excelentÍssimo senhor doutor juiz federal …“desaposentação”, como direito material...

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL PRESIDENTE DA ___ª TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA TERCEIRA REGIÃO - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO Processo nº: Recorrente: Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS AUTOR, já devidamente qualificado nos autos da ação em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seus advogados constituídos, inconformada com v. acórdão proferido pela E. __ª Turma Recursal do JEF da 3ª Região, cujo teor negou provimento à pretensão do Recorrente, interpor o presente INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL na forma do art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001 e da Resolução 345/2015, do Conselho da Justiça Federal. O Recorrente é beneficiário da justiça gratuita, na forma da Lei 1.060/50.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL PRESIDENTE DA ___ª

TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA TERCEIRA

REGIÃO - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO

Processo nº:

Recorrente:

Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

AUTOR, já devidamente qualificado nos autos da ação em

epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa

Excelência, por seus advogados constituídos,

inconformada com v. acórdão proferido pela E. __ª Turma

Recursal do JEF da 3ª Região, cujo teor negou provimento

à pretensão do Recorrente, interpor o presente

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL

na forma do art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001 e da

Resolução 345/2015, do Conselho da Justiça Federal.

O Recorrente é beneficiário da justiça gratuita, na forma

da Lei 1.060/50.

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Requer, assim, seja a medida encaminhada a E. Turma

Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais

Federais, com as razões em anexo, a fim de reformar o

acórdão recorrido.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data.

______________________________________

Nome do Advogado e número da OAB

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EGRÉGIA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO

Processo nº:

Recorrente:

Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL

E. Turma Nacional de Uniformização!

Eméritos Julgadores!

PRELIMINARMENTE

DA DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS

Os patronos do Recorrente declaram a autenticidade das cópias em

anexo, na forma do art. 425, inciso IV, do novo CPC, especialmente para

comprovar a divergência de posicionamentos jurisprudenciais, via

cotejo analítico.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Recorrente é beneficiário da justiça gratuita, na forma da Lei 1.060/50,

isentando-se, pois, do pagamento de quaisquer taxas ou emolumentos

processuais.

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BREVE RELATO PROCESSUAL

O Recorrente, aposentado pelo RGPS, pleiteia o cancelamento de sua

aposentadoria e subseqüente concessão de nova aposentadoria por

tempo de contribuição com o aproveitamento das contribuições que

recolheu enquanto já aposentado.

Trata-se, resumidamente, de discussão envolvendo a legitimidade do

instituto da “desaposentação”. Espera-se, pois, que a concessão do novo

benefício estime todo o período contributivo vertido pelo Embargante, e

não importe, em hipótese alguma, na devolução dos valores já auferidos

a título de benefício.

A pretensão se justifica pela inexistência de reflexos econômicos

práticos em face das novas contribuições revertidas pelo contribuinte

após sua aposentadoria, já que segurado obrigatória da previdência

social.

Vale dizer. Muito embora tenha contribuído para os cofres da

Previdência desde a sua aposentadoria, ao Recorrente não foi garantida

nenhuma benesse consistente por parte do INSS, por força das

prescrições supostamente vedativas do art. 18, § 2º, da Lei 8.213/91 e art.

181-B, do Decreto 3.048/99.

Com efeito, apesar de se empregar entendimento uníssono e atual do C.

STJ para fundamentar o provimento da petição inicial, especialmente

com base nas disposições do REsp repetitivo 1.334.488/SC, a pretensão

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exordial não obteve apreciação favorável na 4º Turma Recursal dos

Juizados Especiais Federais de São Paulo.

Alertemos que tanto o STJ como esta C. TNU se mostram favoráveis à

tese recorrente, por meio do Incidente de Uniformização Pet 9.231/DF e

do Pedilef 05065832220134058500, respectivamente.

E é nesse sentido que destacamos que ao negar provimento ao pleito

exordial, o v. acórdão recorrido contraria a jurisprudência dominante e

atual do C. STJ, na forma do art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001,

especialmente no que pese a viabilidade da desaposentação no Regime

Geral de Previdência Social.

