direito societário ii prof. marta viegas mba de governança corporativa – turma ii 23 de outubro...
TRANSCRIPT
Direito Societário II
Prof. Marta Viegas
MBA de Governança Corporativa – Turma II
23 de outubro de 2012
Como trabalharemos?1. Aulas:
2. Avaliações: 30% de participação (pontualidade, assiduidade e participação em sala e/ou com materiais) e 70% do trabalho conjunto
3. Dinâmica: leitura prévia, participação, exercícios de fixação e total liberdade para interagir com colegas e professor
Aula Dia Tema Atividade Leitura prévia
1 23.10.2012 Deveres Fiduciários e Responsabilidade dos
Administradores
Apresentação e discussões
LIVROCódigo das Melhores Práticas em Governança Corporativa do IBGC
Guia de Orientação Jurídica de Conselheiros de Administração e
Diretores do IBGC
2 25.10.2012 Relacionamento entre Sócios
Apresentação e discussões
LIVROCódigo das Melhores Práticas em Governança Corporativa do IBGC
Caderno IBGC de Boas Práticas para Assembleias de Acionistas
3 6.11.2012 Restruturações Societárias
M&A
Apresentação e discussões
LIVROMinutas de MOU e de Contrato de
Compra e Venda de Ações
4 8.11.2012 Documentos de Governança
Apresentação e discussões
Minutas de Contrato Social, Estatuto Social e Acordos de Acionistas
5 13.11.2012 Encerramento Prova Toda a matéria – textos, slides e anotações em sala
Deveres Fiduciários e Responsabilidade dos
Administradores
Introdução
Os deveres e responsabilidades dos administradores na lei societária
Ações societárias contra administradores
Outras responsabilidades – tributária, trabalhista, consumidor, ambiental
Seguro de Responsabilidade do Administrador (D&O)
Agenda
RESPONSABILIDADE SOCIETÁRIA
• S/As são regidas pela Lei das S.A. (Lei 6.404/76)
• Conselho de Administração
• Diretoria Executiva
• Conselho Fiscal
• Comitês
• Limitadas são regidas pelo Código Civil (Lei 10.406/02) e supletivamente
pela Lei das S.A.
• Diretoria Executiva
• Conselho Fiscal
• Flexibilidade para criação de órgãos e comitês
Administração de S/As e Ltdas.
Administrador pode responder com seus próprios
bens por prejuízos causados pela companhia contra
terceiros?
Responsabilidade pessoal: para discussão
Autonomia jurídica e patrimonial
a sociedade tem personalidade jurídica e patrimônio próprios e
independentes de seus sócios, acionistas e administradores (origem
UK, século XIX)
Caráter orgânico da representação da sociedade
a sociedade atua por intermédio de seus administradores, que são
manifestantes da própria vontade da sociedade. Todos os atos dos
administradores são atos da própria sociedade
Responsabilidades - Introdução
A responsabilidade dos administradores será determinada em virtude de
suas específicas atribuições, poderes de deliberação, gestão e
representação
Normas relativas aos deveres e responsabilidades dos administradores
são extensivas aos membros do conselho fiscal e aos membros de órgãos
técnicos e consultivos criados pelo estatuto, tais como o comitê de
auditoria estatutário e o conselho consultivo
Deveres e Responsabilidades dos Administradores (art. 158 e 165 da Lei 6.404/76)
O administrador da companhia deve empregar, no exercício de
suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e
probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios
Mas o que significa na prática esse dever?
