legalidade da desaposentação pode ser definida ainda em 2012

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7 Jornal do Comércio - Porto Alegre JC Jornal da Lei APOSENTADORIA Terça-feira, 5 de junho de 2012 Camila Freitas* [email protected] A validade jurídica da desaposentação pode ser con- templada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) até o final de 2012. Com a legitimidade da medida, será permitida a conversão da aposentadoria proporcio- nal em aposentadoria integral, por meio da renúncia ao primeiro benefício e do recálculo das contribuições recolhidas após a primeira jubilação. Atualmente, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não reconhece a desistência da aposentadoria, com base no Decreto 3.048/99, que é explícito em dizer que este benefício é irrenunciável. Isso tem levado os segurados a procurar a Justiça para recalcular o valor do benefício. As ações são direcionadas contra o INSS. Em contrapartida, há também decisões favoráveis aos segurados até no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas elas ainda não obtiveram uma jurisprudência. O julgamento pelo Supremo pacificará, assim, o direito à desaposentação. No ano passado, por exemplo, o Plenário Virtual do STF reconheceu a existência da repercussão geral na questão constitucional discutida no RE 661.256. Já o RE 381.367 teve julgamento iniciado pelo Plenário da Corte em setembro de 2010, mas foi suspenso por pedido Boia-fria ganha direito a salário-maternidade A presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou no dia 28 de maio a Lei 12.653/12, que torna crime exigir cheque-caução em hospitais. O projeto que deu origem à nova lei foi aprovado pela Câmara no início deste mês. A lei altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) para criar um novo tipo de crime específico relacionado à omissão de socorro (artigo 135). A partir de agora, quem exigir o cheque-caução pode- rá ser punido com detenção de três meses a um ano e multa. A pena poderá ser dobrada, se o paciente sofrer lesão corpo- ral grave por causa da falta de atendimento, e até triplicada, se o paciente morrer. Também será considerado crime exigir nota promissória ou o preenchimento prévio de formulários administra- tivos como condição para o atendi- mento de emergência. Os hospitais e as clínicas terão que afixar, em local visível, cartazes informando os pacientes de que é crime pedir cheque-caução, nota promissória ou preenchimento de formulários. Até 21/6 estão abertas as inscrições para a oitava edição do Programa de Intercâmbio da Secretaria de Assuntos Legislavos (SAL) do Minis- tério da Jusça e da Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil. A iniciava selecionará 12 estudantes e pesquisadores brasileiros para par- cipar das avidades das secretarias entre 23/7 e 3/8. Mais informações e inscrições pelo e-mail centroestudos. [email protected]. Estão abertas as inscrições para o II Congresso de Direito Processual Previdenciário, agendado para os dias 6/7 e 7/7. Em paralelo ao Con- gresso, acontece o VII Seminário Regional de Direito Previdenciário. Os eventos são organizados pelo IESA, juntamente com a OAB e a Escola Superior de Advocacia. A avidade ocorre em Santo Ângelo, no IESA (rua Dr. João Augusto Rodrigues, 471). Mais informações e inscrição pelo site hp://www.iesanet.com. br/seminario-direito. O IV Congresso de Ciências Crimi - nais de Joinville ocorre entre 11/6 e 14/6, das 19h às 21h, na Universida- de da Região de Joinville (rua Paulo Malschitzki, 10), no auditório da Uni - valle. O tema da avidade vai focar nos desafios das ciências criminais. Mais informações e inscrições pelo telefone (47) 3461.9211 ou pelo site www.univalle.br. Legalidade da desaposentação pode ser definida ainda em 2012 Caso a medida seja aprovada, Tesouro Nacional poderá sofrer um impacto fiscal Todos os que contribuíram após a aposentadoria têm direito ao pedido GABRIELA DI BELLA/ARQUIVO/JC de vista do ministro do STF Dias Toffoli. Conforme Danilo Augusto Garcia Borges, advogado previdenciário do escritório G Carvalho Sociedade de Ad- vogados, há mais de 70 mil ações na Justiça requerendo a desaposentação, que pode ser obtida apenas por meio de decisão judicial. Além disso, o advogado comenta que há mais de 500 mil aposentados no mercado de trabalho atualmente. “Todos os que contribuíram após a aposentadoria têm direito ao pedido. Assim, por meio de um recálculo do benefício, será avaliada a vantagem aos que retornaram ao mercado de trabalho”, comenta Borges. Apesar da expectativa positiva por parte dos contri- buintes, o STF reconheceu, em dezembro de 2011, que a questão proporciona grande repercussão no país, já que pode gerar um impacto fiscal estimado em R$ 49,1 bilhões, segundo o Executivo. De acordo com publicação da Câmara dos Deputados, tal número consta no anexo de riscos fiscais do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tramita na Comissão Mista de Orçamento. O texto enfatiza que o cálculo não é um reconhecimento direto, mas uma pro- jeção do risco potencial às contas públicas. Também não significa um provisionamento antecipado de recursos. O próprio governo afirma que o impacto será diluído em mais de um exercício financeiro. A grande discussão no STF é se o segurado, ao renun- ciar ao benefício por outro de maior vantagem, terá ou não de devolver o que já recebeu do INSS. Até o momento, o Supremo não apresenta uma deci- são sobre o tema. Diversos tribunais já vêm ganhando causas aos aposentados, mas nem todos têm sucesso, podendo repercutir por mais de um ano. Enquanto não há legalidade da medida, para solicitar a desaposentação, a pessoa deve buscar um advogado es- pecialista, ficar informado sobre seus direitos e mensu- rar se compensa renunciar ao benefício atual por outro. *Com agências A 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Re- gião (TRF-4) concedeu, na última semana, salário-ma- ternidade a uma trabalhado- ra rural do estado do Para- ná, boia-fria, com base ape- nas em prova testemunhal. Conforme o relator da decisão, desembargador federal João Batista Pinto Silveira, quando se trata de trabalhadora rural, deve-se considerar a informali- dade com que é exercida a pro- fissão, devendo ser abrandada a exigência de prova material. Conforme Silveira, “se as- sim não fosse feito, a Justiça acabaria por negar o benefício respectivo a todas aquelas pes- soas que, embora realmente tivessem trabalhado em terras de terceiros, não dispusessem de documentos suficientes, o que seria uma grave injustiça”. A segurada recorreu ao tri- bunal após ter seu pedido de salário-maternidade negado em primeira instância, sob o argumento de que não teria apresentado documentação suficiente para comprovar sua condição de boia-fria, mas apenas testemunhas. TRABALHO RURAL SAÚDE Lei que criminaliza exigência de cheque-caução em hospitais é sancionada AGENDA

