direito administrativo iii

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  DIREITO AD MINISTRATIV O I  ATO ADMIN ISTRATIVO – P ARTE III ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE: Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, os atos administrativos se distinguem em função do conteúdo e em função da forma. I - Quanto ao Conteúdo 1. Admissão: é o ato unilateral pelo qual a Administração vinculadamente faculta a alguém a inclusão em estabelecimento governamental para gozo de um serviço público. ex: - utilização de um serviço hospitalar pelo correspondente internamento; - ingresso em estabelecimento de ensino na qualidade de aluno; - desfrute dos serviços de biblioteca pública como inscrito entre seus usuários; 2. Concessão: é a designação genérica de fórmula pela qual são expedidos atos ampliativos da esfera jurídica de alguém.  pode-se falar em concessão de cidadania, comenda ou de prêmio (atos unilaterais), e, exploração de jazidas, construção de obra pública ou de prestação de serviço público (atos bilaterais). 3. Permissão é o ato unilateral pelo qual a Administração faculta precariamente a alguém a prestação de um serviço público ou defere a utilização especial de u m bem público. ex: - prestação de serviço público: permissão para desempenho do serviço de transporte coletivo. - uso de bem público: instalação d e banca de jornal em logradouro público.  No caso de permissões para prestação de serv iço público, de acordo com o art . 175 da CF/88, devem sempre ser  precedida de li citação, portanto são atos vincula dos. Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO I ATO ADMINISTRATIVO PARTE III

ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPCIE:

Segundo Celso Antnio Bandeira de Mello, os atos administrativos se distinguem em funo do contedo e em funo da forma.

I - Quanto ao Contedo

1. Admisso: o ato unilateral pelo qual a Administrao vinculadamente faculta a algum a incluso em estabelecimento governamental para gozo de um servio pblico.

ex: - utilizao de um servio hospitalar pelo correspondente internamento; - ingresso em estabelecimento de ensino na qualidade de aluno; - desfrute dos servios de biblioteca pblica como inscrito entre seus usurios;

2. Concesso: a designao genrica de frmula pela qual so expedidos atos ampliativos da esfera jurdica de algum. pode-se falar em concesso de cidadania, comenda ou de prmio (atos unilaterais), e, explorao de jazidas, construo de obra pblica ou de prestao de servio pblico (atos bilaterais).

3. Permisso o ato unilateral pelo qual a Administrao faculta precariamente a algum a prestao de um servio pblico ou defere a utilizao especial de um bem pblico. ex: - prestao de servio pblico: permisso para desempenho do servio de transporte coletivo. - uso de bem pblico: instalao de banca de jornal em logradouro pblico.

No caso de permisses para prestao de servio pblico, de acordo com o art. 175 da CF/88, devem sempre ser precedida de licitao, portanto so atos vinculados.

Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos.

4. Autorizao : o ato unilateral pelo qual a Administrao, discricionariamente, faculta o exerccio de atividade material, tendo como regra, carter precrio. ex: autorizao para explorao de jazida mineral.

5. Aprovao: o ato unilateral pelo qual a Administrao, discricionariamente, faculta a prtica de ato jurdico ou manifesta sua concordncia com ato jurdico j praticado, a fim de lhe dar eficcia. - aprovao prvia: quando aprecia a convenincia e oportunidade relativas a atos ainda no editados, liberando sua prtica. -aprovao a posteriori: quando manifesta concordncia discricionria com ato praticado e dela dependente a fim de se tornar eficaz.

Obs: a aprovao prvia menos comum.

6. Licena:

o ato vinculado, unilateral, pelo qual a Administrao faculta a algum o exerccio de uma

atividade, uma vez demonstrado pelo interessado o preenchimento dos requisitos legais exigidos. ex: - licena para edificar, que depende de alvar; - licena de exerccio de atividade profissional.

7. Homologao: o ato vinculado pelo qual a Administrao concorda com ato jurdico j praticado, uma vez verificada a consonncia dele com os requisitos legais condicionadores de sua vlida emisso.

