direito econômico (pfgn) aula 05 v1
DESCRIPTION
Direito Econômico (Pfgn) Aula 05 v1TRANSCRIPT
-
Aula 05
Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015
Professor: Daniel Mesquita
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
AULA 05: Ordem econmica internacional e
regional.
Sumrio 1) Introduo aula 05 .......................................................... 2
2) Ordem Econmica Internacional e Regional ....................... 2
3) Aspectos da ordem econmica internacional ...................... 5
3.1 Sujeitos da Ordem Econmica Internacional .................... 5
3.1.1 Estados soberanos ........................................................ 5
3.1.2 Organismos internacionais ............................................ 7
3.1.3 Empresas transnacionais ............................................... 9
3.2 A configurao da ordem econmica internacional ........ 10
3.3 Finalidade e princpios da ordem econmica internacional
13
3.4 Integrao Econmica ................................................... 14
3.4.1 Barreiras tarifrias ...................................................... 15
3.4.2 Barreiras no tarifrias ............................................... 18
3.5 Processo (fases) de integrao econmica .................... 20
4. Direito Econmico Internacional ...................................... 24
4.1 Do reflexo do Direito Econmico na Teoria das Relaes
Internacionais ....................................................................... 24
4.1.1 Da anlise do Direito Econmico a partir da teoria das
Relaes Internacionais ........................................................ 28
4.2 O comrcio internacional ............................................... 30
4.3 Caractersticas do Direito Econmico Internacional ....... 32
5. Aspectos da ordem econmica regional: Mercosul ............ 34
5.1 rgos do Mercosul ....................................................... 40
5.2 Sistema de soluo de controvrsias ............................. 45
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
5.3 Sistema de defesa da concorrncia no Mercosul ............ 49
5.4 Sistema de defesa comercial no Mercosul ...................... 52
6. Resumo da aula ................................................................ 55
7. Questes de concurso ...................................................... 57
8. Questes extras ............................................................... 61
1) ? ?
Que bom que voc veio para nossa aula 05, do curso de direito
econmico para a Procuradoria Geral de Fazenda Nacional.
Nesta aula, veremos o seguinte ponto do ltimo edital
regulador do certame: 10. Ordem econmica internacional e regional.
Aspectos da ordem econmica internacional. Definio. Normas:
direito econmico internacional. Aspectos da ordem econmica
regional. Definio. Normas: direito econmico regional MERCOSUL. Esta aula ser dada com fundamento, principalmente, na obra
GH /HRQDUGR 9L]HX )LJXHLUHGR /Lo}HV GH 'LUHLWR (FRQ{PLFR edio, editora Forense.
2)
No sculo XIX, o Liberalismo Econmico j revelava dois efeitos
que contriburam para o desenvolvimento da ordem econmica
internacional. De um lado, a liberdade individual era levada s
ltimas consequncias, gerando opresso das classes mais ricas e
industriais sobre a proletariada. De outro, as revolues industriais
embasadas no Liberalismo econmico, resultaram na ascenso de um
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
novo mercado internacional, e por sua vez, no desenvolvimento da
economia mundial.
Tais efeitos ensejaram o aparecimento das ideias socialistas,
que pregavam um Estado Social equilibrado, bem evidenciadas pelas
ideias de Karl Max. Assim, instaurou-se a dicotomia entre socialismo
e capitalismo.
Este ltimo acabou prevalecendo na ordem econmica mundial
que se conhece at os dias atuais, pautado no desenvolvimento da
iniciativa privada e da livre concorrncia. Uma das consequncias
desse modelo foi o desenvolvimento de uma economia globalizada,
pautada na universalizao das relaes econmicas, que
ultrapassam os limites dos territrios e fomentam as transaes
internacionais.
Assim, a partir da segunda metade do sculo XX, observou-se
um crescimento na economia dos pases, pautado na evoluo da
Ordem Econmica Mundial e com mudanas nas relaes econmicas
internacionais. Uma economia sustentvel e racional em escala global
depende do desenvolvimento das relaes comerciais entre os pases
que fazem parte da Ordem Econmica Mundial, ou seja, constatou-se
a necessidade de criao de uma sociedade internacional que
pudesse dirimir os conflitos econmicos entre os sujeitos do comrcio
internacional.
Ao se falar em Ordem Econmica Internacional, o foco o
mbito jurdico de carter mundial e social, que busca a
harmonizao e aprimoramento das relaes comerciais e
econmicas estabelecidas pelas pessoas jurdicas de direito pblico
externo envolvidas.
A Ordem Econmica Internacional tem por fim estabelecer um
conjunto de normas que disciplinem a cooperao entre as Naes
para intensificao do comrcio exterior, bem como a universalizao
dos direitos de cunho socioeconmico.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Outrossim, pode-se dizer que, dentro de uma perspectiva
domstica, visa regulamentar e disciplinar, tanto a instalao em
territrio nacional de diversos fatores de produo de procedncia
estrangeira quanto as transaes comerciais relativas a bens,
servios e capitais, da decorrentes.
Atualmente, verifica-se um desenvolvimento de integrao
entre os continentes, principalmente pela frequente formao e
estabelecimento de novos blocos econmicos.
A ampliao do comrcio internacional proporciona o
crescimento das economias e garante bases slidas para a construo
do desenvolvimento social. O atendimento das necessidades internas
dos pases est diretamente ligado ao comrcio internacional
O processo econmico internacional dinmico fazendo com
que as relaes comerciais entre os pases sofram incontveis
transformaes medida que cresce o intercmbio internacional.
Isso no quer dizer que se deve abandonar a proteo s
economias nacionais. Pelo contrrio! A proteo s economias
nacionais cada dia mais importante devido ao refinamento das
relaes internacionais, pois o mercado interno deve ser preservado
justamente por ser mais frgil diante das grandes potncias
econmicas.
A finalidade da Ordem Econmica Internacional , portanto:
x estruturar um conjunto de regras que organizem a cooperao entre os pases para o fortalecimento do
comrcio exterior,
x promover a universalizao dos direitos socioeconmicos, x regulamentar e disciplinar a entrada em territrio
nacional da produo de elementos de procedncia
estrangeira, bem como as transaes comerciais relativas
a bens, servios e capitais.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
No desenvolvimento da ordem econmica internacional, os
pases sentiram a necessidade de se aglutinar por regies para se
tornarem mais competitivos no mercado internacional, eliminando
barreiras comerciais regionais para alcanarem mercados maiores.
Nesse sentido, instaurao a Ordem Econmica Regional, no incio
do sculo XX.
Essa integrao regional de mercados ocorre, inicialmente, na
Europa, em 1951, com a instituio da Comunidade Europeia do
Carvo e do Ao (CECA) e culmina com o surgimento da Unio
Europeia, em novembro de 1993, quando entra em vigor o Tratado
de Maastrich.
No mbito da Amrica do Sul surge o Mercosul, que ser
abordado ao longo desta aula.
3)
3.1 Sujeitos da Ordem Econmica Internacional
Os sujeitos da Ordem Econmica Internacional so aqueles que
possuem personalidade jurdica para concretizar as normas de Direito
Internacional. Nesse caso, so os Estados e os Organismos
Internacionais, pois somente eles podem adquirir direitos e contrair
obrigaes no plano internacional.
Existem tambm os atores internacionais, que so aqueles que
influem na formao das normas dessa Ordem, como as Empresas
Transnacionais.
3.1.1 Estados soberanos
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Os Estados so os principais sujeitos que atuam na Ordem
Internacional, tanto de uma perspectiva histrica quanto por aspectos
operacionais. a partir deles que derivam os demais sujeitos, como
as Organizaes Internacionais.
O pressuposto fundamental da existncia de um Estado a sua
soberania, que se estabelece quando este tem um reconhecimento de
sua independncia pela comunidade internacional e passa a firmar
acordos internacionais.
Mas como vocs bem sabem, essa no a nica caracterstica
de um Estado, que a comunidade organizada politicamente, em
territrio geograficamente definido, normalmente sob a regncia de
uma Constituio e dirigida por um governo. Um Estado, conforme se
d a organizao no tocante ao desempenho de suas atribuies
poltico-administrativas, pode ser unitrio ou federado, neste caso
compondo com outros Estados-membros, ou entes federativos, uma
federao.
Outro importante aspecto o monoplio do uso legtimo da
violncia em face dos cidados. Em outras palavras, o Estado o
nico ente que se encontra autorizado a impor sua vontade por meio
de coero fsica aos demais.
