dissertação correlaÇÃo entre fibrilaÇÃo atrial … · 3 bibliotecária responsável: marlene...

72
Dissertação CORRELAÇÃO ENTRE FIBRILAÇÃO ATRIAL PAROXÍSTICA E SINTOMAS NA MONITORIZAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA AMBULATORIAL DE 24 HORAS Marcelo Lapa Kruse

Upload: phungcong

Post on 01-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Dissertação

CORRELAÇÃO ENTRE FIBRILAÇÃO ATRIAL PAROXÍSTICA

E SINTOMAS NA MONITORIZAÇÃO

ELETROCARDIOGRÁFICA AMBULATORIAL DE 24 HORAS

Marcelo Lapa Kruse

2

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Medicina

Área de Atuação Cardiologia e Ciências da Saúde

CORRELAÇÃO ENTRE FIBRILAÇÃO ATRIAL PAROXÍSTICA

E SINTOMAS NA MONITORIZAÇÃO

ELETROCARDIOGRÁFICA AMBULATORIAL DE 24 HORAS

Autor: Marcelo Lapa Kruse

Orientador: Gustavo Glotz de Lima

Colaboradores: José Cláudio L. Kruse, Tiago Luiz L. Leiria,

Leonardo M. Pires, Caroline S. Gensas e Augusto Mantovani.

Dissertação submetida como

requisito para obtenção do grau de

Mestre ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Saúde,

Área de concentração: Cardiologia

ou Ciências Cardiovasculares, da

Fundação Universitária de

Cardiologia / Instituto de Cardiologia

do Rio Grande do Sul

Porto Alegre,

2010

3

Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva CRB 10/1850

K94c Kruse, Marcelo Lapa.

Correlação entre fibrilação atrial paroxística e sintomas na monitorização eletrocardiográfica ambulatorial de 24 horas / Marcelo Lapa Kruse ; orientação [por] Gustavo Glotz de Lima - Porto Alegre, 2010. 58f; tab.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2010.

1.Fibrilação atrial.2.Sintomas.3.Eletrocardiografia ambulatorial. 4.Arritmias cardíacas.5.Eletrofisiologia.I.Gustavo Glotz de Lima. II.Título.

CDU: 616.12-008.313

4

“Aos meus pais, Cláudio e Joice,

por tudo. À Tita, minha amada.

Ao Ricardo, meu irmão e

parceiro. Ao Gabriel, meu filho.”

5

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Gustavo Glotz de Lima, meu orientador, meu chefe,

meu professor de eletrofisiologia. Obrigado pelo incentivo, pelas idéias e

pelo apoio. Obrigado por todos os ensinamentos ao longo desses anos

que estamos juntos.

Ao meu pai que inspira diariamente meus passos e decisões

médicas, e, sobretudo pelos ensinamentos de vida, mais valiosos que

tudo que há. Obrigado pela análise dos quase 10.000 traçados de Holter,

material utilizado nesse trabalho.

Ao Dr. Tiago Luiz L. Leiria que teve participação fundamental no

desenvolvimento e conclusão desse trabalho.

Ao Dr. Leonardo M. Pires que me ajudou na revisão dos traçados

de Holter do nosso hospital.

Por fim, ao Instituto de Cardiologia do RS por ter me acolhido, onde

trabalho com muito orgulho e dedicação nesses últimos anos.

6

1- BASE TEÓRICA .............................................................................................................. 7

1.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8

1.2 FIBRILAÇÃO ATRIAL ............................................................................................ 9

1.2.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO ............................................................................... 9

1.2.2. SINTOMATOLOGIA ................................................................................................ 12

1.2.3. FISIOPATOLOGIA ................................................................................................... 13

1.2.4 EPIDEMIOLOGIA ...................................................................................................... 22

1.2.5 TRATAMENTO .......................................................................................................... 24

1.3 MONITORIZAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA AMBULATORIAL DE 24h ...... 32

2- JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ................................................................................. 36

2.2 Objetivos Gerais ........................................................................................................ 37

2.3 Objetivos Específicos .............................................................................................. 38

4-Artigo ................................................................................................................................ 49

Materiais e Métodos ......................................................... Erro! Indicador não definido.

7

1- BASE TEÓRICA

8

1.1 INTRODUÇÃO

A fibrilação atrial (FA) está associada a uma morbidade

significativa devido ao risco de fenômenos tromboembólicos, ao

desenvolvimento de insuficiência cardíaca e ocasionalmente a

presença de sintomas limitantes. A FA é a arritmia cardíaca

sustentada mais freqüente e, atualmente, ainda não tem um

tratamento ideal. Sua prevalência na população adulta é de 2% e

aumenta com a idade (1).

O melhor entendimento da fisiopatologia da FA

impulsionou o desenvolvimento de formas de tratamento não

farmacológicas nos últimos anos. A ablação das veias pulmonares e

seu substrato anatômico seguem sendo intensamente estudadas,

sendo que em muitos centros já são considerados tratamento de

primeira escolha (2).

Tais conquistas estimulam a adoção de novas

abordagens para FA, que, por sua complexidade e importância

clínica, representa o principal desafio para os eletrofisiologistas na

atualidade. Os agentes antiarrítmicos permanecem importantes

como abordagem inicial, e as técnicas não farmacológicas são

utilizadas apenas para os casos refratários à terapia medicamentosa

(3).

9

A presença de sintomas em pacientes com FA é muito

variável e não é raro um paciente apresentar FA sem a presença de

qualquer sintoma (4).

A monitorização eletrocardiográfica ambulatorial de 24h

(Holter) é uma ferramenta útil na averiguação da recorrência de

episódios de FA paroxística, bem como na correlação entre sintomas

e aparecimento de eventos arrítmicos.

Os fatores responsáveis pela presença de sintomatologia e a

frequência de episódios sintomáticos evidenciados por Holter de 24

horas ainda não foram descritos em nossa população.

1.2 FIBRILAÇÃO ATRIAL

1.2.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

A FA é uma arritmia supraventricular caracterizada pela

ativação atrial desorganizada com consequente deterioração da

função mecânica atrial. As manifestações clínicas resultam do ritmo

cardíaco irregular, frequência ventricular elevada, perda da

contratilidade atrial e fenômenos tromboembólicos. Há ausência de

ondas P no eletrocardiograma (ECG), as quais são substituídas por

onda “f” que variam de tamanho, forma e frequência. A frequência

ventricular ou resposta ventricular depende das propriedades

eletrofisiológicas do nó atrioventricular (AV) e do sistema de

condução intraventricular, ação de drogas, presença de feixe

acessório, assim como do tônus vagal e simpático. A presença de

10

FA está associada ao aumento da morbidade e mortalidade dos

pacientes (5).

Figura 1 - Representação da FA em traçado de ECG de repouso. Há ausência de ondas P que são substituídas por ondas “f”.

Figura 2 - Representação gráfica da FA paroxística em Holter de 24h realizado no Instituto de Cardiologia.

Existem diversas formas de classificar a FA. Até pouco tempo

atrás se diferenciava a FA crônica da aguda e paroxística. Pode-se

11

classificá-la com relação a outras patologias ou procedimento

cirúrgicos. Ela pode ser classificá-la também de acordo com a

etiologia valvular ou não-valvular. Atualmente é utilizada e bem

aceita a classificação proposta por John Camm que dividiu a FA em

três subgrupos: paroxística, permanente e persistente (6). FA

paroxística é definida como a presença de curtos episódios, com

menos de 48 horas de duração, recorrentes ou não, com reversão

espontânea ou facilmente revertida a ritmo sinusal. FA persistente é

caracterizada por ter duração acima de 48h, quando os episódios

são repetitivos, intercalados por curtos períodos em ritmo sinusal.

Quando se não se consegue ou se decide não mais tentar reversão

ao ritmo sinusal, classificamos a FA como permanente.

Figura 3 - Classificação da Fibrilação Atrial. (Adaptado das diretrizes AHA/ACC/ESC)16. * Episódios de FA com término espontâneo que normalmente duram menos que 7 dias e freqüentemente menos de 24 horas. # Normalmente episódios que duram mais de 7 dias e necessitam de ser revertidos química ou eletricamente. & Episódios onde a cardioversão falhou ou optou-se por não reverter.

12

1.2.2. SINTOMATOLOGIA

Uma das características da FA é o surgimento de sintomas

após iniciada a crise. A sintomatologia dos pacientes com FA ocorre

devido à ausência da contração atrial, à irregularidade da resposta

ventricular e, também, à frequência cardíaca elevada. A ausência de

contração atrial diminui o débito cardíaco em 20% a 30%, sendo

responsável pelas queixas de fadiga e intolerância aos esforços

físicos. O aumento da frequência cardíaca durante o esforço é uma

tentativa de compensar a falta de contração atrial. Comparando-se

grupos de pacientes sem cardiopatia, a diminuição da tolerância ao

esforço é maior naqueles com FA em relação aos indivíduos em

ritmo sinusal, sugerindo que a diminuição da capacidade física está

relacionada ao déficit hemodinâmico provocado pela arritmia (7).

Nos pacientes com FA aguda ou com alta resposta ventricular

pode haver sintomatologia muito exuberante. No entanto, já se sabe

que episódios assintomáticos são comuns, principalmente quando

gravações eletrocardiográficas prolongadas são realizadas (8).

Page e cols. descreveram, durante ECG transtelefônico de

rotina, a incidência de 18% de FA assintomática em pacientes com

história de FA , recebendo placebo e 13% nos pacientes recebendo

azimilide (9).

Packer e cols. avaliaram a qualidade de vida de pacientes

submetidos a ablação de FA e verificaram que apesar de 70% dos

pacientes permanecerem livres de FA, a qualidade de vida em longo

13

prazo melhorou em 90% do total de pacientes, o que nos leva a

considerar um potencial efeito placebo desse tipo de abordagem

terapêutica ou transição para uma fase assintomática da FA (10).

Quando tratamos de pacientes com FA que se torna

assintomática, podemos erroneamente assumir que a arritmia não

está mais presente e, portanto, que podemos suspender a

anticoagulação. No entanto, no estudo AFFIRM foi justamente

quando os pacientes pararam os anticoagulantes ou que estavam

com RNI sub-terapêutico que ocorreu AVC (11).

