didÁtica da resoluÇÃo de problemas de matemÁtica

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Curso de Licenciatura Plena em Matemática Ana Itamara Paz de Araújo DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA Ji-Paraná-RO 2010

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Page 1: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

Curso de Licenciatura Plena em Matemática

Ana Itamara Paz de Araújo

DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

Ji-Paraná-RO

2010

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ANA ITAMARA PAZ DE ARAÚJO

DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora do Curso de Matemática da Universidade Federal de Rondônia- UNIR, Campus de Ji-Paraná, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciado em Matemática, sob orientação da Prof.º Ms. Ana Fanny Benzi de Oliveira Bastos.

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DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

ANA ITAMARA PAZ DE ARAÚJO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora do Curso de Matemática da Universidade Federal de Rondônia- UNIR, Campus de Ji-Paraná, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciado em Matemática.

__________________________________________________

Presidente:

Profª. Mestre Ana Fanny Benzi de Oliveira Bastos

Orientadora

__________________________________________________

Prof. Mestre Lenilson Sérgio Cândido

Membro

__________________________________________________

Prof. Doutor Ricardo José Souza da Silva Membro

Ji-Paraná-RO 2010.

Page 4: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

IV

DEDICATÓRIA

A toda minha Família que muito me ajudou para que minha graduação acontecesse

principalmente minha mãe, Maria Lúcia Paz que teve um papel importantíssimo na minha

graduação, infelizmente ela não está mais entre nós, mas sei que de onde ela estiver, estará

muito feliz com essa nossa conquista, pois era um sonho meu e dela, obrigada minha mãe

por tudo, amo-te eternamente!

E a todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuíram para

realização deste trabalho.

Page 5: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

V

AGRADECIMENTOS

A Deus que até aqui tem me ajudado a superar as dificuldades na trajetória árdua de

minha vida.

A minha mãe, Maria Lúcia Paz que muito contribuiu para minha formação e é a

quem eu devo tudo na vida.

As minhas irmãs que sempre me apoiaram ao longo do curso, Ana Lúcia Paz de

Araújo e Ana Virgínia Paz de Araújo.

Ao meu pai, Itamar Barros de Araújo e meus sobrinhos, Luana Maria Paz Barbosa,

Josenildo Luanderson Paz Araújo Barbosa e Lucas Vinícius Paz Araújo Barbosa.

Ao Márcio Antônio Bezerra de Menezes que tem sido um companheiro

maravilhoso, sempre me apoiando.

A todos os meus professores da pré-escola a universidade, pois fizeram parte da

minha vida como universitária, não podendo esquecer-se daqueles que foram além de suas

obrigações com a nossa turma, como: Ana Fanny Benzi de Oliveira Bastos que sempre tive

como uma amiga, Marcos Leandro Ohse que no momento mais difícil da minha graduação

teve a sensibilidade de conversar comigo e me dar ânimo para continuar a minha trajetória.

A todos os meus amigos, tanto de faculdade como de infância.

Muitíssimo Obrigada!

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VI

Entrega teu caminho ao Senhor; confia nele e ele tudo fará.

Salmos 37.5

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VII

RESUMO

ARAÚJO, Ana Itamara Paz de. Didática da Resolução de Problemas de Matemática. 2010.

Trabalho de conclusão de Curso (Graduação em Matemática) – Departamento de

Matemática e Estatística da Universidade Federal de Rondônia – Campus de Ji-Paraná. Ji-

Paraná-Rondônia, 2010.

O presente trabalho aborda inicialmente a caracterização de problemas, fazendo uma

generalização do tema de resolução de problemas, em seguida define o que é um problema

matemático e os dois principais modelos de problemas matemáticos que é o problema de

determinação e o de problema demonstração.

Seguidamente faz-se uma abordagem das quatro etapas para a resolução de problemas

matemáticos, demonstrando um trabalho minucioso com essas etapas e abordamos também

a didática que o professores utilizam para se resolver problemas de matemática. Por fim,

aplicou-se um questionário com alunos do 2º ano da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Médio Rio Urupá com finalidade de saber como anda a relação dos alunos

com a resolução de problemas.

Neste trabalho procuramos mostrar que o professor que propuser a trabalhar com a didática

da resolução de problemas, terão em um futuro próximo, êxito em sala de aula, formando

cidadãos críticos, já que essa didática promove ao aluno um pensar diferenciado, que

consiste em aprender a aprender.

PALAVRAS CHAVES: Problemas; Resolução; Didática.

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VIII

ABSTRACT

ARAÚJO, Ana Itamara Paz de. Didactics of Mathematics Problem Solving. 2010.

Completion of Course Work (Graduated in Mathematics) – Department of Mathematics

and Statistics from the Universidade Federal de Rondônia – Campus de Ji-Paraná. Ji-

Paraná- Rondônia, 2010.

This paper makes an initial approach to the characterization of problems, making a

generalization of the theme of problem solving, and then defines what is a mathematical

problem and the two main types of mathematical problems that is the problem and

determination problem statement.

Then it is an approach to the four steps in solving mathematical problems, demonstrating a

thorough job with these steps and also the didactic approach that teachers use to solve math

problems. Lastly, we applied a questionnaire with students from 2nd year of the State

School for Elementary and Middle Rio Urupá with the purpose of knowing how good the

relationship with the students´ problem-solving.

In this work we show that the teacher who proposes to work with the teaching of problem

solving, will in the near future, success in the classroom, forming critical citizens, as this

promotes teaching students to think of a differential, which is to learn learning.

KEY-WORDS: Issues; Resolution; Curriculum.

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X

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------01

1 A Resolução de Problemas--------------------------------------------------------------------03

1.1 Caracterização da resolução de problemas nas diversas áreas-----------------------------03

1.2 O Problema Matemático------------------------------------------------------------------------04

1.2.1 Problema de Determinação-------------------------------------------------------------------05

1.2.2 Problema de Demonstração------------------------------------------------------------------07

1.3 Diferenças entre Problema Matemático e Exercício Matemático-------------------------09

2 Estratégias para a Resolução de Problemas Matemáticos-----------------------------12

2.1 A Resolução de Problemas Matemáticos Segundo Polya----------------------------------12

2.2 As quatro etapas de Resolução de Problemas------------------------------------------------13

2.2.1 Compreensão do Problema-------------------------------------------------------------------14

2.2.2 Estabelecimento do Plano--------------------------------------------------------------------16

2.2.3 Execução do Plano-----------------------------------------------------------------------------19

2.2.4 Retrospecto-------------------------------------------------------------------------------------20

2.3 A Resolução de Problemas Matemáticos-----------------------------------------------------21

3 Resolução de Problemas Matemáticos para o Ensino Médio--------------------------24

3.1 O Ensino da Resolução de Problemas Matemáticos-----------------------------------------24

3.2 Recomendações para a Resolução de Problemas no Ensino Médio-----------------------25

4 Pesquisa com alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Urupá-------------------------------------------------------------------------------------------------28

Page 10: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

X

4.1 Dados e Análise da Pesquisa com Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Urupá------------------------------------------------------------------------------------28

Considerações Finais------------------------------------------------------------------------------37

Referências------------------------------------------------------------------------------------------38

Anexos-----------------------------------------------------------------------------------------------------------39

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1

INTRODUÇÃO

Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais professores que trabalham com

resoluções de problemas estão colaborando com seus alunos a questionar a realidade, quando

estes formulam problemas ou tratam de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico,

a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e

verificando sua adequação.

No processo de resolução de problemas, percebe-se que para resolvê-los é preciso

compreender, propor e executar um plano de solução, verificar e comunicar a resposta. Cabe

ao aluno a construção do conhecimento matemático que permite resolver problemas, tendo o

professor como mediador e orientador do processo ensino-aprendizagem, responsável pela

sistematização do novo conhecimento.

O presente trabalho tem como objetivo descrever os tipos de problemas

matemáticos e fazer uma análise na resolução de tais problemas, com a inserção das etapas de

Polya, que favorece o ensino da resolução de problemas matemáticos e suas estratégias.

Diferenciar problemas matemáticos de exercícios matemáticos e também acompanhar os

alunos frente à resolução de problemas matemáticos e o interesse pelas aulas de Matemática.

