direito das sucessões - 2a prova

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Direito das Sucessões: 2ª Prova – 19/04 Herança Jacente e Herança Vacante A Transmissão dos bens aos herdeiros do de cujus dá-se no momento da abertura da sucessão (princípio da saisine ). Em alguns casos, entretanto, o autor da herança morre sem ter deixado testamento, e não há conhecimento da existência de herdeiro algum (ou não existe, ou os herdeiros não se habilitaram), logo, não ocorre a transferência dos bens da herança, que passa a ser considerada jacente . Jacência Herança jacente, portanto, é a massa indivisa de bens deixada por quem morreu sem herdeiros conhecidos . A herança permanece jacente enquanto não conhecidos . A herança permanece jacente enquanto não tiver titular, ou seja, da abertura da sucessão até o surgimento de algum herdeiro ou até a transmissão ao Pode Público . O estado de jacência da herança, como se vê, é sempre transitório , importante esclarecer que o termo herança jacente se justifica porque a herança jaz, permanece imóvel, estacionária, durante o período em que não tem um titular. -O Fenômeno da Jacência ocorre quando não se localizam herdeiros do “de cujus” : A herança jacente é aquela cujos herdeiros são desconhecidos. Observa- se a ocorrência de jacência quando desde a abertura da sucessão não há herdeiros conhecidos. -Assim, os bens são arrecadados, sendo tomadas as providências para eventual localização de eventuais herdeiros: A herança jacente representa uma fase transitória do patrimônio do falecido: a jacência cessará tão logo

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Direito das Sucessões: 2ª Prova – 19/04

Herança Jacente e Herança VacanteA Transmissão dos bens aos herdeiros do de cujus dá-se no momento da abertura da

sucessão (princípio da saisine ). Em alguns casos, entretanto, o autor da herança morre sem ter deixado testamento, e não há conhecimento da existência de herdeiro algum (ou não existe, ou os herdeiros não se habilitaram), logo, não ocorre a transferência dos bens da herança, que passa a ser considerada jacente.

Jacência

Herança jacente, portanto, é a massa indivisa de bens deixada por quem morreu sem herdeiros conhecidos. A herança permanece jacente enquanto não conhecidos. A herança permanece jacente enquanto não tiver titular, ou seja, da abertura da sucessão até o surgimento de algum herdeiro ou até a transmissão ao Pode Público. O estado de jacência da herança, como se vê, é sempre transitório, importante esclarecer que o termo herança jacente se justifica porque a herança jaz, permanece imóvel, estacionária, durante o período em que não tem um titular.

-O Fenômeno da Jacência ocorre quando não se localizam herdeiros do “de cujus” : A herança jacente é aquela cujos herdeiros são desconhecidos. Observa- se a ocorrência de jacência quando desde a abertura da sucessão não há herdeiros conhecidos.

-Assim, os bens são arrecadados, sendo tomadas as providências para eventual localização de eventuais herdeiros: A herança jacente representa uma fase transitória do patrimônio do falecido: a jacência cessará tão logo seja encontrado um herdeiro ou, após esgotadas as buscas, houver a declaração de vacância (art.1819 CC/02).

Enquanto a herança se encontrar jacente serão adotadas as seguintes providências:

Disposições Legais: Art. 1.819 a 1.821 CC; 1.142 a 1.158 CC

1ª Etapa: Arrecadação dos Bens (art.1142, 1145 a 1149 CPC) e nomeação de curador (art. 1.143 e 1.144): Nomeação de curador, a quem competirá a guarda e administração dos bens do de cujus e arrecadação dos bens do falecido.

2ª Etapa: Publicação de Editais (art. 1.152, CPC): investigação para localização dos herdeiros (art. 1.150 e 1.152).

Realizada a arrecadação dos bens, o juiz mandará expedir edital, que será publicado três vezes, com intervalo de trinta dias para cada um, para que venham a habilitar-se os sucessores do finado (art. 1.152). Se algum herdeiro se habilitar, a arrecadação dos bens será convertida em inventário.

Obs: Os credores do falecido poderão se habilitar nos autos da própria arrecadação ou propor ação de cobrança em face da herança jacente (art.1821 CC/02 e art.1154 e 1017 CPC).

-Durante o prazo de 1 ano os herdeiros podem, se habilitar e, em se habilitando, o procedimento da jacência se converte em inventário: Com o aparecimento de herdeiros, comprovada esta qualidade, cessa a jacência, prosseguindo- se a sucessão normal (art.1151 e 1153 CPC).

Permanecendo ignorados os herdeiros após as diligências pertinentes, a herança, até então jacente, é declarada vacante, para o fim de transferir o patrimônio ao poder público, sucessor final na falta de outros.

Portanto, decorrido o período de um ano após a publicação do primeiro edital, sem que haja herdeiro habilitado ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. A declaração de vacância dá-se por meio de sentença judicial, que produz dois efeitos:

A) Exclui da sucessão os parentes coletais do de cujus, que não terão mais direito aos bens da herança caso apareçam posteriormente;

B) Transmite a herança ao Poder Público, que adquira a propriedade dos bens em caráter resolúvel.

