direito penal v

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DIREITO PENAL V 05/08/2011 CRIMES DE TRÂNSITO (lei 9503/97 CTB) Crimes de menor poder ofensivo ( art. 61 lei 9099/95) Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. (condição de procedibilidade para a persecução penal (fase investigativa (policial) e fase processual (jurídica)) Exceção CTB Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: (depende de representação) Nos artigos 306, 308 e 291 motivarão inquérito policial Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

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Trata-se de resumo das exposições feitas pelo professor que ministrou a disciplina de Direito Penal V na UNOESC, segundo semestre de 2011.

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DIREITO PENAL V05/08/2011

CRIMES DE TRNSITO (lei 9503/97 CTB)

Crimes de menor poder ofensivo ( art. 61 lei 9099/95)

Art. 61. Consideram-se infraes penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenes penais e os crimes a que a lei comine pena mxima no superior a 2 (dois) anos, cumulada ou no com multa

Art. 74. A composio dos danos civis ser reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentena irrecorrvel, ter eficcia de ttulo a ser executado no juzo civil competente.Art. 76. Havendo representao ou tratando-se de crime de ao penal pblica incondicionada, no sendo caso de arquivamento, o Ministrio Pblico poder propor a aplicao imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.Art. 88. Alm das hipteses do Cdigo Penal e da legislao especial, depender de representao a ao penal relativa aos crimes de leses corporais leves e leses culposas. (condio de procedibilidade para a persecuo penal (fase investigativa (policial) e fase processual (jurdica))

Exceo CTBArt. 302. Praticar homicdio culposo na direo de veculo automotorArt. 303. Praticar leso corporal culposa na direo de veculo automotor: (depende de representao)Nos artigos 306, 308 e 291 motivaro inqurito policial

Art. 306. Conduzir veculo automotor, na via pblica, estando com concentrao de lcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influncia de qualquer outra substncia psicoativa que determine dependncia.Penas - deteno, de seis meses a trs anos, multa e suspenso ou proibio de se obter a permisso ou a habilitao para dirigir veculo automotor.

Art. 308. Participar, na direo de veculo automotor, em via pblica, de corrida, disputa ou competio automobilstica no autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial incolumidade pblica ou privada:

Penas - deteno, de seis meses a dois anos, multa e suspenso ou proibio de se obter a permisso ou a habilitao para dirigir veculo automotor. Art. 291. Aos crimes cometidos na direo de veculos automotores, previstos neste Cdigo, aplicam-se as normas gerais do Cdigo Penal e do Cdigo de Processo Penal, se este Captulo no dispuser de modo diverso, bem como a Lei n 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 1o Aplica-se aos crimes de trnsito de leso corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:(Renumerado do pargrafo nico pela Lei n 11.705, de 2008) I - sob a influncia de lcool ou qualquer outra substncia psicoativa que determine dependncia;(Includo pela Lei n 11.705, de 2008) II - participando, em via pblica, de corrida, disputa ou competio automobilstica, de exibio ou demonstrao de percia em manobra de veculo automotor, no autorizada pela autoridade competente;(Includo pela Lei n 11.705, de 2008) III - transitando em velocidade superior mxima permitida para a via em 50 km/h (cinqenta quilmetros por hora).(Includo pela Lei n 11.705, de 2008) 2o Nas hipteses previstas no 1o deste artigo, dever ser instaurado inqurito policial para a investigao da infrao penal. (Includo pela Lei n 11.705, de 2008)-art. 98, I, CF/88 Art. 98. A Unio, no Distrito Federal e nos Territrios, e os Estados criaro:

I - juizados especiais, providos por juzes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliao, o julgamento e a execuo de causas cveis de menor complexidade e infraes penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumarissimo, permitidos, nas hipteses previstas em lei, a transao e o julgamento de recursos por turmas de juzes de primeiro grau;

-art. 294, CTB fumu boni juris

Periculum in mora

Art. 294. Em qualquer fase da investigao ou da ao penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pblica, poder o juiz, como medida cautelar, de ofcio, ou a requerimento do Ministrio Pblico ou ainda mediante representao da autoridade policial, decretar, em deciso motivada, a suspenso da permisso ou da habilitao para dirigir veculo automotor, ou a proibio de sua obteno. Pargrafo nico. Da deciso que decretar a suspenso ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministrio Pblico, caber recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.(poder ser de ofcio pelo juiz, requerimento do Ministrio Pblico e representao da autoridade policial)-art. 301 CTB acidente