Para resumir, so os elementos do Estado:
a) povo: conjunto de indivduos que falam a mesma lngua, tm
costumes e hbitos idnticos, afinidade de interesses, uma histria e
tradies comuns, isto , conjunto das pessoas que constituem a
base humana de uma nao, que se submetem s mesmas leis;
b) territrio: base geogrfica sobre a qual o Estado exerce a sua
soberania;
c) poder pblico: conjunto dos entes e rgos investidos de
autoridade para realizar os fins do Estado;
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
d) soberania: aptido que tem um Estado de ser uma ordem
suprema que no deve a sua validade a nenhuma outra ordem
superior;
e) finalidade: garantia da satisfao social e da estabilidade poltica,
mantendo-se a segurana jurdica nas relaes sociais.
Via de regra, exigem-se trs fatores essenciais para que o
Estado seja devidamente reconhecido como tal:
a) que seu governo seja independente, inclusive no que respeita
conduo da poltica externa;
b) que o governo controle efetivamente o seu territrio e populao e
cumpra as suas obrigaes internacionais; e
c) que possua um territrio delimitado.
CUIDADO, pois no se deve confundir: o reconhecimento do
Estado no se confunde com o reconhecimento do governo.
O reconhecimento do governo ocorre quando um grupo poltico
assume os poderes j constitudos, sem que isso desonere o Estado
do cumprimento de suas obrigaes internacionais.
Se um governo tiver a inteno de no cumprir os seus deveres
de ordem internacional, ele pode vir a no a sua legitimidade
reconhecida pelos demais Estados. Com isso, fica claro que o
reconhecimento de um governo no um ato obrigatrio para os
demais Estados.
3.1.2 Organismos internacionais
Depois da 2 Guerra Mundial, o ingresso de novos Estados e o
aumento das necessidades e interesses econmicos e sociais
envolvidos, fossem eles comuns ou conflitantes, tornou indispensvel
a criao de novas frmulas de associao em reas de contorno
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
geopolticos. O objetivo era diminuir o desgaste nas negociaes e
aumentar a probabilidade de resultados vantajosos para os
participantes.
A partir desse cenrio, surgiram os primeiros organismos
internacionais para atender interesses gerais de maior abrangncia
poltica, como a ONU e organismos dela derivados.
Essas associaes so voluntrias de sujeitos de direito
internacional, principalmente os Estados, constitudas por meio de ato
internacional, em regra por tratados, com carter de relativa
permanncia e so organizadas por regulamentos e estruturada com
rgos de direo prpria. O objetivo alcanar as metas e objetivos
em comum, determinados por seus fundadores.
Aps a sua constituio, passam a ter personalidade
internacional prpria e como consequncia, independncia dos
membros que o constituiu, podendo adquirir direitos e contrair
obrigaes em seu nome inclusive celebrando tratados com outras organizaes internacionais e com outros Estados, nos termos do seu
ato constitutivo.
As principais caractersticas desses organismos so:
a) manifestao volitiva multilateral dos Estados signatrios
participantes;
b) paridade participativa na estrutura organizacional,
assegurando a efetiva igualdade dos membros; e
c) pluralidade de Naes envolvidas pelo organismo.
Contudo, existem organismos que participam do cenrio
internacional que so provenientes da sociedade civil para promover
interesses e necessidades coletivas, que comumente chamamos de
Organizaes No Governamentais ONGs. Contudo, por no serem constitudas por Estados, no podem
ser classificadas como organizaes internacionais.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
3.1.3 Empresas transnacionais
As empresas transnacionais so entidades autnomas, de
personalidade jurdica de direito privado, que estabelecem sua gesto
negocial e organizam a sua produo em bases internacionais. Ou
seja, no possuem vnculo direto ou compromisso com as fronteiras
ou os interesses polticos de determinada Nao.
Conforme j mencionado, as empresas transnacionais no
possuem as caractersticas essenciais de um sujeito
internacional, pois no derivam do poder estatal e tem formao na
iniciativa privada.
Inicialmente, haviam sido denominadas Empresas
Multinacionais, mas esta nomenclatura tem sido rejeitada por traduzir
a ideia de que poderia ter vrias nacionalidades e provvel
comprometimento com elas, quando na verdade, a empresa
transnacional se fixa na Nao que lhe apresenta as melhores
condies para obter lucro, sem qualquer compromisso poltico de um
para com outro, mas apenas o atendimento de interesses
econmicos.
As principais caractersticas so:
a) seu capital no originado especificadamente de um pas
predeterminado, sendo fruto do investimento de diversos
segmentos fsicos e jurdicos captados em diversas partes do
globo;
b) seu processo de produo operacionalizado em diferentes
etapas, podendo ser realizadas nas mais diversas regies do
planeta, mediante fornecimento de matria-prima,
componentes e mo de obra oriundos de mais de um pas.
Em outras palavras, a totalidade dos investimentos, bem como
de todos os ciclos da cadeia produtiva no se circunscrevem a um
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Estado determinado, como um fenmeno caracterstico da economia
globalizada.
Para sedimentar o que foi estudado, tenham em mente que:
x O que define o sujeito da ordem internacional a capacidade de gerar direitos e contrair obrigaes;
x So considerados sujeitos da ordem internacional os Estados soberanos e as organizaes internacionais.
3.2 A configurao da ordem econmica internacional
Na segunda metade do sculo XX, com as mudanas das
relaes econmicas internacionais, o crescimento da economia dos
pases passou a pautar-se na evoluo da Ordem Econmica Mundial,
que depende diretamente do desenvolvimento das relaes
comerciais entre pases.
Atualmente, o processo de integrao aplicado praticamente
em todo o mundo, conforme a formao e fortalecimento de blocos
econmicos, ainda que com diferena de forma, velocidade e
intensidade. Assim, percebe-se que a ampliao do comrcio
internacional essencial para o crescimento das economias, pois as
Naes dependem desse comrcio para atender as suas necessidades
internas.
As relaes comerciais entre pases so dinmicas e esto em
constante transformao e, por este motivo, se tornam cada vez mais
complexas. Com isso, na primeira etapa da integrao e aproximao
econmica, acaba por ser necessrio a utilizao de mecanismos de
proteo s economias nacionais para resguardar mercados internos
frgeis em face das grandes potenciais econmicas. Com o
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
crescimento das relaes e trocas comerciais, esses mecanismos
tendem a diminuir.
Inicialmente, a Ordem Econmica Internacional foi estruturada
com a finalidade de estabelecer um conjunto de normas que
disciplinassem a cooperao entre as Naes para intensificao do
comrcio exterior, e a universalizao dos direitos de cunho
socioeconmico, levando em conta a diversidade dos ordenamentos
internacionais e das realidades internas de cada Estado, baseando-se
na interdependncia recproca e na coexistncia pacfica.
Importante mencionar acordos internacionais que planejaram a
Ordem Econmica Internacional.
x A Carta do Atlntico Esse acordo surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando
diversos pases encontravam-se economicamente arrasados. Os
Estados Unidos da Amrica conceberam uma Ordem Econmica
Mundial para o ps-guerra, em que pudessem penetrar em mercados
que fossem fechados a outras economias e abrir novas oportunidades
para empresas norte americanas.
A carta assim chamada, pois surgiu de um encontro entre o
presidente americano Franklin Roosevelt e o Primeiro Ministro
britnico Winston Churchill, em um navio no atlntico norte em 1941.
A Carta do Atlntico afirmou o direito de todas as naes a igual
acesso a comrcio e a matrias-primas, apelou pela liberdade dos
mares, o desarmamento dos agressores e o estabelecimento de um
amplo e permanente sistema de segurana geral.
Por ter estabelecido igual acesso ao comrcio e s fontes de
matria-prima, pode-se afirmar que foi um dos primeiros esboos de
configurao da Ordem Econmica em escala mundial no sculo XX.
x Os acordos de Bretton Woods
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
O nome desse acordo surgiu da cidade Bretton Woods, na qual
os delegados de 44 Naes aliadas se reuniram para a Conferncia
Monetria e Financeira das Naes Unidas
Os delegados deliberaram e finalmente subscreveram o Acordo
de Bretton Woods em 1944, para discutir questes econmicas
relacionadas ao final da Segunda Guerra Mundial e ao destino das
relaes internacionais no ps-guerra.
Da conferncia surgiu o Sistema Bretton Woods de
gerenciamento econmico internacional, que estabeleceu as regras
para as relaes comerciais e financeiras entre os pases mais
industrializados do mundo.
Assim, foi o primeiro exemplo da histria mundial de uma
ordem monetria totalmente negociada, com o objetivo de assegurar
governana prvia nas relaes monetrias entre Naes
independentes.
Concebendo um sistema de regras, instituies e
procedimentos para regular a poltica econmica internacional, foi
institudo o Banco Internacional para a Reconstruo e
Desenvolvimento BIRD, percursor do Banco Mundial, o Banco para Investimentos Internacionais e o Fundo Monetrio Internacional. Tais
entidades tornaram-se operacionais em 1946, depois que um nmero
suficiente de pases ratificou o acordo, viabilizando-as
economicamente.
