administrativa do crdito, sem anecessidade de constituio formal do crdito tributrio, da a desnecessidade de instauraode processo administrativo fiscal litigioso. tambm entendimento do Fisco Federal dadesnecessidade de lanamento de ofcio de consectrios legais decorrentes de liquidao de

    dbitos declarados pelo contribuinte e no pago com os acrscimos no vencimento, bastando,nesses casos, a notificao de cobrana do que no foi pago ou pago a menor, e se mesmoassim no houver a extino do crdito, cabe a imediata inscrio do dbito em dvida ativacom a expedio do ttulo executivo extrajudicial - a certido de dvida ativa, e a conseqenteexecuo fiscal.

    (9) O art. 1o, 1odo Decreto-Lei no1.737, de 1979, estabelece expressamente que o depsitoem garantia de crdito da Fazenda Nacional suspende a exigibilidade do mesmo e elide a

    inscrio em dvida ativa.(10) Misabel Abreu Machado Derzi, ao comentar o art. 151 do Cdigo Tributrio Nacional, noenumera a impossibilidade (ao menos momentnea) de inscrio em dvida ativa comoconseqncia da suspenso da exigibilidade. Menciona explicitamente o bloqueio doajuizamento da execuo fiscal (Comentrio ao Cdigo Tributrio Nacional. CoordenadorCarlos Valder do Nascimento. Forense. 1997. Pg. 407).

    (11) O reconhecimento expresso por parte da lei, do poder de que os Procuradores daFazenda Nacional exeram o controle dos lanamentos nada mais do que a possibilidadedada queles para que possam aferir a certeza do lanamento e submeter o ato delanamento, mesmo quando resultante de deciso administrativa j definitiva emanada dosrgos julgadores, a novo reexame da sua legalidade (em sentido amplo), no intuito de evitarque se inscrevam e at sejam executados crditos tributrios ilegais, ilegtimos ou viciados oque demandaria em desprestgio e acarretaria, para a Administrao, nus de sucumbnciasde aes judiciais previamente sabidas como interpostas indevidamente. (Mary Elbe GomesQueiroz Maia. Do Lanamento Tributrio - Execuo e Controle. Dialtica. 1999. Pg. 174)

    (12) A competncia da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrever e cobrar,inclusive em juzo, os crditos tributrios e no-tributrios da Unio decorre da conjugao de

    uma srie de dispositivos legais. So eles: (a) art. 131, 3oda Constituio; (b) art. 12, inciso I

    da Lei Complementar no73, de 1993; (c) art. 39, 5oda Lei no4.320, de 1964; (d) art. 2o, 4o

    da Lei no 6.830, de 1980 e (e) arts. 1o, inciso II e 22 do Decreto-Lei no 147, de 1967. Os

    dispositivos citados do Decreto-Lei no147, de 1967, por fora do disposto no art. 131, caputda

    Constituio, possuem, atualmente, o statusde lei complementar.

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    (13) Ento, terminado o processo a repartio da receita obrigada a encaminhar o processopara a Procuradoria da Fazenda. A Procuradoria da Fazenda um corpo de advogados, umcorpo de juristas, de bacharis em direito, que tem a obrigao de promover o interesse pblicoprimrio acima do secundrio. A finalidade da remessa Procuradoria para que ela examineos aspectos jurdicos daquele procedimento e afinal d uma opinio jurdica. (...) Ento aProcuradoria, que um rgo tcnico-jurdico, opina tecnicamente dizendo que estjuridicamente este processo, logo esta dvida correta do ponto de vista jurdico. (...) Estainscrio um atestado jurdico-tcnico, no poltico, no administrativo, no financeiro, de queaquilo obedeceu o direito, (...) (Geraldo Ataliba. Revista Trimestral de Direito Pblico. Nmero3/1993. Malheiros. Pg. 180)Sempre vimos o exerccio de tal atividade revestido de mais elevada importncia jurdica. onico ato de controle de legalidade, efetuado sobre o crdito tributrio j formalizado, que serealiza pela apreciao crtica de profissionais obrigatoriamente especializados: os

    procuradores da Fazenda. Alm disso, a derradeira oportunidade que a Administrao tem derever os requisitos jurdico-legais dos atos praticados. No pode modific-los, certo, pormtem meios de evitar que no prossigam crditos inconsistentes, penetrados de ilegitimidadessubstanciais ou formais que, fatalmente, sero fulminadas pela manifestao jurisdicional quese avizinha (Paulo de Barros Carvalho. Curso de Direito Tributrio. Saraiva. 1993. Pg. 367).

