dinÂmica de preÇos e anÁlise de sobrevalorizaÇÃo...
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DINÂMICA DE PREÇOS E ANÁLISE DE
SOBREVALORIZAÇÃO NO MERCADO
IMOBILIÁRIO EM UMA CIDADE
BRASILEIRA DE MÉDIO PORTE
Priscilla Pires Pinheiro (Ucam )
Sebastiao Decio Coimbra de Souza (Ucam/Uenf )
O Brasil vem passando por um acentuado crescimento no setor
imobiliário nos últimos anos com elevadas transações de compra e
venda, resultado da facilidade nas linhas de financiamentos de longo
prazo, aliada à redução das taxas de juros, offertas de crédito, índices
crescentes de renda e geração de empregos. Projetos associados à
realização de megaeventos no Brasil, como a Copa do Mundo em 2014
e Olimpíadas em 2016, também contribuem com o aumento da
demanda por construções. Porém todo este processo se dá de forma
mais acentuada em certas regiões e cidades. Um exemplo é o
município de Campos dos Goytacazes, situado no norte do estado do
Rio de Janeiro, que passa por impactos econômicos e sociais nos
últimos tempos devido aos investimentos de grandes grupos
empresariais e às externalidades de grandes empreendimentos em seu
entorno. A entrada de empreendimentos, construtoras e
incorporadoras na cidade interferiu na relação e equilíbrio dos
agentes imobiliários, acentuando o processo de verticalização e a
consequente valorização dos imóveis. Nesse contexto, para fins de
investimento, este artigo apresenta uma análise da dinâmica de preços
dos imóveis na referida cidade, com o objetivo de se captar indícios de
sobrevalorização. Através de levantamentos e entrevistas em
imobiliárias do município e posterior comparação com índices e
parâmetros do setor, constatou-se que em alguns bairros há indícios de
que os imóveis estejam sobrevalorizados.
Palavras-chaves: setor imobiliário, dinâmica de preços, valorização
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Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
O mercado imobiliário no Brasil tem permanecido bastante aquecido nos últimos anos com
forte demanda por habitação, os preços dos imóveis vêm crescendo acentuadamente, reflexo
da grande demanda por imóveis devido a um conjunto de fatores favoráveis como a
estabilidade econômica, queda nas taxas de juros para financiamento de longo prazo e
incentivos do governo. Os mesmos são justificados pelo fato do setor de habitação ser um
grande gerador de postos de trabalho e renda, contribuindo diretamente para o crescimento
econômico do país. Vale ressaltar ainda as variações nos custos da construção como mão de
obra, terrenos, materiais de construção, que também sofreram aumento nos preços.
Para fins de investimento, deve-se fazer um comparativo do valor médio do metro quadrado e
observar o potencial de valorização dos imóveis por região. Se o mercado está aquecido e há
demanda, o ativo tornará uma fonte de renda, porém um dos problemas de investimento é
saber até que ponto o ativo está sobrevalorizado.
No município de Campos dos Goytacazes, o desenvolvimento econômico juntamente com o
crescimento de obras públicas e novos investimentos privados vêm aquecendo o mercado
imobiliário na região, modificando sua estrutura social e implantando uma nova dinâmica de
modernização e verticalização das áreas urbanas e consequente valorização dos imóveis.
Nesse contexto, este trabalho apresenta um levantamento da variação de preços de um tipo de
imóvel em bairros selecionados da cidade em questão, e, através da comparação com índices e
parâmetros específicos do setor, avalia até que ponto há indícios de sobrevalorização. Para
tanto, o artigo foi estruturado em oito tópicos que abordam, de forma breve, o mercado
imobiliário recente no Brasil, riscos de investimentos, fatores e parâmetros determinantes de
preços no setor imobiliário; e de forma mais aprofundada, o caso da cidade de Campos dos
Goytacazes-RJ, a metodologia do estudo, resultados e conclusões, e as referências
bibliográficas utilizadas.
2. O Mercado imobiliário recente no Brasil
Nos últimos anos, o mercado imobiliário brasileiro se tornou o mais caro da América Latina.
