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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO CADERNO DE ESTUDOS DIREITO PENAL II Profª Ms. Eliane Rodrigues Nunes Goiânia, fevereiro / 2020

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Page 1: DIREITO PENAL II - aulajuridica.com.br€¦ · CONTEÚDO PROGRAMÁTICO – DIREITO PENAL II REVISÃO GERAL SOBRE A TEORIA DO CRIME E DA PENA 1 – ANTIJURICIDADE 1.1. – Conceito,

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CURSO DE DIREITO

CADERNO DE ESTUDOS

DIREITO PENAL II

Profª Ms. Eliane Rodrigues Nunes

Goiânia, fevereiro / 2020

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INTRODUÇÃO

Este material consiste numa coletânea resultante da leitura de vários autores da área penal

e tem o propósito de ser uma “diretriz” a ser seguida nas aulas da disciplina Direito Penal II, no sentido

de contribuir para o aprendizado cotidiano, juntamente com a interpretação da lei, da doutrina e

jurisprudências pertinentes.

Foi elaborado com o objetivo de possibilitar ao acadêmico/a do Curso de Direito apreender

o conteúdo específico da disciplina, tais como teorias, conceitos, regras ou métodos em instrumentos

de análise e solução de problemas, em especial, quanto à questão criminal. Tem ainda o propósito de

viabilizar uma análise crítica em sala de aula, a partir da discussão de temas e realização de exercícios,

para que o/a acadêmico/a possa atribuir ao conhecimento e habilidades internalizados, um caráter ético

e valorativo.

Em que pese ter este material o propósito de facilitar a dinamização das aulas, evitando-se

o dispêndio de tempo com anotações ou ditados, não é suficiente para o aprendizado efetivo da

disciplina. Considerando que o profissional da área jurídica lida com a “palavra”, escrita e verbal, é

indispensável, para tanto, muita leitura, tanto da doutrina e jurisprudência quanto da legislação.

O aprendizado, como via de mão dupla, deve primar pelo interesse tanto do professor

quanto do aluno, para sua efetividade. Algumas sugestões: seja assíduo e participativo, compromissado

com o que faz, cotidianamente. A aula deve ser uma oportunidade de estudar atentamente algum

assunto, tendo como suporte o professor. Aproveite o máximo das aulas, participando dos

questionamentos, dirimindo dúvidas, elaborando as atividades propostas. Não acumule dúvidas,

acumule aprendizado. Procure manter uma rotina de estudos, diariamente, ainda que por alguns

minutos. É importante lembrar que a avaliação deve ser diária, com questionamentos constantes em

sala de aula; se houver a apreensão do conteúdo, o momento da avaliação não será ameaçador e sim

de satisfação pelo aprendizado; assim, evita-se que o aluno transforme-se em um mero copiador, um

depósito de conteúdos e transforme-se num ser pensante, crítico e reflexivo.

Que você, acadêmico/a, possa buscar, neste semestre e em todo o seu Curso, uma

educação reflexiva, que estimule a capacidade de raciocínio, de análise e de julgamento.

Bons estudos! Conte comigo para essa jornada.

Professora Eliane*

Goiânia, fevereiro / 2020.

Especialização em Direito Penal e Processual Penal; Especialização em Didática do Ensino Superior (PUC-

Paraná);

Mestrado em Educação – Ensino Jurídico pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Professora da PUC-Goiás; Coordenadora dos Projetos de Pesquisa "O Direito como instrumento do

exercício de cidadania e cultura de paz"; "Execução Penal - Crimes, Penas e Sistema Penitenciário";

Professora titular da Universidade Salgado de Oliveira;

Conselheira do Conselho Penitenciário Estadual e do Conselho de Comunidade na Execução penal em

Goiânia -Goiás.

Pós-graduação na Universidade Federal de Goiás, Curso de Especialização em Criminologia e Segurança

Pública; Curso de Especialização em Direito Tributário (PUC-Goiás).

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BIBLIOGRAFIA

- Bibliografia Básica: Código Penal Brasileiro (Legislação seca - preferência edição 2020.)

Códigos Comentados: DELMANTO JUNIOR, Roberto. ; Delmanto, Roberto; CD-ROM GOMES, Luiz Flávio. SP, Ed. Revista dos Tribunais. LANZARINI NETO, Pedro. São Paulo: Ed. Primeira Impressão. NUCCI, Guilherme de Souza. Ed. RT. São Paulo. SILVA, César Dario Mariano da. ,RJ, Forense Doutrinas mais utilizadas: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. (vol. I a IV). São Paulo: Saraiva. CAPEZ, Fernando- Curso de Direito Penal. (Vol. I a III)S. Paulo. Saraiva. GRECO, Rogério. Direito Penal. Impetus. SP. LENZA, Pedro. Direito Penal. Coleção Esquematizado. São Paulo: Saraiva, (e-book) MASSON, Cleber Rogério. Direito Penal Esquematizado. RJ, Forense (SP Método). MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal. São Paulo: Atlas. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal (Parte Geral e Especial). Ed. RT. SANCHES, Rogério. Manual de Direito Penal – Parte Especial. Outras: ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de Direito Penal. Ed. Saraiva. BARBOSA, Edno Luciano. Iniciação ao Direito Penal. (Vol. I e II) S. P.: Sugestões Literárias. COSTA JR, Paulo José da. Comentários ao Código Penal. Saraiva. DOTTI, René Ariel, Curso de Direito Penal. RJ, Forense. ESTEFAN, Andre. Ed. Saraiva, RJ. FRAGOSO, Heleno Cláudio.Lições de Direito Penal. Rio de Janeiro. Forense. GOMES, Luiz Flávio.Curso de Direito Penal. São Paulo: Rev. dos Tribunais. JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. (Vol. 1 a 4) Saraiva. S. Paulo. MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. 6. Ed., Campinas, SP, Millennium Editora. NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal. S. Paulo. Saraiva. PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. RT. SHINTATI, Tomaz M. Curso de Direito Penal, Forense, RJ. TELES, Ney Moura. D. Penal (3 volumes), SP, Atlas. ZAFFARONI, Eugenio Raúl (e PIERANGELI). Manual de D. Penal Brasileiro.RT. SP. - Bibliografia Complementar BECCARIA, Cesare.Dos Delitos e Das Penas, Coimbra. CAVALCANTE NETO, João Uchôa. O Direito, um mito. DALLARI, Dalmo de Abreu. O renascer do Direito. Ed. Saraiva. GRISHAM, John. O Júri. Ed. Rocco HERKENHOFF, João Batista. Direito e Utopia. Ed. Acadêmica; Crime, tratamento sem prisão; KELSEN, Hans. Trad. De João Baptista Machado. A justiça e o Direito Natural. LYRA, Roberto. Novo Direito Penal, Editor Borsoi, RJ; QUEIROZ, Paulo de Souza. Funções do Direito Penal. Belo Horizonte: Del Rey. RAMOS, Saulo. Código da Vida. São Paulo: Planeta.

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.” (Mário Quintana)

e-mail: [email protected]

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PLANO DE CURSO

Disciplina: Direito Penal II - Profª Eliane Rodrigues Nunes EMENTA: Teoria do crime (Continuação): causas de exclusão da antijuridicidade; a culpabilidade e as causas excludentes. Concurso de pessoas; concurso de crimes. Teoria da Pena: origem, função, espécies; Dosimetria da pena; Medidas de segurança. Suspensão condicional da pena e livramento condicional. Efeitos da sentença penal condenatória. Causas de extinção da punibilidade. OBJETIVO: O Direito Penal é ensinado com o objetivo de permitir aos estudantes o conhecimento da teoria do crime e a teoria da pena. METODOLOGIA: A disciplina será ministrada a partir de aulas expositivas e dialogadas, com a apresentação de temas jurídicos, realização de debates, envolvendo casos concretos, exercícios em sala de aula, com utilização de material didático, doutrina e, em especial, o Código Penal (legislação seca).

ATIVIDADES DOCENTES: a) Frequentar as aulas e ser pontual. b) Apresentar aulas expositivas e dialogadas, contextualizando os temas, apresentando exemplos práticos; c) Indicar fontes de informação; d) Elaborar exercícios, questionários e material didático; e) Acompanhar e controlar as atividades estabelecidas; f) Definir critérios para o desenvolvimento das atividades individuais e coletivas, bem como da avaliação de cada atividade (organização e acompanhamento na produção de trabalhos); ATIVIDADES DISCENTES: a) Frequentar as aulas e ser pontual; NÃO HÁ ABONO DE FALTAS; b) Estudar a matéria ministrada em sala de aula, não deixando dúvidas sem serem dirimidas; c) Providenciar a bibliografia sugerida; d) Realizar os exercícios e trabalhos propostos; Produzir textos, individual e coletivamente; e) Participar dos trabalhos e atividades seguindo as regras indicadas, realizando pesquisa; f) Participar de todas as avaliações relativas aos temas de que estiver diretamente envolvido. AED As 8 (oito) horas restantes da disciplina deverão ser utilizadas pelo aluno na realização da AED (atividade externa da disciplina) na área penal, que será determinada pelo professor. As atividades que deverão, preferencialmente, ser utilizadas para AED são: Jornada de Estudos Interdisciplinares, nas datas de 16/03, 09/04 e 29/05; Palestras, oficinas ou mini cursos que ocorrerão na Jornada da Cidadania entre os dias 20 a 22 de abril, cujo tema tenha conexão com sua disciplina. Além destas, a atividade de AED poderá envolver: a) Participação, como ouvinte, em eventos acadêmicos e científicos (assistência a palestras, bancas examinadoras de trabalhos de conclusão, semanas acadêmicas, congressos, seminários, conferências, encontros, semana acadêmica); b) Realização de visitas a determinados órgãos; c) Assistência a audiências; d) Realização de entrevistas com profissionais do Direito etc. Entrega: foi designada, preferencialmente, a data de 28/05/2020 para entrega das atividades de AED.

“Não se pode ensinar alguma coisa a alguém, pode-se apenas auxiliar a descobrir por si mesmo”.

(Galileu)

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO – DIREITO PENAL II

REVISÃO GERAL SOBRE A TEORIA DO CRIME E DA PENA

1 – ANTIJURICIDADE 1.1. – Conceito, antijuridicidade e ilícito, antijuridicidade formal e material 1.2. - Genérica e específica 1.3. - Concepção objetiva e subjetiva 1.4. - Justificativas penais - excesso 1.5. - Causas supra legais de justificação: 1.5.1. - Estado de necessidade: noções, teorias, requisitos, classificação, diminuição de pena; 1.5.2. - Legítima defesa: noções, teorias, requisitos,subjetiva, sucessiva e putativa, ofendículos. 1.5.3. - Exercício Regular de Direito: noções, hipóteses de exercício regular. 1.5.4 - Estrito Cumprimento de Dever Legal: noções, sujeito. 1.5.5 - Consentimento do ofendido: noções, excludente de tipicidade e antijuridicidade. 2 – CULPABILIDADE 2.1 – Teorias 2.2 – pelo fato singular 2.3 – culpabilidade pela conduta de vida 2.3.1 – imputabilidade: noções, critérios, fatores biológicos, psicológicos e normativos, semi-imputabilidade; 2.3.2 – outras causas relacionadas à imputabilidade: embriaguez, emoção, paixão, actio libera in causa, menoridade; 2.3.3 – potencial consciência da ilicitude: noções, teorias da culpabilidade e dolo, erro de proibição: conceito, classificação, erro vencível e invencível; 2.3.4 – exigibilidade de conduta diversa: noções, origem, poder de agir de outro modo; 2.3.5 – coação moral: conceito, natureza jurídica, coação irresistível; 2.3.6 – obediência hierárquica: noções, fundamentos, conceito, espécies de ordem e de obediência, natureza jurídica, responsabilidade penal e contra ordem. 3 – CONCURSO DE PESSOAS 3.1 - Eventual e necessário. 3.2 - Formas de realização do crime 3.3 - Teorias sobre a participação. 3.3.1 - Participação de participação 3.3.2 - Participação sucessiva 3.4 - Cooperação dolosamente distinta 3.5 – Requisitos: momentos da participação. 3.5.1 - Comunicabilidade 3.5.2 - Comunicabilidade e punibilidade das circunstâncias 4 - CONCURSO DE CRIMES 4.1 - Noções, classificação 4.2 – Requisitos 4.3 - Sistema de punibilidade 4.4 - Crime continuado: teorias sobre o conceito, natureza jurídica, requisitos bem jurídico. 5 - CONCURSO DE NORMAS. 5.1 - Noções 5.2 - Distinção entre concurso de crimes e concurso de normas 5.3 - Princípio para a solução do conflito. 6 - DA PENA 6.1 - Histórico, conceito 6.2 - Fundamentos 6.3 - Natureza 6.4 - Classificação doutrinária 6.5 - Espécies de penas previstas no Código Penal.

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7 - DOS REGIMES DA EXECUÇÃO 7.1 – Noções 7.2 – Espécies 7.3 – Requisitos 7.4 - Progressão e regressão. 8 - DA COMINAÇÃO DAS PENAS 9 – APLICAÇÃO DA PENA 9.1 - Circunstâncias agravantes e atenuantes 9.2 - Causas especiais de aumento e diminuição de pena 9.3 - Fixação da pena 10 - MEDIDA DE SEGURANÇA 10.1 – Conceito 10.2 - Fundamento jurídico 10.3 - Classificação 10.4 - Imposição 10.5 - Prazos 10.6 – Perícias 10.7 - Substituição. 11 - SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 11.1 – Conceito 11.2 – Fundamento jurídico 11.3 – Requisitos 11.4 – Prazos 11.5 – Imposição 11.6 – Substituição 11.7 – Revogação 11.8 – Efeitos 11.9 – Prorrogação. 12 - LIVRAMENTO CONDICIONAL 12.1 – Conceito 12.2 – Fundamento jurídico 12.3 – Requisitos 12.4 – Classificação 12.5 – Prazos 12.6 – Imposição 12.7 – Substituição 12.8 – Revogação 12.9 – Efeitos 13 – EFEITOS DA CONDENAÇÃO 13.1 – Noções de condenação 13.2 – Espécies: penais, diretos e indiretos, extrapenais, genéricos e específicos 13.3 – Sentença absolutória e Ação Civil “ex delicto” 14 – REABILITAÇÃO 14.1 – Noções 14.2 – Cabimento 14.3 - Revogação 15 - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: 15.1 - Prescrição e as demais causas extintivas.

“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.” (José Saramago)

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Revisão de Conteúdo: Noções sobre a Teoria Geral do Crime e da Pena Para o estudo de Direito Penal II, faz-se necessário recordar alguns temas básicos, que serão frequentemente aplicados aos crimes em espécie do conteúdo programático da disciplina, assim como a utilização de um vocabulário jurídico, que faz parte do cotidiano do direito criminal. Recordando:

Fatos:____________________________________________________________________________________

Atos: ____________________________________________________________________________________

DIREITO / LEI / DOUTRINA / JURISPRUDÊNCIA

Direito: natural, positivo, objetivo, subjetivo, substantivo (material), adjetivo (formal), público, privado.

LEI: Espécies de Legislação Penal:

- Comum (ordinária): Código Penal Brasileiro

- Especiais: legislação extravagante (Meio Ambiente, Sistema Financeiro, Tóxicos, Trânsito, Violência

Doméstica, Hediondos, Contravenções Penais, Consumidor, etc.) Estrutura da Legislação Penal:

Estrutura da Lei (CPB) Conteúdo

- Lei de Introdução É legislação “base” para outras do ordenamento jurídico

- Exposição de Motivos (duas) Justificativa de reforma da lei

- Parte Geral (art. 1º ao 120) Contém os Princípios, Teorias, Conceitos para a aplicação da Lei Penal

- Parte Especial (art. 121 ao 361) Contém a definição da conduta (crime) e da sanção (pena)

Quais são os Princípios da Lei Penal? (Referem-se à análise da aplicação da Lei Penal)

1._________________________________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________________________________

3._________________________________________________________________________________________

4._________________________________________________________________________________________

5.__________________________________________________________________________________________

Quais são as Teorias adotadas pela Lei Penal? (Referem-se à análise do CRIME)

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

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A Lei Penal define normas Espécies de Norma Penal:

a)Incriminadoras:

b)Não incriminadoras:

- explicativas (que esclarecem o conteúdo de outras normas)

- permissivas (que excluem a ilicitude ou extinguem a punibilidade de algumas condutas típicas)

As normas penais em branco são incriminadoras?

Exemplos:

Estrutura da Norma Penal: (incriminadoras)

- Preceito primário (define a conduta = crime)

- Preceito secundário (define a sanção = pena)

CRIME: Conceito

Noções: infração, crime, delito, contravenção;

Infração: qualquer espécie de violação à Lei

(o sistema dicotômico dividiu as infrações em duas: crime ou delito e contravenção).

Crime/delito: infração de maior gravidade (bem jurídico mais relevante)

Contravenção: infração de menor gravidade.

