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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO DIREITOS AUTORAIS DE SOFTWARE DHÂNDARA ANDREZA DOS SANTOS LOPES Itajaí (SC) , novembro de 2010.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

DIREITOS AUTORAIS DE SOFTWARE

DHÂNDARA ANDREZA DOS SANTOS LOPES

Itajaí (SC) , novembro de 2010.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

DIREITOS AUTORAIS DE SOFTWARE

DHÂNDARA ANDREZA DOS SANTOS LOPES

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor MSC. José Everton da Silva

Itajaí (SC) , novembro de 2010.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre ao

meu lado, por ser minha razão maior de viver, por

nunca me abandonar em nenhum dos momentos de

minha vida.

Aos meus pais Claudia e Cleudinei pelo amor que

sempre me deram, pela dedicação, paciência e

apoio .

Aos meus avós Pedro e Marli por terem me dado

muito amor e por sempre terem estados presentes

em minha vida.

As minhas irmãs por serem o meu maior presente,

por serem minhas grandes e melhores amigas.

Ao professor José Everton da Silva, sendo este meu

orientador, que teve paciência e sempre me ajudou,

que me conduziu para a finalização deste trabalho.

Á todos os meus amigos que tiveram presente,

tanto no dia a dia como no coração.

A todos os professores desta instituição que através

de seus conhecimentos e dedicação, foram de

imensa importância para minha formação.

E a todas as pessoas que de uma forma ou de outra

auxiliariam na elaboração deste trabalho.

Muito obrigada a todos!

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus Pais pelo amor e a

oportunidade de me formar.

Aos meus avós, pelos conselhos ao longo de suas

vidas, especialmente ao meu Avô Pedro

(in memorian) com muito amor.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), novembro de 2010.

DHÂNDARA ANDREZA DOS SANTOS LOPES Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Dhândara Andreza dos Santos

Lopes, sob o título Direitos Autorais de Software, foi submetida em 23/11/2010 à

banca examinadora composta pelos seguintes professores: José Everton da Silva

MSc. (presidente), e Rafael Padilha dos Santos MSc. (examinador), aprovada

com a nota (......).

Itajaí (SC) , novembro de 2009.

Professor MSc. José Everton da Silva Orientador e Presidente da Banca

Professor. MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CGREG Coordenadoria Geral de outros Registros DIREPRO Divisão de Registro de Programa de Computador DIRTEC Diretoria de Contratos de Tecnologia e Outros Registros GRU Guia de Recolhimento da União INPI Instituto Nacional da Propriedade Intelectual OMPI Organização Mundial da Propriedade Intelectual ONU Organização das Nações Unidas RPI Revista eletrônica da Propriedade Industrial SNPRC Serviço Nacional de Registro e Proteção de Cultivares SNPC Serviço Nacional de Proteção de Cultivares

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Autor da Obra

“O uso do vocábulo “autor”, “inventor” e “obtentor” designa o produto de alguma

coisa, ou o criador, de uma obra artística, literária, cientifica ou tecnológica; é com

este sentido que se lhes reservam os direitos de propriedade (usar, gozar e

dispor) da obra por si criada, inventada ou obtentada, quer dizer que é um direito

originário da criação.”1

Cultivares

“Art.2º - A proteção dos direitos relativos a propriedade intelectual referente a

cultivar se efetua mediante a concessão de certificado de proteção de cultivar,

considerando bem móvel para todos os efeitos de proteção e única forma de

proteção de cultivares e de direito poderá obstar a livre utilização de plantas ou de

suas partes de reprodução ou multiplicação vegetativa, no país.”2

Direitos Autorais

O Direito Autoral tem como objetivo proteger o autor, titular exclusivo dos direitos

sobre a obra que criou, faculdade única que o coloca no centro de todo o sistema

jurídico que envolve essa matéria.”3

Direitos Conexos

“Os direitos conexos”, que recebem esta denominação em virtude da\estreita

afinidade que possuem com os direitos do autor. Estes direitos conexos são os

direitos envolvidos na representação de uma peça de teatro, na interpretação de

1PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais.

Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P.22. 2DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São

Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.215. 3 CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P. 66.

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uma música, bem como são conexos os direitos dos produtores de fonogramas e

empresas de radiodifusão. Eles existem quando a comunicação é direta ao

público.”4

Direitos Morais

“Trata-se de direito pessoal perpétuo, inalienável e imprescritível, como entende a

doutrina”, ao contrario dos direitos pecuniários (patrimoniais), “moveis e

alienáveis, por sua conta própria natureza e para possibilitar o aproveitamento

econômico da obra”.5

Direitos Patrimoniais

“É a designação de caráter genérico dada a toda sorte de direito que assegure o

prazo ou fruição de um bem patrimonial, ou seja uma riqueza ou qualquer bem,

apreciável monetariamente. Desse modo, o direito patrimonial, em regra, deve ter

por objeto um bem, que esteja em comercio ou que possa ser apropriado ou

alienado”6.

Domínio Público

“O domínio público, em sentido amplo, e o poder de dominação ou de

regulamentação que o estado exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens

públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado (bens particulares de interesse

público) ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição geral

da coletividade (res nullius). neste sentido amplo e genérico, o domínio público

abrange não só os bens das pessoas jurídicas de direito público interno, como as

demais coisas que, por sua utilidade coletiva, merecem a proteção do poder

4 LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto

Alegre: Síntese,1998.p.43. 5BITTAR, Carlos Alberto. Apud CHAVES, Antonio e BOBBIO, Pedro Vicente. Apud ARAUJO,

Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.36. 6WILLINGTON, João & OLIVEIRA, Jaury N. de. A nova lei brasileira de direitos autorais. Rio de

janeiro: Lumem Juris Ltda, 1999. P.22.

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público, tais como as águas as jazidas, as florestas, a fauna, o espaço aéreo, e as

que interessam ao patrimônio histórico e artístico nacional”7.

Propriedade Industrial

“O direito de propriedade industrial visa tutelar as criações com aplicação

industrial, para garantir a remuneração aos criadores, permitindo-lhes obter lucros

a partir de sua produção intelectual, bem como tutelar um interesse público de

disseminação das informações para fomento da atividade industrial e comercial.

Para tal o Estado outorga ao criador um instrumento hábil a impedir a exploração

por terceiros da produção comercial de um invento, desenho industrial, modelo de

utilidade ou marca. Em contrapartida, exige a publicidade das informações

necessárias para a repetição do objeto registrado”.8

Propriedade Intelectual

“propriedade intelectual refere-se a “idéias”, “construtos”, que são essencialmente,

criações intelectualmente construídas a partir de formas de pensamento que se

originam em um contexto lógico, ou socialmente aplicável ao conhecimento

técnico cientifico, desencadeando ou resultando uma inovação. trata-se de um

processo intelectual. a partir do espírito especulativo e criativo, desafiado

geralmente, dar origem a invenções. algo novo, não imaginado, ou imaginado

anteriormente, mas que não conseguiu, por fatores endógenos ou exógenos às

possibilidades materiais e econômicas do inventor, ser materializado”.9

Software

“O software é um bem jurídico produzido pelo esforço criativo de alguém, que

elabora a programação. desta forma, o criador da obra intelectual de informática

7 SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília

Jurídica, 1998. P.35/36. 8 LUPI, André Lipp Pinto Basto. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto

Alegre: Síntese Ltda, 1998. p.33. 9 GRAU, Eros Roberto. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela

jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.38.

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tem um direito à sua criação, direito este que recebe a tutela do ordenamento

jurídico”.10

10

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p25.

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................... XIII

INTRODUÇÃO ................................................................................. 14

CAPÍTULO 1 .................................................................................... 16

PROPRIEDADE INTELECTUAL ...................................................... 16

1.1 CONCEITO DE PROPRIEDADE ...................................................................... 4 1.2 CONCEITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL .......................................... 17 1.2.1 PROPRIEDADE INDUSTRIAL ..................................................................... 20

1.2.2.1.1 MODELO DE UTILIDADE ............................................................................. 23 1.2.1.2 DESENHO INDUSTRIAL .................................................................................. 24 1.2.1.3 Invenções ........................................................................................................... 24 1.3 DIREITOS AUTORAIS................................................................................... 25 1.4CULTIVARES...................................................................................................29 1.4.1TITULARIDADE.............................................................................................30 1.4.2 AUTORIDADECOMPETENTE.....................................................................31 1.4.3 CERTIFICADODEPROTEÇÃODECULTIVARES........................................32 1.4.4AMOSTRAVIVA.........................................................................................33...... 1.4.5CUSTOS........................................................................................................33 1.4.6 LICENÇA COMPULSÓRIA 1.4.7 DURAÇÃO E PROTEÇÃO .......................................................................... 35

CAPÍTULO 2 .................................................................................... 37

DIREITOS AUTORAIS ..................................................................... 37

2.1 CONCEITOS DE DIREITOS AUTORAIS ....................................................... 37

2.2 DA AUTORIA DAS OBRAS INTELECTUAIS ................................................ 40

2.3 DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR ........................................................ 41

2.4 DIREITOS MORAIS DOAUTOR......................................................................43 2.5 PRAZO DEPROTEÇÃOAUTORAL.................................................................46 2.5.1DAS OBRAS CAIDASEMDOMINIOPÚBLICO...........................................48.. 2.6 DIREITOS CONEXOS OU PRÓXIMOS AO AUTOR......................................50 2.7 CONCEITOS DE SOFTWARE. ...................................................................... 53

CAPÍTULO 3 .................................................................................... 57

DIREITOS AUTORAIS DE SOFTWARE .......................................... 57

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3.1 CONCEITOS DE SOFTWARE ....................................................................... 57

3.2 DURAÇÃO E PROTEÇÃO DOS PROGRAMAS DE COMPUTADOR .................................. 63 3.3 DO REGISTRO DE PROGRAMA DE COMPUTADOR .................................. 68

3.4 CONTRATO DE LICENÇA DE USO 3.5 DAS INFRAÇÕES PENAIS EM RELAÇÃO AO PROGRAMA DE COMPUTADOR .............................................................................................................................. 70

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 74

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 75

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RESUMO

Esta monografia tem por objeto a análise dos Direitos

Autorais de Software. A presente pesquisa trata à Propriedade Intelectual e seus

três ramos, que são elas, Propriedade Industrial, Cultivares e Direitos Autorais.

Assim parte da conceituação de cada um deles, para que haja certo

entendimento, pois é um assunto pouco falado, mas de extrema importância, pois

todo autor tem o direito sobre sua obra, direito este que se manifesta no momento

em que sua obra é difundida. Conceituado os três ramos da propriedade

intelectual, entramos no segundo capítulo onde foi tratado sobre os Direitos

Autorais, da Autoria, Direitos Patrimoniais e Morais, da Duração dos Direitos

Autorais, dos Direitos Conexos e Conceitos de Software. E, por fim, no terceiro

capítulo foi realizada uma pesquisa aprofundada sobre a proteção jurídica do

Software, onde explica o que é o Software, sobre o seu Registro, Contrato de

Licença de uso, da Duração e Proteção do Software e das Infrações Penais sobre

Programa de Computador.

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14

INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o estudo dos

Direitos Autorais de Software.

O seu objetivo Institucional é pesquisar, produzir uma

monografia de extremo interesse sobre o assunto, que é tão pouco discutido e

comentado no universo jurídico.

O seu objetivo geral é pesquisar para melhor compreender a

Propriedade Intelectual e seus três ramos, e como objetivo específico examinar a

proteção jurídica do Software, e como Funciona o sistema jurídico Autoral.

A escolha do tema se deu através do meu interesse por

Computadores e por querer entender como se da a sua proteção no ordenamento

jurídico, uma vez que vivemos na Era Digital.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando sobre a

Propriedade Intelectual, e seus três ramos, a Propriedade Industrial, Cultivares e

Direitos Autorais, sendo conceituado cada um deles.

No Capítulo 2, o assunto abordado é Direitos Autorais de

uma forma completa, destacando da Autoria, dos Direitos Patrimoniais e Morais

do Autor, da Duração dos Direitos Autorais, dos Direitos Conexos e por fim neste

capitulo alguns conceitos de Software, assunto este que foi tema central desta

presente pesquisa.

No Capítulo 3, por sua vez, versou especificamente sobre os

Direitos Autorais de Software, sendo este foco principal da presente pesquisa, no

qual foi dissertado conceitos de Software, sobre o Registro, Contrato de Licença

de Uso, da duração e proteção, e das infrações penais sobre Programa de

Computador.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

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15

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre Propriedade Intelectual e dos Direitos Autorais de Software.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

Quais os elementos protegido Direito Autoral.