Em 2009, a alta no valor dos imóveis foi de 22% - terceira maior do mundo. Em 2010, a
valorização chegou a 25% e o Brasil ficou em primeiro lugar no ranking. A parte da
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população que já tinha seu imóvel próprio se beneficiou, porém as que não tinham patrimônio
estavam fadadas a comprar algo aquém do plano inicial ou recorrer ao aluguel. Em 2011, o
Brasil ficou em segundo lugar no ranking com 23%, porém o mercado imobiliário vem
perdendo força (EXAME, 2012; INFOMONEY, 2012).
A desaceleração ficou evidente em seis principais capitais brasileiras: Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, São Paulo, Brasília, Recife e Fortaleza. As incorporadoras estão perdendo
velocidade nas vendas, em 2010 o percentual de vendas por mês sobre a oferta foi de 14,9%.
Em 2011 no mesmo período foi de 10,6% e de acordo com a Associação Brasileira das
Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, o número de unidades financiadas em todo o
país decresceu 1% no primeiro trimestre de 2012, comparado ao mesmo período do ano
anterior – a primeira queda nos últimos dez anos (EXAME, 2012).
O grande problema é que os investimentos não estão acompanhando o forte crescimento da
demanda por bens e serviços. No setor imobiliário, houve diversos gargalos nos últimos anos:
alta nos preços de matérias-primas, mão de obra escassa e nós de logística. Com o mercado
mais equilibrado e queda das taxas de juros, os consumidores tendem a reagir positivamente
(INFOMONEY, 2012).
3. Os riscos de investimentos em imóveis
De forma geral, não se pode afirmar quando será o momento certo para investir em imóveis.
Segundo informações disponíveis no mercado imobiliário, sabe-se que a aquisição da casa
própria não é só uma decisão financeira, devem ser levados em consideração vários outros
fatores, não só o preço. Além disso, devem ser comparados os valores que estão em linha com
as médias cobradas no bairro ou região e também analisar o imóvel como um todo. Se a
intenção for alugar o imóvel, só vale a pena se o valor mensal do aluguel corresponder a, no
mínimo, 0,6% do preço do imóvel – rendimento equivalente ao da poupança. O consultor
financeiro Mauro Halfeld, porém afirma que para se chegar ao percentual não é fácil, pois os
grandes reajustes têm ocorrido apenas nas renegociações de contratos que, em média,
acontecem de três em três anos. Levando em consideração também os riscos de inadimplência
ou do imóvel ficar um período sem inquilino, gerando prejuízo (EXAME, 2012).
Segundo portal especializado em análises financeiras, financiar imóveis por mais de 25 anos é
arriscado, pois o imóvel somente se tornará patrimônio após a liquidação da última parcela.
Se o imóvel valorizou, deve-se comparar com o percentual da inflação para verificar se houve
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lucro, pois o dinheiro muda constantemente de valor. Como destaca o economista Richard
Rytenband: “O que adianta o preço do seu imóvel ter multiplicado por cinco desde 1995 se o
preço de tudo aumentou no mesmo patamar?” (INFOMONEY, 2012).
4. Fatores determinantes no setor imobiliário
4.1. Geração de valor
Com relação à compra de um imóvel, é importante levar em consideração pesquisas de
mercado, avaliações pós-ocupação ou medições periódicas de satisfação do cliente. A
finalidade é encontrar itens que geram valor para o empreendimento, pois de acordo com
Leinonen e Huovila (apud MIROR, 2002) a geração de valor na indústria de construção civil
é caracterizada por três fases: encontrar os requisitos do cliente, criar soluções para atendê-los
e garantir qualidade durante o projeto e posteriormente produção. O projeto é de grande
importância para agregar valor ao produto final, pois é nesta fase que gera a preocupação com
as necessidades do cliente e a transformação da mesma em produto (BARROS NETO;
NOBRE, 2009).
4.2. Determinação de valor para aluguéis
De acordo com Gomes e Rangel (2007), existem vários métodos disponíveis para se avaliar
um imóvel para aluguel, porém existem dois mais empregados no mercado imobiliário:
Método comparativo: há a comparação de imóveis semelhantes em localidades próximas
e assim define-se o valor de mercado para o aluguel. É o mais praticado no ramo
imobiliário e apresenta, normalmente, o valor real mais aproximado do valor de mercado.