ESTRUTURA DO CRIME:

Fato Típico: _____________________________________________________________________________

Ilicitude ou Antijuridicidade: _______________________________________________________________

Culpabilidade: __________________________________________________________________________

Punibilidade: ___________________________________________________________________________

FATO TÍPICO:

ILICITUDE ou ANTIJURIDICIDADE:

Excludentes (causas DESCRIMINANTES, JUSTIFICATIVAS OU DE JUSTIFICAÇÃO, EXIMENTES)

1) _____________________________________________________________________

2) _____________________________________________________________________

3) _____________________________________________________________________

4) _____________________________________________________________________

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CULPABILIDADE:

Excludentes (causas DIRIMENTES):

1) Inimputabilidade

a) ______________________________________________________________________________________

b) ______________________________________________________________________________________

c) ______________________________________________________________________________________

2) Ausência de Potencial consciência (conhecimento) da ilicitude

a) ______________________________________________________________________________________

b) ______________________________________________________________________________________

3) Inexigibilidade de Conduta Diversa

a) ______________________________________________________________________________________

b) _______________________________________________________________________________________

PUNIBILIDADE: possibilidade de o Estado aplicar a pena em razão do fato típico, ilícito e culpável. Crime de Menor Potencial Ofensivo: pena cominada _________________________________________ Crimes em que poderá haver incidência de PENA ALTERNATIVA - quantidade da pena:____________________________________(pena aplicada) - Outros requisitos: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Causas de EXTINÇÃO: Genéricas (art. 107) Específicas (_____________________________________________) Exemplos:

RESUMINDO: ESTRUTURA DO CRIME

CONCEITO (palavra-chave) EXCLUDENTES/EXTINÇÃO

1. FATO TÍPICO

2. ILICITUDE

3. CULPABILIDADE

4. PUNIBILIDADE

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ESTRUTURA DO FATO TÍPICO

1. CONDUTA:

Por ação: crime comissivo (lei descreve um “fazer)

Por omissão: Crimes omissivos próprios (lei descreve um “deixar de fazer”

Crimes Omissivos Impróprios (crimes comissivos por omissão – dever de agir: legal e

jurídico)

Dolosa: vontade livre e consciente de produzir o resultado

Dolo: Direto = agente quis o resultado

Eventual = não quis o resultado mas assumiu o risco de produzi-lo

De dano = a intenção do agente é lesar o bem jurídico

De perigo = o crime se consuma com a probabilidade de lesar o bem jurídico

Genérico = a conduta do agente não é direcionada a um fim especial de agir

Específico = a conduta do agente é direcionada a um fim especial de agir (lei exige

um fim)

Culposa: imprudência (fazer precipitadamente)

Negligência (não observar um cuidado)

Imperícia (inobservância no exercício de uma função)

Preterdolosa: dolo no antecedente e culpa no consequente

Conduta inicial = dolosa

Descrição de um resultado mais grave do que o previsto na conduta; previsão na forma culposa.

2. RESULTADO (pode ser consumado ou tentado)

Iter criminis: cogitação: fase psicológica (pensamento, planejamento)

Atos preparatórios: conduta corpórea externa tendente a consumação

Atos executórios: início da realização do tipo

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Consumação: realização integral do tipo

Exaurimento: alguns crimes podem ser exauridos (ultrapassam a consumação.

3. NEXO DE CAUSALIDADE: Causas e concausas

Causa: conduta (ação ou omissão que provoca o resultado); há nexo causal

Concausas: situações que podem ocorrer antes, durante ou após a conduta; elas é que provocam o

resultado.

a) ______________________________________________

b) ______________________________________________

c) _______________________________________________

Podem ser absolutamente ou relativamente independentes.

O agente só responde pelo resultado nas concausas preexistes e concomitantes

relativamente independentes.

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4. TIPICIDADE = ESTUDA-SE O “TIPO PENAL”

ESTRUTURA DO TIPO:

A) _________________________________________

B) __________________________________________

Estruturas:

AS ELEMENTARES DO TIPO:

- Elemento objetivo do tipo:_________________________________________________________________

- Elemento Subjetivo do Tipo: _________________________________________________________________

- Objetividade Jurídica: Objeto Jurídico: ______________________________________________________

Objeto material: _____________________________________________________

- Sujeitos: Ativo:__________________________________________________________________

Passivo:_________________________________________________________________

Classificação Doutrinária: ________________________________________________________________

_________________________________________________________________

As CIRCUNSTÂNCIAS DO TIPO: Podem ser Judiciais e Legais

a) CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS: (art. 59 CP)

Quantas são? ___________________________________________________

Quais são elas? _________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

Como vão incidir na pena? ________________________________________________________________

LEIlei LEI NORMA CRIME FATO

TÍPICO

TIPO

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b) CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS:

* ESPECÍFICAS:

a)________________________________________________________________________________________

b)________________________________________________________________________________________

c)________________________________________________________________________________________

* GENÉRICAS:

a)___________________________________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________________________________

c) __________________________________________________________________________________________

d) ___________________________________________________________________________________________

Características: todas as circunstâncias têm características OBJETIVAS ou SUBJETIVAS: objetivas (reais) relacionam-se com o crime (modos e meios de realização, tempo, lugar, ocasião, ...) (em regra, são comunicáveis aos demais agentes) subjetivas (pessoais): relacionam-se com o criminoso (obs.: circunstâncias preponderantes: subjetivas) (são circunstâncias incomunicáveis) Exemplos:

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Analisando as normas penais abaixo, verifica-se algumas espécies de Circunstâncias: Art. 27. Os menores de 18 anos (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Circunstâncias agravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa (...); d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo (...); e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage ou induz outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. Circunstâncias atenuantes Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES Quanto ao agente: Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma qualidade á pessoa do agente Próprios ou especiais: indicam uma condição especial do sujeito ativo (ordem jurídica, natural ou de parentesco) Unissubjetivos (unilaterais, monossubjetivo): praticados por uma só pessoa (*co-autoria/participação); Plurissubjetivos: (crimes de concurso necessário) sua conceituação típica exige dois ou mais agentes; Crimes de dupla subjetividade passiva: determinam mais de um sujeito passivo. Delitos vagos: o sujeito passivo é indeterminado (sociedade, coletividade, ...) Crime Multitudinário: crime praticado por uma multidão, eventual ou espontaneamente organizada; Quanto à conduta - Comissivos: consistem na prática de um ato, ação corpórea do agente capaz de modificar uma situação; - Omissivos: crimes praticados por omissão, uma inércia do sujeito ativo. - próprios: se caracterizam pela inércia do sujeito ativo ao omitir um fato que a Lei Penal ordena ou obriga; - impróprios(comissivos por omissão): consistem em produzir, por meio de uma omissão um resultado típico; - De ação única: apenas um núcleo do tipo; - De ação múltipla ou de Conteúdo variado: várias modalidades de ação; (tipo misto alternativo e cumulativo) Tipo misto alternativo: uma ou outra conduta já caracteriza o crime (não altera a pena) Tipo misto cumulativo: uma ou outra conduta configuram o crime mas se o agente realiza todas as condutas, a pena deverá ser cumulativa) Quanto ao fracionamento da conduta (Tentativa) - Unissubsistentes: a conduta é una, indivisível; conduta e resultado são, ao mesmo tempo, a consumação do crime - Plurisssubsistentes: admitem o fracionamento da conduta, separada do resultado. Quanto ao momento consumativo: -Instantâneos: são aqueles em que a consumação é constatada em um só instante; - Permanentes: aqueles em que o momento consumativo se protrai no tempo; Quanto ao Resultado - Materiais: crimes de resultado; o tipo descreve a conduta e o resultado, exigindo sua produção para a consumação; - Formais: o tipo menciona o comportamento e o resultado, mas não exige a sua produção para a consumação; Quanto ao bem jurídico: - Crimes Uniofensivos e Pluriofensivos: ofendem a um ou mais de um bem jurídico tutelado pela lei; - De dano: crimes que se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico previsto no tipo penal; - De perigo: se consumam com a possibilidade do dano ao bem jurídico; Outras Categorias: - Crimes Acessórios: para se configurarem implicam na constatação de outro crime que anteceder - Crimes Subsidiários: só se configuram se o fato não constituir crime mais grave ou elemento de outro crime; (explícita; tácita) - Crime vinculado: o tipo penal define a conduta e a forma de execução desta; o contrário é o crime de forma livre - Crimes conexos: guardam entre si um nexo, estabelecendo-se uma sequência ou consequência entre eles; - Conexão ideológica (teleológica): o agente pratica um crime para assegurar a execução de outro; - Conexão consequencial ou causal: para assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro. - Conexão ocasional: quando um crime é cometido por ocasião da prática de outro;

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O ERRO em matéria penal

ESPÉCIES: __________________________ E __________________________ 1) Erro de Tipo: recai na tipicidade (Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime

exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.) Pode ser:

a) Essencial (recai no próprio tipo, na conduta; é a falsa percepção da realidade) Inevitável (escusável, invencível) = exclui o dolo e a culpa; Evitável (inescusável, vencível) = exclui o dolo mas não exclui a culpa

b) Acidental (recai na execução da conduta); - não exclui o dolo nem a culpa Pode ser: Erro sobre o objeto (error in objeto) Erro sobre a pessoa (error in persona) (art. 20, §3°) Erro na execução (aberratio ictus) (art. 73) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) (art. 74)

Para melhor compreensão, os exemplos serão dados no crime de homicídio mas, sendo “o erro” um instituto da parte geral, é aplicável a qualquer crime. Erro de Tipo Acidental:

Ex.: Quer matar Pedro, seu inimigo; mata o próprio pai. _______________________________________

_____________________________________________________________________________________

Quer matar o irmão e fere outra pessoa. _______________________________________________

____________________________________________________________________________________ 2) Erro de Proibição: recai na ilicitude do fato; o agente não sabe que está praticando uma conduta proibida; o agente supõe, por erro, que inexiste a regra de proibição (art. 20, §2° e 21).

Se inevitável: exclui a culpabilidade Se evitável: reduz a pena

“Para falar ao mundo, fale de sua aldeia” (Dostoievski).

ESPÉCIES DE ERRO CONSEQUÊNCIA

DE TIPO

Essencial

Inevitável (escusável, invencível) Exclui o dolo e a culpa

Evitável (inescusável, vencível) Exclui o dolo Não exclui a culpa

Acidental

Objeto Pessoa Execução Resultado diverso

Não exclui o dolo

DE PROIBIÇÃO

Inevitável (escusável, invencível Exclui a culpabilidade

Evitável (inescusável, vencível) Reduz a pena

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O ERRO no Código Penal Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Erro determinado por terceiro § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a pessoa § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a ilicitude do fato Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Lei nº 7.209/1984) Espécies de erro de TIPO => ERRO DE TIPO ESSENCIAL: é o que recai sobre os elementos do tipo (o fato constitutivo do crime) Pode ser: a) Inevitável (escusável, invencível) = Não há DOLO b) Evitável ( inescusável, vencível) = Não há DOLO, pode haver CULPA; => ERRO DE TIPO ACIDENTAL: é o que incide sobre dados acidentais do delito ou sobre a sua execução; O sujeito age com consciência do fato, enganando-se a respeito de um dado não essencial ao delito ou quanto a maneira de sua execução. O erro acidental NÃO EXCLUI O DOLO Espécies de Erro de Tipo Acidental a) Erro quanto ao objeto = (objeto: pessoa ou coisa sobre a qual incide a conduta do agente; neste caso, se restringe à coisa) = engano sobre o objeto material do crime. O erro é irrelevante.; b) Erro quanto à pessoa (error in persona) = art. 20, § 3º = erro do agente atingindo pessoa diversa da pretendida; O agente pensa ser uma pessoa e é outra; NÃO EXCLUI O CRIME; Para agravar a pena ou qualificar o delito: leva-se em consideração a vítima virtual (pretendida) e não a vítima efetiva (ofendida) c) Erro na execução (aberrratio ictus) = art. 73 (aberração no ataque, desvio do golpe) Erro do agente, acertando uma pessoa que estava ao lado daquela; “a persona in personam” A pessoa visada = corre perigo de dano; Analisa-se a vítima virtual; d) Erro na execução (Aberratio delicti, Aberratio criminis) (desvio do crime) = o agente quer atingir um bem jurídico e atinge outro, de espécie diversa; “a persona in rem” ou “a re in personam” *ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO (art. 20, § 2º) ERRO DE PROIBIÇÃO - Erro que incide sobre a ilicitude do fato; O DOLO subsiste Se o ERRO é ESCUSÁVEL = exclui a culpabilidade Se o ERRO é INESCUSÁVEL = reduz a pena de 1/6 a 1/3

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CONCURSO DE PESSOAS

Ocorre quando várias pessoas praticam o mesmo crime ou concorrem para que ocorra o crime.

Integrantes do concurso de pessoas: __________________________________________________________

Teoria:__________________________________________________________________________________

Consequências:

Art. 29: _________________________________________________________________________________

Art. 29: _________________________________________________________________________________

Art. 62:_________________________________________________________________________________

CONCURSO DE PESSOAS (Co-delinquência, concurso de agentes ou concurso de delinqüentes) Espécies: a) Concurso necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o concurso de pelo menos duas pessoas. A co-autoria é obrigatória, podendo haver ou não a participação de terceiros. - Condutas paralelas: atividade de todos tem o mesmo objetivo; - Condutas convergentes (bilaterais ou de encontro): exigem o concurso de duas pessoas, mesmo que uma não seja culpável; - Condutas divergentes- as ações são dirigidas uns contra os outros; b) Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um ou mais agentes. A definição legal não exige a participação de mais de um agente; quando cometidos por duas ou mais pessoas em concurso, haverá co-autoria ou participação. Autoria: Teoria restritiva: adota o critério formal-objetivo. Autor é apenas aquele que realiza a conduta principal descrita no tipo, ou seja, somente quem pratica o verbo ou núcleo constante do tipo legal; Teoria extensiva: segue o critério material-objetivo. Autor não é apenas aquele que realiza o núcleo do tipo, mas também quem concorre de qualquer modo para o crime. Tal teoria não faz distinção entre autor e partícipe. Não prevalece no Direito pátrio. Teoria do domínio do fato: partindo da teoria restritiva, adota um critério objetivo-subjetivo, segundo o qual autor é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a realização delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. Para esta teoria, o mandante, embora não realize o núcleo da ação típica, deve ser considerado autor (autor intelectual de um crime). Teoria adotada pelo Código: segundo o doutrina dominante, o Código Penal adotou a teoria restritiva; Autor é só aquele que realiza a conduta principal contida no núcleo do tipo. Todo aquele que, sem realizar conduta típica, concorrer para a sua realização não será considerado autor, mas partícipe. Autoria mediata: aquele que se serve de pessoa sem condições de discernimento para realizar por ele a conduta típica; Autor intelectual: deverá responder como coautor. Autoria colateral: mais de um agente realiza a conduta, sem que exista liame subjetivo entre eles; Autoria incerta: quando, na autoria colateral, não se sabe quem foi o causador do resultado; Autoria desconhecida (ignorada): não se consegue apurar quem foi o realizador da conduta;

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Distinções: Co-autoria: todos os agentes, em colaboração recíproca e visando ao mesmo fim, realizam a conduta principal. Quando dois ou mais agentes, conjuntamente, realizam o verbo do tipo. Participação: partícipe é quem concorre para que o autor ou coautores realizem a conduta principal, ou seja, todo aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a produção do resultado. Dois aspectos definem a participação: a vontade de cooperar com a conduta principal, mesmo que a produção do resultado fique na inteira dependência do autor; e a cooperação efetiva, mediante uma atuação concreta acessória da principal. De acordo com o Código Penal, autor é aquele que realiza a ação nuclear do tipo (verbo), enquanto partícipe é quem, sem realizar o núcleo do tipo, concorre de alguma maneira para a produção do resultado. Teoria adotada quanto à natureza jurídica: Teoria unitária ou monista (art. 29). Exceção: (art. 29, § 2º).

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

A teoria do domínio do fato é abarcada pelo ordenamento jurídico brasileiro, estando sendo acolhida pela jurisprudência dos Tribunais Superiores. No contexto da sociedade contemporânea, do ponto de vista estatístico, observa-se o crescimento dos crimes realizados por organizações criminosas, tais como: tráficos de armas e de drogas, lavagem de dinheiro, crimes praticados contra a administração pública, dentre outros. Este tipo de criminalidade está diretamente vinculada há diversos fatores, como, por exemplo, a facilidade de enriquecimento de maneira rápida, acessibilidade de informações e a enorme impunidade. As organizações criminosas são chefiadas por sujeitos que possuem o poder de decisão dentro desses grupos, os quais possuem uma determinada hierarquia, estabelecem as ordens a serem realizadas por seus subordinados e, consequentemente, detém todo o controle das ações praticadas, dentro dessas empresas ou organizações criminosas. Dessa maneira, justa é a aplicação da teoria do domínio do fato uma vez que pune devidamente aquele que não pratica o verbo núcleo do tipo penal, mas detém total controle do resultado final da conduta delitiva, não sendo considerado como simples partícipe, mas sim como executor do crime, possuindo a mesma periculosidade. Referida teoria considera a separação de atividades, abrangendo a coautoria, posto que o autor não precisa necessariamente realizar toda a conduta criminosa, basta realizá-la de forma parcial, tendo todo o domínio da consumação do crime. Assim, o ordenamento jurídico brasileiro acolhe a teoria do domínio do fato quando atribui sanções mais severas ao agente que possui o domínio do fato, dado que a sua conduta é socialmente mais danosa, denotando pertinente a aplicação de sanção mais rigorosa. Autor é aquele que pratica a conduta determinada no núcleo do tipo penal; o sujeito que chefia a quadrilha; o agente que realiza o planejamento da atividade delitiva ou, ainda, a pessoa que mesmo não realizando os atos de execução do crime exerce o domínio do fato. Em resumo, a teoria do domínio do fato amplia o conceito de autor, possibilitando uma punição mais adequada ao caso concreto, evitando-se a tão propalada e malfadada impunidade.