Passemos a expor e cotejar a divergência jurisprudencial

supramencionada quando da interpretação da legislação federal (direito

material), fato este que autoriza, sobremaneira, a factibilidade e

provimento do pedido de uniformização de interpretação de lei federal,

senão vejamos.

DO CABIMENTO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO

Considerando que os feitos que tramitam na Justiça Especial tem a

singularidade de freqüentemente reprisar teses jurídicas, é

imprescindível também que a interpretação do direito material aplicável

seja uniforme, sob pena de situações fáticas análogas receberem

tratamento diferenciado regional ou nacionalmente (SAVARIS, José

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Antônio. Recursos Cíveis nos Juizados Especiais Federais. Curitiba:

Juruá, 2010, p. 164)

Com efeito, visando dar efetividade aos princípios constitucionais da

segurança jurídica, igualdade e isonomia, o Recorrente requer que esta

E. Turma Nacional de Uniformização estabilize e uniformize o

conturbado posicionamento jurisprudencial acerca da temática da

“desaposentação”, como direito material subjetivo do segurado, na

forma do art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001.

Com efeito, lembrar-se-á que a decisão da 4ª Turma Recursal, ao negar

provimento à pretensão exordial em epígrafe, atenta contra os seguintes

dispositivos de lei federal, a saber:

a. Art. 5º, caput, e incisos II e XXXVI, da CF: correta abordagem

e utilização dos princípios da isonomia, legalidade e da

garantia do ato jurídico perfeito, para justificar a viabilidade da

renúncia a aposentadoria;

b. Art. 201, caput e § 11, da CF: aplicação do princípio do caráter

contributivo para a necessária repercussão das contribuições

no benefício;

c. Art. 150, inciso IV, da CF: impedimento da pretensão viola o

princípio da vedação ao confisco tributário;

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d. Art. 195, § 5º, da CF: a desconsideração do pleito exordial

atenta contra o princípio da contrapartida tributária, pois

existe fonte de custeio para o pagamento do novo benefício;

e. Art. 3º, inciso I, da CF: princípio da solidariedade deve ser

corretamente interpretado, no sentido de que a cooperação

deve ser recíproca: o segurado contribuiu para o regime assim

como o regime contribuiu para o segurado;

f. Art. 105, inciso III, alínea c, da CF: Função uniformizadora do

STJ quanto à aplicação da lei federal;

g. Art. 1º, inciso III, da CF: Desnecessidade de devolução dos

valores já recebidos, tendo em vista o princípio da dignidade

da pessoa humana e a irrepetibilidade dos alimentos;

h. Art. 5º, da LINDB: a obrigatoriedade das contribuições

previdenciárias deve presumir, necessariamente, sua reflexão

no pagamento de benefícios ao segurado, em atenção à

finalidade da aplicação das normas - “Na aplicação da lei, o juiz

atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem

comum. (art. 5º, da LINDB)”.

i. Art. 6º, § 1º, da LINDB: Correta interpretação do instituto do

ato jurídico perfeito;

j. Art. 18, § 2º, da Lei 8.213/91: Correta interpretação da norma,

que trata da acumulação de benefícios com aposentadoria;

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k. Art. 543-C, do CPC (art. 1.036, do novo CPC): Necessário

provimento da pretensão recursal à luz do recurso repetitivo

1.334.488/SC.

l. Lei 8.213/91: por utilização da regra contida no art. 181-B, do

Decreto 3.048/99, cujo teor vedou expressamente a

possibilidade de renúncia dos benefícios previdenciários. O

dispositivo regulamentar deve ser extirpado do ordenamento

jurídico por extrapolar os limites da Lei 8.213/91, que jamais

proibiu tal resignação (ilegalidade);

Registremos que todas as decisões do C. STJ sobre a temática da

desaposentação sinalizam para a legalidade e viabilidade do pleito,

situação esta que caracteriza o confronto entre a jurisprudência

dominante da Corte Superior e a posição da Corte de Origem.

