dissertao 13 de novembro de 2006...hubner, sandra ananias, priscila kelly, carolina tosi, ana...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA
MESTRADO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA
ENCALHES DE CETÁCEOS OCORRIDOS NO PERÍODO DE 1984
A 2005 NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.
PRISCILA IZABEL ALVES PEREIRA DE MEDEIROS
NATAL/ RN
2006
II
PRISCILA IZABEL ALVES PEREIRA DE MEDEIROS
ENCALHES DE CETÁCEOS OCORRIDOS NO PERÍODO DE 1984
A 2005 NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
ORIENTADORA: Profª. Drª. Sathyabama Chellappa
DOL / CB / UFRN
CO-ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Emília Yamamoto
DFS / CB / UFRN
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Bioecologia Aquática do
Departamento de Oceanografia e Limnologia do
Centro de Biociências, da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito parcial à
obtenção do título de mestre em Bioecologia
Aquática.
NATAL/ RN
2006
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede.
Divisão de Serviços Técnicos.
Medeiros, Priscila Izabel Alves Pereira de
Encalhes de cetáceos ocorridos no período de 1984 a 2005 no litoral do Rio Grande do Norte, Brasil/ Priscila Izabel Alves Pereirade Medeiros – Natal (RN), 2006.
57 p.
Orientadora: Profª. Drª. Sathyabama Chellappa (UFRN)
Co-orientadora: Profª. Drª. Maria Emília Yamamoto (UFRN)
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Departamento de Oceanografia e Limnologia. Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática.
1. Encalhes – Cetáceos – Dissertação. 2. Mamíferos marinhos – Sotalia guianensis – Dissertação. 3. Costa litorânea – Rio Grande do Norte – Dissertação. I - Título
RN/UF/BCZM CDU
III
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICAMESTRADO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA
ENCALHES DE CETÁCEOS OCORRIDOS NO PERÍODO DE 1984 A 2005 NO
LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.
Esta dissertação, apresentada pela aluna PRISCILA IZABEL ALVES PEREIRA
DE MEDEIROS ao Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática do
Departamento de Oceanografia e Limnologia, do Centro de Biociências, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, foi julgada adequada e aprovada, pelos Membros da
Banca Examinadora, na sua redação final, para a conclusão do Curso e à obtenção do título
de Mestre em Bioecologia Aquática.
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________ Prof.ª Drª. Sathyabama Chellappa
DOL / CB / UFRN
__________________________________________ Prof.ª Drª. Maria Emília Yamamoto
DFS / CB / UFRN
____________________________________________Prof.º Dr. Flávio José de Lima Silva
DECB/ UERN
____________________________________________ Prof.º Dr. André Silva Barreto
CTT Mar/ Univali-SC
Natal/RN, 03 de julho de 2006.
IV
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte e sua Coordenação, pela oportunidade proporcionada.
Às Professoras Sathyabama Chellappa e Maria Emília Yamamoto pela orientação, pela
oportunidade, confiança e compreensão.
À CAPES, órgão financiador, pela bolsa que a mim foi destinada.
À minha família, meus pais, Lourdes e Paulo, meus irmãos, Ercília (pelas opiniões sobre o
trabalho) e Orestes (resolvendo os problemas do computador), minha Tia Silinha e meus
primos José Eraqui, Iara e Tiago, por todo amor e carinho e que estiveram presentes em
todos os momentos e sempre me auxiliaram quando precisei.
Aos amigos do Projeto Pequenos Cetáceos, em especial a equipe de encalhe (Érico Jr.,
Lídio Nascimento, Kelly Pansard, Mariana Gondim, Rosana Garri e aos que passaram por
ela) que possibilitou a realização do trabalho. Aos demais membros (Rose Emília, Adolfo
Hubner, Sandra Ananias, Priscila Kelly, Carolina Tosi, Ana Carolina, Fernando Roberto e
Jéssica Roberts) que tiveram a paricipação muito importante, pois sempre estamos
precisando de um voluntário, a minha enorme gratidão pelos anos de amizade, convívio,
ensinamento, carinho, dedicação, respeito, amor e compreensão.
Aos novos amigos Liisa, Karlla, Manu, Bruno e Bira que também deram um grande apoio
nesse momento final.
Aos amigos biólogos e futuros biólogos que nos socorreram nas inúmeras situações que
um encalhe pode gerar, e quando são dois em regiões opostas????
Ao veterinário José Flavio Vidal por nos revelar os segredos de uma carcaça e nos ensinar
a interpretá-las.
Ainda aos veterinários Márcia Bergamini, Gerson Norberto e Viviane Medeiros que
estiveram disponíveis em um momento muito delicado que é tratar de um animal vivo.
Àqueles que de forma imprescindível contribuíram no repasse das informações sobre as
ocorrências de encalhes no litoral do RN, todos os Bugueiros, a pessoa do Eduardo que
representa o sindicato e cooperativa dos bugueiros (Sindbuggy e Coopbuggy) que
funcionou como canal da categoria, as comunidades litorâneas, veranistas, funcionários do
IBAMA-RN, Ricardo Feitosa – TAMAR/ IBAMA-RN, Maurizélia Brito e sua equipe –
Rebio/IBAMA-RN, Armando Barsante e equipe – TAMAR-RN.
Aos Funcionários do IBAMA-RN, Gilvan motorista do CB/UFRN, Prefeituras e
empresários que atuam na região, Urbana (órgão de limpeza pública de Natal), Corpo de
V
Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Militares da Barreira do Inferno e Bugueiros que
logisticamente ajudaram na remoção das carcaças.
Ao professor Carlos Eduardo do Setor de Anatomia Comparada do Departamento de
Morfologia pela disponibilidade do espaço físico para realização das necropsias.
À grande amiga Rose Emília pela enorme contribuição com sugestões para melhorar o
texto e pelos momentos que teve que me agüentar.
À Luísa Helena, uma grande amiga, pelas conversas, dicas, reuniões gastronômicas
(Renato que o diga!!! “ - Vocês só se reúnem para comer!!!) e divertidos momentos nos
quais passamos juntas.
Lídio e Kelly pela leitura do trabalho e sugestões.
Aos amigos da turma do mestrado, pelo convívio e por aqueles momentos, sejam eles, de
verdadeiro aperreio (resolvendo a prova de ecologia de ecossistemas) ou as divertidas
reuniões em comemoração ao aniversário de alguém.
Ao Douglas e familiares, assim como os funcionários e estagiários do Aquário Natal, que
não consigo expressar tamanha gratidão ao total apoio na reabilitação de “Dory”, assim
como em todos os encalhes que aconteceram simutâneamente neste período tão delicado.
Ao Prof. Dr. Flávio Lima, pelas sugestões valiosos ao trabalho e ao Amigo pelo apoio e
renovação do grupo.
À Vanessa, Danilo (Tibau do Sul) e Waldenir (Pipa), pelo apoio ao PPC ao longo de sua
existência.
À Rita de Cássia e Débora Camilla, funcionárias do jornal Tribuna do Norte e responsáveis
pelo Arquivo, e aos funcionários do arquivo do jornal O Diário de Natal pela colaboração.
E, sobretudo a Deus.
MUITO OBRIGADA!!!
VI
SUMÁRIO
Página
RESUMO VII
ABSTRACT VIII
RELAÇÃO DE FIGURAS IX
1. INTRODUÇÃO 1
2. OBJETIVOS 6
2.1 Objetivo geral 6
2.2 Objetivos específicos 6
3. MATERIAL E MÉTODOS GERAIS 7
3.1 Área de estudo 7
3.2 Coleta de dados 7
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 13
ARTIGO - Encalhes de cetáceos no litoral do Rio Grande do Norte, Brasil. 14
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 43
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS 44
ANEXOS
VII
RESUMO
Os encalhes de mamíferos aquáticos vivos ou mortos consistem em um instrumento
importante na obtenção de informações sobre a ocorrência, a biologia e a ecologia das
espécies. O objetivo do presente trabalho foi registrar as espécies de cetáceos encalhadas, a
freqüência e a distribuição espaço-temporal destes encalhes, durante o período de 1984 a
2005 no litoral do Rio Grande do Norte. Os dados foram coletados através do
monitoramento de encalhes de cetáceos no litoral norte, noroeste e sul do RN, e através do
levantamento de informações sobre encalhes em instituições e arquivos dos jornais do
Estado. Um total de 122 cetáceos encalhados foi registrado ao longo do litoral do Rio
Grande do Norte. Foram registradas 14 espécies de cetáceos, das quais quatro espécies
apresentaram maior freqüência: Sotalia guianensis (n = 65), Steno bredanensis (n = 6),
Globicephala macrorhynchus (n = 6) e Physeter macrocephalus (n = 7). Dentre 118
eventos de encalhes, 93 ocorreram no faixa sul (78,8 %), 23 na faixa norte (19,5%) e dois
(1,7%) na faixa noroeste do Estado. A maior freqüência de encalhes ocorreu entre os meses
de agosto a março e o número máximo de encalhes foi registrado a partir de 2000, como
uma conseqüência do intenso monitoramento realizado pelo Projeto Pequenos Cetáceos do
Rio Grande do Norte.