Resumindo: A herança jacente é um patrimônio transitório, administrado por um curador nomeado pelo juiz podendo, a instauração do procedimento de jacência, ser requerido pelo Ministério Público, credor, município, interessado ou, então, de ofício pelo próprio juiz. Podem se habilitar os legatários e os herdeiros em linha reta e colateral, desde que no prazo de um ano, contado da data de publicação do primeiro edital de convocação (após, somente os herdeiros em linha reta poderão se habilitar).

Instaura-se o procedimento de jacência quando:

a) não houver herdeiros conhecidos (CC, 1819);b) o único herdeiro for o nascituro (CC, 1800, § 3º);c) a Fundação – à qual foram destinados os bens em testamento – não estiver formada (CC,

1799, III);d) o único herdeiro for indigno (CC, 1815).

- Os Credores podem se habilitar no inventário ou propor ação autônoma de cobrança (art. 1.154 CPC) - habilitação dos credores via ação direta: os credores do falecido,

que antes poderiam se habilitar nos autos do inventário ou da arrecadação de herança jacente (art.1154 CPC), a partir da declaração de vacância, só poderão reclamar seu direito por ação direta (art.1158 CPC).

-Os Bens também podem ser convertidos em dinheiro na situação do art. 1.155 CPC

Vacância

-Se ninguém se habilitar, ou se nenhuma habilitação for acolhida, a Herança é declarada vacante: A declaração de vacância representa o reconhecimento judicial de que a herança não tem dono conhecido. Ocorrerá após um ano da primeira publicação do edital de convocação dos herdeiros, desde que ainda não estejam pendentes decisões de eventuais habilitações (art.1820 CC/02 e art.1157 CPC).

-A Declaração de vacância afasta os Colaterais da Sucessão e entrega a propriedade resolúvel para o Distrito Federal ou Município (Propriedade e Resolúvel pelo prazo de 5 anos – art. 1.822 CC): Decorridos 5 anos da abertura da sucessão, os bens serão definitivamente incorporados ao domínio do Município ou DF, se localizados nas respectiva circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.

O poder público não é propriamente herdeiro, pois não existe para com o falecido qualquer vínculo (consangüíneo, civil ou familiar), fundamento básico do direito sucessório. Mas, por expressa previsão legal, é o destinatário do acervo hereditário na falta de pessoas sucessíveis, evitando- se a herança acéfala, bem como o indesejável abandono dos bens, dando- se a indispensável continuidade às relações jurídicas deixadas pelo falecido.

-A Vacância será reconhecida imediatamente caso todos os herdeiros venham a renunciar (art. 1.823): Se todos os herdeiros conhecidos renunciarem à herança, desde já a vacância poderá ser decretada (art.1823 CC/02).

- Efeitos da declaração de vacância:

a) transfere a titularidade da herança ao poder público (Município, Distrito Federal ou União, conforme o caso): No entanto, a incorporação definitiva da herança não ocorre imediatamente após a declaração de vacância – durante cinco anos o poder público tem a propriedade resolúvel dos bens, ou seja, pende sobre o direito de propriedade da herança uma cláusula resolutiva – o surgimento de cônjuge ou companheiro, descendentes ou ascendentes do falecido.

Se passados cinco anos da abertura da sucessão não houver a habilitação de nenhum herdeiro (cônjuge ou companheiro, descendentes ou ascendentes), a herança incorpora- se definitivamente ao domínio público (art.1822 CC/02). Após esse prazo cessa, para qualquer herdeiro, o direito de pleitear a herança.

É possível, no entanto, o aparecimento de herdeiros após a declaração de vacância – nesse caso, cabe ressaltar: I) com a declaração de vacância, os colaterais ficam definitivamente excluídos da sucessão; II) se outros herdeiros (cônjuge, companheiro, descendentes ou ascendentes) se habilitam (por ação direta –

art.1158 CPC), após a declaração de vacância, respeitado o prazo de cinco anos após a abertura da sucessão, ocorrerá a adjudicação ou partilha em benefício dos herdeiros habilitados.

b) põe fim à atuação do curador: encerrada a herança jacente o curador é dispensado dos deveres de guarda, conservação e administração do acervo hereditário;

-Lei 8.049/90 (Ver ISSO)

-Natureza Jurídica da Sentença de Vacância: Discute-se, na doutrina, se a sentença de vacância tem natureza constitutiva ou meramente declaratória, produzindo efeitos com relação ao usucapião da herança jacente e ao direito intertemporal sobre quem arrecadará os bens vagos: as universidades ou os municípios.

A propriedade dos bens é resolúvel, porque o município somente adquire os bens em definitivo após o transcurso de 05 anos contados da abertura da sucessão hereditária (CC, 1822), ocasião em que, surgindo algum herdeiro em linha reta, poderá ajuizar Ação de Petição de Herança contra o município que os arrecadou.

Declaratória? Constitutiva?

A sentença de vacância é constitutiva, porque modificou uma relação jurídica, conferindo à universidade ou ao município o direito de arrecadar os bens deixados em herança e não reclamados por nenhum dos potenciais herdeiros, legatários ou interessados ao tempo do prazo de jacência (CC, 1844). Cabe salientar que a transmissão da herança ocorre mesmo que os herdeiros ignorem a morte do autor da herança, de modo que serão potenciais herdeiros enquanto nela não se habilitarem (eles podem renunciar à herança (CC, 1823)), mesmo sendo conhecidos.

