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Dimensões Sociais da Vida com HIV/AIDS e a Prevenção “Positiva” Veriano Terto Jr. Coordenador Geral Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) Rio de Janeiro – Brasil

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Page 1: Dimensões Sociais da Vida com HIV/AIDS e a Prevenção “Positiva” Veriano Terto Jr. Coordenador Geral Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA)

Dimensões Sociais da Vida com HIV/AIDS e aPrevenção “Positiva”

Veriano Terto Jr.Coordenador Geral Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA)Rio de Janeiro – Brasil

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Breve contexto

Desde 1996, o acesso universal aos ARVs no Brasil muda as concepções sobre a pessoa soropositiva;

A AIDS pode ser considerada uma doença crônica; São estimados 600.000 soropositivos no Brasil e

quase 200.000 em uso de ARV; Se a prevenção primária encontra desafios, estes

se complexificam quando se trata de pessoas já infectadas para o HIV;

Não há campanhas governamentais ou políticas definidas sobre como desenvolver prevenção positiva.

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Algumas questões para a prevenção positiva?

Aspectos biomédicos (adesão, exames etc.) x comportamentais/sociais/políticos (uso de preservativos, RD, DH etc.).

Quais as necessidades das pessoas soropositivas em prevenção?

Quem são as pessoas soropositivas? Grupos? Comunidades sexuais ou identitárias? Indivíduos? Classe, gênero, orientação sexual, etnias.

Qual prevenção? Para proteger a terceiros? A si próprios da reinfecção? E/ou evitar o desenvolvimento da AIDS?

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Dimensões sociais do viver com HIV/AIDS

Segundo Grimberg (2003), do ponto de vista social e político são três:

1. Estigma, estigmatização e desigualdade social;2. A vida sexual;3. Mobilização de recursos, identidades e

narrativas biográficas;

As três dimensões devem ser consideradas em iniciativas que visem políticas e estratégias de cuidados de pessoas vivendo com HIV/AIDS.

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Estigmas, processo de estigmatização e desigualdade social

O enfrentamento do estigma é um dos principais desafios da vida com HIV/AIDS;

Viver com HIV impõe processos de confrontação com construções sociais em torno da morte, perigo,promiscuidade sexual, além das atribuições, de descontrole, criminalidade por uso de drogas, desvio, violência, entre outros;

Importância da prevenção positiva enfocar aspectos relacionais: não aceitar a compaixão, preservação dos familiares e pessoas próximas;

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Cont.

Análise dos contextos de discriminação e os processos de isolamento e autoisolamento (família, trabalho, escola, serviços de saúde, entre outros);

Confidencialidade e segredo como estratégias de enfrentamento do estigma;

Discriminação social pelo HIV + desigualdades econômicas: AIDS e pobreza;

Gênero, raça, orientação sexual: a vulnerabilidade social reforçada pela sinergia de estigmas;

Não confundir estratégias como “revelação” (disclosure) e “busca ativa”, como estratégias de prevenção positiva.

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A Vida Sexual

São poucos estudos no Brasil sobre a vida sexual das pessoas soropositivas.

Questão da “segurança”nas práticas sexuais, configuradas na ameaça a si e aos demais. Qual “sexo mais seguro”?

Quais estratégias de cuidados, com quem e em quais situações (com parceiros positivos, em relações casuais, regulares)?

Qual efeito das terapias combinadas sobre a adoção de cuidados? Carga viral indetectável ou uso de certos ARVs podem prevenir infecção?

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Cont.

Além da área comportamental: desejo, prazer, culpas e medos (de perdas, de infectar o parceiro);

Percepção de mudanças corporais (“deterioro”) pela doença ou pelo uso de ARV (lipodistrofia) e impacto na adoção de práticas seguras e na adesão ao tratamento;

Gênero e sexualidade para homens e mulheres: crises nos núcleos de identidades masculinas e femininas;

Prevenção positiva e a ênfase em aspectos relacionais como forma de responder as dimensões da vida sexual com HIV.

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Mobilização de recursos, identidades e narrativas biográficas

Recursos: modalidades diferentes de enfrentar situações extremas caracterizadas pela incerteza e imprevisibilidade (Pollak, 1990);

A “construção da esperança” e a mobilização de recursos para evitar a doença e lidar com a incerteza (Pierret, 1999);

O corpo como recurso e lugar central de estratégias de autocuidado e cuidado;

O controle do tempo e a gestão do presente e do futuro como estruturantes da experiência de viver com HIV;

As associações e redes: apoio a si, aos outros, inclusão social, sujeito coletivo, reação contra a morte social;

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Cont.

As reconstruções e mobilizações de componentes identitários anteriores a infecção como forma de lidar com a “perda de identidade” trazida pelo diagnóstico e para reorganizar a vida com HIV;

Importância para a prevenção de conhecer e incluir as diferentes trajetórias de vida com HIV (narrativas).

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Conclusão

O HIV/AIDS é um acontecimento e um processo, uma experiência individual e coletiva;

A prevenção “positiva”, deve: 1. Ir além das dimensões biomédicas e epidemiológicas e

estar em articulação com toda uma série de iniciativas e atores que questionam saberes, práticas e instituições em geral, que produzem e reproduzem desigualdades sociais, processos de discriminação, e opressão social que afetam as pessoas vivendo com HIV/AIDS;

2. Considerar e estar em sintonia com as reestruturações que devem realizar as pessoas para viver com HIV ao longo de suas vidas e reforçar os pactos com a vida (Grimberg, 2003) e os projetos de felicidade (Ayres, 2002).

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Contatos:

Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA)Tel.: [email protected]