- pronto e integral Socorro vtima

Art. 301. Ao condutor de veculo, nos casos de acidentes de trnsito de que resulte vtima, no se impor a priso em flagrante, nem se exigir fiana, se prestar pronto e integral socorro quela.MOMENTOS DA PRISO EM FLAGRANTE

1-Captura

2-Conduo a presena da autoridade

3- Lavratura do Auto dePriso em Flagrante

4- Recolhimento ao crcer.Crimes de PERIGO:

a) Abstrato Art. 306. Conduzir veculo automotor, na via pblica, estando com concentrao de lcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influncia de qualquer outra substncia psicoativa que determine dependnciaRHC 26432 MT, de 19/11/2009, Ministro Napoleo Nunes Maia STJb) Concreto: Art. 309. Dirigir veculo automotor, em via pblica, sem a devida Permisso para Dirigir ou Habilitao ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano

DE MERA CONDUTA: basta a ao ou omisso do agente (no tem resultado

naturalstico)

CRIMES:FORMAL: prev um resultado naturalstico, porm para sua consumao,

dispensa a ocorrncia do resultado. Ex: art. 1158 CP extorso.

MATERIAL: s se consuma com o resultado naturalstico

1 Cogitao

2 Preparao

FASES DO CRIME3 Execuo

4 Consumao

5 Exaurimento

DIREITO PENAL DO:

FATO: agente tem que exteriorizar uma condutaAUTOR: basta a condio pessoal do agente

-dolo (vontade + conscincia) eventual: assumo o risco: ajo com indiferena: aceito o resultado -art. 304

-art. 305 concurso material de crimes

AO PENAL

Quanto a iniciativa:

PBLICA ------- INCONDICIONADA

-EXCLUSIVA

PRIVADA

-PERSONALSSIMA

-SUBSIDIARIA DA PBLICA

12/08/2011

LEI DE DROGAS (LEI 11.343 23/08/2006)

REVOGOU AS LEIS > 6368/76

10.409/2003Abolicio criminis

Principio da continuidade normativo-tpica.

O fato continua sendo punido s muda a previso normativa.

CONCEITO DE DROGAS:

ART. 1 , PARAGRAFO NICO)

VER PORTARIA SVS/MS 344/98

Norma penal em branco prpria porque o legislador remete para o administrador.

Norma penal em branco imprpria porque o legislador consegue definir.

ART. 27 E 28

- ADQUIRIR

LFG INFRAO PENAL SUI GENERIS

- GUARDAR

STF RE 430 105/RJ

- TER EM DEPOSITOPARA USOPRINCIPIO DA TRANSCENDENTALIDADE OU

ALTERIDADE - conduta deve atingir terceiros

- TRANSPORTAR

CORTE SUPREMA ARGENTINA ( CASO ARROLA

- TRAZER CONSIGO

(CAUSA 9080 DE 25/08/2009 -

Eugenio Raul Zaffaroni

Art. 1 , LICP

- recluso e/ou multa

Crime delito

- deteno e/ou multa

Infrao penal (gnero)

- Priso simples e/ou multa

Contraveno penal

- multa

Norma Penal Incriminadora Preceitos Primrio ( definio legal de conduta)

- Secundrio sano penal

Pena

Medida de segurana

- Primrio Juiz

- Secundrio crime, sano disciplinar

- DESCRIMINALIZAO ?

- LEGALIZAO ?

- DESPENALIZAO?

- TENDNCIAS POLITICO- CRIMINAIS

A) MODELO NORTE AMERICANO (No use drogas, diga no as drogas) tolerncia zero

B) MODELO LITERAL RADICAL ( liberalizao da droga)

C) MODELO DE REDUO DE DANOS Europia ( o usurio vitima, no pode ter a mesma pena que o traficante)

TIPO INCONGRUENTE OU INCONGRUENTE ASSIMETRICO

Incongruente anormal

TRAFICO

ART. 33

- FLAGRANTE PREPARADO SUMULA 145, STF

Art. 302, CPP, I, II, III(perseguio), IV (encontrado)

- CRIME PERMANENTE (mantm a situao de flagrante)

- ART. 38 MODALIDADE CULPOSA

- ART. 41 DELAO PREMIADA * Lei 8.072/90, art. 7 e 8, * Lei 9.807/99, art. 8

* Lei 9.034/95, art. 6

* Lei 9.613/98, art. 1 5.- LAUDO DE CONSTATAO

- PRAZO DE CONCLUSO DO INQUERITO ( ART. 51)

* Acusado preso 30 dias para concluir inqurito* Acusado em liberdade 90 dias para concluir o inqurito.