-Isso flui: Quanto ao efeito da sentença de vacância, é “ex nunc”, porque a herança possuía potenciais herdeiros antes da sentença declaratória de vacância. Daí decorre:

Em eventual aquisição pela usucapião: no período anterior à data de prolação da sentença, pode-se ajuizar Ação de Usucapião de Herança Jacente, desde que o prazo para usucapir se complete nesse período.

No ente que adquirir a propriedade se a sucessão for aberta antes da lei: com o efeito ultraativo, a pessoa apta a arrecadar os bens vagos será: b.1) a universidade, se a abertura da sucessão foi anterior à entrada em vigor da Lei nº 8.049, de 20.06.1990; b.2) o município, se for posterior à entrada em vigor dessa mesma lei.

Regime de Bens

Regime de bens serve para cuidar os reflexos patrimoniais entre os cônjuges.

No Brasil são 4 modalidades. Mas a comunhão parcial é o regime geral.

Na união estável, também é assim.

Outras possibilidades existem (tanto para o casamento, quanto para a união estável).

Deverão ser feitos por escritura pública (pacto ante nupcial).

Comunhão Universal: Temos um regime de comunhão quase total. Os bens particulares

passam a se comunicar com o outro cônjuge após o casamento. Ela não é total, porque mesmo aqui

alguns bens ficam excluídos (art. 1668 CC). O inciso II é a possibilidade de deixar bens para alguém

que não nasceu.

O que é meu passa a ser nosso, e o que adquirimos durante o casamento também será

nosso.

O inciso III diz que as dividas anteriores não se comunicam. Salvo as obtidas para aprestos

(despesas para realização do casamento) e aquelas para o próprio casal (a compra de um apto).

Comunhão Parcial: a lei estabelece presunção absoluta de esforço comum. Não admite prova

em contrário. Os bens que não se comunicam na comunhão parcial, além dos bens adquiridos a

título gratuito, os bens do art. 1659 CC.

São os bens que cada cônjuge possuir ao casar, as doações e os sub-rogados. Os valores que

tinha antes do casamento (uma poupança). Também as obrigações anteriores ao casamento, de atos

ilícitos (desde que não em proveito ao casal – ex.: político corrupto que desvia dinheiro para

comprar casa para o casal). Os bens de uso pessoal, livros e proventos de trabalho pessoal de cada

cônjuge. Esse último inciso é muito criticado, porque praticamente tudo é adquirido com os

proventos do trabalho. Mas aqui se entende os proventos que está para adquirir. Também não se

comunicam as pensões etc.

Art. 1660 – O que entra na comunhão.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão Parcial: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;

III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.  Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; A churrasqueira que você fez no bem particular da sua esposa. V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes, não obrigam os bens comuns. Dívidas que só aproveitam a um dos cônjuges, por exemplo, na conservação dos seus bens particulares.

Participação Final dos Aquestos:

Esse regime foi importado do sistema francês, e é altamente criticado. É um regime que se

presta a um casal empresário. Não é comunhão, como nos outros. Aqui é participação. Cada cônjuge

participa de acordo com aquilo que prove que contribui com a sociedade.

Temos 2 momentos muito claros (por isso o chamam de híbrido):

- Durante o casamento, a partição final dos aquestos lembra a separação

convencional – as pessoas escolhem esse regime - (o que é meu, continua sendo meu, e aquilo que

por ventura eu adquirir com o meu dinheiro durante o casamento, continua sendo meu.

Através de pacto antenupcial os cônjuges, na separação convencional, podem estipular que

não é necessária a outorga uxória para alienar um bem particular. Assim como na comunhão.

Aquestos são os bens adquiridos na constância do casamento.

É um modelo de compensação. Aquele que foi melhor durante o casamento, compensa o

que foi pior. O código faz uma presunção relativa da meação, isto é, se nada for provado, a divisão

será meio a meio. A presunção é relativa de esforço comum, pois pode haver prova em contrário.

Regime da Separação de Bens – Existem pessoas que casam nesse regime porque são

obrigadas, e não porque querem.

As pessoas elencadas no art. 1641 CC, casam, obrigatoriamente, pelo regime da separação

legal de bens.

Atenção!!! As pessoas maiores de 70 anos que vivem sob o regime da união estável (comunhão

parcial), poderão se casar pela união parcial.

Súmula 377, STF – No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância

do casamento.

Atenção!!!!!! A súmula não se aplica na hipótese de separação convencional, mas só na hipótese de

separação legal. Então, a separação convencional é a única separação total de bens.

Obs.: Descendentes herdam sozinhos se não houver cônjuge sobrevivente.

Pessoa pré-morta é aquela que morreu antes do autor da herança. Ex.: quando o pai faleceu,

a mãe era pré-morta, isto é, faleceu antes do pai.

Descendentes de mesmo grau, herdam por cabeça, cota iguais (3 filhos, 33,3% para cada

um.).

Meação não confunde com herança. Na meação do cônjuge sobrevivente não há pagamento

de imposto de transmissão, pois a meação já é dele.

