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Brasília 2012 PNLD 2012 - Dicionários dicionários em sala de aula Com direito à palavra: Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica

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Arquivo sobre o uso do dicionário em sala de aula

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Braslia 2012PNLD 2012 - Dicionriosdicionrios em sala de aulaCom direito palavra:Ministrio da EducaoSecretaria de Educao BsicaMinistrio da EducaoSecretaria de Educao Bsica SEBDiretoria de Formulao de Contedos EducacionaisCoordenao Geral de Materiais DidticosElaboraoEgon de Oliveira RangelColaboraoMarcos BagnoOrlene de Sabia CarvalhoEquipe Tcnico-pedaggica COGEAM/SEBAndrea Kluge PereiraCeclia Correia LimaElizangela Carvalho dos SantosJane Cristina da SilvaJos Ricardo Alberns LimaLucineide Bezerra DantasLunalva da Conceio GomesMaria Marismene GonzagaEquipe de Apoio Administrativo COGEAM/SEBGabriela Brito de ArajoGislenilson Silva de MatosNeiliane Caixeta GuimaresPaulo Roberto Gonalves da CunhaTiragem1.660.000 exemplaresMinistrio da EducaoSecretaria de Educao BsicaEsplanada dos Ministrios Bloco L, Quinto andar, sala 500Braslia/DF CEP: 70047-900Tel: (61)2022-8320/ 2022-8419http://www.mec.gov.brIza Antunes Araujo - CRB1/079 ____________________________________________________________________Brasil. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao BsicaCom direito palavra: dicionrios em sala de aula / [elaborao Egon Rangel]. Braslia : Ministrio da Educao, Secre-taria de Educao Bsica, 2012.148p. : il. (PNLD 2012: Dicionrios) Inclui glossrio. ISBN: 978-85-7783-091-61. Dicionrio Ensino e uso.2. Ensino fundamental. I. Rangel, Egon.II. Programa Nacional do Livro Didtico. III. Ttulo.CDU: 371.67 (038)CDD: 370.19_____________________________________________________________________PNLD 2012 DicionriosCaro(a) professor(a):Alm de dotar a rede pblica de ensino bsico com colees didticas de todas as reas, assim como de acervos complementares destinados ao letramento e alfabetizao iniciais, o MEC est enviando a nossas escolas de ensino fundamental (EF) e mdio (EM) quatro acervos de dicionrios escolares.Esses acervos resultaram da seleo de obras avaliadas pelo PNLD Dicionrios 2012, num criterioso processocoordenadopelaFaculdadedeLetrasdaUniversidadeFederaldaBahia(UFBA).Cadaum deles rene obras de um mesmo Tipo, destinadas a diferentes etapas de ensino:Tipo 1 para o 1 ano do EF;Tipo 2 para o perodo entre o 2 e o 5 ano do EF;Tipo 3 para o segundo segmento do EF;Tipo 4 para o EM.Com direito palavra: dicionrios em sala de aula uma publicao que acompanha cada acervo. Etemcomoobjetivoapresentaravoctantoomundodosdicionriosquantoascaractersticas gerais desses acervos, esperando que, assim, o uso desses materiais possa ser otimizado. Aofazerchegaresteimpressoatvoc,oMECofazcomaconvicodequeeleserumapoio signicativo para suas atividades em sala de aula.Desejamos a todos um excelente trabalho!Ministrio da EducaoPrimeira parte1. Dicionrios: para qu?................................................................................................... 92. Para que servem os dicionrios? ................................................................................ 143. O que esperar de um dicionrio de uso escolar? .................................................... 184. Novos dicionrios esto chegando ........................................................................... 195. Como so esses dicionrios? ....................................................................................... 216. Como usar esses dicionrios? ..................................................................................... 37Segunda parteI. As atividades e seus objetivos ..................................................................................... 44II. O livro e o gnero: (re)conhecendo o dicionrio ..................................................... 47III. O vocabulrio e o lxico: aprendendo com o dicionrio ..................................... 