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Rio Grande, 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS Nº 27/ANP "ESTUDOS AMBIENTAIS EM ÁREAS DE ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO" DISTRIBUIÇÃO FACIOLÓGICA DA BACIA DE PELOTAS Acadêmica: Bárbara Elen Gois da Paixão Orientador: Gilberto Henrique Griep Colaborador: Prof. Dr. Lauro Júlio Calliari

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Rio Grande, 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA

LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA

PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS Nº 27/ANP

"ESTUDOS AMBIENTAIS EM ÁREAS DE ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA DO

PETRÓLEO"

DISTRIBUIÇÃO FACIOLÓGICA DA

BACIA DE PELOTAS

Acadêmica: Bárbara Elen Gois da Paixão

Orientador: Gilberto Henrique Griep

Colaborador: Prof. Dr. Lauro Júlio Calliari

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Rio Grande, 2012

BÁRBARA ELEN GOIS DA PAIXÃO

DISTRIBUIÇÃO FACIOLÓGICA DA

BACIA DE PELOTAS

Monografia de conclusão de curso

elaborada como requisito parcial para

obtenção do grau de Oceanógrafo pela

Universidade Federal do Rio Grande.

Orientador: Gilberto Henrique Griep

Colaborador: Dr. Lauro Júlio Calliari

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i

Aos meus pais pela coragem e força para

lutar, pelas vitórias diárias que tanto

admiro e me espelho todos os dias. Vocês

sempre foram minha motivação pra

buscar meu sonho e chegar até aqui.

Ao meu esposo Enzo L. Testa, pelo apoio

incondicional e pela presença em minha

vida.

"Pelo fascínio ao mar.”

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ii

Agradecimentos

Á Deus,

Pela força e fé para lutar todo dia em nome de uma realização, de um grande sonho: a

Oceanografia.

Aos amigos,

Fernanda Furtado, que acompanhou toda esta jornada desde o pré vestibular!! Por todas as

conversas via Skype quando no começo do curso, em momentos de dúvida, pelos momentos

engraçados e divertidos!!Pela grande amizade!.

Bruna Garcia, pela torcida ao longo destes cinco anos, pelos dias de estudo, pela companhia,

pela amizade que sempre pude contar. Pelos conselhos no começo de toda esta história.

Rodrigo Gil e André Dias por todo apoio e companhia durante o estágio no Rio de Janeiro.

Á equipe de trabalho,

Integrantes do PRH 27, em especial ao professor Lauro Calliari pelo auxílio e atenção

prestados no desenvolvimento deste trabalho.

Toda equipe da empresa Fugro Geosolutions Brasil, pela ótima recepção, amizade,

ensinamentos durante o período de estágio e pela grande oportunidade com o primeiro contato

com o mercado de trabalho.

Ao Programa de Recursos Humanos,

Juntamente á ANP, MCT pela concessão da bolsa para realização deste trabalho. Além do

enriquecimento profissional provido pelo programa.

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iii

Resumo

O reconhecimento da distribuição das fácies em uma bacia sedimentar marítima

permite o estabelecimento dos processos atuantes no momento da deposição dos sedimentos,

como a hidrodinâmica e identificação de ambientes sedimentares. Os eventos eustáticos que

marcaram o Período Quaternário governaram esses processos na margem continental

brasileira, facilmente identificados na análise de mapas faciológicos. No âmbito da indústria

de exploração de minérios, a identificação prévia da cobertura sedimentar faz parte das etapas

do licenciamento ambiental e do planejamento para a instalação de equipamentos no fundo

marinho. Atualmente, as informações existentes sobre a faciologia da Bacia de Pelotas

concentram-se na região da plataforma continental e são escassas em maiores profundidades.

Além disso, essas informações são antigas e a metodologia não permite o detalhamento da

composição e distribuição das fácies. Assim, esta pesquisa se propôs a obter um novo mapa

faciologico para a bacia, contemplado a plataforma continental, talude e o oceano profundo. O

mapa foi obtido através da interpolação de 1.694 amostras superficiais e permitiu o

reconhecimento de 11 fácies sedimentares, sendo elas: Areia, Silte, Argila, Cascalho,

Sedimento Cascalhoso, Lama, Lama Arenosa, Areia Siltosa, Silte Arenoso e Areia Argilosa.

A plataforma continental apresentou-se predominantemente arenosa, contendo sedimentos

finos oriundos do sistema de drenagem da Laguna dos Patos e Rio La Plata .Os grosseiros são

indicativos de estabilizações pretéritas do nível do mar. Na região de quebra, a presença da

Fácies Sedimento Cascalhoso aos 150 metros de profundidade condiz com o máximo da

regressão pleistocênica. A presença de sedimentos finos indicou ambientes de transição em

fase de transgressão holocênica. O talude é composto em sua maioria por sedimentos finos e a

presença da fácies Areia é indicativo de fluxos gravitacionais tipicos da região. Assim, a

distribuição e composição destas fácies foram influenciadas pelos sucessivos eventos de

regressão e transgressão marinha. Como consequência, a Bacia de Pelotas apresenta uma

cobertura sedimentar caracterizada por sedimentos relíquias e palimpsest. A Laguna dos

Patos e o Rio La Plata são os únicos sistemas de aporte de sedimentos modernos para região.

Em função do número restrito de amostragens em oceano profundo, este trabalho obteve a

faciologia da bacia até a cota batimétrica de 3.000 metros. Para estudos futuros, recomenda-se

maior detalhamento desta região, a fim de se reconhecer os processos sedimentares atuantes.

Palavras chaves: Bacia de Pelotas. Fácies Sedimentares. Mapa Faciológico. Quaternário.

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iv

Abstract

Realize the distribution of facies in a sedimentary basin allows to establish the process that

was acting in the moment of deposition, as hydrodynamic and depositional environment

identification for example. The changes in the sea level during the Quaternary were

responsible for these processes in the brazilian continental margin, and can be easily

identified in a faciology map. For the exploration industry, identify the sedimentary surface is

essential for the environmental license and to project the installation of submarine

equipments. Nowadays, all the information about the faciology of Pelotas Basin are

concentrated in the continental shelf and are insufficient for the deep ocean. Moreover, this

information is old and the methodology does not allow obtaining better details about the

distribution of the sediments. Therefore, this work proposed to make a new faciology map for

Pelotas Basin, in the continental shelf, continental slope and deep ocean. The map was

obtained through the interpolation of 1.694 superficial samples and provided 11 sedimentary

facies : Sand, Silt, Clay, Gravel, Gravelly Sediment, Mud, Sandy Mud, Silty Sand, Sandy Silt

and Clayey Sand. The continental shelf was submitted as sandy in its majority, with thin

sediments from the Patos Lagoon and La Plata River ,and gravelly sediments, that indicates

an old line of sea stabilization. In the continental shelf break, the gravelly sediments are in the

same depth of the maximum transgression in Pleistocene (150 meters). The thin sediments

indicate transitional environments in the Holocene. The slope is composed by muddy facies

and the sandy ones were probably deposited by gravity flows, which are typical in this region.

Thus, the faciology was influenced by the eustatic events of sea level in Quaternary, and as a

consequence, Pelotas Basin has a sedimentary surface of "relict" and "palimpsest" sediments.

The actual sedimentary contribution is small, the Patos Lagoon and La Plata River are the

only systems which provides modern terrigenous sediments for this area. Due to the limited

number of samples for the deep ocean, these work obtained the the faciology for the basin

only in the shelf and slope. For the future researches, the suggestion is to get a better detail of

this province, to support academy studies about the sedimentary process and identify areas

with mineral resources.

Key words: Pelotas Basin. Sedimentary Facies. Faciology Map. Quaternary.