1.2.3. FISIOPATOLOGIA

A FA se caracteriza pelo ritmo irregular e anárquico do

coração. Nela não há sístole atrial coordenada, ocasionando

ausência de ondas P no ECG, as quais são substituídas por ondas

“f” que variam de tamanho, forma e tempo e que provocam o ritmo

ventricular irregular.

O início e a manutenção de uma taquiarritmia requerem um

evento desencadeador e um substrato anatômico. Na FA,

atualmente são aceitas teorias que suportam um mecanismo focal,

envolvendo automaticidade, ou a hipótese de reentradas múltiplas.

Rothberger e Winterberg (11), em 1914, propuseram que a FA era

causada por foco ectópico isolado com descarga extremamente

rápida. Lewis (13) e Garrey (14) foram os primeiros pesquisadores a

14

sugerir que o mecanismo responsável pela FA fosse o de reentrada

e não o de automaticidade anormal.

O primeiro modelo experimental de FA foi desenvolvido em

1948 por Scherf e cols. (15). A colocação de aconitina em um sítio

atrial criava um foco automático que disparava a uma frequência tão

rápida que impedia que o restante dos átrios mantivesse uma

ativação sincrônica, ou seja, criavam-se áreas com condução lenta e

áreas com bloqueio de condução. Como resultado, havia o

desenvolvimento da chamada condução fibrilatória que gerava

padrão eletrocardiográfico de FA.

No início dos anos 60, uma série de estudos realizados por

Moe e cols (16-18) foram em direção oposta e resultaram na

hipótese da FA baseada em múltiplas reentradas intra-atriais

(multiple wavelet hypotesis) e fez com que o conceito de FA focal

fosse pouco explorado subsequentemente. As pesquisas de Moe

sugeriram que as ondas reentrantes da FA eram causadas por

refratariedade anormal e não homogênea da musculatura atrial,

resultando na dissociação da frente de onda em múltiplos circuitos.

Apenas com registros de eletrodos epicárdicos temporários,

as pesquisas de Waldo e cols (19,20) e de Nelson e cols (21), no

período pós-operatório de cirurgia cardíaca, foram capazes de

identificar diferentes tipos de FA, com diferentes ritmos, registrados

em locais distintos do átrio direito e entre os dois átrios.

Uma série de estudos de Spach e cols (22-24) evidenciaram a

importância da anisotropia e sua relação com a orientação das fibras

15

musculares atriais na gênese da FA, e, em 1984, Allessie e cols

(25), usando um sistema de mapeamento, com múltiplos eletrodos,

documentaram a presença de várias frentes de onda reentrantes

durante a FA, confirmando a teoria de Moe.

Em razão das limitações dos trabalhos até então realizados,

Cox e cols (26-28), no início dos anos oitenta, iniciaram um

programa de estudo sobre as bases eletrofisiológicas da FA e do

flutter atrial em modelos animais, tendo desenvolvido um sistema de

mapeamento computadorizado com múltiplos eletrodos para animais

de experimentação (27), posteriormente adaptado para uso humano

(29-31). Assim, FA clínica pode ser mapeada com detalhe em

ambos os átrios.

Em estudo paralelo, FA foi mapeada com um sistema de 160

canais em 13 pacientes com a forma paroxística da arritmia

submetidos à correção cirúrgica da síndrome de Wolff-Parkinson-

White (WPW) com técnica utilizada em humanos por Canavan e cols

(29,30). Até então a FA era estudada apenas através de

experimentos em tecido animal, ou baseada em achados

eletrocardiográficos obtidos com poucos eletrodos, daí a importância

desses trabalhos.

Tanto os dados experimentais como os dados clínicos

sustentaram a reentrada como o principal mecanismo de FA e flutter

atrial. Os autores concluíram que esses achados eram compatíveis

com a hipótese de Moe (17) e com os dados de Allessie (25,32) e

que confirmavam os achados de Boineau (33), Spach (22-24) e

16

Waldo (20). Observaram que, embora obstáculos anatômicos tais

como as veias pulmonares e veias cavas estejam envolvidos nos

circuitos de reentrada, a FA pode ocorrer na ausência deles, com

bloqueio de condução funcional do estímulo cardíaco.

Assim, a teoria mais aceita, que explica o mecanismo

eletrofisiológico da FA passou a ser a teoria de “ondas múltiplas”

descrita por Moe e cols (17) em 1959. Essa hipótese foi corroborada

pelos estudos de cartografia de Alessie (25) e pelos experimentos

em animais e humanos do grupo de Cox (26-31) e se refere à

existência de múltiplos impulsos reentrantes simultâneos que

percorrem todo o miocárdio atrial, criando uma atividade elétrica

contínua que gira, se divide, se fusiona ou se extingue em torno de

regiões onde há bloqueio funcional de condução. Para que o circuito

responsável pela FA persista, são necessárias pelo menos 4 a 6

ondas de ativação independentes (19,25). Enquanto as frentes de

ativação encontrarem miocárdio em condições de ser despolarizado,

a FA se perpetua, e, por outro lado, se extingue quando isto não

ocorrer e as frentes de onda começarem a colidir umas com as

outras. Na FA, não há estabilidade em torno de nenhum obstáculo

anatômico, sendo que cada frente de onda condiciona o curso das

que a sucedem, alterando a refratariedade e a velocidade de

condução ou criando transitoriamente obstáculos funcionais. A FA se

mantém em função da probabilidade de que em cada momento se

forme um número de novas frentes de onda igual ou superior ao das

17

que as que se extinguem (32,33,35). Para a perpetuação da FA, é

necessária uma quantidade crítica mínima de tecido atrial (14).

Qualquer condição que cause dilatação atrial pode levar à

fibrose. O estiramento das fibras atriais ativa o sistema renina-

angiotensina-aldosterona. Tanto a angiotensina II, quanto o fator de

transformação do crescimento beta I (TGF-betaI), aumentam quando

há estiramento do tecido atrial, levando a incremento da expressão

da enzima de conversão da angiotensina (ECA) durante FA

persistente. No entanto, não existe um benefício comprovado no uso

de inibidores da ECA e bloqueadores de receptores de angiotensina

II na prevenção da FA (34).

Figura 4 - Representação esquemática dos conceitos dos mecanismos da FA no início do século. Os átrios são representados na figura de maneira esquemática sendo que a linha pontilhada representa o septo interatrial. Garrey acreditava que a FA era causada por múltiplos circuitos simultâneos de reentrada funcional. Lewis acreditava que a FA era mantida por um único e rápido circuito de reentrada atrial com condução variável através do tecido atrial, produzindo ativação rápida e irregular. Winterberg defendia a opinião de que focos ectópicos com alta freqüência de disparo eram responsável pela arritmia. AAE: apêndice atrial esquerdo; AAD: apêndice atrial direito (35).

A ativação em espiral é outro modelo teórico do mecanismo

de reentrada. Neste modelo a ativação gira como um redemoinho,

sem um obstáculo central, devido à menor excitabilidade no centro

18

do giro, o que faz a condução ser mais lenta do que na periferia e,

assim, poder ocorrer em meios homogêneos em contraste com a

necessidade de uma dispersão de refratariedade necessária para a

reentrada das múltiplas frentes de onda da teoria de Moe. Dessa

forma, múltiplas espirais ou apenas uma com centro de giro

migratório seriam responsáveis pela FA nesse modelo teórico (36).

Dados sugerem que a FA possa causar mudanças elétricas

nos átrios as quais se tornam responsáveis por sua persistência e

recorrência (35). A perpetuação da FA está relacionada ao

progressivo encurtamento dos períodos refratários efetivos

promovido pelas frequências atriais rápidas, o que é conhecido

como “remodelamento eletrofisiológico atrial” (37). Acredita-se que o

remodelamento esteja relacionado com a duração da FA (37-39).

Ainda, estudos experimentais revelaram que a FA causa alterações

estruturais, principalmente em mitocôndrias, similares às observadas

no miocárdio hibernante, que podem resultar em morte celular,

causando remodelamento anatômico atrial (40).

A dispersão de refratariedade é considerada um dos maiores

fatores para indução e manutenção da FA assim como a condução

lenta do estímulo no tecido atrial, geralmente presentes em corações

com alterações estruturais. Mudanças na refratariedade atrial

esquerda, induzidas por taquicardia, podem durar mais do que as do

átrio direito, produzindo aumento na dispersão da refratariedade em

diferentes regiões atriais (41).

Outros fatores envolvidos na indução e perpetuação da FA

19

são extra-sístoles atriais, interações com o sistema nervoso

autônomo, estiramento das fibras atriais e condução anisotrópica

(42-44). Em um átrio aumentado e com fibrose uma única extra-

sístole atrial pode induzir bloqueio unidirecional em uma região com

condução lenta e desencadear reentrada do estímulo cardíaco

causando FA.

Estudos, envolvendo pacientes com FA paroxística, levaram à

redescoberta do conceito de FA focal. Foi demonstrado que, em

muitos casos, a FA era iniciada por focos automáticos com alta

freqüência de disparo que geravam condução fibrilatória e padrão

eletrocardiográfico de FA (30-33).

Figura 5 – Início espontâneo da FA desencadeada por batimentos ectópicos com origem nas veias pulmonares. Diagrama demonstrando 69 focos desencadeadores de FA em 45 pacientes. Note o grande número nas veias pulmonares, especialmente nas superiores. Os números indicam a distribuição dos focos nas veias pulmonares. (ref 45)

20

A aplicação de energia de radiofrequência na origem da

atividade ectópica eliminou a espícula local durante ritmo sinusal e

os batimentos ectópicos e a FA em curto prazo. Menos

frequentemente, podem ser encontrados no átrio direito, ao longo da

crista terminalis. A criação de lesões puntiformes com energia de

radiofreqüência no sítio de origem desses focos foi capaz de

interromper a FA, confirmando o caráter focal da arritmia (45,46-48).

É importante salientar que a maioria dos pacientes envolvidos

nesses estudos tinha coração estruturalmente normal. Portanto, não

se sabe se os mecanismos focais descritos se aplicam a pacientes

com cardiopatia estrutural.

Figura 6 - Angiograma da veia pulmonar inferior esquerda demonstrando a origem e a saída da atividade ectópica (45).

Um fator importante no mecanismo funcional de alguns

pacientes com FA é a presença de tônus parassimpático

aumentado, que predispõe corações normais à FA (49). Esse

fenômeno leva a uma redução do período refratário atrial,

21

tornando-o suscetível a novas despolarizações. A estimulação

colinérgica reduz os períodos refratários atriais, permitindo que

frentes com comprimento de onda encurtado estabeleçam

mecanismo de reentrada. Por outro lado, em certos casos, um

aumento do tônus simpático também pode ser responsável pela

gênese da FA (50,51). Podem ocorrer por atuação no substrato ou

pela estimulação de gatilhos como os focos ectópicos.