56IV. Para saber mais: leituras recomendadas ............................................................... 72Bibliograa consultadaAnexosO processo avaliatrio...................................................................................................... 91Para entender a terminologia bsica ........................................................................... 101Acordo ortogrco Decreto n 6.583, de 29 de setembro de 2008....................... 115SumrioPrimeira parte1. Dicionrios: para qu?2. Para que servem os dicionrios?3. O que esperar de um dicionrio escolar?4. Novos dicionrios esto chegando...5. Como so esses dicionrios?6. Como usar esses dicionrios?9PNLD 2012 Dicionrios1. Dicionrios: para qu?Num pas como o Brasil, os dicionrios de lngua portuguesa esto em toda parte. Sempre que possvel, as famlias dispem de um: s vezes, herdado de pai para lho, j desatualizado, com grafia antiga; outras vezes, em edio recente e revista, estalando de novo. H quem carregue o seu, de pequeno formato, mas com tudo o que essencial, no bolso, porque... nunca se sabe, no ? H quem mantenha sempre em casa aquele outro, completo, s vezes em mais de um volu-me, em uma bonita encadernao. Na empresa, chefes, secretrias e todos aqueles que escrevem cartas, documentos, informes, orientaes etc. re-correm a algum dicionrio, pelo menos de vez em quando. Na escola, professores e alunos em geral podem dispor de mais de um ttulo, na biblioteca ou mesmo na sala de aula. E atualmente, onde quer que esteja, qualquer um pode ter acesso a um dicionrio pela internet: muitos sites apresentam verses eletrnicas, de rpida e fcil consulta, de dicionrios de bolso ou completos.To presentes esto os dicionrios em nosso cotidiano que raramente nos perguntamos: O que um dicionrio? Para que serve? E a respos-ta parece to bvia que, se por acaso essa dvida nos acomete, dicilmente sabemos responder de imediato, com um discurso to claro e bem articulado quanto as prprias definies que procuramos nos dicionrios. Assim, antes de saber quais so e de discutir o que fazer com os que o Ministrio da Educao acaba de enviar a nossas escolas pblicas de ensino fundamental e mdio, por meio do Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD), vamos lembrar alguns dados importantes sobre dicionrios. Para isso, teremos de recorrer, aqui e ali, a alguns termos tcnicos. Mas todos eles sero destacados em negrito-itlico, e viro explicados no Anexo 2.O poder das palavrasTalvez possamos comear a dizer que um dicionrio um produto legtimo dessa sede de saber que nos leva a formular perguntas do tipo o que X?, para que serve X? Tentando responder a perguntas desse tipo, criaram-se, ao longo dos sculos, objetos de conhecimento como o in-consciente, a linguagem e a vida em so-ciedade, por exemplo; disciplinas a psicanlise, a lingustica e as cincias sociais, entre outras; e as grandes reas epistemolgicas como as cincias humanas, as exatas e as naturais. Considerando-se esse panorama, podera-mos dizer: que o objeto de conhecimento visado pe-los dicionrios a palavra; que a disciplina a que ele est mais dire-tamente associado uma especialidade da lingustica, a lexicograa; e que, do ponto de vista epistemolgico, a rea em que nos situamos a das cincias humanas; afinal, nada mais humano que a linguagem, ou o nosso desejo de conhec-la e domin-la cada vez melhor.Os dicionrios, tais como os conhecemos hoje, surgiram muito recentemente, na histria da humanidade. Ainda que sua pr-histria se confunda com a inveno da escrita, portanto remonte s mais antigas civilizaes letradas, os primeiros dicionrios teriam surgido, de acordo com especialistas, por volta do nal do sculo XV, na Europa. E teriam sido elaborados com dois tipos diferentes, mas associados, de objetivos. Num primeiro caso, os propsitos eram emi-nentemente didticos: estabelecer equivalncias 10PNLD 2012 Dicionriosentre palavras do latim (e, s vezes, do grego) e lnguas modernas como o