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CONCURSO DE CRIMES: Ocorre quando há vários crimes, mediante uma ou várias condutas

(ação/omissão)

ESPÉCIES: CONDUTA RESULTADO PENA

(Art.: 69)

Crimes iguais: homogêneo

Crimes Diferentes: heterogêneo

(Art.: 70)

Crimes iguais: homogêneo

Crimes Diferentes: heterogêneo

__________________

(Art.: 71)

Vários crimes da mesma espécie.

Concurso material - Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

Concurso formal - Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Crime continuado - Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

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RESUMO Em cada tipo penal, serão analisados: 1. FATO TÍPICO Conduta

Resultado Nexo de causalidade Tipicidade

TIPICIDADE: TIPO PENAL Elementares

Elemento objetivo:

Elemento subjetivo:

Objeto jurídico:

Objeto material:

Sujeitos:

Classificação doutrinária:

Circunstâncias Específicas:

- Objetivas - Subjetivas -

Circunstâncias Genéricas:

- Objetivas - Subjetivas - -

2. ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE:

CAUSAS

DESCRIMINANTES

-

-

-

-

3. CULPABILIDADE:

CAUSAS DIRIMENTES

-

-

-

4. PUNIBILIDADE

- É considerado pela legislação penal crime de menor potencial ofensivo? - É cabível a aplicação de pena alternativa? Causas de extinção: - -

ERRO - - -

CONCURSO DE CRIMES

- - -

CONCURSO DE PESSOAS - -

- AÇÃO PENAL Pública Incondicionada:

Pública Condicionada: Privada:

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ILICITUDE (ou antijuridicidade) - A antijuridicidade é um dos requisitos do crime, juntamente com o fato típico. Não basta, para a ocorrência do crime, que o fato seja típico. É necessário que seja antijurídico; antijuridicidade ou ilicitude é o juízo de valor (reprovabilidade, contrariedade) que recai sobre o fato típico. - O fato típico já carrega em si uma aparente antijuridicidade. Todo fato típico é, em regra, antijurídico. Há indícios de antijuridicidade na tipicidade do fato. - O fato típico somente não será ilícito, havendo as causas excludentes de antijuridicidade, também chamadas de causas de exclusão da ilicitude, causas de justificação (ou justificativas), tipos penais permissivos, causas eximentes ou causas descriminantes. - São elas: a) o estado de necessidade; b) a legítima defesa c) o estrito cumprimento do dever legal, e d) o exercício regular de um direito -Estado de necessidade: bem jurídico x bem jurídico (situação de risco, perigo) -Legítima Defesa: reação X agressão (Agressão injusta, atual ou iminente, direito próprio ou de terceiro, repulsa com meios necessários, uso moderados dos meios, conhecimento da situação justificante); Diferenças:

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA

Ocorre uma ação Ocorre uma reação

Ocorre um conflito de interesses jurídicos

Ocorre um ataque a um bem jurídico tutelado

Situação de perigo (emergência) Agressão injusta

Situação criada pelo homem, por um irracional ou força da natureza

A situação deve ter sido provocada somente pela força humana

Ação do agente pode ser dirigida a qualquer pessoa

Repulsa é dirigida contra o agressor

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: Entende-se no cumprimento do dever legal que, atuando nos limites estritos da norma, de caráter geral, realiza uma conduta típica que lhe é imposta como obrigação indeclinável em razão de sua condição pessoal. Exemplos: - oficial de justiça que ingressa em imóvel para executar despejo forçado. - advogado que se recusa a revelar segredo profissional de seu cliente, quando intimado pela autoridade judiciária - policial que prende em cumprimento de ordem judicial. - policial que se vê obrigado a empregar força física para garantir a ordem pública. -EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: É o uso da faculdade conferida a alguém de realizar, sem excessos, uma conduta que, via de regra, é penalmente proibida. É a permissão concedida para executar, em condições de excepcional licitude, uma conduta vedada pela norma jurídico-penal, desde que se o faça de forma regular e não abusiva. Exemplos: - particular (qualquer do povo) que prende ladrão em flagrante. - Violência praticada em determinados esportes. CULPABILIDADE: juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena. Teorias da CULPABILIDADE: - Teoria Psicológia (1900) Von Liszt e Beling: - Analisavam o dolo e a culpa como componentes subjetivos do crime e pressupostos da culpabilidade; - culpabilidade é a relação psíquica do agente com o fato, na forma de dolo ou de culpa.

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- Teoria Normativa (1907) – Reinhard Frank Acrescentou na culpabilidade, além do dolo e da culpa, a exigibilidade de conduta diversa; Há ainda a teoria Psicológico-normativa, pela qual o dolo e a culpa não são espécies da culpabilidade, mas apenas elementos integrantes desta; Há ainda a Teoria Psicológico-Normativa, pela qual passou-se a defender que a culpabilidade não é só um liame psicológico entre autor e fato, mas um juízo de reprovação a repeito de um comportamento doloso ou culposo. - Teoria Normativa Pura (1930) Hans Welzel - Para a teoria Normativa pura culpabilidade é o juízo de censurabilidade que incide sobre alguém que, sendo imputável e tendo a possibilidade de conhecer a ilicitude do fato, realiza uma conduta típica, dolosa ou culposa e antijurídica, quando podia e devia, face à normalidade das condições em que atuou, conduzir-se da forma que lhe era exigível nas circunstâncias. (O dolo e a culpa migram da culpabilidade para a conduta (mero juízo de reprovação do autor da infração); Oriunda da teoria finalista da ação; Dolo e culpa integram a conduta; culpabilidade é puramente valorativa ou normativa;

Teoria psicológica Culpabilidade é construída com base no dolo e na culpa

Teoria psicológico-normativa

Culpabilidade passou a ser estruturada nos seguintes elementos: - imputabilidade - elemento psicológico-normativo(dolo e culpa) - exigibilidade de conduta diversa

Teoria normativa pura Culpabilidade passou a ter os seguintes elementos: - imputabilidade - possibilidade de conhecimento do injusto - exigibilidade de conduta diversa

Código Penal: a reforma de 1984 adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade (ramo da 3ª Teoria, ao lado da teoria extremada); Esta teoria é afinada com a anterior; apenas discorda da teoria anterior no caso das descriminantes putativas (para a teoria normativa pura, nas descriminantes putativas subsiste o dolo, absolvendo-se o agente no caso de ser inevitável a ignorância da ilicitude). Dolo e culpa são elementos do fato típico e não da culpabilidade, que tem três elementos: - a) imputabilidade - b) potencial consciência da ilicitude - c) exigibilidade de conduta diversa IMPUTABILIDADE: é o conjunto de condições pessoais que o indivíduo possui e que o coloca em situação de entender o caráter ilícito do fato por ele praticado. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: O agente deve ter cometido o fato com possibilidade de conhecer sobre seu caráter ilícito. Não se exige do agente o conhecimento pleno de que sua conduta seja contrária à norma jurídica, mas exige-se que, pelo menos, tenha possibilidade de conhecer, de acordo com as circunstâncias do momento. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: Quando o agente, devendo e podendo agir de maneira conforme ao ordenamento jurídico, realiza conduta diferente, que constitui o delito. Deve-se observar se o agente, nas circunstâncias do fato, devia ter conduta diferente daquele que apresentou. Em conseqüência, se não era exigível conduta diferente, então o sujeito adotou a conduta que devia praticar, ficando, assim, afastada a culpabilidade.

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O Código Penal não se refere aos requisitos da culpabilidade; apenas descreve as excludentes, chamadas pela doutrina de causas dirimentes (art. 26 e seguintes): a) Inimputabilidade - Menoridade (art. 26) - Doença mental (art. 26) - Embriaguez fortuita completa (art. 28, II) b) Ausência de Potencial conhecimento da ilicitude - Erro de proibição inevitável (art. 21) - Descriminantes putativas (art. 20, § 1º) c) Inexigibilidade de conduta diversa - coação moral irresistível (art. 22) - obediência hierárquica (art. 22) Inimputáveis Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Critérios ou Sistemas para definir os estados de inimputabilidade: Biológico, Psicológico e Biopsicológico (adotado no CP: biopsicológico) Menores de dezoito anos Art. 27. Os menores de 18 anos (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Redução de pena Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Doença Mental: epilepsia, esquizofrenia,senilidade, paranóia, neurose, surdo-mudez, psicose maníaco-depressiva, hipnotismo, sonambulismo. Desenvolvimento mental incompleto: menores de 18 anos e silvícolas não adaptados à civilização. Desenvolvimento mental retardado: ausência de maturidade psíquica: oligofrênicos (idiotas, imbecis e débeis mentais) e surdos-mudos.

Inimputabilidade: inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com a compreensão em torno do caráter ilícito do fato

exclusão da culpabilidade.

Semi-imputabilidade: quando o agente não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento

redução de pena.

Sistema Vicariante:

- Pena: imputáveis

- Medida de Segurança: inimputáveis

Sistema duplo binário:

- Pena e

Medida de Segurança

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Emoção e Paixão: não excluem a culpabilidade Emoção: sentimento abrupto e repentino; estado de ânimo ou consciência que pode produzir violenta e transitória perturbação do equilíbrio psíquico. Paixão: sentimento duradouro e profundo; estado emocional mais intenso e permanente que se traduz em profunda crise psicológica que atinge a integridade do espírito e do corpo (ódio, amor, vingança, inveja, ambição, avareza); é a emoção em estado crônico (ira momentânea: emoção; ódio recalcado, ciúme como possessão doentia, inveja em estado crônico: paixão). EMBRIAGUEZ -Voluntária: intencional ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito análogo (maconha, cocaína), não excluem a imputabilidade. Patológica: pode excluir a imputabilidade ou reduzir a pena; - Preordenada: embriaguez deliberadamente provocada. Actio Libera In Causa: quando alguém, em estado de inimputabilidade, é causador de alguma resultado punível, tendo se colocado naquele estado propositadamente. É circunstância agravante da pena. EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL (Voluntária, Culposa, Habitual, Preordenada: não exclui a imputabilidade; Patológica: exclui a imputabilidade ou diminui a pena). EMBRIAGUEZ ACIDENTAL : Completa: exclui a imputabilidade; ocorre por caso fortuito ou força maior. AUSÊNCIA DE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: refere-se à capacidade específica do agente de, em um momento determinado, consideradas as circunstâncias em que atuou, deixar-se motivar pela vontade da ordem jurídica. Só se pode reprovar, ao agente, a prática de um fato típico e ilícito quando ele o realizou com conhecimento atual ou potencial da ilicitude. As excludentes de culpabilidade por ausência de potencial consciência da ilicitude: Erro de Proibição inevitável e as descriminantes putativas. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: só é culpável se na circunstância em que atuou se exigisse uma conduta diversa da que o agente praticou; Pode ser excluída em dois casos: coação moral irresistível e obediência a ordem de superior hierárquico. 1) - Coação:

física (vis absoluta): emprego de violência física (forçar a mão da vítima; retira a voluntariedade da ação)

moral (vis relativa): emprego de grave ameaça; Pode ser: - irresistível (não poderia ser vencida; o agente conserva sua liberdade de ação sob o aspecto físico mas fica vinculado em face da ameaça / coator e o coagido) - resistível (pode ser vencida – culpável – art. 65, III, c) 2) Obediência hierárquica: funcionário que recebe ordem superior (estrito cumprimento do dever legal) - ordem manifestamente ilegal: (ilegalidade perceptível - ordem formal e substancialmente contrária à lei) ambos respondem. - ordem não manifestamente ilegal (ilegalidade imperceptível - formalmente é legal mas substancialmente é ilegal): exclui a culpabilidade do subordinado, respondendo pelo crime apenas o superior hierárquico;

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A SANÇÃO PENAL Pena: é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos. “A pena é uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, através da ação penal, ao autor de uma infração (penal),

como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico e cujo fim é evitar novos

delitos” (Sebastian Soler).

Princípios: Legalidade e anterioridade - CF,art.5º, II(ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei), XXXIX (não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal) e XL (a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu). CP,arts.1º e 2º. Humanidade - CF,art.1º,III (A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos (...) a dignidade da pessoa humana). CF,art.5º, III (ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante), XLVII (não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis) e XLIX (é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral). LEP,arts.40 (Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios), 41, 88 e 104. Pessoalidade e individualização - CF,art.5º, XLV (nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido) e XLVI (a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos). CP,art.59. LEP,arts.45,§3º e 112). Proporcionalidade (proibição de excesso) - CF,art.5º, caput (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes) e LIV (ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal). CP,art.59. Proibição de dupla proibição (ne bis in idem) Jurisdicionalidade - CF,art.5º, XXXVII (não haverá juízo ou tribunal de exceção), LIII (ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente), LIV (ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal) e LV (aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes). CP,arts.59 e 68. LEP,arts.65 e 66. Igualdade e ressocialização - CP,art.38 (O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral). Funções da Pena: Prevenção Geral: ________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

Prevenção

Especial:_______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

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CONTEXTO HISTÓRICO “É possível que a meditação da história nos torne mais conscientes das razões concretas da atividade jurídica, de maneira que as necessárias estruturas e processos formais, garantidores da justiça, não se convertam em rígidos entraves à atualização espontânea dos fins que compõem a constante ética do Direito.” (Miguel Reale, Horizontes do Direito e da História).“ “Não basta narrar a história, é preciso faze-la. Não basta explicar o universo, é preciso construí-lo, tecê-lo dia a dia.” (J. Arduini)

1700 aC. - CÓDIGO DE HAMURABI (rei da Babilônia – Lei de Talião)

1300 aC. - OS “X MANDAMENTOS” (profeta Moisés => Bíblia)

1280 a 888 aC.– LEIS DE MANU (base: Sistema de castas na Índia)

621 aC. - LEIS DE DRÁCON (grego => Código jurídico para Atenas)

450 aC. - AS XII TÁBUAS (base do Direito Romano =>Lei escrita)

350 aC. - CÓDIGO CHINÊS de LI KUI (1º Código Imperial Chinês)

529 - CÓDIGO DE JUSTINIANO (imperador bizantino Justiniano)

604 - CONST. em 17 arts.-JAPÃO (essência do “direito oriental”:prevenir)

653 - CÓDIGO T’ ANG (501 arts. de crimes/sanções; formas de processo)

1100 - 1ª ESCOLA DE DIREITO (jurista italiano Irnerius, Bolonha)

1215 - CARTA MAGNA (João sem Terra) (1º esboço common law inglesa)

1776 – DECL. IND. NORTE-AMERICANA (teoria medieval direito/poder)

1804 – CÓDIGO DE NAPOLEÃO (Revolução Francesa; inspirou os Códigos Civis: Quebec (1865),

Alemanha (1900),Suíça (1907)

1864 – CONVENÇÃO DE GENEBRA (garantir um mínimo de respeito aos direitos do homem)

1945/46 – PROCESSOS DOS CRIMES DE GUERRA EM NUREMBERG (julgamento de chefes nazistas –

crimes contra a paz, contra a humanidade e crimes de guerra)

1948 - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM (ONU) (civis, políticos, econômicos, sociais,

culturais) DIREITO PENAL – EVOLUÇÃO HISTÓRICA PERÍODO DA VINGANÇA Início: tempos primitivos (inexistência de sistema orgânico de princípios gerais) até séc.XVIII Fase da Vingança Divina: “A repressão ao crime é satisfação dos deuses” Crime (crimen: atentado contra os deuses, divindade; religião confundia-se com o direito; Pena: meio de aplacar a cólera divina; “vis corpolis”: meio de intimidação (cruéis): sanção aplicada pelos sacerdotes, como mandatários dos deuses; (pena com índole sacra) Legislação: Cód. de Manu (Índia), Cinco Livros (Egito); Avesta (Pérsia), Babilônia, Israel; Fase da Vingança Privada: “Olho por olho, dente por dente” (reação natural da vítima e do grupo social) Inexistência de limite (falta de proporcionalidade no revide à agressão); Crimes: agressão violenta de uma tribo contra a outra / Pena: vingança de sangue; Mais tarde: talião (limite da abrangência da ação punitiva) e composição (compra da liberdade) Legislação: Cód. de Hamurabi (Babilônia), Pentateuco (Hebreus); Fase da Vingança Pública: “Crimes ao Estado, à sociedade” (desenvolvimento do poder político) (I. Média)