As principais disposies do Sistema de Bretton Woods foram,
primeiramente, a obrigao de cada pas adotar uma poltica
monetria que mantivesse a taxa de cmbio de suas moedas dentro
de um determinado valor indexado ao dlar, que, por sua vez, estaria
ligado ao ouro numa base fixa, e em segundo lugar, a proviso pelo
FMI de financiamento para suportar dificuldades temporrias de
pagamento.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
3.3 Finalidade e princpios da ordem econmica internacional
Como j falado no tpico anterior, a Ordem Econmica
Internacional busca constituir uma unidade jurdico-econmica que
leve em conta a diversidade dos ordenamentos internacionais e das
realidades internas de cada Estado Soberano, baseando-se na
interdependncia recproca e na coexistncia pacfica.
A ONU editou a Resoluo n. 3.281 em 1974, com 15 princpios
para nortear a Ordem Econmica Internacional, mas esses princpios
sofreram forte influncia do Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio
(GATT).
Os princpios institudos pelo GATT se basearam no que
realmente acontecia na prtica, j que os pases possuam realidades
internas diversas no quesito socioeconmico. A Ordem Econmica
Internacional foi consolidada de maneira que os Estados:
1) No possam adotar relaes comerciais discriminatrias;
2) No possam impedir o pagamento de lucros de
investimentos estrangeiros;
3) Devam cooperar na estabilizao dos preos na
economia;
4) Devam evitar o dumping (introduo de um produto em
determinado mercado a um preo de exportao inferior
ao seu valor normal) e a criao de estoques que
interfiram nos demais pases em crescimento econmico;
5) No possam impedir o comrcio internacional com o uso
de barreiras alfandegrias;
6) Que sejam subdesenvolvidos tenham direito a uma
assistncia econmica.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
1 (ESAF/Auditor-Fiscal Receita Federal - Aduana/2003) Enquanto a Segunda Guerra Mundial ainda estava em curso,
procurou-se reorganizar a economia internacional inclusive por meio
da criao de um conjunto de instituies que ficou conhecido como o
Sistema de Bretton Woods.
A Conferncia de Bretton Woods ocorreu em 1944, ou seja, em
plena Segunda guerra, para estabelecerem as principais regras
comerciais e financeiras para as naes industrializadas, o que faz
com que o item seja CORRETO.
2 (ESAF/Auditor-Fiscal Receita Federal - Aduana/2003) No presente, o sistema multilateral de comrcio est conformado pela
Organizao Mundial do Comrcio, tendo como pilar o Acordo Geral
de Comrcio e Tarifas (GATT), tal como revisto em 1994.
O sistema multilateral de comrcio surgiu com o GATT em 1947
e se consolidou aps a Rodada Uruguai, em 1994, e foi consagrado
com a criao da Organizao Mundial de Comrcio em 1995.
Vemos ento que o item est CORRETO.
3.4 Integrao Econmica
O resultado dos Acordos de Bretton Woods foi a integrao
econmica, que um processo econmico-poltico entre governos
nacionais e soberanos de reduo gradual das tarifas aplicadas ao
comrcio entre pases, para reduzir as barreiras tarifrias e no-
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
tarifrias que limitam ou entravam o comrcio recproco, cujas regras
foram estabelecidas pelo GATT.
Em resumo, o processo de integrao econmica o
conjunto de medidas de carter econmico e comercial
adotadas de forma gradual para promover a aproximao e a
unio entre as economias de dois ou mais pases. Com a
progressiva eliminao das restries tarifrias e no tarifrias, as
alquotas aplicadas ao comrcio dentro da zona so sempre
diferentes, menores, do que aquelas praticadas para pases fora da
zona. Essa diferena, chamada de margem de preferncia, um dos
grandes estmulos que os pases tm para se integrar.
Como quer que se perfaam, os modelos de integrao
baseiam-se, fundamentalmente, na vontade dos Estados de obter,
por meio de sua adoo, vantagens econmicas que se definiro,
entre outros aspectos, em termos de:
a) aumento geral da atividade econmica, atravs de um melhor
aproveitamento de economias de escala;
b) aumento da produtividade, atravs da explorao de vantagens
comparativas entre scios de um mesmo bloco econmico; e
c) estmulo eficincia, por meio do aumento da concorrncia
interna.
Veremos mais adiante quais so as fases da integrao
econmica.
3.4.1 Barreiras tarifrias
As barreiras tarifrias consistem na cobrana de tarifas por
meio dos impostos de importao impostos pelo Estado para
restringir ou inviabilizar a entrada de mercadorias estrangeiras ou a
sada de mercadorias nacionais para o exterior. So caracterizadas
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
pela aplicao de exaes pecunirias elevadas que praticamente
inviabilizam a entrada, sada ou trnsito de um produto.
Essas barreiras buscam proteger o produtor nacional e o
mercado interno em face dos concorrentes estrangeiros. Servem
como instrumento de interveno e regulao do Poder Pblico, nas
relaes de comrcio internacional, sendo forte instrumento de
protecionismo.
Mas como os pases buscam a integrao econmica, mas
protegem a sua economia nacional diante do avano predatrio das
outras economias internacionais? Esse o desafio dos Estados, que
para resolver esse problema, fazem acordos com um grupo de pases
e acabam criando obstculos para os outros.
No atual cenrio das relaes internacionais de comrcio, que
preza pela integrao econmica, a adoo de medidas protecionistas
de defesa comercial pode ser efetuada, tanto em carter interno, em
relao aos demais pases participantes do bloco, quanto em carter
externo, em relao a terceiros pases fora do respectivo bloco.
Assim, medida que vo sendo adotadas polticas
integracionistas em favor da liberalizao econmica, ampliando-se
as relaes comerciais, vo sendo tomadas, entretanto, decises com
o objetivo de proteger as empresas e, particularmente, os setores
econmicos menos competitivos.
Para tanto, deve-se aliar, ao crescente comrcio exterior, a
adoo de polticas protecionistas e instrumentos de regulao que
possibilitem resguardar o mercado interno sem, contudo, inviabilizar
a gradual entrada e participao no mercado internacional.
No estudo sobre barreiras ao comrcio internacional preciso
analisar as formas existentes de protecionismo, que o conjunto
jurdico-poltico de medidas tomadas no mbito do comrcio
internacional para modificar, restringindo ou inviabilizando, o seu
fluxo. a opo poltica comercial contrria ao livre-comrcio, que
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
busca proteger a produo nacional frente concorrncia estrangeira,
atravs de tarifas aduaneiras elevadas, quotas, taxas cambiais
diferenciadas, barreiras no tarifrias etc.
Por sua vez, as barreiras tarifrias, de cunho pecunirio, podem
assumir carter nitidamente tributrio, devendo submeter-se aos
ditames constitucionais e legais de cada nao para tanto, sendo
voltadas, por bvio, para uma finalidade muito mais parafiscal do que
arrecadatria.
Notem que a adoo de barreiras tarifrias de cunho tributrio
opo poltica de cada Estado, em face das regras e normas
estabelecidas pela Organizao Mundial do Comrcio OMC para o comrcio internacional. Essa cobrana tambm pode ser feita em
carter no tributrio pela adoo de receitas derivadas de cunho
meramente protecionista e de adequao de custos entre o produto
nacional e o estrangeiro, de acordo com os princpios de direito
financeiro e as regras de comrcio exterior estabelecidas no
ordenamento jurdico de cada Estado.
No Brasil, existe a adoo tanto de tributos de carter
claramente parafiscal (que so as barreiras tarifrias tributrias), que
buscam regular o mercado interno e equilibrar o volume de
mercadorias voltadas para o comrcio externo, bem como a utilizao
de direitos antidumping e medidas compensatrias (barreiras
tarifrias no tributrias, receitas originrias, medidas
compensatrias), que visam proteger determinados setores da
indstria nacional do avano predatrio de mercadorias importadas
margem de dumping ou indevidamente subsidiadas por seus Estados
de origem.
Para fins de conhecimento e para que no se confundam:
- Os direitos antidumping objetivam evitar que os produtores
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
nacionais sejam prejudicados por importaes realizadas a preos de
dumping, prtica esta considerada como desleal em termos de
comrcio em acordos internacionais. A investigao deve comprovar
a existncia de dumping, de dano produo domstica e de nexo
causal entre ambos.
- As medidas compensatrias objetivam compensar subsdio
concedido no pas exportador para a fabricao, produo,
exportao ou ao transporte de qualquer produto, cuja exportao
ao Brasil cause dano indstria domstica.