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v

Lista de Figuras

Figura. 1 - Ilustração do processo de separação dos continentes americano e africano,

formação do Oceano Atlântico Sul e das bacias sedimentares da margem continental

brasileira........................................................................................................................... 7

Figura 2 -. Mapa de localização da área de estudo........................................................... 8

Figura 3 - Províncias fisiográficas de uma margem continental passiva....................... 10

Figura 4 - Mapa das províncias fisiográficas da Bacia de Pelotas................................ 11

Figura 5 - Configuração da margem continental do Rio Grande do Sul em fase de regressão

marinha........................................................................................................................... 15

Figura 6 - Massas de ar que atuam no Brasil no verão e inverno.................................. 16

Figura 7 - Giro Subtropical do Atlântico Sul................................................................ 17

Figura 8 - Mapa com dados amostrais utilizados neste trabalho.....................................19

Figura 9 Diagrama triangular de classificação dos sedimentos Shepard (1952) modificado por

Schele (1973).................................................................................................................. 20

Figura 10 Dados de saída fornecidos pela ferramenta para a classificação dos sedimentos

segundo Shepard (1952) modificado por Schele (1973)............................ ................... 21

Figura 11 - Mapa faciológico proposto por Martins et al (1972)................................... 25

Figura 12 - Mapa textural correspondente ao trecho Torres- Chuí, proposto por Correa

(1987)............................................................................................................................. 26

Figura 13 - Mapa do diâmetro médio dos sedimentos proposto por Figueiredo & Tessler

(2004).............................................................................................................................. 27

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Figura 14 - Mapa com os prováveis locais de deposição de sedimentos relíquias........ 30

Figura 15 - Mapa de distribuição textural abrangendo a plataforma continental entre Torres

(RS) e Chuí (RS), proposto por Corrêa (1982).............................................................. 32

Figura 16 Mapa litológico para a plataforma continental e talude superior entre Torres e Chuí

proposto por Correa (1985)............................................................................................ 35

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Lista de Tabelas

Tabela 1- Taxas de variação dos níveis relativos do mar, tempo necessário para as respostas,

amplitudes envolvidas e as causas das variações................................................ 12

Tabela 2 - Fácies encontradas de acordo com a província fisiográfica........................... .....34

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Sumário

1. Introdução....................................................................................................................1

1. 1 Antecedentes..................................................................................................2

1. 2 Justificativa....................................................................................................4

2. Objetivos..................................................................................................................... 6

3. 1 Objetivo Geral............................................................................................... 6

3. 2 Objetivos Específicos.................................................................................... 6

3. Área de Estudo: Bacia de Pelotas............................................................................. 7

3. 1 Contexto Geológico.......................................................................................7

3. 1. 1 Províncias Fisíograficas................................................................. 9

3. 2 Eventos Eustáticos no Quaternário.............................................................. 11

3. 2. 1 Modelo evolutivo e consequências na sedimentação................... 13

3. 3 Clima e Características Oceanográficas...................................................... 16

4. Materiais e Métodos................................................................................................. 18

4. 1 Banco de Dados........................................................................................... 18

4. 2 Produção do mapa faciológico da Bacia de Pelotas.................................... 18

4. 2. 1 Padronização dos dados............................................................... 19

4. 2. 2 Classificação dos sedimentos e distribuição das fáceis............... 19

4. 2. 3 Base Cartográfica......................................................................... 22

5. Resultados e Discussões.............................................................................................23

5. 1 Fácies da Plataforma Continental................................................................ 23

5. 1. 1 Fácies Areia, Areia Siltosa e Areia Argilosa............................... 24

5. 1. 2 Fácies Cascalho e Sedimento Cascalhoso................................... 28

5. 1. 3 Fácies Lama, Lama Arenosa Silte e Silte Arenoso......................29

5. 2 Fácies do Talude Continental......................................................................32

5. 2. 1 Fácies Lama, Silte, Silte Arenoso e Lama Arenosa.....................33

5. 2. 2 Areia e Areia Siltosa.....................................................................34

6. Conclusões.................................................................................................................36

7. Sugestões para trabalhos futuros............................................................................37

8. Bibliografia................................................................................................................38

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1

Introdução

O reconhecimento de fácies sedimentares marinha permite presumir uma combinação

de fatores que foram dominantes no momento de sua formação, tais como processos de

transporte, origem dos componentes e condições de sedimentação (Tinoco 1974). Neste

trabalho, o termo fácies se aplica a um deposito sedimentar superficial, no qual os sedimentos

apresentam a mesma granulometria, distinta dos demais em suas adjacências.

A cobertura sedimentar de uma bacia marítima está sujeita ao retrabalhamento por

eventos de eustasia e hidrodinâmica do local, respondendo a diversos eventos que são

responsáveis pelas mudanças em sua composição e distribuição. A forma, granulometria e a

disposição dos sedimentos, são resultantes da atuação de seu agente de transporte e estão

associados ao ambiente deposicional (Nichols 2009). Desta maneira, torna-se possível a

obtenção de uma descrição da dinâmica sedimentar pretérita ou atual em uma determinada

região de estudo, tendo como base a interpretação de sua faciologia.

Vários são os fatores que governam alterações na faciologia de uma bacia sedimentar

marítima. Processos sedimentares, suprimento sedimentar, clima, tectonismo, mudanças no

nível do mar, dentre outros, são responsáveis por essas mudanças, sendo a importância

relativa a cada um deles, característica do ambiente deposicional. Em ambiente marinho raso,

por exemplo, mudanças no nível do mar e fatores climáticos, exercem maior preponderância

em relação ao ambiente marinho profundo, no qual o tectonismo é o fator majoritário

(Reading 1979). Através das alterações climáticas, desenvolvem-se alterações no regime

energético de uma região, ocasionando eventos de erosão e deposição costeira que por

consequencia, altera a distribuição dos sedimentos ao longo do tempo geológico. Neste

âmbito, eventos eustáticos expuseram e submergiram grande parte das plataformas

continentais, ocasionando a formação de diversas fácies em função da exportação de

sedimentos de origem continental ao ambiente marinho.

A respeito da faciologia da margem continental do Rio Grande do Sul, a distribuição

sedimentar apresenta-se altamente influenciada pelos eventos transgressivos e regressivos que

ocorreram ao longo do Quaternário (Martins, Urien & Martins 2004). Neste período, o

retrabalhamento dos sedimentos, imposto pelas novas condições ambientais instaladas,

possibilitou o surgimento de diversos ambientes deposicionais, a fim de se atingir um novo

equilíbrio na dinâmica sedimentar. Os registros destes eventos podem ser constatados pela

ocorrência de sedimentos relíquia -que mantém suas características originais impostas pelo

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2

regime sedimentar no momento de sua deposição- e palimpsestos- aqueles originalmente

relíquias que sofrem retrabalhamento pela dinâmica atual- que estão presentes na região de

estudo do presente trabalho (Martins et al 1972).

A representação espacial e a distribuição das fácies de uma bacia sedimentar marítima

podem ser visualizadas através de um mapa faciológico, o qual representa uma ferramenta

utilizada em estudos de caracterização de ambientes deposicionais. O presente trabalho teve

como objetivo a obtenção do mapa faciológico da porção brasileira da Bacia de Pelotas, a fim

de relacionar a disposição e composição das fácies com os eventos isostáticos no Quaternário.

Além disso, subsidiar estudos para o setor de petróleo e gás natural em bacias sedimentares

marítimas e atualizar as atuais descrições existentes na bibliografia.

1. 1 Antecedentes

Estudos com o propósito de descrever a cobertura sedimentar da plataforma

continental brasileira iniciaram-se pouco antes da década de 70, com o apoio do Conselho

Nacional de Pesquisas e da Marinha do Brasil, através da Diretoria de Hidrografia e

Navegação, junto com pesquisadores de diversas universidades. Primordialmente, a proposta

na época era obter uma faciologia simplificada, em um modelo básico, e que pudesse

subsidiar estudos futuros.

Na porção brasileira da Bacia de Pelotas, no segmento correspondente à margem

continental Sul Rio Grandense, as primeiras pesquisas iniciaram-se com Zembruscky (1967

apud Martins et al 1972), em domínio de plataforma continental. O autor constatou a presença

de uma faciologia predominantemente arenosa até os 60 metros de profundidade e fácies

argilo- arenosas e síltico- argilosas nas cotas batimétricas de 60 a 325 metros desde o Cabo

São Tomé até Rio Grande. Em seguida, Martins, Urien & Buttler (1967 apud Martins et al

1972), estudando a plataforma sul brasileira e a plataforma uruguaiana, reconheceram três

principais províncias faciológicas em direção offshore : arenosa, transicional mista e lamítica.

Enquanto que, Martins et al 1972, através da análise sedimentológica de 106 amostras de

fundo, reconheceram seis fácies sedimentares que recobrem a margem continental sul

riograndense e as representaram em um mapa faciológico, sendo elas:

a) Fácies Arenosa: que compõem a maioria da extensão da plataforma continental

interna, sendo interrompida em alguns trechos pelos sedimentos finos oriundos da Lagoa dos

Patos;

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b) Fácies Platina: composta por sedimentos areno-lamíticos e lamas com ocorrência de

sedimento arenoso provenientes do Rio de La Plata, carreados por corrente de deriva

litorânea;

c) Fácies Patos: representa uma mistura entre sedimentos finos oriundos do deságüe da

Lagoa dos Patos e sedimentos arenosos da plataforma continental interna;

d) Fácies Biodetrítica: constituída de uma acumulação de carbonato de cálcio, areia

biodetrítica formada por conchas e/ou seus fragmentos e cascalho;

e)Fácies Transicional: formada por uma mistura de areia e sedimentos finos

transicionais, entre a fácies areia e a fácies talude;

f) Fácies Talude: composta por sedimentos lamíticos, silte- argilosos e argilo-sílticos.

Posteriormente, Martins, Villwock & Martins 1972, realizaram uma descrição

preliminar da distribuição faciológica da plataforma brasileira, dividindo-a em regiões, a fim

de facilitar sua caracterização. Segundo os autores, a plataforma sul é identificada pela

ausência de fácies biogênicas e desenvolvimento do aporte terrígeno, além da presença de

sedimentos finos na plataforma externa e sedimentos arenosos na plataforma interna.