Havendo herança do avó, e o pai for pré-morto ou indigno, os netos receberão por

representação. A lei estabelece esses casos. Se o avô tivesse 3 filhos, os 2 netos receberão por

estirpe, isto é, cada um receberá a metade do 1/3 que o seu pai teria direito.

Se houver cônjuge sobrevivente, este concorre com os descendentes. Se ele for meeiro, ele

não concorre. Se ele não for meeiro, ele concorre.

Aula – 03/05

Sucessão Legítima

-Art. 1.829: A partir de agora, começamos a trabalhar com a ordem da vocação hereditária que vigora para aqueles que não deixaram testamento ou que, testando, não testaram sobre todos os bens, ou tiveram seu testamento invalidado ou rompido (art. 1.788).

Trata-se de uma ordem hierárquica e excludente, ou seja, uma classe exclui as outras, e dentro da mesma classe, os de grau mais próximo excluem as de grau mais remotos.

Lembrando....

A sucessão legítima, por vezes também designada sucessão legal, é a que se dá em virtude de lei. O legislador traz a ordem de vocação hereditária, através da qual designa aqueles que serão chamados para suceder. A sucessão legítima ocorre sempre a título universal; já a sucessão testamentária pode se dar a título universal ou a título singular.

Voltando...

-2 Regras principais da Sucessão Legítima:

1) Uma classe exclui a outra;2) Na mesma classe, os de grau mais próximo excluem os mais remotos,

salvo hipótese de haver direito de representação;

*Representação (art. 1.851): A transmissão da herança aos descendentes pode ocorrer de duas formas diferentes:

Se os descendentes ocuparem o mesmo grau, haverá sucessão por cabeça, ou por direito próprio. Nesse caso, a herança é dividida em partes iguais entre os herdeiros.

Se os descendentes ocuparem graus diferentes, a herança pode não ser dividida de forma igualitária entre eles. Nessa hipótese haverá sucessão por estirpe ou por direito de representação.

O direito de Representação ocorre também quando o descendente for excluído da sucessão por indignidade ou deserdação (renúncia da herança não dá direito à representação).

O direito de Representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente (art. 1.852). Dessa forma, na sucessão dos ascendentes, não há exceção à regra de que o mais próximo exclui o mais remoto. Já na linha colateral ou transversal, o direito de representação somente se dá em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem (art. 1.853).

-Art. 1.829, I: Primeiros chamados para sucessão – Descendentes.

-Sucessão dos Descendentes:

Não havendo concorrência com cônjuge sobrevivente Havendo concorrência com cônjuge sobrevivente

Espécie:

Natural ou Consanguíneo: Parentesco Biológico: Laços sanguíneos.

Civil: Parentesco civil: Se estabelece a partir da relação sócio-afetiva, reconhecida pela lei. (adoção, paternidade sócio-afetiva). Embora não haja vinculo biológico, é a lei que estabelece.

Por Afinidade: Parentesco por Afinidade: Surge em razão do casamento ou pela união estável. Você não é culpado da loucura que outra pessoa fizer, isso significa que o parentesco só se estabelece entre o meu irmão com a família da mulher dele.

Linha:

Reta: Aqui existem gerações uma descendendo da outra (Ascendente e Descendente)

Colateral: Aqui haverá um ancestral comum. As pessoas não descendem diretamente uma das outras. O que faz elas terem parentesco é que há um tronco comum (ancestral comum). Em algum momento há um ancestral comum. Em razão do meu avô é que meu primo é meu primo.

Grau:

Gerações: Linha reta - Contamos pelas gerações. É simples. O neto, se for consanguíneo, é parente consanguíneo, em linha reta, de 2º grau do seu avô.

Ancestral comum: Linha colateral - O que permite contar os graus, é a localização do ancestral comum. O parentesco já começa em segundo grau. Sempre. O parentesco colateral mais próximo é o irmão. Ele é colateral de 2º grau.

Atenção!!!! Na linha colateral o parentesco se encerra em 4º grau.

Atenção!!! Parentesco por afinidade se encerra no 2º grau, e é infinito em linha reta. Ele será indissolúvel! Isso significa que você pode ter 4 sogras na vida.

Eu entro no lugar da minha esposa para contar o grau de parentesco com o meu sogro. Então, o meu sogro é meu parente de 1º grau, por afinidade. E meu pai é meu parente de 1º grau, por consanguinidade.

Madrinha não é parente. Nem a mulher do meu tio (irmão do meu pai) é minha parente.

Aula – 10/05

Sucessão Legítima...

Sucessão dos Descendentes

1) Sucessão dos Descendentes sem concorrência com cônjuge sobrevivente: Neste caso, cada descendente, como já vimos, recebe cota igual. Se um dos descendentes for pré-morto, seus descendentes herdam por representação se concorrerem com herdeiros de classe superior

Neste caso, quem herda por representação, herda por estirpe.