Dever de Diligência (art. 153 da Lei 6.404/76)
Dedicar tempo à função e comparecer regularmente às reuniões
Atuar de maneira informada e refletida (estar preparado)
Agir, inquirir e avaliar alternativas e consequências
Delegar com responsabilidade e supervisão
Acompanhar o desenvolvimento de temas críticos
Assessorar-se com especialistas
Compartilhar conhecimento e discutir com os demais conselheiros
Dever de Diligência (art. 153 da Lei 6.404/76)
Não há violação ao dever de diligência, quando o
administrador toma (ou deixa de tomar) uma decisão, se sua
decisão é informada, refletida e desinteressada
• O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter reservas sobre
seus negócios, sendo-lhe vedado:
usar as oportunidades de que tenha conhecimento em razão do cargo
omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia
deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da companhia
visando à obtenção de vantagens, para si ou para outrem
adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à
companhia, ou que esta tencione adquirir
Dever de Lealdade (art. 155 da Lei 6404/76
O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe
conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as
exigências do bem público e a função social da empresa
O administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a
companhia, os mesmos deveres que os demais, não podendo, ainda que
para defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres
Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder (art. 154 da Lei 6.404/76
É vedado ao administrador:
praticar ato de liberalidade à custa da companhia
sem prévia autorização da assembleia geral ou do conselho de
administração, tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia,
ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que tenha interesse ou de
terceiros, os seus bens, serviços ou créditos,
receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembléia
geral, qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em
razão do exercício do seu cargo
Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder (art. 154 da Lei 6.404/76)
É vedado ao administrador intervir em qualquer operação social
em que tiver interesse conflitante com o da companhia
É dever do administrador cientificar os demais administradores do
seu impedimento e fazer consignar em ata, a natureza e a
extensão do seu interesse
Ainda que observado as regras acima: somente pode contratar
com a companhia em condições razoáveis e eqüitativa, idênticas
às que prevalecem no mercado ou que a companhia contrataria
com terceiros
Conflito de Interesses (art. 156, Lei 6.404/76)
Companhia aberta
Dever de informar valores mobiliários de emissão da
companhia e de sociedades controladas ou do
mesmo grupo, de que seja titular.
Dever de informar o mercado sobre atos e fatos
relevantes, que possa influir na decisão dos
investidores do mercado de vender ou comprar
valores mobiliários
Dever de Informar (art. 157, Lei 6.404/76)
• Para discussão: Processo Administrativo n. 2009-2610, julgado em 28/9/10,
contra membros do CA e CF
• Aumento de capital. Deliberação em fevereiro. Demonstrações financeiras
auditadas relativas ao exercício anterior ainda não prontas. Fixação de
preço de emissão com base em valor patrimonial de 30/9 do exercício
anterior.
• Aumento significativo, quase 100%.
Dever de Diligência e Business Judgment RuleCase
• Violação do Dever de Diligência
• PL da companhia havia triplicado no quarto trimestre do ano; aumento de
capital integralmente subscrito pelo controlador, com diluição injustificada
do minoritário
• Multas aplicadas totalizaram R$1,25 milhão
Dever de Diligência e Business Judgment RuleCase
• “Não será intenção da CVM pretender entrar no mérito do preço de
emissão de ações, interferindo, deste modo, no mercado. O que a CVM
exigirá, no entanto, é que o preço de emissão das novas ações seja
sempre justificado, de maneira clara e precisa, por ocasião da assembléia
geral que deliberar sobre a autorização do aumento de capital. Se atribuída
à fixação de tal preço ao conselho de administração da companhia, a
justificativa do preço deverá constar, igualmente clara e precisa, do parecer
que vier a ser expedido pelo Conselho.”
Dever de Diligência e Business Judgment RuleCase
• “Decisão informada: a decisão informada é aquela na qual os administradores basearam-se nas
informações razoavelmente necessárias para tomá-la. Podem os administradores, nesses casos, utilizar,
como informações, análises e memorandos dos diretores e outros funcionários, bem como de terceiros
contratados. Não é necessária a contratação de um banco de investimento para a avaliação de uma
operação”.
• “Decisão refletida: a decisão refletida é aquela tomada depois da análise das diferentes alternativas ou
possíveis consequências ou, ainda, em cotejo com a documentação que fundamenta o negócio. Mesmo
que deixe de analisar um negócio, a decisão negocial que a ele levou pode ser considerada refletida, caso,
informadamente, tenha o administrador decidido não analisar esse negócio”.
