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Diretrizes para a contabilização, cálculo e relato de emissões de gases de efeito estufa (GEE) para fins do ICO2 Fevereiro de 2013

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Diretrizes para a contabilização, cálculo e

relato de emissões de gases de efeito estufa

(GEE) para fins do ICO2

Fevereiro de 2013

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Sumário

1. OBJETIVO .................................................................................................................................................................... 3

2. LIMITES DO INVENTÁRIO PARA FINS DO ICO2 ............................................................................................................. 4

2.1 PRINCÍPIOS ............................................................................................................................................................................ 4

2.2 GASES A SEREM INCLUÍDOS E POTENCIAL DE AQUECIMENTO GLOBAL (GWP) ..................................................................................... 4

2.3 LIMITES GEOGRÁFICOS ............................................................................................................................................................. 5

2.4 LIMITES ORGANIZACIONAIS ....................................................................................................................................................... 5

2.5 LIMITES OPERACIONAIS ............................................................................................................................................................ 7

2.5.1 Definição dos escopos ................................................................................................................................................ 7

2.5.2 Orientações para a identificação e cálculo de emissões .......................................................................................... 11

2.6 FORMA DE RELATO DAS EMISSÕES ............................................................................................................................................ 13

ANEXO I - FORMULÁRIO PADRÃO DO ICO2........................................................................................................................ 15

ANEXO II - MÉTODO DE EXTRAPOLAÇÃO DE DADOS DE EMISSÃO ..................................................................................... 21

A. MÉTODO DE EXTRAPOLAÇÃO ................................................................................................................................................ 22

B. PASSO-A-PASSO PARA A APLICAÇÃO DO MÉTODO DE EXTRAPOLAÇÃO ........................................................................................... 24

C. CASOS ESPECIAIS ................................................................................................................................................................ 25

C.1) Caso não existam instalações semelhantes à instalação cujas emissões necessitam ser extrapoladas .................... 25

C.2) Caso não seja possível identificar na instalação as fontes de emissão a serem extrapoladas ou obter dados de

extrapolação até o nível de categoria ............................................................................................................................... 27

GLOSSÁRIO ........................................................................................................................................................................ 30

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................................... 33

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1. Objetivo

O presente documento1 visa apresentar as diretrizes a serem utilizadas pelas empresas participantes do ICO2

para a contabilização, quantificação e relato de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Adicionalmente, o

documento estabelece o método a ser utilizado para a extrapolação de dados de emissão, nos casos em que o

inventário da empresa não atender aos limites estabelecidos neste documento2.

1 O presente documento foi elaborado mediante aporte técnico do GVces, tendo passado por um processo de validação em

2 Cumpre ressaltar que casos particulares poderão ser avaliados pela BM&FBOVESPA, BNDES e FGV.

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2. Limites do inventário para fins do ICO2

2.1 Princípios Assim como na contabilidade e reporte financeiros, princípios de contabilidade de GEE, amplamente aceitos,

devem ser aplicados à mensuração das emissões das empresas para fins do ICO2. A essência dos princípios está

em assegurar que os dados reportados representam de maneira fiel e verdadeira as emissões da empresa e

possam ser utilizados para obter o coeficiente “emissão/receita” da empresa participante do ICO2.

Os princípios são:

Relevância: assegurar que o inventário reflete apropriadamente as emissões de GEE da empresa;

Integralidade: incluir na contabilização e no reporte, todas as fontes e atividades emissoras existentes

dentro dos limites estabelecidos nas diretrizes do presente documento;

Consistência: aplicar metodologias consistentes, e em concordância com as diretrizes do presente

documento, a fim de permitir a comparação coerente entre empresas e entre inventários subsequentes

de uma mesma empresa;

Transparência: relatar informações de emissões, pressupostos e limitações do inventário de GEE de

forma clara, factual, neutra e compreensível;

Acurácia: assegurar que a quantificação das emissões de GEE esteja a mais próxima possível do valor

real, e reduzir as incertezas tanto quanto possível.

2.2 Gases a serem incluídos e Potencial de Aquecimento Global (GWP) As empresas devem incluir em seu inventário de emissões de GEE todos os gases internacionalmente

reconhecidos como GEE regulados pela primeira fase do Protocolo de Kyoto, a saber:

Dióxido de carbono (CO2)

Metano (CH4)

Óxido nitroso (N2O)

Hexafluoreto de enxofre (SF6)

Hidrofluorcarbonos (HFCs)

Perfluorcarbonos (PFCs)

As emissões de GEE e gases precursores destes, que não estejam cobertos pela primeira fase do Protocolo de

Kyoto, como, por exemplo, CFCs, HCFCs, NOx etc., não deverão ser relatadas3.

Para fins do ICO2, o relato das emissões dos gases deve ser feito em toneladas métricas de dióxido de carbono

equivalente (tCO2e), utilizando-se o Potencial de Aquecimento Global (GWP, do inglês Global Warming

3 Para uma lista completa de todos os GEE regulados pelo Protocolo de Kyoto e seus respectivos GWP, incluindo HFCs e

PFCs discriminados individualmente, recomendamos a consulta aos dados da UNFCCC ou o anexo 1 das Especificações do

Programa Brasileiro GHG Protocol – 2ª edição.

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Potential) para cada um dos GEE. Especificamente, o valor de GWP a ser utilizado deve estar baseado no

horizonte de 100 anos, conforme disposto no Segundo Relatório de Avaliação do IPCC4 publicado em 1995 (SAR-

Second Assessment Report).

2.3 Limites geográficos Os dados utilizados para consolidação das emissões devem considerar as emissões da empresa no Brasil e no

exterior, refletindo a abordagem utilizada no ICO2 para a contabilização da receita bruta da mesma.

Vale ressaltar que no caso de fontes móveis (por ex. transporte terrestre, aéreo, hidroviário, viagens a negócio),

devem-se considerar as operações que têm origem e/ou destino no Brasil e também operações que ocorram

totalmente no exterior.

2.4 Limites organizacionais Depois de estabelecidos os limites geográficos, o próximo passo no processo de elaboração do inventário

corporativo para fins do ICO2 é definir os limites organizacionais, ou seja, os critérios que estabelecem quais são

as operações de propriedade ou controladas pela empresa e como suas emissões devem ser consideradas no

reporte.

Considerando que o ICO2 é calculado através do quociente entre as emissões totais da empresa e sua receita

bruta anual, o limite organizacional do inventário seguirá a mesma regra contábil brasileira utilizada para o

reconhecimento nas demonstrações consolidadas da receita bruta das empresas investidas:

a) Quando a empresa detém controle5 sobre as investidas, considera-se 100% das receitas brutas para o

cálculo consolidado e, portanto, deverão ser contabilizados 100% das emissões destas controladas,

independentemente da participação societária detida.

b) Quando o controle sobre uma dada empresa investida é compartilhado6 com outra empresa

controladora, consideram-se as emissões referentes à mesma percentagem da receita bruta da investida

incluída nas demonstrações consolidadas elaboradas de acordo com os padrões contábeis brasileiros.

c) Quando a empresa não detém controle sobre a investida, apesar de ter participação societária, não se

considera nenhuma emissão desta.

Igualmente, no caso de cisões, aquisições e outros eventos que ocorram com a empresa durante o ano, a

contabilização das emissões correspondentes seguirá exatamente a mesma regra aplicada para a consolidação

4 Sigla em inglês do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.

5 O conceito de controle, neste contexto, é o poder de governar as políticas financeiras e operacionais da entidade de forma

a obter benefício das suas atividades.

6 Controle compartilhado é a divisão do controle, contratualmente estabelecido, sobre uma atividade econômica e que

existe somente quando as decisões estratégicas, financeiras e operacionais relativas à atividade exigirem o consentimento

unânime das partes que compartilham o controle.