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Crime: transgressão da ordem jurídica estabelecida pelo Poder do Estado; delitos públicos e privados. Pena: sanção imposta em nome de uma autoridade pública representativa da comunidade (rei, regente); Pena de morte; exílio, deportação; penas passam a ser individualizadas PERÍODO HUMANITÁRIO: “O homem deve conhecer a justiça” – Século XVIII (entre 1750 e 1850) (conflito de interesses entre os burgueses e a nobreza – surgimento do Iluminismo- Filosofia das luzes: concepção filosófica que se caracteriza por ampliar o domínio da razão a todas as áreas da experiência humana; mais que uma corrente de idéias, bem a ser uma atitude cultural e espiritual; Crime: encontrava sua razão de ser no contrato social violado; Pena: concebida como medida preventiva - Locke: pai do iluminismo (filósofo inglês, “Ensaio sobre o entendimento humano) - Montesquieu (jurista francês; “O espírito das Leis”; separação dos três poderes do Estado) - Voltaire (pensador francês; críticas ao clero, à intolerância religiosa e preponderância dos poderosos - Rousseau (filósofo francês, defensor da pequena burguesia, inspirador dos ideais da Revolução Francesa; “O Contrato Social”, “Discurso sobre a origem da desigualdade entre os Homens”) BECCARIA: Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria, aristocrata de Milão) 1764 – “Dei Delitti e Delle Pene” – símbolo da reação liberal ao desumano panorama penal vigente; PERÍODO CRIMINOLÓGICO ou CIENTÍFICO: “A justiça deve conhecer o homem” César Lombroso (1835/1909): “L’uomo Delinqüente” (estudo do delinqüente e a explicação causal do delito). Criador da Antropologia Criminal; Crime: fenômeno biológico (uso do método experimental); Afirmava a existência do criminoso nato (características físicas e morfológicas específicas (face ampla, barba escassa, assimetria craniana, vaidoso, preguiçoso); ser atávico (regressão do homem ao primitivismo - fenômeno da degeneração); criminoso semelhante ao louco moral, doente antes que culpado; deve ser tratado e não punido; ESCOLAS PENAIS: Escola de Direito Natural: entre os séc. XVI e XVIII (fase racionalista) (natureza humana como fundamento do Direito) – Hugo Grócio, Hobbes, Spinoza, Puffendorf, Wolf, Rosseau e Kant; - O contrato social e os direitos naturais inatos; formou a corrente do jusnaturalismo (direito à vida, liberdade) -Jusnaturalismo: conjunto de amplos princípios a partir dos quais o legislador deverá compor a ordem jurídica Escola Clássica: conjunto de pensadores que adotaram as teses ideológicas básicas do iluminismo (Beccaria) Iniciadores: Gian Domenico Romagnoso (Itália); Jeremias Bentham (Inglaterra); Von Feuerbach (Alemanha) Francesco Carrara: concepção do delito como ente jurídico constituído por duas forças: física (movimento corpóreo e dano causado pelo crime) e a moral (vontade livre e consciente); crime: infração da lei do Estado; Direito: preexiste ao Homem; transcendental, visto que lhe fora dado pelo criador, para cumprir seus destinos) Escola Correcionalista: Carlos Roeder (pena indeterminada; remédio para reformar a vontade do delinqüente) Escola Positiva: surge numa época de franco domínio do pensamento positivista no campo da filosofia (Augusto Comte) e das teorias evolucionistas de Darwin e Lamark, das idéias de John Stuart e Spender; Direito: resultado da vida em sociedade e sujeito a variações no tempo e espaço, consoante a lei da evolução. Vultos fundadores: além de Lombroso: Enrico Ferri (“Sociologia Criminal” – dividiu os criminosos em cinco categorias: nato, louco, habitual, ocasional, passional; dividiu as paixões em sociais (amor, piedade, nacionalismo) e anti-sociais (ódio, inveja); Rafael Garófalo (“Criminologia” – estudo das ciências penais sobre o delito, o delinqüente e a pena)

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* Clássica: delito é ente jurídico; método dedutivo; vontade livre; não estuda o delinquente; pena é retribuição * Positiva: delito é fato humano; método indutivo; determinismo; delinquente é principal estudo; pena defensiva Terceira Escola: finalidade conciliadora; princípio da responsabilidade (imputáveis/inimputáveis) Outras Tendências: Esc. Sociológica Francesa (Tarde, Lacassagne); Esc. da Política Criminal (Liszt); Esc. Humanista (Vicente Lanza); Esc. do Idealismo Ativista (Maggiore); Esc. Técnico-Jurídica (Rocco, Manzini); DIREITO PENAL NO BRASIL: Período Pré-Colonial: (Aborígene) caráter nômade; regras consuetudinárias (tabus); vingança privada; Período - Brasil Colonial: Ordenações Afonsinas (1446 até 1512), sob o reinado de D. Afonso V; (ao tempo do descobrimento/ Portugal) Ordenações Manuelinas (até 1569) Rei D. Manuel I; vigoraram na época das capitanias hereditárias; Ordenações Filipinas (1603), Filipe II (Lei penal no Brasil: Livro V das Ord. Filipinas – 1º Cód. Penal) Crime: confundido com pecado e ofensa moral, punindo-se severamente os hereges, apóstatas, feiticeiros; Penas: severas e cruéis (morte com torturas e fogo, açoites, degredo, mutilação, queimaduras, confisco, galés; temor pelo castigo; não eram fixadas antecipadamente; desiguais e aplicadas com extrema perversidade; Código Filipino regeu o Brasil por mais de 2 séc. (1603/1830); Ratificado:1643 -D. João IV - 1823 Brasil Império: Proclamada a independência, a Const. 1824 previa a elaboração da legislação penal; 16 de dezembro de 1830 – D. Pedro I sancionava o Código Criminal do Império (1º código autônomo da América Latina) – princípio da legalidade; regras sobre tentativa; agravantes, atenuantes, pena individualizada Cód. Processo (1832–espírito liberal); Lei 2033 – definiu crimes culposos, estelionato) Pena: morte (escravos) Brasil República: Código Penal de 1890 – defeitos de técnica; mal redigido, com erros e lacunas; alvo de severas críticas; Aboliu-se a pena de morte e instalou-se o regime penitenciário; Sofreu várias reformas até a Consolidação das Leis Penais (1932 – Vicente Piragibe) CÓDIGO PENAL ATUAL E SUAS REFORMAS: (1937 – Alcântara Machado apresentou um projeto de Código Criminal Brasileiro, sendo sancionado, por decreto de 1940, como Código Penal, vigorando em 1942) Comissão revisora: Nelson Hungria, Vieira Braga, Marcélio de Queiroz e Roberto Lyra. A partir daí => várias tentativas de reformas (1969-promulgado, 1973, 1978), nunca chegaram a vigorar; REFORMA: 1984 – Francisco de Assis Toledo, Miguel Reale Júnior, René Ariel Doti; Inovações: - sistema Vicariante (substituindo o sist. Duplo Binário; exclusão da presunção de periculosidade); - extinção das penas principais e acessórias e criação das penas alternativas (restritivas de direito); - reformulação do capítulo referente ao concurso de agentes (participantes do crime) - criação da multa reparatória - reformulação do instituto do erro (erro de tipo e erro de proibição) - norma especial referente aos crimes qualificados pelo resultado

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TENDÊNCIAS DO DIREITO PENAL: Princípio da Intervenção Mínima: o ordenamento positivo deve ter como excepcional a previsão de sanções penais e não se apresentar como um instrumento de satisfação de situações contingentes e particulares, muitas vezes servindo apenas a interesses políticos do momento para aplacar o clamor público exacerbado pela propaganda. Direito Penal Mínimo: redução da interferência estatal no seu papel da persecução penal; o Direito Penal assume tarefa limitada às questões de maior agressividade, restringindo a atuação estatal aos bens juridicamente tutelados que causarem ofensas supraindividuais, permitindo-se aos particulares o livre arbítrio de invocarem a reparação de seus direitos, na órbita de outro ordenamento jurídico (civil, administrativo, etc). Princípio da Insignificância ou da bagatela: sendo o crime uma ofensa a um interesse dirigido a um bem jurídico relevante, preocupa-se a doutrina em estabelecer um princípio para excluir do direito penal certas lesões insignificantes, levando-se em consideração o desvalor do dano, da conduta e da culpabilidade. O nível da lesão ao bem jurídico ou do perigo concreto verificado é ínfimo.

Classificação das Penas

Corporais

Atingem a própria integridade física do criminoso. Privativas de liberdade

Limitação do poder de locomoção através do recolhimento à prisão. Restritivas de liberdade

Limitam parte do poder de locomoção sem o recolhimento à prisão. Pecuniárias Acarretam diminuição do patrimônio do condenado ou o absorvem totalmente. Privativas e restritivas de direitos

Retiram ou diminuem direitos dos condenados (prestação pecuniária, perda de bens e valores,

prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporárias de direitos e

limitação de fim de semana).

Sistemas penitenciários

Origem Mosteiros da Idade Média;

Primeira prisão: House of Correction (Londres, 1550 e 1552).

Revolução do tratamento penal nas prisões The state of prison in England and Walles (1776, John Howard); Dos delitos e das penas (1764, Beccaria); Teoria das penas e das recompensas (1818, Jeremias Bentham).

Sistemas penitenciários Filadélfia Isolamento celular absoluto;

De Auburn Manutenção do isolamento noturno, mas com trabalho, primeiramente na cela, posteriormente em

comum. Exigência de absoluto silêncio entre os condenados.

Progressivo Consideração acerca do comportamento e aproveitamento do preso (boa conduta e trabalho); Estágios:

recolhimento celular contínuo; isolamento noturno, com trabalho e ensino durante o dia; semiliberdade,

trabalha fora do presídio e recolhe-se à noite; livramento condicional).

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PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Espécies: 1. Reclusão: Iniciará a ser cumprida em um de três regimes prisionais: a) Regime Fechado (condenações superiores a 8 anos) b) Regime Semiaberto (condenações superiores a 4 anos e inferiores ou iguais a 8 anos,

condicionado à não reincidência e critérios do art. 59 CP) c) Regime Aberto (condenações iguais ou inferiores a 4 anos, condicionado à não reincidência e

critérios do art. 59 CP) * Súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes

condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. 2. Detenção: Iniciará a ser cumprida em um de dois regimes prisionais (nunca no fechado,

ressalvada hipótese de regressão de regime): a) Semiaberto: (condenações superiores a 4 anos) b) Aberto: (condenações iguais ou inferiores a 4 anos)

* O que distingue a Reclusão da Detenção?

Maior gravidade dos crimes punidos com Reclusão;

Na hipótese de cumulação de penas, aplica-se primeiro a reclusão;

O efeito extrapenal da condenação da inabilitação para exercício do poder familiar (art. 92, II) só é aplicável na reclusão;

Nas medidas de segurança, a lei lança mão das espécies de pena para fixação de tratamento ambulatorial (detenção) ou internação (reclusão);

A interceptação telefônica só é deferida em investigações pela prática de crimes punidos com reclusão.

FASES DA PENA:

- INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: ocorre em 3 momentos:

Cominação legal – valoração Legislativa abstrata - seleção de fatos puníveis e cominação de sanções com estabelecimento de limites e critérios de fixação da pena;

Aplicação Judicial – valoração judicial concreta

Execução - cumprimento da sanção criminal)

- APLICAÇÃO DA PENA – DOSIMETRIA – SISTEMA TRIFÁSICO

1. art. 68, CP - Três fases: 1ª) observar as circunstâncias judiciais do art. 59; (de acordo com as provas do processo) 2ª) incidir as circunstâncias legais agravantes e atenuantes (arts. 61, 62; 65 e 66, CP) 3ª) incidir as causas de aumento e de diminuição da pena.

Antes do início da dosimetria, o julgador deve identificar os limites mínimo e máximo que deverão ser considerados, ou seja, se o crime foi simples, qualificado ou privilegiado. Ex. Homicício simples – Pena, de 6 a 20 anos; homicídio qualificado – Pena, de 12 a 30 anos; homicídio culposo – Pena, de 1 a 3 anos.

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– ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS

1ª FASE - Art. 59, CP: CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS: a lei não define como devem ser ponderados os elementos, deixando a cargo do próprio julgador, que deverá avalia-los a partir das provas carreadas aos autos. A partir da análise dessas circunstâncias, o juiz determina a PENA BASE, ou seja, o ponto de partida para as demais fases da dosimetria.

Necessidade e suficiência para reprovação e prevenção do crime (anacronismo com relação às modernas teorias sobre as finalidades e funções da pena).

Penas previstas; dentro de limites legais; definição do regime inicial; eventual substituição por pena alternativa.

NON BIS IN IDEM – as circunstâncias que constituirem, qualificarem ou privilegiarem o crime, ou agravarem ou atenuarem a pena, não devem ser avaliados com as circunstâncias judiciais para evitar a dupla valoração de uma única circunstância. Súmula 241, STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial. - Culpabilidade: análise da maior ou menor censurabilidade do comportamento do agente, considerando-se

a realidade concreta do fato e a maior ou menor exigibilidade de conduta diversa. Apesar do dolo integrar a

conduta (fato típico), e não a culpabilidade, fica óbvio que quanto mais intenso o dolo mais censurável é a

conduta.

- Antecedentes: fatos bons e maus praticados anteriormente pelo réu, para se auferir a maior ou menor afinidade do réu com a prática delituosa. A Constituição Federal de 1988 consagra o Princípio da Inocência, em face do que até recentemente ponderava-se a aplicabilidade da circunstância desfavorável ao condenado. Os inquéritos e ações penais em andamento não podem ser considerados como maus antecedentes. Ainda, discute-se no âmbito do STF se as condenações transitadas em julgado há mais de 5 (cinco) anos e, portanto, não mais caracterizadoras da reincidência, podem ser consideradas como maus antecedentes, sendo este o entendimento atual. Tendência de alteração da jurisprudência. - Conduta social: conjunto do comportamento do réu no meio social, família, sociedade, trabalho, bairro,

etc. A conduta social pode não ser coerente com os antecedentes.

- Personalidade: síntese das qualidades morais e sociais do indivíduo (índole, sensibilidade ético-social, eventuais desvios de caráter, de modo a identificar se o crime fora episódio acidental ou não). “É o perfil subjetivo do réu, nos aspectos moral e psicológico, pelo qual se analisa se tem ou não o caráter voltado para o crime”. (Cleber Masson) - Motivos do crime: consideração da natureza e qualidade dos motivos que propulsionaram o crime.

- Circunstâncias: defluentes do próprio fato delituoso, como forma, natureza da ação, meios empregados,

objeto, tempo, lugar, forma de execução etc.

- Conseqüências do crime: não se confundem com a conseqüência tipificadora do ilícito praticado. Diz

respeito à maior ou menor danosidade decorrente da ação delituosa, do maior ou menor alarma social, da

maior ou menor irradiação de resultados, não necessariamente típicos.

- Comportamento da vítima: comportamento que, embora não justifique o crime nem isenta o réu da pena,

deve ser considerado para minorar a censurabilidade do comportamento delituoso.

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2ª FASE: INCIDÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS AGRAVANTES E ATENUNATES Circunstâncias fixadas em lei que não integram a figura típica, mas circundam o crime; previstas nos artigos 61/62 e 65/66 do CP Quantidade do aumento ou diminuição não determinado pelo CP, ficando à discricionariedade do juiz, desde que não ultrapasse os limites mínimo e máximo cominados ao tipo legal. (sugestão de agravamento/atenuação até 1/6 da pena). Súmula 231 do STJ: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.” - Elenco de agravantes: art. 61 CP e Art. 62 do CP - Elenco das atenuantes – art. 65 e 66 do CP - Art. 67 CP: concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes: a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes. Reincidência (arts. 63/34): o Requisitos: crimes cometidos no Brasil ou exterior (art. 9º CP); Condenação definitiva; prática de novo crime o Efeitos da reincidência: agravamento da pena; impede sursis em crimes dolosos; impede início do cumprimento da pena em regime menos gravoso; aumenta prazo para concessão ou impede ou revoga o livramento condicional (crimes hediondos); aumenta/interrompe prazo da prescrição executória; revoga sursis. REINCIDÊNCIA. QUANTUM. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. ORIENTAÇÃO DA DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA. 1/6. AUMENTO, NO CASO, ESTABELECIDO NA FRAÇÃO DE 1/5 SEM A DEVIDA FUNDAMENTAÇÃO. 1. Por não haver o Código Penal estabelecido a quantidade de aumento das agravantes genéricas, a doutrina e a jurisprudência têm entendido, com certa uniformidade, que a elevação deve ser equivalente em até um sexto da pena-base. Precedentes que chancelaram a aplicação de fração superior a um sexto, vale registrar, levaram em consideração a existência de específica fundamentação lastreada nas especiais circunstâncias da causa penal. 2. No caso, o magistrado exasperou a reprimenda, em razão da reincidência, exatamente na fração de 1/5, sem, contudo, apresentar motivação concreta. Há, portanto, ilegalidade a ser sanada na segunda etapa da dosimetria. 3. Recurso ordinário provido, em parte.