O recorrente pretende, assim, expurgar do ordenamento a subsistência

de teses jurídicas diversas entre as Cortes Regionais Federais, a fim de

conferir maior segurança jurídica e igualdade aos provimentos que

envolvem a matéria dos autos.

Cumprido está, assim, o principal requisito de admissibilidade do

incidente de uniformização, qual seja, a “busca da uniformidade na

interpretação do direito material de interesse federal” (ARENHART, Sérgio

Cruz. Juizados Especiais Federais – Primeiras Impressões, Curitiba:

Gênesis, 2001, p. 44), notadamente no que se refere a inobservância das

determinações do REsp repetitivo 1.334.488/SC e do Pet 9.231/DF pela

Turma Recursal de Origem.

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DA ANÁLISE DA PRETENSÃO À LUZ DO RECURSO ESPECIAL

REPETITIVO 1.334.488/SC.

Conforme o sobredito, o Recorrente registrou que a E. 4ª Turma Recursal

do JEF da 3ª Região não observou as determinações do REsp repetitivo

1.334.488/SC, onde o C. STJ uniformizou seu entendimento a respeito

da possibilidade da desaposentação com concessão de nova

aposentadoria, sem devolução dos valores.

Marco Serau Júnior, por questões de economia, celeridade e eficiência,

atribui, inclusive, um efeito vinculante “prático” ao supracitado julgado:

“Os efeitos vinculantes, até mais do que a importância da consolidação

da jurisprudência do STJ, do acórdão proferido no REsp

1.334.488/SC, forçam a tendência do julgamento procedente dos

processos vindouros em que se venha a buscar a desaposentação. (...),

seja na primeira ou na segunda instância da Justiça (Justiça Federal,

órgãos da Justiça Estadual atuando em competência delegada e

Tribunal Regional Federal).” (Revista Brasileira de Direito

Previdenciário, v. 14 (abr./maio 2013), Porto Alegre: Magister,

p. 39)

Com efeito, não obstante o tema em epígrafe tratar de matéria afeta aos

recursos efetivamente sobrestados pelos Tribunais, seria recomendável

que tanto a e. Turma Recursal como esta c. TNU convergissem com o

entendimento do C. STJ.

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A deliberação em sentido contrário do alvitrado pela Corte Superior

acabou por ferir o postulado da isonomia (art. 5º, da CF) e da função

pacificadora de jurisprudência do STJ (art. 105, inciso III, alínea c, da CF),

afinal, contradiz o posicionamento pacífico e consolidado da Corte

Superior de Justiça.

E nem se diga que a eficácia da decisão seria tão somente persuasiva para

os demais julgados acerca do tema.

Na verdade, a manutenção de acórdãos que afrontam posicionamento

pacificado da Corte Superior devem carecer de eficácia, já que a postura

da Corte Regional apenas retardará o resultado já previsto da lide,

contribuindo para o abarrotamento de processos no judiciário, o que

justamente se visava minorar com a adoção da sistemática dos recursos

repetitivos da Lei 11.672/2008.

Já no que diz respeito ao julgamento do presente pedido de

uniformização, destaquemos que o art. 9º, inciso X, da Resolução

345/2015, do CJF, regulamenta efetivamente a questão quando dispõe

que compete ao Relator do Incidente “dar provimento ao incidente se a

decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou jurisprudência

dominante da Turma Nacional de Uniformização, do Superior Tribunal de

Justiça ou do Supremo Tribunal Federal, podendo determinar o retorno dos

autos à origem para a devida adequação”.

Requer-se, portanto, que a pretensão recursal em análise seja analisada e

conseqüentemente provida, à luz das disposições contidas no REsp

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repetitivo 1.334.488/SC, mas também conforme o cotejo analítico

oportunamente exposto.

DO PRECEDENTE CRIADO NO INCIDENTE DE

UNIFORMIZAÇÃO PET 9.231/DF.

Ressaltemos o precedente jurisprudencial concebido no Pet 9.231/DF, em

20.03.2014, cujos autos foram submetidos à sistemática do incidente de

uniformização ao STJ no que pese a viabilidade dos pleitos judiciais de

desaposentação.