Outros fatores potencialmente envolvidos no

desencadeamento e manutenção da FA incluem inflamação. Vem

sendo postulado que o estresse oxidativo e a cascata inflamatória

podem estar relacionados a gênese da FA. Foi demonstrado em

uma ampla coorte que o aumento da proteína C reativa aumentava a

chance de desenvolver FA, mesmo no grupo de pacientes em ritmo

sinusal (52).

O efeito dos inibidores da HMG CoA-reductase (“estatinas”)

no remodelamento elétrico foi avaliado em metanálise que incluiu 6

estudos em um total de aproximadamente 3500 pacientes. Três

estudos selecionaram pacientes com FA paroxística ou persistente

submetidos a cardioversão elétrica, enquanto nos outros estudos foi

avaliada a prevenção primária em na síndrome coronariana aguda

ou em pacientes submetidos a cirurgia de revascularização

miocárdica. O uso de estatinas, que têm efeitos anti-inflamatórios e

anti-oxidantes, reduziu em 61% a incidência e recorrência de FA

22

quando comparada ao placebo. Atorvastatina foi utilizada em 5 dos

6 estudos incluídos e o seguimento foi de 3 a 26 semanas (53).

1.2.4 EPIDEMIOLOGIA

A FA é arritmia mais comum na prática clínica e é

responsável por cerca de um terço das hospitalizações por

alterações no ritmo cardíaco nos Estados Unidos (54).

A prevalência estimada é de 0,4% a 1% na população geral,

aumentando com o avanço da idade. A maior parte dos dados

epidemiológicos parte dos Estados Unidos e da Europa. Dados do

estudo de Framingham mostram que a incidência cumulativa da FA

na população geral foi de 2% em 22 anos, principalmente nos

portadores de doença cardíaca estrutural (57). A média de idade dos

portadores de FA fica em torno de 75 anos, sendo que cerca de 70%

situam-se na faixa de 65-85 anos (58). A incidência no homem é um

pouco maior que na mulher (53). O custo que um paciente com FA

gera anualmente fica em torno de US$ 3.600 (54).

A prevalência de FA no estudo ATRIA foi 0,95% (IC 95%,

0,94%-),96%). FA foi mais freqüente em homens do que mulheres

(1.1% vs 0.8%; P<.001). A prevalência aumentou de 0,1% em

adultos com menos de 55 anos de idade até 9,0% em idosos com

mais de 80 anos. Foi estimada uma incidência de 2,3 milhões de

adultos com FA, podendo chegar a 5,6 milhões em 2050 (55).

23

As doenças cardíacas e não cardíacas mais frequentemente

associadas com FA são: hipertensão arterial sistêmica (HAS),

cardiopatia isquêmica (CI), lesão valvar, doença do nó sinusal,

miocardiopatias, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), pós-

operatório de cirurgia cardíaca, cardiopatia congênita, pericardites,

alcoolismo, tromboembolismo pulmonar, doença pulmonar crônica,

tireotoxicose, diabete mellitus (DM) e síndrome de WPW. Destas,

HAS, CI, ICC, doença valvular mitral e DM são as que apresentam

maiores condições para desenvolvimento de FA (57).

A FA está relacionada com eventos embólicos, acarretando

morbidade e mortalidade dos seus portadores. A taxa de mortalidade

dos portadores de FA é quase duas vezes maior e isso de deve em

grande parte à doença cardíaca de base. A FA está associada a um

risco cinco vezes maior de acidente vascular cerebral (AVC) em

relação aos pacientes em ritmo sinusal (RS). (56, 57).

Em pacientes portadores de estenose mitral reumática, o

aumento do risco de AVC é de até 18 vezes (58). Pacientes

portadores de FA paroxística e permanente possuem risco

semelhante de AVC (59). Enquanto que, em pacientes portadores de

FA de etiologia não reumática, o risco anual de ictus cerebral é de

4,5%, no grupo de pacientes com idade menor que 60 anos sem

nenhum fator de risco, a incidência anual de isquemia cerebral é

menor que 1%. Neste mesmo grupo de pacientes, a porcentagem

aumenta para 5% com a presença de disfunção ventricular, passa

24

para 7,2% se houver ICC, AVE ou HAS e atinge 17,6% quando

estão presentes dois ou mais fatores de risco (58, 61).

Provavelmente, a prevalência de FA esteja subestimada

devido aos casos de FA paroxística e ao frequência de episódios

assintomáticos.

1.2.5 TRATAMENTO

O melhor tratamento da FA paroxística e o alvo de sua terapia

ainda são fatores de debate na literatura médica. São descritos

como objetivos do tratamento da FA: o controle dos sintomas

associados à arritmia, a diminuição do risco de complicações

tromboembólicas, a melhora na qualidade de vida, melhora do perfil

hemodinâmico do paciente, diminuição da mortalidade relacionada a

essa arritmia.

O tratamento farmacológico, apesar de ser o mais utilizado e

estudado na FA, tem sua eficácia limitada. Esta limitação e o

potencial efeito deletério das drogas antiarrítmicas fez com que

houvesse um maior interesse nas estratégias de controle da

frequência cardíaca. Após a publicação dos resultados dos estudos

AFFIRM e RACE, foi levantada a hipótese de igualdade entre as

estratégias farmacológicas de controle da frequência e controle do

ritmo. (11, 64) No entanto, uma análise dos dados do estudo

AFFIRM realizada posteriormente, demonstrou que o RS foi

associado a 47% de redução de risco da mortalidade, enquanto a

utilização de drogas antiarrítmicas trouxe um incremento de risco de

25

mortalidade de 49%. (65) Portanto, o restabelecimento e

manutenção em RS podem ser benéficos se atingidos sem o uso de

drogas antiarrítmicas. Além disso, após a publicação recente dos

resultados do estudo RACE II, ficou bem demonstrado que, em

pacientes com FA permanente, o controle da FC rigoroso não trouxe

benefício. (66)

A amiodarona permanece sendo a droga mais eficaz na

manutenção do RS, mesmo quando comparada a sotalol ou

propafenona. Contudo, seu uso está associado a uma maior

incidência de efeitos adversos. (67)

As novas drogas antiarrítmicas estão representadas

atualmente pela dronedarona, composto semelhante à amiodarona

desenvolvido com a expectativa de oferecer menor risco de efeitos

adversos (68). A dronedarona se mostrou mais eficiente do que o

placebo na manutenção do RS e controle da frequência cardíaca

durante as recorrências de FA no estudo ATHENA (69). No entanto,

quando a dronedarona foi comparada com amiodarona no estudo

DYONISOS (70), a taxa de recorrência de FA foi significativamente

maior no grupo da dronedarona. A incidência de efeitos adversos foi

maior no grupo da amiodarona.

Uma vez que não conseguimos obter bons resultados com o

tratamento farmacológico da FA, devemos pensar em utilizar uma

das formas de tratamento não-farmacológico. A técnica mais antiga

é a ablação da junção AV e implante de marcapasso definitivo. É

muito útil no controle da frequência cardíaca quando as drogas

26

falharam. No entanto, o que torna essa técnica não muito atraente é

o fato de o paciente permanecer em FA e necessitar anticoagulação

permanente conforme o seu risco de desenvolver fenômenos

tromboembólicos.

Outro tratamento não-farmacológico bastante estudado e bem

aceito é o tratamento cirúrgico da FA. O primeiro a descrever uma

abordagem cirúrgica para o tratamento da FA foi Guiraudon (71),

empregando uma técnica conhecida com cirurgia do corredor. A

evolução continuou com a cirurgia do labirinto, proposta em 1987 por

James Cox (72), essa técnica consiste na compartimentalização dos

átrios e crioablação do seio coronário, visando a manutenção do

ritmo sinusal. Mesmo após várias modificações, a cirurgia do

labirinto permanecia complexa e seus resultados não foram

reproduzidos da mesma maneira em outros centros do mundo.

FONTE: Adapatado de Cox JL et al. Maze procedure for atrial flutter and fibrillation, II:

surgical technique of the Maze III procedure. J Thorac cardiovasc Surg 1995; 110:485.

Figura 10 - Vista esquemática das faces anterior (acima) e posterior (abaixo) dos átrios, representando as linhas de sutura realizadas na cirurgia do labirinto (maze) tipo Cox-Maze III .

27

Foram desenvolvidas simplificações da cirurgia de Cox, como

o isolamento cirúrgico das veias pulmonares com corte e sutura,

obtendo excelentes resultados, demonstrando ser bastante segura e

realizada com menor tempo cirúrgico. Na série publicada por Kalil e

colaboradores (73,74), o tratamento cirúrgico da FA com isolamento

de veias pulmonares demonstrou manutenção do ritmo sinusal de

70% em seguimento de longo prazo. É utilizado normalmente

quando o paciente necessita cirurgia cardíaca para tratamento de

patologia valvar ou revascularização miocárdica.

FONTE: Adapatado de Kalil RAK et al. Ann Thorac Surg; 2002; 73: 1022.

Figura 11 - Visão posterior do coração após o procedimento, demonstrando o isolamento das veias (IVP), que inclui a incisão ao redor das quatro veias pulmonares, a ressecção do apêndice atrial esquerdo e a incisão perpendicular àquela circular, até ao anel da valva mitral, para prevenir macrocircuitos de reentrada de flutter atrial.

Alguns autores tentaram reproduzir a cirurgia do labirinto

através da ablação por cateter com energia de radiofrequência. Por

ser complexa e com elevado número de complicações, fez com que

28

fosse abandonado, naquele período, o tratamento percutâneo da FA

(75,76).

Nas ultimas duas décadas, houve importante avanço na área

da eletrofisiologia cardíaca e no entendimento dos mecanismos

eletrofisiológicos responsáveis pela gênese e manutenção da

fibrilação atrial (77). O tratamento por cateter das arritmias se tornou

uma realidade presente na prática médica da cardiologia. O

tratamento da fibrilação atrial paroxística e crônica por meio de

intervenção percutânea é uma das inovações mais recentes nesse

campo da medicina.

A Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC)

publicou um registro dos centros que realizam ablação da FA em

nosso país. (78) De 29 centros, 22 realizaram ablações para FA

(76%). A maioria dos pacientes apresentava FA paroxística ou

persistente (89%). Em um seguimento médio de cinco meses, o

sucesso total foi de 82%, sendo o sucesso sem antiarrítmicos de

57%. Cerca de 35% dos pacientes necessitaram dois ou mais

estudos. Foi apontado 14,7% de complicações e de óbitos (0,26%).

O trabalho mostra que este procedimento vem ganhando vulto em

nosso país, com taxas semelhantes a de centros internacionais.

Apesar disso, a ablação da FA ainda apresenta morbidade

significativa. Contudo, a mensuração dos desfechos clínicos

significativos nos pacientes acometidos por fibrilação atrial

paroxística é difícil, pois se sabe que existe uma dissociação entre a

29

recorrência de sintomas e recorrência de arritmia em um grande

grupo de pacientes.

A nova diretriz brasileira para o tratamento da FA, publicada

em 2009 (79), incorporara a ablação por cateter para manutenção do

ritmo sinusal como uma boa opção (classe I) em pacientes jovens

sintomáticos com FA paroxística, coração estruturalmente normal e

refratários ao uso de pelo menos duas drogas antiarrítmicas. Em

pacientes com FA paroxística de qualquer idade, sintomáticos, com

coração normal, com evolução de pelo menos seis meses,

refratários a pelo menos uma droga antiarrítmica da classe IC ou

sotalol, a ablação por cateter foi considerada classe IIA. A ablação

de FA está contra-indicada quando há apenas um episódio de FA ou

na presença de trombo em átrio esquerdo ou causas metabólicas

reversíveis deflagradoras de FA.

Fig. 7 - Algoritmo para a manutenção do RS. Observar que os critérios baseiam-se na presença ou não de uma série de fatores que podem interferir, não apenas no sucesso terapêutico; mas, também, no risco de efeitos pró-arrítmicos.

30

Recentemente foram apresentadas três publicações

referentes ao tratamento por cateter da FA. Os estudos

THERMOCOOL AF publicado no JAMA (80), CABANA Pilot Study e

STOP-AF (81,82) apresentados no Congresso do Colégio

Americano de Cardiologia de 2010 evidenciaram uma superioridade

da terapia de ablação quando comparada a drogas antiarrítmicas

para prevenção de recorrência de FA sintomática (figuras 8 e 9).

Figura 8- Thermocool AF Study: curvas mostram uma diferença significativa na sobrevida livre de recorrência de arritmia atrial sintomática no grupo ablação comparativamente ao grupo de antiarrítmicos.

31

Figura 9 - CABANA Pitol Study : curvas mostrama uma diferença significativa na sobrevida livre de recorrência de arritmia atrial sintomatica no grupo ablação comparativamente com grupo de antiarritmicos.

Figura 12 - Mapeamento eletroanatômico realizado no Instituto de Cardiologia demonstrando ablação circunferencial em paciente com FA paroxística. As linhas de ablação foram realizadas no antro das veias pulmonasres direitas e esquerdas.

32

1.3 MONITORIZAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA AMBULATORIAL DE 24h

A monitorização eletrocardiográfica ambulatorial de 24 horas

(Holter) é um teste não invasivo amplamente utilizado para avaliar

alterações eletrocardiográficas em diversas patologias cardíacas. O

seu uso clínico se baseia na capacidade de obter registro

eletrocardiográfico contínuo por um período prolongado durante as

atividades diárias usuais (vigília, sono, exercício, refeições, trabalho,

estresse, etc). Ao registrar arritmias nesse período, pode mostrar

correlação com os sintomas quando presentes (83).

Após a introdução dos aparelhos de eletrocardiograma

dinâmico portáteis pelo Dr. Norman J. Holter, em 1957, houve

grandes avanços nos métodos de gravação e registros. A difusão e

disponibilidade com custo reduzido dos computadores pessoais e

estações de trabalho permitiram o desenvolvimento de algoritmos

extremamente sofisticados para análise do sinal eletrocardiográfico.

Figura 13 - Dr Norman J. Holter, criador do método.

33

A experiência clínica com o Holter nos últimos quarenta anos

mostrou que é um dos métodos não-invasivos com melhor custo-

efetividade no diagnóstico e prognóstico das arritmias, na avaliação

de sintomas cardíacos, na estratificação de risco de várias

cardiopatias e na avaliação terapêutica das drogas antiarrítmicas e

das intervenções invasivas. O método chegou ao Brasil em 1972 e

hoje encontra-se em todos os grandes centros de cardiologia do

nosso país e do mundo.

Figura 14 - Modelo primitivo de Holter portátil.

Figura 15 – Gravador de Holter atualmente utilizado no Instituto de Cardiologia.

34

O Holter é uma ferramenta útil na averiguação da recorrência

de episódios de FA paroxística, bem como na correlação entre

sintomas e aparecimento de eventos arrítmicos. Estudos utilizando

Holter em pacientes com uso de antiarrítmicos evidenciam uma taxa

de recorrência de arritmia assintomática que varia entre 20% e 30%

dos pacientes tratados. FA assintomática é muito comum. Fatores

como sexo, idade, o uso de múltiplas drogas, comorbidades

associadas, parecem influenciar com que os pacientes fiquem

menos sensíveis a percepção sintomática dessa arritmia (84,85).

A presença de atividade atrial extrasistólica frequente,

originada de átrio esquerdo, está relacionada em exames de Holter

com o desencadeamento de FA paroxística. Variação circadiana

também está associada a variações na taxa de ocorrência desses

eventos. Mesmo em pacientes que apresentam FA muito

sintomática, episódios assintomáticos podem ocorrer e até mesmo

aumentar após a ablação por cateter. Um seguimento simplesmente

baseado nos sintomas pode superestimar a taxa de sucesso (86).

Estudo que comparou diferentes estratégias de seguimento dos

pacientes submetidos à ablação mostrou que taxas de 70% de

pacientes livres de FA, baseado somente em sintomas, decrescem

para 50% após monitorização de eventos por 7 dias e 45% com

monitorização transtelefônica, respectivamente (87). Avaliações

objetivas com Holter e Monitor de eventos (Loop) são necessárias

para identificar FA assintomática recorrentes após ablação.

35

Em pacientes com história de acidente vascular cerebral o

Holter de 24 h detectou FA em 2,2% (88), enquanto a monitorização

prolongada por 7 dias se mostrou custo-efetiva e detectou FA em

4,4% desta população (89).

Os fatores responsáveis pela ausência de sintomatologia,

bem como a freqüência de episódios sintomáticos evidenciados por

Holter de 24 horas, ainda não foram descritos em nossa população.

36

2- JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

37

2.1 JUSTIFICATIVA

A FA nos últimos anos tem sido a arritmia mais estudada

devido à sua complexidade e dificuldade na obtenção de

tratamentos curativos com baixo risco. Com uma maior expectativa

de vida, a população tende a ser cada vez mais acometida por essa

doença que acarreta morbidade e mortalidade significativas.

A ausência de sintomas em muitos pacientes com episódios

de FA paroxística pode levar o médico a uma percepção enganosa

de ausência de arritmia após instituição de tratamento específico.

Durante o seguimento de pacientes com FA, a manutenção da

prescrição de anticoagulantes ou antiplaquetários conforme o quadro

clínico de cada paciente se faz necessária sempre que não exista a

certeza da ausência de recorrência da FA.

A frequência de episódios de FA paroxística e sua correlação

com sintomas dessa arritmia ainda não foi estudado na nossa

população.

2.2 OBJETIVOS GERAIS

Avaliar a presença de correlação entre episódios de FA

paroxística e sintomas nos pacientes submetidos a Holter de 24h.

38

2.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1- Quantificar os episódios de FA paroxística durante o Holter

de 24h.

2- Quantificar a correlação entre a presença de FA paroxística

e sintomas durante o Holter de 24h.

3- Determinar a presença de fatores preditores de maior

sensibilidade à sintomatologia da arritmia como, por exemplo: sexo,

drogas.

39

3- Referências da Base Téorica

40

Referências da base teórica

1. Prystowsky EN, Benson DW, Jr., Fuster V, Hart RG, Kay GN, Myerburg

RJ, et al. Management of patients with atrial fibrillation. A Statement for

Healthcare Professionals. From the Subcommittee on Electrocardiography

and Electrophysiology, American Heart Association. Circulation. 1996

Mar 15;93(6):1262-77.

2. Calkins H, Lima GG. Tratamento das Arritmias Cardíacas com Ablação

por Cateter. In: Castro I, Cardiologia: Principios e Prática. Porto Alegre:

3. Fuster V, Rydén LE, Asinger RW, et al. Guidelines for the Management of

Patients with Atrial Fibrillation. A Report of the American College of

Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice

Guidelines and the European Society of Cardiology Committee to Develop

Guidelines for the Management of Patients with Atrial Fibrillation. J Am

Coll Cardiol 2001;38:1266i-1xx

4. Page RL, Wilkinson WE, Clair WK, et al. Asymptomatic Arrhythmias in

Patients With Symptomatic Paroxysmal Atrial Fibrillation and Paroxysmal

Supraventricular Tachycardia. Circulation 1994; 89:224

5. Benjamin EJ, Wolf PA, D´Agostino RB, et al.: Impact of atrial fibrillation on

the risk of death: The Framingham Heart Study. Circulation 98:946-952,

1998.

6. Gallagher MM, Camm J. Classification of atrial fibrillation. Am J Cardiol

1998;82:18N-28N.

7. Ueshima K, Myers J, Ribisi PM et al. Hemodynamic determinants of

exercise capacity in chronic atrial fibrillation. Am Heart J 1993; 125:1301-5

8. Bhandari AK, Anderson JL, Gilbert EM, et al. Correlation of symptoms

with occurrence of paroxysmal supraventricular tachycardia or atrial

fibrillation: a transtelephonic monitoring study. The Flecainide

Supraventricular Tachycardia Study Group. Am Heart J 1992;124:

9. Page RL, Tilsch TW, Connolly SJ, et al., for the Azimilide Supraventricular

Arrhythmia Program (ASAP) Investigators. Asymptomatic or “silent” atrial

fibrillation: frequency in untreated patients and patients receiving

azimilide. Circulation 2003;107:1141–5.