• ”Decisão desinteressada: a decisão desinteressada é aquela que não resulta em benefício pecuniário ao
administrador. Esse conceito vem sendo expandido para incluir benefícios que não sejam diretos para o
administrador ou para instituições e empresas ligadas a ele. Quando o administrador tem interesse na
decisão, aplicam-se os standards do dever de lealdade (duty of loyalty).”
Dever de Diligência e Business Judgment RuleCase
• O que fazer quando a empresa não observar os princípios básicos
da boa governança?
( ) Adoecer e não comparecer a reunião
( ) Abster-se do processo de votação
( ) Renunciar
( ) Insistir
O que fazer?
• Processo 08/05: reclamações de acionistas minoritários de
empresa de capital aberto que foi incorporada por outra empresa
listada.
• Um conselheiro se absteve de votar sob a alegação de que o
material elaborado pela administração para a reunião foi
disponibilizado sem tempo hábil para análise.
• Foi acusado de: “ter violado o disposto no artigo 153, ao não ter
empregado a diligência necessária na operação de incorporação,
abstendo-se de votar na reunião do Conselho de Administração
que aprovou a proposta de incorporação, não tendo se
posicionado, mesmo que posteriormente, a seu respeito”.
Abster-se
• O conselheiro fiscal que se absteve, mesmo registrando que
solicitou prazo para um melhor exame da matéria (no que não foi
atendido), foi acusado de “ter violado o disposto no artigo 153 c.c.
165 da Lei 6.404/76, ao não ter empregado a diligência necessária
na operação de incorporação e ao não comunicar aos órgãos da
administração e à assembleia geral o motivo de sua recusa em
opinar sobre a incorporação, consignada em sua declaração de
voto na reunião do Conselho Fiscal, exigida pelo artigo 165, da
mesma lei”.
Abster-se, cont.
• Processo 04/99 – Bombril S.A. julgado em 17/04/2002)
• “ A abstenção de voto não elide a responsabilidade de conselheiro. O conselheiro
que se abstém de votar em matéria tão relevante, na verdade, não está exercendo
a sua função adequadamente, pois a abstenção, no caso, equivale à omissão. Nem
se diga que o fato de o conselho ter encomendado a emissão de um novo laudo
significa que seu voto foi nesse sentido, pois a função do conselho, nos termos do
artigo 142, inciso I, da Lei nº 6.404/7610, é de fixar a orientação geral dos negócios
da companhia. Diante disso, é fundamental o voto do conselheiro e inadmissível
que aquele a quem cabe traçar a política da companhia se abstenha de votar uma
matéria que representava 66% do patrimônio líquido da companhia. Não consta da
ata justificativa para a omissão do Sr. FFFF ter deixado de votar.
Abster-se, cont.
• Valor Econômico 29/12/2008: Conselho renuncia em disputa na XTYZ
• Disputa entre o conselho de administração e o presidente executivo levou à saída de
cinco conselheiros e do diretor financeiro da Companhia XTYZ, empresa que detém cerca
de 85% das reservas de “determinado composto metálico” do país.
• Representante dos minoritários, "manifestou sua opinião sobre as gestões de governança
da companhia" e também renunciou, segundo a ata da reunião. Disse que "vinham
ocorrendo reuniões paralelas para decisões alheias à orientação do conselho", além do
descumprimento de suas determinações.
• Estopim para a debandada do conselho foi a aprovação de uma auditoria interna na
companhia, que, dias depois, foi suspensa pelo controlador, o que tornou a situação
insustentável.