É possível a proteção do Software nos Direitos Autorais.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação11 foi utilizado o Método Indutivo12, na Fase de Tratamento de

Dados o Método Cartesiano13, e, o Relatório dos Resultados expresso na

presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas do Referente14, da Categoria15, do Conceito Operacional16 e da

Pesquisa Bibliográfica17.

11

“[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido[...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007. p. 101.

12 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 104.

13 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.

14 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 62.

15 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 31.

16 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 45.

17 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 239.

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CAPÍTULO 1

PROPRIEDADE INTELECTUAL

O primeiro capítulo deste trabalho trata de um estudo sobre

a propriedade intelectual e seus três ramos, sendo eles a Propriedade Industrial,

Cultivares e Direitos Autorais.

1.1 CONCEITO DE PROPRIEDADE

Para que entendamos a Propriedade Intelectual antes é

necessário distinguir o que é propriedade,nas palavras de Bruno Canisio Kich18:

[...] é o instituto jurídico que atribui o vinculo de subordinação de uma coisa ou direito identificável à uma pessoa, em nome próprio ou em conjunto com outras pessoas, conferindo-lhe o direito de uso, domínio, fruição, dentro das regras que o respectivo sistema

jurídico sustenta, admitindo a exclusão dos demais.

Assim Orlando Gomes19 compreende ao conceituar

propriedade:

Sintaticamente é a submissão de uma coisa, em todas as suas relações, a uma pessoa; analiticamente, é o direito de usar, fruir, e dispor de um bem , e de reavê-lo de quem o injustamente o possuía; Descritivamente, é um direito complexo, absoluto, perpetuo, e exclusivo, pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma pessoa, com limitações da lei.

A propriedade, segundo Eros Grau20:

18

KICH, Bruno Canísio. Apud ROSSETO, Daniela Cristina. Análise da propriedade intelectual como direito fundamental na constituição brasileira. Itajaí : Univali, 2006. p.9. 19

GOMES, Orlando. Apud ROSSETO, Daniela Cristina. Análise da propriedade intelectual como direito fundamental na constituição brasileira. Itajaí : Univali, 2006. p.33.

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17

Não se constitui mais em uma instituição única, senão em um conjunto de varias instituições, relacionadas a diversos tipos de bens e serviços. A unicidade do termo refere-se a diversas situações que não correspondem à real unicidade de um instituto compacto e integro. A propriedade examinada em seus distintos perfis – subjetivo, objetivo, estático21 e dinâmico22 -, que compreende um conjunto de vários institutos. Percebe-se que se tem diversos entendimentos sobre propriedade, mas todas elas seguem uma mesma linha com fundamentos constitucionais acerca da propriedade.

Assim definido o que é Propriedade seguiremos com o

objetivo do presente trabalho, discorrendo sobre a Propriedade Intelectual.

1.2 CONCEITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

Entre alguns conceitos de Direito de Propriedade

Intelectual, destaca-se o entendimento utilizado pelo doutrinador Nuno Pires de

Carvalho23, como “o conjunto de princípios e de regras que regulam a aquisição, o

uso, o exercício e a perda de direitos e de interesse sobre ativos intangíveis

diferenciadores que são suscetíveis de utilização no comercio.”

Sobre o assunto sustenta Patrícia Del Nero24:

Propriedade intelectual refere-se a “idéias”, “construtos”, que são essencialmente, criações intelectualmente construídas a partir de formas de pensamento que se originam em um contexto lógico,

20

GRAU, Eros Roberto. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.38 21

A propriedade estática é focalizada como expressão da situação jurídica do proprietário, a propriedade é direito subjetivo. É direito (poder) em termos de pertinência, segundo Fábio Conder Comparato, é o direito que acode ao titular da coisa, de mantêla a salvo de qualquer pretensão alheia ( O poder de controle na sociedade anônima. São Paulo: Ed RT, 197. p. 102. 22

A propriedade, quando analisada em seu dinamismo, é função, sendo tomada, então, como atividade, expressão de um dever. (GRAU, Eros Roberto. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.39) 23

CARVALHO, Nuno Pires. Apud PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade intelectual e universidade: aspectos legais. Florianópolis: Fundação BOiteux, 2005. p.19 24

GRAU, Eros Roberto. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.38

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18

ou socialmente aplicável ao conhecimento técnico cientifico, desencadeando ou resultando uma inovação. Trata-se de um processo intelectual. A partir do espírito especulativo e criativo, desafiado geralmente, dar origem a invenções. Algo novo, não imaginado, ou imaginado anteriormente, mas que não conseguiu, por fatores endógenos ou exógenos às possibilidades materiais e econômicas do inventor, ser materializado.

Smith & Parr25, justificam a Propriedade Intelectual:

Em combinação com o capital e o trabalho, a propriedade intelectual transformou o mundo de cidades rurais e isoladas em uma economia global integrada. (...) É a propriedade intelectual que se estabelece mercados, domina industrias, assegura segurança nacional, capta a lealdade dos clientes e permite a geração de lucros superiores. (...) Curiosamente, estas poderosas propriedades de investimento são difíceis de definir, algumas vezes impassíveis de serem tocadas, nascidas da lei e muito frequentemente frágeis em relação ao seu valor.”

É necessário referir a definição de Propriedade Intelectual

distinguida por Daniela Cristina Rosseto26:

Convenção da organização mundial da propriedade intelectual (OMPI), define como propriedade intelectual, a soma dos direitos relativos às obras literárias artísticas, às interpretações dos artistas interpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às descobertas cientificas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviços, bem como as firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, cientifico, literário, e artístico.

Carlos Fernando Mathias de Souza27 dispõe sobre a

convenção da organização mundial da Propriedade Intelectual, conhecida com

OMPI:

25

LUPI, André Lipp Pinto Basto. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese Ltda, 1998. p.33. 26

ROSSETO, Daniela Cristina. Análise da propriedade intelectual como direito fundamental na constituição brasileira. Itajaí : Univali, 2006. p.49. 27

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral. Brasília, DF: Brasília Jurídica, 1998. pgs 95,96.

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19

A OMPI é um dos 15 organismos especializados da organização das Nações Unidas – ONU. È ela resultado da revisão de Estocolmo (1967) que, embora não tivesse entrado em vigor em sua plenitude. Algumas de suas cláusulas administrativas passaram a vigorar, a partir de 1970. Ainda que só começasse a funcionar a partir de 1974, as origens da OMPI remontam aos anos de 1883 (Convenção de Berna para a proteção das Obras Literárias e Artísticas), posto que ambas convenções estabeleciam uma secretaria ( Escritório Internacional).

Nuno Pires de Carvalho28 sobre Propriedade Intelectual

expõe:

A propriedade intelectual protegida pelo Direito cobre os resultados da atividade criativa e inventiva. Além disso, alcança as indicações de procedência geográfica, exemplos de objetos de proteção, que não resultam de criatividade ou inventividade, mais que não deixam de ser importantes como elementos de diferenciação e por isso são também objetos de direitos de propriedade intelectual.

Conceituada a Propriedade Intelectual, abordaremos agora

os seus três ramos, que são eles Propriedade Industrial, Direitos Autorais e

Cultivares,o primeiro deles á ser tratado é a Propriedade Industrial.

Fonte do Autor. Ano 2010.

28

CARVALHO, Nuno Pires de. Apud PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade intelectual e universidade: aspectos legais. Florianópolis: Fundação BOiteux, 2005. p.18.

PROPRIEDADE

INTELECTUAL

PROPRIEDADE

INDUSTRAIL DIREITOS

AUTORAIS CULTIVARES

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20

1.2.1 PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Para que possamos começar a falar sobre a Propriedade

Industrial, começaremos pelo tratado internacional que regulamenta a

Propriedade industrial nas palavras de Patrícia Del Nero29:

A discussão sobre patentes (concessão de monopólio sobre inovações) teve início na Inglaterra em 1623. o primeiro documento formal para a proteção da propriedade intelectual, que criou o “Sistema Mundial de Patentes”, foi assinado em 20 de março de 1883, em Paris.Onze países estabeleceram a União Internacional Para a proteção de Propriedade Industrial, originando a “Convenção de Paris”, cujo objetivo era assegurar a seus signatários a possibilidade de obter proteção em paises estrangeiros.

Sobre a convenção de Paris Patrícia Del Nero30 salienta:

A convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial foi aprovada em 20 de março de 1883 e teve as seguintes revisões: Bruxelas, de 14 de Dezembro de 1990; Washington, de 2 de junho de 1911; Haia, de 6 de novembro de 1925 e de Estocolmo, de 14 de julho de 1967. O Brasil aderiu a esta ultima revisão, através da adoção do Decreto 1.263, de 10 de outubro de 1994, que ratifica a declaração de adesão dos artigos 1º. A 12 e ao art. 28, alínea 1, do texto da revisão de Estocolmo da Convenção de Paris para Proteção da Propriedade Industrial.

Segundo André Lipp Pinto Basto Lupi31, Propriedade

Industrial é:

O direito de propriedade industrial visa tutelar as criações com aplicação industrial, para garantir a remuneração aos criadores, permitindo-lhes obter lucros a partir de sua produção intelectual, bem como tutelar um interesse público de disseminação das informações para fomento da atividade industrial e comercial. Para tal o Estado outorga ao criador um instrumento hábil a impedir a exploração por terceiros da produção comercial de um

29

DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.43. 30

DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.44. 31

LUPI, André Lipp Pinto Basto. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese Ltda, 1998. p.33.

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invento, desenho industrial, modelo de utilidade ou marca. Em contrapartida, exige a publicidade das informações necessárias para a repetição do objeto registrado.

Como Conceito de Propriedade Industrial, evidencia Fran

Martins32:

Entende-se por propriedade industrial o conjunto de direitos resultantes das concepções da inteligência humana que se manifestam ou produzem na esfera da industria, como um dos elementos incorpóreos do fundo de comercio, a propriedade industrial é protegida pela lei, efetuando-se mediante a concessão de privilégios de invenção, de modelos de utilidade, dos desenhos e modelos industriais e pela concessão do registro, dando ao seu titular a exclusividade de uso das marcas de indústria, de comércio e de serviço alem de expressões ou sinais de propaganda. Adquirindo, assim, o privilégio de qualquer um desses elementos, a lei assegura a sua propriedade, garantindo o uso exclusivo e reprimindo qualquer violação a esse direito.

Na concepção da doutrinadora Patrícia Aurélio Del Nero33

Propriedade Industrial pode ser meditado como:

O próprio estabelecimento comercial ou industrial, concebido enquanto local do imóvel em que se encontram as fabricas, industriais ou empresas. Os direitos e as obrigações referentes a propriedade industrial,bem como seu regime, eram disciplinados na lei 5.722, de 21 de dezembro de 1971, que instituiu o Código de Propriedade Industrial, já revogado. Atualmente a matéria é prevista na lei 9.279, de14 de maio de 1996. Esse diploma legal disciplina como sendo propriedade da indústria ou propriedade industrial tanto a concessão de privilégios (invenções) quanto a concessão de registros de marcas.

Conforme Luiz Otávio Pimentel34, “são objetos de patentes a

invenção e o modelo de utilidade, e de registro o desenho industrial, as marcas e

as indicações geográficas (...).”

32

MARTINS, Fran. Apud ROSSETO, Daniela Cristina. Análise da propriedade intelectual como direito fundamental na constituição brasileira. Itajaí : Univali, 2006. p.51. 33

DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 2004. p.46

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Robert Sherwood35 esclarece que as formas básicas de

propriedade intelectual são:

1.O segredo de negócio, ou trade secret, que consiste em uma informação comercial ou industrial valiosa, que a empresa esforça-se para manter fora do conhecimento publico; 2. O copyright, que é o direito autoral, privilégio temporário, conferido a um autor ou artista que objetiva evitar que outras pessoas comercializem cópias de sua expressão criativa; 3. O mask work que consiste na expressão do desenho de elementos de um chip semicondutor, que é exclusivo de seu criador, ficando inserido, por seu conceito, entre a proteção conferida pela patente e o copyright; 4. A patente, que consiste na concessão de direito temporário a um titular de excluir outros do uso da invenção nova e útil; 5. A marca registrada, que consiste, geralmente, em uma palavra ou marca, que serve para identificar um produto ou serviço das empresas (indústrias).

A Propriedade Intelectual, segundo Maria Helena

Tachinardi36 engloba os seguintes institutos :

O copyright,a patente, o segredo comercial e o mask work, sendo que os titulares desses direitos recebem do Estado, sob determinadas condições e períodos de tempo, proteção e reconhecimento, previamente determinados na regulamentação. O termo propriedade intelectual contém, nesse sentido, dois elementos básicos: a criatividade privada e a proteção pública.

O código de Propriedade Industrial, sob a titulação

“Propriedade Industrial”, garantia a concessão do privilégio de patente aos

“modelos de utilidade”, aos “modelos industriais”(este revogado pela lei 9.279/96)

e aos desenhos industriais, bem como às “Invenções”.