10. Long-Term Quality of Life After Ablation for Atrial Fibrillation: Symptom

41

Relief or Placebo Effect? Wokhlu A, Hodge D, Haroldson J, Wock K,

Monahan K, Friedman P, Asirvatham S, Munger T, Packer DL. HRS 2009,

published online.

11. The Atrial Fibrillation Follow-up Investigation of Rhythm Management

(AFFIRM) Investigators: A comparison of rate control and rhythm control

in patients with atrial fibrillation. N Engl J Med 347:1825-1833, 2002.

12. Rothenberger CJ, Winterberg H. Ueber vorhofflimmern und vorhofflattern.

Pflugers Arch 1914;160:42-90.

13. Lewis T. Observations upon flutter and fibrillation. Part VI. Impure flutter:

theory of circus movement. Heart 1920;7:293-331.

14. Garrey WE. Auricular fibrillation. Physiol Rev 1924;4:215-50.

15. Scherf D, Romano FJ Terranova R. Experimental studies on auricular

flutter and auricular fibrillation. Am Heart J 1948;36:241.

16. Moe GK, Abildskov JA. Atrial fibrillation as a self-sustaining arrhythmias

independent of focal discharge. Am Heart J 1959;58:59-70.65.

17. Moe GK. A conceptual model of atrial fibrillation. J Electrocardiol

1968;1:145-6.

18. Moe GK, Rheinboldt WC, Abildskov JA. A computer model of atrial

fibrillation.Am Heart J 1964;67:200-20.

19. Wells JL Jr, Karp RB, Kouchoukos NT, MacLean WAH, James NT, Waldo

AL. Characterization of atrial fibrillation in man: studies following open

heart surgery. PACE 1978;1:426-38.

20. Waldo AL, MacLean WAH. Diagnosis and treatment of arrhythmias

following open heartsurgery: emphasis on the use of epicardial wire

electrodes. New York: Futura Publishing Co., 1980:85-8.

21. Nelson RM, Jenson CB, Davis RW. Differential atrial arrhythmias in

cardiac surgical patients (abstract). Circulation 1968;38 (pt2):VI147.

22. Spach MS, Miller WT III, Dolber PC e cols. The functional role of structural

complexities in the propagation of depolarization in the atrium of the dog.

Cardiac conduction disturbances due to discontinuities of effective axial

resistivity. Circ Res1982;50:175-91.

23. Spach MS, Dolber PC, Anderson PA. Multiple regional differences in

cellular properties that regulate repolarization and contraction in the right

42

atrium of adult and newborn dogs. Circ Res 1989;65:1594-611.

24. Spach MS, Dolber PC, Heidlage JF. Interaction of inhomogeneities of

repolarization with anisotropic propagation in dog atria. a mechanism for

both preventing and initiating reentry. Circ Res 1989;65:1612-31.

25. Allessie MA, Lammers WJEP, Bonke FIM, et al. Experimental evaluation

of Moe’s multiple wavelet hypothesis of atrial fibrillation. In: Zipes DP,

Jalife J, eds. Cardiac electrophysioology and arrhythmias. New York:

Grune & Stratton; 1985:265-75.

26. Smith PK, Holman WL, Cox JL. Surgical treatment of supraventricular

tachyarrhythmias. Surg Clin North Am 1985;65:553-70.

27. D”Agostino HJ Jr, Harada A, Schuessler RB, BoineauJP, Cox JL. Global

epicardial mapping of atrial fibrillation in a canine model of chronic mitral

regurgitation. Circulation 1987;76(Suppl 4):165.

28. Yamauchi S, Sato S, Schuessler RB, Boineau JP, Matsunaga Y, Cox JL.

Induced atrial arrhythmias in a canine model of left atrial enlargement.

PACE 1990;13:556.

29. Canavan TE, Schuessler RB, Boineau JP, Corr PB, Cain ME, Cox JL.

Computerized global electrophysiological mapping of the atrium in

patients with Wolff-Parkinson-White syndrome. Ann Thorac Surg

1988;46:223-31.

30. Canavan TE, Schuessler RB, Cain e cols. Computerized global

electrophysiological mapping of the atrium in patients with multiple

supraventricular tachyarrhythmias. Ann Thorac Surg 1988;46:232-5.

31. Cox JL, Canavan TE, Schuessler RB, Cain M, Lindsay BD, Stone C,

Smith PK, Corr PB, Boineau JP. The surgical treatment of atrial fibrillation:

II. Intraoperative electrophysiologic mapping and description of the

electrophysiologic basis of atrial flutter and atrial fibrillation. J Thorac

Cardiovasc Surg 1991;101:406-26.

32. Allessie MA, Lammers WJEP, Smeets JRLM, e cols. Total mapping of

atrial excitation during acetylcholine-induced atrial flutter and fibrillation in

the isolated canine heart. In: Kulbertus HE, Olsson SB, Schlepper M, eds.

Atrial fibrillation. Molndal, Sweden: Lindgren and Soner; 1982:44-62.

33. Boineau JP, Schuessler RB, Mooney CR e cols. Natural and evoked atrial

flutter due to circus movement in dogs: role of abnormalatrial pathways,

43

slow conduction, nonuniform refractory period distribution and premature

beats. Am J Cardiol 1980;45:1167-81.

34. The GISSI-AF Investigators. Valsartan for Prevention of Recurrent Atrial

Fibrillation . NEJM 360;16:1606-17.

35. Nattel S, Li D, Yue L. Basic Mechanisms of atrial fibrillation – Very new

insights into very old ideas. Annu. Rev. Physiol 2000, 62:51-77

36. Jalife J, Davidenko JM, Michaels CD. A new perspective on the

mechanisms of arrhythmias and sudden cardiac death: spiral waves of

excitation in heart muscle. J Cardiovasc Electrophys 1991;2 (supl):133-

152.

37. Wijffels MC, Kirchhof CJ, Dorland R, Allessie MA. Atrial fibrillation begets

atrial fibrilla-tion.A study in awake chronically instrumented goats.

Circulation 1995;92:1954-68.

38. Daoud EG, Bogun F, Goyal R, et al. Effect of atrial fibrillation on atrial

refractoriness in humans. Circulation 1996;94:1600-6.

39. Franz MR, Karasik PL, Li C, et al. Electrical remodeling of the human

atrium: similar effects in patients with chronic atrial fibrillation and atrial

flutter. J Am Coll Cardiol 1997;30:1785-92.

40. Aimé-Sempe C, Folliguet T, Rücker-Martin C, Krajewska M,Krajewski S,

Hemburger M, et al. Myocardial cell death in fibrillating and dilated human

right atria. J Am Coll Cardiol 1999;34:1577-1586.

41. Lee SH, Lin FY, YU WC Cheng JJ, Kuan P e cols. Regional differences in

the recovery course of tachycardia-induced changes of atrial

electrophysiological properties. Circulation 1999;99:1255-1264.

42. Coumel PH, Attuel P, Leclercq JF, Friocourt P. Arythmie auriculaire

d’origine vagale ou catecholergique: effets comparés due traitement béta-

bloquant et phénoméne d’echappement. Arch Mal Coeur 1982;75:373-88.

43. Edwards BS, Zimmerman RS, Schwab TR, Heublein DM, Burnett JC,

Atrial stretch, not pressure, is the principal determinant controlling the

acute release of atrial natriuretic factor. Circ Res 1988;62:191-5.

44. Spach MS. Nonuniform anisotropic cellular coupling as a basis for

reentrant arrhythmias. In: DiMarco JP, Prystowsky EN, eds. Atrial

Arrhythnias: State of the art. Armonk: Futura Pub, 1995:123-47.

44

45. Haissaguerre M, Jais P, Shah DP, Takahashi A, Hocini M, Quiniou G,

Garrigue S, Mouroux AL, Metayer PL, Clementy J. Spontaneous initiation

of atrial fibrillation by ectopic beats originating in the pulmonary veins. N

Engl J Med 1998;339:659-66.

46. Chen SA, Tai CT, Yu WC et al. Right atrial focal atrial fibrillation:

electrophysiologic characteristics and radiofrequency catheter ablation. J

Cardiovasc Electrophysiol 1999;10:328-35.

47. Chen SA, Hsieh MH, Tai CT, et al. Initiation of atrial fibrillation by ectopic

beats originating from pulmonary veins: electrophysiological

characteristics, pharmacological responses, and effects of radiofrequency

ablation. Circulation 1999;100:1879-86.

48. Haissaguerre M, Jais P, Shah DP, et al. Electrophysiological end point for

catheter ablation of atrial fibrillation initiated from multiple pulmonary

venous foci. Circulation 2000;101:1409-17.

49. Coumel P. Neural aspects of paroxysmal atrial fibrillation. In. Falk RH.

Podrid PJ. Editors. Atrial fibrillation: mechanism, and management. NY:

Raven Press, 1992;109-125

50. Coumel P. Neural aspects of paroxysmal atrial fibrillation. In. Falk RH.

Podrid PJ. Editors. Atrial fibrillation: mechanism, and management. NY:

Raven Press, 1992;109-125

51. Coumel P. Autonomic arrhythmogenic factors in paroxysmal atrial

fibrillation. In: Olsson SB, Allessie MA, Campbel RWF, eds. Atrial

fibrillation. Mechanisms and therapeutic strategies. Armonk, NY: Futura

Pub. Co. Inc. 1994;171-185.

52. Aviles RJ, Martin DO, Apperson-Hansen C, et al. Inflamation as a risk

factor for atrial fibrillation. Circulation 2003;108:3006-10.

53. Fauchier L, Pierre B, de Labriolle A, et al. Antiarrhythmic effect of statin

therapy and atrial fibrillation. J Am Coll Cardiol. 2008;51:828-835.

54. Le Heuzey JY, Paziaud O, Piot O, Said MA, Copie X, Lavergne T, et al.

Cost of care distribution in atrial fibrillation patients: the COCAF study.

American heart journal. 2004 Jan;147(1):121-6.

55. Go, AS; Hylek EM, Kathleen A, Phillips KA, et al, National Implications for

Rhythm Management and Stroke Prevention: the AnTicoagulation and

Risk Factors In Atrial Fibrillation (ATRIA) Study JAMA, 2001;285:2370-

45

2375.

56. Feinberg WM, Blackshear JL, Laupacis A, Kronmal R, Hart RG.

Prevalence, age distribution, and gender of patients with atrial fibrillation.

Analysis and implications. Archives of internal medicine. 1995 Mar

13;155(5):469-73.