VIII
ABSTRACT
Strandings of live or dead aquatic mammals constitute an important instrument to
provide information regarding the occurrence, biology and ecology of these species. The
aim of this study was to register the stranded species of cetaceans, the frequency and the
spatial-temporal distribution of theses strandings during the period of 1984 to 2005, in the
coast of Rio Grande do Norte. Data was acquired through the monitoring of strandings in
the north, north-west and south coast of RN, and through information obtained from
institutions and newspaper archives of the State. A total of 122 strandings of cetaceans
were registered along the coast of Rio Grande do Norte. Of the 14 species of cetaceans
registered, four species had higher frequencies: Sotalia guianensis (n= 65), Steno
bredanensis (n = 6), Globicephala macrorhynchus (n = 6) and Physeter macrocephalus (n
= 7). Out of 118 strandings, 93 occurred in the south coast (78.8 %), 23 in the north coast
(19.5%) and 2 (1.7%) in the north-west coast of the State. The highest frequency of
strandings occurred during the months of August to March and the maximum number of
strandings occurred from 2000 onwards, as a consequence of the intense monitoring of the
Pequenos Cetáceos Project in Rio Grande do Norte.
IX
RELAÇÃO DE FIGURAS
Página
Figura 1 Litoral do Rio Grande do Norte, dividido em setores: Setentrional e
Oriental (áreas norte e sul)
09
Figura 2 Formato da nadadeira dorsal de diferentes espécies de cetáceos
encalhadas no litoral do RN: a) Sotalia guianensis; b) Kogia sima; c)
Steno bredanensis; d) Stenella attenuata.
10
Figura 3 Características morfológicas externas de diferentes espécies de
cetáceos encalhadas no litoral do RN: a) Stenella clymene; b) Kogia
breviceps; c) Stenella attenuata; d) Ziphius cavirostris; e) Kogia sima;
f) Sotalia guianensis.
10
Figura 4 Coleta das medidas morfométricas de Sotalia guianensis encalhado no
litoral do RN.
11
Figura 5 Esquema das medidas a serem coletadas segundo o Plano de Ação de
Mamíferos Aquáticos (IBAMA, 2001).
12
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
Os cetáceos são mamíferos exclusivamente aquáticos, pertencem a ordem Cetacea e
estão distribuídos em duas subordens viventes, Mysticeti e Odontoceti. A subordem
Mysticeti é representada pelas grandes baleias ou baleias verdadeiras, que possuem
barbatanas, estruturas córneas fixadas na maxila superior, que são utilizadas para a captura
de alimento e duas aberturas nasais externas localizadas no topo da cabeça. Na subordem
Odontoceti destacam-se os golfinhos, baleias bicudas e cachalotes como seus
representantes, que possuem dentes em suas maxilas, sendo que nas espécies da família
ziphidae apenas os machos adultos apresentam dentes expostos entre eles uma exceção do
para as espécies dos gêneros Berardius e Tasmacetus em que as fêmeas também
apresentam dentes; e uma abertura nasal externa central localizada no topo da cabeça
(MATTHEWS, 1978; GERACI e LOUNSBURY, 1993).
Os misticetos parecem possuir uma estrutura social que é baseada em um grupo
pequeno e instável, a composição e dinâmica dessas unidades varia entre as espécies
(CLAPHAM, 2000), sendo estes agrupamentos vistos durante atividades particulares,
incluindo migração, alimentação e reprodução (CONNOR, 2000). Apresentam
comportamento migratório com padrão sazonal de acordo com as estações do ano,
deslocando-se para médias e baixas latitudes em seu período reprodutivo (nascimento e
acasalamento) e retornando em seguida para as áreas de alimentação localizadas em altas
latitudes, exceto a baleia de Bryde, Balaenoptera edeni Anderson 1878, e a baleia da Groe
lândia, Balaena mysticetus Linnaeus 1758, que não migram(HETZEL e LODI, 1993;
CLAPHAM, 2000). O padrão de migração é um fator que pode determinar a sazonalidade
na ocorrência de encalhes para algumas espécies. Esta subordem inclui 11 espécies
distribuídas em quatro famílias: Balaenidae, Neobalaenidae, Eschrichtiidae e
Balaenopteridae (JEFFERSON et al., 1993), entretanto, Rice (1998) lista 12 espécies de
misticetos.
Os odontocetos ao contrário dos misticetos, possuem comportamento gregário,
sendo encontrados em grupos que varia de 2 indivíduos a grupos de centenas de animais,
podendo ser encontrados em ambientes fluviais e/ou marinhos (estuarinos, costeiros,
oceânicos ou podem ocorrer ao longo da borda da plataforma continental). Realizam
movimentos não tão extensos e regulares quanto os realizados pelos misticetos, estando
2
relacionados com mudanças na temperatura da água e disponibilidade de alimento
(HETZEL e LODI, 1993; JEFFERSON et al., 1993).
Esta subordem é composta por 78 espécies distribuídas em nove famílias:
Plastanistidae, Pontoporiidae, Iniidae, Monodontidae, Phocoenidae, Ziphiidae,
Physeteridae, Kogiidae e Delphinidae (JEFFERSON et al., 1993). Entretanto, Rice, (1998)
considerou 71 espécies de odontocetos distribuídas em dez famílias.
Os primeiros estudos com cetáceos foram realizados a partir de carcaças oriundas
da atividade baleeira, que tinha como alvo os misticetos. Através da análise dessas
carcaças foi possível ter informações sobre o comportamento (organização social,
estratégias de acasalamento, composição de grupo e outros) e a biologia (idade, sexo,
maturação, tamanho, anatomia e outros) destes animais (SAMUELS e TYACK, 2000).
A atividade baleeira iniciou–se na Idade Média utilizando estações terrestres, cujos
principais produtos extraídos eram o óleo e as barbatanas, e já no século XIX a pesca
pelágica em navios à vela tornou-se florescente. No século XX a atividade foi
intensificada após a invenção do canhão-arpão, da propulsão mecânica e a introdução de
navios–fábrica trazendo uma maior eficácia às capturas (CÂMARA, 1978).
No Brasil, a pesca de baleias vem dos tempos coloniais, processando-se do Estado
da Bahia ao Estado de Santa Catarina (CARVALHO, 1969; CÂMARA, 1978). A matança
tomou proporções maiores com o desenvolvimento da caça industrial, esta tendo início no
nordeste brasileiro em 1910 no litoral do Estado da Paraíba, sendo realizada no largo da
costa do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco (PAIVA & GRANGEIRO, 1965
apud PAIVA, 1968). Os animais eram dizimados por causa do óleo, utilizado para
iluminação; da carne, que era consumida; gordura, nadadeiras e ossos, estes, moídos para
fazer farinha (ZERBINI, 1999). O final da caça às baleias teve sua proibição decretada em
1987 através da Lei nº 7643 de 18 de dezembro.
Atualmente, o monitoramento de encalhes é a principal fonte de informações sobre
a ocorrência, diversidade, biologia e ecologia da maioria das espécies de mamíferos
marinhos, principalmente em regiões onde a pesquisa com esses animais é incipiente.
Levantamentos sobre a diversidade de cetáceos no litoral brasileiro são pontuais,
3
ALMEIDA (1995) listou as espécies de cetáceos que ocorrem no litoral do nordeste,
ALVES-JÚNIOR et al.(1996) fez o mesmo para litoral do Ceará e CHEREM et al. (2004)
para o Estado de Santa Catarina. ZERBINI et al. (1999) reúne informações à cerca dos
mamíferos marinho que ocorrem no litoral Brasileiro através de levantamento bibliográfico
e lista para a região nordeste do Brasil 26 espécies e 4 possíveis ocorrências. Os Cruzeiros
científicos também têm sido usados para avaliar a distribuição e abundância de cetáceos no
litoral brasileiro além da diversidade (BEST, ROCHA e DA SILVA, 1986; VASKE JR et
al., 1994; PIZZORNO et al., 1996; SAMPAIO e REIS, 1998; SICILIANO et al., 2000;
ZERBINI et al., 2004; MORENO et al., 2005).
Instituições de pesquisa governamentais e não governamentais que trabalham com
mamíferos aquáticos no nordeste do Brasil deram um grande passo aos estudos desses
animais, no ano de 1999 propuseram a criação da Rede de Encalhes de Mamíferos
Aquáticos do Brasil, idealizada para receber e sistematizar informações nacionais
referentes à pesquisa e conservação de mamíferos aquáticos, dividida em quatro redes
regionais (Norte, Nordeste, Sudeste e Sul). Atualmente as única redes regionais
oficialmente instituída foi a do Nordeste (REMANE) e a do Sul (REMASUL) (LIMA e
CÉSAR, 2005).