3ª FASE - INCIDÊNCIA DE CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA = majorantes e minorantes - variação

conforme percentual pré determinado pelo legislador:

- Parte geral:

De diminuição: Art. 14, par. Único; (tentativa); art. 24, § 2º; (estado de necessidade); art. 26, par. Único (semi-imputabilidade); art. 28, § 2º (embriaguez por caso fortuito ou força maior); art. 29, § 1º (concurso de pessoas –participação de menor importância);

De aumento: art. 60, §1º (pena de multa aumentada em até 3 vezes); art. 70, caput (aberratio ictus – concurso formal); art. 71, caput (crime continuado); art. 73, 2ª parte (erro na execução); art. 74, parte final (aberratio delicti – resultado diverso do pretendido)

- PASSO A PASSO DA DOSIMETRIA DA PENA:

Verificação da incidência de qualificadoras para determinação de limites mínimo e máximo da pena cominada abstratamente. Crimes com 2 qualificadoras: uma será valorada como tal, e a outra como agravante genérica (se for prevista), ou como circunstância judicial (non bis in idem).

1ª FASE: Definição da pena base - art. 59 CP – circunstâncias judiciais imprescindibilidade de fundamentação na análise de cada circunstância. Pena base deve ficar dentro dos limites legais cominados ao crime

2ª FASE: Definição de pena provisória: análise das circunstâncias legais agravantes e atenuantes.

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Pena provisória deve ficar dentro dos limites legais cominados ao crime. Se a pena base for calculada no mínimo, eventual atenuante deverá ser desprezada. Caso de concurso de agravantes e atenuantes: pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias.

3ª FASE: Definição da pena definitiva: análise das circunstâncias de aumento e diminuição de pena: também chamadas majorantes e minorantes. Variações proporcionais pré determinadas pelo legislador. Primeiro aplicam-se as causas de aumento, e depois as de diminuição. Havendo mais de uma causa de aumento/diminuição na parte geral, o cálculo é feito em forma de cascata - as majorações/diminuições incidirão umas sobre as outras, sucessivamente. Havendo mais de uma causa de aumento/diminuição na parte especial do CP, pode o juiz limitar-se a um só aumento/diminuição, prevalecendo a causa que mais aumenta/diminua (art. 68, par. Único). Dosimetria no concurso de crimes: as majorações incidem sobre a pena definitiva. - Somente após a definição da pena definitiva decidirá o juiz sobre o regime inicial de cumprimento da pena

privativa de liberdade, assim como sobre a possibilidade de substituição por pena alternativa ou sobre a

possibilidade de suspensão condicional da pena.

- PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS – art. 43 e seguintes do CP – Lei 9.714 - Resultado das conclusões do 8º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Delito e Tratamento do delinquente e materializadas pela Resolução 45/110 da Assembleia Geral da ONU, de 14/12/90.

SÃO SANÇÕES AUTÔNOMAS QUE SUBSTITUEM AS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE, DESDE

QUE PREENCHIDOS OS REQUISITOS LEGAIS, POR CERTAS RESTRIÇÕES OU OBRIGAÇÕES.

- CARACTERÍSTICAS: Embora sejam autônomas, têm natureza de penas substitutivas, pois não são cominadas abstratamente pelo tipo, não podendo, portanto, ser aplicadas diretamente – art. 54 CP.

No CTB (Lei nº 9.503/97) há casos de cominação abstrata e autônoma de pena restritiva de direitos: ex. art. 3021, 3032, 3063

Duração: a mesma da privativa de liberdade (art. 55 CP), ressalvada a exceção do art. 46, § 4º (pena substituída superior a 1 ano, poderá ser cumprida em menor tempo, mas nunca inferior à metade da privativa fixada).

- ESPÉCIES: A Lei 9.714/98 – Lei das penas alternativas – ampliou o rol das penas restritivas de direitos.

Prestação pecuniária

Perda de bens e valores

Prestação de serviços à entidades públicas

Prestação de serviços à comunidade

Interdição temporária de direitos

Limitação de fim de semana

- REQUISITOS PARA SUBSTITUIÇÃO – art. 44 CP, com redação da lei 9.714

Quantidade da pena: Aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4 anos, não importando a natureza do crime, se doloso ou culposo

Natureza do crime: Crimes culposos, qualquer que seja a pena (não há limite de pena aplicada); Crimes dolosos, somente quando apenados com pena não superior a 4 anos.

Execução: Crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa

1 Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas: detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 2 Praticar lesão corporal culposa.... detenção, de 6 meses a 2 anos, e suspensão ou proibição ..... 3 Conduzir veículo..... sob influência de álcool ou substância de efeito análogo ... detenção, 6 meses a 3 anos, e suspensão ou proibição ......

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Réu não reincidente específico em crime doloso – impedimento absoluto, art. 44, § 3º. Mesmo sendo reincidente em crime doloso, a substituição poderá ser feita ser for socialmente recomendável.

Prognose de suficiência da substituição: A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

- CONSEQUÊNCIAS

Condenação igual ou inferior a 1 ano: substituição por multa ou uma pena restritiva de direitos;

Condenação superior a 1 ano, até o limite de 4 anos: substituição por restritiva de Direitos + multa ou 2 restritivas (art. 44, § 2º).

Permite a substituição, e, portanto, a cumulação de penas, tanto para infrações penais culposas como dolosas, desde que a pena imposta na sentença condenatória seja > 1 ano e <ou = a 4 anos4.

- OPORTUNIDADE:

Após a fixação da pena definitiva, o juiz, verificando a quantidade da pena (não superior a 4 anos), ou a natureza do crime (culposo), constatando a presença dos requisitos legais, deve fazer a substituição (art. 59, IV) (não é uma faculdade do juiz, mas um direito público subjetivo do réu).

Durante a execução, mediante a conversão da pena (art. 180, LEP).

- CONVERSÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Conversão de restritiva de direitos em privativa de liberdade: em face de descumprimento injustificado da restrição imposta (art. 181 LEP). No cálculo da privativa de liberdade a executar, será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão (art. 44, § 4º )

Condenação posterior à substituição pela prática de outro crime, à pena privativa de liberdade: a conversão ficará a critério do juiz (art. 44, § 5º), desde que seja possível o cumprimento da substitutiva anterior.

CRIMES HEDIONDOS e EQUIPARADOS (LEI N° 8072/90) - Artigo 2o, § 1° da Lei n° 8072/90 determina o regime inicial “fechado”. Ainda, os crimes hediondos, em sua grande maioria são praticados com violência ou grave ameaça a pessoa e/ou têm pena mínima superior a 4 anos, o que, em tese, inviabilizaria a substituição. Entretanto, tratando-se de crime de tráfico de drogas (art. 33, da Lei n° 11343/2006), o STF entende ser possível a substituição quando presentes os requisitos objetivos e subjetivos (a pena varia entre 5 e 15 de reclusão, mas deve ser reduzida de 1/6 a 2/3 na hipótese de agente primário, portador de bons antecedentes e não tendo sido evidenciado dedicar a práticas criminosas, nem integrar organizações criminosas.

“As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos efeitos certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. Não é à toa que todas elas são comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é mesmo a sua natureza: constituir-se num substitutivo ao encarceramento e suas sequelas. E o fato é que a pena privativa de liberdade corporal não é a única a cumprir a função retributivo-ressocializadora ou restritivo-preventiva da sanção penal. As demais penas também são vocacionadas para esse geminado papel da retribuição-prevenção-ressocialização, e ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no caso concreto, qual o

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tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo tempo, recuperar socialmente o apenado, prevenindo comportamentos do gênero. 4. No plano dos tratados e convenções internacionais, aprovados e promulgados pelo Estado brasileiro, é conferido tratamento diferenciado ao tráfico ilícito de entorpecentes que se caracterize pelo seu menor potencial ofensivo. Tratamento diferenciado, esse, para possibilitar alternativas ao encarceramento. É o caso da Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas, incorporada ao direito interno pelo Decreto 154, de 26 de junho de 1991. Norma supralegal de hierarquia intermediária, portanto, que autoriza cada Estado soberano a adotar norma comum interna que viabilize a aplicação da pena substitutiva (a restritiva de direitos) no aludido crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 5. Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se ao Juízo da execução penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da convolação em causa, na concreta situação do paciente.5

CRIMES DECORRENTES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OU FAMILIAR CONTRA A MULHER (LEI MARIA DA PENHA) - O artigo 17 da Lei n° 11340/2006 estabelece que “é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.” Não existiria, portanto, vedação a aplicação das penas restritivas de direito aos casos de violência doméstica ou familiar contra a mulher, mas apenas as sanções de natureza exclusivamente pecuniárias. Ocorre, no entanto, que se o crime foi cometido com violência ou grave ameaça à mulher o óbice é o do artigo 44, I do CP. Assim, via de regra, não é possível a substituição:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME DE AMEAÇA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR RESTRITIVAS DE DIREITOS. VEDAÇÃO LEGAL. ART. 44, I, CÓDIGO PENAL. RECURSO MINISTERIAL PROVIDO. AGRAVO DA DEFESA DESPROVIDO. A decisão agravada deve ser mantida por seus próprios fundamentos, visto que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de ser incabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos casos de crime cometido mediante violência ou grave ameaça, a teor do disposto no art. 44, I, do Código Penal. 2. No caso, consta dos autos que o agravante ameaçou de morte a sua ex-companheira, após discussão entre ambos, circunstância que impede a substituição da pena privativa de liberdade, em razão das agressões morais e psíquicas sofridas pela vítima.

- ANÁLISE DAS PENAS RESTRITIVAS: Prestação pecuniária:

Pagamento em dinheiro à vítima, seus dependentes ou entidade pública ou privada, com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 salário mínimo, nem superior a 360 salários mínimos.

Valor pago deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.

5 STF. Pleno. Relator Ministro Ayres Brito. HC 97256. J. 01/09/2010.

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Aceitando o beneficiário, a prestação poderá ser substituída por de outra natureza, como cesta básica (Prestação inominada – art. 45, §3º).

Perda de bens e valores

Perda de bens e valores pertencentes ao condenado em favor do Fundo Penitenciário Nacional, ressalvada a legislação especial.

Valor: montante do prejuízo causado, ou do proveito obtido com a prática do crime. Na dúvida, decide-se pelo mais elevado.

Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas

Atribuição de tarefas ao condenado junto a entidades assistenciais, hospitais, orfanatos, etc, em programas comunitários ou estatais, ou em benefício de entidades públicas;

Aplicável às condenações superiores a 6 meses de privação de liberdade, cabendo ao juiz designar a entidade credenciada;

A entidade comunicará mensalmente o juiz da execução, mediante relatório circunstanciado, sobre as atividades e aproveitamento do condenado;

Serviços não remunerados, atribuídos conforme aptidão do condenado, devendo ser cumpridas à razão de 1 hora por dia de condenação (8 horas semanais), preferencialmente aos sábados, domingos e feriados (art. 149, III, § 1º)

Se a pena substituída for > 1 ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em < tempo, nunca inferior à metade da privativa de liberdade fixada (art. 55 e 46, § 4º CP).

Limitação de fim de semana

Obrigação do condenado de permanecer aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, na casa do albergado (LEP, art. 93) ou outro estabelecimento adequado;

O estabelecimento encaminhará mensalmente ao juiz da execução relatório sobre o aproveitamento do condenado.

Interdição temporária de direitos

Proibição de frenquentar determinados lugares: Além de restritiva de direitos, funciona como condição do sursis especial, conforme disposto no art. 78, § 2º, a, CP.

Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo:

Suspensão de mandato eletivo: depende de condenação criminal transitada em julgado, e acarreta a suspensão dos direitos políticos enquanto durarem seus efeitos, nos termos do art. 15 III CF.

Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, autorização ou licença do poder público - Pena específica, aplicada somente aos crimes cometidos no exercício da profissão ou atividade e se houver violação de deveres a estas relativos (art. 56, CP);

Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículo: Art, 47, III: Pena específica, aplicada somente aos delitos culposos de trânsito. Isso não significa que o juiz ó obrigado a aplicar essa pena, em detrimento de outra, mas tão somente que se trata de pena específica para delitos culposos de trânsito.

- PENA DE MULTA 1. Critério: O CP adotou o critério do dia-multa, conforme a capacidade econômica do condenado (art. 60, caput do CP). Há leis que possuem critérios próprios: Lei de Imprensa; Lei de tóxicos. 1. Cálculo do valor Encontrar o número de dias multa, entre 10 e 360 dias-multa Encontrar o valor do dia multa, entre 1/30 até 5 salários mínimos, atendendo à capacidade

econômica do réu, podendo aumentar o valor até o triplo

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Multiplicar o número de dias multa pelo valor de cada um deles. 2. Valor irrisório: Multa não pode ser extinta por esse fundamento 3. Conversão da pena de multa em detenção: não existe mais, por força da lei 9.268/96, que

alterou a redação do art. 51 CP: “Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor aplicando-se-lhe as normas da legislação relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne as causas interruptivas e suspensivas da prescrição”.

Lei n° 9268/96 e o Pacto de São José da Costa Rica (Artigo 7.7) - Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandatos de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.

6. Procedimento para execução de pena de multa Extração de certidão da sentença condenatória após o trânsito em julgado; Formação de autos apartados para execução MP requer citação do condenado para pagamento em 10 dias da multa, ou nomear bens à

penhora Decorrido o prazo sem pagamento ou manifestação do executado, o escrivão extrairá nova

certidão circunstanciada, remetendo-a à Procuradoria-Fiscal do Estado, que promoverá a execução perante Vara da Fazenda Pública - A execução deixa de ser atribuição do MP, e passa a ter caráter extrapenal (administrativo-tributário);

As causas interruptivas e suspensivas da prescrição são as da legislação tributária, Lei nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) e no CTN, art. 144, caput: prescrição em 5 anos;

A competência será da Vara da Fazenda Pública, e não das de execução penal; - Multa substitutiva: substitui pena privativa de liberdade não superior a 1 ano, presentes os requisitos (multa vicariante). - OUTROS ASPECTOS SOBRE A APLICAÇÃO DA PENA - A duração do cumprimento de penas obedece ao disposto no art. 75 (não pode exceder a

30 anos). - art. 69, caput, 2ª pt. - Pena reclusiva + pena detentiva: executa-se primeiro a reclusiva. - Art. 69, § 1º - Pena privativa de liberdade + negação de sursis (não suspensa) + penas

inferiores a 4 anos ou culposos (art. 44 CP) = é incabível a substituição. - Art. 69, § 2º - Pena restritiva + pena restritiva: cumprimento simultâneo, se compatível, e

sucessivo, se incompatível o cumprimento simultâneo. (ex. prestação de serviço + limitação de fim de semana – simultâneo; 2 penas de limitação de fim de semana – sucessivas).

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Regimes prisionais: maneira pela qual o condenado cumpre pena privativa de liberdade, imposta

pela sentença condenatória. “CP: Art. 33. Distinguem-se pelos respectivos tipos de

estabelecimento penal.

Fechado: estabelecimentos de segurança máxima ou média – penitenciárias (art. 33, ‘a’ CP; art. 87 LEP);

isolamento noturno (art. 34§1º, CP);

trabalho – durante o dia, conforme aptidões e ocupações anteriores (art. 6º CF; art. 34, §2º, CP e 39, IV LEP) - direito social de todos (art. 31 e 39, V LEP); dever do preso (art. 28 LEP); habilitação, condição pessoal e necessidades futuras do preso na atribuição do trabalho (art. 39 CP e 29 LEP); trabalho remunerado, não inferior a ¾ do salário mínimo (art. 39 CP e 41, III LEP); benefícios da Previdência Social (art. 28, § 2º LEP); isenta o trabalho do preso do regime da CLT (art. 50, VI LEP); recusa ao trabalho = falta grave (art. 31, par. Único, art 200, LEP); não obrigatoriedade do trabalho do preso provisório / preso político (art. 33 LEP); jornada: > 6 < 8 horas, com descanso nos domingos e feriados

trabalho externo - em obras públicas, cumprido 1/6 da pena (art. 34, §3º, CP e 36 LEP); em serviços ou obras públicas, tomadas as cautelas contra fugas e em favor da disciplina; sujeita aos mesmos direitos que o trabalho interno; Requisitos: autorização administrativa do diretor do estabelecimento; aptidão, disciplina, responsabilidade; cumprimento de 1/6 da pena; exame criminológic o antes da autorização para análise dos requisitos subjetivos; 10% é o limite máximo de presos em obra

Permissão de saída (art. 120 LEP) - Concedida pelo direitor do estabelecimento ou juiz (em face da recusa do primeiro), cabível aos presos no regime fechado, semi-aberto ou prisão provisória. A saída deve ser escoltada. Hipóteses: I- falecimento ou doença grave de cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; II- necessidasde de tratamento médico;

Exame criminológico (art. 34, caput CP; art. 8º, caput LEP, classificação e individualização da execução da pena)

Semi-aberto: colônia agrícola, industrial ou similar; (art. 33, ‘b’, CP);

Trabalho externo - possível logo no início da pena, inclusive na iniciativa privada e dispensa cumprimento de 1/6 da pena (art. 35, § 1º);

Saída temporária – (art. 122 LEP) - Concedida pelo juiz, sem escolta, podendo haver monitoramento eletrônico; Hipóteses: visita à família; frequência a cursos; participação em atividades que contribuam para a ressocialização; Exige: bom comportamento prisional; cumprimento de 1/6 da pena (primário) ou ¼ (reincidente); prazo máximo: 07 dias, podendo se repetir 4 vezes ao ano, com intervalos mínimos de 45 dia; revogação em face da prática de crime doloso, falta grave ou desatenção das condições impostas na autorização (art. 125).