Os prazos podero ser duplicados.

- AO CONTROLADO ART. 53 (flagrante retardado, adiado, postergado)- EXPROPRIAO art. 32, 4 e 243 CF/88-COMPETNCIA TRFICO TRANSNACIONAL

Prxima aula: Lei 8072/90 Crimes Hediondos

1 Publicao, vacatio legis e vignciaA Lei de Drogas, 11343 foi publicada em 23 de agosto de 2006 e teve um perodo de vacatio legis foi de 45 dias, entrando em vigor em 08 de outubro do mesmo ano. Em relao aos antecedentes legislativos, podemos analisar que, a questo das drogas inicialmente era tratada (desde 1940) pelo prprio Cdigo Penal, os artigos 267 em diante continham os crimes contra a sade pblica, incluindo a questo das drogas. Em 1976 recebemos uma lei extravagante que passou a dar maior amplitude ao tema, a Lei 6368/76, ocorre que o procedimento ficou defasado. Em 2002 surge a Lei 10.409/02 com a inteno de revogar a Lei 6.368/76, mas todo o ttulo dos crimes foi vetado pelo Presidente da Repblica. Por um perodo foi necessrio que os operadores do direito utilizassem os crimes previstos na Lei 6.368/76 com os procedimentos da Lei 10.409/02 que estavam mais adequados. A Lei 11.343/06 revogou as anteriores e todo o tema tratado por ela. Isto tudo acabou gerando questes de extra-atividade. Quando estudamos o princpio da extra-atividade podemos verificar que: - A nova lei poder ter a caracterstica de ser mais gravosa que a anterior, lex gravior que poder ser novatio legis incriminadora (ocorre quando um indiferente penal em face de lei antiga considerado crime pela posterior), ou novatio legis in pejus (quando lei posterior, sem criar novas incriminaes ou abolir outras precedentes, agrava a situao do sujeito) ambas no retroagem, pois as leis que incriminam novos fatos irretroativa uma vez que prejudica o sujeito. Aplica-se o princpio da irretroatividade da lei mais severa.- A nova lei poder ser menos gravosa, melhor que a anterior, lex mitior que poder ser abolitio criminis (quando lei posterior deixa de considerar como infrao um fato que era anteriormente punido; a lei nova retira do campo da ilicitude penal a conduta anteriormente incriminadora - ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime artigo 2 do Cdigo Penal ) ou novatio legis in mellius (ocorre se a lei nova, sem excluir a incriminao, mais favorvel ao sujeito), sendo nestes casos, retroativas e/ou ultra-ativas. Aplica-se o princpio da retroatividade da lei mais benigna. 2- Conceito de Droga - Art. 1, pargrafo nico da Lei 11.343/06 Considera-se droga todo o produto ou substncia capaz de causar dependncia com previso em lei ou em listas emitidas pelo Poder Executivo da Unio. Quem faz a regulamentao do que considerado droga, a ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.Em funo disso, podemos dizer que a Lei de Drogas contempla tipos penais em branco. Normas penais em branco so disposies cuja sano determinada, ficando indeterminado o seu contedo; sua exeqibilidade depende do complemento de outras norma jurdicas ou da futura expedio de certos atos administrativos; classificam-se em:a) normas penais em branco em sentido lato ou homognea, que so aquelas em que o complemento determinado pela mesma fonte formal da norma incriminadora;b) norma penais em branco em sentido estrito ou heterognea, so aquelas cujo complemento est contido em norma procedente de outra instncia legislativa.Como a Lei 11.343/06 faz referncia genrica a expresso droga, devendo por isso ser complementada por outra norma, podemos afirmar que se trata de norma penal em branco. No caso, a regulamentao procedente da ANVISA (portaria 344/98). Trata-se de norma penal em branco heterogenia.3- Objetivos da Lei de DrogasConforme a previso legal (art. 1; art. 3 incisos I e II; art. 4, inciso X e art. 5, inciso III) os objetivos da Lei de Drogas so a preveno do uso indevido e represso a produo no autorizada e ao trfico ilcito.4- Disposies Penais Preliminares Bem Jurdico Tutelado O bem jurdico tutelado pela lei de drogas a sade pblica, no obstante o tipo penal do art. 39 tutelar a incolumidade pblica representada pela segurana area, martima ou fluvial. Natureza Jurdica dos Crimes Quanto ao seu resultado naturalstico, os crimes podem ser materiais, formais e de