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1 67 Janeiro, 2019 LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para mais informações, entre em contato com nossos advogados ou visite o website www.pinheironeto.com.br. ↑ voltar ao início O boletim eletrônico PrevNotícias é desenvolvido pelos profissionais que integram a área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados. PERIODICIDADE Mensal SÓCIO RESPONSÁVEL Cristiane Ianagui Matsumoto Gago COLABORADORES Diego Filipe Casseb, Lucas Barbosa Oliveira, Guilherme Gregori Torres, , Victoria Aurora S Pontes, Mariana Carvalho Bayma, Jéssica Min Kyong Chung, Raíssa Cristina Pimenta CONTATO Previdência fechada Previdência aberta Acompanhamento diferenciado e especial Auxílio-Alimentação Auxílio-Educação Verbas Indenizatórias Compensação ITCMD e PGBL / VGBL Empresa-Cidadã As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento pinheironeto.com.br Pinheiro Neto [email protected] Novas regras fortalecem planos de previdência fechada Recentes normas do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e da PREVIC buscam trazer mais segurança aos planos de benefícios oferecidos pelas entidades fechadas de previdência complementar (EFPC). Dentre as novidades, destacamos a Resolução CNPC nº 31/2018, a qual estipulou a regra de que cada plano de benefícios de caráter previdenciário deverá manter independência patrimonial em relação a outros planos e à EFPC, inclusive por meio de inscrição própria no CNPJ. Essa norma deixa bem claro que o plano de benefícios possui identidade própria e individualizada no âmbito regulamentar, cadastral, atuarial, contábil e de investimentos, além do que os recursos de um plano de benefício não respondem por obrigações de outro. Em relação a esse último ponto, a inscrição individualizada no CNPJ assegura que eventual constrição de bens decorrente de disputa judicial (especialmente via penhora online) não recaia sobre o patrimônio de outros planos ou da entidade como um todo. Além da regra acima, a PREVIC editou a Instrução nº 11/2018, que estipula a planificação contábil padrão e as demonstrações contábeis para 2019, na linha do disposto na Resolução CNPC nº 29/2018. Outras novidades em breve serão divulgadas. A PREVIC disponibilizou duas normas em consulta pública (nºs 5 e 6/2018), relativas (i) à definição das regras de governança e controles internos a serem observadas pelas EFPC, e (ii) a procedimentos a serem observados pelas EFPC para divulgação de informações aos participantes e assistidos, em busca de maior transparência. Quem se interessar em contribuir para a redação das normas pode enviar sugestões até o dia 11.2.2019. Com essas normas, espera-se que haja mais proteção aos planos de benefícios oferecidos pelas EFPC, tanto em relação a dívidas externas que possam ser cobradas como para fins de governança interna. LEGISLAÇÃO (IMAGEM: UNSPLASH)

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nº 67Janeiro, 2019

LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO

Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para mais informações, entre em contato com nossos advogados ou visite o website www.pinheironeto.com.br.

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O boletim eletrônico PrevNotícias é desenvolvido pelos profissionais que integram a área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados.

PERIODICIDADE

Mensal

SÓCIO RESPONSÁVEL

Cristiane Ianagui Matsumoto Gago

COLABORADORES

Diego Filipe Casseb, Lucas Barbosa Oliveira, Guilherme Gregori Torres, , Victoria Aurora S Pontes, Mariana Carvalho Bayma, Jéssica Min Kyong Chung, Raíssa Cristina Pimenta

CONTATO

▪ Previdência fechada ▫ Previdência aberta ▫ Acompanhamento diferenciado e especial

▫ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

▫ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

pinheironeto.com.brPinheiro [email protected]

Novas regras fortalecem planos de previdência fechadaRecentes normas do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e da PREVIC buscam trazer mais segurança aos planos de benefícios oferecidos pelas entidades fechadas de previdência complementar (EFPC).

Dentre as novidades, destacamos a Resolução CNPC nº 31/2018, a qual estipulou a regra de que cada plano de benefícios de caráter previdenciário deverá manter independência patrimonial em relação a outros planos e à EFPC, inclusive por meio de inscrição própria no CNPJ.