Destaquemos, inclusive, que a apreciação do processo alhures justifica,

igualmente, a interposição da presente medida recursal.

Lembrar-se-á que o julgamento de incidentes dirigidos ao C. STJ, tal

como o do Pet 9.231/DF, implica em diversas conseqüências. E um dos

corolários advindos da uniformização trata dos efeitos externos da

decisão uniformizadora, o qual suscitamos neste momento.

Nos dizeres de Savaris a decisão dos incidentes de uniformização não

deve se limitar a produzir efeito suportado apenas no processo em que

foi proferida, ou seja, há efeitos que ultrapassam a lide concreta – efeitos

externos – e que devem se irradiar em outros feitos e instâncias dos

Juizados Especiais (SAVARIS. José Antônio. Recursos Cíveis nos

Juizados Especiais Federais. Curitiba: Juruá, 2010, p. 222).

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Primeiramente, há de se destacar que soa no mínimo lógico que o

posicionamento adotado em futuros julgamentos de pedidos de

uniformização para o STJ deve ser observado por todas as instâncias dos

Juizados Especiais Federais.

Isso porque a Superior Corte de Justiça é a guardiã da interpretação da

lei federal (art. 105, inciso III, alínea a, da CF), motivo pelo qual os

pronunciamentos judiciais posteriores ao julgamento de um incidente

pelo STJ observem a orientação por ele firmada.

E isso fica ainda mais evidente quando analisamos o art. 14, § 9º, da Lei

10.259/01, que prescreve até mesmo a possibilidade de retratação do

Colegiado de origem, a fim de adaptar o seu entendimento ao

pronunciamento final do C. STJ em sede de incidente de uniformização.

Com efeito, a decisão do incidente erigido no Pet 9.231/DF, cujo teor

opinou pela viabilidade da tese de desaposentação, deve produzir o

efeito externo de influenciar, especialmente, no julgamento da presente

demanda, notadamente por tratar da mesma temática daquele incidente.

E para reforçar o requerimento do tópico anterior, pleiteia-se,

novamente, que a pretensão recursal seja analisada e conseqüentemente

provida, à luz das disposições contidas no REsp 1.334.488/SC, pois assim

restou decidido pelo STJ no incidente de uniformização no Pet 9.231/DF.

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MERITORIAMENTE

DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL

Conforme já exaustivamente exposto, o entendimento do C. STJ, na

totalidade de suas decisões, pende para a viabilidade da renúncia ao

benefício previdenciário de aposentadoria, para fins de concessão de

novo benefício (tese da desaposentação), sem devolução dos valores

percebidos.

Esse é, inclusive, o entendimento que pretendemos aplicar nos presentes

autos, e, portanto, apto a ensejar a divergência jurisprudencial nos

termos do art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001 e da Resolução 345/2015, do

Conselho da Justiça Federal.

Dessa forma, não deve prevalecer a interpretação atribuída pela 4ª

Turma do Juizado Especial Federal da 3ª Região (que não reconhece o

direito da segurado a “desaposentar-se”) tendo em vista que, em caso

idêntico, o C. STJ se posicionou em sentido literalmente oposto ao

alvitrado pelo acórdão recorrido, especialmente quando do julgamento

do REsp repetitivo 1.334.488/SC.

Legítima, portanto, a interposição do Incidente de Uniformização

Nacional, para que evoquemos a esta TNU a importante função de

uniformizar a jurisprudência pátria, nos moldes da legislação

supramencionada.