8. Parecer: manifestao opinativa de um rgo consultivo em que este expede sua apreciao sobre o que lhe submetido.

- parecer tcnico: trazem informaes e esclarecimentos da alada de especialistas. (pareceres tcnicosjurdicos, ou da rea mdica ou de engenharia). No podem ser contestados por leigos ou mesmo por superior hierrquico (no h subordinao no campo da tcnica) - parecer administrativo: correspondem a um aconselhamento, mas que envolve conhecimentos e apreciaes formulveis segundo critrios nos quais o que prepondera uma poltica administrativa.

- Parecer facultativo: aquele que fica a critrio da Administrao solicit-lo ou no, alm de ser vinculante para quem o solicitou. Se foi indicado como fundamento da deciso, passar a integr-la, por corresponder prpria motivao do ato.

- Parecer obrigatrio: aquele que a lei exige como pressuposto para a prtica do ato final.

ex: uma lei que exija o parecer jurdico sobre todos os recursos encaminhados ao Chefe do Executivo; embora haja obrigatoriedade de ser emitido o parecer sob pena de ilegalidade do ato final, ele no perde o seu carter opinativo. Mas a autoridade que no o acolheu dever motivar a sua deciso.

- Parecer vinculante: aquele que a Administrao obrigada a solicit-lo e a acatar a sua concluso. ex: parecer mdico para concesso de aposentadoria por invalidez.

II - Quanto a forma de manifestao

1. Decreto:

forma pela qual o Chefe do Poder Executivo (federal, estadual, distrital ou municipal) expede

atos de sua competncia privativa. ex: Presidente da Repblica (art. 84, CF/88).

2. Portaria: forma pela qual autoridades de nvel inferior ao Chefe do Executivo, sejam qualquer escalo de comando que forem, dirigem-se a seus subordinados, transmitindo decises de efeito interno, quer com relao ao andamento das atividades que lhes so afetas, quer com relao vida funcional de servidores, ou mesmo, por via delas, abrem inquritos, sindicncias, processos administrativos.

3. Alvar:

forma utilizada para expedio de autorizaes e licenas.

4. Instruo: forma de expedio de normas gerais de orientao interna das reparties, emanadas de seus chefes, a fim de prescreverem o modo pelo qual os subordinados devero dar andamento aos seus servios.

5. Circular: forma pela qual autoridades superiores transmitem ordens uniformes a funcionrios subordinados.

6. Ordem de Servio: a forma usada para transmitir determinao aos subordinados quanto maneira de conduzir determinado servio.

7. Resoluo: forma pela qual se exprime deliberaes dos rgos colegiais.

8. Ofcio: a forma pela qual os agentes administrativos se comunica formalmente.

9. Memorando: a forma de comunicao interna entre os agentes ou setores de um rgo da administrao ou entidade pblica.

10. Despacho: ato administrativo que contm deciso das autoridades administrativas sobre assunto de interesse individual ou coletivo submetido sua apreciao.

EXTINO DO ATO ADMINISTRATIVO

Modalidades: Segundo Celso Antnio Bandeira de Mello, o ato administrativo pode se extinguir por:

I.

Cumprimento de seus efeitos;

I.

Desaparecimento do sujeito ou do objeto;

I. a) b) c) d) e)

Retirada Cassao Caducidade contraposio Anulao ou Invalidao Revogao

I.

Renncia

III- Retirada

a) Cassao: a retirada se d porque o destinatrio descumpriu condies que deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situao jurdica. Ex: cassao de licena para funcionamento de hotel por haver se convertido em casa de tolerncia.

b) Caducidade: a retirada se d porque sobreveio a norma jurdica que se tornou inadmissvel a situao antes permitida pelo direito e outorgada pelo ato precedente.