espanhol, o francs e o portugus. Era uma forma de facilitar o acesso dos alunos aos textos clssicos estudados nas universidades. O segundo objetivo era sistematizar, ao lado das ento recentes gramticas de lnguas mo-dernas, o conhecimento de lnguas cujas naes lanavam-se conquista de outros povos. Nesse contexto, gramticas e dicionrios de lnguas europeias como o espanhol tornavam-se ver-dadeiros smbolos nacionais; e serviam para propiciar e estabelecer uma espcie de consenso sobre que variedade da lngua seria imposta e ensinada aos conquistados. Por outro lado, esse saber lingustico poderia ser mobilizado para que os prprios europeus descrevessem e aprendessem as lnguas desses mesmos povos, para tornar possvel, entre outros empreendi-mentos decorrentes da conquista, a catequese.Podemos dizer, entretanto, que a origem dos dicionrios remonta s clebres listas, carac-tersticas dos quinze primeiros sculos da his-tria da escrita. Na Mesopotmia, por exemplo, os sumrios elaboraram inmeras delas, com diferentes funes: inventariar patrimnios, re-gistrar acontecimentos importantes, especicar oferendas aos deuses e assim por diante. Todas elas, ao que parece, explicavam-se por interesses prticos da vida econmica, da administrao, da histria da comunidade, da religio, etc. Tratava-se, assim, de registrar, para salvar do esquecimen-to, informaes de grande importncia para o desenvolvimento de atividades essenciais no dia a dia dessas sociedades. E, provavelmente, faziam parte de um esforo para conhecer e dominar a realidade que repertoriavam. J as famosas listas de palavras ou listas lexicais , to frequentes quanto as demais, nesse mesmo perodo, no evidenciam qualquer utilidade imediata. De acordo com pesquisadores, essas listas tinham, provavel-mente, a funo de agrupar palavras com algum trao comum: nomes de rvores, pedras, deuses, funcionrios, pessoas, animais, objetos; ou pa-lavras de mesma raiz, de mesma origem, de ter-minao idntica etc. Tudo leva a crer, portanto, que j nesses primeiros registros, as culturas que dispunham de um sistema de escrita regis-traram palavras por um duplo interesse: o domnio ou conhecimento de mundo que elas propiciariam; o conhecimento relativo a sua origem, sua estrutura e seu funcionamento na lngua. certo, portanto, que, por meio das palavras registradas nessas listas, nossos antepassados pretendiam conhecer melhor tanto as coisas do mundo quanto as prprias palavras e, por-tanto, tambm a linguagem que utilizavam para design-las. Dealgumaforma,estaaindaadupla orientao dos dicionrios contemporneos: o primeiro caso o da preocupao enciclopdica, que leva os dicionrios a associar a cada palavra registrada o mximo possvel de informaes a respeito da coisa que ela designa; o segundo caso o da orientao lingustica, que procura revelar de que forma esto organizadas na lngua as pa-lavras repertoriadas. Assim, uma palavra como abacaxi vir associada, num dicionrio, a infor-maes tanto relativas coisa (classicao bot-nica, usos culinrios, regio de origem etc.) quan-to ao vocbulo: substantivo masculino, origem tupi, usado tambm como gria, com o sentido de coisa trabalhosa e complicada. E exatamente a orientao predominante para a coisa ou para o vocbulo que est na base da diferena entre dicionrios enciclopdicos, no primeiro caso, e lin-gusticos, no segundo. 11PNLD 2012 DicionriosEm qualquer dos casos, o que distingue o dicionrio de outros gneros exatamente essa dupla aposta no poder da palavrae no seu estrei-to compromisso com o lxico, que ele pretende inventariar e descrever. Na qualidade de compo-nente de uma lngua, o lxico pode ser denido, inicialmente, como o conjunto de todos os voc-bulos de que essa lngua dispe. De forma geral, nesses termos que ele vem denido em boa parte das gramticas escolares, mas tambm em mui-tos manuais e dicionrios de lingustica1. O lxico no dicionrioJ nesse primeiro entendimento o lxico uma abstrao, ou melhor, uma reconstru-o terica do mundo das palavras, com base em experincias concretas