Obs: Na linha reta, os ascendentes não herdam por representação (não há direito de representação para ascendente – se o pai for pré-morto, e tiver mãe, apenas a mãe receberá a integralidade da herança, não indo nada para os avós paternos – ascendente apenas herda por direito próprio – em nome próprio)

2) Sucessão dos Descendentes concorrendo com cônjuge: Quando o cônjuge pode herdar concorrendo com os descendentes ou nas demais hipóteses? – Ver artigo 1.830 CC (neste caso, ainda que não haja descendentes, o cônjuge sobrevivente não terá direito sucessório) (Projeto 4.944/2005).

Concorrendo com descendentes o cônjuge sobrevivente: É possível que, em alguns casos, além do direito de meação, o cônjuge também tenha direito sobre parte da herança. Assim, o cônjuge sobrevivente pode ser apenas meeiro, meeiro e herdeiro, apenas herdeiro ou não ter direito à meação nem à herança.

- Herda, em concorrência com o descendente, se o regime de bens for:

O da Participação Final dos Aquestos (não é meeiro); O da comunhão parcial de bens, em relação aos bens particulares (é herdeiro destes bens

particulares e meeiro do resto); Separação Convencional (não é meeiro);

- Não herda se o regime de bens for:

O da Comunhão Universal (aqui ele é meeiro); O da comunhão parcial de bens, se não houver bens particulares (aqui ele é meeiro); O da separação legal (art. 1.641) (intenção do legislador de impedir o golpe do baú – não

tem direito à herança nem à meação).

Obs: Meação é o conjunto de bens que seria atribuído ao cônjuge se o casamento tivesse sido dissolvido em vida pela separação judicial ou divórcio. Não se pode confundir a herança com a meação, pois esta é a porção ideal dos bens comuns que já pertenciam ao cônjuge durante a união conjugal. O direito de meação decorre do regime de bens do casamento.

Dessa forma, o patrimônio do de cujus pode ser dividido em duas partes: a meação (quando houver) do cônjuge sobrevivente e a herança.

De toda sorte o cônjuge terá:

Art. 1.831 – Direito Real de Habitação. Art. 1.832 – Cota parte igual a dos descendentes, assegurada a quarta parte se concorrer

com descendentes comuns.

Continuação da aula – 10/05

Sucessão Legítima....

Sucessão dos Ascendentes

- Não havendo descendente, a próxima classe chamada a suceder é a dos ascendentes. Vejamos como se dá a sucessão dos ascendentes:

Art. 1.829, II c/c 1.836 e 1.837

Sucessão dos Ascendentes quando não exista cônjuge sobrevivente o cônjuge sobrevivente não puder suceder:

Grau Mais próximo exclui os de grau mais remoto (art. 1.836, §1º) No mesmo grau, havendo diversidade de linha, os da linha paterna herdam metade e os

da linha materna herdam metade. Não há direito de representação na linha ascendente

Exemplo do Caso 1:

Avó Materna Avô Materno Avó Paterna Avô Paterno

Mãe de Alberto Pai de Alberto (Pré-morto)

Alberto (Autor da Herança)

Não existe direito de representação entre ascendentes. E assim sendo, os de grau mais próximos excluem os de grau mais remoto. Neste caso, portanto, quem herda é a Mãe de Alberto (Avós paternos de Alberto não herdam).

Exemplo do Caso 2:

Avó Materna Avô Materno (Pré-Morto) Avó Paterna Avô Paterno

Mãe de Alberto (Pré-Morta) Pai de Alberto (Pré-morto)

Alberto (Autor da Herança)

Neste caso, ascendentes de mesmo grau não afastam uns aos outros. No entanto, note-se que neste caso não se divide a herança em cotas iguais (1/3 para cada). Havendo ascendentes com diversidades de linhas, os da linha paterna herdam 50% e os da linha materna herdam 50%. Portanto, a avó materna de Alberto recebe 50% da herança, enquanto os avós paternos herdam 25% cada um.

2)Sucessão dos ascendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente (art. 1.837): Se o de cujus tiver deixado somente ascendentes e cônjuge, a herança será sempre dividida entre eles, seja qual for o regime de bens do casamento (Exceção é o art. 1.830).

a) Concorrendo com ascendentes de primeiro grau: 1/3 para o pai 1/3 para a mãe 1/3 para o cônjuge sobrevivente

b) Concorrendo com apenas 1 ascendente de 1º grau: ½ para pai ou mãe ½ para cônjuge

c) Concorrendo com parentes de grau superior (2º grau em diante): Cônjuge fica com metade e os demais ascendentes dividem entre si a outra metade

OBS: O Cônjuge só não herda se for divorciado, separado judicialmente ou separado de fato a mais de 2 anos.

Sucessão do Cônjuge, na Falta de Descendentes e de Ascendentes

Se o de cujus não tiver deixado descendentes nem ascendentes, será chamado à sucessão o cônjuge, conforme dispõe o art. 1.829, III e Art. 1.838. Neste caso, o cônjuge sobrevivente receberá toda a herança, seja qual for o regime de bens. É sempre bom lembrar que o cônjuge somente terá direito sucessório se, ao tempo da morte do outro, respeitava as regras do art. 1.830.

Aula – 24/05

Sucessão dos Colaterais

Se o indivíduo falecer sem deixar nem descendentes, nem ascendentes, nem cônjuge, ou companheiro sobreviventes, serão convocados os parentes em linha colateral.