As medidas de salvaguarda tm como objetivo aumentar,
temporariamente, a proteo indstria domstica que esteja
sofrendo prejuzo grave ou ameaa de prejuzo grave decorrente do
aumento, em quantidade, das importaes, em termos absolutos ou
em relao produo nacional, com o intuito de que durante o
perodo de vigncia de tais medidas a indstria domstica se ajuste,
aumentando a sua competitividade.
A principal vantagem em se adotar as barreiras tarifrias no
tributrias situa-se na possibilidade de se estabelecer tratamento
aduaneiro diferenciado somente para mercadoria oriunda de
determinado pas, sem afetar s demais naes exportadoras de
produtos similares.
Segundo posicionamento oficial do Brasil, por meio do
Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior MDIC, a adoo dos instrumentos de defesa comercial so barreiras no
tarifrias,
3.4.2 Barreiras no tarifrias
A barreira no tarifria so aquelas que no incluem o
pagamento de exaes de cunho pecunirio. Nesse caso, os Estados
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
restringem a participao estrangeira nos mercados internos e o
comrcio recproco. So dificuldades procedimentais que ocorrem
com o aumento da burocracia e limitao de quantidade de
mercadorias comercializadas.
Esses encargos aumentam o custo da entrada, sada e
circulao, podendo ter um impacto no comrcio. A OMC permite a
aplicao de encargos internos s importaes, mas esses encargos
no devem ser de forma a proporcionar proteo produo
domstica. Isso implica que os encargos internos sobre produtos
importados no devem superar os encargos aplicados aos produtos
domsticos.
Estas barreiras podem decorrer da necessidade de atendimento
a requisitos tcnicos, como regulamentos da vigilncia sanitria, ou a
requisitos administrativos, como o caso de limitao da exportao
por cotas prefixadas. Podem ser, conforme se apresentem as regras
burocrticas de cada Estado:
a) proibio pura e simples das importaes;
b) imposio de limite de cotas para as importaes;
c) emperramento do trmite para importaes impondo expedio de
licena prvia para tanto;
d) imposio de tributos com alquotas variveis e gravames
suplementares s importaes;
e) estipulao de normas de vigilncia sanitria, no que se refere a
controle de qualidade e regulamentaes. So, basicamente, normas
de proteo sade e vida humana, animal ou vegetal.
Pode ser utilizada como instrumento protecionista contra
importaes, sobretudo no setor agrcola, a estipulao de normas
para forma de embalagem e marca de origem, adoo de
procedimentos arbitrrios para classificao aduaneira,
obrigatoriedade de informao sobre o processo de produo e
beneficiamento;
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
As barreiras tarifrias so de fcil investigao e caracterizao,
enquanto as barreiras no tarifrias traduzem-se em empecilho ao
comrcio exterior, cuja adoo geralmente esconde uma poltica
protecionista sob o manto da vigilncia sanitria ou da necessidade
de maior controle tcnico-administrativo sobre os negcios
internacionais (burocracia).
3.5 Processo (fases) de integrao econmica
Neste tpico, vamos esclarecer as situaes j citadas de
integrao econmica.
Recordando que a integrao econmica busca estabelecer o
livre comrcio, que se trata da associao internacional, formalizada
mediante celebrao de acordos entre pases para possibilitar a livre
circulao de mercadorias com reduzidas taxas alfandegrias. Como
consequncia, os acordos mtuos de livre comrcio entre os pases
beneficiam as empresas localizadas nesses pases.
Assim, a integrao ocorre de forma gradual, mediante o
atendimento dos seguintes estgios, de acordo com o regramento do
Acordo Geral de Tarifas e Comrcio GATT: Estgio da integrao
Fase O que Como ocorre Exemplo
Zonas tarifrias preferenciais
1 Os Estados acordam entre si a reduo parcial de algumas exaes alfandegrias. Tambm chamado de zona preferencial de comrcio ou acordo de complementao econmica.
Adoo recproca de nveis tarifrios preferenciais, que so mais baixas do que s tarifas cobradas de pases no membros.
Acordos celebrados no marco da Associao Latino-Americana de Desenvolvimento e Integrao.
Zona de Livre-Comrcio
2 Eliminao total dos gravames alfandegrios entre os estados que participam do acordo.
No necessariamente para todos os produtos comercializados. Um acordo considerado
NAFTA (Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte), 1944,
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Zona de Livre-Comrcio quando abarca ao menos 80% dos bens comercializados entre os pases membros do grupo.
entre Estados Unidos, Canad e Mxico.
Unio Aduaneira
3 Anulao das exaes alfandegrias e unificao da estrutura tributria. Geralmente se adota uma alquota zero para todos os produtos de comrcio entre os pases participantes, chamada de Tarifa Externa Comum TEC.
Os pases membros adotam a mesma tarifa para as importaes provenientes de mercados externos, unificando sua poltica aduaneira. Com isso, cria-se uma zona aduaneira comum entre os signatrios, sendo necessrio o estabelecimento de disciplinas comuns em matria alfandegria. Em ltimo caso, pode ocorrer a unificao de polticas comerciais.
A Unio Europeia foi uma Unio Aduaneira at a assinatura do Tratado de Maastritch em 1992; SACU - Southern African Customs
Union, pacto que rene vrios pases da frica em torno da Africa do Sul
Mercado Comum
4 Alm da Unio Aduaneira, ocorre a livre circulao dos fatores de produo, como mo de obra, capital, tecnologia, etc). Condio de isonomia de direitos e obrigaes em relao aos nacionais de um pas. Pressupe a implementao de critrios regionalizados que evitem restries ou condicionamentos nos movimentos de capital em funo de critrios de nacionalidade. Pressupe a coordenao ao de polticas
Alm da circulao de mercadorias, ocorre a livre circulao de pessoas, com a extino de barreiras fundadas na nacionalidade (trabalhadores ou empresas) e capitais (investimentos, remessas de lucro, etc). O capital de empresas de pases do mercado comum no pode ser tratado como estrangeiro no momento do investimento ou na remessa dos lucros ou dividendos.
O Mercosul pretende atingir esse grau de integrao, mas atualmente est na etapa de Unio Aduaneira.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
macroeconmicas e setoriais (definio de metas comuns em matria de juros, fiscal, cambial, por exemplo).
Unio Econmica ou Monetria
5 Unificao de poltica monetria, fiscal e cambial.
Criao de moeda nica e um Banco Central comunitrio independente.
Unio Europeia. O euro foi lanado em 1999 e adotado em transaes bancrias em 2002, e o Banco Central tem a sede na Alemanha.
3 (ESAF/Auditor-Fiscal Receita Federal/2000) As Barreiras No tarifrias (BNT) so frequentemente apontadas como
grandes obstculos ao comercio internacional. Podem vir a se
constituir Barreiras No tarifrias (BNT) as normas de segurana.
Uma forma fcil de distinguir as duas barreiras : as barreiras
no tarifrias so todas aquelas que no envolvem tarifas ou
pagamento. Assim, a norma de segurana pode ser uma barreira no
tarifria, o que faz com que o item esteja CORRETO.
4 (ESAF/Procurador Fazenda Nacional/2003) So tipos (modalidades) de processos de integrao econmica: zona de
preferncia tarifria, zona de livre comrcio, unio aduaneira,
mercado comum e unio econmica e monetria.
A tabela que estudamos elencou as mesmas fases dispostas
acima. Assim, a questo est CORRETA.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
5 (ESAF/Procurador Fazenda Nacional/2003) A Unio Europeia mais do que uma zona de livre comrcio e menos do que
um mercado comum.
Caso voc no se lembre das fases de integrao econmica,
voc poderia pensar que a Unio Europeia o estgio mais avanado
que temos exemplo no quesito integrao. Logo, ela no seria menos
que um mercado comum.
J sabemos ento que a questo est ERRADA.
De todo modo, a Unio Europeia mais que uma Zona de Livre
Comrcio e j se encontra no estgio de Unio Econmica ou
Monetria.
6 (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2004) Em relao
s unies aduaneiras correto afirmar que se tratam das formas
mais antigas e simples de integrao econmica, prevendo apenas a
completa eliminao de obstculos tarifrios entre os Estados
participantes.
J sabemos que a eliminao dos obstculos tarifrios so
caractersticas da Zona de Livre Comrcio, e no da Unio Aduaneira,
Errado. O enunciado se refere zona de livre comrcio. Assim, a
questo est ERRADA.
7 (ESAF/Auditor-Fiscal Receita Federal/2000) As Barreiras No tarifrias (BNT) so frequentemente apontadas como
grandes obstculos ao comercio internacional. Podem vir a se
constituir Barreiras No tarifrias (BNT) as Medidas fitossanitrias.
As barreiras no tarifrias so aquelas que no so tarifas ou
contraprestaes monetrias. Assim, as medidas fitossanitrias
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
podem ser consideradas como Barreiras no tarifrias, motivo pelo
qual a questo est CERTA.