No Estado do Rio Grande do Norte o Projeto Pequenos Cetáceos da Universidade
Federal do Rio grande do Norte - UFRN, o Projeto Cetáceos da Costa Branca da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN e representantes da Reserva
Biológica do Atol das Rocas/IBAMA são os representantes da REMANE fazendo parte de
seu comitê gestor e responsáveis pelos atendimentos aos eventos de encalhes.
O encalhe é um evento descrito em mamíferos aquáticos da ordem Cetacea e
Sirenia, no qual o animal vem a terra, se vivo não consegue retornar à água (JEFFERSON
et al., 1993). Pode ser classificado em individual quando apenas um animal encalha e “em
massa” (em grupo), quando dois ou mais animais encalham ao mesmo tempo e local, com
exceção do par fêmea/filhote (GERACI e LOUNSBURY, 1993; HETZEL e LODI, 1993).
No encalhe em massa, os animais geralmente encalham vivos, e mesmo quando são
levados de volta à água, tendem a retornar insistentemente para a terra, sendo as causas
mais complexas do que dos encalhes individuais e ainda pouco conhecidas (HETZEL e
4
LODI, 1993). Algumas vezes os animais encalham em massa não tendo uma razão
aparente e apresentam bom estado de saúde. A maioria deles ocorrem em odontocetos, nos
quais apresentam uma organização social complexa, estruturada de fortes e estreitos laços
entre os indivíduos, podendo ser esta característica comportamental a justificativa para o
encalhe em massa em determinados casos.
Existem poucos dados para sugerir uma atividade cíclica nos padrões de encalhes
em massa. Geraci e Lounsbury (1993) relatam que alguns pesquisadores têm
correlacionado a freqüência de encalhe com períodos de aquecimento climático e
mudanças na corrente oceânica que resulta em menor abundância ou a mudança na
distribuição da presas, fazendo com que maior números de animais se aproximem da costa
aumentando a probabilidade de encalharem.
As espécies costeiras, que residem em uma área ou migram de uma parte para
outra sazonalmente, apresentam um padrão de encalhe que é previsível e mais ou menos
consistente, relacionando com a biologia da espécie. Esses padrões podem sofrer mudanças
relacionadas à atividade humana, que são menos diretas e nem sempre previsível
(GERACI e LOUNSBURY, 1993).
Esses padrões não são tão evidentes para espécies pelágicas, mas estão
correlacionados com diversos fatores como: localizações, marés, tempestades, distúrbios
geomagnéticos. Além destes outros fatores têm sido propostos, como a perseguição de
presas em águas rasas, aquecimento climático, mudança nas correntes oceânicas que
resulta na baixa abundância ou uma mudança na distribuição de presas. Tais fatores
promovem o deslocamento dos animais para próximo da costa aumentando a probabilidade
da ocorrência de encalhes (GERACI e LOUNSBURY, 1993).
Segundo SERGEANT (1982) os encalhes em massa podem estar relacionado com
controle de população para espécies sociais, tendo uma baixa taxa de mortalidade de
juvenis para espécies de vida longa. A alta densidade populacional pode resultar em uma
baixa taxa de nascimento e uma redução no período de fertilidade em cetáceos sociais; do
mesmo modo, mecanismos dependentes da densidade provavelmente representam uma
maior função no controle da população do que os encalhes, que envolve um número
relativamente menor de animais (GERACI e LOUNSBURY, 1993).
5
Determinar a causa exata do encalhe pode ser difícil, devido à atuação de dois ou
mais fatores simultaneamente e, dependendo do estado de decomposição da carcaça, os
sintomas e patologia podem se tornar obscuros. As causas podem ser naturais, como: a)
condições oceanográficas complexas, como rápidas variações de marés associadas a
regiões costeiras repletas de bancos de areia; b) condições climáticas adversas; c)
distúrbios geomagnéticos e erros de navegação gerados pela possível sensibilidade dos
cetáceos com relação aos contornos magnéticos da Terra; d) topografia de fundo complexa
e) distúrbios de ecolocalização em águas rasas; f) fenômenos naturais cíclicos como pode
ser o El Niño e La Niña; g) distúrbio de ecolocalização; h) contaminação por toxinas
naturais geradas por marés vermelhas; i) perseguição de presas e fuga de predadores em
águas rasas; j) forte coesão social, algumas espécies de odontocetos apresentam uma
organização em grupos (gregários) na qual são liderados por indivíduos mais velhos ou
mais experientes; l) ferimentos causados por predadores ou outros mamíferos marinhos; m)
doenças; n) parasitas; (GERACI e LOUNSBURY, 1993; LODI, 1999; SANTOS, 1999).
Entretanto, as causas não-naturais, estão relacionadas à atividade humana, como: a)
emalhamento em redes de pesca; b) colisão com embarcação; c) derramamento de óleo,
provoca a degradação do habitat influenciando a abundância e diversidade de presas,
aumenta o stress e a suscetibilidade a infecções, e; d) raramente, vítimas de arma de fogo
(GERACI e LOUNSBURY, 1993).
A ausência de estudos relacionados à diversidade de espécies e o impacto causado
pelas diversas atividades realizadas no litoral do RN, como a petrolífera, salineira,
carcinocultura e turística, tornou este estudo ainda mais relevante para região. Já que para a
realização de manejo de uma área é necessário conhecimento das espécies existentes no
local para se tomar medidas adequadas de acordo com as espécies que lá são encontradas.
6
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Realizar um levantamento das espécies de cetáceos que ocorrem no litoral do Rio
Grande do Norte através de animais encalhados e identificar qual a espécie é mais
freqüente e determinar a proporção sexual e padrões morfométricos entre os
exemplares encalhados.
2.2 Objetivos específicos
- Identificar as espécies de cetáceos encalhados através do atendimento aos mesmos no
litoral do Estado do Rio Grande do Norte (RN), durante o período de 1999 a 2005;
- Levantamento da ocorrência de encalhes de cetáceos junto aos órgãos governamentais
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
e Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) e não governamentais
(Jornais);
- Verificar a freqüência de encalhes das espécies de cetáceos e a distribuição espaço-
temporal dos encalhes, durante o período de 1984 a 2005;
- Analisar as espécies com maior quantidade de encalhes no que diz respeito a
proporção de sexo e padrões morfométricos.
7
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
A costa litorânea do Estado do Rio Grande do Norte apresenta 410 km de extensão,
no presente estudo foi feita a seguinte divisão: litoral setentrional ou noroeste e litoral
oriental (MARCELINO, 2003), e este subdividido em área sul e norte, tendo como
referência a localização da capital, Natal. A área sul abrange a extensão entre a praia do
Forte situada na capital do Estado (S 05° 45' 44,0'' e W 035° 11' 56,2'') e a praia de Sagi
localizada na divisão com o Estado da Paraíba (S 06° 28' 47,7'' e W 034° 58' 19,7''). A área
norte abrange a praia da Redinha (S 05° 44' 04,1'' e W 035° 12' 23,5'') até a praia de São
Miguel do Gostoso (S 05° 06' 43,0'' e W 035° 40' 11,8''). A área noroeste corresponde à
praia de São Miguel do Gostoso até a praia de Tibau localizada na divisão com o Estado do
Ceará (S 04° 50' 16,0'' e W 037° 15' 12,5'') (Fig.1).
3.2 Coleta de dados
Os dados do monitoramento dos encalhes de cetáceos foram obtidos através do
atendimento aos encalhes, realizado na área sul e norte do Estado do Rio Grande do Norte
durante o período de 1999 a 2005 (Fig.1). Para que a informação da ocorrência de encalhes
chegasse ao conhecimento dos pesquisadores foi criada uma rede de informantes, junto às
comunidades costeiras e aos profissionais da área do turismo, que percorrem diariamente
parte do litoral. Foi distribuídos adesivos e panfletos, que orientava as pessoas a ligarem
para os números de telefones disponibilizados ao encontrar um animal encalhado. As
informações foram repassadas para a equipe do Projeto Pequenos Cetáceos por esta rede
ou pelo Setor de Fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) da cidade do Natal.
Quando notificados de uma ocorrência a equipe do Projeto Pequenos Cetáceos
(PPC) devidamente equipada deslocava-se ao local do encalhe. Ao chegar, a equipe
inicialmente fazia a observação da carcaça para a sua identificação e verificava a presença
de marcas ao longo do corpo do animal. Para a identificação da espécie foram observadas
as características morfológicas externas essenciais, como coloração, tamanho e
pigmentação do rostro, formato do melão, formato e localização da nadadeira dorsal e
8
número de dentes (Fig. 2 e 3) (GERACI e LOUNSBURY, 1993; HETZEL e LODI, 1993).