Colaterais não são herdeiros necessários.

Os colaterais mais próximos excluem os mais remotos: (1840)

Colaterais de 2º grau: Irmãos – Os unilaterais (irmão só por parte de mãe ou de pai), concorrendo com bilaterais (irmãos por parte de pai e de mãe) herdam a metade do que couber a estes.

Colaterais de 3º grau: Tios e Sobrinhos – Na sucessão dos colaterais haverá direito de representação apenas no tocante aos sobrinhos (representando seus pais – irmãos do de cujus).

Obs: No caso de Tio concorrer com Sobrinho, irá prevalecer o Sobrinho por herdar por direito de representação, no lugar de seu pai.

Colaterais 4º grau: Primos de Tios–avós

Sucessão entre colaterais de 2º grau (irmãos):

A B

C D E

F G

Autor da Herança

Pré morto ao autor da herança

Herdam por estirpe

A B

C D E

Pré morto ao autor da herança B C

F

Se só concorrem irmãos bilaterais, cada um tem uma cota igual. Se só concorrem irmãos unilaterais, cada um tem cota igual, (1842) Se concorrerem juntos irmãos bilaterais e unilaterais, os unilaterais terão direito á

metade da cota dos bilaterais (1841).

Sucessão entre colaterais de 3º graus:

- Tecnicamente tios e sobrinhos estariam em igualdade de posição na sucessão já que ambos são colaterais de 3º graus.

Mas a lei deu prioridade aos sobrinhos que, por este motivo, tem prioridade em relação dos tios do “de cujus” (1843). Na falta de irmão, herdarão os filhos destes (sobrinhos), e na falta de sobrinho, herdam os tios. Não há concorrência: os sobrinhos herdam tudo.

A regra é que não há direito de representação para colaterais. A única exceção fica com o caso de sobrinhos que representam seus ascendentes na sucessão dos tios (1853).

Mas se não houver irmão sobrevivo os sobrinhos herdam por cabeça (1843).

Se concorrerem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um dos unilaterais herdara a metade do que incumbir aos filhos de irmãos bilaterais (1843, §§ 2º e 3º )

Civil (24/05/11)

Sucessao do companheiro : art. 1790 CC

O artigo 1790 é inconstitucional? A corrente majoritária diz que não.

O que primeiro temos que analisar?

1- O que o companheiro herda? O companheiro so herda bens adquiridos onerosamente na Constancia da união estável. E isso independentemente do regime de bens.

Assim, podemos estabelecer:

O companheiro não herda bens adquiridos gratuitamente (herança ou doação), sejam eles adquiridos pelo “de cujus” antes ou durante a Constancia da união.

O companheiro também não herda os bens adquiridos onerosamente antes da união .

Em resumo, o companheiro só herda os bens adquiridos onerosamente na Constancia da união.

Essa regra não varia, mesmo que varie o regime de bens .

Então, ao contrario do cônjuge, o companheiro só é herdeiro quando também é meeiro.

O art. 426 CC impede que alguém disponha de herança de pessoa viva. Então, nem pode modificar o regime de bens da união estável. De qualquer maneira, o companheiro só herda bens que tenham sido adquiridos onerosamente na constância da união.

Atenção!!!!!!! Se o de cujus não tiver descendentes, ascendentes nem colaterais, o herança vai para

o município! O companheiro ainda assim não levará nada!!!

Aula – 31/05

Sucessão do Companheiro - Quanto o Companheiro Herda?

Art. 1790 CC. Verificamos que o companheiro concorre com os descendentes e os demais parentes sucessíveis. O desafio maior é a concorrência com os descendentes. No caso de filhos comum, o código traz uma solução. Mas pode acontecer de os filhos não serem comuns (trazidos de outros casamentos/uniões), o código também trouxe uma solução para esses. Mas há a hipótese de concorrência com filhos comuns e filhos exclusivos, nesse caso o código não trouxe solução.

a) Sucessão do Companheiro Concorrendo com Descendentes a.1) Descendentes Comuns, a cota iguala.2) Descendentes exclusivos, meia cotaa.3) Função Híbrida.

Problema! – Não há previsão legal para a hipótese - Como não há previsão no artigo para filhos híbridos, desenvolveram-se 4 correntes:

1ª Corrente: (Majoritária)

Como o Inciso I não usou a expressão “só” com filhos comuns, ele aplica-se também para as hipóteses de filiação híbrida. Assim, no caso de filiação híbrida, o companheiro herda uma cota igual

Funda o seu entendimento numa interpretação literal. Diz que quando o legislador tratou da concorrência com filhos exclusivos, ele usou a palavra “só”. No inciso I não houve essa expressão. Por conta dessa ausência, seria a aplicação do inciso I quando houver filiação hibrida, logo, o companheiro herdaria cota igual a dos demais descendentes.

É criticada pelo fato de os filhos exclusivos terem sido postos numa situação desprivilegiada, já que ao falecer, a companheira transmitiria aos seus descendentes.

Como o inciso I não usou a expressão “só” com filhos comuns, ele aplica-se também para as hipóteses de filiação hibrida. Assim, no caso de filiação híbrida, o companheiro herda uma cota igual.