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da receita, ou seja, deve ser reportada a parcela das emissões equivalente à receita apropriada nas

demonstrações financeiras consolidadas elaboradas de acordo com os padrões contábeis brasileiros.

Exemplo 1 – Limites organizacionais

O Grupo Alpha é uma holding que produz alimentos industrializados. Até o ano passado o grupo possuía apenas uma fábrica de

alimentos, Beta, que concentrava toda sua produção de enlatados. Recentemente a holding adquiriu a empresa Gamma para ampliar a

variedade de alimentos produzida, incorporando ao portfólio do Grupo Alpha a produção de outros tipos de enlatados. A empresa Pi,

controlada de Gamma, produz caixas de madeira que são utilizadas para embalagem e transporte dos enlatados de Gamma. O Grupo

Alpha tem controle compartilhado de Delta com o Epsilon e participação societária na financeira Omega, sem deter controle dessa

empresa.

A tabela a seguir demonstra qual seria o limite organizacional do inventário de emissões da empresa caso esta empresa hipotética

participe do ICO2.

Empresas investidas

do Grupo Alpha Estrutura societária

% da receita bruta

consolidada pelo

Grupo Alpha

% das emissões

consideradas para o

ICO2 pelo Grupo

Alpha

Controle de políticas

operacionais

Beta Controlada do Grupo Alpha 100% 100% Grupo Alpha

Gamma Controlada pelo Grupo Alpha 100% 100% Grupo Alpha

Delta Controle compartilhado: Grupo

Alpha e Epsilon 40% 40% Epsilon

Pi Controlada de Gamma 100% 100% Gamma*

Omega Participação societária do

Grupo Alpha e de Lambda 0% 0% Lambda

*Deve-se relatar 100% das emissões de Pi, por esta ser de controle de Gamma, que por sua vez é de controle do Grupo Alpha.

Veja no organograma abaixo qual será o limite organizacional considerado no ICO2:

Para o ICO2 são consideradas 40% das emissões de Delta, uma vez que o Grupo Alpha tem controle compartilhado de Delta com Epsilon e

40% da receita bruta de Delta foi considerada nas demonstrações financeiras consolidadas do grupo.

Grupo Alpha

OmegaGammaBetaDelta

Pi

LambdaEpsilon

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2.5 Limites operacionais

2.5.1 Definição dos escopos

A definição dos limites operacionais visa determinar quais fontes de emissão devem ser incluídas no inventário

do ICO2. Para tal, e em coerência com programas de reporte de emissões GEE, nacional e internacionalmente

reconhecidos, como por exemplo, o GHG Protocol7, as emissões devem ser divididas em três escopos. A

classificação de uma emissão em um escopo (principalmente entre Escopo 1 e 3) depende do estabelecimento

claro dos limites organizacionais como descrito na seção anterior.

Vale lembrar que, em se tratando de um inventário de emissões de GEE, deve se levar em conta o total das

emissões requeridas nestas diretrizes, independentemente de a companhia ter desenvolvido atividades ou

projetos de compensação e/ou sequestro de carbono. Desta forma, a compra e venda de créditos de carbono ou

implementação de qualquer projeto de sequestro de carbono não influencia a contabilização das emissões da

empresa nos Escopos 1, 2 e 3.

As definições de cada escopo assim como quais fontes devem ser incluídas em cada um deles, para fins do ICO2,

é detalhada a seguir.

Escopo 1

Inclui todas as emissões diretas de GEE, ou seja, que são provenientes de fontes que pertencem ou são

controladas pela empresa.

As emissões diretas de CO2 resultantes da combustão de biomassa não deverão ser incluídas no Escopo 1. No

entanto, as emissões diretas de CH4 e N2O da combustão de biomassa devem ser relatadas no Escopo 1 (veja o

item “Emissões de Biomassa”, para mais informações).

As emissões exigidas do Escopo 1 podem ser subdivididas nas seis categorias de fonte de emissão abaixo:

Combustão estacionária para geração de eletricidade, vapor, calor ou energia com o uso de

equipamento (caldeiras, fornos, queimadores, turbinas, aquecedores, incineradores, motores, etc.) em

um local fixo;

Combustão móvel para transportes em geral, ou seja, frota operacional da empresa, e, veículos fora de

estrada (usados em construção e agricultura);

Emissões de processos físicos e químicos: emissões, que não sejam de combustão, resultantes de

processos físicos ou químicos. A maioria destas emissões é resultante da manufatura e processamento

de produtos químicos e materiais como, por exemplo, as emissões de CO2 da calcinação na fabricação

de cimento, as emissões de CO2 na quebra catalítica no processo petroquímico, as emissões de PFC da

fundição do alumínio, etc.;

7 GHG Protocol, desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI), é hoje a metodologia mais usada mundialmente pelas

empresas e governos para a realização de inventários de GEE. É igualmente o primeiro a lançar uma metodologia padrão

para contabilização de emissões de Escopo 3, o Corporate Value Chain (Scope 3) Accounting and Reporting Standard.

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Emissões fugitivas: (a) liberações da produção, processamento, transmissão, armazenagem e uso de

combustíveis e (b) liberações não intencionais de substâncias que não passem por chaminés, drenos,

tubos de escape ou outra abertura funcionalmente equivalente (por ex. liberação de SF6 em

equipamentos elétricos, vazamento de HFCs durante o uso de equipamento de refrigeração e ar

condicionado e vazamento de CH4 no transporte de gás natural);

Emissões agrícolas: emissões não mecânicas provenientes de atividades de produção agropecuária.

Temos como exemplo: fermentação entérica (CH4), manejo de esterco (CH4, N2O), cultivo do arroz (CH4),

preparo do solo (CO2, CH4, N2O), queima prescrita da vegetação nativa (CH4, N2O), qualquer outra

emissão relevante do setor devidamente relatada.

Resíduos: emissões geradas em instalações de propriedade da organização inventariante ou outros

locais controlados por ela, advindas do tratamento e disposição de resíduos gerados pela sua operação.

Esta categoria inclui emissões do tratamento e disposição de resíduos sólidos (disposição em aterros,

compostagem, incineração, reciclagem) e de efluentes (tratamentos anaeróbios de efluentes industriais

como filtro biológico, lodo ativado, reator anaeróbio, lagoas, etc).

A classificação das fontes de Escopo 1 nas seis categorias acima tem um objetivo didático e não mandatório.

Todas as emissões de Escopo 1 das categorias listadas devem ser relatadas para fins do ICO2.

Escopo 2

O Escopo 2 contabiliza as emissões de GEE provenientes da aquisição de energia elétrica e térmica que é

consumida pela empresa. A energia adquirida é definida como sendo aquela que é comprada ou então trazida

para dentro dos limites organizacionais da empresa. O Escopo 2 pode, então, ser dividido em duas categorias de

fonte de emissão:

Aquisição de energia elétrica

Aquisição de energia térmica

As emissões resultantes da geração de energia adquirida para revenda a usuários finais e/ou a intermediários

não devem ser contabilizadas em nenhum escopo para fins deste índice.

De acordo com a definição do Escopo 2, as emissões resultantes da geração de energia elétrica adquirida que é

perdida durante a transmissão e a distribuição (T&D ) devem ser relatadas no Escopo 2 somente pela companhia

que é proprietária ou controladora da operação de T&D. Os consumidores finais da energia adquirida não

relatam emissões indiretas relacionadas a perdas de T&D no Escopo 2.

Para quantificar emissões de Escopo 2, recomenda-se o uso de fatores de emissão específicos por fonte ou

fornecedor para a energia adquirida. No caso brasileiro, se a energia elétrica adquirida é proveniente do Sistema

Interligado Nacional (SIN), deve ser aplicado o fator de emissão do SIN8, divulgado pelo Ministério da Ciência e

Tecnologia e Inovação (MCTI).