Organizou-se o trabalho, abordando no capítulo I, a resolução de problemas e suas

características, descrevendo definições de resolução de problemas matemáticos e

apresentando os dois tipos de problemas de matemática, e abordando significado sobre o que

é um problema de matemática e o que é um exercício matemático.

No capítulo II, apresenta-se as estratégias para a resolução de problemas matemáticos,

as quatro etapas de resolução de problemas segundo Polya, e as definições de problemas

matemáticos segundo vários estudiosos do tema.

Page 12: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

2

No capítulo III, descreve-se o ensino de resolução de problemas com a abordagem

específica para o ensino médio.

No capítulo IV, descreve-se o resultado do questionário aplicado aos alunos do 2º ano

do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Urupá, sobre a

importância da resolução de problemas. Faz-se também uma análise detalhada de dois

problemas que foram aplicados para estes alunos, destaca alguns pontos importantes da

resolução indicando que um aluno bem orientado consegue atingir sucesso na resolução de

problemas matemáticos.

O que mostra que o conhecimento de algumas técnicas facilita aos alunos na resolução

de problemas matemáticos, pois cognitivamente promove novas estratégias de como resolver

o problema proposto.

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3

1 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Estruturo-se este capítulo apontando, num primeiro momento, as questões referentes à

caracterização da resolução de problemas nas diversas áreas, posteriormente abordou-se o

problema matemático, problema de determinação e problema de demonstração, citando

exemplos significativos para a compreensão dos mesmos e aprofundou-se na diferença

significativa entre problema matemático e exercício matemático.

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NAS DIVERSAS ÁREAS

Quando falamos em resolução de problemas, a primeira coisa que lembramos são

aqueles problemas matemáticos que nossa professora do primário nos ensinou a resolver.

Realmente, a área onde mais notamos a aplicação da resolução de problemas é a Matemática,

mas nem só de Matemática vivem os problemas.

Existe uma infinidade de situações em que nos deparamos com problemas a serem

resolvidos que nada tem a ver com Matemática, por isso, muitas vezes não os relacionamos

com problemas propriamente ditos, mas apesar de possuírem uma abordagem diferente que

não existe uma incógnita ou uma prova para serem desvendadas, estas situações são

classificadas como problemas, e devem-se analisar especificamente cada abordagem a fim de

escolher a estratégia mais adequada para a ocasião.(MENDES.1998)

Em situações onde se têm um impasse a ser resolvido, deve-se analisar o contexto,

as variáveis envolvidas, as possibilidades do desdobramento e então decidir qual é o caminho

ideal a ser percorrido. Tudo isso nada mais é senão uma estratégia utilizada para a resolução

do problema apresentado.

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4

Cada pessoa tem uma visão peculiar permitindo relacionar todos os fatores

envolvidos na resolução de um problema, pois cada pessoa pensa de um modo diferente,

portanto um mesmo problema pode ser apresentado para uma ou mais pessoas e cada uma

consequentemente resolverá de forma diferenciada, portanto podemos afirmar com toda

certeza que o mesmo problema pode ser resolvido de diversas maneiras, encontrando

caminhos diferentes, o importante é que essas formas tenham algum sentido com o problema

em questão e que a resolução esteja de acordo com o problema.(MORIN.2002)

As conceituações de problema matemático, ou simplesmente problema, estão inter-

relacionadas. A diferença básica é a própria generalização da palavra problema, permitindo

extrapolar para todas as áreas de conhecimento, resgatando o que é semelhante na estrutura de

todos os problemas, independentemente da área que um indivíduo esteja atuando.

1.2 O PROBLEMA MATEMÁTICO

Segundo o dicionário Aurélio primeira edição do ano de 2004, “problema significa

questão matemática proposta para que se lhe dê solução; questão não resolvida, ou de solução

difícil”. Os educadores matemáticos, atualmente, vêm se preocupando muito com a questão

de resolução de problemas, devido à sua grande importância não só no ensino da Matemática,

como em outras disciplinas.

Um problema matemático é toda e qualquer situação onde é requerida uma descoberta

de informações matemáticas desconhecidas para a pessoa que está tentando resolvê-lo, ou

ainda, é o desenvolvimento da demonstração de um dado resultado matemático. O importante

a ser destacado é que a pessoa que vai resolver um problema terá de descrever estratégias

novas, percorrer novos caminhos, ela até pode conhecer os objetivos a serem alcançados, mas

desconhece os meios para alcançar tais objetivos.(MATEUS.2002)

Pode-se assim definir um problema matemático como sendo uma situação em que devemos

chegar a um objetivo em que não conhecemos o caminho a ser trilhado. De outra forma não

seria um problema, mas sim a aplicação de conhecimentos previamente conhecidos.

Page 15: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

5

Neste contexto, eis como os PCNs definem o problema matemático:

“Uma situação que demanda a realização de uma seqüência

de ações ou operações para obter um resultado. Ou seja, a solução

não está disponível de início, no entanto é possível construí-la”.

(PCNs, 1997,p.44)

Podemos complementar que problema matemático como sendo toda e qualquer

situação em que para se resolver o determinado problema precisa-se criar algum plano e/ou

estratégias a ser seguidas. É um caminho desconhecido que teremos que trilhar e nem sempre

sabemos se estamos indo para o caminho de um desfecho satisfatório, mas para seguir este tal

caminho o solucionador do problema precisa-se encontrar motivado para criar estratégias

significantes.

E relacionado ao problema de matemática, temos dois tipos que se destacam o

problema de determinação e o problema de demonstração, a seguir vamos conhecer as suas

principais características e peculiaridades.

1.2.1 PROBLEMA DE DETERMINAÇÃO

Os problemas de determinação podem ser teóricos ou práticos, abstratos ou concretos,

problemas sérios ou simples enigmas. Podemos procurar determinar incógnitas de todos os

tipos, podemos tentar encontrar, calcular, obter, produzir, traçar, construir todos os tipos

imagináveis de objetos.

O problema de determinação tem como objetivo principal encontrar certo objeto, a

incógnita do problema. No problema da novela policial, a incógnita é um assassino. No

problema de xadrez, a incógnita é a jogada do enxadrista. Em certos problemas de Álgebra

elementar, a incógnita é um número. Num problema de traçado geométrico, a incógnita é uma

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6

figura e assim por diante. Este problema é mais freqüente na Matemática elementar, este tipo

de problema tem mais destaque do que qualquer outro tipo de problemas.

Para resolver um problema de determinação é preciso conhecer, com grande exatidão,

as suas partes principais, a incógnita, os dados e a condicionante. Algumas das perguntas mais

freqüentes são:

“Qual é a incógnita? Quais são os dados? Qual é a condicionante? Neste caso

separamos as várias partes da condicionante, procuramos a relação entre incógnita e os dados

apresentados, e também podemos fazer uso da estratégia de procurar algum problema

parecido que já resolvemos anteriormente isso facilita e muito a resolução de um problema de

determinação. Um exemplo de problema de determinação que foi retirado do livro “A Arte de

Resolver Problemas”, do autor Polya.

Calcular os valores de x, y, u e v que satisfazem o sistema de quatro equações

x + 7y + 3v + 5u = 16

8x + 4y + 6v + 2u= -16

2x + 6y+ 4v + 8u= 16

5x+ 3y + 7v + u = -16

Este problema ilustra muito bem um modelo de problema de determinação, pois a

incógnita é o valor de x, y, u e v. Para a resolução de tal problema primeiro precisamos

observar que a primeira equação e a última é semelhante à que existe entre a segunda e a

terceira: os coeficientes dos termos do primeiro membro são os mesmos, mas na ordem

inversa, enquanto que os do segundo membro são opostos. Somando a primeira equação à

última e a segunda à terceira:

Page 17: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

7

6 ( x + u ) + 10 ( y + v) = 0

10 ( x + u) + 10 ( y + v) = 0

Este resultado pode ser considerado como um sistema de duas equações lineares a

duas incógnitas, x + u e y + v, que facilmente fornece

x + u = 0, y + v = 0.

Substituindo u por –x e v por –y nas duas primeiras equações do sistema original

encontramos

-4 x + 4 y = 16

6 x – 2 y = -16.

Este sistema simples fornece

x= -2, y = 2, u = 2, v= -2.

1.2.2 PROBLEMA DE DEMONSTRAÇÃO

O problema de demonstração consiste em mostrar conclusivamente que certa

afirmativa, claramente enunciada, é verdadeira ou, então, que é falsa. Teremos que responder

à pergunta: a afirmativa é verdadeira ou falsa? E temos de respondê-la conclusivamente, quer

provando-a verdadeiramente, quer provando-a falsa.