Método de renda: define-se o valor do aluguel de acordo com o percentual do valor de
venda do imóvel, porém dependendo da oferta e procura na região em questão não condiz
com valores competitivos e praticáveis no mercado, pois o preço varia de acordo com as
áreas geográficas, inflações, taxas de juros, dentre outros e não somente pela estrutura do
imóvel.
4.3. A variação dos preços por região
Como o setor imobiliário é um dos mais complexos da economia devido a fatores locais e
globais, existem elementos como inflação, modo de conduzir a economia, oferta de créditos
para construção, investimento e financiamento, taxa de juros e outros, que afetam diretamente
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toda uma região e seus efeitos não são detectados em análises de valores de mercado
consistindo em comparações macroeconômicas de unidades semelhantes, próximas e
temporais (GONZÁLES, 1998).
Porém as variações intraurbanas interferem nos preços praticados no mercado por existir
diferenças de regiões muitas vezes dentro da mesma cidade em função da atuação dinâmica e
descoordenada dos agentes ocorrendo ao mesmo tempo valorização e desvalorização. O
capital imobiliário altera a distribuição destas áreas transformando padrões de uso de cada
região focando o lucro fundiário. A valorização dá-se, por exemplo, com o surgimento de
novas construções, grandes empreendimentos, revitalização de áreas que anteriormente não
recebiam investimentos públicos, etc. A desvalorização, no entanto ocorre, por exemplo,
devido à instalação de atividades poluidoras, dificuldades de transporte ou surgimento de
subabitações. Como as mesmas não são homogeneamente distribuídas, os preços tornam-se
desiguais (GONZÁLES, 1998).
De acordo com Gonzáles (1998), uma característica dos imóveis é o tempo de vida útil longo.
A idade do imóvel, a depreciação funcional, afeta significativamente o valor de mercado que
está também ligado ao estado de conservação e ao estilo do mesmo.
5. O Caso da Cidade de Campos dos Goytacazes
O município de Campos dos Goytacazes está localizado na região Norte Fluminense, sendo o
maior município em extensão territorial do Estado do Rio de Janeiro, fazendo divisa com o
Espírito Santo, ao norte e estando há aproximadamente 290 km da capital do Rio de Janeiro.
Segundo dados recentes do IBGE (2010), a população de Campos possui aproximadamente
464 mil habitantes (STELLET;BORBA, 2008).
Segundo Andrade (2012), além do setor petrolífero, atualmente o resultado de grandes obras
como a expansão do Porto do Açu, em São João da Barra, o Complexo Petroquímico do Rio
de Janeiro (Comperj) e o Arco Metropolitano na capital vem dando continuidade ao
crescimento do setor de construção civil no município.
A relação entre valorização do solo urbano e localização das habitações sempre foi relevante,
pois os terrenos localizados na área central eram os de maior valor. Mesmo com a diminuição
da moradia e o surgimento de novas centralidades, a acessibilidade e proximidade com o
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centro ainda gera atração para investimentos imobiliários, pois é onde se concentra grande
parte das atividades urbanas (FREITAS;FARIA,2010).
Segundo Faria (2010), o fenômeno de verticalização em Campos dos Goytacazes iniciou-se
nos anos de 1940, basicamente no centro da cidade se intensificando na década de 70,
tornando-se ainda mais notório no início do século XXI. O significado de verticalização,
segundo Somekh (1997) é entendido como o resultado da multiplicação do solo urbano
possibilitado, ou seja, representa uma verdadeira inovação aliada a uma nova forma de morar.
Os condomínios verticais proporcionam uma nova dinâmica marcada pela ideia de
modernização, mudanças de hábitos e costumes e um refúgio buscando segurança. É uma
nova maneira de morar, com princípios de liberdade e individualidade ao qual é associada a
uma localização e status. Em relação à dinâmica de produção, o segmento de que o lucro
auferido pela transformação do solo é multiplicado na proporção dos números de imóveis
construídos no mesmo terreno (FREITAS;FARIA, 2010).