8 O fator de emissão do SIN não contabiliza perdas de T&D, em acordo com o estabelecido nesta metodologia.

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Todas as emissões de Escopo 2 devem ser relatadas para fins do ICO2.

Escopo 3

De forma geral, o Escopo 3 objetiva agregar todas as emissões indiretas das atividades da empresa que ocorrem

em fontes que pertencem ou são controladas por outra organização, exceto as fontes incluídas no Escopo 2.

Como este escopo implica a contabilização de uma vasta gama de categorias de fonte e atividades, para garantir

a uniformização e comparabilidade dos dados finais dentro da composição do índice, faz-se necessária a

contabilização e relato de algumas categorias específicas de Escopo 3. Igualmente, fica definido que devem ser

consideradas apenas as emissões de parceiros, fornecedores, clientes ou equivalentes que tenham uma relação

direta, ou seja, contratados pela empresa inventariante, estabelecendo, assim, um limite para a consideração

dessas emissões.

As categorias contempladas neste escopo serão transporte e distribuição terrestre (por ex. trens, caminhões,

motos, automóveis) e viagens a negócio (aéreas)9.

A descrição detalhada das categorias de fonte de emissão de Escopo 3 a serem consideradas no ICO2 encontra-

se a seguir.

a) Transporte e distribuição

Esta categoria contempla as emissões relativas a todos os serviços de transporte e distribuição contratados pela

organização inventariante. Inclui o transporte e distribuição contratados diretamente pela empresa de produtos

adquiridos e/ou produzidos pela organização, o transporte de resíduos gerados pela mesma e outros serviços de

entrega/distribuição, realizados em veículos de propriedade ou controlados por terceiros.

Apenas devem ser consideradas emissões oriundas de serviços de transporte contratados de fornecedores

externos diretamente pela organização inventariante. Correspondem a serviços de transporte negociados e

contratados pela empresa inventariante, aqueles obtidos diretamente por meio de um contrato ou requisição

de serviço específico com o fornecedor deste serviço.

É importante salientar que os limites geográficos do ICO2 são internacionais. Assim, as emissões desta categoria

referentes às operações que ultrapassem os limites geográficos de um país deverão ser integralmente

contabilizadas (considerando as emissões do local de origem até o destino).

Especificamente, devem ser incluídas as seguintes fontes, sempre que o serviço for contratado pela empresa

inventariante:

9 As categorias de escopo 3 a serem exigidas para os próximos anos poderão ser alteradas pela BM&FBOVESPA e BNDES

mediante aviso prévio às empresas participantes.

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Transporte e distribuição terrestres realizados por terceiros entre os fornecedores diretos da

organização inventariante e sua própria operação (por ex. transporte de matéria prima);

Transporte e distribuição terrestres realizados por terceiros entre as instalações da própria organização;

Transporte e distribuição terrestres realizados por terceiros entre as operações da organização

inventariante e seus clientes diretos, e;

Qualquer outro transporte e distribuição terrestres realizados por terceiros, desde que contratados

diretamente pela organização inventariante, não mencionado acima (por ex. transporte dos resíduos

gerados, serviços de entrega como de “motoboys”, entre outros).

No caso de transporte compartilhado considera-se apenas a parcela das emissões relacionada à carga da

empresa inventariante (volume ou peso transportado).

Esclarecemos que não devem ser contabilizadas as emissões decorrentes de:

Transporte terrestre de mercadorias (e/ou resíduos) compradas de um fornecedor cujo frete esteja

embutido no valor de compra, uma vez que, nestes casos, a contratação deste serviço é feita pelo

próprio fornecedor (apesar da empresa inventariante ter pagado indiretamente pelo mesmo);

Transporte terrestre diário de colaboradores (por ex. em ônibus fretado contratado pela empresa), uma

vez que emissões relacionadas a esta atividade são classificadas em outra categoria (transporte de

colaboradores), que não será exigida pelo índice neste momento;

Serviços postais realizados pelos Correios ou empresas nacionais e internacionais equivalentes (por ex.

DHL, Fedex) devido ao alto grau de incerteza na sua estimativa.

Transporte relacionados aos modais aéreo e hidroviário.

b) Viagens a negócios

Esta categoria inclui as emissões do transporte de funcionários da organização inventariante para as atividades

relacionadas ao trabalho no modal aéreo, ou seja, realizado apenas em aeronaves de propriedade ou operadas

por terceiros, tais como aviões comerciais e helicópteros.

Em transportes coletivos considera-se somente a parcela das emissões relacionada ao passageiro em questão.

Sendo os limites geográficos do ICO2 internacionais, as viagens internacionais, independentemente da origem e

do destino, deverão ser integralmente contabilizadas.

Esta categoria não inclui o transporte diário de colaboradores no trajeto casa-trabalho, sendo este incluído em

outra categoria (transporte de colaboradores), que não será exigida pelo índice neste momento.

Apenas as emissões de Escopo 3 descritas nas categorias acima devem ser relatadas para fins do ICO2, em seu

respectivo ano.

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Emissões de Biomassa

As emissões de CO2 advindas da combustão da biomassa (por ex. etanol, biodiesel, lenha, bagaço de cana)

devem ser excluídas dos Escopos 1, 2 e 3 e, portanto, não são requeridas para fins do cálculo do ICO2. Isto

porque a quantidade de CO2 liberada na combustão da biomassa foi retirada da atmosfera durante o processo

de fotossíntese e, desta forma, é possível considerar que o CO2 se renova em um ciclo relativamente curto.

Por outro lado, a combustão de biomassa também gera emissões de CH4 e N2O. Diferentemente do CO2, estas

fontes não podem ser consideradas neutras, em virtude de estes gases não serem removidos da atmosfera

durante o crescimento da biomassa. Neste caso, as emissões de CH4 e N2O devem ser incluídas nos Escopos 1, 2

e/ou 3 acima tratados e não são consideradas como sendo emissões de biomassa.

A distinção entre os combustíveis deve ser considerada quando for executada a contabilização das emissões da

queima de combustíveis compostos por mistura de biocombustíveis e combustíveis de origem fóssil (a exemplo

do que acontece no Brasil com a gasolina e diesel, os quais recebem um percentual de etanol e biodiesel

respectivamente em sua composição).

As emissões de CO2 provenientes de Biomassa não devem ser relatadas para fins do ICO210.

As emissões de CH4 e N2O provenientes de Biomassa devem ser contabilizadas em seus respectivos escopos para

fins do ICO2.

2.5.2 Orientações para a identificação e cálculo de emissões

Uma vez estabelecidos os limites (geográficos, organizacionais e operacionais), os seguintes passos devem ser

seguidos para o cálculo das emissões:

a) Identificação das fontes de emissão

Identificar e classificar todas as fontes de emissão existentes dentro dos limites considerados para fins do ICO2.

Para mais detalhes veja item 2.5.1 do presente documento.

b) Abordagens de contabilização de emissões

Existem basicamente três diferentes abordagens para a contabilização de emissões de GEE de uma determinada

fonte. A primeira trata-se da mensuração direta através do monitoramento da concentração e da taxa de fluxo

dos gases, sendo, portanto, a mais precisa e chamada de “cálculo” para fins do presente documento. A segunda

abordagem ocorre pela contabilização com base em um balanço de massa ou em uma base estequiométrica

específica a uma unidade ou a um processo (pode ser adequado para certas indústrias). A terceira abordagem se

dá por meio da aplicação de fatores de emissão documentados, sendo a mais comum e chamada de

“estimativa” para fins do presente documento.

10 A empresa poderá relatar de maneira voluntária as emissões de CO2 provenientes da Biomassa, mas estas não serão

contabilizadas para fins de cálculo do ICO2.