2ª Corrente:

Entrega-se ao companheiro meia cota. Esta solução, sistematicamente, estaria de acordo com o princípio do legislador de melhor favorecer aos descendentes.

Para essa corrente, a melhor situação seria que o companheiro, na filiação híbrida, ficasse com meia cota. Essa solução, sistematicamente, estaria de acordo com o princípio do legislador de melhor favorecer aos descendentes.

3ª Corrente: Corrente da Sub-Herança.

Propõe separar a herança em 2 partes: a parte que cabe aos filhos comuns, e uma parte que

cabe aos filhos exclusivos. Aplicaríamos à parte dos filhos comuns a regra do art. 1790, I. Quanto à

parte dos filhos exclusivos, aplicaríamos a regra do art. 1790, II.

A gravidade do problema aqui é que a cota dos filhos comuns fica diferente da cota dos filhos exclusivos, o que fere a constituição. (desigualdade entre filhos). Violação do art. 227 CF

3 Filhos Comuns 2 Filhos Exclusivos

Herança: 100.000,00

Cada filho teria cota de 20.000,00

Sub-Herança dos filhos comuns:

3x 20.000,00 = 60.000,00

Companheiro teria direito a uma cota igual:

60.000,00 dividido por 4 = 15.000,00 para cada

Sub-Herança dos filhos exclusivos: 2 X 20.00,00 dividido = 40.000,00

Meia Cota: 2x + X/2 = 40.000,00

4X/2 + X/2 = 40.000,00

5X/2 = 40.000,00

5X = 80.000,00

X = 16.000,00 -> Cota dos filhos exclusivos

X/2 = 8.000,00 -> Cota do Companheiro

*Total devido a companheira: Cota 1 + Cota 2 = 15.000,00 + 8.000,00 = 23.000,00

4ª Corrente: Fórmula Tusa. Coeficiente variável: 0,5 > x > 1

Coeficiente Variável: Herança: 120.000,00

0,5 > X > 1

3Filhos Comuns, 2 Filhos Exclusivos

3.1 +2.1 dividido por 5 =

3 + 1 dividido por 5 =

4/5 = 0,8

Coeficiente

5X + 0,8X = 120.000,00

5,8X = 120.000,00

X = 120.000,00/5,8 = 20.689,65 => Cota dos Filhos

Cota da companheira: 0,8x

0,8x 20.689,65 = 16.552,72

Companheiro Concorrendo com Demais Parentes sucessíveis (art. 1790,III)

Isto é, quando não há descendentes. Demais parentes sucessíveis engloba colaterais e

ascendentes.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens

adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

Patrimônio de 120.000,00. Saem 60.000,00 se tudo for adquirido onerosamente na

constância da união. Ele ficará com 1/3, que no caso são 20.000,00. O restante ficará com os demais

parentes sucessivos.

Existem juízos que não aplicam esse artigo (controle difuso), determinando que seja aplicada a mesma regra do casamento.

Aula – 07/05

Sucessão Testamentária

Ato jurídico em sentido estrito – a pessoa tem só a opção de celebrar o ato. Os efeitos se

dão por força de lei (ex lege). Reconhecimento de um filho. Praticou o reconhecimento, os efeitos se

dão por força de lei.

Se casar, se submete ao estatuto geral do casamento.

Inscrição num concurso: ao se inscrever, você se submete às regras do edital.

Negócio Jurídico – As partes são livres para disciplinar as regras do negócio (preço, data da entrega,

forma de pagamento, se haverá juros etc.). As próprias partes vão construir as regras.

Atenção!!! Existem negócios jurídicos unilaterais. Isto é, não precisa haver pluralidade de sujeitos

para haver negócio jurídico.

Ex.: Pau de sebo (festa junina). O testamento é um negócio jurídico unilateral em que

o interessado faz disposições para depois de sua morte de cunho patrimonial ou extrapatrimonial.

Atenção!!!! Testamento não precisa dispor de patrimônio. Ele pode reconhecer um filho depois da

morte, ou doação de órgãos, nomear tutores para os seus filhos etc.

DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

CAPITULO I DO TESTAMENTO EM GERAL

 Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de

parte deles, para depois de sua morte.

 

§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.

§ 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador

somente a elas se tenha limitado.

 

Testamento é ato de última vontade. O sujeito pode fazer 50 testamentos ao longo da vida.

Mas o testamento é livremente revogável a qualquer momento.

Testamento é ato personalíssimo.

Testamento: Negócio Jurídico Unilateral, Personalíssimo, Gratuito, Solene, Revogável.

Capacidade para testar

Essa capacidade é diferente da capacidade genérica. Isso porque além de a gente exigir que

a pessoa seja capaz, a gente também exigirá que a pessoa tenha pleno discernimento. (art. 1860).

Essa capacidade é auferida no momento de testar.

Art. 2035 ADCT – Se o testamento foi feito antes da entrada em vigor do novo código, os requisitos

de validade serão apurados a partir das regras de 1916.

Art. 1860 – Será que estão proibidos de testar os absolutamente incapazes e também os

relativamente incapazes.