sempre limitadas. Ningum se depara, no uso cotidiano de uma lngua, com todas as suas palavras. O que de fato testemunhamos, nas diferentes situaes de comunicao, o vocabulrio efetivamente em-pregado por cada usurio com que temos conta-to. Nesse vocabulrio, h termos de uso comum, que todos, em princpio, dominam; outros, so usados e/ou conhecidos apenas em determina-das circunstncias, ou predominantemente por um tipo particular de pessoa (crianas, idosos, homens, mulheres), em determinadas camadas sociais ou em certas regies. Assim, nenhum falante capaz de empregar ou mesmo reconhecer e compreender todas as palavras de sua lngua, nem dominar todos os recursos de comunicao e expresso de que elas dispem. Mas essa experincia individualmen-te limitada com os vocbulos que nos permite apreender sua natureza e estrutura e entender de que maneira funcionam, em nossa lngua, os mecanismos que nos permitem criar e utilizar 1 Ver, a respeito, o Dicionrio de lingstica, de Mattoso Cmara Jr. palavras. essa experincia, ainda, que nos faz perceber a distncia que sempre se estabelece entre o vocabulrio que conhecemos e domina-mos e as demais palavras que circulam na comu-nidade lingustica de que fazemos parte. Podemos dizer, ento, que o lxico, mesmo considerado apenas em sua dimenso de con-junto das palavras disponveis em uma lngua, , antes de mais nada, uma rede de funes e de relaes de forma e de sentido entre vocbulos2, e no uma simples lista de itens. Isso porque no domnio do lxico nenhuma unidade est isola-da das demais. Pelo contrrio: cada vocbulo se dene por uma srie de relaes com os demais. E essas relaes podem ser: de sentido como as que se estabelecem entre palavras que pertencem a um mes-mo campo temtico (po, leite, manteiga, caf, biscoito...), que so sinnimas ou antnimas entre si; de forma como acontece com vocbu-los que so homnimos ou parnimos um do outro, ou que apresentam as mes-mas slabas ou os mesmos fonemas, mas dispostos em ordens diferentes, um cons-tituindo um anagrama do outro, como Amrica e Iracema; de forma e de sentido como acontece com as sries de palavras que tm um mesmo radical (famlias de palavras). Alm dessas relaes, as palavras desempe-nham, quando em uso, diferentes funes poss-veis. Algumas dessas funes se referem prpria interao e comunicao entre os usu rios da lngua numa situao concreta. H, por exemplo, palavras do tipo eu, voc, aqui e agora que ser-vem para criar a prpria cena de comunicao: o 2 Cf. Marcuschi (2004), por exemplo.12PNLD 2012 Dicionriossujeito que fala (eu), aquele a quem ele se dirige (voc), o lugar em que ambos se encontram (aqui) e o tempo em que tudo isso acontece. Em outros casos, as palavras funcionam para azeitar as relaes entre os interlocutores: estabelecendo um nvel de linguagem adequado (formal ou informal), dando nfase ao que se diz (superla-tivos e diminutivos, por exemplo), interpelando diretamente o interlocutor (o caso dos vocativos), caracterizando o que um outro disse (ele disse, gritou, vociferou, disparou ...), relacionando o que o falante diz com o que se acaba de dizer, etc. H, tambm, os vocbulos e as expresses xas que organizam o discurso, assinalando o seu incio, o seu desenvolvimento e a sua concluso; ou, ainda, relacionando as diferentes partes de uma fala ou texto umas com as outras. Finalmente, h, tambm, as funes sintticas que palavras como as preposies e conjunes desempe-nham na construo de frases e enunciados.Assim, escolher a palavra certa, numa de-terminada situao de comunicao, envolve o conhecimento no apenas de uma lista de termos possveis e seus signicados, mas, prin-cipalmente, das funes e relaes que podem se estabelecer entre cada um deles e os demais, at porque seus signicados resultam, em boa medida, dessas relaes e funes. Ao selecionar palavras do lxico, num contexto determinado, o falante desenvolve, portanto, uma estratgia comunicativa particular, recorrendo aos seus co-nhecimentos tanto do lxico quanto da prpria situao em que se encontra. Nesse