Essa norma deixa bem claro que o plano de benefícios possui identidade própria e individualizada no âmbito regulamentar, cadastral, atuarial, contábil e de investimentos, além do que os recursos de um plano de benefício não respondem por obrigações de outro. Em relação a esse último ponto, a inscrição individualizada no CNPJ assegura que eventual constrição de bens decorrente de disputa judicial (especialmente via penhora online) não recaia sobre o patrimônio de outros planos ou da entidade como um todo.

Além da regra acima, a PREVIC editou a Instrução nº 11/2018, que estipula a planificação contábil padrão e as demonstrações contábeis para 2019, na linha do disposto na Resolução CNPC nº 29/2018.

Outras novidades em breve serão divulgadas. A PREVIC disponibilizou duas normas em consulta pública (nºs 5 e 6/2018), relativas (i) à definição das regras de governança e controles internos a serem observadas pelas EFPC, e (ii) a procedimentos a serem observados pelas EFPC para divulgação de informações aos participantes e assistidos, em busca de maior transparência. Quem se interessar em contribuir para a redação das normas pode enviar sugestões até o dia 11.2.2019.

Com essas normas, espera-se que haja mais proteção aos planos de benefícios oferecidos pelas EFPC, tanto em relação a dívidas externas que possam ser cobradas como para fins de governança interna.

LEGISLAÇÃO

(IMAGEM: UNSPLASH)

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retenção e novos critérios que norteiam a atuação do atuário independente.

Como exemplo, o atuário deverá analisar não só provisões técnicas, mas também os ativos de resseguro e créditos com ressegurador e os valores oferecidos como redutores da necessidade de cobertura das provisões técnicas por ativos garantidores da seguradora ou entidade aberta de previdência complementar, verificando se os critérios estabelecidos nas normas vigentes e nas orientações divulgadas pela Susep estão sendo cumpridos.

Sugere-se que as entidades fiquem atentas a essas alterações para que possam adequar seus produtos e procedimentos internos.

Novidades na previdência complementar abertaPor meio da Circular nº 581, a SUSEP regulamentou a adoção de tábua biométrica na estruturação das coberturas de risco oferecidas em planos de previdência complementar aberta e em planos de seguro de pessoas.

Com base na referida norma, as entidades abertas de previdência complementar e as sociedades seguradoras poderão adotar tábua biométrica elaborada por instituição independente com reconhecida capacidade técnica na estruturação dos planos de seguro de pessoas e de previdência complementar com cobertura de riscos.

A SUSEP, na Circular, tratou dos critérios de aprovação, vigência e periodicidade da tábua biométrica, quando dinâmica. Apresentou requisitos para que a tábua seja válida e atualizada. A sociedade seguradora ou entidade aberta de previdência complementar que tenha interesse na comercialização de produtos cuja tarifação se baseie em versão atualizada de tábua biométrica deverá promover a alteração do produto já registrado ou o registro de novo produto.

Além dessa norma, a Resolução CNSP nº 368/2018 trouxe alterações na Resolução CNSP nº 321/2015, que dispõe sobre provisões técnicas e capital relativo à realização de investimentos, bem como respectivas normas contábeis.

Dentre as alterações, destacamos novas regras para determinação dos limites de (IMAGEM: UNSPLASH)

▫ Previdência fechada ▪ Previdência aberta ▫ Acompanhamento diferenciado e especial

▫ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

▫ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

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para maiores esclarecimentos em caso de dúvidas. Dessa forma, as pessoas jurídicas enquadradas no monitoramento diferenciado/especial podem esperar uma análise mais detalhada do seu comportamento econômico-tributário. ▪

Receita Federal altera entendimento sobre auxílio-alimentaçãoFoi publicada no dia 25.1.2019 a Solução de Consulta Cosit nº 35/2019, determinando expressamente que, a partir de 11 de novembro de 2017, o auxílio-alimentação pago via ticket ou cartão não integra a base de cálculo da contribuições previdenciárias, independente da inscrição ou não no PAT.

Essa Solução de Consulta reformou uma Solução de Consulta Cosit publicada no início de janeiro (Solução de Consulta nº 288/2018), tendo em vista que nesta ocasião a Receita Federal havia se manifestado de forma desfavorável quanto a concessão do benefício via ticket ou cartão eletrônico.

Alguns dias depois, em 28.1.2019, a Receita Federal publicou a Instrução Normativa nº 1.867/2019, que alterou diversos pontos da Instrução Normativa nº 971/09 sobre tributação previdenciária.