Ex: caducidade de permisso para explorar parque de diverses em local que, em face de nova lei de zoneamento, tornou-se incompatvel com aquele tipo de uso.

c) Contraposio: a retirada se d porque foi emitido ato com fundamento em competncia diversa que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos so contrapostos aos daqueles. Ex: exonerao de funcionrio, que tem efeitos contrapostos ao da nomeao.

d) Anulao ou Invalidao: o desfazimento do ato por razes de ilegalidade. Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulao produz efeitos retroativos data em que foi emitido (efeito ex tunc). A anulao pode ser feita pela prpria Administrao Pblica, com base no seu poder de autotutela sobre os prprios atos. Quando a anulao realizada pela Administrao Pblica, esta independe de provocaes do

interessado, uma vez que, estando vinculada ao princpio da legalidade, ela tem o poder-dever de zelar pela sua observncia. Smula 346/STF : A administrao pblica pode declarar a nulidade dos seus prprios atos. Smula 473/STF: A administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os

tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial. A anulao tambm pode ser realizada pelo Poder Judicirio, mediante provocao dos interessados,

que podero utilizar, para esse fim, quer as aes ordinrias e especiais na legislao processual brasileira, quer os remdios constitucionais de controle judicial da Administrao Pblica.

Vcios no Ato Administrativo

1 - Vcios relativos ao sujeito

1.1 -Vcio de competncia Ser ilegal o ato praticado por quem no seja detentor de atribuies fixadas na lei e quando o sujeito o pratica exorbitando suas atribuies.

Art. 2., pargrafo nico, a da Lei 4.717/65 (Lei da Ao Popular):

a incompetncia fica caracterizada quando o ato no se incluir nas atribuies legais do agente que o praticou;

1.1.1 - Principais vcios de competncia

a) Usurpao de poder : crime definido pelo art. 328 do Cdigo Penal.

Usurpao de funo pblica Art. 328 - Usurpar o exerccio de funo pblica: Pena - deteno, de trs meses a dois anos, e multa.

Ocorre quando a pessoa que pratica o ato no foi por qualquer modo investida no cargo, emprego ou funo. Esta pessoa se apossa, por conta prpria, do exerccio de atribuies prprias de agente pblico, sem ter essa qualidade. Ex: o agente se intitula policial ou fiscal e exige a exibio de documentos por parte da vtima

b) Excesso de poder: ocorre quando o agente pbico excede os limites de sua competncia.

Ex:

1) quando a autoridade, competente para aplicar a pena de suspenso, impe penalidade mais grave, que

no de sua atribuio. 2) quando a autoridade policial se excede no uso da fora para praticar ato de sua competncia.

uma das espcies de abuso de poder (vcio do ato administrativo que ocorre quando o agente pblico exorbita suas atribuies excesso de poder , ou quando pratica ato com finalidade diversa da que decorre implcita ou explicitamente da lei desvio de poder.

c) Funo de fato: ocorre quando a pessoa que praticou o ato est irregularmente investida no cargo, emprego ou funo pblica, mas sua situao tem toda aparncia de legalidade.

Ex: 1) falta de requisito legal para investidura, como certificado de sanidade vencido; 2) inexistncia de formao universitria para funo que exige; 3) servidor suspenso do cargo, ou exerce funes depois de vencido o prazo de sua contratao ou continua em exerccio aps a idade limite para a aposentadoria compulsria.

1.2- Vcios de capacidade

1.2.1 - Impedimento

Art. 18. impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situaes ocorrem quanto ao cnjuge, companheiro ou parente e afins at o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cnjuge ou companheiro.

1.2.2 Suspeio:

Art. 20. Pode ser argida a suspeio de autoridade ou servidor que tenha amizade ntima ou inimizade notria com algum dos interessados ou com os respectivos cnjuges, companheiros, parentes e afins at o terceiro grau.

1.3 Vcios relativos ao objeto:

Art. 2., pargrafo nico, c da Lei 4.717/65 (Lei da Ao Popular):

a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violao de lei, regulamento ou outro ato normativo;

Ocorrer vcio quanto ao objeto do ato administrativo quando: a) Proibido por lei

Ex: um Municpio que desaproprie bem da Unio.

b)

Diverso do previsto na lei para o caso sobre o qual incide

Ex: a autoridade aplica pena de suspenso quando cabvel a de repreenso.

c)

Impossvel, porque os efeitos pretendidos so irrealizveis, de fato ou de direito

Ex: A nomeao para cargo inexistente

d)

Imoral

Ex: parecer emitido sob encomenda, apesar de contrrio ao entendimento de quem o profere.

e)

Incerto em relao aos destinatrios, coisas, ao tempo, ao lugar

Ex: desapropriao de bem no definido com preciso.