8 (CESPE/TRF1 Juiz Federal/2009) O atual estgio de integrao do MERCOSUL de mercado comum.
J vimos que a integrao de mercado comum o objetivo do
Mercosul, mas que ainda se encontra no estgio de Unio Aduaneira.
Assim, o item est ERRADO.
4.
O Direito Econmico fruto direto de todas as mudanas
socioeconmicas presenciadas ao longo do sculo XX, sendo, assim,
um ramo jurdico concebido para disciplinar as diversas formas de
interferncia estatal no processo de gerao de rendas e riquezas da
Nao.
Suas normas, princpios e regras iro variar de acordo com o
momento sociopoltico no qual a sociedade se encontrar, servindo de
sustentao jurdica para implemento dos negcios pblicos
almejados pela corrente ideolgico-partidria que estiver ocupando as
esferas maiores dos Poderes Constitudos do Estado, nos termos e
limites perspectivados pela Constituio e pelas leis.
O grande desafio do Direito Econmico internacional a
racionalizao e a harmonizao dessa proteo s economias
internas com as trocas do comrcio exterior.
4.1 Do reflexo do Direito Econmico na Teoria das Relaes Internacionais
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Para que haja um bom crescimento econmico e um satisfatrio
desenvolvimento social como pilares necessrio uma comunicao
efetiva entre as Naes. Por isso, ao longo da histria, estudamos os
diversos intercmbios e transferncias comerciais entre os povos.
Durante toda a histria, os pactos tiveram como objetivo estabelecer
relaes comerciais como novos povos e fortalecer as relaes
existentes.
Diante dessa interao entre as Naes, surgem as Relaes
Internacionais, pois muitas impasses econmicos entre Naes eram
resolvidas por meio de guerras, gerando desgaste e prejuzo para o
povo.
J que vamos estudar as Relaes Internacionais, importante
ter ao menos uma noo das teorias concebidas em torno desse
ramo. Passemos agora s escolas:
O realismo, que no voltado para o comrcio entre as
naes, tem como principal elemento de estudo a ao diplomtica a
ser estabelecida entre as Naes por meio da verificao do poderio
blico dos pases envolvidos e do tnue equilbrio advindo da corrida
armamentista.
Assim, essa corrente se baseia em 1) relaes eminentemente
concebidas em torno do poder de fato e 2) da ausncia de uma
ordem internacional preexistente, como binmio determinante das
aes estratgicas traadas pelas Naes. Portanto, para a escola
realista so sujeitos nas relaes internacionais apenas os Estados.
J o liberalismo questiona a validade das concepes
realistas, sobre as relaes polticas entre os Estados inseridos no
sistema internacional, que se baseiam fundamentalmente na fora
blica.
Os seguidores de tal linha de pensamento terico partem da
premissa de que a crescente interdependncia econmica entre os
Pases, potencializada pelos avanos tecnolgicos da indstria de
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
bens de consumo durveis e das telecomunicaes, tornaria cada vez
mais dispendioso o conflito blico, inviabilizando-o como instrumento
determinante nas Relaes Internacionais.
Os pensadores liberais destacavam a progressiva consolidao
de regimes jurdicos internacionais, por meio dos organismos
supranacionais, bem como a crescente participao, considerada
irreversvel e inexorvel, em carter autnomo, de atores
transnacionais, em especial as empresas multinacionais, como
elementos empricos de uma inflexo no modus operandi do sistema
internacional.
Por ser concebida em torno do constante fluxo e da circulao
de rendas e riquezas entre as Naes, de se ressaltar que os
postulados da escola liberal so fortemente aplicados na construo
da teoria da Justia Econmica em carter global.
O sistema-mundo foca na anlise do sistema social e suas
inter-relaes com o avano do capitalismo mundial como foras
determinantes entre os diferentes pases centrais e perifricos.
Para tanto, prope que a unidade de estudo no deve ser, to
somente, o Estado ou a sociedade nacional, propondo-se a verificar o
sistema-mundo em seu conjunto, dentro de suas vertentes
econmica e social.
Partem da premissa de que a economia mundial capitalista
um sistema que inclui uma desigualdade hierrquica de distribuio
baseada na concentrao de certos tipos de produo, relativamente
monopolizada e, assim sendo, de alta rentabilidade, em certas zonas
de comrcio de acesso limitado.
Assim, a formao dessas reas de maior acumulao de
capital em carter internacional tem como corolrio permitir o reforo
das estruturas estatais internas, e, por sua vez, a garantia da
sobrevivncia dos monoplios. O sistema-mundo capitalista funciona
e evolui, eminentemente, em funo dos fatores econmicos.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Nessa linha terica, o objeto de estudo a origem e a evoluo
do modo capitalista de produo como um sistema de relaes
econmicas, sociais, polticas e culturais.
O marxismo entende que o campo das relaes internacionais
conflituoso, uma vez que se baseia no expansionismo do capital de
um Estado sobre os demais. Assim, as Naes dotadas de economias
mais expressivas, a fim de assegurar seu crescimento, impem, de
forma unilateral, seus interesses em detrimento dos pases de
economias mais fracas.
Destarte, as relaes internacionais, segundo esta escola,
estavam intrinsecamente ligadas necessidade de garantir o
crescimento econmico e o desenvolvimento social de uma Nao,
por meio da imposio internacional do sistema de economias
capitalistas. Esse movimento de imposio de interesses de naes
com economias expressivas em face de outros pases, para o
marxismo, seria o imperialismo.
A escola marxista das relaes internacionais v na poltica de
expanso e domnio territorial, cultural e econmico de uma Nao
sobre outras, a origem dos conflitos em escala mundial.
Por fim, a teoria da dependncia uma corrente terica que
busca explicar os processos de origem e reproduo do
subdesenvolvimento dos pases perifricos, dentro do sistema
capitalista de produo, e oferece uma alternativa de interpretao
da dinmica social da Amrica Latina.
Seus principais tericos concebem o desenvolvimento e o
subdesenvolvimento como posies funcionais impostas por parte das
Naes mais fortes, dentro da configurao geoeconmica mundial.
Podemos perceber que essa teoria fala sobre as inter-relaes
das economias dos pases intitulados de perifricos, ou dependentes,
com as economias dos Estados chamados centrais ou hegemnicos.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Um de seus pontos principais de estudo e anlise a questo
da extrao do excedente econmico gerado nos pases atrasados por meio da ao predatria do capital estrangeiro, fenmeno este que se encontra intrinsecamente vinculado s estruturas
socioeconmicas internas de poder, que se articulam com o capital
externo.
Argumenta-se que o capital estrangeiro, na extrao do
excedente produzido internamente nas economias perifricas,
reproduz a relao de dependncia de forma cclica e viciosa.
4.1.1 Da anlise do Direito Econmico a partir da teoria das Relaes Internacionais
A partir do tpico anterior, fica claro que as correntes tericas
das Relaes Internacionais buscam colocar na teoria os sistemas de
inter-relacionamento dos Estados, em especial as questes
econmicas e sociais.
Diante da exposio das correntes do tpico anterior, nota-se
que todas elas buscam teorizar sobre os diversos sistemas nos quais
os Estados se inter-relacionam, principalmente o econmico e ao
social. Com exceo teoria realista, todas as outras se
fundamentam no processo de aquecimento das trocas comerciais
entre os pases como forma de aproximao e, tambm, de
explicao para o sucesso econmico-social de uns e o aparente
fracasso de outros.
As Relaes Internacionais tem como grande desafio
compreender o crescimento econmico e o desenvolvimento social
dos pases em um cenrio expansionista de mercado, em que haja
venda de produtos excedentes e aquisio de bens para atendimento
de diversas necessidades.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
A busca por novos produtos para suprir a escassez de recursos
foi a principal razo para a movimentao da economia internacional
e o crescente relacionamento entre as Naes. Isso fez com que
diversos atores surgissem no processo de relaes internacionais.
Em resumo, para compreender os aspectos da ordem
econmica em escala global como instrumento de garantia de
crescimento econmico e de desenvolvimento social, deve-se estudar
das diversas correntes no campo das relaes internacionais,
exceo do realismo, as seguintes contribuies:
a) da escola liberal, a teorizao sobre o aquecimento do comrcio
exterior como instrumento para se aumentar o fluxo de rendas e
riquezas nos pases em desenvolvimento, a fim de que tal
crescimento crie bases slidas para o alcance de metas socialmente
desejveis;
b) do sistema-mundo, a teorizao sobre a comparao entre os
diferentes sistemas de produo domstica de cada pas, a fim de
montar um quadro de anlise das vantagens comparativas naturais e
artificiais que cada um apresenta, para que, a partir deste, possa se
traar um campo de intercmbio comercial cooperativo e equilibrado;
c) do marxismo, a teorizao sobre os efeitos perniciosos que o
expansionismo internacional traz, quando no se baseia em princpios
previamente estabelecidos de cooperao para alcance de interesses
mtuos entre as Naes envoltas;
d) da teoria da dependncia pode-se extrair as causas provveis do
exguo desenvolvimento social que os pases ditos de economia
perifrica apresentam.