Após a identificação foram feitas fotografias destacando as características evidentes
para identificação da espécie e da possível causa mortis, como marcas de redes, cortes de
facas, mutilações causadas por hélices de embarcações, ferimentos causado por predador e
presença de ectoparasitos. Foi realizada a morfometria (Fig. 4 e 5) dos animais encalhados
quando o estado da carcaça permitia, segundo o Plano de Ação de Mamíferos Aquáticos do
Brasil (IBAMA, 2001). Dentro das possibilidades, as carcaças foram transportadas para a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e as necropsias realizadas, verificando
quando possível à causa mortis através de análise macroscópicas dos órgãos,
posteriormente o material foi enterrado em um terreno do Centro de Biociências da UFRN
sendo o material osteológico recuperado e tombado no acervo do PPC.
Os dados de encalhes também foram obtidos a partir de relatórios de atendimentos
a encalhes pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA-RN), acervo osteológico dos museus Câmara Cascudo e de Anatomia
Comparada, e nos Departamentos de Oceanografia e Limnologia (DOL) e de Botânica,
Ecologia e Zoologia (DBEZ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
consulta aos arquivos dos jornais de Natal, Tribuna do Norte e Diário de Natal e
levantamento bibliográfico que registram encalhes para o litoral do RN.
Fonte: IDEC, 1996
Fonte: IBGE, 1998
Figura 1- Litoral do Rio Grande do Norte, dividido em setores: setentrional e oriental (áreas norte e sul).
10
d)c)
b)a)
Figura 2 - Formato da nadadeira dorsal de diferentes espécies decetáceos encalhadas no litoral do RN: a) Sotalia guianensis; b) Kogia
sima; c) Steno bredanensis; d) Stenella attenuata.
Figura 3 - Características morfológicas externas de diferentes espécies de cetáceos encalhadas no litoral do RN: a) Stenella clymene; b) Kogia breviceps; c) Stenella attenuata; d) Ziphius cavirostris; e)Kogia sima; f) Sotalia guianensis.
f)
d)
b)
e)
c)
a)
11
Figura 4 - Coleta das medidas morfométricas de Sotalia guianensis encalhado no
litoral do RN.
12
Figura 5 – Esquema das medidas morfométricas segundo o Plano de Ação de MamíferosAquáticos (IBAMA, 2001). 1-Comprimento total, desde o extremo da maxila até a reentrância centralda cauda; 2-Extremo da maxila até o meio do olho; 3-Comprimento da maxila, desde o extremo até a basedo melão; 4- Comprimento da boca, desde o extremo da maxila até a comissura bucal; 5-Extremo damaxila ao meato auditivo; 6-Extremo da maxila até o centro do respiradouro; 7-Extremo da maxila até abase da nadadeira dorsal; 8-Extremo da maxila até a base da nadadeira peitoral; 9-Extremo da maxila até o centro do orifício anal; 10-Largura máxima da cauda; 11-Comprimento da nadadeira peitoral, desde a inserção anterior até o extremo; 12- Comprimento da nadadeira peitoral, desde a axila até o extremo; 13-Largura máxima da nadadeira peitoral; 14-Base da nadadeira dorsal; 15-Altura da nadadeira dorsal.
13
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
14
Artigo
ENCALHES DE CETÁCEOS NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL
Medeiros, P. I. A. P.1; Nascimento, L. F.2; Santos Jr, E. 2; Gondim, M. A. 2;
Chellappa, S.1; Yamamoto, M. E.2
REVISTA BRASILEIRA DE ZOOLOGIA
ISNN 0101-8175
QUALIS-A Internacional
IMPACT FACTOR: 0,6
1 Programa de Pós-graduação em Bioecologia Aquática, Universidade Federal do Rio Grande doNorte, Praia de Mãe Luíza, s/n, Natal/RN, CEP 59.014-100. email: [email protected],[email protected].
2 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.Campus Universitário, Centro de Biociências, Lagoa Nova, s/n, Caixa Postal 1511 CEP: 59078 –970, Natal-RN. email: [email protected] .
15
ABSTRACT
The Projeto Pequenos Cetáceos do RN (PPC-RN) has helped with cetaceans’ strandings on
Rio Grande do Norte’s litoral, whose information for the region is very rare. Also, it is one
of the representatives of the Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Nordeste para o
Estado. The objectives of this research are: a) identify the cetaceans species that come to
RN’s littoral, through helping with strandings along the littoral and reporting them to the
governmental and non governmental organs; b) verify the frequency of cetaceans species’
beaching and the spatial and temporal distribution of them; c) verify possible differences
between the total length of stranded female and male Sotalia guianensis and identify the
set of size that beaches more frequently. The data collected refers to the period from 1984
to 2005, being registered 118 cetaceans’ strandings, (one of them massive) occurring with
14 species. The strandings on the south littoral were significantly more frequent (78.8%);
S. guianensis was the species that showed the greatest occurrence. Primary data collected
from the support of these strandings identified 12 species and one gender - S. guiananesis,
Steno bredanensis, Tursiops truncatus, Stenella clymene, Kogia sima, Ziphius cavirostris,
Stenella attenuata, Physeter macrocephalus, Megaptera novaeangliae, Stenella
longirostris, Kogia breviceps, Peponocephala electra and Globicephala sp. The most
significantly frequent species was the S. guianensis, representing 64.64% of the total
number of strandings, being 50% of them male, 21.87% female and 28.13% not identified;
85.9% of the strandings occurred on the south area presenting a significant difference when
compared to other areas. For adult animals, the variation of the specimen’s total length
varied between 78.5 cm and 200 cm, the average total length was 184.32cm (n = 31), male
183 cm (n = 18) and female 186.64cm (n = 7), not presenting significant difference. The
greatest number of stranded animals presented length that varied from 181cm to 190cm
(n=19); in 26.6% of the specimen presented anthropical interaction; 54.7% were found in
advanced state of decomposition. Secondary data collected from the research resulted in
seven species identified and one gender: P. macrocephalus, G. macrorhynchus, S.
guianensis, Pseudorca crassidens, S. attenuata, S. longirostris, S. bredanensis, Kogia sp.;
The two firsts are significantly more frequent. The month distribution of the strandings
presented more frequency between the months of August to March, peaking in October,
December and January.
KEY WORDS. Coastal waters, marine mammals, register of occurrence, Sotalia
guianensis, strandings.
16
RESUMO
No litoral do Estado do Rio Grande Norte, desde 1999 o Projeto Pequenos Cetáceos do RN
(PPC-RN), realiza atendimentos a encalhes de cetáceos, cujas informações para a região
são escassas, o mesmo é um dos representantes da Rede de Encalhes de Mamíferos
Aquáticos do Nordeste para o Estado. Sendo os objetivos dessa pesquisa: a) Identificar as
espécies de cetáceos que ocorrem no litoral do RN, através do atendimento a encalhes ao
longo do litoral e do levantamento da ocorrência de encalhes junto aos órgãos
governamentais e não governamentais; b) Verificar a freqüência de encalhes das espécies
de cetáceos e a distribuição espaço-temporal dos encalhes; c) Verificar se existe diferença
entre os comprimentos totais dos machos e fêmeas de Sotalia guianensis encalhados e
identificar a classe de tamanho que encalha com maior freqüência. Os dados obtidos
referem-se ao período de 1984 a 2005, resultando em registro 118 encalhes de cetáceos,
um deles em massa, ocorrendo 14 espécies. Os encalhes no litoral sul foram
significativamente mais freqüentes (78,8%); S. guianensis foi significativamente à espécie
de maior ocorrência. Dados primários de atendimento a encalhes identificaram 12 espécies
e um gênero - S. guianensis, Steno bredanensis, Tursiops truncatus, Stenella clymene,
Kogia sima, Ziphius cavirostris, Stenella attenuata, Physeter macrocephalus, Megaptera
novaeangliae, Stenella longirostris, Kogia breviceps, Peponocephala electra e
Globicephala sp. A espécie significativamente mais freqüente foi o S. guianensis
representando 64,64 % do número total de encalhes, sendo 50% dos exemplares machos,
21,87% fêmeas e 28,13% não identificados; os encalhes ocorreram 85,9% na área sul
apresentando diferença significativa quando comparado as outras áreas. Para os animais
adultos a variação do comprimento total dos espécimes foi entre 78,5 cm e 200 cm, o
comprimento total médio de 184,32cm (n = 31), machos 183 cm (n = 18) e fêmeas
186,64cm (n = 7), não apresentando diferença significativa. O maior número de animais
encalhados apresentou comprimento entre 181cm a 190cm (n=19); em 26,6% dos
espécimes com indícios de interação antrópica; 54,7% foram encontrados em avançado
estado de decomposição. Dados secundários a partir do levantamento resultaram em sete
espécies identificadas e um gênero: P. macrocephalus, G. macrorhynchus, S. guianensis,
Pseudorca crassidens, S. attenuata, S. longirostris, S. bredanensis, Kogia sp.; As duas
primeiras são significativamente mais freqüente. A distribuição mensal dos encalhes
apresentou maior freqüência entre os meses de agosto a março, com picos em outubro,
dezembro e janeiro.