mera conduta. Crime material aquele em que h necessidade de um resultado, descrito na lei, (ex.: homicdio: morte). Crime formal aquele em que embora exista a descrio do resultado naturalstico, ele no exigido para consumao, tambm chamado de crimes de consumao antecipada (ex.: no delito de ameaa, a consumao d-se com a prtica do fato, no se exigindo que a vtima realmente fique intimidada; no de injria suficiente que ela exista, independentemente da reao psicolgica do indivduo). No crime de mera conduta a lei no exige qualquer resultado naturalstico, contentando-se com a ao ou omisso do agente. Quanto ao seu resultado naturalstico os crimes da lei de drogas so classificados como materiais. Ainda quanto ao resultado, os crimes podero ser de dano (tambm chamados de crimes de leso) ou de perigo. Os Crimes de dano s se consumam com a efetiva leso do bem jurdico visado (ex.: leso vida). No crime de perigo, o delito consuma-se com o simples perigo criado para o bem jurdico.Os crimes previstos na Lei de Drogas, com exceo do previsto no art.39, so de perigo abstrato, ha presuno legal de ameaa ou ofensa ao bem jurdico. O crime previsto no art. 39 de perigo concreto.Crime vago aquele que tem como sujeito passivo, vrias pessoas ou a coletividade. Os crimes da Lei de Droga podem ser classificados como crimes vagos.5 Usurio de Drogas Arts 27 a 30 da Lei 11.343/06 Ao analisarmos o art. 27 da Lei de Drogas, surge a questo amplamente discutida na doutrina quanto ao no cabimento de penas restritivas de liberdade aos usurios de drogas. Baseia-se na idia de reeducao atravs de amparo e orientao. Seriam aplicveis medidas salutares no sentido de orientao, atravs da obrigatoriedade de participao em cursos e palestras. O problema que, ao fracassarem tais medidas, na prtica, o que resta tolerar indefinidamente a figura do usurio de drogas. Configurao do tipo bsico, art. 28 caput da Lei Anteriormente a lei incriminava o usurio como aquele que adquiria drogas, guardava drogas e/ou trazia consigo drogas para consumo pessoal. A lei atual configura usurio como aquele que adquiri, guarda, traz consigo, tem em depsito e transporta drogas. A nova lei promoveu um alargamento na incriminao do usurio de drogas. Quanto s condutas de ter em depsito e transportar, o tipo penal apresenta a hiptese de novatio legis incriminadora. Significa que s se podem punir aqueles que praticaram tais condutas a partir do dia 08 de outubro de 2006. Aqueles que foram condenados por praticarem estas condutas (ter e depsito ou transportar drogas) antes do dia 08 de outubro de 2006, embora as evidncias dos autos tenham demonstrado que ele era usurio, cabe Reviso Criminal. Ao analisarmos cada um dos verbos deste artigo, precisamos ter com clareza o significado de cada uma das condutas previstas: Adquirir comprar, obter mediante pagamento. Guardar - armazenar para consumir em curto perodo de tempo, tomar conta de algo, proteger. Trazer consigo Ter junto ao corpo, no bolso, na carteira, etc. Ter em Depsito ter armazenado suprimento que traga uma idia de mais perpetuidade, maior quantidade. Transportar Levar de um lugar para outro, em malas, veculos, etc.No constam no artigo os verbos usar, consumir (fumar, cheirar, injetar, etc), logo, se poderia concluir que usar drogas no crime. Parte da doutrina defende a tese de que qualquer conduta relacionada ao consumo no deveria ser punida. Baseiam-se no princpio da alteridade ou transcendentalidade, segundo qual ningum pode ser punido por fazer mal a si prprio. Parece-nos uma tese pouco sustentvel. Frente a este argumento, podemos considerar que os malefcios de usar drogas adoecem por reflexo toda a famlia do usurio de drogas. Tudo e todos em volta de um usurio de drogas terminam afetados. O Estado tambm acaba tendo gastos com este usurio. Por este ponto de vista, o usurio no deveria ter o direito de gerar todo este reflexo, portanto, deveria ser punido mesmo. O art. 28, 1, configura o crime equiparado ao uso, contempla as condutas semear, cultivar (pequena quantidade) e colher. Trata-se daquele que no est fomentando o crime, pratica as condutas descritas para atender o seu consumo pessoal. Se praticadas visando posterior