Com relação ao auxílio-alimentação, a Receita Federal incorporou as alterações trazidas

Receita Federal define critérios de acompanhamento diferenciado e especial para 2019A Receita Federal editou a Portaria n° 2.176 que trata sobre os parâmetros para indicação das pessoas jurídicas a serem submetidas ao acompanhamento diferenciado e especial no ano de 2019.

De acordo com a Portaria n° 2.176, as empresas sujeitas ao enquadramento diferenciado serão aquelas que tenham informado, no ano de 2017: (i) receita bruta anual superior a R$ 250 milhões na Escrituração Contábil Fiscal (ECF); (ii) débitos superiores a R$ 30 milhões nas Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); (iii) valores de massa salarial superiores a R$ 65 milhões nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP); e (iv) débitos cuja soma tenha sido superior a R$ 30 milhões nas GFIP.

Já as empresas que terão monitoramento especial no ano de 2019 são aquelas que tenham informado/declarado, no ano de 2017: (i) receita bruta anual superior a R$ 1 bilhão na ECF; (ii) débitos cuja soma tenha sido superior a R$ 70 milhões na DCTF; (iii) valores de massa salarial cuja soma tenha sido superior a R$ 100 milhões nas GFIP do ano de 2017; (iv) débitos cuja soma tenha sido superior a R$ 70 milhões nas GFIP do ano de 2017.

Nesse acompanhamento, a Receita Federal poderá se utilizar de todas as informações disponíveis e poderá ainda contatar os contribuintes

pela Reforma Trabalhista e passou a dispor expressamente que, a partir de 11 de novembro de 2017, o auxílio-alimentação (gênero) não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, exceto quando o pagamento se dá em dinheiro.

Além disso, na nova redação do art. 58 da Instrução Normativa nº 971/09, não há qualquer menção sobre a necessidade de inscrição no PAT, e o capítulo que tratava do Programa de Alimentação do Trabalhador foi integralmente revogado.

Esse posicionamento da Receita Federal pacifica o entendimento para os eventos ocorridos desde novembro de 2017 (e para o futuro) e reforça ainda mais a tese de que, independente da forma de concessão, o auxílio-alimentação não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias.

JURISPRUDÊNCIA

(IMAGEM: EATERS COLLECTIVE; UNSPLASH)

▫ Previdência fechada ▫ Previdência aberta ▪ Acompanhamento diferenciado e especial

▪ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

▫ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

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Receita Federal publica solução de consulta sobre verbas indenizatóriasEm 31.12.2018, foi publicada a Instrução Normativa COSIT nº 310/2018, que reafirmou a orientação da Receita Federal quanto à incidência de contribuições previdenciárias sobre determinadas verbas recebidas pelos empregados.

A Receita Federal reconhece que, em razão do entendimento pacificado pelo STJ, não há incidência das contribuições sobre o aviso prévio indenizado. Destaca ainda a natureza indenizatória do aviso prévio calculado pela média da remuneração dos últimos 12 meses, não incidindo sobre essa as contribuições em comento.

Ainda, dispôs que as férias gozadas e respectivo terço constitucional integram a base de cálculo das

Receita Federal define posição sobre tributação previdenciária de auxílio-educaçãoPor meio da Solução de Consulta Cosit nº 286/2018, a Receita Federal analisou diversas modalidades possíveis de auxílio-educação e concluiu o seguinte:(i) o custo da empresa relativo ao pagamento de

educação superior (graduação e pós-graduação) em benefício de seus empregados integra o salário de contribuição para efeito de incidência de contribuição previdenciária;

(ii) os custos relativos aos cursos legalmente denominados de educação básica (inclusive os de educação profissional técnica de nível médio, quando ministrado de modo integrado e articulado com o curso básico) e aos cursos profissionalizantes de nível superior, de graduação e pós-graduação, são passíveis de não incidência de contribuição previdenciária, desde que atendidos os demais requisitos da Lei.

contribuições previdenciárias, que corresponde à remuneração das férias no mês a que se referirem, mesmo quando pagas antecipadamente.

Ademais, há orientação sobre diferenças de gratificação constitucional de férias, referente às parcelas do terço constitucional pagas extemporaneamente ao empregado em razão de cumprimento de demanda judicial ou administrativa. A Receita Federal entende que essa verba possui natureza remuneratória e, portanto, seria hipótese de incidência das contribuições em comento.