Freitas e Faria (2010) constataram que o mercado imobiliário vem mudando o padrão de
localização com relação à produção da moradia, visto que, áreas antes horizontais e
localizadas na periferia estão sendo modificadas por condomínios verticais e muitas vezes
voltadas para uma população de classe social diferente das de costume nas áreas próximas ao
centro. Porém vale ressaltar que algumas características interferem no valor final, no entanto,
ainda assim a maior parte continua sendo em torno da Avenida Pelinca e Parque Tamandaré.
6. Metodologia
A metodologia aplicada consistiu em um estudo exploratório com abordagem quantitativa e
qualitativa sobre a dinâmica dos preços praticados no mercado imobiliário em Campos dos
Goytacazes.
No levantamento de dados, foram entrevistadas 10 imobiliárias do município e foram
utilizados questionários para obter-se a variação dos preços de aluguéis e a média do metro
quadrado em cinco bairros pré-definidos: Pelinca, Julião Nogueira, Alphaville I, II e III,
Imperial e Jockey Club, nos últimos cinco anos. Como existem distorções significativas entre
os diversos tipos de imóveis, a amostra foi padronizada em: apartamento, dois quartos, sala,
banheiro social e uma vaga, com aproximadamente 60m².
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Os dados foram analisados e foram feitas considerações sobre a variação média dos preços do
metro quadrado e variação média dos aluguéis, após foi feita uma análise de sobrevalorização
no município.
O presente estudo foi embasado nas pesquisas bibliográficas de autores nacionais envolvendo
o setor habitacional e o mercado imobiliário no Brasil e em Campos dos Goytacazes. Além de
temas correlacionados aos mesmos. Os dados foram extraídos de imobiliárias do município
com o intuito de levantar um panorama sobre o mercado imobiliário em Campos dos
Goytacazes através da variação dos preços dos imóveis tanto para locação quanto para
vendas.
As imobiliárias entrevistadas foram: Edilza Mothé, Mothé Imóveis, Unix Imóveis, Vilas
Imóveis, Meta Imóveis, Multimóveis, Terreplan, Tavares Imóveis, Elo Imóveis, e Ropphen,
além de outras que apresentaram dados insuficientes e, por isso, não foram incluídas.
7. Resultados
7.1. A variação dos preços do metro quadrado
Diante dos dados obtidos nos questionários, foi tabulada a variação média do metro quadrado
no período entre 2007 e 2011 nos cinco bairros pré-definidos do município, que pode ser
observado a seguir.
Conforme demonstrado no Gráfico 1 e Tabela 1, pode-se perceber que ocorreu uma
valorização em todos os bairros e o que possui a metragem mais cara é o bairro Pelinca, na
sequência o Parque Imperial, Alphaville, Julião Nogueira e Jockey Club.
Gráfico 1: Variação do M² em Campos dos Goytacazes
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Fonte: PINHEIRO & BRAGA (2012)
Tabela 1: Variação Percentual por Ano da Média do M²
Ano PELINCA JULIÃO NOGUEIRA ALPHAVILLE IMPERIAL JOCKEY CLUB
2007/2008 8,5% 91,9% 73,8% 63,5% -3,3%
2008/2009 10,4% -23,6% -11,9% 45,6% 45,8%
2009/2010 16,0% 104,4% 41,9% 23,3% 52,7%
2010/2011 25,9% -27,4% -8,4% 39,5% -21,6%
Média 15,2% 36,3% 23,9% 43,0% 18,4%
Acumulado 60,80% 145,30% 95,40% 171,90% 73,60%
Fonte: PINHEIRO & BRAGA (2012)
No entanto, conforme pode ser observado na Tabela 1, o metro quadrado mais valorizado, em
termos percentuais, nos últimos cinco anos, foi o Parque Imperial. Segundo informações
coletadas junto ao mercado local, em parte, tal variação pode ser explicada pelas melhorias
nas condições de saneamento básico e pavimentação de avenidas (asfalto urbano). Já no
bairro Julião Nogueira, a variação pode estar ligada à construção de novos empreendimentos,
como a cons t rução de um novo cen t ro comerci a l (Shopping Bou levard) .