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Esses fatores de emissão correspondem a dados que relacionam as emissões de GEE de uma fonte específica a

um dado de atividade (medida para mensuração da atividade da fonte). A equação básica para a estimativa de

emissões através do uso de fatores de emissão é, portanto:

Emissão = Dado de atividade x Fator de emissão

Atualmente, esta é a abordagem predominante para a contabilização de GEE em todos os tipos de inventários,

uma vez que é simples, exige dados de acesso relativamente fácil e proporciona uma estimativa das emissões

relativamente acurada. É importante salientar que todos esses métodos (com exceção da mensuração direta) se

tratam de estimativas, diferentemente de métodos aproximativos de extrapolação, como será apresentado no

Anexo II desse documento.

c) Coletar dados de atividade e escolher fatores de emissão

A fim de utilizar a equação básica, exposta acima, é necessária a coleta de dados de atividade para cada fonte de

emissão. No contexto deste documento, entende-se por “dados de atividade” como sendo exclusivamente os

dados que podem ser aplicados diretamente a fatores de emissão a fim de estimar as emissões de uma fonte

específica (por ex. consumo de combustível, de energia elétrica, distância percorrida por automóveis,

quantidade de resíduo gerado, entre outros). Esses dados são passíveis de serem coletados em diferentes fontes

de informação da empresa inventariante (por ex. conta de luz, controle de compra de combustíveis, entre

outros).

Quanto à escolha dos fatores de emissão, aqueles mais específicos devem ser priorizados em relação aos mais

abrangentes e genéricos.

Algumas referências de fatores de emissão podem ser encontradas nas seguintes fontes:

Programa Brasileiro GHG Protocol: ferramenta de cálculo

o www.fgv.br/ces/ghg/

IPCC- Intergovernmental Panel on Climate Change: Guidelines for National Greenhouse Gas

Inventories

o www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/index.html

MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil: Fatores de Emissão de CO2

pela geração de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional do Brasil

o www.mct.gov.br/index.php/content/view/72764.html

Greenhouse Gas Protocol

o www.ghgprotocol.org/

The Climate Registry: General Reporting Protocol (somente para EUA, Canadá e México)

o www.theclimateregistry.org/

Instituto Internacional do Alumínio

o www.world-aluminium.org

Instituto Internacional do Ferro e do Aço

o www.eurofer.org

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Instituto Americano do Petróleo

o www.api.org

Iniciativa Cimento Sustentável do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento

Sustentável

o www.wbcsdcement.org

Associação Internacional de Conservação Ambiental da Indústria do Petróleo

o www.ipieca.org

International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA)

o www.icfpa.org/

Exemplo 2 – Método de estimativas de emissões

O Grupo Alpha iniciou seu inventário contabilizando as emissões do seu escritório administrativo no Brasil. Pôde identificar todas as

fontes de emissão e classificá-las dentro dos escopos e suas categorias de fonte. Dentre as diversas fontes identificadas, o grupo precisou

calcular as emissões da categoria Aquisição de energia elétrica, no Escopo 2.

Para o cálculo destas emissões foi adotada a abordagem mais simples e comum, ou seja, a estimativa por meio da aplicação de fatores de

emissão documentados.

Sendo que a energia é adquirida da rede, ou seja, do SIN (Sistema Interligado Nacional), o grupo achou o fator de emissão no site do

MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil) no valor de 0,0513 tCO2e/MWh/ano para o ano inventariado.

O dado de atividade compatível com esse fator de emissão é o consumo anual de eletricidade, o qual se verificou 9000 MWh no ano

inventariado.

A estimativa de emissões de energia elétrica adquirida através de fatores de emissão é, portanto:

Emissões

Quando não for possível obter dados de atividade ou fatores de emissão para uma dada fonte ou atividade

emissora, não sendo assim possível uma estimativa acurada das emissões, deve-se aplicar o método de

extrapolação e suas diretrizes apresentados no Anexo II deste documento.

d) Aplicar ferramentas de cálculo e compilar os dados de emissão

Para que a empresa possa relatar suas emissões totais de GEE, ela normalmente precisará reunir e resumir

dados de várias unidades, possivelmente em diferentes divisões empresariais. O uso de ferramentas de cálculo

(ex.: planilhas eletrônicas e softwares) permite a organização desses dados e auxilia na compilação de dados de

emissão, assim como na aplicação de fatores de emissão. É possível encontrar ferramentas inter-setoriais e

setoriais nas referências citadas no item acima.

2.6 Forma de relato das emissões

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A integralidade dos inventários é pré-requisito para a formulação do coeficiente “emissão/receita” utilizado no

ICO2. Isto implica que os inventários devem ser completos, fornecendo integralmente a contabilização de todas

as emissões de Escopo 1, 2 e das categorias de fonte de Escopo 3 requeridas, dentro dos limites estabelecidos

por essas diretrizes.

As empresas participantes do ICO2 devem submeter seus inventários através do formulário eletrônico padrão,

cujo modelo está no Anexo I deste documento.

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Anexo I - Formulário Padrão do ICO2

Formulário Padrão Todas as informações são obrigatórias, salvo os itens especificados como opcionais (em azul)

Nome da Empresa:

Responsável pelo inventário: Email:

Telefone:

I. Receita bruta do exercício incluída nas demonstrações financeiras consolidadas (em R$ milhões)11 :

II. Relato das emissões de gases de efeito estufa para fins do ICO2 1- Período considerado para a elaboração deste Inventário de GEE

12:

De __/__/____ até __/__/____

2- O inventário foi verificado por terceira parte?

Não Sim

Nome da verificadora: ______________________________________________________ (forneça uma cópia do certificado de verificação em formato PDF junto ao Formulário Padrão preenchido)

11 No caso de empresas industriais, comerciais e outras, considerar a receita bruta total de vendas e/ou serviços

apresentadas nas Demonstrações Financeiras consolidadas elaboradas de acordo com os padrões contábeis brasileiros

(indicar o número da nota explicativa onde se encontra o dado de receita bruta). No caso de bancos, considerar o

somatório da receita de intermediação financeira e da receita de prestação de serviços. No caso de seguradoras e outras

instituições reguladas pela SUSEP, considerar o somatório dos prêmios de seguros ganhos e outras receitas equivalentes,

descontado das variações das provisões técnicas, quando for o caso.

12 Este período deve ser o mesmo considerado para a Receita Bruta divulgada nas demonstrações financeiras consolidadas

elaboradas de acordo com os padrões contábeis brasileiros, conforme item 2.4 “Limites Organizacionais” deste documento.

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3 - Relação com outras metodologias, diretrizes ou programas específicos

3.1- Sua empresa (ou parte dela) baseou-se em alguma metodologia, diretriz ou programa específico existente na elaboração do inventário do ICO2?

Não Sim

3.2- Qual(is)? Programa Brasileiro GHG Protocol (PBGHGP) The Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol internacional do WRI) ISO 14064 The Climate Registry – (EUA) Carbon Trust – (GB) Bilan Carbone – (FR) Outra (indique e referencie): _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________

3.3-Foram necessárias adaptações nos limites organizacionais e na abordagem de consolidação das emissões considerados por essa(s) metodologia(s), diretriz(es) ou programa(s) citado(s) acima para que os dados pudessem ser considerados para fins do ICO2? Se sim, descreva brevemente as adaptações.

4 - Limites Geográficos

4.1 - Liste todos os países onde a empresa possui operações inseridas no inventário

4.2- Cite brevemente as principais operações realizadas em cada país

Ex: Angola Ex: plataforma de extração de petróleo e escritório executivo.

...

5 - Limites Organizacionais

5.1- Liste a controladora e todas as investidas em que a empresa possui controle ou controle compartilhado

5.2- A empresa controladora detém controle total ou compartilhado da investida?