Uma testemunha afirma que o acusado passou em casa toda certa noite. O juiz tem de

verificar se essa afirmativa é verdadeira ou não e, além disso, tem de apresentar razões tão

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8

boas quanto possíveis para a sua conclusão. Assim, o juiz tem um problema de demonstração.

(POLYA,1887)

Outro problema desse tipo seria demonstrar o teorema de Pitágoras. Não diremos:

“Demonstre ou refute o teorema de Pitágoras”. Em alguns aspectos, seria preferível incluir no

enunciado do problema a possibilidade de refutar, mas poderemos desprezá-la, pois sabemos

que as probabilidades de contradizer o teorema de Pitágoras são por demais remotas. Portanto

podemos concluir que o um problema de demonstração é aquele que temos que encontrar

provas suficientes pra dizer que algo é verdadeiro ou falso, este tipo de problema é mais

freqüente no ensino superior. Se for um problema de matemático comum, suas partes

principais serão hipótese e a conclusão do teorema que tiver de ser provado ou refutado.

“Se os quatro lados de um quadrilátero forem iguais, então as suas duas diagonais

serão perpendiculares entre si.” A segunda parte, que começa por “então”, é a conclusão; a

primeira parte, que começa por “se”, é a hipótese.

Para resolver um problema de demonstração é preciso conhecer com grande exatidão,

as suas partes principais, ou seja, a definição, os teoremas e ter uma facilidade de

argumentação, com objetivo de mostrar a veracidade ou não do problema proposto. A seguir

um exemplo matemático de problema de demonstração, retirado do livro “A Arte de Resolver

Problemas” (Polya;1995,p.5).

O lado de um hexágono regular tem o comprimento n (n é o número inteiro). Por

paralelas eqüidistantes a seus lados, o hexágono é dividido em T triângulos eqüiláteros, todos

estes com lados de comprimento unitário. Seja V o número de vértices que aparecem na

divisão e L o número de linhas de comprimento unitário. (uma linha-limite pertence a um ou

dois triângulos, um vértice a dois ou mais triângulos.) Quando n= 1, que é o caso mais

simples, T = 6, V = 7, L= 12. Considerar o caso geral e expressar T, V, L em função de n.

(Supor é bom, mas demonstrar é melhor).

Page 19: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

9

Para resolver este problema o interessante é traçar uma figura, podendo ajudar a

descobrir intuitivamente alguma relação que existe entre T, V, L e n. Para resolução de tal

problema precisamos saber que o comprimento do perímetro do hexágono regular de lado n é

6n. Portanto, este perímetro é composto de linhas-limites de comprimento unitário e contém

6n vértices. Por conseguinte, na transição de n-1 para n, V aumenta de 6n unidades e, assim,

V = 1 + 6(1+ 2+3 + ... + n) = 3n² + 3n + 1;

Por 3 diagonais que passam pelo seu centro, o hexágono fica dividido em 6 (grandes)

triângulos eqüiláteros. Examinando-se um deles, verifica-se que,

T = 6( 1+ 3 + 5 + ... + 2n-1) = 6n²

Os T triângulos têm, em conjunto, 3t lados. Neste total 3T, cada linha divisória interna

é contada duas vezes, enquanto as 6n linhas de perímetro são contadas uma só vez. Daí

2L = 3T + 6n, L = 9n² + 3n.

1.3 DIFERENÇAS ENTRE PROBLEMA MATEMÁTICO E EXERCÍCIO MATEMÁTICO

Caracterizamos sendo um problema matemático como toda situação que requer a

descoberta de informações matemáticas desconhecidas para a pessoa que tenta resolvê-lo, a

invenção de uma demonstração de um resultado matemático dado. O fundamental é que o

aluno tenha de “inventar estratégias e criar idéias”; ou seja: pode até ocorrer que o aluno

conheça o objetivo a chegar, mas só estará enfrentando um problema se ele ainda não tem os

meios para atingir tal objetivo já o exercício matemático é uma atividade de “adestratamento”

no uso de alguma habilidade, pois o conhecimento já é conhecido pelo aluno, podemos citar

como exemplo a aplicação de algum algoritmo conhecido, de uma fórmula conhecida,

portanto o exercício envolve mera aplicação e o problema necessariamente envolve invenção

ou/e criação significativa. (DANTE,2005)

Page 20: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

10

Mas às vezes é possível que uma mesma situação represente um problema para uma

pessoa enquanto que para outra não, pois esta outra pessoa conhece mecanismos suficientes

para resolução, assim com um investimento mínimo de recursos cognitivos este problema se

reduz a um simples exercício.

Solução de problemas representa para o aluno uma demanda cognitiva e motivacional

maior do que a execução de exercícios, pelo que, muitas vezes, os alunos não habituados a

resolver problemas se mostram inicialmente reticentes e procuram reduzi-los a exercícios

rotineiros. Tendo em vista este pensamento, de acordo com Polya em A Arte de Resolver

Problemas, ele diz:

[...] No ensino da Matemática, podem fazer-se necessários

exercícios rotineiros, até mesmo muitos deles, mas deixar que os

alunos nada mais façam é indesculpável. O ensino que se reduz ao

desempenho mecânico de operações matemáticas rotineiras fica

bem abaixo do nível do livro de cozinha, pois as receitas culinárias

sempre deixam alguma coisa à imaginação e ao discernimento do

cozinheiro, mas as receitas matemáticas não deixam nada disso a

ninguém. ( POLYA;1995, p.124)

Isso implica dizer que os exercícios matemáticos nada mais é que situações onde o

aluno precisa somente um pouco de atenção para fazer cálculos onde já sabe todo o caminho a

percorrer, não precisam de nenhuma idéia nova, pois o processo é mecânico e muitas vezes

acabam sendo repetitivo.

Para concluirmos a idéia vejamos o quadro abaixo com um exemplo significativo de

problema matemático e exercício matemático:

Page 21: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

11

Exercício Matemático Problema Matemático

Resolver a equação x 2 - 3x + 2 = 0

(supõe-se que tal aluno conheça a fórmula de

Bháskara)

Provar a fórmula de Bháskara (supõe-se

que tal aluno nunca tenha visto tal

demonstração, mas conheça a fórmula)

A resolução de exercício matemático

não estimula a curiosidade do aluno, por se

tratar de uma forma mecanizada de resolução.

O problema matemático estimula a

curiosidade do aluno, fazendo com que ele

entre em um mundo desconhecido e que

formule estratégias para a resolução.

Os exercícios matemáticos geralmente

apresentam apenas uma forma de resolução.

Os problemas matemáticos podem ser

resolvidos de formas variadas, pois cada aluno

pode interpretar o problema de um modo, e

isso não se significa que a resolução não está

correta.

A solução de exercícios matemáticos

não apresenta motivação para o aluno.

A solução de problemas apresenta para

o aluno uma demanda cognitiva e motivacional

maior.

Fonte: ARAÚJO.2010.UNIR

Caso a resolução da forma geral da equação quadrática haja sido previamente

ensinada e exemplificada, de tal forma que o aluno nada mais tenha a fazer do que substituir

algumas letras, que aparecem na solução geral, pelos números -3 e 2. Mesmo que a equação

quadrática não tenha sido resolvida genericamente sob a forma “literal”, mas se meia dúzia de

equações desse tipo, com coeficientes numéricos, o tenham sido pouco antes apresentados

isso se caracteriza um exercício matemático ou podemos chamar de problema rotineiro que

acaba tanto na mesma definição e não um problema matemático, diferentemente se ao invés

de pedir a resolução da equação pedisse ao aluno que demonstrasse a fórmula de Bháskara,

dando o suporte necessário para tal dedução.

Page 22: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

12

2 ESTRATÉGIAS PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS

Neste capítulo estaremos abordando as várias estratégias de resolução de problemas

matemáticos, estaremos tecendo as quatro etapas de resolução de problemas segundo Polya,

G. George, que foi sem sombra de duvida o maior estudioso na arte de resolução de

problemas matemáticos e faremos algumas considerações significativas do ponto de vista de

outros autores.