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Com efeito, vejamos a decisão recorrida que fulminou a pretensão

exordial:

“I – RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto em face da sentença de

improcedência prolatada nos autos em epígrafe. Prequestiona a parte autora a

matéria para fins recursais. É o relatório. II – VOTO O pedido não merece

acolhimento. Pretende a parte autora o cancelamento de seu atual benefício

previdenciário e a concessão de novo com o aproveitamento dos fatores utilizados

na concessão dessa aposentadoria para aproveitamento conjunto com outros

elementos decorrentes do exercício posterior (a tal concessão pretérita) de

atividades abrangidas pelo Regime Geral da Previdência Social - RGPS, com a

conseqüente majoração do seu valor. A parte autora alega, em síntese, que após

concessão de seu atual benefício previdenciário continuou a exercer atividade

laborativa, de forma que no ajuizamento da ação possuía tempo superior de

contribuição, pelo que faz jus a concessão de novo benefício, renunciando ao

benefício que atualmente percebe. Faço algumas considerações iniciais,

relacionadas à matérias que, inclusive, independem de alegações das partes. Não

há que se falar em decadência, prevista no art. 103 da Lei nº 8213/91 pois a lide

não versa sobre recálculo da renda mensal inicial de benefício, e sim de

cancelamento e concessão de novo. A questão de fundo envolve matéria de cunho

eminentemente constitucional, mais especificamente o cancelamento unilateral e

puramente voluntário de ato jurídico perfeito. Nestas condições, tenho que a

palavra final sobre o tema deve ser proferida pelo Supremo Tribunal Federal, que

ainda não se manifestou de forma definitiva. Assim, respeitadas as opiniões em

contrário, tenho que o feito não deve ser sobrestado, ou permanecer neste estado,

e que este órgão ainda pode apreciar o mérito com liberdade. Sobre a posição,

respeitável e favorável à pretensão da parte aurora, que tem predominado no

Superior Tribunal De justiça, tenho que a mesma apenas gera efeitos vinculantes

na admissibilidade de Recurso Especial dirigido àquela Corte. Não é esta a fase

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na qual o feito se encontra, aliás, tal recurso não é cabível em face de decisões

proferidas no âmbito das Turmas Recursais. Passo ao mérito propriamente dito.

Não existe qualquer embasamento legal que justifique a procedência do pedido

formulado pela parte autora. A "Desaposentação" é definida como a reversão da

aposentadoria obtida no Regime Geral de Previdência Social, ou mesmo em

Regimes Próprios de Previdência de Servidores Públicos, com o objetivo

exclusivo de possibilitar a aquisição de benefício mais vantajoso no mesmo ou em

outro regime previdenciário. A aposentadoria já concedida administrativamente

é ato perfeito e acabado, que possui proteção constitucional no art. 5º, inc.

XXXVI da CF/88 e não pode ser alterado, salvo hipótese de ilegalidade. Por seu

turno, o artigo 181- B do Decreto nº 3.048/99 dispõe expressamente o seguinte:

"art.181-B As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial

concedidas pela Previdência Social, na forma deste regulamento, são

irreversíveis e irrenunciáveis".(grifo nosso) Dessa forma, uma vez requerido o

benefício e já aposentado, não pode a parte autora sob argumento e retorno ao

labor, pretender reconsiderar tal tempo de contribuição para uma nova

aposentadoria, ainda que esteja disposto a renunciar ao atual benefício. De fato,

não me parece tratar de simples renúncia ao benefício percebido, cingindo-se a

possibilidade de abdicar do benefício ou não. No presente caso, em última análise,

a parte autora quer substituir o benefício pretendido por outro mais vantajoso.

Ademais, como bem assevera o douto membro do Ministério Público Federal em

seu parecer no processo tramitado sob nº 2005.61.83.00869-9, análogo ao

presente feito: “Para o aposentado não há direito previdenciário a outra espécie

de aposentadoria, pois não mais segurado da previdência. Ou seja, a condição de

aposentado afasta a pessoa da disponibilidade das circunstâncias próprias do

segurado e aqui, reafirmando, a data determinante é a do requerimento da

aposentadoria. Tanto assim, que a concessão do benefício se faz acompanhada do

pagamento de valores e verbas em atraso.” Outrossim, as regras da aposentação

sempre estiveram preestabelecidas, de forma que não pode agora a parte autora

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pretender aumentar a RMI de seu benefício, já que optou em receber antes o