1.4 Vcios relativos forma:

O ato ilegal, por vcio de forma, quando a lei expressamente exige ou quando determinada finalidade s possa ser alcanada por determinada forma.

Art. 2., pargrafo nico, b da Lei 4.717/65 (Lei da Ao Popular): o vcio de forma consiste na omisso ou na observncia incompleta ou irregular de formalidades indispensveis existncia ou seriedade do ato;

Ex: 1) o decreto a forma que deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo;

2)

O edital a nica forma possvel para convocar os interessados em participar de concorrncia.

1.5 Vcio quanto ao motivo

Art. 2., pargrafo nico, d da Lei 4.717/65 (Lei da Ao Popular):

a inexistncia dos motivos se verifica quando a matria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; A lei fala apenas em inexistncia dos motivos, porm, pode haver a falsidade dos motivos. Ex: 1) se a Administrao pune um funcionrio, mas este no praticou qualquer infrao, o motivo inexistente; 2) se ele praticou infrao diversa, o motivo falso.

1.6 Vcio quanto finalidade

Art. 2., pargrafo nico, e da Lei 4.717/65 (Lei da Ao Popular): o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explcita ou implicitamente, na regra de competncia.

1.6.1- Desvio de poder:

Ex: Desapropriao feita para prejudicar determinada pessoa (ato no foi praticado para atender a um

interesse pblico); Remoo ex officio do funcionrio, permitida para atender necessidade de servio, constituir desvio de

poder ser for realizada com objetivo de punir.

2-Consequncias decorrentes dos vcios:

2.1

Atos nulos: so atos que no podem ser convalidados. Atos que a lei assim declare; Atos em que materialmente impossvel a convalidao, pois se o mesmo contedo fosse produzido

novamente, seria reproduzia a invalidade anterior (vcios relativos ao objeto, finalidade, ao motivo e causa).

2.2-

Atos anulveis: podem ser convalidados.

Atos que a lei assim declare;

Os que podem ser praticados sem vcio (atos praticados por sujeito incompetente, com vcio de vontade,

com defeito de formalidade).

Nulidade absoluta: o vcio no pode ser sanado.

Nulidade relativa: o vcio pode ser sanado ou convalidado.

Convalidao: o ato administrativo pelo qual suprimido o vcio existente em um ato ilegal, com

efeitos retroativos data em que este foi praticado. Em regra, realizada pela prpria administrao, mas eventualmente poder ser feita pelo administrado, quando a edio do ato dependia da manifestao de sua vontade e a exigncia no foi observada. Este pode emiti-la posteriormente, convalidando o ato. Nem sempre possvel a realizar a convalidao. Depende do tipo de vcio que atinge o ato.

Sujeito: Se o ato for praticado com vcio de incompetncia, admite-se a convalidao. Nessa situao recebe o

nome de ratificao, desde que no se trate de competncia outorgada com exclusividade, hiptese em que se exclui a possibilidade de delegao ou avocao. Ex: Art. 84 e pargrafo nico, CF/88 No se admite ratificao quando haja incompetncia em razo da matria. Ex: quando um Ministrio pratica ato de competncia de outro Ministrio, porque, nesse caso, tambm existe exclusividade de atribuies.

tratando-se de competncia exclusiva, no possvel ratificao!

Forma: A convalidao possvel se ela no for essencial validade do ato.

Motivo e Finalidade Nunca possvel convalidao. No que se refere ao motivo, isto ocorre porque ele corresponde a

situao de fato que ou ocorreu ou no ocorreu, dessa forma, no h como alterar, com efeito retroativo, uma situao de fato.

Em relao finalidade, se o ato foi praticado contra o interesse pblico ou com finalidade diversa da que decorre da lei, tambm no possvel a sua correo. No se pode corrigir um resultado que estava na inteno do agente que praticou o ato. Objeto: O objeto ilegal no pode ser convalidao. Neste caso possvel a converso, que definida como o ato administrativo pelo qual a Administrao converte um ato invlido em ato de outra categoria, com afeitos retroativos data do ato original. O objetivo aproveitar os efeitos j produzidos. Ex: uma concesso de uso feita sem licitao, quando a lei exige; pode ser convertida em permisso precria, em que no h a mesma exigncia; dessa forma, imprime-se validade ao uso de bem pblico.