2.1 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS SEGUNDO POLYA

Polya (1985) sendo um dos mais conceituados estudiosos do processo de resolução

de problemas deu a seguinte definição de problema:

“Temos um problema sempre que procuramos os meios para atingir

um objetivo. Quando temos um desejo que não podemos satisfazer

imediatamente, pensamos nos meios de satisfazê-lo e assim se põe um

problema. A maior parte da nossa atividade pensante, que não seja

simplesmente sonhar acordado, se ocupa daquilo que desejamos e dos

meios para obtê-lo, isto é de problemas”. (POLYA, 1985,p.13)

Portanto resolução de problemas matemáticos nada mais é que o aluno se depare na

frente de um determinado problema que nunca antes fora resolvido por ele, e que ele tenha

que criar planos para a resolução. Se o aluno tiver certa facilidade em resolução de problemas

um dos primeiros passos a ser percebido é relacionar o problema a ser resolvido com algum

outro problema correlato que já fora resolvido anteriormente, agindo desta forma o aluno

chegará com maior facilidade a resolução do problema proposto, portanto salientamos que o

problema matemático se origina quando um sujeito se encontra diante de uma situação busca

compreender a sua natureza, ter, querer ou precisar encontrar a solução, não dispor

imediatamente do procedimento ou solução que altere a situação e, por isso, faz tentativas

para achar a solução.

Page 23: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

13

Polya desenvolveu algumas estratégias que hoje julgamos fundamentais para a

resolução de problemas, tais estratégias nos auxilia no processo de resolução de vários

problemas matemáticos. A seguir descreveremos as quatro etapas na resolução de problemas

matemáticos e conseqüentemente entenderemos porque essas etapas são de grande

importância na resolução de problemas matemáticos, não estamos afirmando necessariamente

que se o aluno não seguir essas etapas ele não atingirá com êxito o objetivo da resolução, mas

estamos afirmando que conhecendo essas etapas de resolução o aluno não precisará somente

de sorte na hora da resolução de qualquer espécie de problemas matemáticos.

2.2 AS QUATRO ETAPAS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

A primeira etapa da resolução de problema é a compreensão do problema, pois é quase

impossível se resolver qualquer tipo de problema se o mesmo não foi compreendido, isso se

estende para qualquer campo de atuação, se o aluno não entender o que o problema esta

pedindo ou do que se trata com toda certeza todas as outras etapas saíra comprometida, esta

etapa esta subdividida em dois estágios que são: “familiarização” e “aperfeiçoamento da

compreensão”.(POLYA,1887)

A segunda etapa e não menos importante é o estabelecimento de um plano que pode

ser uma idéia que surge repentinamente ou até mesmo um caminho tortuoso que precisamos

de algum tempo e disposição para tal planejamento, quando a idéia surge repentinamente não

a muito a ser feito, basta apenas ter cuidado com distrações que podem surgir, mas se não

tivemos esta sorte temos que criar mecanismos, propiciando idéias que irão facilitar no

estabelecimento do plano. (POLYA,1887)

A terceira etapa é a execução do plano, quando compreendemos o problema e

conseguimos estabelecer um plano de resolução agora o que resta é colocar esse plano em

prática, ou seja, ter paciência para executar o plano com sucesso, nesta etapa o que mais se

pede é a paciência e ter concentração no objetivo da resolução. (POLYA,1887)

Page 24: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

14

O último passo significativo da resolução de problema é o retrospecto, é nesta fase que

temos que ter muita atenção, pois nesta ultima etapa muitos alunos considerados bons se

perdem por achar que a solução encontrada é satisfatória para o problema. Nesta etapa temos

que destrinchar o problema minuciosamente procurando qualquer tipo de erro. Se tiver em

mente que nenhum problema fica completamente esgotado, que sempre resta alguma coisa a

fazer, o aluno nunca cometerá o erro na ultima etapa da resolução, pois com muito estudo e

aperfeiçoamento é possível melhorar qualquer tipo de resolução sempre.(POLYA,1887)

2.2.1 COMPREENSÃO DO PROBLEMA

É uma falta de tempo responder a uma pergunta que não tenha sido compreendida.

Portanto a compreensão do problema proposto é extremamente importante. Isto se estende

para salas de aulas onde o professor tem que criar interesse aos seus alunos na hora que se

propõe um problema, portanto quando um professor for escolher um determinado problema

tem que se fazer com muito estudo e conhecimento de causa, pois terá que detectar se os

alunos terão interesse na resolução, porque o interessante do problema é causar um ar de

desafio para quem o propõe solucioná-lo, para isso o professor tem que fazer as seguintes

indagações:

Qual é a incógnita? Quais são os dados? Qual é a condicionante? É possível satisfazer

à condicionante? A condicionante é suficiente para determinar à incógnita? Ou é insuficiente?

Ou redundante? Ou contraditória?

Trace uma figura. Adote uma notação adequada. Separe as diversas partes da

condicionante. É possível anotá-las?

Com todas essas indagações ficará muito mais fácil compreender o problema. Para

maior compreensão vamos ilustrar alguns pontos que tratamos acima, com o seguinte

problema, retirado do livro “ A Arte de Resolver Problemas” (Polya.1985,p.05):

Page 25: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

15

Calcular a diagonal de um paralelepípedo retângulo do qual são conhecidos o

comprimento, a largura e a altura.

Para discutir com proveito este problema, os alunos precisam conhecer o teorema de

Pitágoras e algumas das suas aplicações à Geometria Plana, mas basta-lhes um conhecimento

sistemático muito superficial da Geometria Espacial. O professor pode contar com uma

pequena familiaridade dos alunos com as relações espaciais.

Para tornar o problema mais interessante aos olhos dos alunos o professor pode tomar

como exemplo o formato da sala de aula que é um paralelepípedo retangular cujas dimensões

podem ser medidas ou estimadas, os alunos devem medir indiretamente a diagonal da sala de

aula, com a ajuda do professor indicando o comprimento, a largura e a altura da sala de aula.

O diálogo entre o professor e seus alunos pode principiar da seguinte maneira:

Qual é a incógnita?

O comprimento da diagonal de um paralelepípedo.

Quais são os dados?

O comprimento, a largura e a altura do paralelepípedo.

Adote uma notação adequada. Qual a letra que deve denotar a incógnita?

Diagonal “x”.

Quais as letras que escolheria para o comprimento, a largura e a altura?

a, b e c.

Qual é a condicionante que relaciona a, b e c com x?

x é a diagonal do paralelepípedo no qual a, b e c são, respectivamente, o comprimento, a largura e a altura.

Trata-se de um problema razoável? Ou seja, a condicionante é suficiente para determinar à incógnita?

Sim, ele é razoável. Se conhecermos a, b e c, conheceremos o paralelepípedo. Se o paralelepípedo ficar determinado, a sua diagonal também ficará.

Page 26: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

16

Note que para compreender o problema utilizamos várias indagações que Polya

caracterizou pra resolução de problemas matemáticos.

2.2.2 ESTABELECIMENTO DO PLANO

Quando estabelecemos um plano significa que compreendermos bem o problema, já

identificamos a sua incógnita, agora nos falta elaborar um plano para podermos encontrar a

solução do problema proposto.

Como já havíamos falado esse estabelecimento de plano pode ser como duas faces de

uma moeda, às vezes pode vim como uma idéia que surge do nada, mas quando essa idéia

brilhante não surge temos que ter paciência e nos sentir motivado para tão planejamento. Mas

sabemos que é muito difícil essa idéia surgir se nada sabemos do assunto. Polya relata que:

“as boas idéias são baseadas na experiência passada

e em conhecimentos previamente adquiridos. Para uma boa

idéia, não basta à simples recordação, mas não podemos ter

nenhuma idéia boa relembrar alguns fatos pertinentes”.

(POLYA.1995,p.6)

Portanto no segundo passo precisamos encontrar a conexão entre incógnita e os dados

são bem possíveis que seja obrigado a considerar problemas auxiliares se não puder encontrar

uma conexão imediata e com isso é preciso chegar a um plano para resolução, e como no

primeiro passo Polya elaborou alguns questionamentos que podem nos auxiliar na resolução

que são:

Já o viu antes? Ou já viu o mesmo problema apresentado sob uma forma ligeiramente

diferente?

Page 27: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

17

Conhece um problema correlato? Conhece um problema que lhe poderia ser útil?

Conhece a incógnita! E procure pensar num problema conhecido que tenha a mesma incógnita

ou outra semelhante.