Esta matéria tem incorreções, mas vamos tratá-la como hipotética pelo aprendizado
Renunciar
• Sempre registre, com voto em separado, uma posição
discordante ou de abstenção “forçada” (como falta de
informações ou de tempo hábil para análise),
investigando a matéria após a votação e em última
instância, denuncie à AG, CF e/ou CVM
Lição
Os administradores
Não são pessoalmente responsáveis pelas obrigações que
contraírem em nome da Companhia em virtude de ato regular de
gestão
A responsabilidade não deve ser auferida pelos resultados
produzidos, mas antes pelos cuidados adotados para a
tomada da decisão e/ou fiscalização
“Business Judgement Rule”
Responsabilidade dos administradores (art. 158 da Lei 6.404/76
Os administradores
São pessoalmente responsáveis por prejuízos causados,
quando procederem:
com culpa ou dolo dentro de suas atribuições ou
poderes ou
com violação de lei ou estatuto (presunção de culpa)
Responsabilidade dos administradores (art. 158 da Lei 6.404/76
Os administradores
Não respondem por atos ilícitos praticados por outros
administradores, salvo quando:
com eles for conivente
negligenciar em descobri-los
deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua
prática.
Responsabilidade dos administradores (art. 158, § 1º da Lei 6.404/76)
Exime-se de responsabilidade o administrador que consignar /
comunicar sua divergência em ata ou documento apartado ou,
não sendo possível, dela dê ciência e por escrito ao órgão de
administração, ao conselho fiscal, se em funcionamento, ou à
assembleia geral
Responsabilidade dos administradores (art. 158, § 1º da Lei 6.404/76)
Nas companhias fechadas os administradores são solidariamente responsáveis:
pelos prejuízos causados em virtude do não-cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles
Nas companhias abertas, somente serão solidariamente responsáveis os membros designados pelo estatuto a cumprir estes deveres
Responsabilidade dos administradores (art. 158 §2º e §3º da Lei 6.404/76
O administrador que, tendo conhecimento do não cumprimento
desses deveres por seu predecessor, ou pelo administrador
competente, deixar de comunicar o fato à assembleia geral,
tornar-se-á por ele solidariamente responsável
Responsabilidade dos administradores (art. 158 §2º e §3º da Lei 6.404/76
AÇÕES CONTRA ADMINISTRADORES
Ação de responsabilidade civil (ação social): é a ação prevista
para ser ajuizada, pela Companhia contra os administradores, para
indenização/reparação dos prejuízos causados aos seu patrimônio.
Depende de prévia deliberação da assembléia geral
Ação individual: é a ação que pode ser ajuizada por um acionista
ou terceiro diretamente prejudicado por ato de administrador,
independentemente da propositura ou não da ação social
Ações contra administradores (art. 159 da Lei 6.404/76
Os administradores contra os quais deva ser proposta a ação de
responsabilidade civil ficarão impedidos de exercer a
administração da companhia e deverão ser substituídos
na mesma assembleia que deliberar sobre a propositura da ação
Os administradores permanecerão impedidos até decisão final
que os isentem da responsabilidade que lhes foi atribuída
Ações contra administradores (art. 159 da Lei 6.404/76
O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do
administrador, se convencido de que este agiu de boa-fé e
visando ao interesse da companhia
Ações contra administradores (art. 159 da Lei 6.404/76
• A aprovação, sem reserva, das demonstrações financeiras e das contas,
pela assembleia geral ordinária da companhia, exonera de
responsabilidade perante a companhia e os acionistas os administradores
e membros do conselho fiscal, salvo erro, dolo, fraude ou simulação.
• Acórdão n. REsp 1313725/SP do Superior Tribunal de Justiça, Terceira
Turma, de 26 de junho de 2012, referente à ação de ação de
responsabilidade movida pela Sadia S.A. contra o ex-diretor financeiro
Adriano Lima Ferreira.
Ações contra administradores (art. 134 da Lei 6.404/76
OUTRAS RESPONSABILIDADES
A simples falta de pagamento de tributo
equivale a uma infração à lei, com a
conseqüente responsabilidade dos
administradores ?
• São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso
de poderes, ou infração de lei, contrato social ou
estatutos:
(...)
III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas
jurídicas de direito privado
Código Tributário Nacional (Art. 135 da Lei nº 5.172/96
• A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no
sentido de excluir a responsabilidade quando não estiverem
presentes os requisitos do art. 135 do CTN (atos praticados com
excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatutos.)