Confirmao: Difere da convalidao porque no corrige o vcio do ato. Ela o mantm tal como foi praticado.

Somente possvel quando no causar prejuzos a terceiros, uma vez que estes, desde que prejudicados pela deciso, podero impugn-la pela via administrativa ou judicial.

Revogao: o ato administrativo discricionrio pelo qual a Administrao extingue um ato vlido, por razes de

oportunidade e convenincia. Como a revogao atinge um ato que foi editado em conformidade com a lei, ela no retroage. Os seus efeitos se produzem a partir da prpria revogao (efeitos ex nunc). A revogao privativa da Administrao porque seus fundamentos (oportunidade e convenincia) so vedados apreciao do Poder Judicirio.

Limitaes ao poder de revogar No podem ser revogados os atos vinculados: Nestes casos no h aspectos concernentes oportunidade e convenincia.

No podem ser revogados os atos que exauriram os seus efeitos Ex: a Administrao concedeu afastamento, por dois meses, a um funcionrio, a revogao ser possvel

enquanto no transcorridos os dois meses.

No pode ser feita quando j exauriu a competncia relativamente ao objeto do ato. Ex: o interessado recorreu de um ato administrativo e este est sob apreciao de autoridade superior. A

autoridade que praticou o ato deixou de ser competente para revog-lo.

SERVIOS PUBLICOS

1. Conceito (Celso Antnio Bandeira de Mello)

Servio Pblico toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada satisfao da coletividade em geral, mas fruvel singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faa as vezes, sob um regime de Direito Pblico portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e restries especiais -, institudo em favor dos interesses definidos como pblicos no sistema normativo.

2. Elementos do conceito de Servio Pblico:

2.1- Substrato material: consiste na prestao de utilidade ou comodidade fruvel singularmente pelos administrados.

2.2- Elemento formal: consiste em um especfico regime de Direito Pblico, isto , numa unidade normativa.

3. Substrato material do conceito de Servio Pblico: A atividade estatal denominada servio pblico a prestao consistente no oferecimento, aos administrados em geral, de utilidades ou comodidades materiais (como gua, luz, gs, telefone, transporte coletivo); Tais atividades so singularmente fruveis pelos administrados ; O Estado assume como prprias, por serem reputadas imprescindveis, necessrias ou apenas correspondentes a convenincias bsicas da Sociedade, em dado tempo histrico. A oferta de servios pblicos feita aos administrados em geral (princpio da universalidade ou generalidade do servio pblico). Tais atividades, salvo algumas excees (educao, previdncia social e assistncia social) esto excludas do comrcio privado, ou seja, no pertencem esfera da livre iniciativa, no ocupando espao no campo da explorao de atividade econmica.

4. Elemento Formal caracterizador do Servio Pblico O regime de Direito Pblico que confere carter jurdico noo de servio pblico.

5. Princpios do Servio Pblico:

1.

Princpio do dever inescusvel do Estado de promover-lhe a prestao: Tal prestao pode ocorrer de forma direta, em casos que prevista a prestao direta, ou de forma

indireta, mediante autorizao, concesso ou permisso, em casos que permitida tal modalidade. Se o Estado

omitir-se, cabe, dependendo da hiptese, ao judicial, para compeli-lo agir ou responsabilidade por danos que tal omisso haja causado.

2.

Princpio da supremacia do interesse pblico: Tanto em relao sua organizao quanto ao seu funcionamento, o norte obrigatrio de quaisquer

decises atinentes ao servio pblico sero as convenincias da coletividade. Jamais os interesses secundrios do Estado ou dos que hajam sidos investidos no direito de prest-los deve prevalecer.

3.

Princpio da adaptabilidade: Necessidade de adaptao e modernizao dentro das possibilidades econmicas do Poder Pblico.