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7Jornal do Comércio - Porto Alegre JC Jornal da Lei

APOSENTADORIA

Terça-feira, 5 de junho de 2012

Camila Freitas*[email protected]

A validade jurídica da desaposentação pode ser con-templada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) até o final de 2012. Com a legitimidade da medida, será permitida a conversão da aposentadoria proporcio-nal em aposentadoria integral, por meio da renúncia ao primeiro benefício e do recálculo das contribuições recolhidas após a primeira jubilação.

Atualmente, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não reconhece a desistência da aposentadoria, com base no Decreto 3.048/99, que é explícito em dizer que este benefício é irrenunciável. Isso tem levado os segurados a procurar a Justiça para recalcular o valor do benefício. As ações são direcionadas contra o INSS.

Em contrapartida, há também decisões favoráveis aos segurados até no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas elas ainda não obtiveram uma jurisprudência. O julgamento pelo Supremo pacificará, assim, o direito à desaposentação.

No ano passado, por exemplo, o Plenário Virtual do STF reconheceu a existência da repercussão geral na questão constitucional discutida no RE 661.256. Já o RE 381.367 teve julgamento iniciado pelo Plenário da Corte em setembro de 2010, mas foi suspenso por pedido

Boia-fria ganha direito a salário-maternidade

A presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou no dia 28 de maio a Lei 12.653/12, que torna crime exigir cheque-caução em hospitais. O projeto que deu origem à nova lei foi aprovado pela Câmara no início deste mês.

A lei altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) para criar um novo tipo de crime específico relacionado à omissão de socorro (artigo 135). A partir de agora, quem exigir o cheque-caução pode-rá ser punido com detenção de três meses a um ano e multa.

A pena poderá ser dobrada, se o paciente sofrer lesão corpo-ral grave por causa da falta de atendimento, e até triplicada, se o paciente morrer. Também será considerado crime exigir nota promissória ou o preenchimento prévio de formulários administra-tivos como condição para o atendi-mento de emergência. Os hospitais e as clínicas terão que afixar, em local visível, cartazes informando os pacientes de que é crime pedir cheque-caução, nota promissória ou preenchimento de formulários.