17
INTRODUÇÃO
Os mamíferos aquáticos no Brasil são representados atualmente por 50 espécies diferentes,
distribuídas em três ordens: Cetacea (baleias e golfinhos), Sirenia (peixes-boi) e Carnivora
(Pinnipedia: focas, lobos, leões e elefantes marinhos; Mustelidae: lontras e ariranhas)
(IBAMA 2001). A distribuição das espécies de mamíferos aquáticos não é aleatória,
algumas são exclusivamente, ou principalmente, encontradas em profundidades, faixas de
temperatura e regimes oceanográficos específicos, não ocorrendo na falta de um desses
fatores. Para muitas espécies, entretanto, são pouco conhecidos os fatores que determinam
a sua distribuição em uma área, mas não em outra qualitativamente igual (JEFFERSON et
al.1993).
Os cetáceos pertencem à ordem Cetacea, sendo distribuídos em duas subordens viventes,
Mysticeti (cetáceos com barbatanas) e Odontoceti (cetáceos com dentes) (JEFFERSON et al.
1993, HETZEL & LODI 1993, RICE 1998). Para essa ordem, diversos fatores ecológicos
influenciam a sua distribuição, como por exemplo, a temperatura, profundidade e
velocidade das correntes da água; as mudanças climáticas; o relevo do fundo, e a
disponibilidade de alimento. As zonas climáticas dos oceanos (antárticas, árticas,
subantárticas, subárticas, temperadas frias, temperadas quentes, subtropicais e tropicais)
também influenciam a distribuição desses animais (HETZEL & LODI 1993).
Os primeiros estudos sistemáticos com cetáceos se deu a partir de carcaças remonta ao
período da atividade baleeira no século XIX, tendo como alvo principal os misticetos.
Através da análise dessas carcaças foi possível ter informações sobre o comportamento
(organização social, estratégias de acasalamento, composição de grupo e outros) e a
biologia (idade, sexo, maturação, tamanho, anatomia e outros) destes animais (SAMUELS &
18
TYACK 2000). Atualmente, o monitoramento de encalhes e o estudo das carcaças ainda é
uma das principais fontes de informações sobre a ocorrência, diversidade, biologia e
ecologia da maioria das espécies de mamíferos marinhos.
O encalhe é um evento descrito para os mamíferos exclusivamente aquáticos (cetáceos e
sirênios), podendo ocorrer com animais ainda vivos, ou já depois de mortos. No primeiro
caso, o animal não consegue retornar à água, acabando por ficar retido na praia e muitas
vezes aí morrer (JEFFERSON et al. 1993). Um encalhe pode ser classificado como individual
(apenas um animal) ou em massa, quando dois ou mais animais encalham ao mesmo tempo
e local. Uma exceção é o encalhe do par fêmea-filhote considerado como um encalhe
individual dada à dependência do filhote em relação à sua mãe (GERACI & LOUNSBURY
1993, HETZEL & LODI 1993).
No litoral do Estado do Rio Grande Norte, desde 1999 o Projeto Pequenos Cetáceos
(PPC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), realiza atendimentos a
encalhes de cetáceos. O PPC faz parte da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do
Nordeste (REMANE), criada em 28 de junho de 2000 através da Portaria Ibama, Nº 039. A
REMANE abrange instituições dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. No Estado do Rio Grande do Norte, três
instituições são os representantes da REMANE fazendo parte de seu comitê gestor e
responsáveis pelo atendimento aos encalhes ao longo do litoral: UFRN, através do Projeto
Pequenos Cetáceos; Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), através do
Projeto Cetáceos da Costa Branca e Reserva Biológica do Atol das Rocas/ IBAMA.
No litoral do Rio Grande do Norte, antes das atividades desenvolvidas pelo PPC, os
esforços voltados ao monitoramento e coleta de dados sobre mamíferos aquáticos eram
19
ocasionais ou inexistentes, tendo sido esta área identificada como pouco conhecida
faunisticamente e que sofre pressão antrópica (interação com a pesca) (ZERBINI et al.
1999). ZERBINI et al. (1999) sugerem ainda, que nas zonas costeiras e oceânicas do
Estado, deveriam ser obtidas e monitoradas informações sobre a composição das espécies,
distribuição espacial, flutuações temporais de ocorrência, densidade, abundância e
estrutura de estoques.
Atualmente, ainda são escassos os estudos realizados no Estado do Rio Grande do Norte
que relatam a ocorrência de cetáceos. Muitos desses estudos podem ser encontrados em
periódicos restritos, não acessíveis a grande parte da comunidade científica. Sendo assim,
são objetivos desse trabalho realizar um levantamento das espécies de cetáceos que
ocorrem no litoral do Rio Grande do Norte através de animais encalhados e identificar qual
a espécie é mais freqüente e determinar a proporção sexual e padrões morfométricos entre
os exemplares encalhados.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
O litoral do Estado do Rio Grande do Norte apresenta 410 km de extensão que foi dividido
neste estudo em setores, setentrional e oriental (MARCELINO. 2003), e este subdividido em
área sul e norte, tendo como referência a localização da capital, Natal (Fig. 1). A área sul
abrange a extensão entre a praia do Forte situada na capital do Estado (S 05° 45' 44,0'' e W
035° 11' 56,2'') e a praia de Sagi localizada na divisão com o estado da Paraíba (S 06° 28'
47,7'' e W 034° 58' 19,7''). A área norte abrange a praia da Redinha (S 05° 44' 04,1'' e W
035° 12' 23,5'') até a praia de São Miguel do Gostoso (S 05° 06' 43,0'' e W 035° 40' 11,8'').
A área noroeste corresponde à praia de São Miguel do Gostoso até a praia de Tibau
20
localizada na divisão com o estado do Ceará (S 04° 50' 16,0'' e W 037° 15' 12,5'').
Inserir Figura 1
Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada através de: a) atendimentos de encalhes realizados pelo
PPC no período de 1999 a 2005, considerados como dados primários; b) consultas aos
relatórios internos de atendimento a encalhes pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA-RN), ao material osteológico presente na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), consultas a arquivos de jornais da
cidade do Natal (arquivos fotográficos e reportagens) e levantamento bibliográfico
referente a o registro de encalhes para o litoral do RN, estes considerados como dados
secundários e referem-se ao período de 1984 a 2005.
- Dados Primários
No período de 1999 a 2005, o Projeto Pequenos Cetáceos (PPC) criou uma rede de
informantes para a obtenção de dados sobre a ocorrência de encalhes, através da
distribuição de adesivos e panfletos junto às comunidades e aos profissionais da área do
turismo, que percorrem diariamente parte do litoral do RN, sendo mais freqüentes nas
áreas sul e em parte do norte do litoral oriental, e a área setentrional é raramente
percorrida por ser a mais afastada da capital Natal de onde partem os passeios. Os adesivos
e panfletos orientavam as pessoas a ligarem para os números de telefones disponibilizados
ao encontrar um animal encalhado. Quando notificados de uma ocorrência, a equipe do
Projeto Pequenos Cetáceos, formada por pessoas treinados e devidamente equipada
21
deslocava-se ao local do encalhe.
Inicialmente, fazia-se a observação da carcaça para a sua identificação e se verificava a
presença de marcas ao longo do corpo do animal. Para a identificação da espécie foram
observadas as características morfológicas externas essenciais, como coloração, tamanho e
pigmentação do rostro e do corpo, formato do melão, formato e localização da nadadeira
dorsal e número de dentes, utilizando guias de identificação para cetáceos (JEFFERSON et
al. 1993, HETZEL & LODI 1993). Após a identificação, foram feitas fotografias com
destaque a estas características e evidências da possível causa mortis, como marca de rede,
corte de faca, mutilações causadas por hélices de embarcações, ferimento causado por
predador e presença de ectoparasitos.
Foi realizada a morfometria dos animais, segundo o Plano de Ação de Mamíferos
Aquáticos do Brasil (IBAMA 2001). Posteriormente, as carcaças foram transportadas para a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde foram realizadas necropsias para
verificar a possível causa mortis. Estas carcaças foram enterradas no terreno do Centro de
Biociências para posterior obtenção do material osteológico, sendo tombadas no acervo do
PPC.