distribuio, configuram crime equiparado a trfico, art. 33, 1, inciso IIAs condutas acima so proibidas em todo o territrio nacional, salvo quando praticadas com autorizao (fins cientficos ou medicinais), ressalvado o caso de uso estritamente ritualstico-religioso. Se observarmos bem, vamos verificar que, as cinco condutas previstas no artigo 28 da Lei de Drogas, tambm constam no artigo 33 que prev o crime de trfico, por isto, precisamos de fatores diferenciadores entre estas duas condutas (uso e trfico). So fatores diferenciadores conforme o art. 28, 2 a natureza da droga, sua quantidade[2], a analise do local e das condies gerais, as circunstncias que envolveram a ao e a priso, a conduta e os antecedentes do agente. Em relao s penas previstas para o crime do art. 28, podemos afirmar que com a Lei 11.343/06 houve um abrandamento considerado por muitos, absurdo. Anteriormente o usurio, se condenado recebia como pena a deteno de 6 meses a 2 anos, atualmente as penas compreendem advertncia sobre os efeitos do uso de drogas, prestao de servios a comunidade ou comparecimento a programas educativos (cursos, palestras, etc). As penas podem ser aplicadas alternativa ou cumulativamente. A PSC e os programas educativos tem durao mxima de 5 meses e tanto a aplicao quanto a execuo prescrevem em 2 anos. Se for caso de reincidncia. Podem chegar a 10 meses. Com o afastamento da pena privativa de liberdade do usurio, estamos diante do caso de novatio legis in mellius. Conforme o que determina a Lei de Drogas no seu art. 48, flagrado, o usurio dever ser imediatamente apresentado ao juiz (coisa que na prtica no ocorre). No havendo juiz ser lavrado o termo circunstanciado pela autoridade policial ( o que ocorre na realidade do dia a dia). vedada, sob qualquer pretexto, a deteno do usurio. Referimo-nos aqui a priso, cabendo a conduo do usurio at a delegacia. A conduo coercitiva poder ocorrer, podendo inclusive, utilizar-se de algemas desde que nos limites da Smula Vinculante N 11. Em seguida, aps a lavratura do termo circunstanciado, dever ser liberado. A autoridade que no fizer a liberao aps a lavratura do termo circunstanciado estar cometendo abuso de autoridade e responder conforme a Lei 4898/65. Aplica-se ao usurio o procedimento da Lei 9099/95, procedimento comum, devendo ser tratado de regra[3] no JECRIM. Na transao penal com o usurio s poder versar sobre as medidas educativas previstas no art. 28 (advertncia sobre o uso de drogas, prestao de servios a comunidade e comparecimento a programas educativos e a cursos). No cabe a interdio temporria de direitos, limitao dos finais de semana, sexta bsica.Se o usurio for menor de idade, caber ato infracional e vai se submeter ao Estatuto da Criana e do Adolescente. Com a supresso da pena privativa de liberdade, em nossa opinio, perderam o Estado e a Sociedade. As medidas cabveis so singelas e ineficazes para evitar as atitudes ilcitas do usurio. H os que entendem que, o usurio s no cria mais problemas para o Estado porque no quer. A viso de que, na prtica, se o usurio no cumprir o que lhe for imputado (no comparecer a audincias, por exemplo), nada ocorrer. No mximo ser conduzido coercitivamente onde lhe aplicaro as mesmas penas singelas. O resultado real (como j comentamos anteriormente) que, a sociedade, sem alternativas, ter que tolerar o usurio. Afinal, o que ocorreu, descriminalizao, despenalizao ou descarcerizao? Antes de sair a Lei de Drogas, o Professor Luiz Flvio Gomes disse que teramos uma novidade, que o usurio de drogas no seria mais punido. Segundo ele, haveria uma descriminalizao, pois se o artigo 1 da Lei de Introduo ao Cdigo Penal, diz que crimes so infraes penais punidos com recluso e deteno e que, contravenes penais so infraes penais punidas com priso simples, usar drogas segundo o artigo 28 da nova lei, no crime nem contraveno. Trata-se segundo ele, de uma infrao sui generis. Nesta corrente esto tambm Alice Bianchini, Willian Terra e Rogrio Sanches Cunha. Segundo o Professor Davi Andr Costa Silva, continua sendo crime, pois no suficiente embasar estas concluses apenas na Lei de Introduo. Avaliando-se a Constituio Federal no seu artigo 5 claro quando diz