4. Princpio da universalidade O servio indistintamente aberto generalidade do pblico.

5. Princpio da impessoalidade Inadmissibilidade de discriminaes entre usurios.

6. Princpio da continuidade Impossibilidade de interrupo e pleno direito dos administrados a que no seja suspenso ou interrompido.

7. Princpio da transparncia Imposio do conhecimento de forma mais ampla possvel ao pblico em geral do conhecimento de tudo o que concerne ao servio e sua prestao.

8. Princpio da motivao Dever de fundamentar com detalhes as decises atinentes ao servio.

9. Princpio da modicidade das tarifas Impossibilidade de cobrana de valores que onerem excessivamente o usurio, evitando, inclusive, a marginalizao. Em algumas situaes existe o subsdio do Estado na prestao de alguns servios.

10. Princpio do controle (interno e externo) sobre as condies de sua prestao Servios Pblicos e outras atividades estatais Servio Pblico e Obra Pblica Obra Pblica a construo, reparao, edificao ou ampliao de um bem imvel pertencente ou incorporado ao domnio pblico.

Distines ente servio pblico e obra pblica a) b) A obra , em si mesma, um produto esttico; o servio uma atividade, algo dinmico; A obra uma coisa: produto cristalizado de uma operao humana; o servio a prpria operao

ensejadora do desfrute;

c)

A fruio da obra, uma vez realizada, independe de uma prestao, captada, salvo quando apenas o

suporte material para a prestao do servio; a fruio do servio a fruio da prpria prestao;assim depende sempre integralmente dela; d) A obra, para ser executada, no presume a previa existncia de um servio, o servio pblico,

normalmente para ser prestado pressupe uma obra que constitui o suporte material.

Servio Pblico e Poder de PolciaPelo Poder de Polcia, o Estado, mediante lei, condiciona, limita, o exerccio da liberdade e da propriedade dos administrados, a fim de compatibiliz-las com o bem estar social. Administrao fica incumbida de desenvolver certa atividade destinada a assegurar que a atuao dos particulares se mantenha consoante com as exigncias legais, o que pressupe prtica de atos, ora preventivos, ora fiscalizadores e ora repressivos. Enquanto que o servio pblico visa a ofertar ao administrado um utilidade, ampliando, assim, o seu desfrute de comodidades, mediantes prestaes feitas em prol de cada qual, o poder de polcia, inversamente, visa a restringir, limitar, condicionar, as possibilidades de sua atuao livre.

A polcia administrativa constitui-se em uma atividade orientada para a conteno dos comportamentos dos administrados, ao passo que o servio pblico orienta-se para atribuio aos administrados de comodidades e utilidades materiais.

Servios Pblicos por determinao constitucional Esfera Federal Servio postal e Correio Areo Nacional (art. 21, X, CF/88); Servios de telecomunicaes (art. 21, XI, CF/88); Servios de radiofuso sonora e sons e imagem, instalaes de energia eltrica e aproveitamento energtico dos cursos dgua, navegao area, aeroespacial, infra estrutura aeroporturia, transporte ferrovirio e aquavirio entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, transporte rodovirio interestadual e internacional de passageiros, explorao de portos martimos, fluviais e lacustres (art. 21, XII, CF/88); Seguridade social (art. 194, CF/88); Servios de sade (art. 196, CF/88); Assistncia social (art. 203, CF/88);

Educao (art. 205 e 208, CF/88).

Competncia comum entre Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios Ex: Cuidar da sade e assistncia pblica, da proteo e garantia das pessoas portadoras de deficincia (art. 23, II, CF/88); Proporcionar os meios de acesso cultura, educao e cincia (art. 23, V, CF/88); Promover programas de construo de moradias e a melhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico (art. 23, IX, CF/88);

Imposies constitucionais quanto aos servios pblicos no Brasil Servios de prestao obrigatria e exclusiva do Estado So os servios que s podem ser prestados pelo prprio Estado. So o servio postal e correio areo nacional (art. 21, X, CF/88). Servios que o Estado tem obrigao de prestar e obrigao de conceder H uma espcie de servios pblicos que o Estado obrigado a prestar por si ou por outra criatura sua e tambm obrigado a oferecer em concesso, permisso ou autorizao. So os servios de radiofuso sonora (rdio) ou de sons e imagens (televiso). Art 223, CF/88:

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concesso, permisso e autorizao para o servio de radiofuso sonora e de sons e imagens, observado o princpio da complementariedade dos sistemas privado, pblico e estatal.

