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DIREITO PENAL
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1
HOMICÍDIO SIMPLES
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Preceito Primário:
Matar: Eliminação da vida Lei 9.434/97 – art. 3º (cessação da atividade encefálica)
Alguém: Pessoa Humana
Extrauterina – após o início do parto
Conceito: Eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa.
Sujeitos
Ativo: Qualquer pessoa
Passivo: Qualquer pessoa já nascida (extrauterina)
Objeto
Material: Pessoa (Título I – dos crimes contra a
PESSOA)
Jurídico: Vida (Capítulo I – dos crimes contra a VIDA)
Elemento Subjetivo
Dolo:
Direto: o agente quis o resultado (quis matar) – art. 18, I, 1ª parte, do CP.
Eventual: o agente não quis, mas assumiu o risco de matar – art. 18, I, 2ª parte do CP.
Culpa: não quis o resultado e nem assumiu o risco de produzí-lo
Imprudência
Negligência
Imperícia
Iter Criminis
Consumação: Trata-se de crime material, portanto, se consuma com a morte. (cessação da atividade encefálica)
Tentativa: É possível, desde que:
Tenha dolo (direto ou eventual)
Tenha iniciado a execução
O resultado não tenha ocorrido por circunstâncias alheias à vontade do agente
OBS. 01: A tentativa pode ser Branca ou Cruenta – (como aplicar a pena?)
OBS. 02: A tentativa é diferente da desistência voluntária, arrependimento eficaz, pois nestes, o
resultado morte não ocorre por circunstancias relativas à vontade do agente que voluntariamente não prossegue ou age para impedir o resultado.
Preceito Secundário
Reclusão de 06 à 20 anos
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de
um sexto a um terço.
OBS.: Apesar do texto legal usar a expressão “pode”,
na verdade é pacífico o entendimento de que, se reconhecido o privilégio (pelos jurados) a redução é obrigatória. (DIREITO SUBJETIVO DO RÉU)
Refere-se a valor nobre, altruístico, que beneficia uma coletividade.
Ex.: matar o traidor da nação/pátria; matar o traficante que chegou no calmo bairro e o transformou em uma campo de guerra
Refere-se a valores pessoais, individuais, particulares do agente.
Ex.: eutanásia, pai que mata o estuprador da filha, etc
O art. 28 do CP, dispõe que a emoção não exclui o crime, contudo, no homicídio, se acompanhada dos
outros requisitos, gera a redução da pena.
Aqui exige-se uma fortíssima alteração de ânimo, ou
seja, que fique perturbado, revoltado, descontrolado, “fora de si”.
OBS.: Se for mera influência, não será causa de diminuição de pena, podendo ser apenas uma atenuante (art. 65, III, “c”, do CP).
Aqui exige-se reação imediata, ou seja, enquanto ainda perdura a violenta emoção, ou seja, no mesmo contexto fático da provocação.
Ex.: Se o agente chega em casa e flagra seu cônjuge na cama com outro e imediatamente saca a arma e
atira.
Contudo, também ainda estará no mesmo contexto, se
ao flagrar aquela cena, ele retorna até o carro para pegar arma e volta para atirar.
OBS. 01: É possível que a provocação tenha ocorrido há algum tempo, mas o agente só tenha ciência pouco antes do homicídio;
OBS. 02: A demora na reação, deixando transcorrer lapso temporal considerável, pode excluir a causa de
diminuição e, dependendo da situação, poderá configurar vingança.
A injusta provocação pode ser realizado por diversos
meios ou condutas incitantes (xingamentos, brincadeiras de mal gosto, injúrias, etc.).
Injusta Provocação X Injusta Agressão
(Privilégio) (Legítima Defesa)
(Se presentes os demais requisitos de ambas)
OBS.: Aquele que mata ao flagrar o cônjuge em adultério, de fato reage à injusta provocação da vítima
(o adultério, apesar de não ser mais crime, ainda é considerado ilícito civil). Outrora essa situação já foi considerada legítima defesa da honra, o que não é
mais admitido.
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HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
• Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
• Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Promessa de recompensa: entrega posterior
Outro motivo torpe: Trata-se de um motivo repugnante,
ignóbil, vil, abjeto, imoral, etc... Ex.: motivação econômica, matar por prazer, matar porque a esposa não quis manter relação sexual, etc...