sentido, podemos dizer que um dicio-nrio ser to melhor, como inventrio das pala-vras de uma determinada lngua e descrio de suas potencialidades, quanto maiores e mais per-tinentes forem as informaes reunidas sobre cada palavra, em suas funes e relaes. Assim, poder municiar adequadamente o usurio. Por outro lado, esse esforo cotidiano dos falantes da lngua para usar a palavra certa na hora certa leva a muitas inovaes. Especial-mente quando o termo mais adequado parece faltar no repertrio disponvel, o falante pode propor inovaes vocabulares: fazendo um novo uso de um velho termo (o verbo baixar, em informtica); ou pro-pondo um novo vocbulo, construdo de acordo com as regrasda lngua para a formao de palavras (a palavra imexvel, por exemplo) nesses casos, teremos um neologismo; buscando a palavra mais adequada em uma outra lngua (abajur, araruta e inmeras outras) teremos, ento, o emprstimo. Por esses e por outros motivos, sempre possvel acrescentar ou excluir algum item da descrio que fazemos do lxico. E as relaes que reconhecemos entre os seus termos esto sem-pre sujeitas a alteraes, em decorrncia de novas demandas de expresso e comunicao. Aprovei-tando a oportunidade para um jogo de palavras que ilustra bem essa realidade, podemos dizer que, no lxico, um vocbulo no isso ou aquilo, mas est, nesse ou naquele feixe de relaes; por-tanto, tal como acontece com a moeda, seu valor efetivo s se estabelece na hora do uso. Finalmente, vamos lembrar que o lxico, tan-to como abstrao do falante leigo quanto como (re)construo do linguista ou do lexicgrafo, sempre um retrato possvel da realidade da lngua, e no a prpria lngua. E assim como possvel tirar retratos muito diferentes de uma mesma pessoa ou de uma mesma paisagem, dependendo do enquadramento que dermos objetiva, do ngulo com que captarmos a ima-gem, do tratamento dado s cores e aos outros 13PNLD 2012 Dicionriosrecursos descritivos prprios da cmara, o lxico ser retratado de formas muito diversas num dicionrio, em funo da concepo de lngua e de lxico que o dicionarista adota, de seu inte-resse maior ou menor pela lngua atual ou pela de todos os tempos, por sua deciso de privi-legiar ou no a norma culta, de favorecer ou no certa(s) variante(s) regional(is), de incluir ou no grias, neologismos e emprstimos recentes etc. O dicionrio padro da lnguaDicionrios so, portanto, descries mais ou menos extensas, mais ou menos detalhadas, do lxico de um idioma. Resultam de crenas tericas distintas, quanto natureza da lngua e/ou do lxico, e podem organizar-se de formas bastante diversas, visando pblicos e objetivos distintos, na forma de uma determinada pro-posta lexicogrca. Tal diversidade, no entanto, no impede que, no contexto de uma lngua e de uma cultura, estabeleam-se parmetros capazes de denir o que a lexicgrafa brasileira Maria Tereza Camar-go Biderman denominou como o dicionrio pa-dro da lngua. Trata-se de um tipo de dicionrio que, tanto do ponto de vista da cobertura que faz do lxico quanto das informaes que forne-ce a respeito considerado, pela coletividade a que se dirige, como aquele que melhor atende s demandas culturais por conhecimentos sobre o lxico. E por essa razo tende a se tornar, nessa mesma cultura, o exemplo mais bem acabado de dicionrio. Foi o que se deu, segundo a mes-ma lexicgrafa, com o Petit Robert, na Frana, e com o Aurlio, no Brasil, em algum momento da histria de uma e outra cultura. Muitos desses dicionrios padro foram elaborados, basicamente, pela compilao pa-ciente de outros repertrios lexicais: dicionrios mais antigos gerais ou especializados listas de palavras, glossrios, vocabulrios tcnicos, textos literrios e outras fontes. Constituem-se, assim, como um levantamento o mais exaustivo possvel desses vocbulos e suas acepes. Via de regra, orientam-se por ideais lingusticos como a norma padro e os cnones literrios, tomados como exemplos de bons usos. Assim, por mais cri-teriosos que sejam, seus registros assumem uma perspectiva prescritiva, tendendo a traar