Até 21/6 estão abertas as inscrições para a oitava edição do Programa de Intercâmbio da Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) do Minis-tério da Justiça e da Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil. A iniciativa selecionará 12 estudantes e pesquisadores brasileiros para par-ticipar das atividades das secretarias entre 23/7 e 3/8. Mais informações e inscrições pelo e-mail [email protected].

Estão abertas as inscrições para o II Congresso de Direito Processual Previdenciário, agendado para os dias 6/7 e 7/7. Em paralelo ao Con-gresso, acontece o VII Seminário Regional de Direito Previdenciário. Os eventos são organizados pelo IESA, juntamente com a OAB e a Escola Superior de Advocacia. A atividade ocorre em Santo Ângelo, no IESA (rua Dr. João Augusto Rodrigues, 471). Mais informações e inscrição

pelo site http://www.iesanet.com.br/seminario-direito. O IV Congresso de Ciências Crimi-nais de Joinville ocorre entre 11/6 e 14/6, das 19h às 21h, na Universida-de da Região de Joinville (rua Paulo Malschitzki, 10), no auditório da Uni-valle. O tema da atividade vai focar nos desafios das ciências criminais. Mais informações e inscrições pelo telefone (47) 3461.9211 ou pelo site www.univalle.br.

Legalidade da desaposentação pode ser definida ainda em 2012Caso a medida seja aprovada, Tesouro Nacional poderá sofrer um impacto fiscal

Todos os que contribuíram após a aposentadoria têm direito ao pedido

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de vista do ministro do STF Dias Toffoli.Conforme Danilo Augusto Garcia Borges, advogado

previdenciário do escritório G Carvalho Sociedade de Ad-vogados, há mais de 70 mil ações na Justiça requerendo a desaposentação, que pode ser obtida apenas por meio de decisão judicial. Além disso, o advogado comenta que há mais de 500 mil aposentados no mercado de trabalho atualmente.

“Todos os que contribuíram após a aposentadoria têm direito ao pedido. Assim, por meio de um recálculo do benefício, será avaliada a vantagem aos que retornaram ao mercado de trabalho”, comenta Borges.

Apesar da expectativa positiva por parte dos contri-buintes, o STF reconheceu, em dezembro de 2011, que a questão proporciona grande repercussão no país, já que pode gerar um impacto fiscal estimado em R$ 49,1 bilhões, segundo o Executivo.

De acordo com publicação da Câmara dos Deputados, tal número consta no anexo de riscos fiscais do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tramita na Comissão Mista de Orçamento. O texto enfatiza que o cálculo não é um reconhecimento direto, mas uma pro-jeção do risco potencial às contas públicas. Também não significa um provisionamento antecipado de recursos. O próprio governo afirma que o impacto será diluído em mais de um exercício financeiro.

A grande discussão no STF é se o segurado, ao renun-ciar ao benefício por outro de maior vantagem, terá ou não de devolver o que já recebeu do INSS.

Até o momento, o Supremo não apresenta uma deci-são sobre o tema. Diversos tribunais já vêm ganhando

causas aos aposentados, mas nem todos têm sucesso, podendo repercutir por mais de um ano.

Enquanto não há legalidade da medida, para solicitar a desaposentação, a pessoa deve buscar um advogado es-pecialista, ficar informado sobre seus direitos e mensu-rar se compensa renunciar ao benefício atual por outro.

*Com agências

A 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Re-gião (TRF-4) concedeu, na última semana, salário-ma-ternidade a uma trabalhado-ra rural do estado do Para-ná, boia-fria, com base ape-nas em prova testemunhal. Conforme o relator da decisão, desembargador federal João Batista Pinto Silveira, quando se trata de trabalhadora rural, deve-se considerar a informali-dade com que é exercida a pro-fissão, devendo ser abrandada a exigência de prova material.

Conforme Silveira, “se as-

sim não fosse feito, a Justiça acabaria por negar o benefício respectivo a todas aquelas pes-soas que, embora realmente tivessem trabalhado em terras de terceiros, não dispusessem de documentos suficientes, o que seria uma grave injustiça”.

A segurada recorreu ao tri-bunal após ter seu pedido de salário-maternidade negado em primeira instância, sob o argumento de que não teria apresentado documentação suficiente para comprovar sua condição de boia-fria, mas apenas testemunhas.

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Lei que criminaliza exigência de cheque-caução em hospitais é sancionada

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