benefício já deferido administrativamente, mormente considerando que desde a

aposentação recebeu o benefício cumulativamente ao seu salário, em decorrência

da sua continuidade no labor. De fato, o autor demonstra ter continuado no

desempenho de atividade laborativa, percebendo remuneração, somado ao

benefício previdenciário percebido. Constato que foi uma opção do autor

aposentar-se anteriormente ao pedido ora formulado, não havendo qualquer

coação por parte do Poder Público para que ele antecipasse sua aposentação,

ainda que menos vantajosa, por opção própria. Ademais, o ato de concessão do

benefício em questão não padeceu de qualquer vício ou ilegalidade, não sendo este

o questionamento do presente feito e sim o fato de a parte autora, descontente

com o benefício que vem percebendo, pretender sua majoração. Há que se

considerar, ainda, o custo para o erário, gerando inenarrável desequilíbrio

atuarial se a tese pleiteada for admitida, lembrando-se que não há preexistência

de custeio para sua admissão. De fato, dispositivo constitucional expresso no

artigo 195, parágrafo 5º, estabelece que não se pode majorar qualquer benefício

sem a correspondente fonte de custeio. No presente caso, ainda que por vias

transversas através de renúncia e nova concessão, a parte autora pretende, em

última análise, a majoração de seu benefício. Wladimir Novaes Martinez, ao

tratar dos princípios norteadores das prestações securitárias, especificamente no

que concerne ao Princípio da Proteção à Prestação, discorre sobre as regras da

definitividade, em que afirma ser a prestação definitiva e irreversível, tal qual a

coisa julgada, e ainda sobre a regra da irrenunciabilidade, onde afirma em

“Desaposentação: Um novo Instituto?”, Revista de Previdência Social, nº 228,

pág. 1130/1134, que “da mesma forma que em relação aos salários, as prestações

são irrenunciáveis, ainda que isso se oponha à autonomia da vontade”. O mesmo

jurista, quando trata da irrenunciabilidade das prestações, pondera que esta deve

ser tomada em seus exatos termos e que assim não se confunde com a

possibilidade de renúncia de prestação em favor de outra mais vantajosa

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(“Princípios de Direito Previdenciário”, LTr, 1982, pág. 105). Por fim, ressalto

que o fato de o demandante estar vertendo contribuições por conta da

continuidade de seu trabalho não altera o deslinde do feito, já que o art. 12, §4º

da Lei nº 8.212/91, alterado pela lei nº 9.032/95, passou a determinar que o

aposentado que voltar a exercer atividade abrangida pelo RGPS é segurado

obrigatório em relação a esta atividade, ficando sujeito às contribuições de que

trata a lei de custeio. Ademais, há que se consignar que a Previdência Social se

rege pelo princípio da solidariedade, previsto constitucionalmente, não

contribuindo para si só, mas para o sistema como um todo. Assim, as

contribuições vertidas após a concessão da aposentadoria destinam-se a todos,

solidariamente, e não apenas à parte autora. Assim sendo, tendo em vista que o

benefício percebido é irreversível e irrenunciável, o pedido formulado não merece

acolhida. Por fim, embora a parte recorrente requeira expressamente o

prequestionamento de matérias que possam ensejar a interposição de recurso

especial ou extraordinário, com base nas Súmulas n. 282 e 356, do Supremo

Tribunal Federal, as razões do convencimento do Juiz sobre determinado assunto

são subjetivas, singulares e não estão condicionadas aos fundamentos

formulados pelas partes. Neste sentido pronuncia-se a jurisprudência: “O juiz

não está obrigado a responder todas as alegações das partes, quando já tenha

encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se obriga a ater -se aos

fundamentos indicados por elas e tampouco a responder um a um todos os seus

argumentos.” (RJTJESP 115/207). Isso posto, nego provimento ao recurso e

mantenho a sentença recorrida. Condeno a parte autora ao pagamento de custas

e honorários advocatícios, que fixo em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art.

55 da Lei 9099/95, considerando a baixa complexidade do tema e o pequeno valor

da causa. O pagamento ocorrerá desde que possa efetuá-lo sem prejuízo do

sustento próprio ou da família, nos termos dos arts. 11 e 12 da Lei n. 1060/1950.