Apesar do entendimento acerca da incidência de contribuições, há decisões judiciais em sentido diverso. As empresas, portanto, devem estar atentas às orientações, mas é possível buscar decisão judicial que afaste esse tipo de cobrança.

(IMAGEM: AARON BURDEN; UNSPLASH)

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▫ Previdência fechada ▫ Previdência aberta ▫ Acompanhamento diferenciado e especial

▫ Auxílio-Alimentação ▪ Auxílio-Educação ▪ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

▫ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

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LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO

Receita Federal esclarece compensação de contribuições previdenciárias e demais tributos após o eSocialA partir da Lei nº 13.670/2018, e possível realizar compensação entre contribuições previdenciárias e demais tributos federais. Contudo, algumas limitações também foram impostas pela Lei e pela Instrução Normativa nº 1.810/2018.

A modalidade “cruzada” de compensação de débitos e créditos previdenciários e não previdenciários se restringe aos períodos de apuração posteriores à utilização do eSocial, tanto em relação aos débitos como aos créditos apurados.

Nesse sentido, por meio da Solução de Consulta n° 336/2018, a Receita Federal determinou que “somente é possível a compensação entre débitos e créditos de tributos previdenciários e não previdenciários, reciprocamente, se ambos tiverem período de apuração posterior a utilização do eSocial.”

As Soluções de Consulta Cosit, a partir da data de publicação, têm efeito vinculante no âmbito da Receita Federal, uma vez que respaldam o sujeito passivo que as aplicar, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida.

TJ/SE afasta ITCMD sobre PGBL e VGBLO Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE) proferiu dois acórdãos em ações diretas de inconstitucionalidade (nºs 0002038-85.2018.8.25.0000 e 0002064-83.2018.8.25.0000) no sentido da impossibilidade de incidência de Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) sobre planos de previdência privada (PGBL e VGBL).

Prevaleceu o entendimento de que esses planos possuem natureza de seguro de vida e o Código Civil afasta expressamente a sua inclusão na herança (artigo 794).

Ademais, os valores pagos aos beneficiários não

pressupõem a causa mortis, além do que não se transmitem aos herdeiros pelas regras de sucessão hereditária. Em relação ao VGBL, entendeu-se que não se trata de patrimônio, pois os prêmios pagos pelos segurados no VGBL passam a compor a esfera patrimonial da seguradora, e não do segurado. Quanto ao PGBL, o titular do plano possui uma mera expectativa, e o beneficiário indicado somente adquire qualquer direito com a morte do participante do plano, mas sem herdar esse direito.

Esse é um importante precedente para desobrigar as entidades da retenção na fonte do ITCMD e para que os beneficiários indicados nos planos não tenham que arcar com o imposto após o falecimento do titular.

(IMAGEM: UNSPLASH)

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▫ Previdência fechada ▫ Previdência aberta ▫ Acompanhamento diferenciado e especial

▫ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▪ Compensação ▪ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

▫ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

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Receita Federal esclarece vigência do Programa Empresa CidadãOriginalmente, o Programa Empresa Cidadã permitia às empresas aderentes a extensão da licença-maternidade em 60 dias. Em contrapartida, as empresas poderiam deduzir do IRPJ devido, em cada período de apuração, o total da remuneração da empregada pago nos dias de prorrogação de sua licença-maternidade, vedada a dedução como despesa operacional.

Com a publicação da Lei nº 13.257/2016, o benefício do programa foi estendido para os pais: a empresa que quiser gozar do benefício concederá prorrogação da licença-paternidade em 15 dias.

A nova legislação, entretanto, condicionou a produção de efeitos do benefício fiscal ao primeiro dia útil do exercício subsequente àquele em que for estimado o montante da renúncia fiscal e incluído no projeto de lei orçamentária federal.

Em razão disso, havia dúvida sobre a data de início da vigência dos efeitos previstos na nova legislação. Para sanar essa questão, a Receita Federal editou a Solução de Consulta nº 16/2019, a qual esclarece que a legislação do programa está em vigor desde 1.1.2017, pois a estimativa do gasto tributário decorrente do incentivo fiscal consta no Projeto de Lei Orçamentária, tanto de 2017 como de 2018.