Podemos observar que, exceo do realismo, os aspectos
econmicos e sociais formam a base das Relaes Internacionais e
por isso contribuem para o estudo da Ordem Econmica
Internacional.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Observem que, exceo do realismo, todas as demais
correntes tericas das Relaes Internacionais baseiam-se em
aspectos econmicos e sociais para estudar as diversas formas de
interao entre os pases. Logo, todas contribuem para o estudo da
Justia Econmica dentro de uma perspectiva internacional.
4.2 O comrcio internacional
Vamos iniciar pelo conceito. O comrcio internacional,
tambm chamado de comrcio exterior, uma matria do direito
econmico que trata do intercmbio de bens e servios atravs de
fronteiras internacionais ou territrios. Atualmente, o comrcio
internacional representa grande parcela do PIB (Produto Interno
Bruto) dos pases.
Geralmente, esse ramo tem como fonte normativa os acordos
e tratados de comrcio bilateral e/ou multilateral celebrado
entre Naes, sendo atualmente a Organizao das Naes Unidas -
ONU a responsvel pela padronizao das normas de comrcio
internacional.
No a ONU em sentido estrito, mas a Organizao Mundial do
Comrcio OMC, um organismo internacional a ela vinculado, que tem essa competncia. A OMC foi originada do Acordo Geral de
Tarifas e Comrcio.
Para entender e prever os padres de comrcio externo, vamos
estudar os seguintes modelos: ricardiano, Heckscher Ohlin, de fatores
especficos e gravitao.
1) Modelo ricardiano: baseado nas vantagens comparativas (tambm chamadas de vantagens relativas), subdivididas em
vantagens comparativas naturais, advindas da riqueza fsica da
Nao, e vantagens comparativas artificiais, originrias dos
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
avanos tecnolgicos advindos dos processos de cognio
humana.
De acordo com esse modelo, os pases devem se especializar e
desenvolver a produo dos bens (ou prestao de servios),
em que so melhores do que outros pases, para se tornarem
especialistas em segmentos econmicos especficos.
Contudo, o foco aqui so as vantagens comparativas artificiais
oriundas dos processos tecnolgicos e no necessariamente as
caractersticas naturais de uma nao, como o potencial das
riquezas naturais.
2) Modelo de Heckscher Ohlin: o modelo mais complexo. O seu fundamento a eliminao do valor do trabalho e a
incorporao do mecanismo do preo na teoria do comrcio
internacional. Segundo essa teoria, o comrcio exterior
determinado pela diferena causada pelas vantagens
comparativas, ou seja, na disponibilidade de alguns fatores de
riqueza fsica ou tecnolgica. Com isso, a balana comercial de
uma Nao determinada pela abundncia ou escassez das
vantagens comparativas que possui, sejam elas naturais ou
artificiais. Exemplo: um Estado tende a exportar os bens,
produtos ou servios que produz em fartura, atendendo a
demanda das Naes que no os possuem e deles necessitam.
Por sua vez, as suas importaes sero determinadas
exatamente pelos mesmos fatores, porm opostos, ou seja,
tendendo a comprar os bens, produtos e servios que so
escassos em suas fronteiras
3) Modelo de Fatores especficos: assim como o modelo ricardiano, o modelo de fatores especficos supe que uma
economia se baseia em seus fatores de vantagens
comparativas, mas admite a existncia de diversos fatores de
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
riqueza, a exemplo do trabalho, classificado como fator mvel,
e diversos outros fatores de cunho mais especfico.
4) Modelo de gravitao: entende que o comrcio exterior ser baseado na distncia entre as naes e na interao em razo
do tamanho das suas economias. Ou seja, os pases mais
prximos tendero a aquecer a integrao de suas economias
internas, pela diminuio de custos de transporte que a
proximidade fsica representa; e pases cujas economias se
encontrem no mesmo grau de crescimento e desenvolvimento
tendero a ser mais exitosos em suas trocas comerciais, uma
vez que alcanaro resultados reciprocamente mais favorveis,
por haver menor possibilidade de captura e imposio de
interesses.
EM RESUMO, ao estudar esse tpico, no se esquea:
x Das teorias das relaes internacionais: realista, liberal, sistema mundo, marxista e a teoria da dependncia;
x Das fontes do comrcio internacional: acordos e tratados de comrcio, que so padronizados com base nos mandamentos
da Organizao Mundial do Comrcio OMC. x Dos modelos de comrcio exterior: ricardiano, Heckscher Ohlin;
fatores especficos e gravitao.
4.3 Caractersticas do Direito Econmico Internacional
Devemos lembrar que no Direito Econmico Internacional, as
Naes que chamamos de amigas no trocam favores, mas sim so
aliadas na busca de interesses em comum. A partir das relaes
jurdicas que surgem das trocas e do intercmbio econmico, surgem
as seguintes caractersticas:
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
a) Aderncia realidade flutuante: para evitar grandes
prejuzos econmicos em razo de rupturas bruscas, busca-se
assegurar a continuidade das operaes comerciais em trmite,
adequando-as s mudanas de mercado. Ou seja, as normas
primam pela sua prpria manuteno e, sempre que possvel,
pela recomposio da realidade material econmico-financeira
original. O ambiente das trocas internacionais muito
dinmico, e para no prejudicar as relaes econmicas entre
as Naes envolvidas, preciso adotar instrumentos que
garantam a continuidade dos mecanismos de trocas comerciais.
b) Reciprocidade: no se esquea de que o maior objetivo das
relaes econmicas internacionais permitir o alcance dos
interesses de todos os entes envolvidos, j que no se pode
falar na sobreposio do interesse de um Estado sobre o outro.
Assim, a reciprocidade permite que se alcancem os
compromissos que sejam vantajosos para os Estados
envolvidos, para evitar que um Estado enriquea em
detrimento de outro sem ampliar, desse jeito, a desigualdade
entre as naes.
c) Maleabilidade/generalidade: as normas do direito
econmico internacional no podem estar amarradas pelo que
chamamos de burocracia, pois o mercado est em constante
mudana. Por esse motivo, elas devem ter um alto grau de
abstrao e devem ser um processo de alterao clere ou seja, devem ser maleveis, diferente do processo legislativo
ordinrio nacional.
d) Prospectividade: no existe uma estrutura judiciria
tradicional para o direito econmico internacional. Assim, os
conflitos existentes so resolvidos por mecanismos alternativos
previamente escolhidos pelos entes em conflito junto aos
organismos internacionais como a arbitragem. Desse jeito, os
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
resultados so mais rpidos e eficazes, o que garante a
continuidade pacfica e harmnica das relaes comerciais.
e) Sano: diferente das condenaes judiciais de carter
punitivo e impositivo, aqui as sanes tm carter
compensatrio e se aplica s transaes futuras para garantir a
reciprocidade dos interesses econmicos envolvidos.
Tenha em mente que as caractersticas so complementares e
no excludentes. Pela necessidade da continuidade das relaes
comercias j existentes, as normas devem ser adaptveis realidade
do momento. Para se evitar a burocracia do judicirio, os problemas
so resolvidos por meios alternativos, que definem sanes de
carter compensatrio que buscam manter a reciprocidade, pela qual
as relaes so pautadas.
5.
Vamos comear a falar sobre a integrao regional da Amrica
Latina e o Mercosul.
Merece destaque o disposto em nossa Constituio Federal, que
estabeleceu princpios expressos a serem observados em nossas
relaes internacionais, bem como a regra do artigo 4o, pargrafo
nico, a seguir transcrito, que possui um carter de integrao
sociopoltico, indo alm da mera integrao econmica:
Art. 4o A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelos seguintes princpios: (...) Pargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Esse artigo estabelece em carter programtico a integrao
poltica, social e cultural dos povos da Amrica latina. Percebe-se, a
integrao da Amrica Latina representa muito mais que um mero
ideal, mas sim uma norma constitucional programtica de eficcia
limitada, constituindo objetivo a ser implementado no campo das
relaes internacionais brasileiras.
O Mercado Comum do Cone Sul Mercosul o resultado de um lento processo de amadurecimento histrico, que levou seus Pases-
membros a substituir o conceito de conflito pelo ideal de integrao.
A integrao da Amrica Latina teve incio com o Tratado de
Montevidu (1960), que criou a Associao Latino-Americana de
Livre-Comrcio ALALC com o objetivo de implantar uma zona de livre-comrcio entre a Argentina, o Chile, o Uruguai e o Brasil.