Eis um problema correlato e já antes resolvido? É possível utilizá-lo? É possível

utilizar o seu resultado? É possível utilizar o método? Deve-se introduzir algum elemento

auxiliar para tornar possível a sua utilização?

É possível reformular o problema? É possível reformulá-lo ainda de outra maneira?

Volte às definições.

Se não puder resolver o problema proposto, procure antes resolver algum problema

correlato. É possível imaginar um problema correlato mais acessível? Um problema mais

genérico? Um problema mais especifico? Um problema análogo? É possível resolver uma

parte do problema? Mantenha apenas uma parte da condicionante, deixe a outra de lado; até

que ponto fica assim determinado à incógnita? Como pode ela variar? É possível obter dos

dados alguma coisa de útil? É possível pensar em outros dados apropriados para determinar à

incógnita? É possível variar a incógnita, ou os dados, ou todos eles, se necessário, de tal

maneira que fiquem mais próximos entre si?

Utilizou todos os dados? Utilizou toda a condicionante? Levou em conta todas as

noções implicadas no problema?

Estas são todas as indagações que Polya sugere para executar o segundo passo para

resolver qualquer tipo de problema matemático, vamos utilizar estes questionamentos para dar

prosseguimento ao problema da diagonal do paralelepípedo:

Conhece algum problema que tenha a mesma incógnita?

Não. Ainda não resolvemos nenhum problema em que entrasse a diagonal de um paralelepípedo.

Repare, a diagonal é um segmento, um segmento de reta. Nunca resolveu um problema cuja incógnita fosse o comprimento de uma linha?

Page 28: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

18

Claro que já resolvemos desses problemas. Por exemplo, calcular o lado de um

triângulo retângulo.

Nesta parte do diálogo entre professor e alunos, queremos enfatizar a importância de já

ter tido resolvido algum problema semelhante ao que esta sendo proposto,quando com ajuda

do professor os alunos conseguirem assimilar o triângulo retângulo o professor perceberá que

os alunos estão indo pro caminho certo da resolução, dará continuidade ao diálogo:

Não gostaria de ter triângulo na figura?

Que tipo de triângulo gostaria de ter na figura?

Figura 1 : Paralelepípedo com Representação do triangulo de Pitágoras.

Fonte: (ARAÚJO.2010.UNIR)

Não pode ainda calcular a diagonal, mas já disse que é capaz de calcular o lado de um triângulo. Então o que fará agora?

Poderia calcular, a diagonal se ela fosse o lado de um triângulo?

Page 29: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

19

Acho que foi uma boa idéia traçar aquele triângulo. Agora tem um triângulo, mas a incógnita?

A incógnita é a hipotenusa do triângulo. Podemos calculá-la pelo teorema de Pitágoras.

Sim, se forem conhecidos os dois catetos. Mas não são?

Um cateto é dado, é c.O outro, parece que não é difícil de achar. Sim, o outro cateto é a hipotenusa de outro triângulo retângulo.

Muito bem! Agora vejo que já tem um plano.

2.2.3 EXECUÇÃO DO PLANO

Executar o plano é muito mais fácil paciência é o que mais se precisa, pois precisamos

estar atentos a cada passo da resolução.

É possível verificar claramente que o passo está correto? É possível demonstrar que

ele está correto?

Retornando o problema onde deixamos, o professor percebe que o aluno consegue

identificar o triângulo no qual a incógnita x é a hipotenusa e a altura dada c é um dos catetos,

o outro cateto é a diagonal de uma face. Deve-se, possivelmente, insistir para que o aluno

adote uma notação apropriada. Ele deve escolher y para denotar o outro cateto, que é a

diagonal da face cujos lados são a e b. Assim conseguirá perceber com maior clareza a idéia

da resolução, que consiste em introduzir um problema auxiliar cuja incógnita será y. Por fim,

calculando um triângulo após outro, ele poderá chegar a

x² = y² + c²

y² = a² + b²

e daí, eliminando a incógnita auxiliar y,

Page 30: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

20

x² = a² + b² + c²

x = √a² + b² + c².

Chegando neste passo o professor irá ter toda certeza que seu aluno conseguiu atingir

o objetivo da resolução, agora é só ficar atento na questão dos cálculos.

2.2.4 RETROSPECTO

Neste ponto da resolução o aluno já terá passado por todos os outros passos e por

isso que é possível algum erro, principalmente por distração, pois o aluno já este convicto que

fez tudo que deveria ser feito, poderá cometer erros, especialmente se o argumento for longo e

trabalhoso. Daí a importância da verificação, Polya no quarto e decisivo passo nos sugerem as

seguintes indagações:

Examine a solução obtida. É possível verificar o resultado? É possível verificar o

argumento?

É possível chegar ao resultado por um caminho diferente? É possível perceber isto

num relance?

É possível utilizar o resultado, ou o método, em algum outro problema?

Estas indagações produzem diversos efeitos bons. Primeiro, um estudante

inteligente não poderá deixar de impressionar-se pelo fato de que a fórmula passou em tantos

testes. Ele já ficará convicto de estar certa a fórmula porque ele a deduzira cuidadosamente.

Page 31: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

21

2.3 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS

A partir das afirmações descritas sobre resolução de problemas matemáticos,

descreveremos o quadro a seguir, destacando as definições sobre a temática:

Autores Ano Definição

Mayer

1981

Dados: o problema começa num certo estado, com certas condições, objetos, peças de informação, e assim por diante, estando presentes no inicio do trabalho.

Metas: o estado desejado ou terminal do problema é o estado final, sendo necessário pensamento para transformar o problema dado para o estado final.

Obstáculos: o pensador tem a sua disposição certos caminhos para mudar o estado dado ou o estado final do problema. O pensador, contudo, não sabe ainda a resposta correta; isto é, a sequência correta de comportamentos que resolverão o problema não está patente de imediato.

Polya

1985

Temos um problema sempre que procuramos os meios para atingir um objetivo. Quando temos um desejo que não podemos satisfazer imediatamente, pensamos nos meios de satisfazê-lo e

Page 32: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

22

assim se põe um problema. A maior parte da nossa atividade pensante, que não seja simplesmente sonhar acordado, ocupa-se daquilo que desejamos e dos meios para obtê-lo, isto é, de problemas.

Dante

1994

Um problema matemático é qualquer situação que exija a maneira matemática de pensar e conhecimentos matemáticos para solucioná-lo.

Gonzalés

1995

Situações em que, explícita ou implicitamente, são identificáveis noções matemáticas de algum tipo, e requerem que se achem outras que não aparecem diretamente expostas na situação.

PCNs

1997

Uma situação que demanda a realização de uma sequência de ações ou operações para obter um resultado. Ou seja, a solução não está disponível de início, no entanto é possível construí-la.

Fonte:Ana Fanny B. de O. Bastos_Dissertação de Pós-Graduação em Educação.2003.

Este quadro nos dá uma definição bem ampla do que é resolução de problemas

levando em conta autores importantes que estudaram a fundo este tema, no presente trabalho

utilizamos a definição de Polya, pois afirmamos que a maioria dos autores que estudam este

tema sempre cita Polya, portanto acreditamos que este autor é referência neste assunto.

Um professor que conhece bem a definição de problemas sempre colocará em sala

de aula problemas que irão estimular o raciocínio do aluno, e este professor estará exercendo

Page 33: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

23

o papel de mediador, ajudando seus alunos em eventuais dúvidas que seguem no decorrer das

resoluções.

“Um professor de Matemática tem, assim, uma grande oportunidade.

Se ele preenche o tempo que lhe é concedido a exercitar seus alunos

em operações rotineiras, aniquila o interesse e tolhe o

desenvolvimento intelectual dos estudantes, desperdiçando, dessa

maneira, a sua oportunidade. Mas se ele desafia a curiosidade dos

alunos, apresentando- lhes problemas compatível com os

conhecimentos destes e auxiliando-os por meio de indagações

estimulantes, poderá incutir- lhes o gosto pelo raciocínio

independente e proporcionar-lhes certos meios para alcançar este

objetivo” (POLYA.1887,p.05).

Portanto um professor que estimula seus alunos em sala de aula se torna uma peça

chave no ensino-aprendizagem, proporcionando formas diferenciadas de conhecimento e

tornando o aluno mais independente, isso quer dizer que o professor passar a ser um mediador

do conhecimento, tendo um papel de auxiliador.