57. Benjamin EJ, Levy D, Vaziri SM, D'Agostino RB, Belanger AJ, Wolf PA.

Independent risk factors for atrial fibrillation in a population-based cohort.

The Framingham Heart Study. Jama. 1994 Mar 16;271(11):840-4.

58. Kannel WB, Abbott RD, Savage DD, McNamara PM. Epidemiologic

features of chronic atrial fibrillation: the Framingham study. The New

England journal of medicine. 1982 Apr 29;306(17):1018-22.

59. Wolf PA, Abbott RD, Kannel WB. Atrial fibrillation as an independent risk

factor for stroke: the Framingham Study. Stroke; a journal of cerebral

circulation. 1991 Aug;22(8):983-8.

60. Wolf PA, Dawber TR, Thomas HE, Jr., Kannel WB. Epidemiologic

assessment of chronic atrial fibrillation and risk of stroke: the Framingham

study. Neurology. 1978 Oct;28(10):973-7.

61. Risk factors for stroke and efficacy of antithrombotic therapy in atrial

fibrillation. Analysis of pooled data from five randomized controlled trials.

Archives of internal medicine. 1994 Jul 11;154(13):1449-57.

62. Predictors of thromboembolism in atrial fibrillation: I. Clinical features of

patients at risk. The Stroke Prevention in Atrial Fibrillation Investigators.

Annals of internal medicine. 1992 Jan 1;116(1):1-5.

63. Brand FN, Abbott RD, Kannel WB, Wolf PA. Characteristics and

prognosis of lone atrial fibrillation. 30-year follow-up in the Framingham

Study. Jama. 1985 Dec 27;254(24):3449-53.

64. Van Gelder IC, Hagens VE, Bosker HA, et al., for the Rate Control Versus

Electrical Cardioversion for Persistent Atrial Fibrillation (RACE) Study

Group: A comparison of rate control and rhythm control in patients with

recurrent persistent atrial fibrillation. N Engl J Med 347:1833-1840, 2002.

65. The AFFIRM Investigators: Relationship between sinus rhythm, treatment,

and survival in the Atrial Fibrillation Follow-up Investigation of Rhythm

Management (AFFIRM) study. Circulation 109:1509-1513, 2004.

46

66. Van Gelder IC, Groenveld HF, Crijns HJGM, et al. RACE II Investigators:

Lenient versus Strict Rate Control in Patients with Atrial Fibrillation. N

Engl J Med 362:1363-1373, 2010.

67. Roy D, Talajic M, Dorian P, et al. Amiodarone to prevent recurrence of

atrial fibrillation. N Engl J Med 2000;342:913-20

68. Singh, B, MD; Connolly, S, MD; Crijns, H, MD; Roy, D, MD; Kowey, P,

MD; Capucci, A., MD; Radzig, D., MD; Aliot, E, MD for the Euridis and

Adonis Investigators. Dronedarone for Maintenance of Sinus Rhythm in

Atrial Fibrillation or Flutter. N Engl J Med 2007;357:987-99.

69. Stefan H. Hohnloser, M.D., Harry J.G.M. Crijns, M.D., Martin van Eickels,

M.D., Christophe Gaudin, M.D., Richard L. Page, M.D., Christian Torp-

Pedersen, M.D., and Stuart J. Connolly, M.D., for the ATHENA

Investigators. Effect of Dronedarone on Cardiovascular Events in Atrial

Fibrillation N Engl J Med 2009;360:668-78

70. P. Barquet, DIONYSOS Study Results Showed the Respective Profiles of

Dronedarone and Amiodarone [cited 23 December 2008]. BMJ. 2010 Jan

19;340:c285

71. Guiraudon GM, Campbell CS, Jones DL, et al.: Combined sinoatrial node

atrio-ventricular isolation: a surgical alternative to His bundle ablation in

patiets with atrial fibrillation. Circulation 1985; 72 (abst):220.

72. Cox JL, Schuessler RB, D’Agostino HJ Jr, et al. The surgical treatment of

atrial fibrillation III. Development of a definitive surgical procedure. J

Thorac Cardiovasc Surg 1991;101:569-83.

73. Kalil RA ; Lima GG; Leiria TL; Abrahão R; Pires LM; Prates PR; Nesralla I.

A Simple surgical isolation of pulmonary veins for treating secondary

atrial fibrillation in mitral valve disease. The Annals of thoracic

surgery 2002;73(4):1169-73.

74. Kalil R A; Albrecht A; Lima G G; Vasconcellos D; Cunha B; Hatem D;

Moreno P; Abrahão R; Sant'Anna J R; Prates P R; Nesralla I A Results

of the surgical treatment of chronic atrial fibrillation. Arquivos brasileiros

de cardiologia 1999;73(2):139-48.

75. Avital B, Hare J, Mughal K, et al.: Ablation of atrial fibrillation in a dog

model. J Am Coll Cardiol 1994: 276A (Special Issue).

76. Elvan A, Pride HP, Zipes DP, et al.: Replication of the “maze” procedure

47

by radiofrequency catheter ablation reduces the ability to induce atrial

fibrillation. PACE 1994; 17 (Pt II): 774.

77. Haissaguerre M, Jais P, Shah DC, et al.: Spontaneous initiation of atrial

fibrillation by ectopic beats originating in the pulmonary veins. N Engl J

Med 339:659-666, 1998.

78. Fenelon G, Scanavacca M, Atie J, et al. Atrial fibrillation ablation in Brazil:

results of the registry of the Brazilian Society of Cardiac Arrhythmias.

Arquivos brasileiros de cardiologia. 2007 Nov;89(5):258-62, 85-9.

79. Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol 2009; 92(6

supl. 1): 1-39

80. Wilber DJ, Pappone C, Neuzil P, et al. Comparison of antiarrhythmic drug

therapy and radiofrequency catheter ablation in patients with paroxysmal

atrial fibrillation. JAMA 2010; 303; 333-340

81. Catheter Ablation vs Antiarrhythmic Drug Therapy for Atrial Fibrillation

(CABANA) study. NCT00578617. Apresentado no ACC Sessions 2010.

82. A Clinical Study of the Arctic Front Cryoablation Balloon for the Treatment

of Paroxysmal Atrial Fibrillation (Stop-AF). NCT00523978. Apresentado

no ACC Sessions 2010.

83. ACC/AHA Guidelines for Ambulatory Electrocardiography: A Report of the

American College of Cardiology/American Heart Association Task Force

on Practice Guidelines (Committee to Revise the Guidelines for

Ambulatory Electrocardiography) Developed in Collaboration with the

North American Society for Pacing and Electrophysiology. J Am Coll

Cardiol 34: 912-948, 1999

84. Savelieva I, Camm AJ. Clinical relevance of silent atrial fibrillation:

prevalence, prognosis, quality of life, and management. J Interven

Cardiac Electrphysiol. 2000;4:369-382.

85. Richard L. Page, MD; Thomas W. Tilsch, BS; Stuart J. Connolly, et al.:

Asymptomatic or “Silent” Atrial Fibrillation Frequency in Untreated

Patients and Patients Receiving Azimilide; for the Azimilide

Supraventricular Arrhythmia Program (ASAP) Investigators Circulation.

2003;107:1141-1145.)

86. Hindricks G, Piorkowski C, Tanner H, et al. Perception of Atrial Fibrillation

Before and After Radiofrequency Catheter Ablation Relevance of

48

Asymptomatic Arrhythmia Recurrence. Circulation. 2005;112:307-313.

87. Senatore G, Stabile G, Bertaglia E: Role of transtelephonic

electrocardiographic monitoring in detecting short-term arrhythmia

recurrences after radiofrequency ablation in patients with atrial fibrillation.

J Am Coll Cardiol. 2005 Mar 15;45(6):873-6.

88. Schaer BA, Zellweger MJ, Cron TA, et al.: Value of Routine Holter

Monitoring for the Detection of Paroxysmal Atrial Fibrillation in Patients

With Cerebral Ischemic Events. Stroke. 2004;35:e68.

89. Kamel H, Hegde M, Johnson DR, et al.: Cost-Effectiveness of Outpatient

Cardiac Monitoring to Detect Atrial Fibrillation After Ischemic Stroke.

Stroke 2010;41:1514-20.

49

4-Artigo

CORRELAÇÃO ENTRE FIBRILAÇÃO ATRIAL PAROXÍSTICA

E SINTOMAS NA MONITORIZAÇÃO

ELETROCARDIOGRÁFICA AMBULATORIAL DE 24 HORAS

50

Artigo original – submetido São Paulo Medical Journal

CORRELAÇÃO ENTRE FIBRILAÇÃO ATRIAL PAROXÍSTICA

E SINTOMAS NO HOLTER DE 24 HORAS

Marcelo Lapa Kruse

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Instituto de

Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de

Cardiologia

Av. Princesa Isabel, 395 Santana Unidade de Pesquisa Porto Alegre 90.620-001 editoraçã[email protected] / [email protected]

51

Artigo Original

IS THERE A RELATIONSHIP BETWEEN SILENT ATRIAL FIBRILLATION

AND THE MAXIMUM HEART RATE ON 24-HOUR HOLTER?

FIBRILAÇÃO ATRIAL PAROXÍSTICA SILENCIOSA PODE SER

DETERMINADA PELA FC MÁXIMA NO HOLTER?

Marcelo Lapa Kruse1, José Cláudio Lupi Kruse

2, Tiago Luiz Luz Leiria

3,

Leonardo Martins Pires4, Caroline Saltz Gensas

5, Daniel Garcia Gomes

6, Douglas

Boris7, Augusto Mantovani

8, Gustavo Glotz de Lima

9

1MD, MSc. Electrophysiologist at the Electrophysiology Service, Instituto de

Cardiologia / Fundação Universitária de Cardiologia. Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brasil. 2MD. Cardiologist, Instituto de Cardiologia / Fundação Universitária de Cardiologia.