CAPÍTULO IIDa Capacidade de Testar

 Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.  Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

No art. 1782 fala sobre o que o juiz pode fazer quando interdita o pródigo. E lá não aparece a

questão da capacidade de testar. Depois do testamento aberto ele estaria morto mesmo. E isso não

comprometeria mais a sua subsistência. Por isso, ele pode testar.

Mas os relativamente capazes, a lei fala que pode testar o maior de 16 anos.

O entendimento doutrinário e jurisprudencial é no sentido de que os outros relativamente

incapazes (art. 4º CC) poderiam testar.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:  I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos.

Espécies de Testamento: O testamento é um ato extremamente solene. Podemos

dizer que, ao lado do casamento, o testamento é o ato mais formal do Direito Brasileiro. Não se admite, portanto, testamento fora dos modelos legais.

- Formas Ordinárias: São aqueles que podem ser adotados por qualquer pessoa nas condições normais de sua existência.

Testamento Público (1864 a 1867): É escrito por tabelião, de acordo com o que for ditado ou com as declarações do testador, em presença de duas testemunhas. Após elaboração, o testamento será lido para o testador, na presença das testemunhas. Após a leitura, todos assinam o livro de notas (testador, tabelião do Registro de Notas e as testemunhas). Se o testador for analfabeto, uma das testemunhas assinará por ele. Se for cedo, será lido em voz alta duas vezes, uma pelo tabelião, e a outra por uma das testemunhas. (Esta é a única forma disponível para os analfabetos e cegos – surdo-mudo pode utilizar de qualquer das formas testamentárias ordinárias).

Testamento Cerrado (1868 a 1875): É escrito pelo próprio testador, ou por alguém a seu rogo, só tendo eficácia após o auto de aprovação lavrado por oficial público, na presença de duas testemunhas. Poderá ser datilografado ou digitado em computador. Deve ser entregue ao oficial do cartório, na presença de duas testemunhas, devendo o testador dizer que aquele é seu testamento, e que deseja tê-lo registrado. Após a leitura do auto de exaração, o testamento será lacrado e registrado. Após cerrado, o documento será entregue ao testador, e o oficial lançará em seu livro o lugar e a data em que o testamento foi aprovado e lhe entregará. Será aberto pelo juízo do inventário.

OBS: Casos em que a violação do testamento não será motivo de anulação:

a) Prove-se que o rompimento for acidental;b) For perpetrado por que não tinha o menor interesse em prejudicar a última vontade do

morto;

c) Provar-se que as disposições testamentárias não foram afetadas em nada pela abertura ilegítima da cédula.

Testamento Particular (1876 a 1880): É inteiramente escrito e assinado pelo testador, lido perante 3 testemunhas e por elas também assinado (Exceção do art. 1.879). Este não é sigiloso, não precisa ser registrado em cartório. Este testamento é facultado apenas aos que podem ler e escrever, não se admitindo a assinatura a rogo. Uma vez morto o testador, será necessário que pelo menos uma das testemunhas reconheça sua autenticidade em juízo. Se todas as testemunha falecerem ou não forem encontradas, ou porventura não reconhecerem a autenticidade do testamento, este não será cumprido.

Codicilo (1881 a 1885): É ato de última vontade destinado a tratar de disposições de pequeno valor. Não é exigida grande formalidade na sua constituição, justamente por conter disposições sem conteúdo patrimonial relevante. Será suficiente para considerar-se válido o codicilo que ele tenha a forma escrita, devendo ser inteiramente escrito pelo autor (forma hológrafa), devendo ser por ele datado e assinado, não havendo necessidade de testemunhas.

O Codicilo pode ser utilizado pelo seu autor para várias finalidades previstas em lei, como por exemplo: deixar disposições sobre seu enterro; deixar esmolas de pouca monta; legar jóias, roupas ou móveis de pouco valor.

Quanto à revogação do codicilo, esta pode Sr feito por outro codicilo, ou pela elaboração de testamento posterior, de qualquer natureza, sem confirmá-lo ou modificá-lo. A falta de referencia ao codicilo, no testamento posterior, importa revogação tácita daquele. O testamento, contudo, não pode ser revogado por um codicilo.

- Formas Especiais: 1888 a 1892 CC: Testamentos especiais são testamentos permitidos apenas em circunstâncias excepcionais, ou ainda, quando certas pessoas são colocadas em circunstâncias particulares.

Testamento Marítimo e Aeronáutico: poderá ocorrer quando o testador estiver a bordo de navios de guerra ou mercante, em viagens de alto-mar. Pode ser forma assemelhada ao testamento público ou ao testamento cerrado. Caduca em 90 dias se o testador não morrer.

É lavrado pelo comandante do navio, escrivão de bordo, pelo próprio testador ou por terceiro a pedido seu.

Testamento Militar: É declaração de última vontade feita por militares e demais pessoas a serviço do Exército, dentro ou fora do País, que estejam participando de operações de guerra. Comporta 3 formas:a) Assemelhado ao cerrado b) Assemelhado ao público c) Nuncupativo, qual seja aquele feito de viva voz (verbalmente), perante duas

testemunhas, por pessoas empenhadas em combate ou feridas (art. 1.896): Se o

testador não morrer no combate ou convalescer do ferimento, o testamento perderá seu efeito imediatamente.