Page 34: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

24

3 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS PARA O ENSINO MÉDIO

Este capítulo trata-se da importância de abordar a didática da Resolução de

Problemas com alunos do Ensino Médio, segundo grau, detalharemos alguns aspectos que

julgamos relevantes e discutiremos sobre esta problemática.

3.1 O ENSINO DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS

O ensino da resolução de problemas é um desafio para os professores do Ensino

Médio, pois estão “acostumados” a passar para seus alunos os problemas fechados que são os

problemas que no enunciado indica rapidamente a forma de se resolver são problemas que

não proporciona nem um pouco a curiosidade de quem se propõe a resolver

“[...] só há problema se o aluno percebe uma dificuldade; uma determinada

situação que provoca problema para um determinado aluno pode ser

resolvido imediatamente por outro (e então não será percebida por este

último como sendo um problema). Há então, uma idéia de obstáculo a ser

superado. Por fim, o meio é um elemento do problema, particularmente as

condições didáticas da resolução (organização da aula, intercâmbio,

expectativas explícitas ou implícitas do professor)”(CHARNAY.1996,p.46).

Portanto mais uma vez nos deparamos com a problemática que muitos professores se

confundem na hora de se utilizar da ferramenta da resolução de problemas, aplicando

problemas fechados, mas que na verdade não passa de meros exercícios matemáticos, pois

um professor que acaba de explicar um determinado assunto e expõe para seus alunos um

problema do assunto dado, não esta fazendo nada de mais, pois os alunos já esperam que

assim o faça, já que estão trabalhando com o determinado assunto, eles tendem a procurar no

enunciado do problema pistas evidentes que o problema se trata do assunto que acabará de ser

explicado, com isso o professor não instigou em nada a curiosidade e criatividade de seus

alunos e sim aplicou mais uma fez um exercício matemático.(MINUZZI,2009)

Page 35: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

25

3.2 RECOMENDAÇÕES PARA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO MÉDIO

No ensino médio os alunos já vêm com certa bagagem de anos de estudos, portanto o

professor que se propuser a utilizar a didática de resolução de problemas estará diante de

alunos capazes de aceitar uma didática tão diferenciada como a de resolução, portanto basta o

professor está bem preparado para tal desafio.

“O professor que deseja desenvolver nos seus alunos o espírito solucionador

e a capacidade de resolução de problemas deve incluir em suas mentes algum

interesse por problemas e proporcionar-lhes muitas oportunidades de imitar e

de praticar. Além disso, quando o professor resolve um problema em sala de

aula, deve dramatizar um pouco as suas idéias, e fazer a si próprio as mesmas

indagações que utiliza para ajudar os alunos. Por meio desta orientação, o

estudante acabará por descobrir o uso das indagações e sugestões e, ao fazê-

lo, adquirirá algo mais importante do que um simples conhecimento de um

fato matemático qualquer”(POLYA.1978,p.81).

Nos tempos atuais, os nossos alunos estão em um contexto socioeconômico diferente,

precisamos formar cidadãos críticos, capazes de solucionar todos os tipos de problemas, ou

seja, formando para a vida, pensando nesses aspectos o PCN´S + , voltado diretamente para o

ensino médio diz que:

� Saber se informar, comunicar-se, argumentar, compreender e agir;

� Enfrentar problemas de diferentes naturezas;

� Participar socialmente, de forma prática e solidária;

� Ser capaz de elaborar críticas ou propostas; e,

� Especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado.

Uma formação com tal ambição exige métodos de aprendizado compatíveis, ou seja, condições efetivas para que os alunos possam:

� Comunicar-se e argumentar;

� Defrontar-se com problemas, compreendê-los e enfrentá-los;

Page 36: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

26

� Participar de um convívio social que lhes dê oportunidades de se realizarem como cidadãos;

� Fazer escolhas e proposições;

� Tomar gosto pelo conhecimento, aprender a aprender.

Com essa idéia dos PCN´S + indica que não é mais interessante ter um professor em

sala de aula que utiliza apenas de exercícios matemáticos, precisamos de um professor que

faça seus alunos encontre prazer em aprender, ou seja precisamos de professores

incentivadores, mediadores do saber, que estão em sala de aula pra auxiliar o crescimento

acadêmico e pessoal de seus alunos.

“A solução de problemas matemáticos constitui, ao mesmo tempo, um método

de aprendizagem e um objetivo do mesmo. É um método de aprendizagem na

medida em que grande parte do conteúdo da Matemática escolar trata da

aprendizagem de habilidades, técnicas, algoritmos ou procedimentos

heurísticos que podem ser usados em diversos contextos (cotidiano, científico,

etc.). Para alcançar uma aprendizagem significativa desse tipo de técnicas é

necessário aprender a usá-las no contexto de diversos

problemas.”(ECHEVER.1998,p.63)

Se os professores apresentar problemas compatíveis com a realidade de seus alunos,

muito raramente estes mesmo alunos não terão curiosidade de solucionar o problema

proposto, isso se dá o nome de contextualização de assuntos da matemática com o cotidiano

do aluno.

“É necessário resgatar a Matemática que está inserida na

codificação de toda uma realidade física e social, vivenciadas pelos

educandos, e analisar, junto com eles, de forma dialógica, os diferentes

significados atribuídos e as diferentes formas de pôr ordem na idéias para a

construção desse conhecimento [...] Interrogar, pois, o que é problema,

implica não apenas considerar, mas também interrogar o que é realidade

para as pessoas envolvidas na ação pedagógica”(MEDEIROS.1995,p.40).

Page 37: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

27

Portanto os professores atuais têm que estar em constante busca pelo conhecimento e

tornando em sala de aula um mediador, pois só há sucesso na didática de resolução de

problemas se o professor que esta inserido neste contexto estiver suficientemente preparado

para atuar como mediador do conhecimento. Se não houver este preparo com toda certeza as

tentativas de resolução de problemas será frustrante para ambos os lados.

Page 38: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

28

4 PESQUISA COM ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E

MÉDIO RIO URUPÁ

Neste capítulo apresentaremos uma pesquisa realizada com alunos do segundo ano

do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Urupá, pesquisa

essa que teve como objetivo presenciar o real interesse dos alunos da faixa etária de 15 a 17

anos em resoluções de problemas.

4.1 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA COM ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL

DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO RIO URUPÁ.

Esta escola está situada num bairro de classe média, a pesquisa realizada na Escola

Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Urupá foi realizada em dois estágios. O

primeiro estágio foi oferecido problemas matemáticos diversos, tendo a preocupação de se

elaborar problemas que os alunos tivessem capacidade de resolver levando em conta a série

dos mesmos. No segundo estágio aplicamos um questionário com três perguntas abertas, estas

perguntas foram elaboradas para destacar o perfil dos alunos e como eles viam a resolução de

problema. Efetuo-se tal pesquisa no período do mês de Março a Junho, quando estava

exercendo as atividades de estágio do ensino médio.

O objetivo central desta pesquisa é mostrar o real interesse de jovens na faixa etária de

15 aos 17 anos em relação com a resolução de problemas e tentar destacar quais são as

principais dificuldades na resolução tomando em relação das quatro etapas da resolução de

problemas. Esta sala de segundo ano foi escolhida pelo motivo que a professora titular da

turma deu total apoio a pesquisa realizada, deixando que se adotasse a didática de resolução,

portanto o trabalho foi feito com o objetivo de apresentar o interesse dos alunos dessa faixa

etária, a turma apresenta um total de vinte e três alunos, sendo que dezesseis é do sexo

feminino e sete do sexo masculino.

Page 39: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

29

Gráfico 1_ Apresentando a diferença de alunos do sexo feminino e sexo

masculino.

Meninas

Meninos

Fonte:ARAÚJO.2010.UNIR

Os problemas que foram propostos pelos alunos do segundo ano do ensino médio estarão

destacados no anexo deste trabalho, estes problemas foram especialmente escolhidos para que

pudéssemos discutir as quatro etapas de resolução de problemas segundo Polya e propor

formas diferenciadas de estudos.

Destacaremos a seguir dois dos dez problemas que foram desenvolvidos nesta turma e terá

destaque algumas características desses alunos que denominaremos com o nome de Adriano,

Juliana, Patrícia, Ana e Gustavo sendo estes nomes genéricos.