O Mandante também responde por esta qualificadora, ou somente o executor?
Há 02 (duas) correntes: divergências quanto ao art. 30 do CP
Não (STJ – 5ª Turma)
Sim (STF – HC 66571 ; HC 69940 e HC 71582 / STJ – HC 78643 – 6ª Turma)
II - por motivo fútil;
Trata-se de motivo pequeno, insignificante.
Desproporção entre ação e reação.
Ex.: matar o filho pequeno porque chorava; matar o
fiscal de trânsito em razão da multa aplicada; matar o sujeito porque olhou feio, etc...
OBS. 01: Ausência de prova do Motivo – não configura motivo fútil.
OBS. 02: Forte discussão entre as partes – não configura motivo fútil.
OBS. 03: Ciúmes – pacífico na doutrina que não configura motivo fútil.
O Motivo pode ser torpe e fútil ao mesmo tempo?
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar perigo comum;
Veneno – deve ser objeto de perícia;
OBS.: inoculado de forma velada, pois se for com violência, poderá configurar o meio cruel.
Asfixia – mecânica (esganadura, estrangulamento, enforcamento, sufocação, afogamento, soterramento,
sufocação indireta) ou tóxica (confinamento ou gás asfixiante);
Tortura – grave sofrimento empregado de forma lenta e gradativa até a morte;
Insidioso – dissimulado – Ex.: sabotagem dos freios do carro, do avião, etc...
Meio Cruel – ato executório é breve, embora provoque sofrimento físico;
Perigo Comum – capaz de atingir número indeterminado de pessoas;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
O legislador entendeu que aquele que comete o crime de forma a dificultar qualquer forma de defesa da vítima.
OBS.: a Jurisprudência entende que não cabe esta qualificadora quando há dolo eventual, visto que
deve haver nítida intenção de dificultar ou inviabilizar a defesa da vítima, o que só seria possível quando o agente pretendia o resultado morte.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Qualificado pela conexão com outro crime.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
Definida no art. 5º da Lei 11.340/06 (Maria da Penha)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Nesse caso a mulher pode ser até mesmo desconhecida do agente.
Ex.: matar a mulher porque entende que mulher não pode ser motorista de ônibus, ou universitária, etc...
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública , no exercício da função ou em decorrência dela , ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Sistema Prisional
Força Nacional de Segurança Pública
Art. 142 da CF:Exército, Marinha e Aeronáutica.
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Art. 144 da CF: PF, PRF, PFF, PC, PM, BM
E a Guarda Civil, Municipal ou Metropolitana?
Resposta: SIM - Art. 144, §8º da CF.
HOMICÍDIO CULPOSO
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
PERDÃO JUDICIAL
(Homicídio)
5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Ex.: Pai que esquece o filho dentro do carro;
OBS.: Só é admissível no homicídio CULPOSO
Auxilio, instigação ou induzimento ao Suicídio
(Participação em Suicídio)
Art. 122 - Auxilio, instigação ou induzimento ao
Suicídio (Participação em Suicídio)
122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave.
Induzir: criar (fazer nascer) em alguém, a ideia se
matar.
Ex.: Líder religioso que sugere o suicídio aos seus
seguidores.
Instigar: fomentar uma ideia já existente.
Ex.: sujeito está sentando na sacada do apartamento para pular e as pessoas lá embaixo o incentivam com
gritos “pula, pula, pula...”.
Prestar-lhe auxílio: fornecer os meios para que o
suicida se mate.
Ex.: sujeito quer se matar e o agente empresta a corda,
ou a arma, ou lhe fornece o veneno, etc...
Aumento de pena
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
É o quando o indivíduo tem uma excessiva idolatria aos seus interesses, sem ter qualquer tipo de
consideração pelo dos outros. A sua punição é elevada em virtude de seu alto grau de insensibilidade.
Ex.: Induzir/Instigar/Auxiliar visando receber herança, ou assumir o cargo do suicida, etc.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
causa, a capacidade de resistência.
OBS. 01: Se não houver a mínima capacidade
cognitiva para compreender o significado do ato suicida, será considerado homicídio.