1.2.1.1 Modelo De Utilidade.

34

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Uniformidade; Aspectos legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.p.19. 35

SHERWOOD, Robert. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p. 55. 36

TACHINARDI, Maria Helena. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p 56.

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A Lei 9.279 de Propriedade Industrial,define em seu artigo

9º, Modelo de Utilidade, com base nesse artigo dispõe Newton Silveira37, “Objeto

de uso prático, ou parte deste, que apresente nova forma ou disposição, que

resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação” (art.9º).

Acerca do assunto esclarece João da Gama Cerqueira38:

São modelos de objetos que, sem visarem a um „efeito técnico‟ (caso em que constituiriam uma invenção propriamente dita), se destinam simplesmente a melhorar o uso ou utilidade do objeto, e dotá-lo de maior eficiência ou comodidade em seu emprego ou utilização, por meio de nova configuração que lhe é dada, da disposição ou combinação diferente de suas partes, de novo mecanismo ou dispositivos, em uma palavra: modificação especial vantajosa introduzida nos objetos comuns.

Newton Silveira39, por seu turno, caracteriza o modelo de

utilidade no seguinte termo:

O modelo de utilidade corresponde a uma forma nova em produto conhecido que resulta em melhor utilização. Isso significa que, mesmo quando a invenção decorra da forma do produto, a ela não se reduz, abarcando possíveis variações dentro da mesma ideia inventiva (relação causa-efeito), ao passo que o modelo de utilidade não revela uma nova função, mas, apenas, melhor função, sendo sua proteção restrita à forma.

Vale ressaltar que a sistemática adotada pela Lei 9.279, de

14 de maio de 1996, é patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso

pratico, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que resulte em melhoria

funcional no seu uso ou em sua fabricação.

1.2.1.2 Desenho Industrial

37

SILVEIRA, Newton. Propriedade intelectual e as novas leis de propriedade industrial. São Paulo: Saraiva, 1998.p.40. 38

CERQUEIRA,João da Gama. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.56. 39

SILVEIRA, Newton. Propriedade intelectual e as novas leis de propriedade industrial. São Paulo: Saraiva, 1998.p.7.

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O Desenho Industrial, possui seu respaldo no Artigo 95º da

Lei 9.279/1996, que dispõe:

Art. 95 - Considera-se desenho industrial a forma plástica

ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.

Entende Mario Rotondi40:

Que o desenho industrial pressupõe uma atuação dirigida para uma transformação do produto, que é sempre de caráter formal, ou de ordem exclusivamente estética; trata-se, portanto, de uma nova aparência exterior de um produto, segundo as duas dimensões de um plano. A importância desses desenhos pode ser verificada, especialmente, quanto aos produtos cujo consumo esteja ligado “as variações do gosto ou da moda”. As características do desenho industrial estão voltadas para satisfazer senso estético, ou para facilitar o uso do produto.

Conceitua ainda José Everton da Silva41, sobre Desenho

Industrial;

O desenho industrial é uma forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial o Estado confere a propriedade temporária sobre sua obra, bem como o direito de exclusividade nos mesmos moldes do concedido à patente a ao modelo de utilidade.

Então assim entende que o Desenho Industrial quando a

obra entra no campo artístico, é na verdade um complemento a obra da indústria.

1.2.4 Invenções

40

ROTONDI, Mario. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.58. 41

SILVA, José Everton. Propriedade intelectual: Aspectos conceituais e fluxos institucionais. Apostila 2008.p.20.

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25

A invenção para Mário Rotondi42: “Consiste na

transformação do produto ligado à consecução de novas realizações industriais

através de solução original de um problema técnico.”

Ainda sobre invenção dispõe Luiz Otávio Pimentel43: A invenção e o modelo de utilidade pertencem “exclusivamente ao empregador” quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte este da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado. A retribuição pelo trabalho limita-se ao salário ajustado se não houver expressa disposição contratual em contrário.

Concluído direito de propriedade industrial, falaremos a

seguir sobre o segundo ramo de Propriedade Intelectual que são os direitos

autorais.

1.3 DIREITOS AUTORAIS

Conforme o nome já diz Direitos Autorais é o termo utilizado

quando se trata dos direitos dos autores, a sua proteção tem Lei própria, Lei nº

9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Plínio Cabral44 dispõe acerca de Direito Autoral:

O direito autoral não protege unicamente a obra de engenho e criação. Uma noticia de jornal, uma informação de interesse geral ou serviço publico, nada disso se enquadra no conceito de obra de arte. Para chegar a tanto ela deve ser criativa e única. Algo exclusivo: a visão do autor que sintetiza seu pensamento e sua forma especifica de ver, transmitir e recriar a própria vida, falando

42

ROTONDI, Mário. Apud DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p59. 43

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Uniformidade; Aspectos legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.p.62. 44

CABRAL, Plinio. Revolução tecnológica e direito autoral. Porto Alegre: Sara Luzzato, 1998.p.50.

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a sensibilidade e provocando uma simbiose entre o criador e seu público. A obra da arte é, assim, única e exclusiva. É algo que, pela sua natureza, vai além da base concreta em que se expressa. Situa-se numa região misteriosa que constitui a fronteira onde a realidade adquire outra dimensão.

Assim conceitua Henry Jessen45

A originalidade é condição sine quanon para o reconhecimento da obra para o produto da inteligência criadora. Só a criação permite produzir com originalidade. Não importa o tamanho, a extensão, a duração da obra. Poderá ser, indiferentemente, grande ou pequena; suas dimensões no tempo ou no espaço serão de nenhuma importância.

É necessário o pensamento de Henrique Gandelmam46, em

relação aos direitos autorais:

Os direitos autorais estão presentes em quase todas as atividades do mundo contemporâneo, sejam elas puramente criativas – produções artísticas, manifestações culturais, cientificas, publicitárias – ou apenas industriais. A tendência de alguns profissionais da área, usuários, advogados, generalistas e cultores do direito, é a de encarar os direito autorais como assunto de extrema complexidade (o que aliás, por vezes, é mesmo!) e de que sua compreensão seria acessível somente aos poucos especialistas da matéria.

Carlos Bittar Filho47, dispõe sobre Direitos Autorais:

No que tange aos direitos autorais, a melhor doutrina reconhece-lhes caráter híbrido: direito da personalidade – pelo atributo moral – e direito patrimonial- quanto ao aproveitamento econômico da obra. O elemento moral é a expressão do espírito criador da pessoa, manifesta-se com a criação da obra. Elemento patrimonial consiste na retribuição econômica pela produção intelectual, ou seja na participação do autor nos proventos que da obra do engenho possam advir; surge com a inscrição da obra em um corpus mechanicum e a comunicação dela com o público. Mas tais aspectos não são isolados, se cientificamente considerados; integram-se unem-se, completem-se. Na integração desses

45

JESSEN, Henry in Willington, João & Oliveira, jaury N. de. A nova lei brasileira de direitos autorais. Rio de Janeiro: Lumem Júris Ltda, 1999.p.06. 46

GALDEMAN, Henrique. De Gutemberg à internet: direitos autorais na era digital. 2ª Ed. Rijo de janeiro: Record, 1997. P.25. 47

BITTAR, Filho, Carlos Alberto. Apud, CABRAL, Plínio. Revolução tecnológica e direito autoral. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 1998. P.67.

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direitos é que se acha a unidade da categoria: facetas da mesma realidade, não por natureza, incendíveis.

O mestre Clóvis Bevilácqua48, faz observações acerca do

assunto no que tange os direitos morais:

Merece ser tratado à parte o direito autoral pela particularidade com que se apresenta, em face da ação dissolvente do tempo. Em primeiro lugar, há uma parte do direito autoral, a mais íntima, a que se constitui atributo da pessoa, que não se pode perder por prescrição. Por mais longo que seja o decurso do tempo, um autor conserva a sua qualidade. Aristóteles é sempre o autor da moral a Nicômaco; Lucrécio, de De Natura Rerum; Alencar, de O Guarani. Em segundo lugar, pelo simples decurso do tempo, extingue-se, simultaneamente, o direito e a ação que garante, não podendo acontecer, como em outras relações jurídicas, que o direito, desprovido da ação, ainda que seja capaz de substituir a sua vida em dadas circunstancias. È um direito temporário.

Na lição de Milton Fernandes49, acerca de direitos

patrimoniais ele discorre:

Entretanto a diferença entre direito de autor e a propriedade se inicia pelos modos de aquisição. Aquele só alcança pela criação da obra originariamente, e os modos derivados de aquisição, como com os contratos de edição, de utilização pública e a desapropriação, igualmente diferem (...). Outra e talvez a maior objeção à teoria em estudo é que não se implica o direito moral, que permanece com o autor mesmo depois de cedido o direito de reprodução da obra (...). Quem tem a propriedade da coisa material a subtrai ao gozo comum. O titular do direito do autor nada retira à comunidade, antes, oferece-lhe novo meio de entretenimento, a ser usado com as ressalvas legais. A propriedade comum é perpétua, enquanto o direito do autor tem duração limitada.

Assim dispõe a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

artigo 27, parágrafo 2, Resolução da assembléia geral das Nações unidas [ONU]

de 10 de dezembro de 1948. “Todo ser humano tem direito à proteção dos

48

BEVILÁCQUA Clóvis. Apud SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito autoral: legislação básica. Brasília – DF: livraria e editora Brasília jurídica, 1998. P.24 49

FERNANDES, Milton. Apud SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito autoral: legislação básica. Brasília – DF: livraria e editora Brasília jurídica, 1998. P.27.

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interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção literária, artística

ou cientifica da qual seja autor.”

Conceituado sucintamente direitos autorais, por fim

falaremos do ultimo ramo da Propriedade Intelectual a Cultivares.

1.4 Cultivares

No que diz respeito a tutela jurídica de cultivares, esta

possui Lei própria de nº 9.456, de 25 de abril de 1997, o qual dispõe em seu

artigo 2º:

Art.2º - A proteção dos direitos relativos a propriedade intelectual referente a cultivar se efetua mediante a concessão de certificado de proteção de cultivar, considerando bem móvel para todos os efeitos de proteção e única forma de proteção de cultivares e de direito poderá obstar a livre utilização de plantas ou de suas partes de reprodução ou multiplicação vegetativa, no país. A forma de proteção concedida às cultivares, por intermédio de registro de propriedade intelectual ao titular, é flexível e contrapõe-se à forma rígida e monopolística própria do sistema de patentes. Isso equivale a dizer que se o sistema de patentes for aplicado às espécies vegetais, não será permitido aos agricultores e à pesquisa (bem como ao seu desenvolvimento) acesso às cultivares patenteadas, senão por via onerosa (isto é, mediante o pagamento de royalties), e, caso haja exploração econômica, esta pode ser obstada pelo titular da patente, e oponível erga omnes, caso não haja licença expressamente concedida pelo titular.50

1.4.1 Titularidade

A lei de proteção de Cultivares distingue o autor da criação

protegida e o titular do direito de propriedade sobre cultivar.

50

DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.215.

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29

Como ensina Denis Barbosa51:

A autoria será sempre de uma pessoa natural, de um autor individual, chamado pela lei de melhorista. A Lei n 9.456/1997 define melhorista como sendo a pessoa física que obtiver cultivar e estabelecer descritores que a diferenciem das demais (artigo 3, I) e determina que seu nome sempre constara do Certificado de Proteção da Cultivar (artigo 20, parágrafo 3). Por outro lado, quem tem o direito de pedir a proteção, de acordo com o artigo 5 da Lei, é o chamado obtentor ( a pessoa física ou jurídica que obtiver nova cultivar no pais). Esse obtentor “pode ser o melhorista ou qualquer terceiro, que tenha desde conseguido cessão ou outro titulo jurídico”. Portanto, o obtentor é quem poderá requerer o titulo ( no caso o Certificado de Proteção) que lhe garantirá a titularidade do direito de propriedade sobre a cultivar.

Na proteção de cultivares entende o doutrinador Luiz Otávio

Pimentel52

O regime jurídico de proteção dos direitos de propriedade intelectual referentes a cultivar, que se efetua pela concessão do certificado de proteção de cultivar, é considerado como única forma de proteção de cultivares no e de direito que poderá obstar no Brasil a livre utilização de plantas ou de suas partes de reprodução ou de multiplicação vegetativa.

1.4.2 Autoridade Competente

O Serviço Nacional de Proteção de Cultivares caracterizada

pela sigla SNPC foi criado pela Lei n 9.456/1997, a missão do SNPC é garantir o

livre exercício do direito de propriedade intelectual dos obtentores de novas

combinações fitogenéticas na forma de cultivares vegetais distintas, homogêneas

e estáveis, zelando pelo interesse nacional no campo da proteção de cultivares,

além de representar o Brasil.