Entretanto, a primeira descrição da faciologia de parte da área deste estudo, através de

um atlas, foi publicada por Martins & Urien (1977) e Martins & Corrêa (1996). Os primeiros

autores descreveram a região de plataforma continental do Estado do Rio Grande do Sul, e os

segundos, a morfologia e a cobertura sedimentar correspondente à região de plataforma

continental desde Cabo frio, Rio de Janeiro, até a Península Valdez, na Argentina. Porém,

estas produções foram realizadas com um número limitado de amostragens, além de um baixo

detalhamento das fácies.

Mais recentemente, Figueiredo & Tessler (2004), descreveram a topografia e a

composição do substrato marinho da região Sudeste-Sul do Brasil para efeitos de pesca de

fundo, dentro do programa Revizee Score-Sul. Tal descrição inclui as plataformas do Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com amostragens concentradas na região da plataforma

continental e pouco concentradas na região de talude/oceano profundo, a qual foi descrita

quanto à composição e granulometria do sedimento.

Demais trabalhos realizados com o intuito de descrever a cobertura sedimentar

superficial da área de estudo em região de plataforma continental foram realizados por Corrêa

(1984), Corrêa (1987), Correa (1982), Francisconi (1984), Martins, Urien &Martins (1974),

Martins & Urien (1977), Martins et al (1985), Martins, Martins & Urien (2003), Martins,

Martins & Urien (1978), Martins, Villwock & Martins (1972), Martins, Urien & Butller

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(1972) e Urien & Martins (1974). Em região de talude, as pesquisas para a Bacia de Pelotas

foram realizadas até então por Correa (1984 e 1987).

Sendo assim, é possível constatar que a maioria dos estudos realizados estão

concentrados em região de plataforma continental, e que há uma carência de uma

representação mais detalhada das regiões de talude/oceano profundo, províncias fisiográficas

representadas neste trabalho. Além disso, o número de amostras e a metodologia utilizada

pelos autores citados não permite grande refinamento quanto á composição e disposição das

fácies na bacia, sendo as mesmas apresentadas de maneira genérica e simplificada.

1. 2 Justificativa

A obtenção de mapas faciológicos mais detalhados e com dados recentes, têm sido

cada vez mais importante. A distribuição das fácies sedimentares superficiais em uma bacia

marítima é requisitada em estudos ambientais como EIA/RIMA, estudos estes que são suporte

ao setor de petróleo e gás (a fim de se conhecer a estabilidade do fundo) e outros recursos

minerais.

A energia de uma bacia sedimentar pode ser inferida, apoiada a outros estudos, através

da granulometria dos sedimentos, uma vez que a hidrodinâmica atua na distribuição da fração

fina e grosseira dos grãos (Tinoco 1972). Para a indústria de minérios, incluindo-se petróleo e

gás, o conhecimento detalhado da região na qual se deseja a produção ou exploração de

recursos energéticos, é indispensável, fazendo-se necessária nas fases de planejamento e

instalação das estruturas submarinas. Além disso, em estudos preliminares, a fim de se

verificar o potencial de exploração, a faciologia condiz com o histórico evolutivo de uma

bacia sedimentar, indicando processos e eventos determinantes na formação de recursos.

Em alguns casos, grandes depósitos de exploração de areia para a construção civil

além de minerais pesados com valor econômico, podem ser identificados em mapas

faciológicos, sendo complementados com a pesquisa sísmica e amostragem geológica.

Segundo Silva 2000, a formação de pláceres marinhos (acumulações de minerais pesados),

estão associados aos eventos de eustasia que ocorreram ao longo do Quaternário e aos

processos de transporte, erosão e deposição dos sedimentos, fenômenos que podem ser

identificados a partir da análise da distribuição superficial dos sedimentos.

Em termos acadêmicos, mapas de distribuição dos sedimentos superficiais subsidiam

estudos complementares a respeito da geologia das bacias marítimas. Estudos

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paleogeológicos, estratigráficos e litológicos são apoiados por este tipo de pesquisa, o que

contribui para um conhecimento mais abrangente e detalhado da zona marítima exclusiva

brasileira.

Além de sua utilização em estudos ambientais e nas atividades do setor de exploração

de minérios, um mapa faciológico representa uma ferramenta complementar para a

identificação de áreas sensíveis a possíveis impactos aos organismos bentônicos. Estes

organismos podem habitar a cobertura superficial das bacias marinhas ou a parte interna das

camadas sedimentares (Garrison 2010), sendo diretamente afetados por qualquer perturbação

ocasionada no fundo marinho. A composição, abundância, riqueza e diversidade de suas

espécies estão diretamente relacionadas com a heterogeneidade do substrato. Capitoli &

Bemvenutti (2006), analisando a distribuição de macroinvertebrados bentônicos na região de

plataforma externa e talude, entre os municípios de Mostardas e Chuí, constataram uma

correlação entre a faciologia e associações de organismos bentônicos. Assim é possível a

elaboração de estratégias e medidas mitigatórias (ou compensatórias) para atividades de

exploração mineral, uma vez que a distribuição das fácies fornece indícios dos locais mais

vulneráveis aos impactos a serem sofridos por estes organismos, auxiliando nos estudos de

licenciamento ambiental.

Estudos geofísicos também são subsidiados e correlacionados aos mapas de faciologia

do fundo. O sinal de retorno ao longo da propagação do som na coluna d’água, gerado por

equipamentos de aquisição sísmica (rasa ou profunda), permite a classificação dos

sedimentos, em função das diferentes características do sinal de retorno. Para a navegação, ao

longo da aquisição de dados sísmicos, a cobertura sedimentar da bacia pode ser

imediatamente relacionada com esta informação, auxiliando o reconhecimento de feições e

depósitos sedimentares, além conferir segurança às manobras.

Portanto, a proposta deste trabalho contribui não somente com os estudos ambientais

oferecidos ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA)- órgão ao

qual compete o licenciamento das atividades offshore- como também permitirá a visualização

e o detalhamento da cobertura sedimentar superficial da Bacia de Pelotas, servindo como base

á estudos futuros.

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2. Objetivos

2. 1 Objetivo Geral

Obter uma representação espacial das fácies sedimentares superficiais da porção

brasileira da Bacia de Pelotas, através de um mapa faciológico, nos domínios de plataforma

continental, talude e oceano profundo.

2. 2 Objetivos Específicos

Determinar as diferenças entre a distribuição faciológica obtida e aquela

existente na literatura;

Discutir a distribuição das fácies em função dos eventos eustáticos no

Quaternário;

Propor um novo mapa faciologico para a Bacia de Pelotas.

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3. Área de estudo: Bacia de Pelotas

3. 1 Contexto Geológico

As bacias sedimentares marítimas brasileiras tiveram origem com o rompimento da

massa continental Gondwana, com conseqüente separação dos continentes sul-americano e

africano e formação do Oceano Atlântico Sul, processos estes iniciados no Mesozóico (Figura

1). A ruptura foi caracterizada por riftes que evoluíram até originarem as bacias sedimentares

da margem equatorial e da margem passiva (bacias transformantes e divergentes). Mackezie

(1978 apud Mohriak 2003) propôs um modelo evolutivo para a formação das bacias da

margem continental e do Oceano Atlântico, seguindo as seguintes fases: estiramento e

afinamento da crosta e litosfera na fase rifte, e em seguida, uma fase de subsidência termal.

Figura 1- Ilustração do processo de separação dos continentes americano e africano, formação do

Oceano Atlântico Sul e das bacias sedimentares da margem continental brasileira (Mohriak 2003).

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8

A Bacia de Pelotas é a área de estudo deste trabalho, e está localizada na da margem

continental leste brasileira. Em relação à localização, seu limite norte ocorre com a Bacia de

Santos, através do Alto de Florianópolis e ao Sul com o Uruguai, através do Alto do Polônio.

A bacia possui área de aproximadamente 25000 km2 até a cota batimétrica de 3.000m de

profundidade (Figura 2) (Mohriak 2003; Bueno et al 2007; Dias et al 1994).

Figura 2- Mapa de localização da área de estudo

Segundo Asmus & Porto (1972), seu preenchimento é composto por sedimentos

clásticos e transicionais. A porção rasa da bacia possui 3.000m de pacote sedimentar e

Barbosa, Rosa & Ayup-Zouain, (2008) reconheceram três depocentros na região de oceano

profundo com espessuras de 6.000, 7.000 e 8.000 metros, na direção norte-sul. Mas

atualmente já é sabido que ocorre um pacote sedimentar de mais de 10.000m de espessura na

bacia. Sua formação pode ser segmentada em três fases de evolução tectônica (Mohriak

2003), descritas a seguir.

Megassequencia Pré-Rifte: com sedimentos vulcânicos do Paleozóico e

Mesozóico da Bacia do Paraná. Segundo Bueno et al 2007, esta bacia atua não somente

como embasamento para Bacia de Pelotas, mas também como fonte de sedimentos

clásticos;

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Megassequencia Sinrifte: composta por comglomerados com fragmentos de

basalto, constituindo a Formação Cassino, assentada sobre rochas vulcânicas da Formação

Imbituba.