Assim, as novas regras do Programa Empresa Cidadã e a possibilidade de aproveitamento do incentivo fiscal estão em vigor, sem necessidade de uma segunda adesão ao programa para as empresas que já participavam dele. ▪ (IMAGEM: PICSEA; UNSPLASH)

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▫ Previdência fechada ▫ Previdência aberta ▫ Acompanhamento diferenciado e especial

▫ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▪ Empresa-Cidadã

▫ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

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As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimentoO questionamento judicial sobre a validade da cobrança da contribuição previdenciária devida pelo produtor rural (FUNRURAL) não é novidade no judiciário. A contribuição inicialmente instituída pelo Decreto-Lei nº 276/1967 e sucessivamente reformulada pelas Leis nºs 8.212/91, 8.540/92, 9.528/97, 10.256/01 e 13.606/18 é objeto de intensa discussão no âmbito do STF. No total são quatro os Recursos Extraordinários com repercussão geral reconhecida sobre o assunto: RE 363.852, 596.177, 718.874 e 761.263.

Breve histórico da discussãoNo julgamento dos RE nº 363.852 e 596.177, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade da contribuição devida pelo empregador rural pessoa física, com relação às contribuições devidas durante a vigência das Leis nºs 8.540/92 e 9.528/97. Dentre os fundamentos analisados, prevaleceu que a CF/88 não previa hipótese de dupla incidência de contribuições sobre a mesma base de cálculo, já que o empregador rural estaria sujeito ao pagamento da COFINS e do FUNRURAL, além do que houve indevida majoração da base de cálculo permitida pela CF/88 (faturamento).

Posteriormente, no disputado julgamento do Recurso Extraordinário nº 718.874 (placar: 6x5 contra os contribuintes), o Plenário do STF decidiu pela constitucionalidade do FUNRURAL devido pelo empregador rural pessoa física após a Lei nº 10.256/01. Em síntese, prevaleceu o entendimento de que, após o advento da EC 20/1998, a contribuição poderia ser cobrada, pois a referida EC alterou o art. 195 da CF/88 para prever a receita (e não só o faturamento) como base de incidência das contribuições sociais.

Por sua vez, aguarda-se que o STF julgue o Recurso Extraordinário

nº 761.263, que trata da constitucionalidade da contribuição devida pelo segurado especial (e mantida para o empregador rural) sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, nos termos do art. 25 da Lei 8.212/1991, desde sua redação originária.

A inconstitucionalidade superveniente do FUNRURALEm uma primeira análise, a controvérsia a respeito do FUNRURAL devido pelo produtor rural pessoa física estaria encerrada, sendo devida a contribuição a partir da Lei nº 10.256/01. Permaneceria em aberto apenas a análise quanto ao FUNRURAL devido pelo segurado especial.

Entretanto, conforme será demonstrado a seguir, o julgamento do RE 761.253 (Tema 723) impactará diretamente o entendimento firmado pelo STF no julgamento do Tema 669 (RE nº 718.874). Nessa última oportunidade, decidiu-se pela constitucionalidade do FUNRURAL, pois a base de cálculo da contribuição para o segurado especial (artigo 25 da Lei nº 8.212/91, com alterações) sempre foi mantida e não foi declarada inconstitucional, e a Lei nº 10.256/01 apenas sujeitou novamente o empregador pessoa física à mesma base de cálculo já existente e em vigor para o segurado especial, após autorizado pela EC nº 20/98.

Em decorrência disso, na hipótese de o STF julgar inconstitucional a base de cálculo da contribuição devida pelo segurado especial (ao apreciar o RE 761.253 - Tema 723), consequentemente deverá ser reconhecida a inconstitucionalidade também da base de cálculo da contribuição devida pelo empregador pessoa física, que é a mesma.

Assim, da mesma forma em que a Lei nº 10.256/01 foi declarada constitucional por incluir o empregador como submetido à base de cálculo vigente para o segurado

DIREITO COMENTADO

(IMAGEM: GAETANO CESSATI; UNSPLASH)

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▫ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

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especial, contrario sensu, a referida Lei perderá sua validade caso essa base de cálculo (em discussão no RE 761.253 - Tema 723) seja reconhecida inconstitucional.

A discussão sobre o recolhimento por sub-rogaçãoNão obstante a potencial inconstitucionalidade superveniente do FUNRURAL, deve-se reconhecer também a inconstitucionalidade e a ilegalidade de seu recolhimento por sub-rogação pelo adquirente de produção rural.