Continuando sobre o assunto, junto com a lei de Cultivares,

Luiz Otavio Pimentel53 comenta:

51

BARBOSA Denis Apud PIMENTEL, Luis Otávio. Curso de propriedade intelectual & Inovação no agronegócio/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;organização. Brasília : MAPA; Florianópolis: EaD/UFSC, 2009 p.257. 52

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Uniformidade; Aspectos legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.p.65.

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Aplica-se esse regime aos pedidos de proteção de cultivar provenientes do exterior e depositados no país por quem tenha proteção assegurada por tratado em vigor no Brasil; e aos nacionais ou pessoas domiciliadas em pais que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais equivalentes.

Assim menciona Patrícia Aurélia Del Nero54 :

A tutela jurídica da cultivar é processada perante o Serviço Nacional de Registro e Proteção de Cultivares – SNRPC. Por se tratar de um organismo estatal, a solicitação deverá ser promovida pela parte interessada ou intermédio de procurador regularmente constituído, mediante requerimento protocolado.

1.4.3 Certificado de Proteção de Cultivar

Luis Otávio Pimentel55,nos traz um Fluxograma simplificado

para proteção de Cultivares:

53

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Uniformidade; Aspectos legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.p.65. 54

DEL NERO, Patrícia Aurélia.Propriedade intelectual: A tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos tribunais, 1998.p.240. 55

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Uniformidade; Aspectos legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.p260.

Cultivar Web – Preenchimento do

Requerimento Eletrônico

Envio eletrônico

Download e preenchimento

Relatório técnico

Tabela de Descritores

Impressão e assinatura

Envio pelo correio ou entregue pessoalmente

protocolização

Informações completas

Análise(60) dias Informações incompletas

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31

A proteção dos direitos sobre a propriedade intelectual da

cultivar se efetiva somente após a concessão do Certificado de Proteção de

Cultivar.

1.4.4 Amostra Viva

Um dos requisitos para manutenção da proteção é que fique

disponível ao SNPC uma amostra viva da cultivar que, se utilizada na propagação

da cultivar, confirme as características relatadas no pedido de proteção. A

amostra viva é qualquer parte da planta que pode ser cultivada – sementes,

mudas, estacas, meristemas, etc. – e tenha capacidade de gerar novas plantas da

cultivar protegida. Cabe ao requerente do direito, ou ao titular, manter este

material durante todo período de proteção, alem de remetê-lo ao SNPC quando

Publicação do pedido e emissão do certificado provisório

90 dias p/ impugnação

Publicação do deferimento ou indeferimento

60 dias p/ recurso

Atacada a impugnação

Pedido

indeferido

Diligencia (60 dias) – solicitação de informações complementares

Informações recebidas

Rejeitada a impugnação

Emissão do Certificado de

Proteção

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32

da obtenção do Certificado de Proteção, ou quando demandado, sob pena de

cancelamento do certificado ou de arquivamento do pedido56.

1.4.5 Custos

Os valores cobrados pelo SNPC são fixados em

regulamento e o seu pagamento deve ser efetuado por meio de Guia de

Recolhimento da União (GRU).

Entre outras, são cobradas taxas para: protocolização do

pedido de proteção, emissão do Certificado Provisório de Proteção e, manutenção

anual da proteção57.

1.4.6 Licença compulsória

Qualquer pessoa pode requerer junto ao Ministério da

Agricultura uma autorização especial para explorar uma cultivar, desde que o

fornecimento regular desta cultivar ao mercado esteja sendo injustificadamente

impedido pelo titular e que o requerente comprove que tentou previamente, sem

sucesso, obter a licença voluntária junto ao titular da cultivar: Esta licença

compulsória efetuada pelo governo federal não depende da autorização do titular

nem pode ser exclusiva. Poderá ser concedida ao legitimo interessado (produtor

de sementes) para que proceda a exploração da cultivar mediante remuneração

paga pelo licenciado ao titular da proteção, e vigorará pelo prazo de 03 anos,

56

PIMENTEL, Luis Otávio. Curso de propriedade intelectual & Inovação no agronegócio/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;organização. Brasília : MAPA; Florianópolis: EaD/UFSC, 2009 p.261. 57

PIMENTEL, Luis Otávio. Curso de propriedade intelectual & Inovação no agronegócio/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;organização. Brasília : MAPA; Florianópolis: EaD/UFSC, 2009 p.261.

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33

prorrogável por iguais períodos. O valor da remuneração será arbitrado pelo

SNPC na falta de acordo entre o titular da cultivar e o requerente da licença.58

Sobre a licença compulsória dispõe Luiz Otávio Pimentel59:

A “licença compulsória” é o ato da autoridade competente que, a requerimento de legítimo interessado, autorizar a exploração da cultivar protegida independentemente da autorização de seu titular, por prazo de três anos prorrogável por iguais períodos, sem exclusividade e mediante remuneração.

1.4.7 Duração e proteção

No Brasil, a proteção vigora a partir da data da concessão

do Certificado provisório de Proteção e tem a duração, em regra, de 15 anos. No

caso das arvores frutíferas, arvores florestais, arvores ornamentais e videiras ela

se estende para 18 anos.

A proteção da Cultivar extingue-se pelo termino do prazo de

proteção, ou antes disso, pela renúncia do titular, ou pelo cancelamento do

Certificado de Proteção conforme artigo 40 lei 9.456/97.

Art. 40. A proteção da cultivar extingue-se: I - pela expiração do prazo de proteção estabelecido nesta Lei; II - pela renúncia do respectivo titular ou de seus sucessores; III - pelo cancelamento do Certificado de Proteção nos termos do art. 42. Parágrafo único. A renúncia à proteção somente será admitida se não prejudicar direitos de terceiros.

A renúncia do direito pelo titular ou por seus sucessores,

todavia, somente é admitida se não prejudicar direitos de terceiros,

58

PIMENTEL, Luis Otávio. Curso de propriedade intelectual & Inovação no agronegócio/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;organização. Brasília : MAPA; Florianópolis: EaD/UFSC, 2009 p.262. 59

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Uniformidade; Aspectos legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.p.74.

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34

As hipóteses de cancelamento do Certificado de Proteção,

por sua vez, são decorrentes da perda de homogeneidade ou estabilidade da

cultivar; da falta de pagamento da anuidade; do não cumprimento das exigências

referentes á procuração de domiciliado no exterior; da não apresentação da

amostra viva; ou ainda, quando, após a comercialização, ficar comprovado que a

cultivar causou impacto desfavorável ao meio ambiente ou à saúde humana.

Uma vez extinta a proteção, a cultivar cai em domínio e

nenhum outro direito poderá obstar sua livre utilização. Domínio Público significa

que a cultivar deixa de ser propriedade exclusiva do obtentor, podendo ser usada

por qualquer pessoa, sem necessidade de autorização ou de pagamento de

royalties.

A proteção também pode deixar de existir se ficar

comprovado que, no momento de outorga do certificado, a cultivar não atendia as

condições de novidade ou de distinguibilidade, ou tenham sidos contrariados

direitos de terceiros, ou ainda, que a descrição apresentada não correspondia a

cultivar. Diferentemente das situações descritas anteriormente, esses casos

resultam em nulidade da proteção, anulando-se, por conseqüência, todos os atos

legais decorrentes da outorga do certificado.60

Destaca-se que em nosso primeiro capitulo fizemos uma

introdução sobre a propriedade intelectual e seus três ramos, tendo neste

contexto o conceito de cada um, que são eles propriedade industrial, direitos

autorais e cultivares.

Passamos agora ao segundo capitulo de nossa pesquisa

que vai abordar sobre os direitos autorais, direcionando desta forma o foco de

nosso trabalho para nosso tema que é sobre os direitos autorais de software para

60

PIMENTEL, Luis Otávio. Curso de propriedade intelectual & Inovação no agronegócio/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;organização. Brasília : MAPA; Florianópolis: EaD/UFSC, 2009 p.262/263.

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isto é preciso que compreendamos um pouco mais sobre direitos autorais, direitos

conexos e sãos limitações dentro de nosso ordenamento jurídico.

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36

CAPÍTULO 2

DIREITOS AUTORAIS

O segundo capitulo desta pesquisa tem como tema central

os Direitos Autorais, onde mostraremos com clareza as idéias de nossos

doutrinadores a respeito dos Direitos Autorais. Abrangendo como partes

essenciais o Direito do Autor,duração dos Direitos Autorais, os Direitos

Patrimoniais e Morais, bem como os Direitos Conexos e por fim alguns conceitos

de Software , assunto este que será tratado no ultimo capitulo.

2.1 CONCEITO DE DIREITO AUTORAL

Alguns conceitos de Direitos Autorais foram abordados no

primeiro capitulo, porém aqui vamos abranger o Direito Autoral como um leque

para um amplo entendimento do assunto discorrido.

O Direito Autoral possui Lei própria, que é a Lei 9.610 de 19

de Fevereiro de 1998, conhecida como Lei dos Direitos Autorais. Alem de Lei

própria os Direitos Autorais abrangem todas as relações que envolvam negócios

entre autores e aqueles que comercializam por qualquer meio ou forma, obras de

engenho e arte.

O Direito Autoral está previsto no artigo 5º inciso XXVII da

Constituição federal de 1988, onde dispõe:

“XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,

publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.”

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Assim conceitua Plínio Cabral61 sobre Direitos Autorais “O

Direito Autoral tem como objetivo proteger o autor, titular exclusivo dos direitos

sobre a obra que criou, faculdade única que o coloca no centro de todo o sistema

jurídico que envolve essa matéria.”

Também nesse sentido preconiza Carlos Alberto Bittar62: Aponta a esteticidade, como sinônimo de produção do espírito ou emanação do gênio humano das artes, literatura, ciência, como fator fundamental para caracterizar a incidência da proteção autoral, excluídos os textos ou obras que não tragam tal

conotação. Dispõe assim João Willington & Jaury N. de Oliveira63: A doutrina do direito autoral qualifica como obra intelectual toda aquela criação intelectual que é resultante de uma criação do espírito humano (leia-se intelecto), revestindo-se de originalidade, inventividade e caráter único plasmada sobre um suporte material qualquer.

Institui novamente Carlos Alberto Bittar64: “O título originário

que confere a alguém o direito de autor é a criação de obra pela lei protegida.

Assim, o titular, em principio com exclusividade, ou seja, o sujeito de direito

autoral é o próprio autor.”

Menciona com clareza Delia Lipszyc65: “O objeto da proteção do direito de autor é a obra”, ou seja “ a expressão pessoal da inteligência que desenvolve um pensamento que se manifesta sob uma forma perceptível, tem

61

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P. 66. 62

BITTAR, Carlos Alberto. Apud ARAUJO, Edmir Netto.Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.25. 63

WILLINGTON, João & OLIVEIRA, Jaury N. de. A nova lei brasileira de direitos autorais. Rio de janeiro: Lumem Juris Ltda, 1999. P.6. 64

BITTAR, Carlos Alberto. Apud ARAUJO, Edmir Netto.Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.20. 65

LIPSZYC, Delia. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.42.

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originalidade ou individualidade suficiente e é apta para ser difundida e reproduzida” Essa “expressão pessoal da inteligência” é a visão do artista cuja obra é criada para falar a sensibilidade.

Com base na Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 conceitua

Hércules Tecino Sanches66:

O artigo primeiro repete o conceito de que a expressão “direitos autorais” compreende os direitos de autor e os direitos que não são de autor. A esses outros se lhes empresta a denominação de “conexos”; evidência de que não são produtos intelectuais da mesma natureza, mas correlacionados ou anexados por convenção, em atendimento a outros postulantes da proteção a direitos intelectuais.

A esse propósito diz Carlos Alberto Bittar67: O direito de autor, em conseqüência, é um direito especial, sujeito a disciplinação própria, apartada das codificações, frente a princípios e a regras consagradas, universalmente, em sua esquematização estrutural. Com efeito, analise de sua conformação intrísecas demonstra, desde logo, a individualidade lógica e formal do direito de autor, na medida em que se reveste de característica próprias, identificáveis na doutrina, na jurisprudência e na legislação, nacional e internacional.

Portanto o título originário que confere a alguém o direito de

autor é a criação de obra pela Lei protegida. Assim, o titular, em princípio com

exclusividade, ou seja, o sujeito de Direito Autoral é o próprio autor68.

66

SANCHES, Hércules Tecino. Legislação Autoral. São Paulo: Ltr, 1999.p.56. 67

BITTAR,Carlos Alberto. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.43. 68

ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.20.