Megassequencia transicional: a qual inclui evaporitos da Formação Ariri,

presente apenas na plataforma de Florianópolis.

3. 1. 1 Províncias Fisiográficas

Assim como nas margens continentais do Atlântico, as províncias fisiográficas

inseridas na margem continental brasileira são as seguintes: Plataforma continental, Talude e

Sopé Continental (ou Elevação Continental) (Figura 4). A margem continental sul do Brasil,

na qual a área de trabalho desta pesquisa está inserida (Figura 5), apresenta morfologia regular

e homogênea, sendo classificada como margem passiva, na qual a sedimentação é o fator

principal que condiciona o relevo (Zembruscky et al 1972). Neste contexto, segundo Martins,

Urien & Butler 1972, a plataforma continental da área de estudo apresenta relevo suave e

largura de 130-160 km, com a presença de sand waves, além de canais associados com

ambientes fluviais antigos, alguns conectados com canyons submarinos e a região de quebra

situa-se aos 160 metros de profundidade. Os mesmos autores classificam a plataforma do Rio

Grande do Sul como receptoras de pequenas contribuições de sedimentos terrrígenos, sendo

recoberta por sedimentos depositados em ambiente pretérito, estando em desequilibro com as

condições atuas, sendo, portanto relíquias, além daqueles que estão sendo retrabalhados pela

dinâmica atual (palimpsest). Especificamente no trecho de Florianópolis (SC) até o município

de Mostardas (RS), a região de plataforma continental apresenta-se estreita e homogênea. De

Mostardas em direção sul, até o Chuí, a mesma torna-se mais ampla e caracterizada por

paleocanais , além de bancos arenosos.

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Figura 3- Províncias fisiográficas de uma margem continental passiva. Adaptado de Press et al (2006).

O talude continental é uma feição de acentuado declive (1: 40) que se inclina em

direção ao oceano profundo, em profundidades de até 3.000 metros. Na base do talude, pode

ser encontrada uma feição tipicamente deposicional, o Sopé ou Elevação Continental,

localizada entre 3.000 e 5.000 metros de profundidade. Sua característica é a presença de

sedimentos terrígenos carreados por processos gravitacionais. Na área de estudo, o talude se

estreita entre o Alto de Torres e o Cone do Rio Grande, com largura de 40 km, com presença

de canyons em toda sua extensão. O Sopé Continental apresenta-se entre 2.700 e 3.500 metros

de profundidade e na altura da cidade de Porto Alegre esta feição possui entre 300 e 400 km

de largura (Tessler & Mahiques 2000; Zembruscky et al 1972).

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Figura 4- Mapa das províncias fisiográficas da Bacia de Pelotas modificado por Urien &

Martins (1978 apud Barbosa, Rosa & Ayup-Zouain 2008).

3. 2 Eventos Eustáticos no Quaternário

O período Quaternário está inserido na Era Cenozóica e é dividido em duas Épocas:

Pleistoceno e Holoceno. O Pleistoceno pode ainda ser segmentado nas Idades Superior,

Médio e Inferior e teve uma duração correspondente a 180 vezes a do Holoceno, que tem

duração aproximada de 10.000 anos. Os eventos mais marcantes deste período são os

sucessivos eventos de glaciação e de mudanças no nível relativo do mar. Tais alterações

(Tabela 1) podem ocorrer em função da alteração do volume das bacias oceânicas, tectonismo

(isostasia) ou por alterações climáticas, que resultam em variações reais do nível marinho

(eustasia).

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Tipos Δ N.M.por ano Tempo para resposta Amplitude Causas

a ˂ 0,1 mm 103 a 107 anos 200m Tectônica de placas

(Taxas variáveis)

b 0,1 a 1mm 102 a 105 anos 100m Glaucioeustasia

(Acresção ou fusão de geleira)

c ˂ 1 103 a 10

4 anos 5m Hidroisostasia

(Sobrecarga de água de degelo)

d ˂ 0,2mm 500 a 5.000 anos 2m Efeiro "estérico"

(Contração e expansão térmicas)

e ˃ 1mm 1 a 100 anos 50 cm Efeitos climáticos e oceânico

(Pressão, efeito de Coriolis etc.)

Tabela 1- Taxas de variação dos níveis relativos do mar, tempo necessário para as respostas,

amplitudes envolvidas e as causas das variações (Suguio 2010).

Segundo Suguio et al (1985), as mudanças no nível dos continentes (eventos

isostáticos) podem ser ocasionadas pelos seguintes fatores:

Movimentos Tectônicos, em função de abalos sísmicos, acarretando

movimentos horizontais ou verticais na crosta terrestre, de longa ou curta duração;

Variações de carga em função da formação ou desaparecimento das calotas

glaciais, erosão dos continentes e acumulação de depósitos em bacias sedimentares, e

transgressões e regressões sobre as plataformas continentais;

Deformação do geóide continental, o qual representa a referência atual.

O mesmo autor atribui às alterações do nível do mar a modificações do volume total

das bacias oceânicas decorrentes do tectonismo (tectono-eustasia), ás variações do volume das

águas dos oceanos devido á glaciações e deglaciações e ás deformações da superfície dos

oceanos. Vieira 1981 e Suguio et al 1985 descrevem as evidências destas mudanças :

Evidências geológicas: existência de antigas linhas de costa submersas,

caracterizadas pela presença de sedimentos marinhos grosseiros dispostos de forma linear,

formados em ambiente praial pretérito, além de afloramento de depósitos característicos de

ambiente marinho em continente, a exemplo dos beach rocks na costa nordeste do Brasil ;

Evidências biológicas: presença de incrustações de organismos marinhos como

vermitídeos, conchas e ouriços do mar em locais acima do qual os mesmos habitam

atualmente;

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Evidências pré-históricas: existência dos sambaquis- depósitos feitos pelo

homem, constituídos materiais orgânicos- em atuais planícies costeiras (Martin et al 1984

apud Suguio et al 1985).

3. 2. 2 Modelo evolutivo e consequências na sedimentação

Os efeitos das alterações no nível do mar no contexto geológico das bacias

sedimentares marítimas podem ser constatados através da mudança nos padrões sedimentares,

bem como no surgimento de novos ambientes deposicionais.

Segundo Suguio (2010), os eventos de subida e descida no nível do mar ocorreram em

velocidades altas, em termos geológicos, ao longo de 10.000 anos houve uma subida de mais

de 100 metros, o que corresponde a uma taxa de mais de 1 cm /ano. Assim, o regime

sedimentar foi modificado e houve a deposição de sedimentos marinhos em fase de

transgressão marinha, a fim de se atingir um novo equilíbrio.

Nos novos ambientes que surgiram, as fácies sedimentares foram caracterizadas em

função da velocidade de ascensão do nível do mar e de soterramento pelos sedimentos.

Ikeda (1964 apud Suguio 2010), denomina Vnm a velocidade de subida do nível do mar e Vs

a velocidade de sedimentação e reconhece três eventos:

a) Vnm maior que Vs: transgressão marinha;

b) Vnm aproximadamente igual a Vs: estabilidade;

c) Vnm menor que Vs: regresão marinha.

Em (a), serão desenvolvidos vales afogados e a sedimentação marinha estará atuante.

Em (b), ocorrerá a deposição de sedimentos praiais e deltaicos na linha de costa e o último

evento (c) é caracterizado pela sedimentação fluvial em direção ao mar. Desta maneira, as

mudanças no nivel do mar no Quaternário foram os principais fatores que condicionaram a

evolução da plataforma continental brasileira (Mahiques et al 2010).

Na área correspondente ao trecho entre o município de Torres e Chuí (parte

integrante da aérea de estudo deste trabalho), ocorrem evidências dos eventos descritos

acima. Foram reconhecidas escarpas com vertentes acentuadas, que indicam antigas linhas

do nível do mar (Suguio 2010). Assim, Corrêa (1984), propôs um modelo evolutivo no

período Quaternário Superior, dividido nas seguintes etapas:

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Máximo Glacial (Mais de 16.000 anos atrás): Neste período, o nível relativo do

mar estava 130 metros abaixo do atual e a maioria das plataformas continentais estavam

emersas e submetidas á intensa erosão. Nesta província fisiográfica, os rios corriam

tranportando sedimentos e depositando-os na borda da plataforma, que se encontrava

submersa (Figura 6). Durante a fase Wisconsiniana foram depositados sedimentos

progradantes e na parte sul da área de estudo, sedimentos fluviais. O autor constatou essas

deposições através da análise de testemunhos em plataforma e talude. Assim, a linha de costa

que representa a estabilização desta fase é composta por areia fina intercalada com areia

média, de suprimento terrígeno (Correa 1990, apud Suguio 1999).