    (14) PROCESSO CIVIL. EXECUO FISCAL. ENCARGO PREVISTO NO DECRETO-LEI No

    1.025, DE 1969. O "quantum" do encargo previsto no Decreto-Lei no1.025, de 1969 de 20%

    (vinte por cento) sobre o valor do dbito, se j proposta a execuo fiscal; se o dbito for pagoantes do ajuizamento da execuo, a verba fica reduzida a 10% (dez por cento) do respectivo

    montante (Decreto-Lei no 1.569, de 1977, artigo 3o). Embargos de divergncia acolhidos.(ERESP 124.484/DF. Relator Ministro Ari Pargendler. Julgamento em 06/11/1998)(15) 1.4 - Projeto de Execuo Fiscal VirtualOs procedimentos, que hoje so realizados por meio fsico (papel), passaro a ocorrer de tal

    forma que ser composto um acervo em meio digital, com a gerao de documentoseletrnicos no mbito da Justia Federal e a integrao com as entidades conveniadas serealizando atravs da troca de informaes.A qualquer tempo, poder ser feita a materializao ou visualizao, que consistir naimpresso ou formatao para apresentao em monitor de vdeo em interface de fcil uso doPEJ no mesmo formato de um processo judicial em papel, com todos os requisitos daautuao, etiquetas, carimbos, vistos, numerao das pginas e todas as demais formataesexistentes e caractersticas do processo em papel.

    Extinto o Processo Eletrnico Judicial (PEJ), sem que tenha ocorrido a materializao, o

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    mesmo ser arquivado de acordo com a situao processual determinada pelo juzo,continuando vivel a sua reativao eletrnica, a consulta e visualizao ou a materializao.Haja vista a complexidade do Projeto, conforme j mencionado, a execuo fiscal eletrnicaest prevista para ser implementada, inicialmente, como um projeto piloto em uma SeoJudiciria do pas.1.5 - Processo Eletrnico Judicial (PEJ) ExeqentesTodos os documentos envolvidos no processo de execuo fiscal passaro a ser transferidoseletronicamente podendo, inclusive, envolver documentos digitalizados da base de dados daFazenda Nacional e do INSS para a base de dados da Justia Federal, ou a serem digitalizadosno mbito do Frum Especializado de Execues Fiscais, constituindo "pginas" dos processosdigitais ou do Processo Eletrnico Judicial, que ganharo forma, nmeros, etc., por parte deste

    Poder Judicirio.Ao PEJ sero juntadas peties dos exeqentes, documentos, comprovantes de pagamentos eparcelamentos, decises judiciais, onde todas essas peas sero produzidas eletronicamenteou por digitalizao. As mencionadas peas constituiro "folhas" do PEJ, que no seropassveis de alterao ou supresso por qualquer das partes do tringulo processual. Havendonecessidade legal, o PEJ poder ser impresso (materializado) a qualquer tempo, adquirindo,ento, formato de um processo de execuo fiscal comum em papel e com todas ascaractersticas e peculiaridades at hoje conhecidas. (Itens do Anexo III do Edital Concorrncia

    Pblica TRF/3a Regio no 014/2001. Disponvel no seguinte endereo eletrnico:http://www.infojurucb.hpg.ig.com.br/projexecfiscvirt.htm)(16) Restou definido que no vedada a divulgao de informaes relativas a inscries naDvida Ativa da Fazenda Pblica.

    (17) No caso da Dvida Ativa da Unio, a Portaria MF no289, de 1997, editada com fundamento

    no art. 5o

    do Decreto-Lei no

    1.569, de 1977, e no art. 65 da Lei no

    7.799, de 1989, estabelecevalores mnimos para inscrio do dbito e para ajuizamento da execuo fiscal.(18) Essa expresso, Dvida Ativa, tem sua raiz nos tempos remotos do II Imprio e contm,alis, vocbulos antagnicos, pois a dvida j passiva, de forma que a palavra ativa noencontraria, normalmente, lugar adequado onde est colocada. Por consider-la umaimpropriedade de linguagem jurdica, no do agrado de juristas do porte de Carlos da RochaGuimares. (Execuo Fiscal. MF/ESAF. 1984. Pg. 54)

    (19) A expresso dvida ativa - como assinala com propriedade Hely Lopes Meirelles - imprpria e contraditria porque toda dvida obrigao e, como tal, passiva. A expresso

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    correta - segundo o publicista - deveria ser crdito fiscal. Sem embargo, persistimos no usodaquela nomenclatura j consagrada em nosso ordenamento jurdico tributrio. (Curso de

    Direito Tributrio. Forense. 4aedio. Pg. 239)(20) PROCESSUAL CIVIL - EXECUO - TTULO LQUIDO E CERTO - QUANTUM

    DEBEATUR - APURAO - SIMPLES CLCULO ARITMTICO.I - A doutrina e jurisprudncia afirmam entendimento no sentido de que a dvida no deixa deser lquida e certa, se precisa, para saber em quanto importa, de simples operao aritmtica.Precedentes do STJ.