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2.2 DA AUTORIA DAS OBRAS INTELECTUAIS Enquanto artigo 11 da lei 9.610/1998 declara ser o autor

pessoa física criadora da obra, seu parágrafo único ressalva a aplicabilidade do

conceito às pessoas jurídicas nos casos previsto em Lei.

Art.11– Autor é pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. Parágrafo único – A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos em lei.

Já o artigo 13 da referida Lei nos diz quem é o Autor da

Obra. Art.13– Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em contrário, aquele que, por uma das modalidades de identificação referidas no artigo anterior, tiver, em conformidade com o uso, indicada ou anunciada essa qualidade na sua utilização.

Preconiza o doutrinador Luiz Otavio Pimentel69: O uso do vocábulo “autor”, “inventor” e “obtentor” designa o produto de alguma coisa, ou o criador, de uma obra artística, literária, cientifica ou tecnológica; é com este sentido que se lhes reservam os direitos de propriedade (usar, gozar e dispor) da obra por si criada, inventada ou obtentada, quer dizer que é um direito originário da criação.

E o caráter máximo da propriedade é a disponibilidade do

bem. Darcy Bessone leciona com precisão70:

A propriedade, em regra, é plena, o que significa que o proprietário é titular de todos os direitos que se unificam no de propriedade. O seu conteúdo, em princípio, é, pois, unitário e global.

69

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P.22. 70

BESSONE, Darcy Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.61.

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40

No sentido do Direito do Autor dispõe João Willington &

Jaury N. de Oliveira71:

Autor é pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica, no entanto a titularidade do direito patrimonial poderá ser concedida a uma pessoa jurídica. Desta maneira, em nenhuma hipótese a pessoa jurídica poderá exercer o direito moral que cabe ao autor (pessoa física).

Os direitos da personalidade são próprios e inseparáveis da

pessoa, portanto intransmissíveis. A esse respeito diz Carlos Alberto Bittar72:

Trata-se de direitos inerentes a pessoa e dotados de certa particularidades que limitam a própria ação do titular (como, v.g.,a irrenunciabilidade, a imprescritibilidade, a transmissibilidade e a impenhorabilidade); efetivamente ele não pode eliminá-los através de ato de vontades, sendo-lhe facultado, contudo deles dispor, privativamente, em dadas ocasiões.

Como se pode ver o Direito Autoral é inalienável e

irrenunciável sendo de direito exclusivo do Autor, onde entra em outra divisão que

são os Direitos Patrimoniais e Morais, que será abordado agora no seguinte

subtítulo.

2.3 DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR

São duas situações que afetam o direito autoral, pois ele, de

um lado, é patrimonial e, de outro lado, vincula-se a personalidade, especialmente

naquilo que diz respeito aos aspectos morais.

A respeito dos Direitos Patrimoniais dispõe sucintamente

Carlos Fernando Mathias de Souza73: “São os direitos, com expressão

71

WILLINGTON, João & OLIVEIRA, Jaury N. de. A nova lei brasileira de direitos autorais. Rio de janeiro: Lumem Juris Ltda, 1999. P.197. 72

BITTAR, Carlos Alberto Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.61. 73

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.72.

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econômica, que tem o autor, decorrentes da utilização da obra intelectual que

criou”.

Segundo Carlos Alberto Bittar74, “na esteira da melhor

doutrina, o direito patrimonial manifesta-se, positivamente, com a comunicação da

obra a publico e a reprodução, que possibilitam ao seu criador auferir os proveitos

econômicos que lhe puder proporcionar.”

Preconiza sobre Direito Patrimonial Darcy Bessone75, “Visto

que há direito mobiliário e patrimonial, não há como fugir à sua inclusão no campo

dos direitos reais, conquanto o direito do autor somente caiba nele no tanto

atinente à realidade”.

João Willington & Jaury N. de Oliveira76 dispõe sobre Direito

Patrimonial do Autor:

É a designação de caráter genérico dada a toda sorte de direito que assegure o prazo ou fruição de um bem patrimonial, ou seja uma riqueza ou qualquer bem, apreciável monetariamente. Desse modo, o direito patrimonial, em regra, deve ter por objeto um bem, que esteja em comercio ou que possa ser apropriado ou alienado. Aos direitos patrimoniais ou pecuniários do autor nasce no momento que ele divulga a obra, através da sua comunicação ao público; são móveis, cessíveis, divisíveis, transferíveis, temporários, contrários aos direitos morais, que são inalienáveis, imprescritíveis, enfim perpétuos.

Assim dispõe o artigo 22 da lei 9.610/1998: Art. 22- “Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou”.

74

Bittar, Carlos Alberto. Apud ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.28. 75

BESSONE, Darcy Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.47. 76

WILLINGTON, João & OLIVEIRA, Jaury N. de. A nova lei brasileira de direitos autorais. Rio de janeiro: Lumem Juris Ltda, 1999. P.22.

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Da duração dos Direitos Patrimoniais alude o artigo 41 da

Lei 9.610:

Art.41 - Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de Janeiro do ano subseqüente ao do seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

Luiz Otavio Pimentel77 conceitua Direito Patrimonial ao

afirmar: Os direitos patrimoniais do autor compreendem a exclusividade de utilizar, fruir dispor da obra literária, artística ou cientifica. Estes direitos, excetuados os rendimentos resultantes de sua exploração econômica, não se comunicam no casamento, salvo pacto antenupcial em contrário. A lei determina, ainda que é impenhorável a parte do produto dos espetáculos reservada ao autor e aos artistas.

Vejamos o que dispõe o artigo 39 da Lei 9.610/1998: Art.39 – Os direitos patrimoniais do autor, excetuados os rendimentos resultantes de sua exploração, não se comunicam, salvo pacto antenupcial em contrário.

Concluído Direitos Patrimoniais, falaremos a seguir dos

Direitos Morais.

2.4 DOS DIREITOS MORAIS DO AUTOR.

O artigo 24 e seus incisos da Lei 9.610/1998 dispõe sobre os

Direitos Morais do autor:

Artigo 24 – São direitos morais do autor: I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; III – o de conservar a obra inédita; IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou a prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-lo ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;

77

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P.136.

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V – o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação ao obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta sua reputação e imagem; VII – o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível ao seu detentor, que, em todo caso, será realizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.

Já o artigo 27 da Lei 9.610/1998 prevê que os direitos

morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis78.

Segundo Maria Helena Diniz79 a respeito do direito moral: Versa também sobre o conteúdo ideal, emanado de personalidade do artista (autor), que esta, para ele, “acima de interesses pecuniários, e que consiste na prerrogativa de fazer com que essa sua obra seja intocável mesmo depois de sua alienação, de exigir que ela venha sempre acompanhada do nome do autor, e de melhorá-la quando lhe for conveniente.”

André Lipp Pint Bastos Lupi preconiza80: Sinteticamente, o direito de autor protege o criador contra outras pessoas que exerçam estes direitos sobre sua obra. Confere-se ao autor o poder de controlar a utilização econômica da obra. É por este motivo que cabe ao autor anuir prévia e explicitamente toda vez que alguém quiser utilizar sua obra intelectual. A autorização deve ser expressa e documentada, sob pena de expor o usuário sanções penais por contrafação81.

78

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.187/188. 79

DINIZ, Maria Helena. Apud ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.34. 80

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.40. 81

Contrafação é falsificação, imitação fraudulenta. Apud BUENO, Francisco de Oliveira. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD S.A, 1997.p.162.

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44

Washington de Barros Monteiro entende82, para quem “o

elemento pecuniário e o elemento moral não são mais distintos; eles não são

senão prerrogativas de um mesmo direito”.

Em resumo Carlos Alberto Bittar83 citando ainda Antonio

Chaves e Pedro Vicente Bobbio, faz uma clara distinção de Direito Patrimonial e

Direito Moral:

“Trata-se de direito pessoal perpétuo, inalienável e imprescritível, como entende a doutrina”, ao contrario dos direitos pecuniários (patrimoniais), “moveis e alienáveis, por sua conta própria natureza e para possibilitar o aproveitamento econômico da obra”.

Distinguidos e conceituados os Direitos Patrimoniais e

Morais, passaremos agora a duração dos Direitos Autorais, por quanto tempo

estes perduram e como funciona sua proteção.

2.5 PRAZO DE PROTEÇÃO AUTORAL

Como se sabe a Proteção Autoral não depende de Registro,

previsão esta que está no artigo 18 da Lei 9.610/1988

Art.18 – A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.

Porém essa proteção tem prazo no que tange a proteção

dos Direitos Patrimoniais, pois os Direitos Morais do autor são considerados

perpétuos, assim dispõe o artigo 41 da Lei 9.610/1998

Art.41 – Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

82

MONTEIRO, Washington de Barro Apud ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.34. 83

BITTAR, Carlos Alberto. Apud CHAVES, Antonio e BOBBIO, Pedro Vicente. Apud ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.36.

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45

Neste sentido a respeito da Ordem Sucessória, dispõe o

Artigo 1.829 do Código Civil:

Art.1829 - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais.

Acerca da Proteção Autoral André Lipp Bastos Lupi84

salienta:

O direito que tem o autor de controlar a utilização econômica de sua obra não é eterno. Isto porque o direito sobre a criação choca-se com o interesse da coletividade de fruir da obra. A expressão de um autor é também a expressão de sua época, de sua cultura, de sua sociedade. Transforma-se sua obra em legado para a humanidade. A proteção tem assim caráter provisório, ainda que longa seja sua duração pois é assegurada para incentivar o trabalho intelectual. Cessando a proteção da utilização econômica da obra, ela cai em domínio publico, sendo dispensável qualquer autorização do autor para o exercício de qualquer direito relativo a ela.

Trazemos o escólio de Washington Barros85: “a paternidade

é perpétua, a exploração econômica é que é temporária. Assim não há que se

questionar acerca da possível contrariedade com caráter de perpetuidade

inerente ao direito de propriedade”.

84

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.46. 85

BARROS, Washington. Apud LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p47.

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46

Em relação ao prazo de duração dos Direitos Patrimoniais,

Luiz Otávio Pimentel86 salienta:

Os direitos patrimoniais do autor perduram pelo prazo de setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, que neste caso serão exercidos pelos seus sucessores, aplicando-se obras póstumas este prazo de proteção. Quando a obra literária, ou artística ou cientifica for realizada em co-autoria e indivisível, este prazo será contado da morte do ultimo dos co-autores sobreviventes. Acrescem aos do sobreviventes os direitos do co-autor que falecer sem sucessores.

Em resumo Newton Silveira87 assevera: A regra geral é de setenta anos, contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao falecimento do autor(art.41), exceto se não deixou sucessores, caso em que a obra cairá em domínio publico na data do seu falecimento(art.45,I). Se tratar de obra anônima pseudônima, os setenta anos se contarão de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da primeira publicação. Em caso de obras audiovisuais ou fotográficas, os setenta anos se contarão de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de sua divulgação

E no que diz respeito a duração da proteção dos Direitos

Morais dispõe André Lipp Pinto Bastos Lupi88:

Sob os aspectos dos direitos morais,e a vinculação do autor à obra permanece mesmo após a sua morte, pois estes direitos são considerados perpétuos. Desta forma qualquer pessoa pode executar um concerto para piano de Beethoven, mas deve preservar a ligação do autor à obra. Não pode alguém querer apoderar-se cujo o prazo de proteção já precluiu pois está esta obra delegada a toda a humanidade, não sendo lícito a ninguém que dela se apodere novamente. Os herdeiros têm legitimidade para defender a integridade da obra, posto que mesmo em domínio público, as alterações são interditas.

86

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P139/10. 87

NEWTON, Silveira. A propriedade intelectual e as novas leis autorais. 2ed. São Paulo: Saraiva, 1998.p.68. 88

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.47.

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47

Falaremos sobre o Domínio Publico para que possamos

entender melhor a proteção dos Direitos Autorais.

2.5.1 As obras caídas em domínio público.

Dispõe o artigo 45 da Lei 9.610/1998 sobre Domínio Público: Art.45 – Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público: I – as de autores falecidos que não tenham deixados sucessores; II – as de autor desconhecidos, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais.

O conceito de Domínio Público para Hely Lopes Meirelles89

é: “A expressão domínio público ora significa o poder que o Estado exerce sobre os bens próprios e alheios, ora designa a condição desses bens. A mesma expressão pode ser tomada como o conjunto de bens destinados ao uso público (direto ou indireto – geral ou especial- UTI singuli ou UTI universi) como pode designar o regime a que se subordina esse complexo de coisas afetadas de interesse público”.

No caso do Direito Autoral, não se trata de um domínio que

o Estado exerça sobre a obra, mas uma disponibilidade desta para uso e desfrute

livre da sociedade. Está entre “as coisas afetadas de interesse público90.