Transgressão Holocênica (15.000 á 6.000 anos atrás): Período no qual houve

ascensão do nível do mar, com conseqüente migração da linha de costa. Houveram duas

estabilizações, nas isóbatas de 110 e 60 metros, nas quais ocorreu a deposição de sedimentos

finos. Nesta época, houve a formação dos depósitos praiais através do retrabalhamento dos

depósitos pleistocênicos. Além disso, os sedimentos finos oriundos do aporte fluvial

depositavam-se em áreas mais profundas.

Final da Transgressão Holocênica (6.000 anos atrás até o presente): Nesta fase,

houve a continuação da deposição das areias transgressivas e sedimentos finos de plataforma.

A estabilização do nível do mar permitiu a formação de feixes de restinga inicialmente

conectados a banco submarinos. Tais feições migraram até a planície costeira atual e os

estágios de regressão ficaram expostos aos processos erosivos, fornecendo sedimentos para a

formação da barreira múltipla da Laguna dos Patos (Figura 7). Assim, encerrou-se o

suprimento de sedimentos finos para a plataforma, uma vez que o aporte fluvial era retido no

corpo lagunar.

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Figura 5 - Configuração da margem continental do Rio Grande do Sul em fase de regressão

marinha (Martins et al 2005).

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3. 3 Clima e Características Oceanográficas

A região sul do Brasil, na qual a área de estudo desta pesquisa está inserida, apresenta

clima subtropical úmido, com chuvas bem distribuídas e estações bem marcadas. A região

está sujeita á atuação da Massa tropical Atlântica no verão, e influência da Massa Polar

Atlântica no período de inverrno (Figura 8).

Figura 6- Massas de ar que atuam no Brasil no Verão e Inverno. mTa: Massa Tropical

Atlântica; mPa: Massa Polar Continental. Disponível em: Geoblogueiro

O Oceano Atlântico Sul está submetido ao regime do Giro Subtropical do Atlântico

Sul (Figura 9), o qual controla o clima e caracteriza a circulação oceanográfica da região

(Seeliger & Odebrecht 1998). Este giro é limitado ao norte pela Corrente Sul Equatorial

(CSE) e ao sul pela corrente do Atlântico Sul (CAS).

A respeito da hidrodinâmica superficial, tratando-se do modelo de circulação global,

ao se aproximar da costa brasileira a CSE bifurca-se, formando duas correntes: Corrente

Norte do Brasil (CNB), que flui em direção norte e a Corrente do Brasil (CB) que flui em

direção sul até a região de encontro com a Corrente das Malvinas (CM). A CB percorre toda

costa brasileira entre 200 e 800 metros de profundidade e por volta dos 30° S e 40° S, esta

corrente encontra a CM, caracterizando a Confluência Brasil Malvinas (CBM) (Cataldi et al

2010) e formando a Água Central do Altântico Sul (ACAS).

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No âmbito da circulação de fundo para a Bacia de Pelotas, ocorre a Água

Intermediária Atlântica (abaixo da ACAS) e a Água Profunda do Atlântico Norte (APAN),

formada no hemisfério norte, como sugere seu nome, e ainda a Água Antartica de Fundo

(AAF), que têm sua formação no continente Antártico.

Figura 7- Giro Subtropical do Atlântico Sul. Peterson & Stramma (1991).

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4. Materiais e Métodos

4. 1 Banco de Dados

O banco de dados deste trabalho consistiu de 1695 amostras de sedimento coletadas na

Bacia de Pelotas entre os anos de 1967 e 2009, através de cruzeiros oceanográficos realizados

por universidades federais, estaduais, pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) e

pelo projeto de Reconhecimento Global da Plataforma Continental Brasileira (REMAC). Os

dados foram obtidos através do banco de dados do Laboratório de Oceanografia Geológica da

FURG e do Banco de Dados Ambientais para a Indústria do Petróleo (BAMPETRO). As

amostras estavam descritas em tabelas no Excel, com informações a respeito da localização

geográfica (coordenadas e datum de aquisição dos dados) e a porcentagem de areia, cascalho,

silte e argila por amostra, obtida através de análise granulométrica em laboratório pelas

entidades citadas. Nesta pesquisa, foram utilizadas amostras representativas da cobertura

sedimentar superficial da bacia, ou seja, os 20 primeiros centímetros da coluna sedimentar em

uma área na qual representa um levantamento de todos os dados disponíveis para a obtenção

do mapa faciológico da bacia. Sendo assim, o mapa contemplou a porção brasileira da Bacia

de Pelotas, nas regiões da plataforma continental e talude, até a cota batimétrica de 3.000

metros de profundidade (Figura 10).

4. 2 Produção do mapa faciológico da Bacia de Pelotas

4.2.1 Padronização dos dados

Na primeira etapa da produção do mapa faciológico da bacia, foi realizada uma

padronização do banco de dados existentes no que diz respeito ao formato numérico de seus

descritores, além da filtragem de dados com informações idênticas sobre um mesmo local.

Esta etapa se fez necessária para a inserção dos dados no software Arcgis 9.3 ® da Esri,

dentro da plataforma Arcmap, no qual o mapa foi gerado. Das amostras que se apresentavam

com as mesmas informações geográficas (latitude e longitude) e porcentagens de silte areia e

argila, permaneceu apenas uma delas.

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Figura 08- Mapa de localização dos dados amostrais utilizados neste trabalho.

4. 2. 2 Classificação dos sedimentos e distribuição das fácies

Os dados disponibilizados para este trabalho já continham uma classificação

granulométrica para cada amostra. A metodologia seguida assumiu uma nova classificação, a

fim de eliminar possíveis erros na distribuição das fácies encontradas, uma vez que os dados

partiram de fontes diferentes e não se tem registro da metodologia utilizada na determinação

granulométrica das amostras. Assim, após a padronização dos dados, seguiu-se a fase de

classificação do sedimentos superficiais da bacia e obtenção da sua distribuição espacial.

A classificação granulométrica foi obtida através da ferramenta USGS Sediment Tool,

que proporciona a classificação de sedimentos do fundo oceânico. Seu funcionamento requer

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a utilização de uma layer de pontos, contendo as porcentagens de areia, cascalho, silte e argila

por amostra ou quatro imagens tipo raster que representem a porcentagem de cada fração

granulométrica na bacia em estudo (O'Malley 2007). A ferramenta obtem, apartir destas

informações, a classificação dos sedimentos segundo Folk (1954, 1974 apud O'Malley 2007)

ou Shepard (1954), modificado por Schlee (1973) e através de métodos de interpolação, a

distribuição espacial dos sedimentos.Os dados de saída da ferramenta, ao final da

classificação, são apresentados na Figura 12.

Para o mapa faciológico produzido neste trabalho, os sedimentos superficiais da Bacia

de Pelotas foram classificados de acordo com Shepard (1954) modificado por Schlee (1973)

(Figura 11), seguindo a metodologia descrita em O'Malley (2007), assim como para a

obtenção da distribuição espacial das fácies, com o método de interpolação Natural Neighbor.

Figura 9 - Diagrama triangular de classificação dos sedimentos Shepard (1952) modificado por Schele

(1973). Adaptado de O'Malley (2007).

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Figura 10 - Dados de saída fornecidos pela ferramenta para a classificação dos sedimentos segundo

Shepard (1952) modificado por Schele (1973). Fonte: O'Malley (2007).

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4. 2. 3 Base Cartográfica

No desenvolvimento do mapa faciológico, foi utilizado o Datum WGS 84 e sistema de

coordenada geográfica em graus decimais (latitude e longitude) em toda sua base cartográfica.

O arquivo em formato shapefile que corresponde ao limite da Bacia de Pelotas foi

obtido junto do Banco de Dados de Exploração e Produção da Agência Nacional do Petróleo

(BDEP/ANP). O mapa político do Brasil, bem como a batimetria foram adquiridos junto a

FEPAM- RS e ao Laboratório de Oceanografia Geológica da FURG respectivamente.

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5. Resultados e Discussão

Na distribuição da faciologia da Bacia de Pelotas (Apêndice A) os sedimentos foram

classificados de acordo com o diagrama de Shepard (1954) modificado por Schlee (1973)

(Figura 11) o qual fornece uma classificação descritiva dos sedimentos permitindo uma

análise da composição faciológica do local, além de correlações com seu histórico evolutivo.

Nesta classificação são utilizadas frações areia, silte, argila e cascalho para a determinação do

sedimento. Assim, foi possível identificar 11 fácies na bacia, sendo elas: Areia, Areia Siltosa,

Areia Argilosa, Cascalho, Sedimento Cascalhoso, Silte, Silte Arenoso, Argila, Argila

Arenosa, Lama e Lama Arenosa.

Em função da carência de dados disponíveis para a caracterização da faciologia da

bacia como um todo, este trabalho descreveu a cobertura sedimentar da área de estudo em

ambiente de plataforma continental, talude e parte da elevação continental. Além disso, a

ausência de informações necessárias para a aplicação da metodologia (datum de aquisição dos

dados ou porcentagem de areia, silte e argila por amostra) ocasionou o descarte de dados

existentes em parte margem continental de Santa Catarina, em especial na plataforma

continental, área integrante da Bacia de Pelotas.