que sero adotadas dentre outras as penas de privativa de liberdade, restrio de direitos e multa. Quando a Constituio Federal diz dentre outras autoriza ao legislador criar outros tipos de pena, com exceo as que a prpria Constituio probe (pena de morte, banimento, trabalhos forados, cruis). O legislador criou as penas de advertncia e os programas educativos. Segundo o Professor Davi, houve uma despenalizao no sentido do afastamento da pena privativa de liberdade. Segundo a doutrina majoritria e o STF adotam a corrente da despenalizao. Para Saulo de Carvalho, continua sendo crime, continua tendo pena, no tem crcere, trata-se de descarcerizao. Interessante a tese, porm ainda posio isolada.A produo no autorizada e o trfico ilcito de drogas esto previstos no art. 33 da Lei 11.343/06. Note que as mesmas condutas podero ser praticadas licitamente conforme podemos verificar no art. 31 da Lei. O tipo est baseado em 18 condutas que, quando associadas finalidade de distribuio de drogas configuram fato tpico. Trata-se de tipo misto, alternativo ou crime de contedo variado. Se no mesmo contexto ftico o sujeito praticar duas ou mais condutas, estar praticando um s crime, o trfico ilcito de drogas. Parte da doutrina entende que a nfima quantidade de droga pode fazer emergir falta de justa causa para a ao penal (Gilberto Thums e Bizzotto) . As cortes superiores, entretanto, no admitem o princpio da insignificncia na Lei de Drogas por se tratar de crime de perigo abstrato. Neste sentido o STF (HC 88.820) e o STJ (HC 59190). O Princpio da Insignificncia no afasta a tipicidade nos crimes de trfico em casos onde a quantidade nfima. Crimes equiparados ao trfico Nos crimes equiparados ao trfico, previstos no Art.33, 1, inciso I (produtos qumicos, insumos e matria prima) no se exige que a substncia contenha o efeito farmacolgico (toxidade=princpio ativo) da droga que originar, bastando que se faa prova de que se destina ao seu preparo. O MP ter que provar que os produtos se destinam ao preparo da droga.No inciso II, as condutas semear, cultivar ou colher podem referir-se a pequena, mdia ou grande quantidade, com finalidade de distribuio da droga. As plantaes ilegais sero destrudas pela autoridade policial conforme previso do Art. 32 da Lei de Drogas. As glebas utilizadas para o cultivo ilcito sero expropriadas pela unio e se destinaro ao assentamento de colonos em funo da reforma agrria Art. 243 da Constituio Federal.Utilizao de local ou bem de qualquer natureza para o trficoO inciso III trata da utilizao de local ou bem de qualquer natureza utilizado para o trfico ilcito de drogas. O tipo penal pune o agente que no pratica o trfico diretamente, mas o admite em local (casas noturnas, bares, hotis, motis, etc.) ou em bem de qualquer natureza (veculos, aeronaves e embarcaes) de que tenha a posse, propriedade ou administrao. O sujeito ativo o proprietrio, posseiro, administrador, etc. O sujeito passivo a Sociedade. No se admite a forma culposa, dever ser feita a prova de que havia dolo (elemento subjetivo). Se o local ou o bem se destinarem ao uso indevido de drogas, h duas orientaes:1) Segundo Gilberto Thums a conduta atpica. A lei clara no sentido de que o crime consiste em utilizao de local ou bem de consumo para o trfico e no para o uso. Esta a Posio de defesa, advogados e defensoria.2) A conduta configura o crime do art. 33, 2, induzimento (Induzir significa criar uma idia que at ento no existia), instigao (Instigar significa reforar uma idia pr-existente) ou auxlio (Auxiliar significa prestar ajuda) ao uso indevido da droga. O que tem a posse, propriedade ou administrao estaria auxiliando no uso indevido de drogas, est seria a posio da acusao. No entendimento de Guilherme Nucci, trata-se de crime de trfico, pois o agente atravs de sua conduta se equipara ao traficante ou, no mnimo, seria partcipe do trfico alheio.A apologia ao uso ou ao trficoA apologia ao uso ou ao trfico, que anteriormente era crime, deixou de ser considerada como tal. livre a manifestao do pensamento conforme prev o art. 5 da Constituio Federal. Segundo a doutrina a conduta apologia ao uso, ao consumo e trfico de drogas deixou de ser incriminada