A respeito de Domínio Público Carlos Fernando Mathias de

Souza 91 atenua:

O domínio público, em sentido amplo, e o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado (bens particulares de interesse público) ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição geral da coletividade (res nullius). Neste sentido amplo e genérico, o domínio público abrange não só os bens das pessoas jurídicas de

89

MEIRELLES,Hely Lopes. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.88. 90

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.88. 91

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.35/36.

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direito público interno, como as demais coisas que, por sua utilidade coletiva, merecem a proteção do Poder Público, tais como as águas as jazidas, as florestas, a fauna, o espaço aéreo, e as que interessam ao patrimônio histórico e artístico nacional.

Sobre o assunto acrescenta de uma forma sucinta Luiz

Otávio Pimentel92:

O direito brasileiro considera pertencentes ao domínio público as obras em relação ás quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores e as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais.

Por fim Plínio Cabral discorre sobre Domínio Público93: A Lei determina ao Estado que defenda a integridade das obras caídas em “domínio Público”. E na falta ou falha deste,“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público(...).É uma faculdade constitucional. É, sem dúvida, um dever imposto pela cidadania.A obra em “Domínio Público” pertence ao patrimônio cultural do país, e sua integridade deve ser preservada e defendida.

Trataremos a seguir sobre os Direitos Conexos, onde estes

estão relacionados aos Direitos Autorais.

2.6 DIREITOS CONEXOS OU PRÓXIMOS AO AUTOR.

Diz-se Direito conexo ou vizinho, em matéria autoral, aquele,

como o nome está a indicar, que tem conexão ou proximidade com o direito de

autor.

Segundo Carlos Alberto Bittar94:

92

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P.140. 93

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.90/91. 94

BITTAR, Carlos Alberto. Apud ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.37.

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Direitos conexos são os direitos reconhecidos, no plano dos de autor, a determinadas categorias que auxiliam na criação ou na produção, ou ainda, na difusão da obra intelectual. São os denominados direitos análogos aos de autor, afins, vizinhos, ou, ainda, para autorais, também consagrados universalmente.

Assim André Lipp Pinto Bastos Lupi95: “Os direitos conexos”, que recebem esta denominação em virtude

da\estreita afinidade que possuem com os direitos do autor. Estes direitos conexos são os direitos envolvidos na representação de uma peça de teatro, na interpretação de uma música, bem como são conexos os direitos dos produtores de fonogramas e empresas de radiodifusão. Eles existem quando a comunicação é direta ao público.

Dos Direitos Conexos, a quem se aplicam as normas de

Direitos Autorais está elencado no artigo 89 da Lei 9.610:

Art.89 – As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão. Parágrafo único – A proteção deste lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas.

A respeito dos Direitos dos Intérpretes ou Executantes, dos

produtores Fonográficos e das empresas de Radiodifusão, Carlos Fernando

Mathias de Souza96 conceitua cada um deles com base no artigo 5º da Lei

9.610/1998:

Considera-se interpretes ou executantes, os dos produtores de fonogramas e das emissoras de radiodifusão, entendidas estas como sendo as empresas de rádio ou de televisão, ou meio análogo, que transmitem, com a utilização ou não de fio, programas ao público. (seu respaldo esta no artigo 90 da Lei 9.610/1998)

95

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.43. 96

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.46.

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Considera-se produtores fonográficos – É a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a responsabilidade econômica de sua primeira fixação, considerado fonograma como toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros sons, ou de uma representação de sons, que não seja uma fixação incluída em uma obra audiovisual. (seu respaldo esta no artigo 93 da Lei 9.610/1998) Já por radiodifusão entende-se a transmissão sem fio, inclusive por satélite, de sons ou imagens e sons ou das representações desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais codificados, quando os meios de decodificação sejam oferecidos ao público, pelo organismo de radiodifusão ou com seu consentimento. (seu respaldo esta no artigo 95 da Lei 9.610/1998).

E para completar essa linha conceitual, Carlos Fernando

Mathias de Souza97 ainda completa:

Tenha-se que artistas intérpretes ou executantes são todos os atores, cantores, músicos, bailarinos ou outras pessoas que representam um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem ou executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do Folclore.

A respeito do assunto salienta Hércules Tecino Sanches98:

Não poderá ser considerado direito conexo qualquer atributo que venha a ser ou que foi conferido a pessoas que não estejam compreendidas na condição de artistas interpretes ou executantes, produtores fonográficos e empresas de radiodifusão.

Newton Silveira99 faz uma abordagem a respeito dos

Direitos Conexos como sendo Direitos Industriais:

A inclusão das chamadas “obras” ou “produções culturais” no âmbito do inciso XXVII, que tradicionalmente cuida das obras intelectuais, é questionável na medida em que as expressões

97

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.46. 98

SANCHES,Hércules Tecino. Legislação autoral. São Pauolo: LTr, 1999.p.210. 99

SILVEIRA,Newton. Apud ADOLFO, Luiz Gonzaga Silva e WACHOWICZ, Marcos. Direito da propriedade intelectual: estudos em homenagem ao PE. Bruno Jorge Hammes. Curitiba: Juruá,2006.p.19.

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“obras” e “autores” pressupõe a existência de uma criação intelectual e de criadores, enquanto os direitos conexos atribuídos aos produtores de fonogramas e aos organismos de radiodifusão, na sua qual configuração dentro do ordenamento jurídico nacional, regulam interesses de conteúdo meramente econômico não associados obrigatoriamente a uma “criação intelectual” e não conferidos necessariamente “criadores”. Por essa razão, a doutrina até se refere aos direitos dos produtores de fonograma e organismos de radiodifusão como sendo direitos industriais.

Em relação á Duração dos Direitos Conexos, dispõe o artigo

96 da Lei 9.610/1998

Art.96 – É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissoras das empresas de radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais casos.

André Lipp Pinto bastos Lupi100 faz menção sobre a Duração

e Proteção nos Direitos Conexos:

O direito que tem o autor de controlar a utilização econômica de sua obra não é eterno. Isto porque o direito sobre a criação choca-se com o interesse da coletividade de fruir da obra. A expressão de um autor é também a expressão de sua época, de sua cultura, de sua sociedade. Transforma-se sal obra em legado para a humanidade. A proteção tem assim caráter provisório, ainda que longa seja sua duração,pois é assegurada para incentivar o trabalho intelectual. Cessado a proteção da utilização econômica da obra, ela cai em domínio público, sendo dispensável qualquer autorização do autor para o exercício de qualquer direito relativo a ela.

Edmir Netto de Araújo101, com base na lei 9.610 menciona a

respeito da Duração dos Direitos Conexos:

É especial o regime de obras audiovisuais e fotográficas (setenta anos contados de 1º de janeiro subseqüente a sua conclusão –art.44). também é especial o prazo (50 anos de 1] de janeiro do

100

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.47. 101

ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.32.

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ano subseqüente à publicação ou criação) de proteção dos programas de computador (art. 2,§2º).

Assim, após conceituado Direitos Conexos e o que são ,

será abordado alguns conceitos de software, assunto este que é o tema central da nossa pesquisa, o qual terá um destaque maior. 2.7 CONCEITOS DE SOFTWARE

A proteção jurídica do Software é o objetivo central da nossa

pesquisa, porém antes de irmos para o ultimo capitulo, cabe aqui fazer alguns

conceitos para que haja uma compreensão do que se trata.

Hoje em dia vivemos em um mundo digital onde em todo

lugar que se vá, em todas as áreas profissionais a internet esta presente e cada

dia mais avança, e graças aos avanços se pode fazer quase tudo com apenas um

click. E como todo tipo de pessoas de todas as idades estão basicamente

conectados, deve se fazer necessário a proteção desses meios digitais como os

programas de computador sendo o foco desta pesquisa no nosso caso o

Software.

Segundo André Lipp Pinto Bastos Lupi102 Software é: Um bem produzido pelo esforço criativo de alguém, que elabora a programação. Desta forma, o criador da obra intelectual de informática tem um direito à sua criação, direito este que recebe a tutela do ordenamento jurídico.

Assim, o direito positivado define Software103: “Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contido em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos, baseados em técnicas digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.”

102

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.25 103

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.61/62.

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Os doutrinadores João Willington & Jaury N. de Oliveira104,

conceituam programa de computador:

A expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados (Lei 9.610/1998).

O artigo 7º da lei 9.610, em seu item XII, declara que são

obras intelectuais protegidas “os programas de computador”. E mais adiante no

parágrafo 1º desse mesmo artigo, lê-se:

Art.7,§1 º - “Os programas de computador são objetos de legislação especifica, observada as disposições desta lei que lhes sejam aplicáveis.”

O software possui lei própria, que é a Lei 9.609, conhecida

como “lei do Software”, e em seu artigo 2.º estabelece:

“O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no país, observado o disposto nesta lei”

Assim dispõe Plínio Cabral105 o Brasil confere aos

programas de computador proteção autoral idêntica à que concede aos autores

de obras literárias.

Deise Fabiana Lange106, em seu trabalho O Impacto da

Tecnologia Digital sobre o Direito de Autor e Conexos, define com mais precisão e

simplicidade o que é Software:

104

WILLINGTON, João & OLIVEIRA, Jaury N. de. A nova lei brasileira de direitos autorais. Rio de janeiro: Lumem Juris Ltda, 1999. P.10. 105

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.139. 106

LANGE,Deise Fabiana. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.140.

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O software nada mais é do que um conjunto de instruções que, quando processadas pelo computador, mostram qual caminho a ser percorrido para a execução de determinada tarefa ou resultado.

Sobre Programa de Computador André Lipp Pinto Bastos

Lupi107 preconiza:

O programa de computador é portanto resultado de uma série de escolhas feitas por seu criador, não resultando de mero cálculos. O caminho não é predeterminado ou rígido para o programador, ao contrário, deve este na elaboração do programa optar pela configuração dos dados e instruções. Segundo De Maio, “cada passo (na elaboração de um software) pode ser interpretado, por sua vez, como um processo de tomada de decisão”. Tão grandes são as diferenças possíveis que quando proposta como exercício de classe a elaboração de um programa, como objetivo, grau de elaboração e linguagem definidos previamente, ainda assim os programas resultantes da criação de cada um dos alunos é diferente, o que demonstra que o programa é uma forma de expressão do intelecto de um ser humano e portanto único.

Deise Fabiana Lange108,observa que o programa de

computador nem sempre é um produto pronto e acabado:

Existem vários tipos de programas de computador no mercado. Pode-se classificá-los em prontos e semiprontos. Os prontos têm uma tarefa especifica e o usuário somente insere dados, faz consultas e recebe respostas, trata-se de programas resolvidos ou escritos através das linguagens de programação de alto nível de aplicação profissional. Os semiprontos, ao contrario, possuem uma tarefa bastante ampla, e é o usuário quem escolhe as tarefas que pretende executar, podendo processar textos, fazer cálculos e gerenciar informações. São o que se denomina de aplicativos ou linguagem de quarta geração.

Neste capitulo foi abordado conceitos de Direitos Autorais,

da Autoria da obra, Direitos Patrimoniais e Morais, Direitos Conexos e alguns

107

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p25/26. 108

LANGE,Deise Fabiana. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.140.

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conceitos de Software. A pesquisa deste capítulo foi feita na base dos

doutrinadores acima citados e da lei 9.610, que é a lei que regula os Direitos

Autorais, e da lei 9.0609, conhecida como lei do Software

No próximo capitulo entraremos a fundo sobre a proteção

jurídica do Software, o qual é o objetivo da presente pesquisa, que será tratado

especificamente a seguir.

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CAPÍTULO 3

DIREITOS AUTORAIS DE SOFTWARE

O terceiro capítulo desta presente pesquisa é dedicado aos

Direitos Autorais de Software (Programa de Computador), Lei de nº 9.609/1998,

que regulamenta a proteção dos Programas de Computador.

Será realizado um estudo aprofundado sobre o que é

Software e tudo que nele envolve, sobre o Registro, Contrato de Licença de Uso,

da duração e proteção, e das infrações penais sobre Programa de Computador.

3.1 CONCEITOS DE SOFTWARE

A Lei 9.609 de 19 de Fevereiro de 1998 entrou em vigor na

data da sua publicação que trata sobre a proteção da Propriedade Intelectual de

programa de computação. Revogando expressamente a Lei nº 7.646/1987, e

implicitamente o decreto nº 96.036/1988, que regulamentava a lei do Software,

ora revogada.

Assim Carlos Fernando Mathias de Souza109assevera:

“Houve um tempo em que muito se discutia à míngua de disposição expressa no

ordenamento positivo, se o Software tinha proteção autoral ou da Propriedade

Industrial”.