Exame criminológico - O CP determina (arts. 34 e 35), mas a LEP faculta (art. 8º, §único) - Súmula 439, STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.”

Aberto: casa do albergado ou estabelecimento adequado o Requisitos - autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (Art. 36 CP); aceitação do programa

e condições impostas pelo juiz (Art. 113 LEP); prova de trabalho ou possibilidade de obtê-lo; apresentar mérito para progressão (Art. 114 LEP)

o Condições - permanecer no local que for designado durante o repouso e folgas; não se ausentar da cidade sem autorização judicial; cumprir horários, comparecer periodicamente em juízo (Art. 115 LEP).

o Não há jurisprudência pacífica a respeito da possibilidade do condenado cumprir pena em prisão albergue domiciliar, em face da inexistência de casa do albergado.

o Prisão albergue domiciliar Art. 117, LEP – condenados: maior de 70 anos; acometido de doença grave; condenada gestante; com filho menor ou deficiente físico ou mental.

O juiz deve especificar, na sentença condenatória, o regime inicial para execução da pena, segundo os critérios estabelecidos pelo art. 33, § 2º: espécie de pena + reincidência ou não + critérios do art. 59 CP)

Progressão de regime: Art. 112 LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com

a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao

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menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

- Exceções:

Crime contra a administração pública: depende de ressarcimento ao erário (art. 33, §4º, CP, acrescentado pela Lei 10.763/03);

Crime hediondos: 2/5 (primário) ou 3/5 (reincidente) (alterado pela Lei n°11464/2007);

Condenada Gestante, mãe ou responsável por pessoa com deficiência (Lei n° 13.769 de 19/12/18): Art. 112 da LEP

(...) § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; V - não ter integrado organização criminosa. § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo.

Súmula 716 do STF: ADMITE-SE A PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA OU A APLICAÇÃO IMEDIATA DE REGIME MENOS SEVERO NELA DETERMINADA, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.

Súmula 717 do STF: NÃO IMPEDE A PROGRESSÃO DE REGIME DE EXECUÇÃO DA PENA, FIXADA EM SENTENÇA NÃO TRANSITADA EM JULGADO, O FATO DE O RÉU SE ENCONTRAR EM PRISÃO ESPECIAL.

Súmula 718 do STF: A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA

Súmula 719 do STF: A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A PENA APLICADA PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO IDÔNEA.

Requisitos Formal: cumprimento de 1/6 da pena

*Crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo: cumprimento de 2/5 da

pena (primário); 3/5 (reincidente).

*Falta grave em regime fechado

A contagem do prazo para progressão deve reiniciar-se, de modo que somente poderá ocorrer após o

cumprimento de 1/6 da pena a contar da última falta grave cometida. O prazo deve ser contado com base no

tempo restante de pena.

Material: mérito do apenado (atestado de bom comportamento carcerário, outros elementos julgados

relevantes).

*Regime aberto

Aceitação do programa e das condições impostas pelo juiz (art. 113, LEP).

Esteja trabalhando ou comprove possibilidade de obter emprego (art. 114, LEP).

Apresente fundados indícios (antecedentes e exames) de que irá se ajustar ao novo regime (autodisciplina e

responsabilidade).

Progressão por saltos É proibida.

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*Uma vez deferida a progressão, não pode o condenado ser prejudicado e permanecer em regime mais

gravoso, por algo a que não deu causa, já que o fornecimento da vaga é obrigação do Estado. Assim

deve ser colocado em regime aberto (inclusive domiciliar se, igualmente, não existir casa do albergado)

até que surja vaga na colônia penal.

Progressão de regime e execução provisória É possível a progressão de regime antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Súmula 716/STF: “admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata

de regime menos severo, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória”.

Súmula 717/STF: “não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não

transitada em julgado, o fato de o réu encontrar-se em prisão especial”.

Resolução 19 do CNJ: “a guia de recolhimento provisório será expedida quando da prolação da

sentença ou acórdão condenatório, ressalvada a hipótese de possibilidade de interposição de recurso

com efeito suspensivo por parte do Ministério Público, devendo ser prontamente remetida ao Juízo da

Execução Criminal”.

Restrições impostas pelo STF:

Transito em julgado para a acusação ou cumprimento de mais de 1/6 da pena máxima.

RDD – Art. 52 LEP, alterado pela LEI 10.792/2003 – REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO

– Sanção disciplinar aplicável aos presos (condenados e provisórios) considerados perigosos (comportamento

carcerário inadequado), significando adoção temporária de tratamento mais gravoso ao preso que tiver

infringido regras legais, dependendo de procedimento administrativo.

Hipóteses: - prática de crime doloso (art. 52 LEP); - Preso representar risco para a ordem e a sugurança do estabeleciento penal ou da sociedade (art. 52, par. 1º); - suspeitas de envolvimento do preso em organizações criminosas ou associação criminosa (art 52, par. 2º)

Consequências: - recolhimento em cela individual, possibilidade de visitas semanais por apenas 2 pessoas e por 2 horas; limitação a 2 horas diárias de sol. - Duração: até 360 dias, com possibilidade de repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada.

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Exame criminológico Classificar e individualizar a execução. Obrigatório p/ os condenados a pena privativa de liberdade em regime fechado (art. 8°, LEP). Facultativo em qualquer forma de progressão (art. 112, LEP). Dependendo das circunstâncias do caso concreto, o MP poderá requerê-la e o juiz poderá, em decisão fundamentada, deferi-la (Súmula 439/STJ). Realizado pela Comissão Técnica de Classificação. Regressão de regime: Transferência do condenado para o regime mais rigoroso (Arts. 118, LEP e 36, § 2°, CP). “Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir; III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV - provocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do Art. 39 desta Lei; VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo”. Requisitos: Praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (art. 50, LEP). Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime. O condenado será transferido do regime aberto se, além das anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. Manifestações do condenado (art. 118, I e § 1º, LEP). Direitos do Preso O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade (Arts. 38, CP, e 3°, LEP); Integridade física e moral (art. 5°, XLIX, CF). Art. 41, LEP. Deveres do Preso Arts. 38 e 39, LEP; Art. 44; LEP (disciplina) Detração É o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança aplicadas na sentença, do tempo de prisão provisória cumprida no Brasil ou o estrangeiro, de prisão administrativa e de internação em hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico.

Competência Juízo das execuções (art. 66, II, c, LEP).

Regime inicial Computado para fins de determinação do regime inicial (art. 387, § 2º, CPP).

Progressão Será computado para fim de progressão para regime mais brando.

Penas restritivas de direito Cabível, quando a substituição se dá por período equivalente à quantidade da pena privativa de liberdade.

Pena de multa Não é cabível.

Suspensão condicional da pena Não é cabível

Medida de segurança

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Aplicada em relação ao prazo fixado para averiguação da cessação da periculosidade (art. 97, § 1º, CP).

Prisão provisória em processo distinto Possível quando o réu ficar provisoriamente preso em processo no qual foi absolvido, desde que se refira a crime cometido antes da prisão no processo onde se deu a absolvição.

Prescrição Não se aplica. Remição (Arts. 126 a 130, LEP) Desconto no tempo restante da pena do período em que o condenado trabalhou ou estudou durante a execução. 1 dia de pena para cada 3 trabalhados ou por 12 horas de frequência escolar (art. 126, § 1º, LEP). *É possível que as 12 horas de estudo sejam divididas em mais de 3 dias, mas nunca em número inferior (art. 126, § 1º, I, LEP). *Poderá haver cumulação dos dias a remir por trabalho e estudo. *Acréscimo de 1/3 no tempo a remido pela conclusão do ensino fundamental, médio ou superior, exceto se houver cumulação com remição pelo trabalho. *O regime aberto não admite remissão pelo trabalho, mas pelo estudo sim.

Procedimento Declarada pelo juiz das execuções, após ouvir o MP e a defesa (art. 129, § 8º, LEP). *A autoridade administrativa deve encaminhar, mensalmente, ao juízo cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho e das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles (art. 129, LEP).

Preso provisório Art. 126, § 7º, LEP.

Acidente de trabalho O preso que não puder trabalhar em razão de acidente, continuará a beneficiar-se com a remição (art. 126, § 4º, LEP).

Falta grave O condenado punido por falta grave poderá ter como consequência a revogação de até 1/3 do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar (art. 127, LEP).

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS (Arts. 77 a 82 do CP)

1. Conceito - Suspensão da execução da pena privativa de liberdade aplicada pelo juiz na sentença

condenatória, desde que presentes os requisitos legais, ficando o condenado sujeito ao cumprimento de certas condições durante um período de prova determinado também na sentença, de forma que, se após seu término o sentenciado não tiver dado causa à revogação do benefício, será declarada extinta a pena.

2. Natureza jurídica Benefício legal alternativo ao cumprimento da pena privativa de liberdade. 3. Sistemas

Anglo-americano O juiz reconhece a existência de provas contra o acusado, mas não o condena, submetendo-o a um período de

prova. Cumpridas as condições nesse período, o juiz extingue a ação penal, mantendo o réu a sua primariedade.

Belgo-francês O juiz condena o réu, mas suspende a execução da pena imposta, desde que presentes certos requisitos. Esse é o sistema adotado no Brasil.

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4. Oportunidade para a concessão Pressupõe a prolação de sentença condenatória. 5. Espécies

Simples (art. 77, caput)

Especial (art. 78, § 2º)

Etário e humanitário (art. 77, § 2º) 6. Sursis Simples É definido por exclusão, ou seja, em casos onde o réu não reparou o dano causado pelo crime ou quando as circunstâncias judiciais (art. 59) não lhe forem inteiramente favoráveis. 6.1. Requisitos a) objetivos

Réu condenado a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos (art. 77, caput) Não se estende a pena restritiva de direitos ou multa. Nos casos de concurso de crimes, o limite deve ser apreciado em relação ao montante total aplicado na sentença. Não será cabível no caso de aplicação de medida de segurança.

Que não seja indicada ou cabível a substituição por pena restritiva de direitos ou multa (art. 77, II) Se forem cabíveis tais substituições deve o juiz aplica-las, restando prejudicado o sursis. b) subjetivos

Que o réu não seja reincidente em crime doloso (art. 77, I) Somente se o acusado for condenado por um crime doloso após a condenação por outro crime da mesma natureza é que o benefício se mostra inviável. Se a condenação anterior quanto ao crime doloso gerou aplicação exclusiva de pena de multa, igualmente se mostra possível o sursis (art. 77, § 1º).

Que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias do crime, autorizem a concessão do benefício (art. 77, II) Ainda que o réu seja primário, o juiz poderá negar-lhe o sursis, caso ostente maus antecedentes e o magistrado entenda que a conjugação das condenações denote que a suspensão da pena não se mostra suficiente. O benefício poderá ainda ser negado se o juiz entender que o acusado tem personalidade violenta ou que os motivos do crime são incompatíveis com a suspensão da pena. *Presentes os requisitos legais, a obtenção do sursis é direito público subjetivo do acusado, não podendo o juiz negar-lhe o benefício sem qualquer fundamentação ou sem razão plausível. 6.2. Condições O Juiz ou Tribunal deverá, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade no limite de 2 anos, pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional da pena, quer a conceda, quer a denegue (art. 157, LEP). As condições serão especificadas pelo Juiz (art. 158, LEP) ou pelo Tribunal (art. 159, LEP). a) Condições legais (obrigatórias) Art. 78, § 1º. No primeiro ano do período de prova, deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se a limitação de fim de semana. b) Condições judiciais Art. 79. Outras condições fixadas pelo juiz, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.

*Omissão na fixação das condições Se o juiz, ao sentenciar, omitir-se na fixação das condições, deverão ser opostos embargos de declaração. Transitando em julgado a decisão omissa, entende o STJ que o juízo das execuções, excepcionalmente,

poderá fazê-lo, suprindo a omissão (REsp 15.368/SP).

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Existem, entretanto, opiniões relevantes em sentido contrário. De acordo com esse entendimento, em caso de omissão, subsistem apenas as condições indiretas. 7. Sursis Especial Art. 78, § 2º a) Requisitos

Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

Circunstâncias judiciais (art. 59, CP) inteiramente favoráveis. b) Condições

Proibição de frequentar determinados lugares;

Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 8. Sursis Etário

Condenado maior de 70 anos à data da sentença concessiva;

Pena não superior a 4 anos;

Período de prova de 4 a 6 anos. 9. Sursis Humanitário

Razões de saúde;

Pena não superior a 4 anos;

Período de prova de 4 a 6 anos. 10. Período de prova Prazo em que a pena privativa de liberdade imposta fica suspensa, mediante o cumprimento das condições estabelecidas.

Simples e especial: 2 a 4 anos;

Etário e humanitário: 4 a 6 anos;

Inadmissível a detração. *Para estabelecer o quantum do período de prova entre seus montantes mínimo e máximo, o juiz deve levar em conta a gravidade do crime cometido e as circunstâncias judiciais do art. 59. Se o magistrado fixa-la acima do mínimo legal, deverá expressamente mencionar as razões de tal proceder, sob pena de nulidade da sentença neste aspecto e consequente redução ao patamar mínimo. 11. Execução

Audiência admonitória O acusado será cientificado das condições impostas e advertido das consequências de seu descumprimento e da prática de nova infração.

Cassação do sursis Quando o condenado, notificado pessoalmente ou por edital pelo prazo de 20 dias, não comparece, injustificadamente, ou, ainda, quando se recusa em aceitar o cumprimento das condições. O juiz torna sem efeito o benefício e determina o cumprimento da pena privativa de liberdade originariamente imposta. 12. Revogação A revogação implicará a necessidade de cumprimento integral da pena originariamente imposta na sentença, não havendo desconto proporcional ao tempo já cumprido antes da revogação. a) Obrigatória Art. 81 O Juiz está obrigado a proceder a revogação.

Superveniência de condenação irrecorrível pela prática de crime doloso;

Frustração da execução da pena de multa, sendo o condenado solvente;

Não reparação do dano, sem motivo justificado;

Descumprimento de qualquer das condições legais do sursis simples.

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b) Facultativa Art. 81, § 1°. O Juiz não está obrigado a revogar o benefício, podendo optar por advertir novamente o sentenciado, prorrogar o período de prova até o máximo ou exacerbar as condições impostas.

Superveniência de condenação irrecorrível pela prática de contravenção penal ou crime culposo, exceto se imposta pena de multa.

Descumprimento das condições legais do sursis especial ou qualquer outra imposta pelo juiz. 13. Prorrogação (Art. 81, §§ 2º e 3º)

Obrigatória e automática Beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção. *Considera-se prorrogado até o julgamento definitivo da nova acusação. *Durante o prazo de prorrogação, o condenado fica desobrigado de cumprir as condições.

Facultativa Nos casos em que a revogação do suris é facultativa, o juiz, em vez decretá-la, prorroga o período de prova até o máximo.

LIVRAMENTO CONDICIONAL 1. Conceito “A concessão, pelo poder jurisdicional, da liberdade antecipada ao condenado, mediante a existência de pressupostos, e condicionada a determinadas exigências durante o restante da pena que deveria cumprir preso” (E. Magalhães Noronha). *Caráter precário – pode ser revogado. *Incidente da execução da pena – é concedido pelo juiz das execuções. *Direito subjetivo do reeducando – preenchido os requisitos legais, está o juiz obrigado a conceder o benefício. 2. Requisitos:

Objetivos: a) Qualidade da pena: Privativa de liberdade; b) Quantidade da pena: igual ou superior a 2 anos; c) Reparação do dano (salvo impossibilidade); d) Cumprimento de parte da pena: *mais de 1/3 (crime comum, bons antecedentes e ñ reincidente em crime doloso) – livramento simples. *mais da 1/2 (reincidente em crime doloso) – livramento qualificado. *entre 1/3 e metade (ñ reincidente e maus antecedentes) – parte da doutrina. O STJ possui vários julgados entendendo que, nesse caso, o condenado deve cumprir 1/3 da pena, pois, havendo dúvida, a interpretação deve ser favorável ao réu. *mais de 2/3 (crime hediondo) O reincidente específico em crime hediondo não pode obter o benefício. *mais de 2/3 (tráfico de drogas) O reincidente específico em tráfico de drogas não pode obter o benefício. *soma das penas No caso de concurso de crimes reconhecidos na mesma sentença, deve-se observar o montante total aplica. No caso de superveniência de nova condenação as reprimendas devem ser somadas. Quando os crimes somados sujeitarem-se a prazos diversos para concessão do benefício, a análise será individual e, posteriormente, somada.