7.2. A variação dos preços dos aluguéis
Através dos dados obtidos nos questionários, foi tabulada a média de aluguéis no período
entre 2007 e 2011 nos cinco bairros pré-definidos do município, que pode ser observado a
seguir. Analisando os dados obtidos, conforme apresentado no Gráfico 2 e na Tabela 2,
verificou-se que os bairros Julião Nogueira e Imperial se destacaram com 62,70% e 77,10%,
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Variação dos Aluguéis em Campos dos Goytacazes
2007 -2011
538
350 370
275
350
575
400433
313
413
650
450483
350
450
763
513 530475
538
895
625588
550 563
PELINCA JULIÃO NOGUEIRA ALPHAVILLE IMPERIAL JOCKEY CLUB
2007 2008 2009 2010 2011
respectivamente. No bairro Pelinca o aumento acumulado foi de 54,70%, no Alphaville foi de
49,10% e no Jockey Club foi de 51,10%, nos últimos cinco anos.
Gráfico 2: Variação dos Aluguéis em Campos dos Goytacazes
Fonte: PINHEIRO & BRAGA (2012)
Tabela 2: Variação percentual por ano da média dos aluguéis
ANO PELINCA J. NOGUEIRA ALPHAVIlLE IMPERIAL JOCKEY
2007/2008 7,0% 14,3% 16,9% 13,6% 17,9%
2008/2009 13,0% 12,5% 11,6% 12,0% 9,1%
2009/2010 17,3% 13,9% 9,8% 35,7% 19,4%
2010/2011 17,4% 22,0% 10,8% 15,8% 4,7%
Média 13,7% 15,7% 12,3% 19,3% 12,8%
Acumulado
O
54,70% 62,70% 49,10% 77,10% 51,10%
Fonte: PINHEIRO & BRAGA (2012)
7.3. Variação dos índices da construção civil
Neste estudo, os índices abordados são: o SINAPI, o IPCE, o INCC (que tem como objetivo
demonstrar as variações dos custos voltados para a construção civil. Tais índices são
utilizados para correções dos contratos de compra de imóveis e abrangendo também materiais,
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equipamentos, mão de obra e insumos voltados para o setor) e o IGP-M (que é o índice
responsável pelos reajustes de aluguéis). A Tabela 3 e a Gráfico 3, a seguir, mostram a
evolução desses índices nos últimos 5 anos, a média da variação no período e o valor
acumulado.
Tabela 3: Variação da Inflação segundo índices da construção civil
ANO SINAPI IPCE INCC IGP-M
2007 6,08% 3,9% 6,2% 7,8%
2008 11,73% 14,0% 11,9% 9,8%
2009 5,85% 3,2% 3,3% -1,7%
2010 7,36% 4,5% 7,8% 11,3%
2011 5,65% 5,1% 7,5% 5,1%
Média 7,33% 6,1% 7,3% 6,5%
Acumulado 36,67% 30,70% (*) 36,70%(*) 32,30%
Legenda: (*) o menor e o maior valor da inflação acumulada
Fonte: PINHEIRO & BRAGA (2012)
Gráfico 3: Variação Acumulada dos índices da construção civil
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Fonte: PINHEIRO & BRAGA (2012)
7.4. Análise de valorização
O gráfico a seguir mostra o comparativo percentual acumulado dos últimos cinco anos entre o
preço do metro quadrado e os preços dos aluguéis para análise da valorização.
Gráfico 4: Análise geral de valorização
Fonte: Elaboração dos autores
Os dados demonstraram que as variações acumuladas do metro quadrado em todos os bairros
avaliados estão superiores às variações acumuladas dos aluguéis, o que em geral, é um indício
de sobrevalorização.
Gráfico 5: Diferença do Percentual de Valorização
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Fonte: Elaboração dos Autores
Para melhor entendimento do Gráfico 5, que apresenta a diferença dos percentuais
acumulados, as variações de preços dos imóveis foram classificados em três faixas:
VERDE – variação abaixo da média
AZUL - variação dentro da média
VERMELHO – variação acima da média
Como parâmetro de margem de erro, foi considerado um percentual de 10% acima ou abaixo
dos valores referenciais mencionados por existirem variações intra-urbanas que podem gerar
valorização e desvalorização ao mesmo tempo em distâncias às vezes muito pequenas devido
à atuação dinâmica e descoordenada dos agentes imobiliários e até mesmo devido a
particularidades que interferem diretamente nos preços praticados no mercado, como por
exemplo: se o imóvel é novo, se a infraestrutura é moderna, se é frente ou fundos, se possui
área de lazer, vaga de veículo, elevador, condomínio, dentre outros.