A doutrina logo inclinou se pela proteção autoral, no que foi

seguida pela jurisprudência:

Com ilustração registra-se que bem antes da edição da lei nº 7.646, que é de 18 de Dezembro de 1987, veio a lume (1985) a obra “A Proteção Jurídica do Software”, onde destacam se os trabalhos “A Proteção dos Programas de Computador”, de autoria de Orlando Gomes; “A Natureza Jurídica do Software”, da lavra de Arnold Wald; “Programa de Computador e Direito Autoral”, trabalho de José de Oliveira Ascensão; “A proteção Jurídica dos Programas de Computador”, de que se encarregou Carlos Augusto Silveira Lobo, e um trabalho traduzido por Marina Bernner, de autoria de Eugen Almer e Gert Kolle, sob o título “A proteção sob o Direito Autoral de Programa de Computador”.

109

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.61.

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Carlos Fernando Mathias de Souza110, ainda sustenta a

respeito do assunto, “na realidade, no direito brasileiro, Programa de Computador

(Software) é matéria de direito autoral, enquanto a máquina (Hardware) é de

direito industrial”.

A nova Lei 9.609/1998, já em seu art.1º da Lei nos da à

definição legal do que é um Programa de Computador:

Art.1 – Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instrução em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.

Assim dispõe a respeito do assunto André Lipp Pinto Bastos

Lupi111:

O Software é a expressão de idéias de uma pessoa, que são exteriorizadas em um conjunto de informações, veiculadas em um bem tangível, que pode ser um disquete, um disco óptico ou mesmo o disco rígido de um computador. Destarte, o que se protege através da propriedade intelectual não é este corpo em que a idéia é vinculada (corpus mechanicum), mas sim a exteriorização da idéia, o corpus mythicum, que é um bem intangível.

Francisco da Silveira Bueno112 conceitua Software, “em

línguagem de computação, conjunto de instruções destinadas ao funcionamento

do aparelho, em oposição ao hardware, que designa a sua parte física”.

André Lipp Pinto Bastos Lupi113, dispõe sobre o que é

Software:

O software é um bem jurídico produzido pelo esforço criativo de alguém, que elabora a programação. Desta forma, o criador da obra intelectual de informática tem um direito à sua criação, direito este que recebe a tutela do ordenamento jurídico.

110

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.61. 111

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p44. 112

BUENO,Francisco da Silveira. Mini dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTDS.A,1997.p.613. 113

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p25.

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Para elaborar o programa, deve o autor definir seu objetivo, traçar os meios para alcançá-lo, sistematizando as informações e ainda determinar sua aparência, entre outras atividades, sempre levando e conta o tempo hábil para o desenvolvimento do Software, o seu custo total e a qualidade da resposta, ou seja, sua integridade, confiabilidade e precisão, empenhando-se portanto em tarefa criativa. O programa de computador é portanto resultado de uma série de escolhas feitas por seu criador, não resultando de meros cálculos. Caminho não é predeterminado ou rígido para o programador, ao contrário, deve este na elaboração do programa optar pela configuração dos dados e instrução.

Segundo Bortezzaghi de Maio114:Cada passo na (elaboração

de um software) pode ser interpretado, por sua vez, como um processo de

tomada de decisão”. O processo de tomada de decisão se dá em todas as fases

do ciclo de vida do software.

Neste sentido preconiza André Lipp Pinto bastos Lupi115: O computador só realiza aquilo que lhe foi ditado por alguém e por outro lado, os programas não visam simplesmente alimentar a máquina de informação e dados, mas sim exteriorizar idéias, de forma a solucionar problemas, emitir sons e imagens tangíveis ao

homem. Dados alguns conceitos de Software, trataremos no próximo

Subcapítulo respeito da proteção do Software.

3.2 DURAÇÃO E PROTEÇÃO DOS PROGRAMAS DE

COMPUTADOR.

No que diz respeito a regime de proteção do Programa de

Computador a Lei 9.609/1998 é bem clara e precisa no seu artigo 2º.

Art.2 – O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é conferido às obras literárias pela

114

MAIO, Bortezzaghi de. Apud LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p26. 115

115

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.27.

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legislação de direitos autorais e conexos vigentes no país observado o disposto nesta lei. Assim comenta Plínio Cabral116: O Brasil, portanto, confere aos programas de computador proteção autoral idêntica à que concede aos autores de obras literárias. Essa proteção decorre de dois estatutos legais das convenções internacionais de que o Brasil é signatário, especialmente o chamado acordo TRIPS – “Acordo sobre aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao comércio”. Assim em abril de 1994, o acordo TRIPS acabou por determinar a própria lei 9.609. Acerca da proteção salienta André Lipp Pinto Bastos Lupi117:

O direito que tem o autor de controlar a utilização econômica de sua obra não é eterno. Isto porque o direito sobre a criação choca-se com o interesse da coletividade de fruir da obra. A expressão de um autor é também expressão de sua época, de sua cultura, de sua sociedade. Transforma-se sua obra em legado para a humanidade. Em relação á exclusão dos direitos morais dispõe o §1 do

artigo 2º da lei 9.609/1998:

Art. 2º, §1 – Não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direitos morais, ressalvando a qualquer tempo, o direito do autor de reivindicar a paternidade do programa de computador e o direito do autor de opor-se a alterações não – autorizadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa de computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação. No dizer de Jean Carbonnier118, “o direito moral (do autor) é

na realidade um direito do individuo, um direito da personalidade (no sentido

técnico que se da ao termo).

116

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.139. 117

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.46/47. 118

CARBONNIER, Jean. Apud LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p41.

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Já André Lipp Pinto Bastos Lupi119 menciona sobre a

Proteção dos Direitos Morais:

É possível a transferência de direitos autorais, mas somente da sua utilização econômica, pois os direitos morais são inalienáveis, e irrenunciáveis (art. 27 da lei 9.610/1998) e absolutamente impenhoráveis (CPC, Art.649, I). São personalíssimos pois emanam da personalidade do autor. Os direitos morais não podem ser cedidos a terceiros para exploração comercial. Esta vedação é feita para a salva guarda dos interesses do autor, mas também do público, pois se a paternidade da obra fosse passível de cessão isto implicaria entre outras coisas, numa ludibriação do público, que consumiria obra de “A” quando na verdade ela é de “b”. Luiz Otávio Pimentel120 no que diz respeito aos Programas

de Computador e seus direitos Patrimoniais e Morais consubstancia:

Deve ser considerado que não se aplicam ao programa de computador todas as disposições relativas aos direitos morais e patrimoniais. O autor conserva os direitos de reivindicar a paternidade do programa de computador e de opor-se a alterações não autorizadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa de computador, que possam prejudicar a sua honra ou a sua reputação pela autoria. O autor tem o Direito Patrimonial exclusivo de valorizar ou proibir o aluguel comercial, não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do programa. Este disposto não se aplica aos casos em que o programa em sim não seja objeto essencial do aluguel. Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo titular dos direitos de programa de computador, inclusive sua exploração econômica, pertencerão à pessoa autorizada que as fizer (salvo estipulação contratual em contrário). Assim menciona André Lipp Pinto Bastos Lupi121 com base

na lei:

A obra é protegida durante toda a vida do autor (artigo 41 da lei 9.610/1998.) como é direito patrimonial, é transferível aos

119

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.50. 120

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P159. 121

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.42.

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herdeiros. A duração da proteção relativa ao direito de fruição econômica da obra perdurara por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento obedecida á ordem sucessória da lei civil. Já em relação da duração dos direitos relativos ao Programa

de Computador, dispõe o artigo 2,§2º:

Art.2,§2 – Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de computador pelo prazo de cinqüenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. A respeito do assunto assevera Edmir Netto de Araújo122: É especial o regime de obras audiovisuais e fotográficas (setenta anos contados de 1º de janeiro subseqüente a sua conclusão –art.44). também e especial o prazo (50 anos de 1º de janeiro do ano subseqüente à publicação ou criação) de proteção dos programas de computador (art. 2,§2º da lei 9.609/1998). Ou seja, quando se tratar de Direitos autorais a sua proteção

é de 70 anos a contar do ano posterior à sua morte, e ao se tratar de proteção de

programas de computador o prazo é de 50 anos do ano posterior a sua

publicação.

3.3 DO REGISTRO DE PROGRAMA DE COMPUTADOR.

O registro no direito autoral é uma faculdade do autor,

portanto não há necessidade de registro do Programa de Computador constante

na Lei de Direitos Autorais artigo 18.

Art.18 – A proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro. A cerca do registro preconiza Plínio Cabral123:

122

ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.32. 123

CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.141.

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Como ocorre com as obras intelectuais em geral, os programas de computador independem de registro. Trata-se de uma garantia que se insere na liberdade de expressão. O programa de computador considerado obra de criação para fins legais, não pode sujeitar-se a controles que eventualmente, sobreponham o Estado – os Governantes – ao seu criador.

O parágrafo 3º do artigo 2º da lei 9.609/1998 estabelece: Art.2, §3 “A proteção aos direitos de que trará esta lei independe de registro”. Más no caso de registro, é necessário um elenco de

informações que a lei estipula no parágrafo primeiro do artigo 3º:

Art.3, §1 “O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá conter, pelo menos a seguintes informações: I – Os dados referentes ao autor do programa de computador e ao titular, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas; II – a identificação e descrição funcional do programa de computador; III – os trechos do programa e outros dados que se considerar suficientes para identificá-los e caracterizar sua originalidade, ressalvando-se os direitos de terceiros e responsabilidade do Governo”.

Newton Silveira 124dispõe sobre o registro: Como na lei de direitos autorais, a proteção do programa independe de registro (§2º,art.2). No entanto, estabelece o art.3º que os programas poderão “ser registrados em órgão ou entidade a ser designado por ato do Poder Executivo, ou por iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência e tecnologia”. O registro, embora facultativo, tenha vantagem de fixar os dados do programa em determinada data e que criar a presunção de sua titularidade. Esse registro tem caráter sigiloso, por determinação legal. Até agora, tal registro compete ao INPI, que cobra uma taxa periódica de conservação de sigilo, o que não se justifica, porque o sigilo é imposto por lei.

Na mesma linha segue Carlos Fernando Mathias de

Souza125:

124

SILVEIRA, Newton. A propriedade intelectual e as novas leis autorais. 2ed. São Paulo: Saraiva, 1998.p.77.

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A proteção autoral do programa de computador, como de resto de quaisquer direitos autorais independem de registro. Contudo, o titular dos direitos de autor sob o programa poderá registrá-lo em órgão ou entidade a ser designado pelo Poder Executivo, por iniciativa do Ministério responsável pela política da ciência e da tecnologia.

Nesse sentido preconiza Luiz Otavio Pimentel126: A proteção dos direitos do autor ou titular de programa de computador independe de registro. Valendo aqui o que foi dito antes, ou seja, mesmo sendo o efeito do registro declaratório é um instrumento eficiente na falta de outros meios de prova da autoria e titularidade. O órgão competente para tal é o INPI, que funciona no Rio de Janeiro.

Conforme visto então não há necessidade do Registro de

Programas de Computador, mas se o autor desejar Registrar, o seu Registro

deverá ser feito no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, conhecido como

INPI.

O site do INPI127 dispõe sobre a divisão de Registro de

Programa de Computador:

A Divisão de Registro de Programa de Computador - DIREPRO - está subordinada à Coordenadoria Geral de Outros Registros (CGREG) da Diretoria de Contratos de Tecnologia e Outros Registros (DIRTEC). Diferentemente das demais proteções conferidas pelo INPI, que são afetas à propriedade industrial, o registro de programa de computador é afeto ao direito autoral.

O site do INPI128 fornece passo a passo como registrar seu

Programa de Computador, mencionarei alguns:

A) A documentação técnica pode ser entregue em papel ou em CD/DVD. Caso a opção seja pela entrega em papel, devem ser utilizados os invólucros e

125

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.62. 126

PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Universidade: aspectos legais. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2005. P.158. 127

Disponível em: < http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/programa> Acesso em 04/11/2010. 128 Disponível em: < http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/programa/Como%20registrar%20o%20seu%20programa%20passo%20a%20passo> Acesso em 04/11/2010

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caso esta documentação seja entregue no formato eletrônico, o CD/DVD deverá ser entregue em envelopes SEDEX.

B) Preencher o formulário "Pedido de Registro de Programa de Computador".

C) Entregar no INPI (Sede, Divisões Regionais, Representações) ou enviar por correio os invólucros/envelopes SEDEX fechados, observando que os dois envelopes, que fazem parte do invólucro, também devem estar fechados;

D) Todas as comunicações dos atos e despachos relativos ao registro de programas de computador serão feitas através de publicações específicas na Revista Eletrônica da Propriedade Industrial – RPI, disponível no portal do INPI, desta forma, o acompanhamento da RPI se faz necessário. Importante observar que não serão mais enviadas cartas relativas aos atos do INPI, aos usuários;

E) O prazo para cumprimento de exigências que ocorram quando do exame de registrabilidade é de sessenta dias a contar da publicação da mesma na RPI;

F) Caso as exigências não sejam cumpridas no prazo estipulado, o pedido será arquivado (Lei do Processo Administrativo, artigo 40);

G) A partir da publicação da notificação do deferimento do pedido, na RPI, corre o prazo de sessenta dias para interposição de recurso por parte de terceiros com relação à documentação formal.