    II - Recurso conhecido e provido (Recurso Especial 32.475/MG. STJ. 3a Turma. RelatorMinistro Waldemar Zveiter. Julgamento em 30/03/1993)PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DO DEVEDOR - LIQUIDEZ E CERTEZA DO TTULOEXTRAJUDICIAL COMPROVADOS - DISPENSA DE EXAME PERICIAL - ATUALIZAO DO

    QUANTUM POR SIMPLES OPERAO ARITMTICA.I - A jurisprudncia do STJ acolhe entendimento no sentido de que desnecessria a provapericial para a apurao do quantum debeatur, eis que os valores consignados na crtuladevem ser atualizados por simples operao aritmtica com base em ndices e tabelas oficiais.

    II - Recurso conhecido e provido. (Recurso Especial 35.012/DF. STJ. 3a Turma. RelatorMinistro Waldemar Zveiter. Julgamento em 05/10/1993)(21) Execuo Fiscal. Sociedade por cotas de responsabilidade limitada. Penhora de bens dos

    scios. A citao dos scios, sobre cujos bens incidiu a penhora, imprescindvel paraconstituio da relao processual. No a supre a citao feita firma executada por dvida

    tributria. (RE 114.657. STF. 2aTurma. Relator Ministro Carlos Madeira)Execuo Fiscal. Processual Civil. Responsabilidade dos Scios (Art. 13, Lei 8.620/93).Indeferimento da Citao. CTN, Artigo 135 e 204. Lei 6.830/80.1. Extinta a pessoa jurdica devedora, vista da responsabilidade solidria, a citao dosscios conseqncia, podendo embargar tanto a matria til defesa e, no caso,

    destacadamente para comprovao de que no podem responder pessoalmente pela empresaexecutada. A exigncia para a exeqente antecipar a prova da responsabilidade solidria notem feliz inspirao.

    2. Recurso provido. (Recurso Especial 274.858/SC. STJ. 1aTurma. Relator Ministro Milton LuizPereira. Julgamento em 04/09/2001)PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO EXECUO FISCAL -REDIRECIONAMENTO -CITAO NA PESSOA DO SCIO-GERENTE - RESPONSABILIDADE PESSOAL PELO

    INADIMPLEMENTO DA OBRIGAO TRIBUTRIA DA SOCIEDADE - ART. 135, III DO CTN -DOLO, FRAUDE OU EXCESSO DE PODERES COMPROVAO IMPRESCINDVEL -

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    PRECEDENTES.1. pacfica a jurisprudncia desta Corte no sentido de que o scio somente pode serpessoalmente responsabilizado pelo inadimplemento da obrigao tributria da sociedade nashipteses do art. 135 do CTN e se agiu dolosamente, com fraude ou excesso de poderes.2. A comprovao da responsabilidade do scio imprescindvel para que a execuo fiscalseja redirecionada, mediante citao do mesmo.

    3. Recurso especial improvido. (Recurso Especial 278.744/SC. STJ. 2a Turma. RelatoraMinistra Eliana Calmon. Julgamento em 19/03/2002)(22) Sendo a omisso de dado que no prejudicou a defesa do executado, regulamenteexercida, com ampla segurana, valida-se a certido para que se exercite o exame de mrito.

    (RE 99.993/PA. STF. 1aTurma. Relator Ministro Oscar Corra)(23) No nula a certido de dvida ativa que contenha parcela indevida, se esta

    perfeitamente destacvel. (AI 97.409 AgR/SP. STF. 1aTurma. Relator Ministro Soares Muoz)TRIBUTRIO E PROCESSUAL CIVIL - EXECUO FISCAL - EMBARGOS DO DEVEDOR -CERTIDO DE DVIDA ATIVA - VALOR EM EXCESSO - FIXAO DO VALOR REAL DADVIDA, NOS AUTOS DOS EMBARGOS, MEDIANTE PERCIA E CLCULOS ARITMTICOS -ACORDO QUE SE HARMONIZA COM A JURISPRUDNCIA DO STJ (ART. 557, DO CPC).1. Segundo a jurisprudncia pacfica desta Corte, o reconhecimento de que o credor estcobrando mais do que devido no implica nulidade do ttulo executivo extrajudicial, desde que

    a poda do excesso possa ser realizada nos prprios autos, mediante a supresso da parceladestacvel da certido de dvida ativa, ou por meio de simples clculos aritmticos.2. Verificando-se que o acrdo impugnado adotou orientao consentnea com ajurisprudncia desta Corte, incide na espcie as disposies do art. 557 do CPC, com asalteraes da Lei n. 9.756/98.