Subjetivos: _Comportamento satisfatório durante a execução da pena; _Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; _Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; _Cessação da periculosidade nos crimes praticados mediante violência ou grave ameaça à pessoa; _Não ser reincidente específico em crimes hediondos.

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3. Condições *Obrigatórias (art. 132, § 1°, LEP): _Proibição de se ausentar da comarca sem comunicação ao juiz; _Comparecimento periódico a fim de justificar atividade; _Obter ocupação lícita dentro de prazo razoável. *Facultativas (art. 132, § 2°, LEP): _Não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida de fiscalizar; _Recolher-se à habitação em hora fixada; *Judiciais _Fixadas a critério do juiz (art. 85, CP); 4. Revogação *Obrigatória _Condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado antes do benefício; _Condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado durante o benefício; *Facultativa _Condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena não privativa de liberdade; _Descumprimento das condições impostas; 5. Efeitos da Revogação: _Crime praticado durante o benefício, descumprimento das condições impostas (Arts. 88, CP; 142, LEP): Deve cumprir integralmente a sua pena; Novo livramento somente em relação à nova condenação; _Crime anterior ao benefício (Arts. 88, CP; 141, LEP): Deve cumprir preso apenas o tempo que falta para completar a pena; Para novo livramento, a pena que falta será somada a nova condenação; 6. Suspensão (Art. 145, LEP): _Crime cometido durante a vigência do benefício: O juiz poderá ordenar a prisão do liberado, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final. 7. Prorrogação (Art. 89, CP); _Até julgamento definitivo de processo a que responde o liberado por crime praticado na vigência do benefício. 8. Extinção (Art. 90, CP) Término do livramento sem revogação.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO (Arts. 91 e 92 do CP)

_Principais: Imposição da pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos, de multa ou medida de segurança); _Secundários: *De natureza penal (repercutem na esfera penal): _induz a reincidência; _impede, em regra, o sursis; _causa, em regra, a revogação do sursis; _causa a revogação do livramento condicional; _aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória; _interrompe a prescrição da pretensão executória quando caracterizar a reincidência; _causa a revogação da reabilitação; _leva à inscrição do nome do condenado no rol de culpados (CPP, art. 393, II).

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*De natureza extrapenal (repercutem em outra esfera que não a criminal): _Genéricos (decorrem de qualquer condenação criminal e não precisam ser expressamente declarados na

sentença): a) Tornar certa a obrigação de reparar o dano causado pelo crime (art. 91, I, CP); b) Confisco pela União dos instrumentos do crime, desde que seu uso, porte, detenção, alienação ou fabrico

constituam fato ilícito (art. 91, II, “a”, CP); c) Confisco pela União do produto e do proveito do crime (art. 91, II, “b”); d) Suspensão dos direitos políticos, enquanto durar a execução da pena (art. 15, III, CF); e) Perda da habilitação ou permissão (art. 160, CTB); _Específicos (decorrem da condenação criminal pela prática de determinados crimes e em hipóteses

específicas, devendo ser motivadamente declarados na sentença condenatória). a) perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, em duas hipóteses: _crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública, quando a

pena aplicada for igual ou superior a um ano (art. 92, I, “a”); _quando a pena aplicada for superior a 4 anos, qualquer que seja o crime praticado (art. 92, I, “b”); b) incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos a pena de

reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II, CP); c) inabilitação para dirigir veículo (art. 92, III, CP);

MEDIDAS DE SEGURANÇA (Arts. 96 ao 99)

1. Conceito Sanção penal imposta pelo Estado, na execução de uma sentença, cuja finalidade é exclusivamente preventiva, no sentido de evitar que o autor de uma infração penal que tenha demonstrado periculosidade volte a delinqüir. 2. Sistemas _Vicariante: pena ou medida de segurança; _Duplo binário: pena e medida de segurança; 3. Pressupostos _Prática de crime; _Periculosidade (Potencialidade para novas ações danosas); 4. Espécies a) Detentiva (Art. 96, I) _Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico; _Obrigatória quando a pena imposta for de reclusão (Art. 97). b) Restritiva (Art. 96, II) _Tratamento ambulatorial; _Pena imposta for de detenção (Art. 97); _Poderá ser convertida em internação, se essa providência for necessária para os fins curativos (§ 4º); 5. Duração (Art. 97, § 1º) _Prazo indeterminado (enquanto perdurar a periculosidade); _Cessação da periculosidade determinada por perícia médica; _Prazo mínimo entre 1 e 3 anos; 5. Critérios para fixação do prazo mínimo _Grau de perturbação mental do sujeito; _Gravidade do delito;

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6. Liberação: _Condicional; _Retorno à condição anterior, se, antes do decurso de um ano, o agente praticar fato indicativo de sua periculosidade. 7. Semi-imputável (Art. 98) _Sistema vicariante – ou o juiz reduz a pena de 1/3 a 2/3, ou a substitui por medida de segurança; 8. Menor de 18 anos _Não se aplica medida de segurança, sujeitando-se o menor à legislação própria (Lei n. 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, Capítulo IV – Das Medidas Sócio-educativas); 9. Prescrição _Está sujeita a prescrição;

10. Conversão da pena em medida de segurança (Art. 183, LEP): _Possível quando sobrevenha doença mental ou perturbação da saúde mental ao condenado.

AÇÃO PENAL – ART. 100 e segs

1- CONCEITO: É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto, ou seja, de exercitar a intenção punitiva, movimentando a máquina judiciária com o objetivo de apurar as responsabilidades pela eventual ocorrência de fato típico. É o meio adequado à perseguição da verdade real, obedecidas desde o início as garantias fundamentais como instrumento de limitação do poder punitivo estatal. “É o procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade, a fim de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da infração penal”. 2- ESPÉCIES a) Ação Penal Pública: De titularidade e iniciativa exclusiva do Ministério Público ((dominus litis), é iniciada por intermédio de denúncia, cujos requisitos estão expressos no artigo 41 do CPP, a qualquer tempo antes da prescrição. Além dos princípios gerais da ação (contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc), a ação penal pública rege-se por três princípios específicos: obrigatoriedade (o promotor não pode transigir ou perdoar o autor da IP. A exceção é a possibilidade de transação penal nos crimes de menor potencial ofensivo, art. 98, I CF) ; indisponibilidade (MP não pode desistir da ação proposta ou do recurso interposto); oficialidade. (ação penal pública é de titularidade do órgão oficial que integra os quadros do MP). Pode ser: a) 1- Ação Penal Pública Incondicionada: É a regra geral prevista no CP (art. 100, caput). Independe de qualquer condição, bastando que o Ministério Público tenha ciência de eventual fato criminoso para que possa manejar a ação penal, independentemente da vontade do ofendido. Não está sujeita ao prazo decadencial previsto no artigo 103 do CP. a-2- Ação Penal Pública Condicionada: a propositura da ação pelo Ministério Público depende de condição especial de procedibilidade, que pode ser a Representação ou a Requisição do Ministro da Justiça, art. 100, § 1º. São identificadas no Código Penal pela expressão “somente se procede mediante representação” (exemplo: art. 147, par. único).

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* Representação: É condição de procedibilidade da ação penal pública condicionada, tratando-se de demonstração inequívoca da vontade do ofendido de que seja iniciada a ação penal. Acaso o ofendido não seja capaz, a representação deverá ser oferecida pelo seu representante legal (CCADI - Cônjuge/Companheiro6; Ascendente; Descendente; Irmão - art. 24, § 1o do CPP) ou procurador com poderes especiais (art. 39, CPP). Na ausência de representante legal, nomeia-se Curador Especial nos termos do artigo 33 do CPP. A representação, entretanto, não obriga o MP a oferecer a denúncia (independência funcional, art. 127, par. 1 CF). A representação, condição de procedibilidade exigida nos crimes de ação penal pública condicionada, prescinde de rigores formais, bastando a inequívoca manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal no sentido de que se promova a responsabilidade penal do agente, como evidenciado, in casu, com a notitia criminis levada à autoridade policial, materializada no boletim de ocorrência.7

O início de um inquérito policial para apurar crime de ação penal pública condicionada também depende da representação (art. 5º, par. 4º do CPP), salvo nas infrações de menor potencial ofensivo (o termo circunstanciado pode ser lavrado sem a representação, que deverá ser colhida na audiência preliminar). A representação não exige rigorismo formal, ou seja, um termo específico em que a vítima declare expressamente o desejo de representar contra o autor da infração penal. Basta que, nas declarações prestadas no inquérito, por exemplo, fique bem claro o seu objetivo de dar início à ação penal, legitimando o Ministério Público a agir. Outra situação possível: o ofendido pode comparecer à delegacia, registrar a ocorrência e manifestar expressamente, no próprio boletim, o seu desejo de ver o agressor processado. Entretanto, para que dúvida não paire, o ideal é colher a expressa intenção do ofendido por termo, como deixa claro o § 1.º do art. 39 do CPP.8

O PRAZO para a representação é decadencial, devendo ser apresentada em até 6 meses após o conhecimento da autoria do crime, nos termos do que prevê o artigo 103 do CP. Em relação aos incapazes diz a Súmula nº 594 do STF: "Os direitos de queixa e representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou seu representante legal". A manifestação da vontade poderá ser retratada até o oferecimento da denúncia, nos termos do artigo 102 do CP. * Requisição do Ministro da Justiça: É um juízo de conveniência política, aplicável aos crimes praticados contra brasileiros no exterior (art. 7o, parágrafo 3o, “b”) e nos crimes contra a honra do Presidente ou de chefe de Estado estrangeiro (art. 145, parágrafo único). Não há prazo decadencial, podendo ser oferecida enquanto não extinta a punibilidade. Não tem forma prescrita em lei e não vincula ou obriga o Ministério Público ao oferecimento da denúncia. b) Ação Penal Privada: É a ação penal de iniciativa do próprio ofendido ou de seu representante legal. É iniciada por intermédio da queixa9. Trata-se de uma exceção ao princípio publicístico do Processo Penal (a regra é que ação seja pública- art. 100 do CP) e por isso vem expressamente consignada nos crimes onde é cabível, através da expressão “somente se procede mediante queixa”. Exs.: 179; 138,139,140 161,163,164, 184 a 186, 187,189,192. Funda-se nos seguintes princípios: oportunidade (conveniência; possibilidade do ofendido optar por não processar o autor de um crime, ainda que haja provas da autoria); disponibilidade (possibilidade de desistência de prosseguimento da ação penal provada já

6 Muito embora a lei não trate da legitimidade do companheiro, por força do disposto no artigo 3° do CPP, admite-se que a representação e a queixa sejam manejadas por este. 7STJ. 5aTurma. Relator Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. RHC 23.786/DF. DJ de 18/10/2010. 8 NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 10. ed. rev, atual. e ampl. São Paulo: RT, 2010, p.

649. 9Popularmente diz “queixa” o ato de quem vai à Delegacia de Polícia noticiar algum fato criminoso. Este uso da expressão “queixa”, contudo, é equivocado. A “queixa”, processualmente falando, é ato de postulação perante o Poder Judiciário, só podendo ser exercitada pelo ofendido ou representante legal, representados por advogado que detenha capacidade postulatória. O ato de ir a delegacia noticiar fato criminoso deve ser chamado de notitia criminis ou delatio criminis.

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iniciada, através do perdão ou da perempção, ou desistir de recurso interposto); indivisibilidade a queixa de um autor obriga ao processo de todos os autores; a exclusão intencional de um é interpretada como renúncia, estendendo-se a todos. Cabe ao MP velar pela indivisibilidade da ação privada). b) 1. Ação Penal Privada exclusiva: aquela em que a iniciativa da ação cabe ao ofendido, mas em face de sua morte ou declaração de ausência antes da propositura da ação, a mesma poderá ser intentada, dentro do prazo decadencial de 6 meses, pela cônjuge/companheiro, ascendente, descendente ou irmão. Se o querelante falecer após o início da ação, poderá haver substituição no pólo ativo, no prazo de 60 dias a contar da morte. b) 2. Ação Penal privada personalíssima: Só pode ser intentada pelo ofendido, jamais pelo seu representante legal. Em sendo o ofendido incapaz, aguarda-se a cessação da incapacidade, sendo que somente a partir se inicia a contagem do prazo. Em caso de morte do querelante após o início da ação, não poderá haver substituição no pólo ativo. Na legislação vigente, só se aplica no art. 236, par. Único do CP (Induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento para casamento). b) 3. Ação Penal privada subsidiária da pública: Nas hipóteses de ação penal pública, caso o Ministério Público não ofereça a denúncia no prazo legal (Réu preso: 05 dias; Réu solto: 15 dias - art. 46 do CPP) o ofendido ou seu representante legal pode intentar a ação penal privada subsidiária da Pública (art. 100, § 3o do CP e art. 5o, LIX da CF/88). Hipótese de legitimidade concorrente para o desencadeamento da ação penal, pelo período de 6 meses. Não pode ser promovida na hipótese em que o Ministério Público pede o arquivamento do Inquérito Policial. PRAZO PARA EXERCÍCIO DO DIREITO DE QUEIXA: De natureza decadencial e deve ser apresentada em até 6 meses após o conhecimento da autoria do crime, nos termos do que prevê o artigo 103 do CP. Em relação aos incapazes diz a Súmula nº 594 do Supremo Tribunal Federal: "Os direitos de queixa e representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou seu representante legal". - DECADÊNCIA: É causa de extinção da punibilidade decorrente da inércia do ofendido em deflagrar a ação penal (protocolizar a queixa) ou oferecer a representação. Ocorrerá somente na ação penal privada (exclusivamente ou subsidiária) e na pública condicionada, caso o ofendido não apresente a representação no prazo legal. Jamais ocorrerá na ação penal pública incondicionada. Prazo: o ofendido ou seu representante legal decairá do direito de queixa/representação se não o exercer no prazo de 6 meses, contados do dia em que vier a saber quem é o autor do crime ou do dia em que esgotado o prazo ministerial (ação penal privada subsidiária da pública).

Decadência

Ocorre somente antes do inicio da ação

Ação Pública Condicionada à Representação Ação penal privada subsidiária da pública Ação Penal Privada exclusiva

Não ocorre suspensão ou interrupção

Atinge o direito de ação

- PEREMPÇÃO: Causa de extinção da punibilidade, exclusiva das ações penais privadas, e que ocorrerá na hipótese de desídia do querelante na condução da ação penal, nos termos do que prevê o artigo 60 do CPP, “Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:

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I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no Art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE: art 107 I. Morte do agente II. Anistia, graça e indulto III. Abolitio Criminis IV. Prescrição, Decadência e Perempção V. Renúncia do direito de queixa ou perdão do ofendido, nos crimes de ação privada VI. Retratação do agente, nos casos em que a lei a admite VII. Perdão Judicial, nos casos previstos em lei. 1- CONCEITO: É a perda, pelo Estado, do direito de exercitar a intenção punitiva. Faz com que se perca a possibilidade jurídica do Estado aplicar sanção penal ao autor do crime (Masson). A ocorrência da extinção da punibilidade, em suas várias modalidades, faz com que o agente, mesmo tendo praticado conduta criminosa, não possa por ela ser punido. Em regra, a ocorrência da extinção da punibilidade não faz extinguir a ocorrência do crime, mas tão somente a possibilidade do estado cominar pena ao agente. Exceção da abolitio criminis e da anistia que fazem desaparecer o fato criminoso (não afastam efeitos extrapenais, como obrigação de indenizar o dano) e, por consequência a punibilidade. Além das causas gerais (art. 107 CP), há causas específicos encontradas na parte especial ou em leis especiais (exs.: art. 236, par. Único – ação penal privada personalíssima, em caso de morte da vítima; ressarcimento do dano antes do TJ da sentença condenatória no peculato culposo (art. 312 par. 3º); homologação de composição de danos civis nos crimes de menor potencial ofensivo de ação privada ou pública condicionada – Lei 9099/95, art. 74, par. Único; pagamento de tributos/valor de cheque antes do recebimento da denúncia nos crimes contra ordem tributária/emissão de cheque sem fundos (súmula 554 STF) etc. EFEITOS: As causas de extinção da punibilidade que ocorrerem antes da condenação (atingindo a pretensão punitiva) afastarão todos os efeitos da condenação. O réu mantém-se primário. As que ocorrerem depois o trânsito em julgado da condenação (atingindo a pretensão executória), afastarão somente os efeitos penais, permanecendo os civis ou secundários (arts. 91 e 92 do CP). Réu será considerado reincidente. 2- ESPÉCIES PREVISTAS NO CÓDIGO PENAL: 2.1- Morte do agente: art 107, I - É a mais óbvia das causas de extinção da punibilidade, caracterizando-se por ser incomunicável. Com a morte do autor do fato criminoso, extingue-se a possibilidade de aplicação de sanção penal. Declarada pelo Juiz, em face de apresentação de Certidão de óbito original. Na hipótese da extinção da punibilidade fundada em certidão de óbito falsa, a ação penal poderá ser retomada, apesar do trânsito em julgado da decisão. No caso de declaração de ausência, deve-se aguardar lapso prescricional.