5.3 - Qual a % da receita bruta

13 que

foi consolidada?

5.4 - Qual a % das emissões que foi utilizada para fins do ICO2?

Controladora

Controlada A Total (100%) Compartilhado

Controlada B Total (100%) Compartilhado

... ... ... ...

13 A alocação das emissões por investida deve seguir o mesmo critério utilizado para a receita bruta. Para mais informações,

consulte o item 2.4 “Limites Organizacionais” deste documento.

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6 - Dados de emissões

6.1 - Dados de emissões estimadas ou calculadas para todos os GEE Considere todas as operações e unidades dentro dos limites do ICO2

GEE

em toneladas métricas de cada gás em tCO2 equivalente

Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3 Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3

Transporte e distribuição

Viagens a negócios

Transporte e distribuição

Viagens a negócios

CO2

CH4

N2O

HFCs

PFCs

SF6

Total de emissões estimadas ou calculadas (tCO2e):

6.2 – Total de emissões extrapoladas (tCO2e)

6.3 – Total de emissões consolidadas (tCO2e)14

6.4 – Percentagem (%) de emissões extrapoladas em relação ao total de emissões consolidadas

6.5 – Total de emissões consolidadas (Escopo 1 + Escopo 2+ Escopo 3) (tCO2e)

14 Emissões consolidadas consistem na soma das emissões estimadas ou calculadas mais as emissões extrapoladas.

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7 – Emissões desagregadas por categorias de fontes

7.1- Emissões Escopo 1 desagregadas por categorias de fontes (tCO2e) (OPCIONAL)

Combustão estacionária

Combustão móvel

Emissões de processos

Emissões fugitivas

Atividades agrícolas

Emissões de resíduos

Total

7.2- Emissões Escopo 2 desagregadas por categorias de fontes (tCO2e) (OPCIONAL) Aquisição de energia elétrica Aquisição de energia térmica Total

8 - Dados de emissões de CO2 advindos da combustão de biomassa (tCO2) 15

(OPCIONAL ) Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3

Fontes Estacionárias Fontes Móveis

Compra de vapor Outros (indique):____________________

9 - Relate as emissões desagregadas por escopo para cada país, ou grupo de países, listado no item 4. (OPCIONAL):

País Emissões tCO2e

Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3

Total:

15 Estas emissões não devem ser consideradas no preenchimento do item 6 deste formulário e não serão contabilizadas

para cálculo do ICO2.

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10 - Extrapolação

10.1 - Detalhe o método de extrapolação de todas as instalações para qual ele foi aplicado. Veja exemplo abaixo:

1- E X E M P L O

Dados da(s) instalação(ões) que

possui(em) emissões desconhecidas

Descrição da fonte, grupo de fontes, subcategoria, categoria ou escopo

que terão as emissões extrapoladas

Loja 2: não foi possível obter dados sobre o serviço de entregas terceirizado da Loja 2.

Classificação

Escopo Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3

Categoria(s)16

Transporte e distribuição

Dado de extrapolação

utilizado

Descrição Nº de remessas (de entrega terceirizada de produtos no ano)

Valor [A] 560

Unidade -

Dados da(s) instalação(ões) que

possui(em) as emissões conhecidas

Descrição

Loja 1: instalação com as características mais próximas da Loja 2 nesta categoria, sendo que fica na mesma região, tem a mesma atividade econômica e possui as emissões de transporte e distribuição já estimadas.

Dado de extrapolação

Valor [B] 3120

Unidade -

Emissões [C] (tCO2e) 13000

Emissões extrapoladas (utilizadas no inventário)

Resultado [=A.C/B] (tCO2e) 2333

10.2 - Replique o modelo abaixo conforme número de vezes que o método de extrapolação foi aplicado.

M O D E L O

Dados da(s) instalação(ões) que

possui(em) emissões desconhecidas

Descrição da fonte, grupo de fontes, subcategoria, categoria ou escopo

que terão as emissões extrapoladas

Classificação Escopo Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3

Categoria(s)

Dado de extrapolação

utilizado

Descrição

Valor [A]

Unidade

Dados da(s) instalação(ões) que

possui(em) as emissões conhecidas

Descrição

Dado de extrapolação

Valor [B]

Unidade

Emissões [C] (tCO2e)

Emissões extrapoladas (utilizadas no inventário)

Resultado [=A.C/B] (tCO2e)

16 Caso a extrapolação seja para o escopo todo, indicar o escopo novamente.

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11 - Metodologias

11.1 - Especifique todas as metodologias, ferramentas de contabilização e quantificação e fontes de fatores de emissão utilizados para a elaboração do inventário. (Mencione igualmente, caso tenha sido utilizado um fator de emissão ou metodologia próprios)

Metodologias e/ou ferramentas:

Nome da metodologia ou ferramenta: Referência e/ou link (OPCIONAL) A quais categorias de fonte de emissão foi aplicada?(OPCIONAL)

...

Fatores de emissão (OPCIONAL):

Fontes de fatores de emissão utilizadas (OPCIONAL) Referência e/ou link (OPCIONAL)

...

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Anexo II - Método de extrapolação de dados de emissão

O método de extrapolação é menos preciso que o método de cálculo ou métodos de estimativa descritos no

item 2.5.2 do presente documento, e só deve ser utilizado quando o cálculo ou estimativa não são viáveis. Este

método é indicado, por exemplo, para os casos em que a empresa inventariante não tem dados de atividade,

relacionados a uma determinada operação, que a possibilite estimar a correspondente parcela de suas emissões

através da utilização direta de fatores de emissão.

Este método é aplicável a contabilização de emissões de uma fonte 17 , grupo de fontes agregadas,

subcategoria18, categoria de fonte19 ou, em último caso, dos Escopos 1 ou 2 de instalações20 da empresa (por ex.

escritório, uma unidade de operação, uma planta industrial, uma fábrica, um entreposto, entre outros). Para o

Escopo 3, devido a sua alta especificidade, o nível máximo de extrapolação possível é o de categoria de fonte

(“transporte e distribuição” e “viagens a negócios”).

Em linhas gerais, assume-se que o nível de emissões (desconhecidas) da fonte, grupo de fontes, subcategoria,

categoria de fonte ou escopo a ser extrapolado, para uma determinada instalação, encontra-se direta ou

indiretamente relacionado com o nível de emissões (conhecido) do mesmo tipo de outra instalação, desde que a

última (instalação cujas emissões sejam conhecidas) tenha natureza de operação similar à primeira (instalação

cujas emissões não sejam conhecidas). Esta relação entre os níveis de emissão de duas instalações é

estabelecida neste método através dos ”dados de extrapolação”.

Dados de extrapolação são, então, dados mais genéricos e abrangentes da instalação ou operação, que

apresentam alguma relação com as emissões da fonte de emissão, grupo de fontes, categoria de fonte ou

escopo da mesma. Esses dados não podem ser considerados como dados de atividade, já que não são

compatíveis com a aplicação direta de fatores de emissão.

Considerando os limites geográficos, organizacionais e operacionais do ICO2, o método de extrapolação poderá

ser aplicado para até:

20% das emissões totais de Escopo 1 (em tCO2e);

20% das emissões totais de Escopo 2 (em tCO2e);

20% das emissões totais de Escopo 3 (em tCO2e).

17 Pequenas fontes de emissão inclusive.

18 Por ex. combustão móvel terrestre e combustão móvel aérea como subcategorias da categoria “combustão móvel”.

19 Descritas no item 2.5 deste documento.

20 Ver definição no glossário.

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Exemplo 3 – Como definir os limites de extrapolação

O Grupo Alpha compilou os resultados das emissões de Escopo 1 do seu inventário de GEE e precisa saber se está dentro dos limites

tolerados para o uso da extrapolação. O grupo conseguiu calcular as emissões de Escopo 1 de todas as suas empresas sem fazer uso da

extrapolação, com exceção de Beta, que teve parte de suas emissões calculadas pelo método de extrapolação. Veja os resultados na

tabela abaixo.