Servios em que o Estado tem obrigao de prestar, mas sem exclusividade H cinco espcies de servio que o Estado no pode permitir que sejam prestados exclusivamente por terceiros, seja a ttulo de atividade privada livre, seja a ttulo de concesso, autorizao ou permisso. So eles: 1. 2. 3. 4. 5. de educao (arts. 205, 208, 209, 211, 213, CF/88); de sade (arts. 196, 197, 199, CF/88); de previdncia social (art. 201, 202, CF/88); de assistncia social (art. 203, 204, CF/88); de radiofuso sonora e de sons (art. 21, XI, 223 CF/88).

Servios que o Estado no obrigado a prestar, mas, no os prestando, ter que promover-lhes a prestao, mediante permisso e concesso Servios de telecomunicaes (art. 21, XI, CF/88);

Servios de instalaes de energia eltrica e aproveitamento energtico dos cursos dgua, navegao area, aeroespacial, infra estrutura aeroporturia, transporte ferrovirio e aquavirio entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, transporte rodovirio interestadual e internacional de passageiros, explorao de portos martimos, fluviais e lacustres (art. 21, XII, CF/88);

Concesso de Servio Pblico:Conceito de Concesso: o contrato administrativo pelo qual a Administrao confere ao particular a execuo remunerada de servio pblico, de obra pblica ou de servio de que a Administrao Pblica seja usuria direta ou indireta, ou lhe concede o uso de bem pblico, para que explore pelo prazo e nas condies regulamentares e contratuais.

Modalidades de Concesso Concesso de servio pblico: em sua forma tradicional, disciplinada pela Lei 8.987/95 A remunerao bsica decorre de tarifa paga pelo usurio ou outra forma de remunerao decorrente da prpria explorao do servio.

Concesso patrocinada: Constitui modalidade de concesso de servio pblico, instituda pela Lei 11.079/04, como forma de parceria pblico-privada; Nela se conjugam a tarifa paga pelos usurios e a contraprestao pecuniria do concedente (parceiro pblico) ao concessionrio (parceiro privado). Como exemplo atual de concesso patrocinada tem-se a Parceria Pblico-Privada realizada em 2006 no estado de Minas Gerais. A concesso ocorreu para a explorao da Rodovia MG-50, sendo este o primeiro projeto de PPP do pas na rea de infraestrutura rodoviria. O Projeto PPP da MG-050 prev a recuperao, ampliao e manuteno da rodovia MG-050 durante os prximos 25 anos, que conta com uma extenso de 372 km, interligando a regio metropolitana de Belo Horizonte divisa com o Estado de So Paulo. Os investimentos previstos no projeto so da ordem de R$ 650 milhes, sendo R$ 320 milhes j para os primeiros 5 anos. Ser criado 6 praas de pedgio, o valor da tarifa ficar em R$ 3,00 por praa. Por ser uma concesso patrocinada, alm do recebimento do valor a ser cobrado pelo parceiro privado ao usurio da via, ter ele tambm direito ao recebimento de uma contraprestao do estado de Minas Gerais, limitada a R$ 35 milhes por ano.

Concesso administrativa: Tem por objeto a prestao de servio que a Administrao Pblica seja usuria direta ou indireta, podendo envolver a execuo de obra ou fornecimento e instalao de bens; Est disciplinada pela Lei 11.079/04; Nessa modalidade, a remunerao bsica constituda por contraprestao feita pelo parceiro pblico ao parceiro privado.