pela Lei de Drogas, deste modo, manifestaes, distribuio de panfletos ou passeatas, que falem sobre drogas, em primeira anlise, no so crime.Uso Compartilhado Para que tenhamos a configurao de uso compartilhado, previsto no art. 33, 3, faz-se necessria a concomitncia de alguns elementos, o oferecimento da droga de forma eventual, a ausncia do objetivo de lucro (o sujeito que oferece no pode cobrar), consumo em conjunto (se entregar s para o outro fumar restar em crime de trfico) e para pessoa do seu relacionamento.A pena do uso compartilhado ser de deteno de 6 meses a 1 ano e multa de 700 a 1500 dias multa. A doutrina v a multa estabelecida como desproporcional em funo de que, a multa para o trfico, prevista no caput de 500 a 1500. O agente deste crime o usurio que por educao oferece a droga, logo deveria ter pena de multa menor que a do traficante. Todos os elementos descritos devero estar presentes, na falta de um dos elementos ir responder por crime de trfico.Trata-se de crime bi prprio, pois exige vinculo (relacionamento) entre os agentes. Enquanto o consumo em conjunto o elemento positivo do injusto penal, a ausncia de objetivo de lucro o elemento negativo. infrao de menor ofensivo, devendo portanto, ser processado no JECrim.Trfico PrivilegiadoA causa de diminuio de pena, prevista no art. 33, 4, exige que o agente seja primrio[4], tenha bons antecedentes[5] (sujeito que, anteriormente, no possua condenaes definitivas), no integre organizaes criminosas e nem se dedique a atividades criminosas. Atendendo a todos estes requisitos, o agente ter uma reduo de pena que poder variar de 1/6 a 2/3.H vedao legal quanto substituio desta pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Em recente deciso, em cede de controle difuso o STF declarou que esta vedao inconstitucional por ferir o princpio da individualizao da pena. Quem deve dizer se pode haver substituio ou no, analisando o caso concreto, o Juiz.Maquinrio, aparelho, instrumento ou objetos destinados a preparaoO Maquinrio, aparelho, instrumento ou objetos destinados a preparao, produo, transformao ou fabricao da droga, conforme previsto no art. 34 da Lei de Drogas, consistem em crime . Muitos se no todos os traficando misturam a droga (principalmente a cocana) para ter um maior rendimento, exemplo de produtos que so misturados a cocana so o cal, sal, cola em p para papel de parede, p de vidro, etc. Para fazer estas misturas so necessrios maquinrios, aparelhos e outros objetos como liquidificadores industriais, balanas de preciso, etc. Ao encontrarmos estes objetos, com esta destinao, estaremos diante de um crime autnomo.Tambm h hipteses de objetos como o papel utilizado para enrolar o cigarro de maconha, ou o garrote aquela borracha para colocar no brao e saltar a veia onde injetada a droga serem utilizados para o uso pelo prprio usurio de drogas. Se os objetos se destinarem ao uso indevido, no h tipicidade, no ser crime.Discute-se na doutrina a existncia de concurso entre os tipos dos artigos 33 e 34 na hiptese em que, no mesmo contexto ftico, a conduta se amolda aos dois dispositivos. H duas orientaes:1- concurso material entre as duas infraes com a conseqente soma de penas;2- O artigo 34 subsidirio ao do artigo 33.Se forem encontrados no mesmo contexto ftico as drogas e os objetos para prepar-las, haver dois crimes em concurso material somando-se as penas, esta a posio de Guilherme Nucci, Juiz de Direito. Para o promotor Rogrio Sanches (LFG) h apenas um crime, o trfico de drogas previsto no art. 33 da lei, restando subsidirio o crime do art. 34 por ser o mesmo bem jurdico atingido, a sade pblica.Parece-nos que a imputao dever, na viso da promotoria, sempre ser dos dois crimes ficando para o Juiz decidir se vai dar prosseguimento para os dois ou no. Via de regra o Juiz no far concurso material, mas ir aplicar a pena do crime previsto no art. 33 e na primeira fase da dosimetria, aumentar a mesma argumentando que as circunstncias judiciais so desfavorveis pelo fato de terem sido praticadas as duas condutas.Associao para o Trfico O art. 35 da Lei de Drogas 11.343/06 trata do crime de Associao para o Trfico e capitula que, quando dois ou mais agentes