    3. Agravo regimental improvido. (AGRESP 53.349/SP. STJ. 2aTurma. Relator Ministra ElianaCalmon. Julgamento em 06/04/2000)

    (24) Julgando o mrito de ao direta ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B,pelo Partido dos Trabalhadores - PT e pelo Partido Democrtico Trabalhista - PDT, o Tribunaljulgou procedente o pedido formulado na ao para declarar a inconstitucionalidade do art. 58,caput e pargrafos 1, 2, 4, 5, 6, 7 e 8 da Lei 9.649/98, que previam a delegao de poderpblico para o exerccio, em carter privado, dos servios de fiscalizao de profissesregulamentadas, mediante autorizao legislativa. Reconheceu-se a inconstitucionalidade dosdispositivos atacados uma vez que o mencionado servio de fiscalizao constitui atividadetpica do Estado, envolvendo, tambm, poder de polcia, poder de tributar e de punir,insuscetveis de delegao a entidades privadas. ADI 1.717-DF, rel. Min. Sydney Sanches,

    7.11.2002. (ADI-1717) Informativo STF no 289. Disponvel no seguinte endereo eletrnico:

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    http://www.stf.gov.br.(25) Temos visto inmeras situaes em que dvidas da ordem de milhes de reais soapresentadas e registradas como crditos da ordem de bilhesde reais pelo uso incorreto demoedas e indexadores monetrios pelo contribuinte na declarao entregue ao Fisco.

    (26) Em termos mais simples, isto significa que o crdito tributrio subjacente no mais admitediscusso administrativa. Em razo dessa indiscutibilidade que o legislador confere dvidaativa regularmente inscrita a referida presuno. (...) Como intuitivo, a presuno de liquidez ecerteza da dvida ativa relativa, pois embora o crdito seja indiscutvel no mbito daadministrao, a tutela tributria no se exaure nesta sede, mas perante o Poder Judicirio.(Zelmo Denari. Curso de Direito Tributrio. Forense. 1994. Pgs. 244 e 245).(27) De resto, se o fundamento da nulidade est na prtica de ato lesivo distribuio da

    justia, o ajuizamento caracteriza por si s leso da atividade jurisdicional do Estado, sendoirrelevante a citao.A contrario sensu, os atos de alienao anteriores ao referido evento-limite so vlidos eeficazes e somente podero ser desconstitudos atravs de ao pauliana. (Zelmo Denari.Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional. Coordenador Ives Gandra da Silva Martins.Saraiva. 1998. Pg. 474).(28) Inscrito o dbito tributrio pela Fazenda Pblica, no livro de registro da dvida ativa, ficaestabelecido o marco temporal, aps o que qualquer alienao de bens ou rendas, ou seucomeo, pelo sujeito devedor, ser presumida como fraudulenta. (Paulo de Barros Carvalho.Curso de Direito Tributrio. Saraiva. 1993. Pg. 356).Estar o crdito tributrio em fase de execuo no significa j haver sido proposta a ao deexecuo. A fase de execuo comea com a inscrio do crdito como dvida ativa. (Hugo deBrito Machado. Curso de Direito Tributrio. Malheiros. 2002. Pg. 209).

    (29) TRIBUTRIO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FRAUDE EXECUO FISCAL. Bemimvel alienado quando j iniciada a execuo, embora no procedida a citao. Art. 185 doCTN. A presuno de fraude prevista no art. 185 do CTN juris et de juris. Considera-se fraude execuo fiscal a alienao de imvel quando j tiver sido iniciada a execuo, ainda que no

    procedida a citao do executado. Recurso provido. (Recurso Especial 59.659-9-RS. STJ. 1a

    Turma. Relator Ministro Csar Asfor Rocha. Julgamento em 19/04/1995)EXECUTIVO FISCAL - FRAUDE DE EXECUO - CARACTERIZAO (CTN, art. 185 e LEF,

    art. 40) - Desnecessidade de citao. Para que se caracterize fraude execuo fiscal, basta aexistncia de pedido executivo, despachado pelo juiz (CTN, art. 185 e LEF, art. 40). (Recurso

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    Especial 33.993-9-SP. STJ. 1a Turma. Relator Ministro Humberto Gomes de Barros.Julgamento em 23/05/1994)