O instituto da sub-rogação, previsto pelo art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, foi estabelecido pela Lei nº 8.540/92 e restabelecido somente pela Lei nº 9.528/97. A Lei nº 10.256/01, declarada constitucional pelo STF, apesar de restabelecer o FUNRURAL, foi silente quanto à sub-rogação.

Assim, como os dispositivos das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97 (que tratam sobre a sub-rogação) foram declarados inconstitucionais pelo STF e a Lei nº 10.256/01 nada dispõe sobre o assunto, não há norma vigente que determine o recolhimento do FUNRURAL por sub-rogação. Em outras palavras, o FUNRURAL, ainda que seja considerado constitucional, não pode ser exigido do adquirente da produção rural, seja em relação à produção do empregador pessoa física, seja em relação à produção do segurado especial, por falta de previsão legal.

Além da declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos legais que preveem o recolhimento do FUNRURAL por sub-rogação, em 19.9.2017, foi publicada a Resolução do Senado Federal nº 15/2017, que suspendeu a execução desses dispositivos declarados inconstitucionais pelo STF.

Dessa forma, ao exigir tributo com base em dispositivo suspenso por Resolução do Senado Federal, independentemente do seu conteúdo e validade, as Autoridades Fiscais estarão contrariando ato de competência privativa do Senado Federal, em desrespeito à harmonia e separação dos poderes e à legalidade no âmbito da administração pública.

A Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional já se manifestaram de forma contrária à tese de inconstitucionalidade e ilegalidade do recolhimento do FUNRURAL por sub-rogação, por entenderem que o STF declarou a contribuição constitucional a partir da Lei nº 10.256/01 e a Resolução do Senado Federal nº 15/2017 extrapolaria a sua competência, uma vez que suspenderia a execução de dispositivo legal não analisado pelo STF.

Não obstante, destacam-se decisões recentes do Tribunal Regional Federal da 3ª Região , bem como da Justiça Federal do Distrito Federal , que suspenderam a retenção e o recolhimento do FUNRURAL por sub-rogação com base no julgamento dos RE nº 363.852 e 596.177 e na Resolução do Senado Federal nº 15/2017. De acordo com as decisões, o STF declarou a inconstitucionalidade das Leis nºs 8.540/92 e 9.528/97, que trouxeram o recolhimento do FUNRURAL por sub-rogação, e que a Lei nº 10.256/01, apesar de ter sido declarada constitucional, não trata do instituto da sub-rogação. Além disso, a Resolução do Senado Federal nº 15/2017 teria expressamente suspendido a execução do art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91.

ConclusãoDiante do exposto, embora ainda exista o risco de questionamento pelas autoridades fiscais no caso de empresa que deixa de recolher e/ou reter o FUNRURAL, as decisões judiciais recentes são um importante sinal de que a cobrança ainda pode ser debatida e as empresas interessadas têm bons argumentos para afastar a cobrança do FUNRURAL, devendo fazê-lo por meio de ação judicial específica para esse fim.

Cristiane I. Matsumoto GagoDiego Filipe CassebGuilherme Gregori TorresSócia e associados da área previdenciária de Pinheiro Neto Advogados.

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▫ Previdência fechada ▫ Previdência aberta ▫ Acompanhamento diferenciado e especial

▫ Auxílio-Alimentação ▫ Auxílio-Educação ▫ Verbas Indenizatórias ▫ Compensação ▫ ITCMD e PGBL / VGBL ▫ Empresa-Cidadã

▪ As indefinições em torno da constitucionalidade do FUNRURAL e da responsabilidade pelo seu recolhimento

[1] Solução de Consulta DISIT/SRRF04 nº 4.030, de 12/09/2018 e Solução de Consulta Cosit nº 92, de 13/08/2018.[2] Parecer PGFN/CRJ/Nº 1447/2017.[3] Apelação/Remessa Necessária nº 0000284-26.2017.4.03.6100/SP, Primeira Turma, Des. Fed. relator Wilson Zauhy, Dje: 11/10/2018.[4] Processo nº 1018388-55.2017.4.01.3400, Juíza Federal Kátia Balbino de Carvalho Ferreira, 3ª Vara Federal da Subseção Judiciária do Distrito Federal, proferida em 22/06/2018.