Depois disso, passaram a integrar a ALALC o Mxico, o
Paraguai, o Peru, a Bolvia, a Colmbia, o Equador e a Venezuela,
com a busca gradativa da eliminao das tarifas aduaneiras.
Em 1980, foi criada a Associao Latino-Americana de
Desenvolvimento e Integrao ALADI, que tinha por objetivo estimular a celebrao de acordos bilaterais relacionados a setores
especficos da economia, com a reduo das barreiras tarifrias e a
eliminao de barreiras no tarifrias.
Em 1990, com a Ata de Buenos Aires, ficou estabelecido o
prazo final para a formao entre Brasil e Argentina: 1994. Em 1991,
adveio o Tratado de Assuno, dando ao incipiente bloco econmico
feio multilateral, ainda em carter provisrio, com a entrada do
Uruguai e do Paraguai, ficando o Chile e a Bolvia na condio de
meros observadores.
Com isso, foi celebrado um novo compromisso visando
criao de um futuro Mercado Comum, buscando fomentar o aumento
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
dos mercados internos dos Estados signatrios, atravs da
implementao das seguintes polticas:
a) integrao e acelerao dos processos de desenvolvimento
econmico-social de forma igualitria;
b) aproveitamento eficaz e racional dos recursos naturais disponveis
e preservao do meio ambiente;
c) desenvolvimento das interconexes fsicas dos meios de
comunicao e transporte;
d) coordenao conjunta das polticas macroeconmicas; e
e) desenvolvimento cientfico e tecnolgico.
O Tratado de Assuno fundamentado pelos seguintes
princpios:
a) Gradualidade: permite que os diversos mercados dos pases
signatrios adaptem-se aos ajustes que se fizerem necessrios, de
forma homeoptica e salutar, impedindo aodos no processo de
implementao.
b) Flexibilidade: a fim de se garantir que os ajustes necessrios
sejam implementados de forma adequada velocidade do processo
de implementao.
c) Equilbrio: determinando que os casos de tratamento diferenciado
entre os Estados signatrios do Tratado fossem resolvidos atravs da
equidade, como fonte supletiva de direito.
Finalmente, com o Protocolo de Ouro Preto de 1994, ratificado e
promulgado em 1995, o Mercosul foi definitivamente criado, como
ente dotado de personalidade jurdica internacional, conforme
o seu artigo 34:
Art. 34. O Mercosul ter personalidade jurdica de Direito Internacional.
Os principais aspectos institucionais definidos pelo Protocolo de
Ouro Preto so:
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
a) Natureza jurdica dos rgos do Mercosul e sistema de tomada de
decises: o Mercosul possui uma estrutura orgnica
intergovernamental. Isso significa que so sempre os governos que
negociam entre si, no existindo rgos supranacionais. As decises
no Mercosul so sempre tomadas por consenso, com a
participao de todos os signatrios. No existe a possibilidade de
voto, a fim de decidir por maioria;
b) rgos do Mercosul: so criados alguns rgos novos e mantida a
maioria dos rgos transitrios criados pelo Tratado de Assuno;
c) Aplicao interna das normas emanadas do Mercosul: uma vez que
no tm aplicao direta em seus Pases-membros, os Estados devem
comprometer-se em adotar medidas para sua plena internalizao e
incorporao ao ordenamento jurdico nacional;
d) Personalidade jurdica do Mercosul: reconhecida a personalidade
jurdica de direito internacional do Mercosul. Isso possibilita ao bloco
a aquisio de direitos e a sujeio a obrigaes como uma entidade
distinta dos pases que o integram;
e) Fontes jurdicas do Mercosul: o Tratado de Assuno, seus
Protocolos e instrumentos adicionais, bem como os demais acordos
celebrados no mbito do Tratado;
f) Idiomas oficiais do Mercosul: portugus e espanhol, e os
documentos de trabalho do Mercosul devero ser elaborados no
idioma do pas sede das reunies;
g) Soluo de controvrsias: o mecanismo de soluo de
controvrsias foi inaugurado pelo Protocolo de Braslia.
Cumpre ressaltar que no Mercosul no h direito
comunitrio, sendo suas normas oriundas de seus rgos comuns,
que devero internalizadas, segundo as regras de direito
internacional.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Merecem destaque, por oportuno e didtico, os seguintes
acordos celebrados no mbito do Mercado Comum do Cone Sul, que
constituem seu principal bloco e fonte normativa:
a) Protocolo de Ouro Preto, de 1994: estrutura organizacional
do bloco;
b) Protocolo de Fortaleza, de 1996: sistema de defesa
concorrencial;
c) Protocolo de Las Leas, de 1996: Cooperao e Assistncia
Jurisdicional em Matria Civil, Comercial, Trabalhista, Administrativa;
d) Protocolo de Ushuaia, de 1998: compromisso democrtico no
Mercosul, Chile e Bolvia: manuteno das instituies de Estado e do
respeito separao harmnica dos poderes constitudos;
e) Protocolo de Olivos, de 2002: sistema permanente de
soluo de controvrsias.
Importante falar sobre a aceitao da Venezuela como membro
pleno do Mercosul, mediante supresso do Paraguai.
Durante o processo de impedimento do ento presidente
paraguaio, Fernando Lugo, no ano de 2012, os demais membros
plenos entenderam que houve violao ao compromisso de
manuteno das instituies democrticas estabelecido via Protocolo
de Ushuaia, o que acarretou na aplicao das medidas previstas no
mesmo Protocolo.
Uma dessas medidas a suspenso do suspenso do direito de
participar dos diferentes rgos dos processos de integrao, at a
suspenso dos direitos e obrigaes resultantes destes processos.
Assim, o Paraguai teve os seus direitos suspensos.
Durante a suspenso do Paraguai do Conselho de Mercado
Comum e demais rgos estruturais e decisrios, os Estados
signatrios do Mercosul aprovaram a adeso como membro pleno da
Venezuela no bloco econmico, cujo Protocolo de Adeso encontrava-
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
se pendente de ratificao por parte do Legislativo paraguaio (o
processo de adeso da Venezuela j estava em andamento desde
2006).
Isso ocorreu porque tanto a Argentina quanto o Uruguai, com
base no entendimento do Brasil, entenderam que a suspenso
determinada pelo Protocolo de Ushuaia teria aplicabilidade sobre os
processos decisrios em curso, fato este que permitiria a entrada da
Venezuela como membro pleno ainda que pendente a ratificao do seu Protocolo de Adeso por parte do Legislativo paraguaio.
Aps o restabelecimento da Ordem Democrtica do Paraguai,
este pas apresentou representao, recebida como medida de
exceo, junto ao Tribunal Permanente de Reviso contestando a
entrada da Venezuela no bloco, como membro pleno. Todavia, a
Corte do Mercosul considerou que no se encontravam presentes os
requisitos de admissibilidade da representao e a rejeitou sem
adentrar no mrito da causa.
Em virtude da deciso acima, as atuais autoridades polticas,
representantes do Paraguai se recusam a participar das reunies do
Conselho de Mercado Comum, mas no formalizaram a sua sada do
bloco e denncia ao Tratado de Assuno e demais normativos do
Mercosul.
De todo modo, a Venezuela passar a adotar a Tarifa Externa
Comum TEC aplicvel aos signatrios do bloco, e ter que adequar sua legislao interna aduaneira s normas do Mercosul, pois o
Mercosul caracteriza-se pelo regionalismo aberto, o que significa que
objetiva no s o aumento do comrcio intrazona, mas tambm o
estmulo s trocas com terceiros pases.
Assim, so esses os atuais pases membros-plenos do Mercosul:
Argentina, Brasil, Paraguai, Venezuela e Uruguai. Para memorizar, a
imagem abaixo mostra essa disposio:
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
So Estados Associados do Mercosul: Bolvia (desde 1996),
Chile (desde 1996), Peru (desde 2003), Colmbia e Equador (desde
2004). O Tratado de Assuno aberto, mediante negociao,
adeso dos demais Pases Membros da ALADI.
As negociaes do Cdigo Aduaneiro do Mercosul esto
avanadas, e prosseguem as tratativas para implementao da TEC.
Com o objetivo de reduzir os custos financeiros nas transaes
comerciais, o Conselho do Mercado &RPXP DSURYRX R 6LVWHPD GH3DJDPHQWR HP 0RHGDV /RFDLV SDUD R FRPpUFLR HQWUH RV (VWDGRV-Partes do Mercosul, j estando em funcionamento para operaes
entre o Brasil e a Argentina.