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 3MD, MSc, PhD. Electrophysiologist at the Electrophysiology Service, Instituto de

Cardiologia / Fundação Universitária de Cardiologia. Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brasil. 4MD, MSc. Electrophysiologist at the Electrophysiology Service, Instituto de

Cardiologia / Fundação Universitária de Cardiologia. Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brasil. 5

Medical Student, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

(UFCSPA). Scientific Initiation Student, Instituto de Cardiologia / Fundação

Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 6MD. Resident in the Electrophysiology Service, Instituto de Cardiologia / Fundação

Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 7MD. Resident in the Electrophysiology Service, Instituto de Cardiologia / Fundação

Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 8

Medical Student, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

(UFCSPA). Scientific Initiation Student, Instituto de Cardiologia / Fundação

Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 9MD, MSc, PhD. Adjunct Professor, Cardiology, Department of Internal Medicine,

Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Head of the

Electrophysiology Service, Instituto de Cardiologia / Fundação Universitária de

Cardiologia, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

This study was developed at Instituto de Cardiologia / Fundação Universitária de

Cardiologia, Porto Alegre, RS, Brazil

52

ABSTRACT

Context and objective: The occurrence of asymptomatic atrial fibrillation (AF) is

common. It is important to identify AF as it increases morbimortality. The 24-hour

Holter has been used for the detection of paroxysmal AF (PAF). The objective of this

study is to correlate the presence of symptoms and PAF in the 24h Holter in the studied

population. Design and setting: Retrospective observational study performed at

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Methods: Analysis of 11321

consecutive 24-hour Holter monitoring tests performed at a referral service. Patients

with pacemaker or with AF throughout the whole recording time were excluded.

Results: 75 (0.67%) of tests presented PAF. The average age was 67 ± 13 years and

45% were female. The heart rate (HR) range was a minimum of 45 ± 8 bpm, a mean of

74 ± 17 bpm and a maximum of 151 ± 32 bpm. Among the tests showing PAF, only

26% had symptoms. The maximum HR was higher in the group with symptomatic

correlation with the arrhythmia (165 ± 34 vs 147 ± 30 bpm) (p = 0.03). The use of

betablockers have a protective effect on PAF symptoms (OR: 0.24, P = 0.031).

Conclusions: PAF is rare in the 24h Holter and is often asymptomatic. The maximum

HR during the 24 hours test was the only factor associated with symptomatic AF and

betablockers which had a protective effect on symptoms occurrence.

Key words: atrial fibrillation; symptoms; electrocardiography, ambulatory;

arrhythmias, cardiac; electrophysiology.

RESUMO

Contexto e objetivo: A ocorrência de Fibrilação Atrial (FA) assintomática é comum. A

identificação da FA é importante e está associada com maior morbimortalidade. O

53

Holter de 24h vem sendo utilizado para a detecção de FA paroxística (FAp). O objetivo

desse estudo é correlacionar a ocorrência de FAp no Holter de 24 horas e de sintomas na

população estudada. Tipo de estudo e local: Estudo retrospectivo observacional

realizado no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Métodos: Análise de 11321

exames consecutivos de Holter de 24 h realizados serviços de referência. Foram

excluídos pacientes com marcapasso e aqueles com FA durante toda a gravação.

Resultados: Foram identificados 75 (0,67%) exames apresentando FAp. A idade média

foi de 67±13 anos e 45% eram do sexo feminino. A freqüência cardíaca (FC)

encontrada nas 24h foi mínima de 45±8 bpm, média de 74± 17 bpm e máxima de 151±

32 bpm. Entre os exames apresentando FAp, apenas 26% apresentaram sintomas. O

único fator testado que evidenciou correlação com FA sintomática foi a FC máxima

(165± 34 vs 147± 30 bpm) (p=0,03). Conclusões: A FAp é um evento raro em Holter

de 24h. A FC máxima nas 24h foi o único fator relacionado com FA sintomática e o uso

de betabloqueadores teve efeito protetor para ocorrência de sintomas na FA.

Palavras-chave: fibrilação atrial; sintomas; eletrocardiografia ambulatorial; arritmias

cardíacas; eletrofisiologia.

54

INTRODUCTION

Atrial Fibrillation is the most common sustained arrhythmia in the medical

practice.1 It is often associated to a significant increase in morbidity and mortality

mainly in elderly patients. Atrial fibrillation is the leading cause of embolic episodes.

Cerebrovascular²,³ causes account for 75% of these embolic phenomena.

The diagnosis of atrial fibrillation can be based on patient’s symptoms, but in

several cases it may also be asymptomatic. Sometimes, it is occasionally identified by

chance or when the patient has a thromboembolic event. Early diagnosis is important in

preventing morbimortality that is largely due to stroke.4,5

Several tools for the assessment of atrial fibrillation were developed such as

transtelephonic monitoring, 24-hour Holter and implantable loop monitors

electrocardiogram (ECG) changes.6 All this techniques were evaluated to better define

the presence of paroxysmal arrhythmias such as paroxysmal atrial fibrillation. This can

be also done in the post treatment scenario, such as the post atrial fibrillation ablation

setting.7,8

The 24-hour Holter is useful in the correlation of detected arrhythmic events

and patient symptoms.

OBJECTIVES

This study aims in identifying the characteristics of patients and paroxysmal

atrial fibrillation detected during Holter monitoring that better correlate with

symptomatic arrhythmia.

METHODS

A cross-sectional study of patients undergoing the 24-hour Holter monitoring

was performed. Two experienced examiners in arrhythmia reviewed and reported all

55

tests in order to identify the presence of paroxysmal atrial fibrillation. The Patients that

presented paroxysmal atrial fibrillation episodes that lasted more than 30 seconds were

included. Patients were carefully instructed to fill out their diaries which were reviewed

regarding the duration and symptoms. Palpitations, dyspnea, dizziness and chest pain

reported by the patients were considered atrial fibrillation symptoms. The symptomatic

group was formed by patients who experienced at least one episode associated with

symptoms that occurred together with the paroxysmal atrial fibrillation episode.

The software used for the analysis of Holter tracings were DMI® (Diagnostic

Medical Instruments Holter Eclipse Analyzer, AR-200 software ALT V5.08B. Burdick

Inc, EUA) and Cardio Sistemas® (Cardio Sistemas Comercial e Industrial LTDA, São

Paulo, Brazil).

An analysis of the factors associated to increased symptomatic sensitivity to

arrhythmia and the period of the day in which the events occurred was performed. The

data were collected from the ambulatory Holter system. Patients with both permanent

pacemaker and permanent atrial fibrillation throughout the recording were excluded, as

well as those that presented paroxysmal atrial fibrillation lasting less than 30 seconds.

The maximum, minimum and average heart rates used were those obtained in the 24-

hour analysis. All of them were duly revised. The examiners analyzed and confirmed

the pauses above two seconds.

The database was stored in Microsoft Excel 2000. The level of significance used

was p<0,05 with a statistical power of 80%. Continuous data, such as episode duration

and frequency of episodes were analyzed by the Student’s t-test. The analysis of the

difference between categorical variables, as the symptoms during events of paroxysmal

atrial fibrillation, was performed according to the chi-squared test (Fischer). For

asymmetric variables, the Mann-Whitney test was used and analysis of covariance

56

(ANCOVA) for repeated measures. Logistic regression was performed to identify

factors that increase the odds of symptomatic paroxysmal atrial fibrillation. Statistical

analysis was performed with SPSS v.12.

The research was approved by the Research Ethics Committee of the Institute of

Cardiology of Rio Grande do Sul – University Cardiology Foundation.

RESULTS

There were 11.321 Holter tests performed and analyzed. Paroxysmal atrial

fibrillation was found in 75 tests which represent a prevalence of 0,67%.

The average age was 67 ± 13 years and 45% were female (Table 1). Differences

between symptomatic PAF (SPAF) and asymptomatic PAF (APAF) groups are

demonstrated in Table 2. Table 3 shows the multivariate analysis of factors associated

with the correlation between the occurrence of PAF and symptoms. The heart rate (HR)

range was a minimum of 45 ± 8 bpm, a mean of 74 ± 17 bpm and a maximum of 151 ±

32 bpm. Among the tests showing PAF, only 26% had symptoms. The maximum HR

was higher in the group with symptomatic correlation with the arrhythmia (165 ± 34 vs

147 ± 30 bpm) (p = 0.03), as it is shown in Figure 1. The use of betablockers have a

protective effect on PAF symptoms (OR: 0.24, P = 0.031).

The duration in minutes of the episodes of Paroxysmal Atrial Fibrillation in both

groups is similar (p=0,53), as it is shown in Figure 2. There was no difference in the

number of episodes of Paroxysmal Atrial Fibrillation in both groups (p=0,36) as it is

shown in Figure 3.

DISCUSSION

57

Evidence has shown that atrial fibrillation, once considered to be a benign

arrhythmia, is a condition that causes significant morbidity. It has become a public

health problem regarding the aging of the population and the increasing prevalence of

degenerative diseases. The subjects of this research who presented paroxysmal atrial

fibrillation during 24-hour Holter test are of a relatively high average age and present

comorbidities resulting from chronic diseases.

Even though our study was performed with a selected population, the prevalence

of paroxysmal atrial fibrillation was similar to that reported in the literature.8,9

The

presence of symptoms in patients with paroxysmal atrial fibrillation is of fundamental

importance because this is the criterion for the curative treatment of such arrhythmia,

whether by surgical or catheter ablation. The identification of asymptomatic paroxysmal

atrial fibrillation is also important, as it should be assessed the need of antiplatelet drugs

or anticoagulant medication in the prevention of thromboembolic events. The presence

of symptoms during the Holter test occurred in 59% of the patients who were identified

with paroxysmal atrial fibrillation; however, the correlation between the episode of

arrhythmia and the reported symptom was present in only 26% of the cases.

The perception of symptoms changed after ablation in patients with symptomatic

atrial fibrillation as demonstrated by Hindricks and collaborators. An increased

incidence of asymptomatic atrial fibrillation was detected in Holter after the procedure.

Furthermore, the results of this study have shown that asymptomatic paroxysmal atrial

fibrillation may occur in symptomatic patients who present an indication of paroxysmal

atrial fibrillation ablation. Before ablation, 50% of the patients had either symptomatic

or asymptomatic paroxysmal atrial fibrillation, while 38% of the patients recognized

precisely all episodes of paroxysmal atrial fibrillation. Even with a history of

58

symptomatic paroxysmal atrial fibrillation,10

only 5% of the patients had asymptomatic

paroxysmal atrial fibrillation during electrocardiographic recordings over seven days.

Jabaudon and collaborators compared the detection of atrial fibrillation in the

incidence of cerebral thromboembolic events due to the importance of its occurrence.

They analyzed the arrhythmia through the use of electrocardiographic recordings over a

seven days period (Event-loop Recording) in addition to the basic electrocardiography

and Holter test after the occurrence of the episodes. Atrial fibrillation was found in 2.7%

of the basic electrocardiography, in 5% of Holter test and in 5.7% of Event-loop

Recording. Basic electrocardiographic and Holter results were normal11

in patients

diagnosed by the latter method.