Entidades do grupo

Emissões de Escopo 1 (tCO2e)

Estimativa (uso de fatores de emissão)

Extrapolação

Grupo Alpha (adm) 100 -

Delta 5.000 -

Gamma 3.000 -

Pi 1.000 -

Beta 900 1.500

Total 10.000 1.500

Para verificar a percentagem das emissões extrapoladas no total temos:

Tendo em vista que a as emissões extrapoladas representam 13% do total de emissões, ou seja, menos que 20%, o grupo está dentro dos

limites estabelecidos para uso de extrapolação do Escopo 1. O mesmo cálculo deve ser realizado para os outros escopos do inventário do

Grupo Alpha.

A. Método de extrapolação

O método de extrapolação consiste em calcular um quociente de intensidade carbônica (emissão em

tCO2e/dado de extrapolação), de uma instalação com dados de emissão conhecidos, e, usá-lo no cálculo das

emissões desconhecidas através de uma regra de três simples, conforme equação abaixo:

Onde:

– emissões (x): emissões da fonte, grupo de fontes, subcategoria, categoria de fonte ou escopo da

instalação da qual se quer obter as emissões;

– dado de extrapolação (x): dado conhecido da instalação da qual se quer obter as emissões;

– emissões (A): emissões da fonte, grupo de fontes, subcategorias, categoria de fonte ou escopo da

instalação (ou grupo de instalações) da qual se conhece as emissões;

– dado de extrapolação (A): dado conhecido da instalação (ou grupo de instalações) da qual se conhece as

emissões. Trata-se, evidentemente, do mesmo tipo de dado que o utilizado para a instalação x.

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A tabela a seguir apresenta exemplos de dados de extrapolação que podem ser usados para compor os

quocientes de intensidade para cada categoria de fonte. Para níveis de fonte de emissão, grupo de fontes, e

subcategorias cabe à empresa inventariante analisar qual melhor dado de extrapolação disponível. A tabela não

é exaustiva, sendo que outros dados podem ser utilizados de acordo com o julgamento da empresa, desde que

devidamente relatados e justificados.

Tabela 1. Exemplo de dados de emissão e extrapolação para os quocientes de intensidade carbônica

Categorias de fonte

Quociente de intensidade para níveis até categoria de fonte

Emissões21 Exemplos de dados de extrapolação da instalação

Esco

po

1

Comb.

Estacionária

Emissões de comb.

Estacionária

Toneladas de produto, gastos com combustíveis, horas de funcionamento do

equipamento (potência do equipamento), horas de funcionamento da planta.

Comb. Móvel Emissões de comb.

Móvel

Gastos com combustíveis, nº de deslocamentos, nº (e tipo) de veículos, tonelada de

produto, distâncias entre locais.

Processos Emissões de

processos Toneladas de produto, toneladas de insumos, toneladas de resíduos.

Fugitivas Emissões fugitivas Área construída (m2), nº de equipamentos (tipo), nº de veículos refrigerados, nº de

disjuntores.

Agro Emissões agrícolas Área (em ha) plantada, cabeças de gado, produção (kg cereais, litros de suco, litros de

leite, etc.), toneladas de fertilizante.

Resíduos Emissões de

resíduos

Toneladas de resíduos (caso a composição e a forma de tratamento sejam

desconhecidos), toneladas de produto, toneladas de insumos, nº de pessoas (usuários da

instalação), gastos com compra de papel e derivados, água consumida (para efluentes)

Esco

po

2 Aquisição de

energia elétrica

Emissões da

aquisição de energia

elétrica

Gastos com energia, área total (m2), gastos gerais, área construída (m²), nº de

equipamentos (lâmpadas, computadores...), horas de funcionamento.

Aquisição de

energia térmica

Emissões da

aquisição de energia

térmica

Gastos com energia, gastos com calefação.

Esco

po

3 Transporte e

distribuição

Emissões de

transporte e

distribuição

Gastos com serviços de transporte, quantidade transportada (contêiner, kg de material,

kg de produto, kg de insumo, nº de produtos), distância entre locais, nº de veículos

utilizados, gastos (gerais)

Viagens a

negócios

Emissões de viagens

a negócio Distâncias viajadas, gastos com viagens a negócio, nº de viagens, gastos (geral).

Deve-se ressaltar que o método de extrapolação deve ser calculado para cada ano inventariado, dado que a

relação entre as emissões e o dado de extrapolação pode variar de um ano para outro.

O exemplo a seguir mostra como o método pode ser aplicado.

21 Nesta tabela foram usados dados de emissão por categoria apenas para fins de exemplificação. O dado de emissão

escolhido deverá estar relacionado ao nível de extrapolação que a empresa optou em fazer (fonte, grupo de fonte,

categoria, etc.).

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Exemplo 4 – Método de extrapolação

Grupo Alpha precisa calcular as emissões da geração de resíduos de sua nova fábrica Gamma que produz enlatados, principalmente

sardinhas. O grupo sabe que todo resíduo gerado é enviado para aterros próprios (Escopo 1). No entanto, não dispõe de dados da

quantidade de resíduo gerado para estimar as emissões através de fatores de emissões e as ferramentas hoje disponíveis.

Por outro lado, a fábrica Beta, produtora de enlatados de milho e ervilha, e também do Grupo Alpha, dispunha dos dados de atividade

necessários e calculou as emissões dos seus resíduos enviados ao aterro do grupo, resultando em 20 tCO2e no ano inventariado.

O Grupo Alpha, sabendo que a fábrica Beta produz 100 toneladas de enlatados por ano e a fábrica Gamma produz 25 toneladas de

enlatados por ano resolveu fazer uso do método de extrapolação, como segue:

– emissões (Gamma) = emissões de resíduos de Gamma (dado desconhecido)

– dado de extrapolação (Gamma)= produção de 25 toneladas de enlatados por ano

– emissões (Beta)= emissões de resíduos de Beta = 20 tCO2e

– dado de extrapolação (Beta)= produção de 100 toneladas de enlatados por ano

Dessa forma, as emissões extrapoladas de resíduos gerados de Gamma, com base na relação entre a geração de resíduos e a produção,

são iguais a 5 tCO2e no ano inventariado. O Grupo Alpha relatou e justificou todas suas hipóteses e decisões no formulário padrão do

ICO2 (ver Anexo I do presente documento).

B. Passo-a-passo para a aplicação do método de extrapolação

Os passos a serem seguidos são descritos a seguir. A empresa inventariante deve priorizar a extrapolação no

menor nível possível22 que se tenham dados de extrapolação disponíveis.

1º passo: Identificação das fontes a serem extrapoladas

O primeiro passo é identificar as fontes de emissão, grupo de fontes, subcategorias ou categorias de fonte da

instalação que necessitam de extrapolação, ou seja, que não foi possível a estimativa de emissões através da

coleta de dados de atividades e multiplicação pelos respectivos fatores de emissão.

2º passo: Levantamento de dados de extrapolação

Levantar dados de extrapolação da instalação inventariada para cada fonte, grupo de fontes, subcategoria ou

categoria de fonte cujas emissões necessitem extrapolação. Em seguida, escolher os quocientes de intensidade

correspondentes de outra instalação que apresente as mesmas características produtivas correlacionadas ao

perfil de emissões da primeira instalação.