Logo, para percentuais com até 10% de diferença, são considerados abaixo da média levando
em consideração distorções nos valores tabulados, constatando assim que a valorização está
ocorrendo na mesma proporção tanto para locação quanto para vendas.
Para os percentuais dentro da média (30,70% - 10%) e (36,70% + 10%) foram utilizados o
menor e o maior valor das variações acumuladas da inflação no mesmo período, vide Tabela
3, incidido ainda sobre as variações o percentual de margem de erro citado acima, logo, os
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valores entre 20,70% e 46,70% foram consideradas como uma valorização dentro dos
padrões, pois se deve descontar o percentual da inflação para verificar o ganho real. Já os
percentuais acima da média, foram considerados com indícios reais de sobrevalorização.
8. Conclusões
Grandes empreendimentos como o Porto do Açu também vem mudando a atuação de vários
setores da economia do município e até mesmo os reflexos da Copa do Mundo e Olimpíadas
podem estar interferindo especulativamente na ascensão do mercado imobiliário local.
Segundo informações e dados recentes apresentados, corroborado por autores citados
anteriormente, o país está assistindo a uma sobrevalorização nos preços de imóveis em muitas
capitais, principalmente aquelas impactadas por grandes projetos para que o país possa sediar
grandes eventos esportivos. O que não é tão evidente, e que este trabalho procurou mostrar, é
que reflexos desse processo também têm impactado áreas e regiões periféricas, alavancado
por outros investimentos em cidades de médio porte.
No município de Campos dos Goytacazes, após análise dos resultados obtidos verificou-se
estar ocorrendo uma valorização contínua em todos os bairros da amostra selecionada, no
período considerado, todavia, percebeu-se que as variações percentuais de bairros mais nobres
como Pelinca, foram em percentuais abaixo da média dos demais, porém neste caso, deve-se
considerar que áreas já valorizadas anteriormente estão mais próximas de um ponto de
saturação do mercado, sofrendo impactos maiores em termos de preço de imóvel. Conforme
os dados levantados, constatou-se que nesse bairro a valorização dos imóveis está em uma
faixa aceitável entre preços de locação e preços de venda, visto que é o bairro mais nobre da
cidade e um tipo de novo centro, muito procurado tanto para fins residenciais como
comerciais.
Já nos bairros Alphaville e Jockey Club, localizados em uma região de forte expansão recente,
a variação de preços está acima da média de variação dos índices de inflação considerados,
apesar de não se poder afirmar, peremptoriamente, que os preços estão sobrevalorizados, há
indícios significativos neste sentido.
Já nos bairros Julião Nogueira e Parque Imperial, onde a diferença entre as variações
acumuladas dos preços dos imóveis superam significativamente a média dos aluguéis e dos
índices de inflação. Nesses bairros a valorização não pode ser explicada apenas, por exemplo,
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pelo surgimento de novas construções, grandes empreendimentos e com a revitalização de
áreas que anteriormente não recebiam investimentos públicos. Por exemplo, no bairro Parque
Julião Nogueira, além da construção de um novo e grande Shopping, e no caso do bairro
Parque Imperial, fortes investimentos públicos para melhorias urbanas, como por exemplo,
pavimentação asfáltica das ruas e saneamento básico, o que também isoladamente não
justificam tal valorização.
Entretanto conclui-se que, conforme a metodologia adotada, conforme os dados apresentados,
no caso da cidade de Campos dos Goytacazes, conclui-se que no bairro Pelinca a dinâmica de
valorização está abaixo da média da variação de preços comparados (verde), nos bairros
Alphaville e Jockey Club está dentro da média de variação (azul), e nos bairros Julião
Nogueira e Parque Imperial, os preços estão acima da média (vermelho), o que nestes casos
indicam forte indício de sobrevalorização.
Referências
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