Page 40: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

30

Solução do problema das Oito caixas_ ALUNO ADRIANO

Este problema das oito caixas trata-se de um problema que envolve o raciocínio lógico

matemático em diversos campos, o aluno que denominamos como Adriano teve êxito nas

Page 41: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

31

quatro etapas de Polya, pois interpretou o problema, desenvolveu um plano, executou o plano

e fez o retrospecto do plano.

Em relação à sala o aluno Adriano foi um dos destaques, pois nem todos conseguiram

alcançar o êxito da solução correta, podemos destacar que a etapa que apresentou maior falha

foi logo a primeira etapa que consistem em interpretar o problema, muitos alunos tiveram

dificuldade em entender o que se pede neste problema, exemplo seriam as alunas Juliana e

Ana.

O aluno Adriano usou a estratégica de desenhos para a resolução do problema, ou seja,

ele usou mecanismos usuais para a resolução, portanto percebe-se que no primeiro momento

ele não consegue visualizar uma resolução imediata por isso que faz uso de desenhos, o

problema em questão trata do contexto de progressões geométricas, que aplicando a fórmula

encontraria o resultado imediatamente.

No segundo problema que será destacado a seguir o aluno Adriano, também obteve

sucesso na resolução.

Page 42: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

32

Solução do Problema do Pão-Duro_ADRIANO.

Neste problema o aluno Adriano também teve êxito nas quatro etapas de resolução e

conseguiu observar que este problema poderia ser solucionado com a fórmula da soma de

progressões geométricas. Mas vale lembrar que este último problema foi apresentado nas

últimas aulas que ofereci sobre resolução de problemas, portanto podemos concluir que o

aluno já tinha adquirido algumas técnicas de resolução.

Page 43: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

33

Mas como toda pesquisa onde envolve resoluções de problemas percebe-se que nem

todos os alunos atingem êxito na resolução de problemas, as alunas Juliana, Patrícia e Ana

tiveram dificuldade na mesma etapa que é a primeira que consiste em “Interpretar o

Problema”, onde se pode afirmar que é a maior dificuldade para alunos que estão iniciando na

didática de resolução de problemas, pois se não entende o que o problema pede ou ao menos

no que se trata o problema, fica impossível obter um resultado satisfatório.

Nas resoluções dos problemas propostos no contexto amplo, podemos destacar que os

alunos tiveram maior dificuldade na primeira etapa e na última etapa que diz respeito ao

retrospecto, muitos conseguiam elaborar um plano para resolução mais ficavam tão confiantes

com o resultado obtido que não faziam conta desta etapa tão importante para se obter uma

resolução satisfatória.

Na última etapa da pesquisa elaboramos um questionário com as seguintes perguntas:

� O QUE É PROBLEMA?

� VOCÊ GOSTA DE RESOLVER PROBLEMAS?POR QUÊ?

� COM QUE FREGUÊNCIA VOCÊ RESOLVE PROBLEMAS

MATEMÁTICOS?

O objetivo da primeira pergunta foi constatar que a maioria dos alunos caracterização

como problema, só aquilo que necessita cálculos para a resolução, ou seja, associam

problemas só com a disciplina de Matemática.

A segunda pergunta foi apresentada para os alunos com objetivo de provar que na

maioria das vezes o aluno só gosta de fazer aquilo que ele entende, portanto muitos alunos

têm dificuldade logo na primeira etapa de Polya que é a compreensão do problema.

A terceira pergunta mostra para os professores que alunos podem sim resolver mais

problemas, basta ser oferecidos com maior freguência, mas isto ainda não esta sendo tão

oferecidos para os alunos.

Page 44: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

34

Pode-se descrever que muitos alunos têm um conceito pré estabelecido de resolução

de problemas ainda distorcido, pois muitos afirmam que problema é só aquilo que envolve a

disciplina de Matemática, esquecendo que todos enfrentam problemas no cotidiano. Onde

muitos conseguem resolver estes problemas rotineiros com êxito, pois criam estratégias que

para o problema que foi apresentado será por vez satisfeita, mas quando se deparam com

problemas de Matemática muitos dos alunos travam, portanto cabe ao professor mostrar

mecanismos satisfatórios para a resolução e incutir no aluno o prazer de resolver um problema

de matemática, atiçando a curiosidade de cada aluno.

“A Matemática é interessante na medida em que ocupa as nossas faculdades

de raciocínio e de invenção. Mas nada se aprenderá sobre raciocínio ou

invenção se a motivação e a finalidade do passo mais notável permanecer

incompreensível. (POZO. 1998, p.72)

A seguir serão destacados dois questionários que foram aplicados e notaremos que as

respostas são totalmente antagônicas, tentaremos analisar tais respostas com bases nos estudos

deste trabalho.

Page 45: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

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Segundo Questionário_ ALUNA ANA.

Neste questionário a aluna Ana se mostra sem muito interesse na didática de resolução

de problemas e tem umas características que é comum a muitas pessoas que vêem resolução

de problemas como algo que envolve só Matemática, e podemos afirmar que essa

característica esteve presente em alguns alunos onde foi feito este trabalho de resoluções de

problemas.

A aluna não consegue contextualizar resolução de problemas no seu dia a dia,

afirmando que resolve problemas somente na aula de Matemática, e isso fica mais evidente

quando a aluna define problema como sendo uma conta de Matemática.

Page 46: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

36

Segundo Questionário_ ALUNO ADRIANO.

Já o questionário do aluno Adriano se apresenta de forma mais ampla no contexto

ensino-aprendizagem, o aluno descreve o que é problema de forma mais geral, ou seja,

consegue fazer conexões do cotidiano que está inserido e a escola. Tratando problema como

tudo aquilo que precisa criar alguma estratégia para obter uma solução satisfatória. Podemos

perceber que mesmo tendo uma facilidade em distinguir um problema ele afirma que se

interessa em resolver problemas apenas que ele consiga responder, em outras palavras

problemas que ele consegue ter sucesso na primeira etapa que é da compreensão do problema.

Fazendo uma análise ampla pode-se afirmar que tanto a aluna Ana como o aluno

Adriano têm dificuldade na primeira etapa de Polya que é o da compreensão do problema, o

que se pode concluir que os alunos não gostam de resolver aquilo que eles julgam impossível

de resolver, neste caso essa é uma das etapas que o professores ao adotar a didática de

resolução de problemas têm que ter um maior cuidado, pois sem ter a capacidade de entender

o que esta sendo proposto nada valerá do esforço das etapas seguintes.

Page 47: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos concluir que a didática da resolução de problemas quando utilizada de forma

bem elaborada desenvolve no aluno um hábito de pensar, pois para se encontrar uma solução

precisam-se desenvolver vários mecanismos para tal.

Muitos que não conhecem as quatro etapas de resolução de problemas utilizam-se da

didática de “tentativa e erro”, o que é muito trabalhoso e nem sempre favorece um resultado

satisfatório, isso é um dos diversos motivos que muitos alunos encontram dificuldades na

resolução de problemas.

A didática de resolução de problemas vem por sua vez facilitar o professor a mediar os

alunos nessa arte de resolução de problemas, um professor bem preparado que conhece bem

as quatro etapas de resolução de problemas segundo Polya, se encontra preparado para adotar

em sala de aula esta didática diferenciada. Com o objetivo de facilitar o ensino aprendizagem

dos seus alunos.

Defendemos a idéia que se o professor utilizar das quatro etapas de resolução de

problemas segundo Polya o êxito ao se resolver um problema cresce em altas proporções,

prova disso é os problemas que foram oferecidos para os alunos da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Médio Rio Urupá, a maioria dos alunos quando conduzido de forma adequada

mostraram interesse na didática de resolução, portanto é uma didática que pode ser trabalhada

de forma continua em sala de aula. Assim estaremos formando alunos críticos e capazes de

pensar com a sua própria cabeça.

Levando em consideração a pesquisa de campo e toda a parte bibliográfica , deixa

claro que o professor que estiver interesse de adotar a didática de resolução de problemas,

ajudará seus alunos no que diz respeito a estar formando cidadãos críticos e ensinando o aluno

a pensar e criar estratégias para seus problemas no cotidiano, fazendo assim relação entre sala

de aula e sociedade em que está inserido.