22 Fontes de emissão, grupo de fontes, subcategorias ou categorias de fonte da instalação.

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3º passo: Calcular as emissões desconhecidas

Usa-se o quociente de intensidade conhecido no cálculo das emissões desconhecidas da instalação, conforme

exemplo abaixo:

Exemplo 5 – Aplicação do quociente de intensidade (1)

A Loja 2 precisa extrapolar as emissões da categoria de fonte “Transporte e distribuição” do Escopo 3. A Loja 1 é a instalação com as

características mais próximas da Loja 2 nesta categoria, sendo que fica na mesma região, tem a mesma atividade econômica e possui as

emissões de transporte e distribuição já estimadas. O Grupo Alpha decide, então, usar o nº de remessas de entrega terceirizada de

produtos no ano como dado de extrapolação para essa categoria de fonte.

– emissões (Loja1): 13000 tCO2e

– dado de extrapolação (Loja 1): 3120 remessas

– emissões (Loja 2): emissões de transporte e distribuição desconhecidas

– dado de extrapolação (Loja 2): 560 remessas

C. Casos especiais

C.1) Caso não existam instalações semelhantes à instalação cujas emissões necessitam ser

extrapoladas Para os casos em que não existam instalações da empresa inventariante semelhantes à instalação cujas

emissões precisam ser extrapoladas, a empresa deverá aplicar o método de extrapolação da seguinte maneira:

1º passo: Classificar todas as instalações da empresa

Classificar a natureza de operação de todas as instalações já inventariadas e da instalação, cuja parcela de

emissões será extrapolada, entre “comercial” ou “não comercial”. Para essa classificação, utilize como

referência os critérios de classificação de instalações descritas no General Verification Protocol do The Climate

Registry, conforme tabela abaixo:

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Tabela 2 - Critérios para classificação das instalações nas classes ‘comercial’ e ‘não comercial’23 Comercial Não Comercial

Em sua maioria, instalações de varejo ou escritórios onde não se realizem operações industriais e nas

quais as fontes de emissão sejam limitadas a:

- Energia elétrica, calefação ou refrigeração adquirida;

- Queima estacionária de combustível para calefação e provisão de energia a edifícios;

- Queima de combustível em fontes móveis;

- Gases refrigerantes para condicionamento de ar de edifícios;

- Extintores de incêndio padrão (diferentes de sistemas mais complexos de PFC);

- Geradores de eletricidade para emergências; e

- Equipamentos “off-road” limitados à manutenção de prédios e ao paisagismo.

Outras fontes que utilizam energia elétrica adquirida, tais como meios de transporte, estações de

bombeamento, iluminação de estacionamentos, ou sinais de trânsito podem ser consideradas como

instalações comerciais para os fins deste método.

Em sua maioria, instalações

que não cumprirem os

critérios de uma instalação

comercial (por ex. instalações

usadas para fabricação ou

outras operações industriais,

depósitos, fontes móveis etc.).

Gasodutos e sistemas de

transmissão e distribuição

podem ser tratados como

instalações individuais não

comerciais.

Fonte: adaptado de General Verification Protocol, The Climate Registry, 2010

2º Calcular o quociente médio de intensidade da classe

Após classificar todas as instalações já inventariadas, deve-se calcular o quociente médio de intensidade das

instalações da empresa pertencentes à mesma classe da instalação cuja parcela de emissões será extrapolada

(ver exemplo 6 a seguir). O tipo de dado de extrapolação deve ser o mesmo para ambas as instalações.

3º Calcular as emissões desconhecidas

O último passo é usar o quociente médio de intensidade da classe no cálculo das emissões desconhecidas da

instalação a ser extrapolada, conforme exemplo a seguir:

23 Estes critérios são indicativos, sendo possível sua customização para a realidade de cada empresa, desde que

devidamente justificada e em coerência com os objetivos do método.

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Exemplo 6 – Aplicação de quociente de intensidade (2)

O escritório de Gamma deve extrapolar suas emissões da subcategoria “Viagens de ônibus”. Ao analisar os dados disponíveis, o grupo só

dispunha de um histórico dos gastos com essas viagens, decidindo, assim, usar esse dado como dado de extrapolação do quociente de

intensidade.

O Grupo Alpha não conseguiu identificar nenhuma outra instalação específica (escritório) que pudesse ter as mesmas características

produtivas e de emissões relacionadas a essa categoria. O grupo decidiu, então, identificar todas as instalações da classe “comercial” que

tenham emissões de viagens de ônibus estimadas: a sede administrativa do Grupo Alpha em São Paulo, o escritório de vendas no Rio de

Janeiro e o escritório de Beta. As empresas Delta e Pi não foram consideradas por não apresentarem instalações comerciais. A

identificação resultou nos seguintes dados:

Instalações Emissões de viagens de ônibus(tCO2e) Gastos com viagens de ônibus

Sede administrativa Alpha (SP) 5 R$ 1.400

Escritório vendas Alpha (RJ) 1,8 R$ 324

Escritório de Beta 2,5 RS 820

Escritório de Gamma (dado desconhecido) R$ 1060

Extrapolação:

Quociente médio de intensidade =

Outra opção, caso não existam instalações da empresa inventariante semelhantes à instalação cuja parcela de

emissões será extrapolada, é levar em conta instalações de outras empresas que são do mesmo ramo de

atividade, mas não pertencentes à empresa inventariante, desde que os dados necessários para gerar o

quociente de intensidade estejam publicamente disponibilizados por essas empresas.

C.2) Caso não seja possível identificar na instalação as fontes de emissão a serem

extrapoladas ou obter dados de extrapolação até o nível de categoria Somente nos casos em que não é possível identificar claramente as fontes de emissão da instalação (ou as

categorias de fonte) que necessitem de extrapolação, ou, alternativamente, quando não se podem obter dados

de extrapolação até o nível de categoria, devem-se usar quocientes de intensidade para o nível do escopo.

Quocientes de intensidade para o nível do escopo se aplicam apenas aos Escopos 1 e 2. A tabela a seguir

apresenta exemplos de dados de extrapolação que podem ser usados para compor estes quocientes de

intensidade.

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Tabela 3. Exemplo de dados de extrapolação para os quocientes de intensidade carbônica para nível de escopo.

Escopos

Quociente de intensidade para nível do escopo

Emissões Exemplos de dados de

extrapolação Es

cop

o 1

Comb. Estac.

Emissões agregadas

de

Escopo 1

Gastos (excluindo energia e atividades

terceirizadas), gastos com folha de pagamento,

gastos fixos, gastos (geral), receita de venda.

Comb. Móvel

Processos

Fugitivas

Agro

Resíduos

Esco

po

2

Aquisição de

energia elétrica

Emissões de

Escopo 2

Gastos com energia, gastos fixos, gastos com

compras, gastos (geral), receita.

O primeiro passo, nesse caso, é analisar a existência de uma instalação, pertencente à empresa inventariante,

que apresente as mesmas características produtivas correlacionadas ao perfil de emissões da instalação em

análise. Caso exista tal instalação, usa-se o quociente desta instalação no cálculo das emissões da instalação

inventariada, conforme exemplo abaixo:

Exemplo 7 – Aplicação de quocientes de intensidade agregados por escopo

A Loja 2 deve fazer uso de quocientes de intensidade por escopo para suas emissões de Escopo 1, uma vez que não foi possível identificar

todas as fontes possíveis desse escopo. No caso dos quocientes por escopo, as categorias de fonte do Escopo 1 são todas agregadas, ou

seja, é necessário fazer a extrapolação para o escopo como um todo.

O Grupo Alpha estimou as emissões da Loja 1 através de dados de atividade e fatores de emissões em 556 tCO2e.

Num primeiro momento o grupo decidiu utilizar os gastos de cada loja como dado de extrapolação, a Loja 1 tendo anualmente R$670.000

em gastos e a Loja 2 R$150.000. No entanto, o grupo verificou que estes valores agregavam gastos que não refletiam necessariamente as

atividades emissoras da loja. O grupo optou, então, em retirar deste valor os gastos não diretamente relacionados às possíveis emissões.