As fácies encontradas no mapa faciologico da bacia encontram-se distribuídas de

acordo com os eventos isostáticos que ocorreram ao longo do quaternário. Neste trabalho,

uma discussão é abordada a seguir sobre as fácies encontradas e suas origens de acordo com a

província fisiográfica na bacia e esta relação pode ser visualizada na Tabela 2.

5.1 Fácies da Plataforma Continental

Os regimes sedimentares da plataforma continental Atlântica da America do Sul

apresentam- se bastantes variados e são produto das oscilações do nível do mar. A plataforma

externa do Rio Grande do Sul e também de Buenos Aires, são classificadas por Martins,

Urien & Butler (1972) como receptoras de pequena contribuição atual de sedimentos, além de

constarem daqueles oriundos de um ambiente anterior que estão sendo trabalhados pela

hidrodinâmica atual. As fácies encontradas neste estudo que abrangem esta província estão

descritas a seguir.

No setor Norte da bacia, constatou-se a ocorrência de sedimentos finos, de

granulometria silte e argila, com a ocorrência de areia, representados pelas fácies Areia

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Siltosa, Areia Argilosa, Lama Arenosa e Silte Arenoso. Ao sul, na fácies Areia ocorre a

presença de sedimentos finos na desembocadura da Lagoa do Patos, além de núcleos de

Sedimento Cascalhoso e presença pontual da Fácie Cascalho. Em toda a extensão da bacia,

entretanto, nas profundidades de 75 e 100 metros, a fácie Lama apresenta-se dominante, desde

o setor norte. Porém, ao extremo sul, nestas cotas, ocorre a presença da fração areia

representadas pelas fácies Areia Siltosa, Areia e Sedimento Cascalhoso.

5.1.1 Fácies Areia, Areia Siltosa e Areia Argilosa

Em conformidade com diversos estudos realizados na Bacia de Pelotas, entre eles

aqueles obtidos por Urien & Martins (1974), Martins et al (1972), Martins, Urien & Butler

(1972), Martins, Martins & Urien (2003) e Francisconi et al (1974),o mapa faciológico

obtido nesta pesquisa caracteriza a região de plataforma continental interna como

predominantemente arenosa. Porém diferentemente da faciologia descrita por Martins et al

(1972) (Figura 13), Martins & Correa (1996) e Corrêa (1987) (Figura 14), a fácie Areia não

apresenta-se de forma homogênea em toda plataforma interna. Há ocorrência de sedimentos

finos como silte e argila no setor norte, além da ocorrência de sedimentos cascalhosos na

altura da Lagoa Mangueira. Neste trabalho, foi possível perceber que a fácie ocorre como uma

faixa estreita deste o estado de Santa Catarina e torna-se mais larga em direção ao sul,

ocorrendo também na quebra da plataforma ao norte e ao sul da bacia, na cota batimétrica de

200 metros. Esta distribuição também pode ser identificada na pesquisa obtida por Figueiredo

& Tessler (2004) (Figura15).

A origem da fácie Areia está associada aos eventos sucessivos de subida e descida do

nível do mar. Durante o período de regressão marinha pleistocênica , no qual a plataforma

encontrava-se exposta, houve o desenvolvimento vários ambientes como deltas, rios,

estuários, marismas e linhas de praia nesta região. Com a transgressão holocênica, todo o

sedimento que havia na planície pleistocênica foi remobilizado e redistribuído, originando

uma plataforma continental com cobertura sedimentar relíquia (Figura 11 e 16). Estes

sedimentos são caracterizados por serem oriundos de ambientes deposicionais diferentes dos

quais se encontram atualmente, ou seja, encontram-se em desequilíbrio com as condições

hidrodinâmicas e sedimentológicas atuantes (Martins, Martins & Urien 1978). Assim, a fácies

areia é relíquia e esse sedimento somente é remobilizado em menores profundidades pela

hidrodinâmica da bacia, ajustando- se ás novas condições, formando o prisma arenoso

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moderno (Martins, Martins & Urien 2003; Urien & Martins 1974; Martins, Urien & Butler

1972).

Figura 11- Mapa faciológico proposto por Martins et al 1972.

As fácies Areia Siltosa e Areia Argilosa foram encontradas nesta pesquisa nos setores

externo e interno da plataforma continental, entre as cotas batimétricas de 25 e 150 metros,

estando associadas á ambientes deposicionais de transição, lagunares, deltaicos e estuarinos.

A regressão pleistocênica permitiu que sedimentos finos e areias carreados por meio destes

ambientes, fossem depositados na atual plataforma continental (Martins, Urien & Martins

2005). A cota batimétrica de 150 metros apresentou a ocorrência destas fácies em uma

disposição quase linear, em meio á sedimentos mais grosseiros (Fácies Sedimento Cascalhoso

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e Areia) e lamosos (Fácies Lama e Lama Arenosa) deste o norte até a porção sul da bacia.

Segundo (Martins et al 1978, apud Martins et al 1985), esta cota marca a regressão máxima

do nível marinho no Quaternário. Tal afirmativa explica a presença de sedimentos arenosos

encontrados nesta região, na qual os mesmos não chegariam atualmente pelo transporte atual

realizado pelas correntes. Assim, sua disposição é indício das fases transicionais regressivas e

transgressivas marinhas, nas quais as fácies Areia Siltosa e Argilosa foram depositadas.

Figura 12- Mapa textural correspondente ao trecho Torres- Chuí, proposto por Correa (1987).

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Figura 13 - Mapa do diâmetro médio dos sedimentos proposto por Figueiredo & Tessler

(2004).

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28

5.1.2 Fácie Cascalho e Sedimento Cascalhoso

A fácie Cascalho se restringiu á uma ocorrência pontual, ao sul da bacia em

profundidades menores que 25 metros, em maior quantidade e entre 25 e 50 metros. A fácie

Sedimento Cascalhoso encontra-se ao redor da fácie Cascalho, formando núcleos na

plataforma interna sul e norte, na qual ocorreu também na forma de manchas. Foi constatada

também a presença desta fácie de forma linear e paralela a costa, tanto no setor interno,

quanto no externo. Na cota batimétrica de 150 metros, a mesma é interrompida por

sedimentos finos em direção sul, sendo notável novamente na altura da Lagoa Mangueira,

estando de acordo com os estudos obtidos por Martins, Martins &Urien (2003) e Martins et al

(2005). Porém em estudos mais antigos, como em Martins& Corrêa (1996) e Corrêa et al

(1977),esta fácie não foi encontrada na região em questão.

Neste trabalho, a presença de sedimento cascalhoso e cascalho associado á facie Areia

é reconhecido por Martins, Martins & Urien (2003), que estudando parte da plataforma rio

grandense, uruguaia e argentina, afirmam a existência destes de sedimentos mais grosseiros e

com conteúdo biogênico (fragmentos de conchas ou conchas inteiras). Martins et al (2005)

constataram a ocorrência de areia bioclástica e cascalho na plataforma interna do Rio Grande

do Sul, Uruguai e Buenos Aires, tendo origem em areias e bioclasticos retrabalhados através

de antigas linhas de praia, sendo portanto sedimentos palimpsésticos, (relíquias trabalhados

pela hidrodinâmica atual).Tal afirmativa condiz com a disposição praticamente linear da

fácies Sedimento Cascalhoso nas regiões rasas da costa ao sul da bacia, até a cota de 50

metros, encontradas nesta pesquisa. Além disso, os autores também descrevem a ocorrência

de areia com conteúdo bioclástico, atribuindo sua origem ao retrabalhamento recente em

águas rasas costeiras. Segundo Corrêa (1987), estes sedimentos são altamente fragmentados e

arredondados, e sua formação está associada aos eventos de estabilização do nível do mar.

Desta maneira, é possível afirmar que a presença da fácies Sedimento Cascalhoso na

região de quebra da plataforma, obtida neste novo mapa para a Bacia de Pelotas, indica uma

antiga linha de praia, corroborando com a afirmativa de Martins et al (1978), apud Martins et

al (1985). Na plataforma interna e média, a fácies representa antigas linhas de estabilização do

nível do mar, nas proximidades da isóbata de 50 metros, coincidindo com estudo realizado

por Marins, Martins & Urien (2003).