(Recurso Especial 622880 / RS; Relator Ministro Castro Meira, 2ª
turma, julgado em 03.02.2005)
Jurisprudência Tributária
“Súmula n.º 430/STJ – “O inadimplemento da obrigação tributária
pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do
sócio-gerente.”
Súmula n.º 435/STJ – “Presume-se dissolvida irregularmente a
empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando-se o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.”
Jurisprudência Tributária
• Para fins de responsabilização com base no inciso III do art. 135 do CTN, a
inclusão do responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União
somente ocorrerá após a declaração fundamentada* acerca da ocorrência
de ao menos uma das quatro situações a seguir:
excesso de poderes
infração à lei
infração ao contrato social ou estatuto
dissolução irregular da pessoa jurídica
* Declaração fundamentada da autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN)
Portaria PGFN n. 180/2010
Civil: abuso da personalidade jurídica - desvio de finalidade ou confusão patrimonial (Art. 50 do CC)
Ambiental (Art. 4 da Lei 9.605/98) Trabalhista (Art. 2, § 2º da CLT) Consumidor (Art. 28 do CCons)
na eventualidade da pessoa jurídica ser considerada um obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados (insuficiência de bens)
Desconsideração da Personalidade JurídicaCível / Trabalhista / Consumidor / Ambiental
• Jurisprudência Trabalhista – Artigo 2º, §2º da CLT - Desconsideração da
Personalidade Jurídica
•“Execução trabalhista. Responsabilidade objetiva dos sócios.
Despersonalização do empregador. No processo do trabalho, a
responsabilidade dos sócios é objetiva, respondendo os mesmos com seus
respectivos patrimônios no caso de descumprimento das obrigações
trabalhistas, de forma a obstar o locupletamento indevido do trabalho
alheio.
Trabalhista
É facultado ao juiz, nesse caso, adotar a teoria da despersonalização do
empregador, insculpida no caput do artigo 2º da Consolidação das Leis do
Trabalho, de modo que o crédito trabalhista persegue o patrimônio para
onde quer que vá, com um direito de sequela. Se o patrimônio da empresa
desaparecer, pouco importando a causa, os sócios, diretores e dirigentes
respondem com seus próprios patrimônios particulares.” (TRT/SP, Processo
nº 029603117006, Ac. nº 02970004580, 8ª., DOJ 16/01/1997)
Trabalhista
Ambiental
“A desconsideração da pessoa jurídica consiste na possibilidade de se
ignorar a personalidade jurídica autônoma da entidade moral para chamar à
responsabilidade seus sócios ou administradores, quando utilizam-na
com objetivos fraudulentos ou diversos daqueles para os quais foi
constituída. Portanto, (i) na falta do elemento "abuso de direito"; (ii)
não se constituindo a personalização social obstáculo ao cumprimento
da obrigação de reparação ambiental; e (iii) nem comprovando-se que
os sócios ou administradores têm maior poder de solvência que as
sociedades, a aplicação da disregard doctrine não tem lugar e pode
constituir, na última hipótese, obstáculo ao cumprimento da obrigação.
STJ RECURSO ESPECIAL Nº 647.493 - SC (2004/0032785-4)
Ambiental
Ambiental
Consumidor
• STJ, 3ª Turma, Resp. 279.273-SP, DJ 29/03/04, Explosão em Shopping Center em Osasco – São Paulo
• Julgamento por um voto de diferença, prevalecendo a tese de que a desconsideração poderia ocorrer pelo simples fato de a empresa ser incapaz de assumir o prejuízo
•
• Tragédia pública, outros julgados não tão drásticos
Consumidor
SEGURO DE RESPONSABILIDADE DO
ADMINISTRADOR (D&O)
Seguro contratado e pago pela empresa
Seguro coletivo
Cobertura extensiva à cônjuges, herdeiros, representantes legais e espólio
Principais Características
Cobre reclamações de terceiros contra os segurados, relacionados
aos atos de gestão praticados no exercício das atribuições do
administrador da sociedade
A cobertura se divide em duas etapas:
Custos de defesa: custos de processos e honorários advocatícios
Condenações Pecuniárias
Principais características
Principais Exclusões
Atos Dolosos (mantidas as despesas de defesa)
Reclamações Pré-Existentes no momento da contratação.