The Discern atrial fibrillation Trial study was applied to evaluate the follow-up

of patients referred for atrial fibrillation ablation with an implantable events monitor in

the period of three months before the procedure. The device was able to diagnose 69%

of the 2355 apparent episodes of arrhythmia as atrial fibrillation or atrial flutter. During

this period the device was activated 5013 times. According to the monitor, only 47% of

the patients were confirmed by the event monitor whereas 46% of them remained

relapse-free after ablation.12

The current drug treatment or the non-pharmacological approaches may offer partial or

complete relief of the symptoms. However, this may lead one to believe that the atrial

fibrillation is completely controlled or even cured due to the absence of symptoms or

documentation of sinus rhythm through the electrocardiography or occasional 24-hour

Holter test. Another important point is that the use of beta-blockers drugs protect from

the occurrence of symptoms related to paroxysmal atrial fibrillation, probably because

of its negative chronotropic property.

59

Another important finding of this study was the positive symptomatic correlation

in patients that presented a higher heart rate during the 24 hour recording; this is evident

even when the analysis was controlled by the use of antiarrhythmic and negative

chronotropic drugs. Although used to control heart rate over a 24 hour period, the

Holter test showed the heart rate in episodes of atrial fibrillation corresponds to the

maximum heart rate in most tests.

Limitations of this study are: selection bias inherent to the study design,

possibility of patients presenting some pathology or symptoms indicating they should

perform a 24-hour Holter test, lack of information regarding the indication of tests and

the exact use of antiarrhythmic drugs. The daily journal of symptoms filled out by

patients, who may omit important or overvalued symptoms, is also another limitation.

This certainly occurs, as it has been proved in a study of long-term electrocardiographic

monitoring of seven days with patients with atrial fibrillation.13

CONCLUSION

The detection of asymptomatic episodes of paroxysmal atrial fibrillation in

patients who underwent a 24-hour Holter test is a common event. The results are in

accordance with the literature and demonstrate a low correlation between symptoms and

episodes of paroxysmal atrial fibrillation during Holter recording.

The prevalence of paroxysmal atrial fibrillation is similar to that found in the

literature. They are often asymptomatic in a selected population of patients. The

maximum heart rate during the arrhythmia episode was the only factor related to the

60

presence of symptoms during the arrhythmia event. The use of beta-blockers serves as a

protector for the occurrence of symptoms in patients with paroxysmal atrial fibrillation.

61

FIGURE LEGENDS

Fig. 1 – Differences between maximum heart rates in the groups Symptomatic

Paroxysmal Atrial Fibrillation (SPAF) and Asymptomatic Atrial Fibrillation (AAF)

(p=0,03).

Fig. 2 – Duration in minutes of the episodes of Paroxysmal Atrial Fibrillation in both

groups (p=0,53). SPAF – Symptomatic Paroxysmal Atrial Fibrillation; AAF -

Asymptomatic Paroxysmal Atrial Fibrillation.

Fig. 3 – Number of episodes of Paroxysmal Atrial Fibrillation in both groups (p=0,36).

SPAF - Symptomatic Paroxysmal Atrial Fibrillation; APAF – Asymptomatic

Paroxysmal Atrial Fibrillation.

62

Table 1 – Baseline Characteristics of the Study Population

Characteristics

Total

(n=75)

Gender: Male 54,70%

Age 67,3±12,5

Heart Rate (bpm)

Minimum 45,8± 8,4

Mean 74±16,8

Maximum 151,9±31,9

Symptomatic PAF 26%

Drugs

Beta-blockers 36,60%

Sotalol 4%

Diuretic 20%

Digoxin 2,70%

Amiodarone 18,70%

CCBs 17,30%

ARBs 5,30%

ACE inhibitors 22,70%

Statin 9,30%

63

Table 1 – Baseline Characteristics of the Study Population (continued)

ACO 5,30%

AAS 28%

Others 30,70%

64

Table 2 – Characteristics of the groups symptomatic PAF (SPAF) and

asymptomatic PAF (APAF)

Characteristics PSAF

(n=20)

APAF

(n=55)

P

Gender 5,3 18,8 0,28

Age 66,5±15,8 67,6 ±11,1 0,08

Number of

episodes

4,6±5,5 11,6±29,6 0,1

Number of

drugs

3,3±1,5 2,4±2,0 0,16

Prevalence in

Wakefulness

75% 81,80% 0,52

Duration of

AF (min)

120 122 0,81

Maximum HR

(bpm)

164±7,3 164±7,3 0,03*

* Significance obtained in the analysis of the covariance (ANCOVA) with estimated

means (± Standard Error) and adjusted by the factors: age, gender, number of episodes,

number of drugs and heart rates.

65

Table 3 - Multivariate analysis of factors associated with the correlation between

the occurrence of PAF and symptoms

*Variables

placed in the model backwards were: Age, Gender, Min HR, Mean HR, Max HR, use of

beta-blocker, Solatol, Amiodarone, Digoxin, AF in wakefulness, Duration of AF

episode in minutes. BPM - beats per minute; PAF - Paroxysmal Atrial Fibrillation; HR -

Heart Rate; CI - Confidence Interval; Max - maximum; Min - Minimum; OR - odds

ratio.

Variable* OR P CI 95%

Increment of 1 bpm Max HR 1,022 0,015 1,004 1,040

Use of Beta-Blocker 0,246 0,031 0,068 0,883

66

Sources of support: 3 Holter equipment given by Cardio Sistemas® (Cardio Sistemas

Comercial e Industrial LTDA, São Paulo, Brazil); 2 Scientific Initiation Scholarships

given by FAPICC (Support Fund of the Institute of Cardiology / FUC).

Conflicts of interest: None

Corresponding author:

Marcelo Lapa Kruse

Av. Princesa Isabel, 395, Santana, Porto Alegre, RS, Brazil. Zip code: 90620-000.

Phone/Fax: +55 51 32303600 / 32172035

E-mail: [email protected]

67

4- Referências do Artigo

68

REFERENCES

1. Benjamin EJ, Wolf PA, D'Agostino RB, et al. Impact of atrial fibrillation on the risk

of death: the Framingham Heart Study. Circulation. 1998;98(10):946-52.

2. Cabin HS, Clubb KS, Hall C, Perlmutter RA, Feinstein AR. Risk for systemic

embolization of atrial fibrillation without mitral stenosis. Am J Cardiol.

1990;65(16):1112-6.

3. Petersen P, Godtfredsen J. Embolic complications in paroxysmal atrial fibrillation.

Stroke. 1986;17(4):622-6.

4. Page RL, Tilsch TW, Connolly SJ, et al. Asymptomatic or ''Silent'' Atrial Fibrillation

: Frequency in Untreated Patients and Patients Receiving Azimilide. Circulation.

2003;107(8):1141-5.

5. Miller CS, Grandi SM, Shimony A, Filion KB, Eisenberg MJ. Meta-Analysis of

Efficacy and Safety of New Oral Anticoagulants (Dabigatran, Rivaroxaban,

Apixaban) Versus Warfarin in Patients With Atrial Fibrillation. Am J Cardiol.

2012;110(3):453-60.

6. Halimi F, Van Erven L. Validation of success following atrial fibrillation ablation: a

European survey. Europace. 2009;11(8):1002-3.

7. Fenelon G, Scanavacca M, Atié J, et al. Atrial fibrillation ablation in Brazil: results

of the registry of the Brazilian Society of Cardiac Arrhythmias. Arq Bras Cardiol.

2007;89(5):258-62, 285-9.

8. Zimerman LI, Fenelon G, Martinelli Filho M, et al. Diretrizes Brasileiras de

Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol. 2009;92(6 supl. 1): 1-39.

69

9. Humphries KH, Kerr CR, Steinbuch M, Dorian P. Canadian Registry of Atrial

Fibrillation investigators. Limitations to antiarrhythmic drug use in patients with

atrial fibrillation. CMAJ. 2004;171(7): 741-5.

10. Hindricks G, Piorkowski C, Tanner H, et al. Perception of Atrial Fibrillation Before

and After Radiofrequency Catheter Ablation Relevance of Asymptomatic

Arrhythmia Recurrence. Circulation. 2005;112(3):307-13.

11. Jabaudon D, Sztajzel J, Sievert K, Landis T, Sztajzel R. Usefulness of ambulatory

7-day ECG monitoring for the detection of atrial fibrillation and flutter after acute

stroke and transient ischemic attack. Stroke. 2004;35(7):1647-51.

12. Verma A, Champagne J, Sapp J, et al. Discerning the Incidence of Symptomatic

and Asymptomatic Episodes of Atrial Fibrillation Pre- and Post-Radiofrequency

Ablation (DISCERN-AF): A Prospective, Multicenter Study (Late Breaking

Clinical Trial Abstract). JAMA Intern Med. 2013;173(2):149-56.

13. Mehall JR, Kohut RM Jr, Schneeberger EW, Merrill WH, Wolf RK. Absence of

Correlation Between Symptoms and Rhythm in "Symptomatic" Atrial Fibrillation.

Ann Thorac Surg. 2007;83(6):2118-21.

70

Lista de abreviaturas e símbolos

LEGENDAS

1. FA – fibrilação atrial

2. ECG – eletrocardiograma

3. AV - atrioventricular

4. WPW - síndrome de Wolff-Pakinson-White

5. AD - átrio direito

6. ECA - enzima de conversão da angiotensina

7. AAE: apêndice atrial esquerdo

8. AAD: apêndice atrial direito

9. HAS - hipertensão arterial sistêmica

10. CI - cardiopatia isquêmica

11. ICC - insuficiência cardíaca congestiva

12. DM - diabete mellitus

13. AVC - acidente vascular cerebral

14. RS – ritmo sinusal

15. BRA - bloqueadores do receptor de angiotensina

16. FC - freqüência cardíaca

17. FAp – fibrilação atrial paroxística

18. FCmax – freqüência cardíaca máxima

71

19. FACC: relato de sintomas durante episódio de FA

20. FASC: FA sem correlação com sintomas

72

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL / FUNDAÇÃO UNIVERISTÁIRA DE CARDIOLOGIA

Av, Princesa Isabel, 370 - Santana - Porto Alegre

90,620-001 F,: 51- 3230 3600