Para a classificação das carcaças quanto à faixa etária (adulto e imaturo) aplicada aos
exemplares de Sotalia guianensis encalhados no litoral do RN, foi utilizado como
referência os resultados obtidos por ROSAS & MONTEIRO-FILHO (2002) no qual analisam
aspectos reprodutivos de S. guianensis na região sul do Brasil. Através da análise
microscópica das gônadas permitiu afirmar que machos atingem a maturidade sexual entre
170 e 175 cm de comprimento total e que as fêmeas entre 164 e 169 cm, sendo os menores
valores (machos- 170 cm e fêmeas -164 cm) utilizados no presente estudo para definir os
22
animais adultos.
- Dados Secundários
Foram consultados relatórios de atividades de campo sobre o atendimento a encalhes de
cetáceos pelo IBAMA-RN, dos quais foram obtidas informações sobre a espécie, o local e
a data de encalhe. Na UFRN (Museu Câmara Cascudo, Museu de Anatomia Comparada,
Laboratório de Zoologia e Departamento de Oceanografia e Limnologia) foi consultado o
acervo osteológico (crânios) de cetáceos. O material foi fotografado e identificado
mediante o uso de guia de identificação (JEFFERSON et al. 1993). Foram realizadas
consultas aos arquivos de jornais locais do município de Natal, para obter informações
referentes ao período de 1984 a 2005, sobre as ocorrências de encalhes no litoral do
Estado, tais como espécie encalhada, local, data e ano de encalhe. E ainda um
levantamento bibliográfico que relatassem a ocorrência de encalhes de cetáceos para o
litoral. Foi realizada uma revisão nas identificações das espécies, o que permitiu correções
de espécie identificadas erroneamente.
Análise Estatística
Para comparação de freqüências observadas foi utilizado o teste não-paramétrico do qui-
quadrado ( 2). Para comparação do comprimento dos animais foi utilizado o teste
paramétrico ANOVA one-way. O nível de significância adotado para todos os testes foi
p<0.01.
RESULTADOS
Considerando as duas fontes de dados (primários e secundários), foram registrados 118
encalhes de cetáceos, no período de 1984 a 2005, no litoral do RN. Sendo que um desses
encalhes foi em massa, com cinco indivíduos de Globicephala macrorhyncus na área norte
23
(praia de São Miguel do Gostoso) registrado por Hetzel e Lodi (1993). Os encalhes
totalizaram 122 exemplares, dos quais 111 foram identificados quanto à espécie. Um total
de 14 espécies diferentes de cetáceos foram identificadas ao longo do litoral do Estado do
Rio Grande do Norte (TABELA I e FIG. 2).
Inserir Tabela I e Figura 2
Encalhes na área sul do Estado foram significativamente mais freqüentes, com 78,8% dos
registros (n= 93), seguido pela área norte com 19,5 % (n= 23) e apenas 1,7 % na área
setentrional (n= 2) (n =118; 2= 115,45; p < 0.01).
As espécies de ocorrência mais freqüente foram: Sotalia guianensis Van Bénéden 1864
que correspondeu a 53,27 % (n= 65) das ocorrências; Physeter macrocephalus Linnaeus,
1758 a 5,73 % (n= 7); Steno bredanensis Lesson, 1828 a 4,91% (n= 6); e Globicephala
macrorhynchus Gray, 1846 a 4,91% (n= 6) (FIG. 3). Sotalia guianensis foi
significativamente a espécie de ocorrência mais freqüente (n =118; 2= 447; p < 0.01).
Inserir Figura 3
- Análise dos dados primários
Foram registradas 12 espécies e uma identificada apenas quanto o gênero, sendo 12
espécies de odontocetos e 1 de misticeto. Um total de 99 encalhes foram registrados, dos
quais 64 foram da espécie S. guianensis; 5 S. bredanensis Lesson, 1828; 4 Tursiops
truncatus Montagu, 1821; 3 Stenella clymene Gray, 1846; 3 Kogia sima Owen, 1866; 3
Ziphius cavirostris Cuvier, 1823; 3 Globicephala sp; 2 S. attenuata; 2 P. macrocephalus; 2
Megaptera novaeangliae Borowski, 1781; 1 S. longirostris; 1 Kogia breviceps De
Blainvillei, 1838; 1 Peponocephala electra Gray, 1846; e 5 exemplares de cetáceos não
24
identificados. Também para os dados primários, S. guianensis foi a espécie de ocorrência
significativamente mais freqüente (n = 99; 2= 532,73; p < 0.01).
Para a espécie S. guianensis, foi realizada uma análise comparando a freqüência entre os
sexos dos animais encalhados. A análise mostrou que os machos encalham
significativamente mais (n = 64; 2= 8,37; p < 0.01), visto que 50% dos exemplares eram
machos (n=32); 21,87% fêmeas (n= 14) e 28,13% dos exemplares não foram identificados
quanto ao sexo (n= 18) - dado o avançado estado de decomposição e/ou porque
apresentava mutilações na região ventral próximo a abertura urogenital.
Dos encalhes da espécie S. guianensis, 85,9% (n= 55) ocorreram na área sul do litoral e
14,1% (n= 9) na área norte, com diferença significativa nessa comparação (n = 64; 2=
33,06; p < 0.01).
Ainda para a espécie, foi medido o comprimento total (CT) dos exemplares encalhados,
nos casos em que as condições do animal permitiram tal medição, registrando-se animais
entre 78,5 e 200 cm.
Para os animais classificados como adultos, o comprimento total médio foi de 184,32 cm;
dp= ± 8,31 cm (n = 31). A média do comprimento total dos exemplares de machos
classificados como adultos foi de 183,0 cm (n = 18; dp= ± 7,2; máx= 194 cm) e a média do
comprimento total dos exemplares fêmeas adultas 186,64 cm (n = 7; dp= ± 9,7; máx=
195,5 cm). Para 19,35% (n=6) dos animais adultos não foi possível identificar o sexo, com
média do comprimento total de 185,58 cm ; dp= ± 8,81 cm. A ANOVA não revelou há
diferença significativa no CT entre os sexos, nem entre os sexos e os animais não
identificados (F= 0,53; p= 0,59). Para os animais imaturos (n=11), sendo 27,3 % de fêmeas
25
(n=3), 54,5 % machos (n= 6) e 18,2% não identificados (n= 2), o comprimento total variou
entre 78,5 e 169cm.
A classe de comprimento com maior número de animais encalhados foi a que inclui os
exemplares que variam de 181cm a 190cm (n=19) (Figura 4).
Figura 4
Dezessete (26,6%) espécimes de S. guianensis apresentaram evidências de interação
antrópica, mas não foi possível averiguar se tinha relação com a morte do animal e 54,7%
espécimes (n= 35) foram encontrados em estado avançado de decomposição, o que
impediu a verificação de marcas, enquanto 18,7% não apresentaram qualquer evidência
(n= 12). Um exemplar de S. bredannensis também apresentou esse tipo de evidência.
- Análise dos dados secundários
Foram registrados 19 eventos de encalhes, sendo 17 de odontocetos e seis de cetáceos não
identificados. No total foram identificadas sete espécies e uma apenas quanto ao gênero: P.
macrocephalus (n=5), G. macrorhynchus (n= 6), S. guianensis (n=1), Pseudorca
crassidens Owen, 1846 (n= 1), Stenella attenuata Gray, 1846 (n=1), Stenella longirostris
Gray, 1828 (n=1), S. bredanensis (n=1), Kogia sp (n=1) e 6 cetáceos não identificados. Há
um único registro de encalhe em massa, de cinco exemplares de baleia piloto de peitorais
curtas, G. macrorhynchus, que ocorreu na Praia de São Miguel do Gostoso, relatado por
Hetzel e Lodi (1993).
26
Distribuição espaço-temporal de encalhes de cetáceos
A partir de 2000 houve um maior número de registros de encalhes (FIG. 5), tanto nas praias
da área sul quanto nas da área norte do litoral do RN, com maior freqüência de encalhes na
área sul. Em relação à distribuição mensal da ocorrência de encalhes, foi observado que a
maior freqüência de encalhes ocorreu entre os meses de agosto a março, com picos em
outubro, dezembro e janeiro, além do que existe diferença significativa da freqüência de
encalhes entre os meses ( n= 117; 2= 23,61; p< 0,01) (FIG. 6).
Inserir Figuras 5 e 6
DISCUSSÃO
No período de estudo a maior parte dos dados de encalhes foi proveniente dos
atendimentos realizados pelo Projeto Pequenos Cetáceos (PPC). Isso mostra a importância
de um trabalho contínuo no litoral, visto que algumas espécies são difíceis de serem
registradas em seu habitat, sendo muito delas até hoje registradas através de carcaças
encontradas nas praias.