Page 48: DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

38

REFERÊNCIAS

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Matemáticos na Formação de Professores das Séries Inicias do Ensino Fundamental.

Dissertação para obtenção do título de mestre. Cuiabá:UFMT, IE, 2003.

DANTE. Luiz Roberto. Didática da Resolução de Problemas de Matemática. Editora

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NACIONAIS. Parâmetros Curriculares. Orientação para o Ensino Médio_PCN +. São Paulo, 2005

MATEUS. Antonio Angelo. MATIAS. João Batista de Oliveira. CARNEIRO. Thiago Rodrigo Alves. Problemas Matemáticos: Caracterização, importância e estratégias de Resolução. São Paulo, USP. Março. 2002.

MEDEIROS. Kátia Maria de. O Contrato Didático e a Resolução de Problemas Matemáticos em Sala de Aula. Pernambuco, 1998.

MENDES. Renata Moreira. Resoluções de Problemas na Matemática e Leitura de textos em Língua Estrangeira. Pernambuco: UFPE, 2004.

MINUZZI. Itajana. CAMARGO. Mariza. O Ensino-Aprendizagem de Matemática Através da Resolução de Problemas. Ijuí-Rio Grande do Sul, Julho.2009.

MORIN, E. A Cabeça bem Feita: Repensar a Reforma, Reformar o Pensamento. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2002.

POLYA, G. George, 1887. A Arte de Resolver Problemas: Um Novo Aspecto do Método Matemático/ G. Polya; tradução Heitor Lisboa de Araújo. Editora Interciência Ltda. Rio de Janeiro, nº 2, 1995.

POZO, J. I. A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: Editora Artmed, 1998.

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ANEXOS

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Problemas que foram resolvidos em sala de aula com os alunos e as respectivas

estratégias que foram utilizadas:

Problema 1. Havia oito caixas de madeira e cada uma dessas caixas é o prêmio que será

dado ao calculista. As caixas estão enumeradas de um até oito, adotei a ordem crescente,

não é possível encontrar duas caixas com o mesmo número de moedas. Com as quantias

distribuídas pelas oito caixas, podemos fazer qualquer pagamento, desde um dinar até o

número total contido nas caixas. Sabendo que estas caixas, numeradas de um até oito,

contém dinares em números que não se repetem; sabendo-se também que é possível

efetuar qualquer pagamento até o número total de moedas, sem abrir nenhuma caixa,

pergunta-se:

1º) Quantas moedas contém, respectivamente cada uma das caixas?

2º) Como determinar, por meio do raciocínio, matematicamente certo, a quantia contida

em cada caixa?

Estratégias Utilizadas:

Qual é a incógnita? Quantidade de moedas _ Quais são os dados? _ Conhece um

problema correlato?

Com essas perguntas feitas aos alunos aos poucos eles foram percebendo que este

problema se tratava de progressões geométricas, e para resolução a maioria utilizou a

estratégia de desenhos, desenhando cubos e na frente colocando a quantidade possível que

poderia haver em cada caixa.

Problema retirado do livro “ O homem que calculava” do autor Malba Tahan.

Problema 2. Um avarento que o povo apelidara de Pão-Duro, movido pela mania mórbida

de juntar dinheiro, resolveu, certa vez, economizar da seguinte forma: no primeiro dia do

mês, guardaria num cofre 1 vintém; no segundo dia 2 vinténs; no terceiro dia 4 vinténs, no

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quarto dia 8 vinténs e, assim dobrando sucessivamente, durante trinta dias seguidos.

Quanto teria o Pão-Duro amealhado, desse modo, quando terminasse o mês? Mais de um

conto de réis? Menos de um conto?

Estratégias Utilizadas:

Considere a incógnita?_ Quais são os dados? Eles são suficientes para a

resolução?.Com essas indagações feitas os alunos foram juntando os dados do problema e

a primeira coisa a ser notada foi que crescia os vinténs na mesma proporção ao multiplicar

o valor de todos os vinténs por 2, assim a estratégia utilizada for perceber que eles

estavam diante de uma progressão geométrica de razão igual a 2.

Problema retirado do livro “Matemática Divertida e curiosa” do autor Malba Tahan.

Problema 3. Roberto tem 10 bolsos e 44 moedas. Ele quer colocar as moedas nos bolsos,

mas de tal maneira distribuídas que em cada bolso fique um número diferente de moedas.

Será possível conseguí-lo?

Estratégias Utilizadas:

Se Roberto tivesse muitas moedas, naturalmente não teria nenhuma dificuldade em

colocar nos bolsos moedas em números diferentes. É possível reformular o problema?

Qual o menos número de moedas que pode ser colocado nos 10 bolsos, de modo que não

fiquem dois bolsos com o mesmo número de moedas?

Problema retirado do livro “A Arte de Resolver Problemas” do autor Polya.

Problema 4. Um capital é aplicado, a juros simples, à taxa de 12% ao mês.Quanto tempo,

no mínimo, ele deve ficar aplicado, a fim de que seja possível resgatar o quádruplo da

quantia aplicada?

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Estratégias Utilizadas:

Este problema foi apresentado a turma para que eles pudessem resolver problemas de

juros simples sem ter a preocupação de decorar fórmulas, pois o problema dá todo suporte

de resolução sem que necessite de tal fórmulas.

Problema retirado da apostila, confeccionada pelo Professor Mestre Marcos Leandro

Ohse.

Problema 5. Para numerar as páginas de um grosso volume o tipógrafo utilizou 2989

algarismos. Quantas páginas têm o volume?

Estratégias Utilizadas:

Eis um problema correlato: Se o livro contiver 9 páginas numeradas, quantos algarismos

utilizará o tipógrafo? (9, é claro). Eis outro problema correlato; se o livro contiver

exatamente 99 páginas numeradas, quanto algarismo utilizará o tipógrafo?

Problema retirado do livro “A Arte de Resolver Problemas” do autor Polya.

Problema 6. Ao escalar uma montanha, um alpinista percorre 256 metros na primeira

hora, 128 metros na segunda hora, 64 metros na terceira hora, e assim sucessivamente.

Quando tiver percorrido 496 metros terão passados, quantas horas?

Estratégias Utilizadas:

Qual a incógnita? A quantidade de horas percorridas_ Quais são os dados? Todos estão

explícitos do problema?

Problema retirado do livro do Ensino Médio_Matemática dos autores Antonio Nicolau,

Elizabeth Soares e Vicente Paz.

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Problema 7. Sabe-se que das 520 galinhas de um aviário, 60 não foram vacinadas e, entra

as vacinadas, 92 morreram. Entre as galinhas vacinadas, qual é a razão do número de

mortas para o número de vivas?

Estratégias Utilizadas:

Este problema estimula o raciocínio lógico matemático, não há nenhuma fórmula pré-

estabelecida para se obter a resolução, o que deixa o problema mais interessante.

Problema retirado da apostila confeccionada pelo Professor Mestre Marcos Leandro Ohse.

Problema 8. Se o poder de compra de meu salário é hoje 30% daquele de um ano atrás,

então para reaver aquele poder de compra, meu salário deve ser reajustado em que

porcentagem?

Estratégias Utilizadas:

Qual a condicionante? Qual a incógnita?_Fazendo essas indagações os alunos

perceberam que este problema trata-se de porcentagem simples.

Problema retirado da apostila confeccionada pelo Professor Marcos Leandro Ohse.

Problema 9. Se Maria emagrecesse 10 kg, ela passaria a ter 75% de seu peso atual. Então,

qual seria seu atual peso?

Estratégias Utilizadas:

Problema resolvido com facilidade, pois todos os dados que há no problema é suficiente

para a sua resolução, levando em consideração que foi um dos primeiros que foi

apresentado aos alunos.

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Problema retirado do livro do Ensino Médio_Matemática dos autores Antonio Nicolau,

Elizabeth Soares e Vicente Paz.

Problema 10. Uma loja vende um refrigerador por R$ 1100,00 à vista. A prazo, vende por

R$1400,00, sendo R$ 400,00 de entrada e o restante após 6 meses. Nessas condições que

taxa é cobrada?

Estratégia Utilizada:

Qual a incógnita? A taxa_ Todos os dados estão no problema?Sim. Com essas

indagações fica claro que o problema tem solução possível.

Problema retirado do livro do Ensino Médio_Matemática dos autores Antonio Nicolau,

Elizabeth Soares e Vicente Paz.