Multas e Garantias (Salvo com relação à defesa)
Reclamações sobre fatos não inerentes ao cargo de
Administrador
Principais características
Um administrador estará em melhores condições de se defender se,
dentre outras medidas:
Atuar dentro de suas atribuições, poderes e competência
Tomar decisões informadas, refletidas e desinteressadas
Adotar sistemas de controles internos e de compliance com leis e
regulamentos, incluindo canais de denúncias
Reunir-se periodicamente e participar ativamente das reuniões
Agir, inquirir e avaliar alternativas e consequências
Conclusão
Indicar / eleger profissionais aptos técnica e moralmente
Delegar com responsabilidade e supervisão
Adotar políticas e códigos de conduta e ética
Utilizar-se de comitês especializados, auditorias internas e
externas e pareceres de especialistas
Registrar seus votos / divergências em ata
Conclusão
”And though in 1969, as in previous years, your company had to contend with spiraling labor costs, exorbitant interest rates, and unconscionable government interference, management was able once more, through a combination of deceptive marketing practices, false advertising, and price fixing, to show a profit which, in all modesty, can only be called excessive.” (THE NEW YORKER)
Obrigada!Palestrante: Marta Viegas
E-mail: [email protected]
Ao utilizar a maior parte dos recursos captados pelas referidas
emissões para fins diversos daqueles negociados nos
respectivos prospectos, e ao invés disso, conceder empréstimos
ao acionista controlador, os Diretores Presidente e Financeiro,
bem como os membros do Conselho de Administração e do
Conselho Fiscal tiveram conhecimento dos empréstimos e a eles
anuíram, não agindo portando no melhor interesse da
Companhia e com cautela que todo o homem ativo e
probo costuma empregar na administração de seus
próprios negócios (IA CVM 12/97)
Importantes Decisões da CVM
É inaceitável que os conselheiros aleguem desconhecer matérias de
tamanha relevância para a companhia aberta, sob o argumento de
não terem sido as mesmas levadas ao seu conhecimento
Compete-lhes diligenciar pela obtenção de tal conhecimento. Ainda
que os empréstimos ao Estado do Mato Grosso do Sul não tivessem
sido levados ao Conselho de Administração, cumpria aos seus
membros acompanhar os passos da companhia, a partir dos
lançamentos das emissões públicas, fiscalizando a entrada e
utilização de recursos, como, o fizeram, os conselheiros designados
pela Eletrosul e pela Eletrobrás (IA CVM 12/97)
Importantes Decisões da CVM
Não se pode admitir a tese de que fiscalizar a Diretoria seja
uma faculdade dos integrantes do Conselho de Administração,
e não uma obrigação. Os conselheiros têm a obrigação de
fiscalizar, e, em caso de não se empenhem em tal atividade,
adotando, assim, uma postura indiferente, podem vir a ser
responsabilizados, nos termos da lei (IA CVM 12/97)
• Não há violação ao dever de diligência, quando o administrador
toma (ou deixa de tomar) uma decisão, se sua decisão é
informada, refletida e desinteressada (Processos 2005/1443 e
2005/0097)
Importantes Decisões da CVM
• Quando a decisão não for desinteressada, aplicam-se as regras
do dever de lealdade (arts. 154 e 155), a partir das quais é
possível analisar o mérito da decisão negocial (em outras
palavras, o ônus da prova da legitimidade e justeza do ato passa
a ser de quem agiu sem observância do dever de lealdade)
(Processo 2005/1443)
Importantes Decisões da CVM
• O administrador não pode alegar falta de competência ou
conhecimento técnico (Processo 2005/1443)
• O administrador não pode alienar-se do processo decisório
(Processo 2005/8542)
• Decisões tomadas sem boa-fé, ou com o intuito de fraudar a
companhia ou os investidores não estão protegidas pela