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5.1.3 Fácies Lama, Lama Arenosa Silte e Silte Arenoso

A fim de facilitar a visualização e interpretação das fácies da Bacia de Pelotas, a fácies

Lama foi assim classificada como uma representação das fácies Argila- Siltosa e Silte

Argiloso, uma vez que "lama" é o termo concedido para a mistura de sedimentos de

granulometria silte e argila. Esta fácie ocorreu entre as cotas batimétricas de 50 e 150 metros,

de acordo com os mapas obtidos por Corrêa et al (1977), Corrêa (1987) e Martins & Corrêa

(1996), sendo interrompida em vários trechos pela fácie Lama Lrenosa, Areia Siltosa, Areia e

Sedimento Cascalhoso ao sul. Porém, neste novo mapa proposto para a Bacia de Pelotas, a

fácie ocorre na forma de manchas sendo a exceção, um poço de lama, localizado na altura da

Lagoa Mangueira. Nos mapas descritos pelos autores citados anteriormente, a fácie Lama é

distribuída paralelamente à costa, na forma de depósitos quase lineares. Constatou-se ainda,

nesta pesquisa a presença de silte arenoso associado a esta fácie em forma de núcleos

distribuídos de forma esparsa, além de estar cercada pela fácie Lama Arenosa em quase toda

sua extensão.

A ocorrência de sedimentos finos na plataforma foi constatada nos trabalhos de

Martins, Urien & Butler (1972), Corrêa (1987) (Figura 14) e Corrêa (1982) (Figura 17). Os

autores afirmam que a presença destes sedimentos deve-se á regressão marinha, no momento

em que a drenagem da Terras Altas e Baixas do Rio Grande do Sul, trazida pelo aporte

fluvial, chegava até a plataforma interna, formando centros de deposição. Correa (1982)

classifica a plataforma norte, média e externa, no trecho que abrange Torres e Rio Grande,

como transgressiva, em função do sedimento lamoso presente (Figura 17). O autor atribui à

interrupção desta fácie em direção sul á submissão da área ao evento de regressão

pleistocênica, seguida da contribuição holocênica, que mascarou os sedimentos finos pré-

existentes no local.

De acordo com o mapa de distribuição dos sedimentos para a plataforma do Rio

Grande do Sul de Corrêa (1987) (Figura 14), a fácies lamosa localizada na altura da Lagoa

Mangueira (poço de lama), em plataforma interna, recobre uma extensão arenosa e sua origem

está relacionada com os sedimentos provenientes do Rio La Plata transportados por deriva

litorânea, caracterizando assim, uma contribuição moderna. No trabalho de Martins et al

(1972), esta fácie é denominada Platina, a qual é composta por sedimentos areno- lamíticos e

lamas com incidência de areia (Corrêa 1987).

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Figura 14- Mapa com os prováveis locais de deposição de sedimentos relíquias segundo

Rocha, Milani, Santana & Cavalcanti (1978, apud Martins, Martins & Urien 1978).

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Segundo Martins, Urien & Martins (2005), as duas áreas que apresentam lamas de

plataforma de forma mais marcante é a plataforma externa do Rio Grande do Sul e a

plataforma da Argentina. Em uma análise descritiva dos componentes texturais da carta de

sedimentos referente á área de influencia do Rio La Plata, Martins, Martins & Urien (2003),

descrevem as lamas de plataforma externa como isoladas da atual influência platina, e

também da dita contribuição moderna proveniente das terras altas do Rio Grande do Sul.

Nesta região, o aporte sedimentar terrígeno é praticamente nulo, em função da distância da

costa e profundidade, que impossibilita o transporte dos sedimentos por ação da

hidrodinâmica (Martins et al 1985) sendo portanto consideradas lamas relíquias. É neste

contexto geológico que se desenvolveu o Cone do Rio Grande, uma feição deposicional que

abrange o talude e elevação continental, com ápice localizado na plataforma continental

externa (Martins 1984), representando uma grande concentração de sedimentos lamosos,

chegando a 100% (Martins, Martins & Urien 2003).

Além do Cone do Rio Grande, a desembocadura da Laguna dos Patos apresenta

grande concentração de sedimentos finos (Fácies Argila e Silte) em associação com

sedimentos arenosos, representada pelas fácies Lama Arenosa, Argila Arenosa e Areia

Siltosa. Na distribuição faciológica obtida por esta pesquisa, as fácies Lama e Lama Arenosa

possuem maior representatividade na desembocadura da laguna, enquanto que as fácies Silte e

Argila ocorrem de forma pontual. Os sedimentos finos predominam em direção á

desembocadura da laguna (lama, silte, argila), enquanto que os grosseiros aparecem em

direção ao mar (areia).

Em outros estudos, como Corrêa (1987) e Martins & Corrêa (1996), as fácies

relacionadas com a desembocadura da laguna dos Patos apresentam-se apenas pela presença

dos sedimentos finos, de modo que é possível observar somente um bolsão de lama. O mapa

encontrado por meio desta pesquisa demonstra quatro fácies para o local, já citadas

anteriormente. O detalhamento obtido em relação ás demais descrições pode estar relacionada

como número amostral neste estudo, bem como com a metodologia utilizada.

Martins et al (1972), estudando a distribuição da faciologia da margem continental sul

rio grandense, define o conjunto de fácies da desembocadura da laguna como Fácies Patos.

Através de analise granulométrica, os autores constatam que sua composição é uma mistura

de sedimentos arenosos, de origem marinha praial, e lamítica, de origem lagunar. Esta última

tem sua formação no processo de floculação, quando os sedimentos finos carreados pela

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desembocadura da laguna entram em contato com o Cloreto de Sódio presente em águas

marinhas e se depositam. Segundo Martins et al (2005), esses sedimentos constituem a

sedimentação moderna da plataforma continental recobrindo uma seqüência de areias

trangressivas, relacionadas ao avanço do mar no Holoceno.

Figura 15- Mapa de distribuição textural abrangendo a plataforma continental entre Torres (RS) e Chuí

(RS), proposto por Corrêa (1982).

5.2 Fácies do Talude Continental

Na região de talude continental, a presença de fácies composta por sedimentos de

granulometria fina é predominante. As fácies Lama , Lama Arenosa, Silte e Silte Arenoso

ocorrem mais notadamente em direção sul, e a fácie Areia Siltosa ao norte, com presença

pontual da fácie Areia. É notável a ocorrência da fácie Sedimento Cascalhoso na porção norte,

que abrange ainda a porção do talude, nas cotas de 250 a 1.700 metros de profundidade.

No âmbito da faciologia desta província fisiográfica para a Bacia de Pelotas, são

escassos os estudos realizados, devido ao reduzido número de amostras e inviabilidade de

coleta de dados, em função do alto custo para realizar amostragens em regiões tão distantes da

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costa. Os estudos realizados até então são de Martins et al (1977), Martins, Martins &Corrêa

(1985), Martins et al (1972) e Correa (1984). Os primeiros autores descrevem a faciologia do

talude na região compreendida entre Rio Grande e Chuí, como dominantemente lamoso entre

100 e 3.000 metros de profundidade, assim como no estudo de Martins et al (1972),

entretanto, esta distribuição não foi constatada no mapa obtido. Martins, Martins & Corrêa

(1985), analisando testemunhos coletados em uma área que abrange a margem continental

entre Rio Grande e Torres, descrevem a faciologia do talude nesta área, além da dinâmica

sedimentar que condicionou sua deposição. Correa (1984) através de análise granulométrica

de amostras superficiais obteve um mapa litológico para a plataforma e talude continental

superior (Figura 17), sendo este o único mapa descritivo para esta província fisiográfica em

questão até o momento. Assim, segue uma interpretação a respeito da gênese das fácies

encontradas.

O nível de detalhamento deste novo mapa proposto para a Bacia de Pelotas para a

região de talude continental torna-se superior aos demais estudos já realizados, em função do

número de amostras resgatadas para a realização desta pesquisa. Porém, ainda é necessária

uma descrição maior, a fim de se obter respostas quanto á dinâmica sedimentar na região.

5.2.1 Fácies Lama, Silte, Silte Arenoso e Lama Arenosa

O sedimento lamoso encontrado na província em questão possui caráter relíquia,

proveniente de um regime sedimentar terrígeno, de contibuição Holocênica (Corrêa 1987,

Martins, Martns & Corrêa 1985). As proporções de areia encontrada nas demais fácies sugere

a deposição destes sedimentos em ambiente costeiro pretérito, na regressão marinha

pleistocênica, durante a qual os sedimentos terrígenos eram carreados até a atual quebra de

plataforma, e depositados no talude por ação dos fluxos gravitacionais. Segundo Corrêa

(1984), estes sedimentos podem conter algum material bioclástico associado. O mesmo autor

atribui á facies Lama Arenosa como resultante de um ambiente deposicional de transição e no

mapa obtido em sua pesquisa (Figura18), os sedimentos lamosos com a presença de areia

ocorrem deste a cota de 150 até 500 metros, também em direção sul. Assim, verificaram-se

semelhanças quanto a disposição das fácies encontradas no Apêndice A.

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Província Fisiográfica Fácies Gênese

Lama, Lama Arenosa, Silte, Silte Argiloso

Oriundos da drenagem das

Terras Altas e Baixas do

Rio Grande do Sul, em

período de regressão

marinha e contribuição

pretérita do Rio La Plata.