H) O certificado do Registro ficará disponível na recepção do INPI no Rio de Janeiro/RJ, ou na Divisão Regional ou Representação do INPI do estado em que o pedido foi depositado.

segue abaixo o endereço do INPI129:

Rua Mayrink Veiga, N°9 – Centro – Rijo de Janeiro/RJ – Cep: 20090-910 Praça Mauá, n° 7 – Centro – Rio de Janeiro/RJ – Cep: 20081-240 Telefone (21) 2139-3000 CNPJ: 42.521.08/0001-37

3.4 CONTRATO DE LICENÇA DE USO

129 Disponível em: < http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/programa/Como%20registrar%20o%20seu%20programa%20passo%20a%20passo> Acesso em 04/11/2010

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Edmir Netto de Araújo130 alude sobre Contratos de Licença

de Uso: Contratos de licença de uso, de comercialização e de transferência de tecnologia (Lei 9.609/1998, sobre programa de computador). Os contratos típicos para uso de programas de computador estão descritos nos arts 9 a 11 da Lei 9.609/1998. A nota fiscal de aquisição ou licenciamento de cópia de programa atesta a regularidade do uso de tal programa, e os atos ou contratos de licença de direitos de comercialização fixarão (art.10) tributos e encargos exigíveis, responsabilidade pelos pagamentos e remuneração do titular dos direitos de programa, inclusive residente ou domiciliado no exterior. São nulas as clausulas que limitem a produção, distribuição ou comercialização, em desacordo com as normas em vigor (Lei n. 9.609/1998 e legislação correlata), ou que eximam qualquer dos contratantes de responsabilidades por eventuais ações de terceiros decorrentes de vícios, defeitos ou violações de direitos autorais. Já no caso do contrato de transferência de tecnologia de programa de computador (art.11), este deverá ser registrado no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, com o cumprimento das exigências do parágrafo único do referido dispositivo.

Carlos Fernando Mathias de Souza131 refere sobre a

Licença:

A licença autoral comum, ao contrario de transmissão (cessão total, ou pelo menos global) e a oneração (que é a constituição de um direito derivado, dentro do que se compreende, as chamadas cessões parciais) constitui um direito não exclusivo de utilização da obra intelectual. Assim o beneficiário da licença, pode utilizá-la, mas não pode excluir ninguém de outra utilização, naturalmente se portador de licença.

Para André Lipp Pinto Bastos Lupi132: De qualquer maneia, são instrumentos para a exploração econômica do Software e tem aplicação enquanto instrumento protetório dos direitos de propriedade intelectual. Não há como no Direito Autoral ou Patenteário uma maior intervenção estatal, toda

130

ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.55/56. 131

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.66. 132

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.66.

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via existem cláusulas que são proibidas pela Lei dos Programas de Computador, que no artigo 10§1, diz que são nulas as cláusulas que: “I) limitem a produção, distribuição ou comercialização, em violação às disposições normativas em vigor; II) eximam qualquer dos contratantes das responsabilidades por eventuais ações de terceiros, decorrentes de vícios, defeitos ou violação de direitos do autor.” Normalmente os contratos de licença de uso e protegem os criadores do programa na medida em que impedem os contratantes que adquirem o direito de uso dos programas de fazê-los circular, copiando-os para outros usuários. Há inserção de cláusulas que garantem reparações aos criadores no caso de violação dos direitos ali previstos.

Carlos Alberto Bittar133 observa: A regra da contratação é a da submissão da pessoa a modelos, fórmulas, condições e cláusulas predeterminadas, impressas ou não, mas aceitas globalmente e sem discussão, para que possa obter o bem ou serviço almejado.

Ari Barbosa Garcia júnior134 qualificou tal situação de forma

clara e veemente, dizendo, “na capitulação do mais fraco ao mais forte, há um

verdadeiro dirigismo contratual provado”.

3.5 DAS INFRAÇÕES PENAIS EM RELAÇÃO AO PROGRAMA DE

COMPUTADOR

Com relação ás sanções penais dispõe o artigo 12 da Lei

9.609/1998:

Art. 12 – Violar direitos de autor de programa de computador: Pena – Detenção de seis meses a dois anos ou multa. §1º - se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente: Pena – Reclusão de um a quatro anos e multa §2º - Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no país, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral. §3- nos crimes previstos neste artigo, somente se precede mediante queixa, (...)

133

BITTAR, Carlos Alberto. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.155. 134

JUNIOR, Ari Barbosa Garcia. Apud CABRAL, Plínio. Direito autoral: dúvidas e controvérsias. São Paulo: Harbra Ltd, 2000. P.155.

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Com relação ás sanções às violações dos direitos autorais

Carlos Fernando Mathias de Souza135 assevera:

Pela violação dos direitos autorais cabem sanções civis e penais, que se aplicam de modo independente uma da outras. A Lei 9.610 trata das sanções civis (arts. 102 a 11), dentre elas a apreensão de exemplares de obras publicadas ou editadas (publicação e edição, em direito autoral não se confundem), suspensão e divulgação, suspensão ou interrupção, pela autoridade judicial competente, de transmissão ou retransmissão, por qualquer meio ou processo bem como a comunicação de obras intelectuais protegidas, sem prejuízo da multa diária pelo

descumprimento e das demais indenizações cabíveis. Acerca do assunto dispõe André Lipp Pinto bastos Lupi136: O autor tem direito a reparação dos danos causados, sejam eles de origem patrimonial ou moral. Quando o ato de violação já foi efetivado, pode o autor pleitear uma reparação por perdas e danos. Quando está na eminência de ocorrer, ou se a violação ainda pode prosseguir no tempo, é cabível a exigência pelo autor da abstenção da prática dos atos que violarão seus direitos.

Segundo Edmir Netto de Araujo137 em relação ao

procedimento na Ação Civil:

As demais medidas seguem os procedimentos cautelares cominatórios e declaratórios do CPC, como visto anteriormente, e as ações propriamente ditas, regem-se pelo rito ordinário, ou seja aqueles prescritos pelo artigo 282 e seguintes da lei processual civil.

A respeito do assunto André Lipp Pinto Bastos Lupi138 sustenta, dando um exemplo com base na lei 9.610/1998:

A indenização, deve ser equivalente ao número de exemplares e em não se conhecendo sua quantidade exata, arbitrar-se-á em 3.000 exemplares, além dos apreendidos (artigo 103 parágrafo único da Lei 9.610). Colocar programa na Internet sem autorização, alterar ou inutilizar sinais codificados ou dispositivos técnicos introduzidos nos exemplares do programa para evitar ou

135

SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral: Legislação básica. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. P.53. 136

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.52. 137

ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.94. 138

CHAVES, Antonio. Apud ARAUJO, Edmir Netto de. Proteção judicial do direito de autor. São Paulo:LTr,199.p.95.

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restringir a sua cópia, são atos sujeitos a sanções por perdas e danos na forma do artigo 107 da Lei 9.610/1998.

Mais alem André Lipp Pinto Bastos Lupi139 exemplifica um

caso hipotético, para ilustrar a aplicação dos meios de defesa dos direitos de

Propriedade intelectual sobre os programas de computador:

Suponhamos que um indivíduo “A”, adquira uma cópia de um programa para arquitetos cujo titular dos direitos é a empresa “B Ltda”. Ele instala o programa em seu computador, faz cópia de segurança e usa o programa licitamente em seu escritório. Ao descobrir as vantagens do programa, começa em parceria com “C” a vender cópias do programa feitas por este último sem autorização do titular. Em dois meses de trabalho no mercado, os contrafatores conseguem vender 200 cópias do programa, - que custa R$ 60,00 -, e têm encomendas para mais 150 cópias que produzem sempre no final do expediente do escritório. A empresa titular dos direitos descobre a violação e resolve tomar providencias. Primeiramente, procede a queixa-crime, para que sejam enquadrados como co-autores de crime de contrafação, conforme previsão no artigo 12 da Lei 9.609/1998 e 184, § 1º do Código Penal. A pena a ser aplicada, mesmo sendo mais branda, deve ser a da Lei 9.609/1998, visto que é específica para a matéria, portanto especial em relação ao Código Penal que é norma geral.

Neste sentido a jurisprudência se manifesta: RECURSO ESPECIAL. DIREITO AUTORAL. PROGRAMAS DE COMPUTADOR. UTILIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO. CONTRAFAÇÃO. DANOS MATERIAIS. FIXAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL RECONHECIDO EM PARTE. (Recurso Especial 2007/0229315-1, Relator: Ministro Fernando Gonçalves, Órgão Julgador: Quarta Turma, Data di Julgamento: 25/08/09, Data da Publicação 08/09/2009.

Com relação ao artigo 12 da Lei 9.609/1998 André Lipp

Pinto Bastos Lupi140 distingui contrafação de plágio:

Tal violação constitui crime, apenado com detenção, de seis meses a dois anos e multa. A violação por excelência é a

139

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p.53. 140

LUPI, André Lipp Pinto Bastos. Proteção jurídica do software: eficácia e adequação. Porto Alegre: Síntese,1998.p51.

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contrafação, que consiste na reprodução da obra alheia, total ou parcial, sem autorização. Não se confunde com o plágio, que é o disfarce da cópia reproduzida. O plagiador apresenta a obra alheia como se fosse sua através de pequenas modificações que disfarçam a obra original.

O plágio, a pirataria são violações cotidianas, e como os

Direitos Autorais não é um assunto muito discutido ás vezes muitos criadores,

perdem seu direito por não saber como agir nas situações em que seus direitos

são violados, por isso o assunto tratado nesta pesquisa merece ênfase nos dias

atuais, onde o computador, a música a TV estão constante em nossas vidas.

Neste terceiro capitulo foi abordado especificamente sobre a

proteção jurídica do Software, o foco principal desta pesquisa. Entretanto foi

abordado conceitos Software, sobre o Registro, Contrato de Licença de Uso,

Sanções Penais e Civis.

Foram analisadas as leis 9.609 e 9.610, de 19.02.1998, pois

já se diz e com razão, que direito não protegido não é direito, é letra morta, e

essas leis trazem proteção aos Direitos Autorais.

Portanto a presente pesquisa tem como fim esclarecer um

pouco mais sobre a garantia e direitos que os Autores possuem sobre suas obras,

especificamente sobre os Direitos Autorais de Programa de Computador, o

Software.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia teve como objeto de pesquisa a

análise jurídica sobre os Direitos Autorais de Software.

Ante ao exposto no decorrer desta pesquisa, verificou-se

que o Direito Autoral não é um assunto muito discutido, versa que assim, as

pessoas não procuram os seus direitos muitas vezes por achar que nem existem,

como no caso dos Direitos Autorais

Para se chegar ao objetivo desta pesquisa foi necessária a

construção de três capítulos, a Propriedade Intelectual, os Direitos Autorais e os

Direitos Autorais de Software capítulos estes de tal importância para esta

monografia,os quais foram pesquisados de forma científica.

O Direito Autoral, assim como a Propriedade Industrial e a

Cultivares São os Três ramos de Propriedade Intelectual. Na presente pesquisa

foi abordado esses três ramos, com conceituações e definições em Lei.

Definido o direcionamento desta pesquisa para a

Propriedade Intelectual, mais precisamente Direitos Autorais de Software, visto

ser este o foco desta pesquisa, pois tem relação direta com o tema proposto para

esta monografia.

Acerca da primeira hipótese, a lei de Direito Autoral Protege

as obras Literárias, artísticas ou científicas, composições musicais, obras

audiovisuais, Direitos Conexos como no caso de artistas interpretes, e o Software

este programa de computador, objetivo centra desta pesquisa. E em relação a

segunda hipótese a resposta é sim com base no artigo 2º da lei de Software 9.609

de 19 de Fevereiro de 1998.

Portanto restaram confirmadas as hipóteses, respondidas

com fundamentos em lei própria, os objetivos foram alcançados, através do

estudo amplo para a formatação desta pesquisa, fazendo um estudo desde a

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Propriedade Intelectual e seus três ramos, passando por conceituações,

discorrendo um capitulo só sobre Direitos Autorais, e por fim Falando do Software

de seu contrato de licença de uso das sanções penais, do registro e seu conceito.

Estas são as considerações que se julgam oportunas a

apresentar. Devemos ressaltar que com a constante evolução de nossa

sociedade nascem novos direitos todos os dias e nosso ordenamento jurídico está

a quem de conseguir acompanhá-los.

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