OBS. 02: Menor = abaixo de 18 anos de idade máxima,
contudo, há divergência sobre a idade mínima:
1ª Corrente: abaixo de 14 anos = homicídio (analogia
ao antigo art. 224, atual 217-A (vulnerabilidade).
2ª Corrente: a incapacidade cognitiva deve ser
analisada caso a caso.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES (art. 122)
: Auxílio por omissão – Responde pelo art. 122 do CP,
quem tinha o dever jurídico de agir e não o faz.
Ex.: Bombeiro que vendo o suicida no topo do prédio,
não faz nada para salvá-lo.
Obs. 02: Nexo Causal – Se não houver nexo causal,
não há responsabilidade pelo crime
Ex.: sujeito empresta a arma, mas o suicida se enforca.
Aquele que empresou a arma não responde pelo art. 122 do CP, por ausência de nexo causal entre a sua conduta e o resultado;
Obs. 03: Participação em Participação em Suicídio – coautoria e participação.
Ex.: Mateus induz Marcos a Instigar Judas a suicidar-se. Marcos é autor do crime do art. 122, enquanto
Mateus é partícipe.
INFANTICÍDIO
Art. 123 – Infanticídio 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Estado Puerperal:
alteração psíquica (temporária) decorrente de intensa dor física, perda de sangue, grande esforço, alteração hormonal, que pode acarretar breve sentimento de
rejeição àquele que está nascendo ou recém-nascido (visto como responsável pelo sofrimento).
“Conjunto de alterações físicas e psíquicas que ocorrem no organismo da mulher em razão do fenômeno do parto”.
Próprio Filho:
Descendente da própria agente
Elemento Temporal:
Durante o parto ou logo depois do nascimento.
“configura-se durante o parto; o período que vai desde
a ruptura das membranas até a expulsão do feto e da placenta, enquanto o logo após seria o interstício imediatamente após o parto”
Possibilidade de Coautoria e Participação:
Art. 30 do CP – estado puerperal e ser a mãe da vítima são elementares do infanticídio.
Ex.: Coautoria - Mãe pratica ato executório e alguém auxilia;
Ex.: Participação – apenas a mãe pratica ato executório e alguém a estimula;
Ex.: Ato executório praticado por terceiro e mãe só incentiva – não há infanticídio;
ABORTO
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Autoaborto - Art. 124, 1ª parte, do CP;
Aborto Consentido - art. 124, 2ª parte, do CP;
Aborto provocado por 3º sem consentimento da
gestante - art. 125 do CP;
Aborto provocado por 3º com consentimento da
gestante - art. 126 do CP;
Aborto Qualificado (MAJORADO) – Causa Especial
de Aumento de Pena - art. 127 do CP;
Aborto “legalizado” – Causas de exclusão da ilicitude
– art. 128 do CP;
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Autoaborto: a própria gestante realiza a manobra abortiva;
Ex.: quedas intencionais, esforços excessivos (a fim de provocar aborto), brinquedos contraindicados para
grávidas (montanha russa);
Tentativa de Suicídio da grávida: não se pune a
autolesão;
Morte do Feto:
1ª Corrente – Fato atípico, porque ao praticar o ato suicida não tinha intenção de praticar aborto;
2ª Corrente – agiu com dolo eventual e deve ser punida por autoaborto;
Consentimento: a gestante consente e 3º realiza a manobra abortiva;
Art. 124 para a gestante e art. 126 para quem realiza a manobra abortiva (exceção à teoria monista – art. 29
do CP).
Aborto provocado por 3º SEM consentimento
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos.
É a forma mais gravosa do crime – a ausência do consentimento constitui elementar do tipo penal. Não há necessidade de dissentimento:
Ex.: Agressão à grávida para causar aborto; Amante que coloca substancia abortiva na sopa da concubina,
sem que ela saiba;
Dissentimento Real:
Fraude: emprego de ardil capaz de induzir a gestante a erro.
Ex.: médico que, a pretexto de realizar exames de rotina na gestante, realiza manobra abortiva;
Grave Ameaça: é a promessa de um mal grave, inevitável ou irresistível;
Ex.: Marido desempregado que ameaça se matar se a mulher não abortar a criança ou pai que ameaça
expulsar a filha (grávida) de casa se ela não abortar;
Violência: emprego de força física.
