direito penal ii medida de segurança

26
DIREITO PENAL II Professor Ms. Urbano Félix Pugliese Medida de Segurança

Upload: urbano-felix-pugliese

Post on 02-Jul-2015

1.689 views

Category:

Education


0 download

DESCRIPTION

Aula a respeito de Medida de Segurança

TRANSCRIPT

Page 1: Direito penal ii   medida de segurança

DIREITO PENAL IIProfessor Ms. Urbano Félix Pugliese

Medida de Segurança

Page 2: Direito penal ii   medida de segurança

Base cognitiva Movimento anti-manicomial no Brasil e no mundo; Estudos criminológicos;

Documentários “A casa dos mortos” e “Entre a luz e a sombra” (Hospital de Custódia e tratamento);

Philippe Pinel (1745-1826), Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840) e Sigismund Schlomo Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961)

Page 3: Direito penal ii   medida de segurança

Conceito de MS Espécie de reflexo pelo cometimento de uma infração penal (crime ou contravenção penal):

A) Feição preventiva, curativa, assistencial (nunca repressiva);

B) Inimputáveis e semi-imputáveis perigosos (nunca imputáveis); e

C) Base na perigosidade do agente da infração penal. O que isso significa?

Page 4: Direito penal ii   medida de segurança

Destinatários A) Inimputáveis perigosos (absolvidos); e

B) Semi-imputáveis perigosos (condenados)

Art. 98 do CP: Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.

Page 5: Direito penal ii   medida de segurança

Destinatários A) Inimputáveis perigosos (absolvidos); e

B) Semi-imputáveis perigosos (condenados)

Regra: Sistema vicariante (unitário) adj. Medicina: Diz-se de órgão capaz de suprir a insuficiência de outro. Ex: Rim único que funciona pelos dois

Sistema do duplo binário (duplo trilho, dupla via, doppio binario)

Súmula 422 do STF: “A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que importe privação da liberdade” Súmula de 1964, completamente defasada.

Page 6: Direito penal ii   medida de segurança

Espécies de MS Art. 96 do CP: As medidas de segurança são:

I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; Detentiva: Internação em Hospital de Custódia e Tratamento (HCT); e

II - sujeição a tratamento ambulatorial. Restritiva: Tratamento ambulatorial (Ambulatório)

Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.

Art. 99 do CP: O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento.

Page 7: Direito penal ii   medida de segurança

Conversão de tratamento ambulatorial em internação

Art. 97, § 4º. do CP: § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos

Art. 184 da LEP: O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano.

Pode haver a desinternação progressiva? O STF aceita.

Page 8: Direito penal ii   medida de segurança

Hospital ou presídio? Manicômio judiciário? (Eufemismo basta? Nosocômio?)

OMS: “O hospital é um elemento organizador de caráter médico-social, cuja função consiste em assegurar assistência médica completa, curativa e preventiva à população, e cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar considerada em seu meio; é um centro de medicina e de pesquisa bio-social.”

Page 9: Direito penal ii   medida de segurança

Como o juiz aplica?Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.

Resumindo:

A) Reclusão: Internação (penas mais rigorosas); e

B) Detenção: Ambulatório (crimes menos graves).

O juiz pode escolher?

Page 10: Direito penal ii   medida de segurança

Sentença do JuizArt. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato infração penal;

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

Page 11: Direito penal ii   medida de segurança

Sentença do JuizArt. 386:

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;

VII – não existir prova suficiente para a condenação.

Page 12: Direito penal ii   medida de segurança

Sentença do JuizArt. 386: Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;

II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;

III - aplicará medida de segurança, se cabível. Natureza Jurídica: Sentença absolutória imprópria Art. 171 da LEP. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução.

Page 13: Direito penal ii   medida de segurança

MS cautelar?Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;

II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;

Page 14: Direito penal ii   medida de segurança

MS cautelar?Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;

Page 15: Direito penal ii   medida de segurança

MS cautelar?Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;

Page 16: Direito penal ii   medida de segurança

MS cautelar?Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;

IX - monitoração eletrônica. § 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.

Page 17: Direito penal ii   medida de segurança

Prazos da MSArt. 97 do CP: § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.

Prazo da MS: Indeterminado (Injustiça)

Prazo para exame médico de cessação de perigosidade: 1 (um) a 3 (três) anos.

Page 18: Direito penal ii   medida de segurança

Prazos da MSPrazo MÁXIMO da MS: Indeterminado (Injustiça)

STF: Máximo de 30 anos (vedação da “pena” perpétua)

STJ: Máximo da pena in abstracto (isonomia, igualdade material, proporcionalidade)

Prazo MÍNIMO para exame médico de cessação de perigosidade: 1 (um) a 3 (três) anos.

Page 19: Direito penal ii   medida de segurança

Perícia médicaArt. 97 do CP: § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.

Quantidade de pessoas no HCT da Bahia - 2010: 55 (entre homens e mulheres)

Quantidade de pessoas nos HCT’s do Brasil - 2010: 3370 (entre homens e mulheres)

Page 20: Direito penal ii   medida de segurança

Cessação de PerigosidadeArt. 175 da LEP: A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte:

I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida;

II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;

Page 21: Direito penal ii   medida de segurança

Cessação de PerigosidadeArt. 175 da LEP: III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um;

IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver; V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mínima da medida de segurança; VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.

Page 22: Direito penal ii   medida de segurança

Cessação de PerigosidadeArt. 176: Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo anterior.

Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação.

Page 23: Direito penal ii   medida de segurança

Desinternação ou liberação condicional

Art. 97 do CP: § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.

Reincidir? Voltar a cometer infrações penais? Nem precisa.

Page 24: Direito penal ii   medida de segurança

Conversão de pena em MS Art. 183 da LEP: Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.

Art. 41 do CP: O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado

Page 25: Direito penal ii   medida de segurança

Conversão de pena em MS Causa da doença mental é provisória: Cessada a doença retorna à prisão;

Causa da doença mental é permanente:

Quais são os prazos máximos nesses casos? opções:

A) Prazo indeterminado;

B) Duração máxima de 30 anos;

C) Pena máxima in abstracto do crime cometido; e

D) Mesma duração da pena aplicada.

O STJ e a doutrina indicam a última como a opção correta.

Page 26: Direito penal ii   medida de segurança

DiferençasPENAS X MEDIDAS DE SEGURANÇA

FINALIDADES Eclética Prevenção

DURAÇÃO Determinada Indeterminada*

FUNDAMENTO Culpabilidade Perigosidade

DESTINATÁRIOS Imputáveis e semi-imputáveis

Inimputáveis e semi-imputáveis

(perigosos)