Foram registrados encalhes em todas as áreas do litoral, com baixa quantidade de eventos
para a área setentrional e a área norte do litoral oriental. Isso provavelmente se deve ao fato
de um menor esforço amostral nessas áreas, visto que a área norte não é percorrida por
completo pelos passeios turísticos (principal fonte de informação dos dados primários) e a
setentrional, por ser mais afastada é raramente percorrida, acontecendo o inverso para a
área sul. SILVA & SEQUEIRA (2003) na costa de Portugal e MCLELLAN et al. (2002), na
costa atlântica dos Estados Unidos usando banco de dados provenientes de redes de
encalhes e LÓPEZ et al. (2002) no litoral da Espanha na região da Galícia percorrendo o
litoral e repasse de informações por terceiros (pescadores, polícia e órgãos ambientais)
27
relatam que devido ao esforço amostral não homogêneo entre as áreas estudadas, têm-se
diferenças no número de registros entre elas. A ocorrência de encalhe de pequenos
cetáceos e/ou carcaças em avançado estado de decomposição também podem passar
despercebidas pelas comunidades costeiras ou pelos profissionais da área do turismo, que
percorrem diariamente parte do litoral.
A espécie S. guianensis apresentou o maior número de registro de encalhes para o litoral
do RN. O elevado número de machos encalhados pode sugerir uma segregação entre os
sexos, assim como o elevado número de animais maduros uma segregação por idade.
SPINELLI et al. (2002) registrou para população de S. guianensis que freqüenta o interior
das enseadas na da Praia de Pipa, litoral sul do Rio Grande do Norte, grupos com média de
4,2 indivíduos e neles adultos acompanhados freqüentemente por filhotes. SILVA &
SEQUEIRA (2003) e LÓPEZ et al. (2002) sugerem a existência de segregação de sexo e idade
(maturação sexual) para diferentes populações de Delphinus delphis, nos quais machos
imaturos a maduros apresentam alta taxa de mortalidade, o que pode estar relacionada com
a dispersão e competição imposta ou ainda um excesso de machos imaturos causados pela
proporção sexual desigual ao nascer o que tenderia a diminuir com o aumento da idade. O
que indicaria a formação de grupos de imaturos, imaturos como machos maduros e grupos
de fêmeas maduras agrupadas a filhotes bem pequenos.
Uma alta porcentagem dos animais foi encontrada em avançado estado de decomposição o
que inviabilizou a identificação do sexo, comprimento e indícios que estejam relacionados
a sua morte, como evidências de interação como a atividade humana, o que também é
relatado por SANTOS et al. (2003) e SILVA & SEQUEIRA (2003). É esperado que o processo
de decomposição das carcaças seja mais rápido nas regiões próximas a Linha do Equador,
28
sendo o caso do Rio Grande do Norte, onde ò calor é mais intenso, acelerando os processo
bioquímicos.
A variação do comprimento total apresentada nesse estudo é semelhante ao obtido por
SANTOS et al. (2003), ROSAS et al. (2003) e DI BENEDITTO & RAMOS (2004) para
exemplares de Sotalia guianensis em populações que ocorrem no sudeste e sul do Brasil. A
média de comprimento para indivíduos adultos de S. guianensis, da forma marinha, é de
170 cm (n= 17) registrado por DA SILVA & BEST (1996). O presente estudo apresentou
valor maior, o que pode ser explicado pela existência de variações geográficas para as
populações ao longo de sua distribuição. A não diferença entre os sexos reforça a ausência
de dimorfismo sexual para a espécie, como já apontado por outros autores (ROSAS &
MONTEIRO-FILHO, 2002).
Diversos espécimes de S. guianensis apresentaram evidências de interação com atividades
humanas. Essa espécie, em sua distribuição ao longo da costa brasileira, é considerada
como a espécie que sofre o maior impacto pela captura acidental devido a seu hábito
costeiro, sendo a espécie de maior ocorrência em encalhes (BARROS & TEXEIRA 1994,
SICILIANO 1994, MONTEIRO-NETO et al. 2000, DI BENEDITTO 2003). Situação semelhante
acontece com a Pontoporia blainvillei Gervais & d’Orbigny 1844, na região sudeste e sul
do Brasil (SICILIANO 1994; DI BENEDITTO et al. 2001, BERTOZZI & ZERBINI 2002).
Além da espécie S. guianensis, Steno bredanensis também apresentou neste estudo
evidências de interações com atividade humana. A mesma é registrada em áreas costeiras e
há registros de capturas acidentais para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Ceará (HETZEL & LODI 1993, SICILIANO 1994, LODI
29
& HETZEL 1998, MONTEIRO-NETO et al. 2000, DI BENEDITTO 2003). As espécies oceânicas
registradas não mostraram evidências de interações.
O aumento do número de encalhes no litoral do RN registrados a partir do ano 2000 se
deve ao início das atividades de atendimento a encalhes e campanhas de divulgação. O
mesmo foi relatado por LÓPEZ et al. (2002) e SILVA & SEQUEIRA (2003) em suas áreas de
estudo.
A distribuição mensal dos registros de encalhes apresentou três picos (outubro, dezembro e
janeiro), alguns meses coincide com o aumento da atividade turística e ao período de
férias escolares, sendo mais intensa a presença de veranistas nas praias nesse período.
Segundo Eduardo Cavalcanti (com. pess.) presidente do Sindicato e Cooperativa dos
bugueiros de Natal, a atividade é mais intensa nos meses de dezembro, janeiro e julho.
COX et al. (1998) e LÓPEZ et al. (2002) relacionam ter um aumento do número de registros
de encalhes em períodos específicos do ano relacionado às condições climáticas, sendo
mais provável de ser observado no verão quando a atividade recreativa na linha costeira é
mais intensa. Na costa de portuguesa, SILVA & SEQUEIRA (2002) associaram o aumento do
número de encalhes em um determinado período do ano às condições oceanográficas e do
tempo.
Sendo o litoral do RN localizado em uma região tropical a qual é conhecida por apresentar
grande diversidade de espécies e estas não apresentam grandes densidades populacionais
comparadas com outras regiões, através desse estudo podemos considerar uma grande
diversidade de cetáceos para a nossa região e que através de esforço mais homogêneo
possamos relacionar as ocorrências das espécies a algum fator.
30
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos a CAPES/MEC e PPG em Bioecologia Aquática/UFRN pela bolsa de
mestrado concedida. A todos os membros do PPC-RM, a equipe de encalhes, e voluntários,
pelo empenho nos eventos de encalhes. Ao veterinário José Flávio V. Coutinho/UFRN que
quando possível auxiliou as necropsias. Aos funcionários do IBAMA-RN e a todos que
trabalham nas praias, que são importantes fontes de informações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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35
Tabela I -
Nome Comum Nome Científico
Baleia jubarte Megaptera novaeangliae Borowski, 1781
Cachalote Physeter macrocephalus Linnaeus , 1758
Cachalote-anão Kogia sima Owen, 1866
Cachalote-pigmeu Kogia breviceps De Blainville,1838
Baleia-bicuda-de-cuvier Ziphius cavirostris Cuvier, 1823
Baleia-piloto-de-peitorais-curtas Globicephala macrorhynchus Gray, 1846
Falsa-orca Pseudorca crassidens Owen, 1846
Golfinho-cabeça-de-melão Peponocephala electra Gray, 1846
Golfinho-rotador Stenella longirostris Gray, 1828
Golfinho-climene Stenella clymene Gray, 1850
Golfinho-pintado-pantropical Stenella attenuata Gray, 1846
Golfinho-de-dentes-rugosos Steno bredanensis Lesson, 1828
Golfinho-nariz-de-garrafa Tursiops truncatus Montagu, 1821
Boto-cinza Sotalia fluviatilis Gervais, 1853
(Status de conservação: as duas primeiras consideradas vuneráveis e as outras dados insuficiente IUCN, 2006)
36
Figura 1 –
37
e) f)
c) d)
a) b)
Figura 2 –
38
23
6
13
1 1
7
1
65
3 32
64 3
11
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
52
56
60
64
68
72
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Espécies
Nº
de a
nim
ais
en
calh
ad
os
1 - M. novaeangliae
2 - Globicephala sp.
3 - G. macrorhynchus
4 - Kogia sp
5 - K. simus
6 - K. breviceps
7 - P. electra
8 - P. macrocephalus
9 - P. crassidens
10 - S. guianensis
11 - S. attenuata
12 - S. clymene
13 - S. longirostris
14 - S. bredanensis
15 - T. truncatus16 - Z. cavirostris
17 -Cetáceos ñ identificado
Figura 3 –
39
1 1
0
1
0
1
0 0
4
8
3
19
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
71-80 81-90 91-100 101-110 111-120 121-130 131-140 141-150 151-160 161-170 171-180 181-190 191-200 201-210
C LA SSES D E T A M A N H O (cm)
Figura 4 -
40
(1984-2005)
8
11
8
21
26
22
423
1001
32
011
011
2
0
2
4
68
10
12
14
16
18
2022
24
26
281984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Anos
Nº
de
even
tos d
e e
ncalh
es
Figura 5 -
41
Ocorrência de encalhes por mês
19
4
15
1111
45
9
6
1010
13
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
1984-2005
Nº
de
even
tos d
e
en
calh
es
Figura 6 –
42
Legendas
Tabela I – Lista das 14 espécies de cetáceos encalhados no RN durante 1984 a 2005.