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RESSARCIMENTOS: Art. 5º, XLV CF: obrigação de reparar o dano + perdimento de bens estendidos aos sucessores e contra eles executadas, até o limite da herança. 2.2- Anistia, graça e indulto: art. 107, II – Espécies de clemências ANISTIA: É a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornem impuníveis por motivo de utilidade social (retira efeitos penais, mas não os extrapenais). Tem efeito retroativo. Pode ser própria, quando concedida antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, ou imprópria, quando após a condenação. Constitui ato privativo do Congresso Nacional, por meio de Lei Federal. Uma vez concedida, não poderá ser revogada, devendo o Juiz, de ofício, ou a requerimento da parte, declarar extinta a punibilidade, nos termos do que prevê o artigo 184 da LEP, afastando todos os efeitos da condenação. Há vedação constitucional constante do art. 5º, XLIII, regulamentado pelos art. 2o, I da Lei dos Crimes Hediondos, art. 1o, § 6o da Lei de Tortura e art. 44 da Lei de Drogas. São exemplos de Anistia, a Lei n° 12.191/2010: Art. 1o É concedida anistia a policiais e bombeiros militares do Rio Grande do Norte, Bahia, Roraima, Tocantins, Pernambuco, Mato Grosso, Ceará, Santa Catarina e Distrito Federal punidos por participar de movimentos reivindicatórios. Art. 2o É concedida anistia aos policiais e bombeiros militares do Rio Grande do Norte, Bahia, Roraima, Tocantins, Pernambuco, Mato Grosso, Ceará, Santa Catarina e Distrito Federal punidos por participar de movimentos reivindicatórios por melhorias de vencimentos e de condições de trabalho ocorridos entre o primeiro semestre de 1997 e a publicação desta Lei. Art. 3o A anistia de que trata esta Lei abrange os crimes definidos no Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), e as infrações disciplinares conexas, não incluindo os crimes definidos no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e nas leis penais especiais. Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

É o artigo 32 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento):

Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

GRAÇA E INDULTO: São manifestações de clemência Presidencial, podendo ser concedidos individualmente, a pessoa específica (GRAÇA), mediante provocação da parte interessada, do Conselho Penitenciário ou pelo MP, ou coletivamente (INDULTO), destinado a um determinado grupo de sentenciados que preencham requisitos pré-estabelecidos no Decreto Presidencial. Tais requisitos podem ser: Objetivos: - cumprimento de determinada quantidade de pena; exclusão de determinados tipos de crimes; etc. Subjetivos: - primariedade, bom comportamento, emprego fixo, ter alcançado determinada idade; ter filhos incapazes. O indulto pode ser parcial, quando determina a redução da quantidade da pena ou modifica a sanção imposta, recebendo, nestas hipóteses, o nome de comutação. A Graça e o indulto só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Atingem os efeitos principais da condenação, subsistindo os efeitos penais secundários e extrapenais (ação civil ex delicto). A Competência para concessão dos dois institutos é da Presidente da

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República, que pode delegá-la aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União (CF/88, art. 84, § único). Não poderão ser concedidos nos crimes hediondos, nos termos do que prevê o artigo 2o, I da Lei dos Crimes Hediondos. A constitucionalidade deste art. 2o, I da Lei 8.072/90 foi questionada, mas refutada pelo Supremo Tribunal Federal:

Crime hediondo: vedação de graça: inteligência. I. Não pode, em tese, a lei ordinária restringir o poder constitucional do Presidente da República de "conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei" (CF, art. 84, XII), opondo-lhe vedações materiais não decorrentes da Constituição. II. Não obstante, é constitucional o art. 2º, I, da L. 8.072/90, porque, nele, a menção ao indulto é meramente expletiva da proibição de graça aos condenados por crimes hediondos ditada pelo art. 5º, XLIII, da Constituição. III. Na Constituição, a graça individual e o indulto coletivo - que ambos, tanto podem ser totais ou parciais, substantivando, nessa última hipótese, a comutação de pena - são modalidades do poder de graça do Presidente da República (art. 84, XII) - que, no entanto, sofre a restrição do art. 5º, XLIII, para excluir a possibilidade de sua concessão, quando se trata de condenação por crime hediondo. IV. Proibida a comutação de pena, na hipótese do crime hediondo, pela Constituição, é irrelevante que a vedação tenha sido omitida no D. 3.226/99.10

RESUMO

ANISTIA, GRAÇA E INDULTO são indulgências provindas de órgãos alheios ao Poder Judiciário. São causas de renúncia do Estado ao exercício do direito de punir, atingindo tanto crimes de ação penal pública incondicionada e condicionada como delitos de ação penal privada.

ANISTIA -declaração de que determinados fatos se tornam impuníveis ou insuscetíveis de medida de

segurança. Depende de Lei e a competência para sua concessão é do Congresso Nacional.

Tem efeito ex tunc (retroage), apagando o próprio fato criminoso. Uma vez concedida, não pode mais

ser revogada.

Alcança todos os efeitos penais, inclusive a reincidência penal, mas não os efeitos civis.

Anistia - incide sobre a prática criminosa de certos casos concretos. Abolitio criminis - deixa de considerar universalmente determinada conduta como criminosa e, ao revés, aquela Especial - é a que beneficia agentes que praticaram crimes políticos Comum - alcança os que praticaram crimes comuns. Própria - concedida antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, acarretando a extinção da ação Imprópria - concedida depois do trânsito em julgado, importando em extinção da punibilidade. Condicionada - - impõe condições a serem aceitas pelo destinatário como, por exemplo, a reparação do dano Incondicionada - não está sujeita a qualquer condição a ser implementada. Geral - destina-se a todos os indivíduos que praticaram determinado fato Parcial - alcança somente algumas dessas pessoas (ex. acusados primários).

10 STF. 1a Turma. Relator Ministro SEPULVEDA PERTENCE. HC 81565/SC.

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Irrestrita - alcança todos os delitos que guardarem relação com o fato principal Limitada: exclui alguns desses crimes. GRAÇA (INDULTO INDIVIDUAL) - é o perdão individual, que leva em consideração a pessoa e não o fato. Competência - Presidente da República (Decreto Presidencial), delegável à Ministros de Estado, Procurador-Geral da República e Advogado-Geral da União (art. 84, parágrafo único da CRFB/1988). Pressupõe provocação do interessado e existência de sentença penal condenatória com trânsito em julgado para a acusação. Efeito: atinge somente o efeito penal principal sentença, não atingindo efeitos penais secundários e os extrapenais. Não ilide os efeitos da reincidência.

Total – alcança a sanção imposta ao condenado, caracterizando-se como causa extintiva da

punibilidade

Parcial - não importa em extinção da punibilidade – comutação - redução da pena ou sua substituição

por mais branda.

INDULTO – visa beneficiar certo grupo de condenados que preencham determinados requisitos.

Prescinde de provocação pelo interessado. Competência do Presidente da República. Viés político criminal. Pressupõe sentença penal condenatória com trânsito em julgado para a acusação. Efeitos: atinge efeito penal principal da sentença, não alcançando consequências penais secundárias e as extrapenais (reincidência). Total - alcança a sanção imposta ao condenado, caracterizando-se como causa extintiva da punibilidade

Parcial - não importa em extinção da punibilidade – comutação - redução da pena ou sua substituição

por mais branda. 2.3 - ABOLITIO CRIMINIS - Retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso. Através de uma nova lei, que se presume ser mais perfeita que a anterior, o Estado demonstra não haver mais interesse na punição de determinada conduta. Não há abolitio criminis se a conduta praticada pelo acusado é prevista na lei revogada e ainda submissível a outra lei penal em vigor. Pela abolitio criminis desaparecem o crime e todos os seus reflexos penais, permanecendo apenas os civis. A competência é exclusiva da União, por intermédio de Lei Ordinária, aprovada pelo Congresso Nacional (fonte material e formal do DP). 2.4. RETRATAÇÃO: É o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia à autoridade, retirando o que havia anteriormente dito. Poderá ocorrer até o julgamento da sentença no 1º grau de jurisdição. Tem o efeito de extinguir a punibilidade SOMENTE nas seguintes hipóteses: i) nos crimes de calúnia (art. 138) ou difamação (art. 139), cuja previsão da retratação se encontra no artigo 143 (nos crimes de ação penal privada, devendo ser cabal e atingir somente aquele que se retratou, em caso de concurso;

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ii) crime de falso testemunho e falsa perícia (art. 342, § 2o). Atinge o fato, ou seja, aproveita a quem não se retratou. 2.5- PERDÃO JUDICIAL: Caracteriza-se como a clemência do Estado-Juiz para determinadas situações previstas em lei. Ocorrerá sempre que o legislador consignar a expressão: “O juiz pode deixar de aplicar a pena (...)”. Muito embora o texto legal atribua a expressão “o juiz pode”, trata-se na verdade de direito subjetivo do réu. Uma vez presentes os requisitos necessários, é direito do réu receber o perdão. A discricionariedade do magistrado se limita à verificação da presença dos requisitos necessários à concessão do perdão. Algumas hipóteses legais: art. 121, § 5º; art. 129, § 8º; art. 140, § 1º, I e II; art. 168-A, § 2°; art. 176, § único; art. 180, § 3º, todos do CP. Segundo a Súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça, a “ sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.” 2.6. RENÚNCIA – Crimes de ação penal privada - Ato unilateral (independe de aceitação do ofensor) de abdicar do direito de oferecer queixa. É um ato irretratável e só cabe nos crimes de ação penal privada. (exceção: crimes de ação penal pública condicionada e de menor potencial ofensivo, com possibilidade de composição cível homologada, nos termos do art. 74, par. Único da Lei 9.099/95) A renúncia só é possível antes do recebimento da queixa. Havendo duas vítimas, a renúncia de um não atinge o direito do outro. Mas a renúncia em relação a um dos autores estende-se aos demais. (indivisibilidade da ação penal privada). Formas de renúncia: - expressa: declaração escrita ; - tácita: ato incompatível com a intenção de oferecer queixa, admitindo qualquer meio de prova. 2.7. PERDÃO DO OFENDIDO – Crimes de ação penal privada - Ato de desistir do prosseguimento da ação penal privada já iniciada. Ato bilateral, pois a extinção da punibilidade exige aceitação do perdão por parte do querelado. O perdão pode ser processual (declaração expressa nos autos, devendo o querelado ser notificado para manifestar aceitação no prazo de 3 dias, sendo o silêncio considerado aceitação). O perdão pode ser extraprocessual (expresso, através de declaração) ou tácito (prática de atos incompatíveis com a intenção de prosseguir a ação). Neste caso, a aceitação deverá ser através de declaração. 2.8. DECADÊNCIA, PEREMPÇÃO E PRESCRIÇÃO - DECADÊNCIA: É causa de extinção da punibilidade decorrente da inércia do ofendido em deflagrar a ação penal (protocolizar a queixa) ou oferecer a representação. Ocorrerá somente na ação penal privada e na pública condicionada, caso o ofendido não apresente a representação no prazo legal. Jamais ocorrerá na ação penal pública incondicionada. Prazo: o ofendido ou seu representante legal decairá do direito de queixa se não o exercer no prazo de 6 meses, contados do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.

DECADÊNCIA

Ocorre somente antes do inicio da ação

Ação Pública Condicionada à Representação ou subsidiária da pública Ação Penal Privada

Não ocorre suspensão ou interrupção

Atinge o direito de ação

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- PEREMPÇÃO: Causa de extinção da punibilidade, exclusiva das ações penais privadas, e que ocorrerá na hipótese de desídia do querelante na condução da ação penal, nos termos do que prevê o artigo 60 do CPP, “Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no Art. 36; III CPP- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

PRESCRIÇÃO 1. Conceito Perda do direito-poder-dever de punir pelo Estado em face do não exercício da pretensão punitiva (interesse em aplicar a pena) ou da pretensão executória (interesse em executar a pena) durante certo tempo. 2. Natureza Jurídica _Causa de extinção da punibilidade. 3. Fundamentos _Inconveniência da aplicação da pena muito tempo após a prática da infração penal; _Combate a ineficiência do Estado. 4. Imprescritibilidade: _Crimes de racismo (Lei n. 7.716/89); _Ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (Lei n. 7.170/83); 5. Espécies a) Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP): _Conceito: Perda do poder-dever de punir, em face da inércia do Estado durante determinado lapso de tempo. _Efeitos: *Impede o início (trancamento de inquérito policial) ou interrompe a persecução penal em juízo; *Afasta todos os efeitos, principais e secundários, penais e extrapenais, da condenação; *A condenação não pode ser declarada constar da folha de antecedentes, exceto quando requisitada por juiz criminal; *Impede o exame do mérito; _Termo inicial: *Consumação do crime (teoria do resultado); *Tentativa – dia em que cessou a atividade; *Crimes permanentes – cessação da permanência; *Bigamia, falsificação ou alteração de assentamento de registro civil – data em que o fato se tornou de conhecimento da autoridade; _Contagem do prazo prescricional: *Regra do art. 10, CP (computando o dia do começo e contando os meses e anos pelo calendário comum); *Prazo fatal e improrrogável; _Cálculo do prazo prescricional:

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*Calculado em função da pena privativa de liberdade; *Verifica-se o prazo constante da tabela existente no art. 109 do CP, tendo como parâmetro o máximo da pena cominada abstratamente. Tabela do Art. 109:

Pena Prazo prescricional

Menor que 1 ano 2 anos

De 1 a 2 anos 4 anos

Mais de 2 até 4 8 anos

Mais de 4 até 8 12 anos

Mais de 8 até 12 16 anos

Mais de 12 20 anos

_Circunstâncias judiciais, agravantes e atenuantes: *Não influem no cálculo da PPP pela pena em abstrato; *Exceções: Agente menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 anos na data da sentença: reduz o prazo prescricional pela metade (art. 115, CP); _Causas de aumento e diminuição: *São consideradas no cálculo da PPP; _Causas interruptivas da prescrição (obstam o curso da prescrição, fazendo com que este se reinicie do zero, desprezando o tempo já decorrido): *Recebimento da denúncia ou queixa; *Publicação da sentença de pronúncia; *Acórdão confirmatório da pronúncia; *Publicação da sentença ou do acórdão recorríveis; _Causas suspensivas (sustam o prazo prescricional, fazendo com que recomece a correr apenas pelo que restar, aproveitando o tempo anteriormente decorrido): *Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o conhecimento da existência do crime; *Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro por qualquer motivo (salvo se for atípico no Brasil); *Suspensão parlamentar do processo; *Durante o prazo de suspensão condicional do processo (art. 89, § 6º, Lei n. 9.099/95); *Acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, até o seu comparecimento (art. 366, CPP); *Na citação por Carta Rogatória, até o seu cumprimento; *Crimes contra a ordem econômica, o acordo de leniência: _Subespécies: *Prescrição da pretensão punitiva intercorrente (ocorre entre a data da publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado); *Prescrição da pretensão punitiva retroativa (contada da decisão da publicação para trás); *Prescrição da pretensão punitiva virtual (reconhecida antecipadamente, com base na provável pena concreta); b) Prescrição da Pretensão Executória (PPE) _Conceito Perda do poder-dever de executar a sanção imposta, em face da inércia do Estado, durante determinado lapso; _Efeitos: Somente extingue a pena principal, permanecendo inalterados todos os demais efeitos secundários, penais e extrapenais, da condenação; _Termo inicial *Trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação; *Revogação do livramento condicional ou sursis; *Interrupção da execução da pena; _Contagem do prazo:

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*Calculada pela pena concretamente fixada; *Deve corresponder ao prazo prescricional fixado na tabela do artigo 109 do CP; _Causas interruptivas: *Início do cumprimento da pena; *Continuação do cumprimento da pena; *Reincidência. _Causas suspensivas: *Prisão do condenado por qualquer outro motivo que não a condenação que se pretende executar; _Diminuição do prazo prescricional *Reduzido pela metade no caso de menor de 21 anos à época do fato e do maior de 70 anos à época da sentença; PRECRIÇÃO DA PENA DE MULTA _PPP (Art. 114, CP): *Em dois anos quando for a única cominada ou aplicada; *No mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada com aquela; _PPE: *Sempre em 5 anos; Aumento do prazo prescricional: _A reincidência aumenta em 1/3 o prazo da PPE. A prescrição que sofre o aumento é a da condenação pelo novo crime praticado.