Dispensada ementa, por aplicação extensiva do art. 46 da Lei nº 9099/95,

segunda parte. É o voto”.

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(íntegra do acórdão em anexo)

Vejamos agora a ementa do acórdão paradigma (REsp 1.334.488/SC) em

sentido completamente oposto ao alvitrado na decisão recorrida:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO

CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO

DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E

REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA.

CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO.

DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE. 1. Trata-se de

Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar

impossibilidade de renúncia a aposentadoria e, por parte do segurado,

de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que

pretende abdicar. 2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à

aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,

conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que

permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova

aposentação. 3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais

disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,

prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a

que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior

jubilamento. Precedentes do STJ. 4. Ressalva do entendimento pessoal

do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a

reaposentação, conforme votos vencidos proferidos no REsp

1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,

1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR,

1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg no AREsp

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103.509/PE. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o

direito à desaposentação, mas condicionou posterior aposentadoria ao

ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por

que deve ser afastada a imposição de devolução. 6. Recurso Especial do

INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão

submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do

STJ. (REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013)

Fonte:

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado

/?componente=ITA&sequencial=1186178&num_registro=20120

1463871&data=20130514&formato=PDF

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado

/?componente=ITA&sequencial=1253763&num_registro=20120

1463871&data=20130930&formato=PDF

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado

/?componente=ITA&sequencial=1281290&num_registro=20120

1463871&data=20131205&formato=PDF

(íntegra das decisões em anexo)

Passemos a realizar, agora, o cotejo analítico entre o acórdão recorrido e

o acórdão paradigma, especialmente para demonstrar a similitude fático-

jurídica entre as decisões confrontadas:

1) QUANTO AO CASO CONCRETO:

ACÓRDÃO RECORRIDO

“Pretende a parte autora o cancelamento de seu atual benefício

previdenciário e a concessão de novo com o aproveitamento dos

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fatores utilizados na concessão dessa aposentadoria para

aproveitamento conjunto com outros elementos decorrentes do exercício

posterior (a tal concessão pretérita) de atividades abrangidas pelo Regime

Geral da Previdência Social - RGPS, com a conseqüente majoração

do seu valor.”.

ACÓRDÃO PARADIGMA (RESP 1334488/SC)

“Trata-se, na origem, de Ação Ordinária de segurado objetiva a

renúncia à aposentadoria por tempo de serviço concedida pelo INSS

em 1997 (a chamada "desaposentação") e a concessão de posterior

benefício da mesma natureza, mediante cômputo das contribuições

realizadas após o primeiro jubilamento.”

2) QUANTO AOS FUNDAMENTOS:

ACÓRDÃO RECORRIDO

“(...) Não existe qualquer embasamento legal que justifique a

procedência do pedido formulado pela parte autora (...)”.

“(...) A aposentadoria já concedida administrativamente é ato perfeito e

acabado, que possui proteção constitucional no art. 5º, inc. XXXVI da

CF/88 e não pode ser alterado, salvo hipótese de ilegalidade (...)”.

“(...) De fato, não me parece tratar de simples renúncia ao benefício

percebido, cingindo-se a possibilidade de abdicar do benefício ou não. No

presente caso, em última análise, a parte autora quer substituir o

benefício pretendido por outro mais vantajoso. (...)”

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“(...) Há que se considerar, ainda, o custo para o erário, gerando

inenarrável desequilíbrio atuarial se a tese pleiteada for admitida,

lembrando-se que não há preexistência de custeio para sua admissão.

De fato, dispositivo constitucional expresso no artigo 195, parágrafo 5º,

estabelece que não se pode majorar qualquer benefício sem a

correspondente fonte de custeio. No presente caso, ainda que por vias

transversas através de renúncia e nova concessão, a parte autora

pretende, em última análise, a majoração de seu benefício. (...)”

“(...) Ademais, há que se consignar que a Previdência Social se rege pelo

princípio da solidariedade, previsto constitucionalmente, não

contribuindo para si só, mas para o sistema como um todo. Assim, as

contribuições vertidas após a concessão da aposentadoria

destinam-se a todos, solidariamente, e não apenas à parte autora. (...)”