Ex.: homicídio de mulher grávida, com conhecimento da gravidez pelo homicida;
Dissentimento Presumido:
Gestante menor de 14 anos, alienada ou débil mental (ausência de capacidade);
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Consentimento Válido:
quando a gestante detém capacidade para consentir.
Consentimento Inválido:
quando ocorrem os casos de dissentimento real ou presumido do art. 125 do CP.
ABORTO – Qualificado (Majorado)
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Abrangência: só se aplica às formas tipificadas nos
artigos 125 e 126 do CP, ficando excluídas as condutas do art. 124 do CP (obviamente porque a gestante é quem sofrerá a lesão grave ou morte,
assim, aplica-se apenas ao terceiro);
OBS.: Partícipe do art. 124 do CP – Ex.: sujeito
instiga o autoaborto e aconselha a gestante a utilizar quantidade excessiva de medicamento, causando-lhe a morte (participação em autoaborto + homicídio
culposo);
ABORTO – Legalizado
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto Necessário (ou terapêutico): Gravidez que
traz risco à vida da gestante (espécie de estado de necessidade, sem a necessidade de perigo atual).
Risco atual: é dispensável o consentimento da gestante, em razão do estado em que se encontra e a possibilidade dos parentes serem movidos apenas por
interesse patrimonial;
Risco Futuro: parecer de 02 (dois) médicos (diversos
do que realizará a manobra abortiva) lavrado em 03 (três) vias, sendo uma enviada ao CRM e outra ao diretor clínico do hospital – necessário consentimento
(se possível).
Ex.: câncer no útero, tuberculose, anemia profunda,
leucemia, diabetes, etc.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Aborto Sentimental (ou humanitário ou ético): Gravidez decorrente de estupro.
Consentimento: há necessidade de prévio consentimento da gestante ou seu representante legal;
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Prova do Estupro: prova idônea do estupro (BO,
testemunhas colhidos na DEPOL, atestado médico – lesões advindas da conjunção carnal)
OBS: No estupro de vulnerável basta a prova da conjunção carnal.
Aborto Eugenésico (ou eugênico ou piedoso):
Feto Anecencéfalo (ou anencefálico): ADPF nº 54 –
STF decidiu declarar inconstitucional a interpretação que o aborto de feto anenceféfalo é considerado conduta típica (crime);
ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões.
Considerações.
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA
GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE – DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS
– CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e
128, incisos I e II, do Código Penal. (ADPF 54 – STF. Rel. Marco Aurélio)
OBS.: Feto com anomalia (Sindome de Down, deformindade física, etc): não admitido.
Aborto Social (ou econômico): Família com muitos filhos e sem condições financeiras de custear outro filho – não admitido.
ADPF 54 – STF
ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica,
surgindo absolutamente neutro quanto às religiões. Considerações.
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE – DIGNIDADE –
AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da
gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal.
Relator: Min. Marco Aurélio
Autor da ADPF: Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Saúde – CNTS
Advogado: Luiz Roberto Barroso
Temas comuns às espécies de aborto
Objeto Jurídico:
Autoaborto e Aborto Consentido – vida humana
intrauterina (feto);
Aborto Provocado por Terceiro (com e sem
consentimento): vida humana intrauterina (feto) + vida e incolumidade física e psíquica da própria gestante;
Objetividade Jurídica – a preservação da vida intrauterina (trata-se de crime simples);
Elemento Subjetivo – Dolo (direto ou eventual) - não existe modalidade culposa;
Temas comuns às espécies de aborto
Sujeito ativo:
Autoria:
Autoaborto: a manobra abortiva cabe apenas à gestante (crime de mão própria);
Consentimento ao aborto: cabe apenas à gestante (crime de mão própria);
Coautoria:
Aborto provocado por terceiro (com ou sem
consentimento): qualquer pessoa pode realizar a manobra abortiva(crime comum);
Sujeito ativo:
Participação:
Autoaborto: é crime de mão própria (a manobra abortiva cabe apenas à gestante), portanto, não é
possível coautoria, apenas participação é possíve l na hipótese em que o terceiro apenas induz, instiga ou auxilia (de maneira secundária) a gestante a praticar o
aborto. Ex: namorado instiga namorada a realizar auto aborto ou fornece meios para a gestante executar aborto em si mesma.