Tabela II – Dados sobre os espécimes de S. guianensis encalhados no litoral do RN, no período de 1999 a 2005
Figura 1 – Litoral do Rio Grande do Norte, dividida em setores: setetrional e oriental, este
subdividido em área sul e norte.
Figura 2 – Espécies de cetáceos de encalhados no litoral do Rio Grande do Norte,
registrados durante o monitoramento – a) Steno bredanensis b) Sotalia guianensis c) Kogia
breviceps d) Ziphius cavirostris e) Physeter macrocephalus f) Stenella clymene.
Figura 3 – Números de animais encalhados separados por espécies no litoral do Rio
Grande do Norte, no período de 1984 a 2005.
Figura 4 – Freqüência de S. guianensis encalhados por classe de tamanho.
Figura 5 – Ocorrência de encalhes de cetáceos ao longo dos anos, no período de 1984 a
2005.
Figura 6 – Ocorrência de encalhes distribuídos mensalmente ao longo do período de 1984
a 2005.
43
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há uma ampla diversidade de espécies de cetáceos no litoral do RN, evidenciado
pela diversidade de espécies encalhadas.
A presença de um projeto que realiza um atendimento a encalhes, com divulgação
com profissionais de turismo e comunidade foi responsável pelo aumento de
registros de encalhes nesse período, importância desse trabalho.
Sotalia guianensis é a espécie que mais encalha e vários espécimes apresentaram
indícios da interação antrópica. E o estudo das carcaças permitiu analisar se há
diferença na proporção de machos e fêmeas que encalham e comparar seus
tamanhos, e mostrou não haver dimorfismo no tamanho para a espécie.
Algumas espécies foram encontradas com indícios da interação antrópica, e apesar
de não ter sido possível confirmar estas como a causa da morte, considerando
outros estudos em outras regiões este fato sugere investigação específica.
44
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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48
ANEXOS
49
Anexo I – Normas de submissão de manuscrito à Revista Brasileira de Zoologia.
Escopo e política
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SBZ, destina-se a publicar artigos científicos originais em Zoologia de sócios quites com a
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respectivos algarismos arábicos para remissões; 3) resumo em inglês, incluindo o título do
artigo se o mesmo for em outro idioma; 4) palavras chaves em inglês, no máximo cinco,
em ordem alfabética e diferentes daquelas utilizadas no título do artigo.
Os nomes de gênero(s) e espécie(s) são os únicos do texto em itálico. A primeira citação de
um taxa no texto, deve vir acompanhada do nome científico por extenso, com autor e data
(de vegetais, se possível), e família.
Citações bibliográficas devem ser feitas em caixa alta reduzida (VERSALETE) e da
seguinte forma: SMITH (1990), SMITH (1990: 128), LENT & JUBERG (1965),
GUIMARÃES et al. (1983), artigos de um mesmo autor devem ser citados em ordem
cronológica.
50
ILUSTRAÇÕES E TABELAS
Fotografias, desenhos, gráficos e mapas serão denominados figuras. Desenhos e mapas
devem ser feitos a traço de nanquim ou similar. Fotografias devem ser nítidas e
contrastadas e não misturadas com desenhos. A relação de tamanho da figura, quando
necessária, deve ser apresentada em escala vertical ou horizontal.
As figuras devem estar numeradas com algarismos arábicos, no canto inferior direito e
chamadas no texto em ordem crescente, montadas em cartolina branca, devidamente
identificadas no verso, obedecendo a proporcionalidade do espelho (17,0 x 21,0 cm) ou da
coluna (8,3 x 21,0 cm) com reserva para a legenda.
Legendas de figuras e tabelas devem ser digitadas em folha à parte, sendo para cada
conjunto um parágrafo distinto.
Gráficos gerados por programas de computador, devem ser inseridos como figura no final
do texto, após as tabelas, ou enviados em arquivo em separado, sem a utilização de caixas
de texto.
Tabelas devem ser geradas a partir dos recursos de tabela do editor de texto utilizado,
numeradas com algarismos romanos e inseridas após a última referência bibliográfica
da seção Referências Bibliográficas ou em arquivo em separado.
Figuras coloridas poderão ser publicadas com a diferença dos encargos custeada pelo(s)
autor(es).
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos, indicações de financiamento e menções de vínculos institucionais devem
ser relacionados antes do item Referências Bibliográficas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
As Referências Bibliográficas, mencionadas no texto, devem ser arroladas no final do
trabalho, como nos exemplos abaixo.
Periódicos devem ser citados com o nome completo, por extenso, indicando a cidade
onde foi editado.
Não serão aceitas referências de artigos não publicados (ICZN, Art. 9).
Periódicos
NOGUEIRA, M.R.; A.L. PERACCHI & A. POL. 2002. Notes on the lesser white-lined
51
bat, Saccopteryx leptura (Schreber) (Chiroptera, Emballonuridae), from southeastern
Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, 19 (4): 1123-1130.
LENT, H. & J. JURBERG. 1980. Comentários sobre a genitália externa masculina em
Triatoma Laporte, 1832 (Hemiptera, Reduviidae). Revista Brasileira de Biologia, Rio de
Janeiro, 40 (3): 611-627.
SMITH, D.R. 1990. A synopsis of the sawflies (Hymenoptera, Symphita) of America
South of the United States: Pergidae. Revista Brasileira de Entomologia, São Paulo, 34
(1): 7-200.
Livros
HENNIG, W. 1981. Insect phylogeny. Chichester, John Wiley, XX+514p.
Capítulo de livro
HULL, D.L. 1974. Darwinism and historiography, p. 388-402. In: T.F. GLICK (Ed.). The
comparative reception of Darwinism. Austin, University of Texas, IV+505p.
ENCAMINHAMENTO
Os artigos enviados à RBZool serão protocolados e encaminhados para consultores. As
cópias do artigo, com os pareceres emitidos serão devolvidos ao autor correspondente para
considerar as sugestões. Estas cópias juntamente com a versão corrigida do artigo impressa
e o respectivo disquete, devidamente identificado, deverão retornar à RBZool. Alterações
ou acréscimos aos artigos após esta fase poderão ser recusados. Provas serão enviadas
eletronicamente ao autor correspondente.
SEPARATAS
Todos os artigos serão reproduzidos em 50 separatas, e enviadas gratuitamente ao autor
correspondente. Tiragem maior poderá ser atendida, mediante prévio acerto de custos com
o editor.
EXEMPLARES TESTEMUNHA
Quando apropriado, o manuscrito deve mencionar a coleção da instituição onde podem ser
encontrados os exemplares que documentam a identificação taxonômica.
RESPONSABILIDADE
O teor gramatical, independente de idioma, e científico dos artigos é de inteira
responsabilidade do(s) autor(es).
52
Anexo II - Trabalhos apresentados na 11ª Reunião de Trabalhos de Especialistas emMamíferos Aquático da América do Sul, 2004, Quito – Equador.
a)
53
b)
54
Anexo III - Trabalhos apresentados no III Congresso Brasileiro de Mastozoologia, 2005.
a) PANSARD, K. C. A. ; MEDEIROS, P. I. A. P. ; NASCIMENTO, L. F. ; SANTOS JR,E. ; MACEDO, C. S. ; Gondim, M. A. ; Vaske, T. ; Coutinho, J. F. V. ; CHELLAPPA, S. ;YAMAMOTO, M. E. . Ocorrência de Ziphius cavirostris (G. Cuvier, 1823) no litoral do Rio Grande do Norte (RN), Nordeste do Brasil. In: III Congresso Brasileiro de Mastozoologia, 2005, Aracruz-ES. Resumos do III Congresso Brasileiro deMastozoologia, 2005. v. 1. p. 67
55
b) ANANIAS, S. M. A. ; MEDEIROS, P. I. A. P. ; NASCIMENTO, L. F. ; SANTOS JR, E. ; Gondim, M. A. ; MACEDO, C. S. ; de Jesus, A. H. ; YAMAMOTO, M. E. ; CHELLAPPA, S. . Primeiro registro de Kogia breviceps (De Blainville, 1838) (Cetacea: Kogiidae) para o litoraldo Estado do Rio Grande do Norte -RN.. In: III Congresso Brasileiro de Mastozoologia, 2005, Aracruz - ES. Resumo do III Congresso Brasileiro de Mastozoologia, 2005. v. 1. p.88
56
Anexo III - Trabalho apresentado no VII Congresso do Brasil de Ecologia, 2005.
57