ACÓRDÃO PARADIGMA (RESP 1334488/SC)

“(...) Esta Corte sedimentou posição no sentido de que os benefícios

previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis: (...) Não é diferente o

entendimento da jurisprudência desta Corte Superior quanto à

possibilidade de desaposentação: (...)”

“(...) 2. É pacífico nesta eg. Corte Superior o entendimento segundo o qual

o segurado pode renunciar à aposentadoria que aufere com o

objetivo de obter uma outra, mais vantajosa, não estando

obrigado, na consecução desse objetivo, a devolver as prestações

previdenciárias já percebidas. Precedentes. (...)”

“(...) Assim, é possível ao segurado renunciar à aposentadoria (...)”.

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“(...) Quanto ao debate acerca da necessidade de devolução dos valores (...),

o STJ fixou a orientação de que não há necessidade de ressarcimento

de aposentadoria a que se pretende renunciar como condição para o

novo jubilamento (...)”.

“(...) É possível, portanto, ao segurado pleitear a desaposentação para

posterior reaposentação, computando-se os salários de contribuição

posteriores à renúncia, sem necessidade de devolução dos valores recebida

(sic) da aposentadoria preterida. (...)”.

3) POSICIONAMENTO ADOTADO:

ACÓRDÃO RECORRIDO

“Assim sendo, tendo em vista que o benefício percebido é irreversível e

irrenunciável, o pedido formulado não merece acolhida. (...) Isso

posto, nego provimento ao recurso e mantenho a sentença recorrida.”.

ACÓRDÃO PARADIGMA (RESP 1334488/SC)

“Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Especial do INSS e

provejo o Recurso Especial de Waldir Ossemer para declarar a

desnecessidade de devolução dos valores da aposentadoria

renunciada, e condenar a autarquia à concessão de nova

aposentadoria a contar do ajuizamento da ação.”

Restam incontestáveis, nesse espeque, as relações de semelhança entre o

acórdão recorrido e o acórdão paradigma (REsp repetitivo 1.334.488/SC),

ambos versando sobre a possibilidade de renúncia à aposentadoria e, ato

contínuo, concessão de nova aposentadoria mais vantajosa (similitude

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fático-jurídica), bem como a evidente divergência de interpretação da

legislação federal entre a 4ª Turma Recursal do JEF da 3ª Região e o C.

STJ, posto que a decisão recorrida deixou de reconhecer o direito do

Recorrente, divergindo da Corte Superior de Justiça no acórdão

paradigma (divergência na interpretação acerca das questões de direito

material).

Portanto, por qualquer ângulo que se observe, somente se pode concluir

pela reforma da decisão recorrida, haja vista o disparato entre a

realidade legal e jurisprudencial praticada pela Turma Recursal.

Saliente-se novamente que todas as decisões proferidas pelo C. STJ sobre

a temática da desaposentação, apontam para legalidade e viabilidade do

pleito, com concessão de nova aposentadoria mais vantajosa, sem a

necessidade de devolução dos valores já recebidos.

III - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, comprovada a divergência jurisprudencial entre o

acórdão recorrido, proferido pela E. 4ª Turma Recursal do JEF da 3ª

Região e o entendimento dominante do C. STJ, requer-se, com base no

art. 14, da Lei 10.259/2001 c/c a Resolução 345/2015, do Conselho da

Justiça Federal, seja conhecida e provida a presente medida recursal,

para que esta E. Turma Nacional de Uniformização reconheça a

procedência do pleito exordial (renúncia à aposentação atual e concessão de

nova aposentadoria por tempo de contribuição), uniformizando a

jurisprudência sobre a temática da desaposentação, especialmente com

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base no REsp repetitivo 1.334.488/SC, e também nos termos expostos nos

autos, deferindo-se, inclusive, a tutela da evidência, na forma do art. 311,

inciso II, do novo CPC, tudo por ser medida de direito e da mais lídima

justiça!

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data.

______________________________________

Nome do Advogado e número da OAB