regra da decisão negocial (Processo 2005/1443 e Inquérito
Administrativo 03/02)
Importantes Decisões da CVM
• “Se por um lado não acredito que o amplo e irrestrito conhecimento
técnico acerca das mais diversas e complexas matérias envolvendo as
atividades operacionais de uma companhia aberta seja pré-requisito
para alguém assumir o cargo de membro do Conselho de Administração,
por outro, verifico, no caso em concreto, que não existem nos autos
evidências que esses conselheiros esgotaram tudo o que estava ao
alcance de uma pessoa mediana para avaliar a legalidade dos fatos
registrados no processo em pauta, o que, na minha opinião, deixa claro
que o dever de diligência não foi rigorosamente seguido.” (Processo
Administrativo Sancionador CVM Nº 07/02. Voto proferido pelo Diretor
Relator Eli Loria)
Importantes Decisões da CVM
• "Entendo que o exercício permanente do controle de legitimidade dos
atos dos diretores que cabe aos conselheiros dever ser encarado com
certa temperança, uma vez que não se lhes pode exigir
determinados conhecimentos técnicos que são inerentes à função
dos diretores de companhia. O dever de supervisão dos
conselheiros encontra, portanto, certos limites, não podendo
estes serem responsabilizados por atos praticados pelos
diretores que sejam sonegados ao seu conhecimento, de
difícil ou impossível constatação, especialmente em se
tratando de questões eminentemente técnicas.” ("Processo
Administrativo Sancionador CVM Nº 32/99 - Voto do Presidente José
Luiz Osório)
Importantes Decisões da CVM
• Demonstrações financeiras de companhia aberta elaboradas
em desacordo com a legislação pertinente - Inexistência, na
companhia, de controles internos sobre os bens do
ativo imobilizado, que, por sua magnitude,
importariam em limitação na extensão dos trabalhos
de auditoria independente. – Responsabilidade da diretoria
pela elaboração, e responsabilidade dos conselheiros
pela aprovação das DF’s produzidas em desacordo com
a legislação. Multa.” (Processo Administrativo Sancionador
CVM Nº RJ2007/3613)
Importantes Decisões da CVM
Lei do Mercado de Capitais (Lei nº 6.385/76):
art. 27-C Crime de Manipulação do Mercado
art. 27-D Uso Indevido de Informação Privilegiada
art. 27-E Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Função
Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96):
art. 195 - Crimes - Concorrência Desleal
Outras Responsabilidades
• Código Penal:
art. 177 - Fraudes e Abusos na Fundação ou Administração da
Sociedade por Ações
• Lei da Ordem Financeira (Lei 8.137/90):
arts. 1º e 2º - Crimes contra a Ordem Tributária
arts. 4º, 5º e 6º - Crimes contra a Ordem Econômica
art. 7º - Crimes contra as Relações de Consumo
Outras Responsabilidades
• Lei do Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/86):
arts. 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10, 11, 12, 14, 17, 9, 20, 21 e 22 - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
• Lei da Economia Popular (Lei nº 1.521/51):
art. 3º - Crimes contra a economia popular
• Lei do Meio Ambiente (Lei 9.605/98):
art. 2º e 3º - Crimes contra o meio ambiente
art. 4º - Desconsideração da personalidade jurídica
Outras responsabilidades
• Lei de Recuperação Judicial de Empresas
(Lei nº 11.101/2005):
art. 168 - Fraude a Credores
art. 169 - Violação de sigilo empresarial
art. 170 - Divulgação de informações falsas
art. 171 - Indução a erro
art. 172 - Favorecimento de credores
art. 173 - Desvio, ocultação ou apropriação de bens
art. 174 - Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens
art. 175 - Habilitação ilegal de crédito
art. 176 - Exercício ilegal de atividade
art. 177 - Violação de impedimento
art. 178 - Omissão dos documentos contábeis obrigatórios
Outras Responsabilidades