Sendo assim, foram retirados os custos com aluguel, reformas e com sistemas de segurança de ambas as lojas, obtendo então R$ 87.500

para a Loja 1 e R$ 33.000 para a Loja 2.

O cálculo das emissões da Loja 2, utilizando o quociente de intensidade agregado por escopo da Loja 1 é apresentado a seguir:

Este exemplo busca ilustrar, como o julgamento do inventariante é importante no momento da escolha dos dados de extrapolação ao

propor uma reflexão de quais gastos possuem uma relação efetiva com as emissões do escopo em questão. O resultado não permitirá

uma avaliação precisa das emissões, mas garantirá que a ordem de grandeza das mesmas seja garantida e que dentro dos níveis máximos

de extrapolação, os desvios não sejam representativos.

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Finalmente, caso não existam instalações semelhantes na empresa, é preciso calcular o quociente médio de

intensidade do escopo para todas as instalações agregadas pertencentes à mesma classe (comercial ou não

comercial) da instalação a ser extrapolada. Em seguida, usa-se o quociente médio encontrado no cálculo das

emissões desconhecidas da instalação a ser extrapolada.

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Glossário

Para fins deste documento, aplicam-se os seguintes termos e definições:

Ano-base: é o ano em que ocorrem as emissões que um inventário de gases de efeito estufa (GEE) contabiliza.

Biocombustíveis: combustíveis oriundos de matéria vegetal como, por exemplo, madeira, palha e etanol.

Biomassa: no contexto energético, é o conjunto de materiais orgânicos de origem vegetal, animal ou fúngica

passíveis de se tornar fonte de energia por combustão (por ex. madeira), metanização (biogás) ou depois de

novas transformações (biocombustíveis). Excluem-se os tradicionais combustíveis fósseis, embora estes

também sejam derivados da vida vegetal (carvão mineral) ou animal (petróleo e gás natural).

Controle: poder de governar as políticas financeiras e operacionais da entidade de forma a obter benefício das

suas atividades.

Controle compartilhado: divisão do controle, contratualmente estabelecido, sobre uma atividade econômica e

que existe somente quando as decisões estratégicas, financeiras e operacionais relativas à atividade exigirem o

consentimento unânime das partes que compartilham o controle (os empreendedores).

Crédito de carbono: são certificados emitidos para uma empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito

estufa (GEE), em decorrência da implementação voluntária de um projeto de redução ou remoção de emissões

de GEE.

Dados de Atividade: medida usada para mensuração da atividade da fonte de emissão de GEE.

Escopo 1: emissões diretas de GEE da empresa inventariante.

Escopo 2: emissões indiretas de GEE relacionadas à geração de eletricidade, calefação ou refrigeração, ou vapor

adquiridos pela empresa inventariante para consumo próprio.

Escopo 3: outras emissões indiretas de GEE da empresa inventariante, isto é, emissões liberadas de fontes de

propriedade ou controladas por outras organizações na cadeia de valor, tais como fornecedores de matéria

prima, fornecedores de logística, fornecedores de gestão de resíduos, fornecedores de viagens, bens alugados,

franquias, varejistas, colaboradores e clientes.

Estimativa: cálculo aproximado de emissões de GEE, a partir da segunda e terceira abordagens de cálculo

apresentadas neste documento, como, por exemplo, a que utiliza fatores de emissão. A estimativa através de

fatores de emissão utiliza “dados de atividade” coletados na empresa inventariante e diretamente relacionados

com uma fonte de emissão específica, como, por exemplo, o consumo de combustível de uma caldeira.

Extrapolação: inferência de um valor desconhecido a partir de uma projeção de dados conhecidos, assumindo

que os primeiros (valores desconhecidos) seguem a mesma lógica que os últimos (dados conhecidos). No

contexto de emissões de GEE corporativas, extrapolam-se dados de emissão conhecidos de uma instalação para

outra instalação, cujos dados de atividade para o cálculo direto das emissões não estão disponíveis.

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Fatores de emissão: valor advindo do quociente entre emissões médias de GEE e um dado de atividade

específico, comumente utilizado para se estimar as emissões relativas a uma atividade produtiva. Estes fatores

são calculados por instituições especializadas e teses científicas ao redor do mundo e chanceladas por

organizações respeitadas como, por exemplo, o IPCC. Apresentam unidades que relacionam emissões de GEE e

o dado de atividade específico. Como possíveis exemplos temos:

Dado de Atividade Unidade do Fator de Emissão

Litros de gasolina tCO2/litro de gasolina

Consumo de energia elétrica tCO2e/kWh

Toneladas de cimento tCO2e/t cimento

Geração de resíduos tCH4/t resíduo

Fonte de gás de efeito estufa: unidade física ou processo que libera na atmosfera um GEE.

Gases de efeito estufa (GEE): componentes gasosos da atmosfera, tanto naturais quanto antrópicos, que

absorvem e emitem radiação em comprimentos de onda específicos dentro do espectro da radiação

infravermelha emitida pela superfície da Terra, pela atmosfera e pelas nuvens. Para os fins deste estudo, GEEs

são os seis gases regulamentados no Protocolo de Kyoto: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso

(N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6).

Global Warming Potential (GWP): sigla do inglês Global Warming Potential, que significa, em português,

“Potencial de Aquecimento Global”. Este fator descreve o impacto do forçamento radiativo (grau de dano à

atmosfera) de uma unidade de determinado GEE relativamente a uma unidade de CO2. Esta unidade é

denominada CO2-equivalente (ou CO2e).

Instalação: refere-se à menor unidade física da empresa considerada na aplicação do método de extrapolação.

Esta unidade pode ser um escritório, uma unidade de operação, uma planta industrial, uma fábrica, um

entreposto, entre outros. Para fins do ICO2, nos casos em que esta definição não é viável (por ex.: emissões de

transporte e distribuição), é necessário adaptar o método e agrupar essas emissões a uma instalação escolhida.

Inventário de GEE: descrição quantitativa e qualitativa das emissões e fontes de GEE de uma organização.

Limites operacionais: limites que determinam as emissões diretas e indiretas ligadas a operações proprietárias

ou controladas pela empresa relatora. Esta análise permite que a empresa estabeleça quais operações e fontes

causam emissões diretas e indiretas, e decida quais emissões indiretas incluir em seu inventário.

Limites organizacionais: limites que determinam as operações proprietárias ou controladas pela empresa

relatora, dependendo da abordagem de consolidação adotada (participação acionária ou controle operacional).

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Quocientes de intensidade carbônica: quocientes que expressam o impacto de GEE por unidade de atividade

física ou por unidade de valor econômico (por exemplo, toneladas de emissões de CO2 por unidade de energia

elétrica gerada).

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Referências

Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces). Especificações de Contabilização,

Quantificação e Publicação de Gases de efeito estufa do Programa Brasileiro GHG Protocol. São Paulo, 2010.

Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamento Técnico CPC 19 – (R1) Investimento em

Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture).International Panel on Climate Change (IPCC). 2006

IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Japan: IGES, 2006.

International Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change 1995: Second Assessment Report of the

Intergovernmental Panel on Climate Change, IPCC SAR (1996). Cambridge University Press, 2006.

Metodologia de cálculo do ICO2. São Paulo, 2013.

The Climate Registry (TCR). General Reporting Protocol for the Voluntary Reporting Program version 1.1. Los

Angeles, maio 2008.

World Resource Institute (WRI). GHG Protocol Corporate Value Chain (Scope 3) Accounting and Reporting

Standard. Washington, 2010.

World Resource Institute (WRI). The Greenhouse Protocol - A corporate Accounting and Reporting Standard.

Washington, 2004.