"A concesso administrativa poder ser usada, como exemplo, em projetos de construo e administrao de hospitais pblicos. A concesso administrativa ser outorgada para uma sociedade de propsito especfico, responsvel pela execuo da obra, fornecimento de equipamentos e pela administrao do prprio hospital, que receber da administrao pblica uma contraprestao pecuniria. A lei das PPP no revoga as formas de contratao j existentes, podendo contratar servios por meio da Lei 8.666/93, bem como outorgar concesses nos termos da Lei 8.987/95"

Concesso de obra pblica: Modalidades disciplinadas pela Lei 8.987/95 ou pela Lei 11.079/04.

Concesso de uso de bem pblico: Com ou sem explorao do bem, disciplinada por legislao esparsa. Natureza Jurdica (Maria Sylvia Zanella Di Pietro) Concesso um contrato de direito pblico, submetido ao regime jurdico publicstico, derrogatrio e exorbitante do direito comum.

Concesso de Servio Pblico Conceito : o contrato administrativo pelo qual a Administrao Pblica delega a outrem a execuo de um servio pblico, para que o execute em seu prprio nome, por sua conta e risco, assegurando-lhe a remunerao mediante tarifa paga pelo usurio ou outra forma de remunerao da explorao do servio.

Caractersticas A concesso vem acompanhada de clusulas exorbitantes (poderes ao concedente de alterar e rescindir unilateralmente o contrato, fiscalizar a sua execuo, aplicar penalidades); Mutabilidade (aplica-se as teorias do fato do prncipe e da impreviso). O contrato possui clusulas regulamentares, estabelecidas unilateralmente pela Administrao e clusulas financeiras, concernentes ao equilbrio econmico financeiro do contrato.

Peculiaridades da concesso 1. S existe concesso de servio pblico quando se trata de servio de titularidade do Estado, ou seja, a lei

define determinadas atividades como sendo servios pblicos, permitindo que sejam executadas diretamente ou mediante concesso; 2. O poder concedente s transfere ao concessionrio a execuo do servio, continuando titular do

mesmo, o que lhe permite dele dispor de acordo com o interesse pblico (tal titularidade que lhe permite alterar clusulas regulamentares e rescindir o contrato por motivo de interesse pblico); 3. A concesso deve ser feita sempre atravs de licitao (Modalidade Concorrncia art. 175, CF/88);

4.

O concessionrio executa o servio em seu prprio nome e corre os riscos normais do empreendimento;

5.

O concessionrio faz jus ao recebimento da remunerao, ao equilbrio econmico da concesso, e

inalterabilidade do objeto.

6.

A tarifa, quando cabvel, tem a natureza de preo pblico e fixada por contrato;

7.

O usurio tem direito prestao do servio, se este lhe for indevidamente negado, pode exigir

judicialmente o cumprimento da obrigao pelo concessionrio.

8.

A responsabilidade do concessionrio por prejuzos causados a terceiros, em decorrncia da execuo do

servio objetiva (art. 37, 6, CF/88);

9.

O poder concedente responde subsidiariamente em caso de insuficincia de bens da concessionria

(somente se aplica em relao aos prejuzos decorrentes da execuo do servio pblico);

10.

Possibilidade de encampao ( a retomada da execuo do servio pelo poder concedente, quando a

concesso se revelar contrria ao interesse pblico). Nessa situao, o concessionrio faz jus aos prejuzos regularmente comprovados.

11.

Resciso unilateral por motivo de inadimplemento contratual, denominada caducidade. Nesse caso no

cabe indenizao seno com relao parcela no amortizada do capital, representada pelos equipamentos necessrios prestao do servio e que revertero ao concedente.

12.

Em qualquer caso de extino da concesso, cabvel a incorporao, ao poder concedente, dos bens

necessrios ao servio pblico, mediante indenizao (reverso princpio da continuidade de servio pblico).

13.

O poder concedente tem o poder de decretar a interveno na empresa concessionria (equivale

substituio temporria do gestor da empresa concessionria pelo interventor designado pelo poder concedente, com o objetivo de apurar irregularidades, assegurar a continuidade do servio e propor, a final, a aplicao de sanes.

14.

Decretada a interveno, o interventor tem o prazo de 30 dias para instaurar procedimento

administrativo contraditrio destinado a apurar as irregularidades, devendo conclu-lo no prazo de 180 dias, sob pena de considerar-se invlida a interveno.