OBS: há posicionamento na jurisprudência que nesse caso responderia pelo art. 126 do CP.
Consentimento ao aborto: é crime de mão própria (o ato permissivo cabe apenas à gestante), portanto, não
é possível coautoria, apenas participação na hipótese em que o terceiro apenas induz, instiga ou auxilia a gestante a consentir o aborto.
Ex: terceiro convence a gestante consentir que outra pessoa realize a manobra abortiva.
Sujeito passivo:
Autoaborto e Consentimento ao aborto: somente o feto;
Aborto provocado por terceiro (com ou sem consentimento): o feto e também a gestante ;
Meios de Execução:
Meios Químicos: substâncias não propriamente
abortivas, mas que atual via intoxicação,, como o arsênico, fósforo, mercúrio, quinina, estricnina, ópio, etc;
Meios Psíquicos: susto, terror, sugestão, etc;
Meios Físicos:
Mecânicos - Ex: Curetagem;
Térmicos - Ex: aplicação de bolsas de água quente e fria no ventre;
Elétricos – Ex: emprego de choques (corrente galvânica ou farádica);
Omissão: quando o sujeito tem a posição de garantidor do direito – Ex.: médico, parteira, enfermeira, etc, que,
percebendo o iminente aborto espontâneo ou acidental, não tomam as medidas disponíveis para evitá-lo (respondem pela prática omissiva de aborto);
Consumação: consuma-se com a morte do embrião/feto (crime material);
DIU (Dispositivo Intrauterino) – há dois sistemas:
1º - Impede a fixação do óvulo já fecundado no útero;
Exercício regular do direito - o uso do dispositivo é
permitido por lei (causa de exclusão da ilicitude);
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Imputação Objetiva – o fato não é típico pois o Estado
não pode autorizar as pessoas a usar o DIU e ao mesmo tempo criminalizar a conduta.
Teoria Social da Ação (Hans Weszel) – o uso do DIU é socialmente aceita, considerada normal, adequada, correta, permitida, portanto, atípica ante a ausência de
inadequação social.
2º - Impede a própria fecundação – mais moderno -
Pílula do Dia Seguinte: aplica-se o mesmo raciocínio do DIU.
Tentativa: é possível em todas as figuras do aborto quando, por circunstancias alheias à vontade do agente, não há eliminação da vida (dentro do útero ou
mesmo no nascimento precoce, com vida);
Na tentativa de aborto é possível que o feto permaneça
vivo dentro do útero ou seja expulso com vida e sobreviva;
Se o feto é expulso com vida, mas morre depois, será considerado aborto consumado, desde que demonstrado que a morte decorreu da manobra
abortiva;
Ex.: Golpe abortivo que atingiu o corpo do feto –
imaturidade. Nesse caso a regra do art. 4º do CP prevê que o crime é cometimento no momento da ação, ainda que o resultado ocorra posteriormente (o dolo
era voltado para o aborto);
Se a manobra abortiva provocar a expulsão do feto
com vida e, em seguida, for realizada nova agressão contra o recém nascido – haverá tentativa de aborto em concurso material com homicídio ou infanticídio
(dependendo das condições);
Nexo Causal: a morte do feto deve decorrer da
manobra abortiva, se houver outra agressão ao feto, haverá concurso material
Crime Impossível:
Emprego de meio absolutamente inidôneo – ingerir
medicamentos incapazes de provocar aborto, realizar rezas, práticas supersticiosas – art. 17 do CP;
Emprego de meio relativamente inidôneo – ingerir substância capaz de provocar aborto, mas em quantidade insuficiente – responderá por aborto na
forma tentada;
Absoluta impropriedade do objeto – se o feto já estava
morto quando do início da manobra abortiva, ou se sequer havia gravidez – não há crime;
Gêmeos: se o agente não sabia que eram gêmeos, responderá por crime único, mas se sabia responderá por 02 (dois) crimes de aborto em concurso formal;
Ação Penal – pública incondicionada (competência do Tribunal do Júri).
Observações Importantes
Homicídio doloso ou Latrocínio de mulher grávida e aborto:
Se sabia da gravidez – homicídio + aborto sem consentimento (no mínimo, por dolo eventual)
Se não sabia da gravidez – homicídio (punir pelo aborto seria responsabilidade objetiva)