Em resumo do que foi exposto at aqui:
x O Mercosul foi criado em 1994; x As suas decises so tomadas por consenso;
x Tem personalidade jurdica de direito internacional;
5.1 rgos do Mercosul
A estrutura institucional do Mercosul foi definida, de forma
transitria, pelo Tratado de Assuno e de forma permanente pelo
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Protocolo de Ouro Preto. A sua estrutura orgnica possui
caractersticas originais, que a diferenciam da de outros modelos de
integrao, como a Unio Europeia.
Em primeiro lugar, ela intergovernamental, ou seja, os
governos que negociam entre si, sem a existncia de rgos
supranacionais. Outro aspecto importante o fato de que as
decises no Mercosul so sempre tomadas por consenso, no
existindo a possibilidade de deliberao mediante votao por
maioria.
Essas caractersticas definem a natureza flexvel e gradual do
processo, que no se encontra preso rigidez de estruturas
decisrias alheias vontade ou capacidade de compromisso dos
governos envolvidos.
Por ser consensual, as decises adotadas pelo Mercosul
refletem a disposio dos governos dos membros-plenos. Contudo,
essa sistemtica cria a necessidade de adotar procedimentos
nacionais para incorporao da norma acordada ao ordenamento
jurdico nacional de cada Estado-parte.
A estrutura institucional do Mercosul conta com os seguintes
rgos, sendo estes originrios do Protocolo de Ouro Preto:
x Conselho do Mercado comum CMC: o rgo superior do
Mercosul, que deve conduzir politicamente o processo de integrao e a tomada de decises para assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Tratado de Assuno e para lograr a constituio final do mercado comum. Ele se manifesta por Decises, que so obrigatrias para os Estados-partes. Dentre as suas atribuies, o CMC (i) formula polticas e promove as aes necessrias conformao do mercado comum; (ii) exerce a titularidade da personalidade jurdica do Mercosul; (iii) negocia e firma acordos em nome do Mercosul com terceiros pases, grupos de pases e organizaes internacionais; entre outras.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
x Grupo Mercado Comum GMC: o rgo executivo do
Mercosul. Ele pode elaborar e propor medidas concretas no desenvolvimento de seus trabalhos, convocar, quando julgar conveniente, representantes de outros rgos da Administrao Pblica ou da estrutura institucional do Mercosul. Ele se rene de forma ordinria ou extraordinria e se manifesta por Resolues, que so obrigatrias para os Estados-partes. x Comisso de Comrcio do Mercosul CCM: encarregado
de assistir o Grupo Mercado Comum, com competncia para velar pela aplicao dos instrumentos de poltica comercial comum acordados pelos Estados-partes para o funcionamento da unio aduaneira, bem como acompanhar e revisar os temas e matrias relacionados com as polticas comerciais comuns, com o comrcio intra Mercosul e com terceiros pases. Ela se manifesta por Diretrizes ou Propostas, sendo que as Diretrizes so obrigatrias para os Estados-partes.
x Foro Consultivo Econmico-Social FCE: o rgo de
representao dos setores econmicos e sociais, com funo consultiva para se manifestar atravs de recomendaes no Grupo Mercado Comum.
x Secretaria Administrativa do Mercosul SAM: um rgo
de apoio operacional, que ser responsvel pela prestao de servio aos demais rgos do Mercosul e tem sede permanente na cidade de Montevidu. Recentemente, foram criados tambm: x O Tribunal Permanente de Reviso: ser estudado em
tpico prprio em razo da complexidade do assunto. x Parlamento do Mercosul: foi constitudo em 2006 e substituiu
a Comisso Parlamentar Conjunta, que era o rgo representativo dos Parlamentos dos Estados-partes no mbito do Mercosul. Atualmente, o rgo parlamentar de representatividade direta de seus concidados para fortalecer o processo de integrao poltica do Mercosul.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
independente e autnomo e integra, permanentemente, a estrutura institucional do Mercosul, e tem sede em Montevidu, na Repblica Oriental do Uruguai. So rgos com capacidade decisria, de natureza
intergovernamental: o Conselho do Mercado Comum, o Grupo
Mercado Comum e a Comisso de Comrcio do Mercosul, bem como
os recm-criados Tribunal Permanente de Reviso e Parlamento do
Mercosul.
9 (ESAF/Procurador BACEN/2002) As decises do Conselho do Mercado Comum, rgo superior ao qual incumbe a conduo da
poltica do processo de integrao, manifesta-se mediante decises
que so obrigatrias para os Estados-partes.
Falamos sobre o Conselho do Mercado Comum, e como a sua
forma de manifestao a Deciso, que so obrigatrias. Para
salientar, transcrevi o art. 9 do Protocolo de Ouro Preto:
Vemos ento que o item CORRETO.
10 (ESAF/Procurador BACEN/2002) O tratado constitutivo do MERCOSUL (Tratado de Assuno, 1991) est aberto adeso,
mediante negociao, dos demais pases membros da Associao
Latino-Americana de Integrao.
O Conselho do Mercado Comum manifestar-se- mediante Decises, as quais sero obrigatrias para os Estados Partes
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
O art. 20 do Tratado de Assuno prev que: Por previso expressa, o item est CORRETO. 11 (ESAF/Procurador BACEN/2002) Tendo em vista as desigualdades entre os Estados-partes, o MERCOSUL no est
fundado na reciprocidade de direitos e obrigaes entre eles.
A reciprocidade uma das caractersticas do Direito Econmico
Internacional, e o Mercosul no exceo a isso. Assim, o item est
ERRADO.
12 (ESAF/Procurador BACEN/2002) O MERCOSUL tem personalidade jurdica de direito internacional pblico independente
daquela atribuda aos Estados-partes individualmente considerados.
O art. 34 do Protocolo de Ouro Preto expresso quanto a
personalidade jurdica do Mercosul. Para relembrar, vamos ler o
artigo:
Por disposio expressa, a questo est correta.
13 (ESAF/Auditor TCE Paran/2003) O Mercosul foi institudo por meio do Tratado de Assuno, de 26 de maro de 1991,
que revogou o Tratado de Montevidu, de 1980, que havia criado a
Associao Latino Americana de Integrao.
Art. 34. O Mercosul ter personalidade jurdica de Direito Internacional.
O presente Tratado estar aberto adeso, mediante negociao, dos demais pases membros da Associao Latino-Americana de Integrao.
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
O Mercosul foi institudo no pelo Tratado de Assuno de 1991,
mas sim pelo Protocolo de Ouro Preto de 1994.
Outro ponto equivocado a afirmao a respeito do Tratado de
Assuno, pois ele no revogou o Tratado de Montevideo. Assim, o
item est ERRADO.
5.2 Sistema de soluo de controvrsias
Os procedimentos de soluo de conflitos foram estabelecidos
pelo Protocolo de Braslia e pelo Protocolo de Olivos.
Importante falar que o Protocolo de Braslia estabeleceu
procedimento prprio que se aplica s reclamaes efetuadas por
particulares (pessoas fsicas ou jurdicas) que se sintam prejudicados
ou lesados por motivo da sano ou aplicao, por qualquer dos
Estados-partes, de medidas legais ou administrativas de efeito
restritivo, discriminatrias ou de concorrncia desleal, em infrao do
Tratado de Assuno, dos Acordos celebrados no mbito do mesmo,
ou das decises que emanem do Conselho do Mercado Comum, com
a ressalva que as reclamaes particulares dependem de endosso da
seo nacional para seguir adiante.
So as fases para a soluo de conflitos:
a) Negociaes diretas entre as partes na controvrsia: os
Estados-partes procuraro resolver controvrsias mediante
negociaes diretas e informaro ao Grupo Mercado Comum
sobre as gestes que se realizarem durante as negociaes e os
seus resultados.
b) Interveno do Grupo de Mercado Comum: se mediante as
negociaes diretas no for alcanado um acordo ou se a
controvrsia for solucionada apenas parcialmente, qualquer dos
24678074520
-
Direito Econmico p/ PGFN 2015. Teoria e
exerccios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 05
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 68 Instagram: @danielmqt Facebook: Daniel Mesquita
Estados-partes na controvrsia poder submet-la
considerao do Grupo Mercado Comum.
O Grupo Mercado Comum avaliar a situao, dando
oportunidade s partes na controvrsia para que exponham
suas respectivas posies e requerendo, quando considere
necessrio, o assessoramento de peritos. As despesas que
requeira este assessoramento sero custeadas em partes iguais
pelos Estados-partes na controvrsia ou na proporo que
determine o Grupo Mercado Comum.
Ao trmino deste procedimento o Grupo Mercado Comum
formular recomendaes aos Estados-partes na controvrsia
tendentes soluo da controvrsia.
c) Tribunal Arbitral Ad Hoc e/ou; Quando no se puder
solucionar a controvrsia mediante a aplicao dos
procedimen