associarem-se para fins de praticar, reiteradamente ou no, os crimes dos artigos 33, caput e pargrafo 1 e 34 desta Lei estaro realizando a conduta prevista. Trata-se de uma espcie de quadrilha ou bando que se aperfeioa com apenas dois agentes, mas da mesma forma, exige estabilidade e permanncia na associao. Provada a associao, os agentes respondem tambm pelo trfico praticado. Estamos diante de concurso material. difcil de fazer a prova de associao em funo do carter de estabilidade e permanncia. Se houver provas suficientes, o agente ser condenado no apenas pela associao, mas tambm pelo trfico praticado e as penas dos dois tipos penais sero somadas.Mesmo que no seja praticado crime algum, que no seja consumado o trfico, mas se provar a associao para o trfico, os agentes sero responsabilizados. Questo controvertida em funo de tratarmos aqui de Direito Penal do Autor onde se pune as pessoas por ser alguma coisa e no por ter feito alguma coisa.Para entender a gravidade deste embasamento s olharmos a histria, o Direito Penal do autor foi base do Nazismo. Hitler estava legitimado, apoiado sobre o Princpio da Legalidade. Temos que ter muito cuidado, pois em nome da legalidade j se cometeu muitas atrocidades. O Direito Penal do autor ou do inimigo traz a fragilidade de que, de acordo com quem est no poder e dos interesses do momento qualquer um poder ser o inimigo.Financiamento ou Custeio do Trfico Ambos so formas de investimento ilcito, mas temos diferenas entre financiar e custear. No financiamento o agente no tem qualquer ingerncia sobre o trfico, o financiador apenas entrega o dinheiro em busca de lucro fcil ao final de determinado perodo. O agente que custeia, por sua vez, alm de bancar as despesas do dia a dia, interfere nas decises do trfico.Nesse tipo penal o legislador quebrou a teoria monista ou unitria do artigo 29 do Cdigo Penal na medida em que cominou pena autnoma para aquele que embora no pratique diretamente o trfico com ele contribui pelo financiamento ou custeio. a maior pena da Lei 11.343/06, difcil entender o porqu, pois na maioria das opinies doutrinrias, o traficante deveria receber a maior ateno, a maior pena por ser ele o elemento mais prejudicial sociedade. No se aplica a majorante do artigo 40, inciso VII em face do princpio ne bis in idem. Colaborador do Trfico O artigo 37 prev o crime para os agentes que esto mais abaixo na cadeia do trfico, conhecidos como sinalizadores, fogueteiros, quando menores chamados de falcozinho, fumacinha ou luzinha. Anteriormente era condenado como partcipe o que era inadequado, pois no se trata do traficante propriamente dito.Neste tipo penal o legislador compreendeu a proporcionalidade na medida em que cominou pena mais branda quele que, embora no praticando diretamente o trfico, com ele contribui prestando informaes. Prescrio ou Ministrao culposa de Drogas O Artigo 38 trata do nico crime culposo da Lei de Drogas e tipifica a conduta daquele que prescreve (autoriza o uso, d receita) ou ministra (entrega a consumo) drogas lcitas. As mesmas condutas podem caracterizar trfico quando praticadas dolosamente. Prevalece na doutrina que crime prprio, pois s pode ser praticado por agentes da rea da sade. Conduo de Embarcao ou Aeronave ps-consumo de Drogas Previso do artigo 39 da Lei de Drogas. Em caso de veculo automotor a conduta se amolda ao artigo 306 da Lei 9.503/97 Cdigo de Trnsito, chamado de embriagus toxicolgica. Se o sujeito estiver conduzindo uma embarcao ou aeronave aps consumir lcool, a conduta no pode se amoldar a este tipo porque o lcool no est na lista da ANVISA.

CRIMES HEDIONDOS LEI 8072/901. Fundamento art. 5, XLIII, CF/88

-FIANAPROIBE-GRAA perdo estatal concedido pelo presidente da repblica, atravs de decreto, sendo causa extintiva de punibilidade. art. 84. XII da CF, cessa o cumprimento da pena e no os efeitos da mesma, sendo espontnea e individual

-ANISTIA perdo estatal concedido pelo congresso nacional, atravs da criao de uma lei, apagando efeitos penais da condenao.LEI 8072, alm dos acima citados probe tambm o INDULTO. Mesmas caractersticas da graa, com a diferena que este coletivo Art. 84,XII, CF/88 e Art. 188 a 193, LEP

Conceito