Indicam ambientes de

transição (deltas, rios,

lagunas)

Lama, Silte, Silte Arenoso e Lama Arenosa

Sedimentos terrígenos

carreados por antigos

canais fluviais até a quebra

de plataforma e

transpostados até o talude

por fluxos gravitacionais.

Indicam ambientes de

transição pretérito.

Cascalho e Sedimento Cascalhoso

Plataforma Continental

Sedimentos bioclásticos de

antigas linhas de praia,

retrabalhados pela

Fluxos gravitacionais;

provenientes de ambiente

de transição pretérito.

Areia e Areia Siltosa

Talude Continental

Sedimentos carreados por

canais fluviais em período

de regressão marinha,

sendo retrabalhados e

Areia Areia Siltosa,Areia Argilosa

5.2.2 Areia e Areia Siltosa

A ocorrência de sedimentos arenosos junto aos finos no talude continental sugere um

ambiente deposicional de transição como explicitado anteriormente. Assim, estas fácies são

relíquias, não possuindo relação com a sedimentação atual, distribuindo-se pelo talude

superior da área de estudo. Correa (1984) atribui a ocorrência de areia quartzosa nesta região

aos fluxos gravitacionais típicos da área e em seu estudo, a presença de areia quartzosa e

biodetrítica ocorre em conformidade com a posição da fácie Areia Siltosa (Apêndice A),

localizada ao norte da Bacia de Pelotas.

Tabela 2- Fácies encontradas na Bacia de Pelotas de acordo com a província fisiográfica.

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4).

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6. Conclusões

Foram reconhecidas nesta pesquisa 11 fácies sedimentares para a Bacia de Pelotas, a

partir do novo mapa proposto para a bacia, sendo elas: Areia, Silte, Argila, Cascalho,

Sedimento Cascalhoso, Lama, Lama Arenosa, Areia Siltosa, Silte Arenoso e Areia Argilosa.

Em função da carência de dados para as regiões de oceano profundo, este mapa obtido

contemplou as províncias da plataforma continental e talude. Dados existentes para a

Plataforma de Santa Catarina não continham informações necessárias para a aplicação da

metodologia utilizada, sendo então descartados.

O detalhamento da cobertura faciológica permitiu o reconhecimento dos eventos

isostáticos que ocorreram no Quaternário. Em função do número de amostras e da

metodologia, constatou-se diferenças em relação á disposição de algumas fácies, em

comparação com os estudos existentes na literatura.

Em conformidade com demais estudos neste âmbito, constatou-se que a plataforma

continental da área de estudo apresenta-se predominantemente arenosa, e as fácies arenosas

possuem gênese relacionada á regressão marinha pleistocênica e posterior transgressão

holocênica, e está em desequilíbrio com as condições atuais, sendo remobilizadas apenas em

pequenas profundidades. Assim, a cobertura arenosa da plataforma continental é relíquia. A

fácies Areia está associada com a presença de sedimentos finos de contribuição do Rio La

Plata ao sul (contribuição moderna), e ao norte esses sedimentos apresentam-se como

representativos de um ambiente transicional. A ocorrência de sedimentos grosseiros também

em plataforma externa (Fácies Cascalho e Sedimento Cascalhoso) é indicativa de linhas de

estabilização do nível do mar. Esses sedimentos foram depositados em ambiente de deposição

pretérito altamente energético (linhas de praia), sendo retrabalhados pela hidrodinâmica atual

em plataforma continental interna e assim caracterizados como palimpsestos. Entretanto,

aqueles em plataforma externa são relíquias.

Na desembocadura da Laguna dos Patos, o conjunto de fácies lamíticas- arenosas são

denominadas por alguns autores como Fácies Patos. A deposição dos sedimentos finos sobre

as areias transgressivas da plataforma continental ocorre através do processo de floculação,

representando uma contribuição moderna para a Bacia de Pelotas.

Em semelhança ás areias da plataforma continental, os sedimentos lamosos de

plataforma continental externa, com proporções de areia também são relíquias. As fácies

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representativas foram depositadas em ambiente de regressão marinha e ambiente transicional

e a origem destes sedimentos foi o aporte terrígeno proveniente das Terras Altas e Baixas do

Rio Grande do Sul, sem ligações com o aporte atual do Rio La Plata ou com outra

contribuição moderna. Entretanto, a fácies Lama reconhecida na altura da Lagoa Mangueira é

representativa do aporte de sedimentos finos de origem platina, através da deriva litorânea,

sendo assim, contribuição moderna.

O aporte terrígeno atual para a área de estudo é mínima, assim os sedimentos finos

localizados no talude continental também são relíquias. Nesta província, a presença de

porções arenosas nas fácies Argila Arenosa e Silte Arenoso são evidencias de ambientes de

deposição transicional bem como de fluxos gravacionais típicos desta região.

Assim, a distribuição das fácies sedimentares foi condicionada pelas flutuações do

nível do mar no Quaternário. Eventos de transgressão e regressão marinha expuseram e

submergiram plataformas em muitos locais no mundo. O surgimento de ambientes

deposicionais sujeitou os sedimentos existentes á uma nova condição de equilíbrio e os

sedimentos relíquias e palimpsests são indicativos destes processos. Em se tratando do local

de estudo desta pesquisa, estes sedimentos são fortemente notados, confirmando que a

disposição das fácies ocorreram em função de eventos isostáticos.

7. Sugestões á trabalhos futuros

Apesar dos resultados obtidos nesta pesquisa, a faciologia do oceano profundo na

Bacia de Pelotas ainda é desconhecida. Sugerem-se estudos que possam descrever esta

província, por meio da junção entre instituições de ensino superior e o setor privado.

A Bacia de Pelotas ainda encontra-se em um estágio inicial dos conhecimentos a

respeito dos seus recursos exploratórios e as pesquisas realizadas neste âmbito são recentes.

Assim, estudos de caracterização como a faciologia, estratigrafia e reconhecimento de feições

deposicionais com possível possibilidade de geração de hidrocarbonetos devem ser

aprimorados, a fim de se obter o potencial exploratório para a região. Além disso, este

processo subsidia demais estudos a respeito da geomorfologia, e recursos biológicos,

caracterizando assim o ambiente como um todo e facilitando processos de licenciamento

ambiental e mitigação de impactos promovidos por atividades exploratória de minérios.

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41

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42

Apêndice A- Mapa faciológico obtido nesta pesquisa.

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LAGUNA DOS PA

TOS

LAGOA MIRIM

LAGOA MANGUEIRA

50

25

800

750

700

3500

3250

3000

2000

1900

1800

1700

1600

1500

1200

1000

150 900

600

1400 4250

RS

SC

MOSTARDAS

PORTO ALEGRE

TORRES

-53 -51 -49 -47

-34-33

-32-31

-30-29

-28

0 100 20050Km

´

Sistema de Coordenadas Geográficas Datum Horizontal : WGS84

Rio Grande, 2012

Autores: Bárbara Elen Paixão Gilberto Griep

Colaborador: Lauro Calliari

Mapa Faciológico da porção brasileira da Bacia de Pelotas.Fonte: Universidade Federal do Rio Grande e Banco de Dados Ambientais para a Indústria do Petróleo.

Base Cartográfica: Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler- RS.

Oc e

a n o At l

â n t ic o

´

Apoio:

Programa de Recursos Humanos nº 27Estudos Ambientais em áreas de atuação da Industria do Petróleo

Mapa faciológico da Bacia de PelotasElaboração:Universidade Federal do Rio GrandeLaboratório de Oceanografia Geológica

BH

MG

PI

GO

TO

SP

PA MN

PR

MT

RS

PE

CE

SC

ESMS

PB

RJ

RN

ALSE

DF

-52-50-48-46-44-42-40-38-36-34-32-30-28-26-24-22

-36-34

-32-30

-28-26

-24-22

-20-18

-16-14

-12-10

-8-8-6-6

Localização

O c e a n o At l

â nt i

c o

O c e a n o At l

â n t ic o

´

Fácies - Conjunto de sedimentos que apresentam o mesmo tamanho de grão.

fácie de sedimentos com diâmetro entre 2 a mais de 256 mm

areia argilosafácie decsedimentos com diâmetro areia e argila, sendo a quantidade de areia predominante

lama arenosafácie de sedimentos com diâmetro silte, argila e areia

fácie de sedimentos com diâmetro menor que 0,005 mm

areiafácie de sedimentos com diâmetro entre 0,062 e 2 mm

areia siltosafácie de sedimentos com diâmetro areia e silte, sendo a quantidadede areia predominante

siltefácie de sedimentos com diâmetro entre 0,005 e 0,062 mm

lamafácie composta por sedimentos de diâmetro silte e argila

cascalho

fácie composta por sedimentos no qual o diâmetro cascalho apresenta-se em quantidade maior ou igual a 10%

sedimento cascalhoso

argila

fácie de sedimentos com diâmetro argila e areia, sendo a quantidadede argila predominante

argila arenosafácie de sedimentos com diâmetro silte e areia, sendo silte predominante

silte arenoso

batimetria (m)