retra-tos idealizados do lxico, algumas vezes bastante distantes da lngua efetivamente em uso.Seja como for, no s varia, a cada poca, a obra que socialmente eleita o dicionrio padro da lngua como a prpria concepo; a elaborao e a organizao de um dicionrio desse porte e desse alcance vm passando por grandes trans-formaes. Entre outros motivos, isso acontece porque as modernas tcnicas de registro e proces-samento de dados tornaram possvel o trabalho com grandes volumes de palavras e de informa-es a elas associadas, permitindo que o trabalho do lexicgrafo baseie-se num corpus, ou seja, num conjunto de produes lingusticas de fontes orais e/ou escritas coletado com base em crit-rios rigorosos. Assim, o organizador de um dicio-nrio pode contar, na produo de sua obra, com o testemunho vivo e direto dos usos das palavras. Um recurso como esse liberta os dicionrios tanto das eventuais arbitrariedades da compila-o artesanal que se via compelida a repetir registros anteriores, por mais distantes que pu-dessem parecer da lngua atual quanto dos compromissos dessa tradio lexicogrca com as normas urbanas de prestgio e com os usos literrios. Em consequncia, o lxico retratado por um dicionrio baseado em um corpus mais el lngua viva. E o trabalho do lexicgrafo que o elabora se equipara ao do cientista o bot-nico ou o zologo, por exemplo que descreve uma determinada espcie. 2. Para que servem os dicionrios?Na medida em que pretendem elaborar uma descrio plausvel do lxico de uma lngua ou de uma parte dele , os dicionaristas, ao con-ceber e elaborar suas obras, devem atender no apenas s suas convices tericas mas tambm s principais demandas prticas do falante s voltas com as palavras de sua lngua. Tanto na linguagem oral quanto na escrita, os usurios de uma lngua enfrentam, cotidia-namente, situaes em que seu domnio, e mes-mo seu conhecimento, sobre as palavras, pode ser decisivo para a eficcia de uma ao. Um mdico, por exemplo, ao usar um termo tcnico em sua interao com o paciente, precisa ter segurana quanto ao que signica o vocbulo e s diferenas que existem entre ele e as palavras empregadas no linguajar comum para falar a respeito. S assim poder certicar-se de que o paciente entendeu o diagnstico e est em con-dies de seguir o tratamento. Por outro lado, ao explicar e pr em circulao a terminologia tc-nica, pode beneciar-se de relatos mais precisos, da parte de seus clientes. Trocar em midos a terminologia que emprega e transpor a lingua-gem do paciente para o jargo especializado, na hora do diagnstico, fazem parte do exerccio profissional do mdico, e no so apenas uma gentileza ou uma habilidade pessoal. Da mesma forma, todo e qualquer especialis-ta, quando presta contas de suas atividades ao pblico em geral, se v diante da mesma deman-da. Os dicionrios servem, ento, para subsidiar o usurio nessas situaes, diminuindo a distncia que separa o vocabulrio e os recursos lexicais que ele domina das possibilidades que o lxico de sua lngua oferece. Por essa razo, nas ocasies em que o sentido das palavras est em questo, os dicionrios so sempre bem-vindos. Quando nada, servem para tripudiar com o adversrio, como na tirinha do Hagar que abre esta seo.Um servidor de muitos patresComo procuram registrar o maior nmero possvel de palavras da lngua escrita e falada, e se esforam por reunir a seu respeito o mximo de informaes pertinentes, os dicionrios so servidores de muitos patres. Servem a todas e a cada uma das especialidades com que convive-mos; e assim, devem delidade ao cotidiano de usurios muito diferentes. Por isso mesmo, re-gistram e explicam o que signicam e como fun-cionam ou seja, o que valem as palavras que designam as mais variadas coisas que existem nossa volta (palavras lexicais), assim como as que servem para pr a lngua em funcionamento, organizar o discurso e estabelecer relaes entre AUTOR: DIK BROWNE1415PNLD 2012 Dicionriossuas partes (palavras gramaticais). Assim, no por acaso que os dicionrios muitas vezes so chamados de tesouros (ou thesaurus, em latim), palavra que significa ao mesmo tempo lugar onde se guardam coisas e grandes riquezas.Namedidaemqueguardampal avras como quem guarda riquezas, os dicionrios empregam tcnicas e mtodos apropriados, elaborados ao longo de sculos pela lexicogra-a, e capazes de indicar para os eventuais in-teressados com maior ou menor delidade, mais ou menos detalhes, maior ou menor pre-ciso e rigor o valor de cada palavra. Assim, o usurio poder, nesses verdadeiros arquivos, identicar com preciso o que procura. Porm, as informaes reunidas pelo dicionrio, tanto no que afirma sobre as coisas quanto no que explica sobre a lngua, no so produzidas pelo dicionarista, mas recolhidas por ele na cultura de que todos participamos e traduzidas ou transpostas. E provm, ento, de: saberes populares, ou seja, conhecimen-tos no especializados mas compartilha-dos e consensuais, numa determinada cultura; o caso da prpria noo de pa-lavra como um tipo de unidade da lngua, ou mesmo da ideia de que o mundo se organiza em categorias e subcategorias de coisas ou seres: animais, vegetais, minerais etc.; saberes especializados sobre a lngua e o mundo, ou seja, conhecimentos cientcos de variada procedncia: lingustica, teoria literria, matemtica, biologia, fsica etc. 16PNLD 2012 DicionriosNesse sentido, os conhecimentos que o dicio-nrio pe nossa disposio so de segunda mo, o que faz dele um gnero didtico (e/ou de divulgao) por excelncia. Numa denio de tomo, no vamos encontrar a denio dada por um fsico, mas uma sntese, uma traduo de denies tecnicamente especializadas. Da mesma forma, nos conhecimentos cultural-mente compartilhados, as explicaes no so as que obteramos perguntando a respeito de algum na rua, mas uma verso mais formal e sistematizada. Portanto, tambm por esse moti-vo os dicionrios no so sempre nem devem pretender ser a ltima palavra sobre os itens que registram.Seja como for, ao cabo de uma consulta aumdicionriobemelaborado,portanto consciente de suas possibilidades e limites, o usurio sai enriquecido da experincia. E um desses enriquecimentos ser a sua progressi-va familiaridade com a organizao prpria do dicionrio, ou seja, o conhecimento que adquire sobre os tipos de informao que ali se encontram, ou mesmo a rapidez crescente com que localizar uma informao. Nesse sentido, o uso consciente e crtico de um dicio-nrio acaba desenvolvendo uma proficincia especfica para a busca, o processamento e a compreenso das informaes lexicogrcas. Esse conhecimento, por sua vez, ser uma ex-celente ferramenta para o desenvolvimento da competncia leitora e do domnio do mundo da escrita. exatamente por esse motivo que o surgimento dos dicionrios, numa lngua determinada, assim como o seu uso efetivo nas mais diferentes situaes sociais, indiciam um alto grau de letramento, seja da sociedade, seja do usurio prociente.Proposta lexicogrcaFora ou dentro da escola, um dicionrio pode prestar muitos e variados servios, cada um deles associado a um determinado aspecto da descrio lexicogrca, ou seja, do conjunto de explicaes que ele fornece sobre cada uma das palavras registradas. Vejamos os mais impor-tantes desses servios: tirar dvidas sobre a escrita de uma pala-vra (ortograa); esclarecer os signicados de termos des-conhecidos (denies, acepes); precisar outros usos de uma palavra j conhecida (denies, acepes); desvendar relaes de forma e de contedo entre palavras (sinonmia, antonmia, ho-monmia etc.); informar a respeito das coisas designadas pelas palavras registradas (informaes sobre o inventor dos bales a gs e o con-texto de poca, num verbete como balo); indicar o domnio, ou seja, o campo do conhecimento ou a esfera de atividade a que a palavra est mais intimamente re-lacionada; essa informao particular-mente importante quando uma mesma palavra assume sentidos distintos (ou acepes) em diferentes domnios, como planta, em biologia e em arquitetura; dar informaes sobre as funes grama-ticais da palavra, como sua classicao e caractersticas morfossintticas (descri-o gramatical); indicar os contextos mais tpicos de uso do vocbulo e , portanto, os valores sociais e/ou afetivos a ele associados (nveis de linguagem; estilo);17PNLD 2012 Dicionrios assinalar, quando o caso, o carter regio-nal de uma palavra (informao dialeto-lgica); descrever a pronncia culta de termos do portugus (ortopia) e a pronncia aproximada de emprstimos no aportu-guesados; prestar informaes sobre a histria da palavra na lngua (datao; indicao de arcasmos e de expresses em desuso) revelar a origem de um vocbulo (etimo-logia).Quanto mais ampla for a seleo de vocbu-los, maior ser a cobertura que o dicionrio faz do lxico; mais numerosa, portanto, ser a sua nomenclatura. E quanto mais detalhada e pre-cisa for a descrio lexicogrca que se faa de cada termo, mais rigorosa e mais aprofundada como conhecimento sobre a lngua ela ser. As-sim, em funo dos objetivos que perseguem, os dicionrios podem diferir entre si em termos de maior ou menor cobertura e de maior ou menor profundidade, detalhamento e rigor descritivos. A esta altura, convm lembrar que o lxico um componente dinmico e aberto: novas palavras surgem a todo o momento, para suprir necessidades de expresso tambm novas; ao mesmo tempo, outros vocbulos se despedem da cena cotidiana para entrar na histria da lngua (palavras em processo de desuso e arca-smos consumados). Portanto, nenhum dicio-nrio, por mais exaustivo que se pretenda em sua cobertura e descrio, atinge efetivamente a completude. Mal editado e publicado, e j o lxico mudou, aqui ou ali.Convm lembrar, tambm, que os nveis de descrio e os graus de cobertura no interes-sam igualmente a qualquer grupo de usurio. Para adultos brasileiros que muito raramente entram em contato com palavras tpicas de pocas passadas ou de outros pases lusfonos, um dicionrio que cubra apenas o lxico do por-tugus contemporneo do Brasil estar de bom tamanho. Para aqueles que leem textos antigos e/ou de autores portugueses, moambicanos e angolanos, por exemplo, ser necessrio um di-cionrio mais amplo. Da mesma maneira, para usurios que no so profissionais da escrita, uma descrio lexicogrfica mais abreviada suciente. J para aqueles que precisam conhe-cer o mximo possvel sobre os valores e o com-portamento de uma palavra, para explor-la at o limite numa pea literria ou, ainda, num texto que procura, pela reexo, expandir os li-mites do conhecimento estabelecido, o dicion-rio adequado ser aquele que recorrer a um rico aparato descritivo.Assim, um dicionrio prestar servios to mais adequados quanto mais ajustados ao p-blico a que se dirige forem o seu zelo descritivo e a representatividade de sua cobertura. Por isso mesmo, todo e qualquer dicionrio segue um plano prprio, orientado para uma situao de uso e um pblico determinados. O arranjo particular de mtodos e tcnicas obedecido pelo dicionrio a sua proposta lexicogrca. 18PNLD 2012 Dicionrios3. O que esperar de um dicionrio de uso escolar?Por sua proposta lexicogrca, um dicion-rio pode ser um instrumento bastante valioso para a aquisio de vocabulrio e para o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita; e isso, para todas as reas e para todas as horas, j que ler e escrever, dentro e fora da escola, fazem par-te de muitas outras atividades. Alm disso, para o caso particular de Lngua Portuguesa, um dicionrio poder dar subsdios importantes tambm para o estudo do lxico, em seus diferentes aspectos. Na maior parte das propostas curriculares estaduais e municipais, um dos objetivos gerais da educao bsica desenvolver no aluno a capacidade de recorrer de forma adequada a diferentes linguagens, comunicando-se com eficcia em diferentes situaes sociais. Uma vez que o progressivo domnio da linguagem escrita central tanto para o sucesso dessa empreitada quanto para o desenvolvimento da autonomia relativa do aluno nos estudos, os dicionrios certamente tm uma contribuio efetiva a dar. Por outro lado, a anlise e a reflexo sobre a lngua e a linguagem e, portanto, tambm sobre o lxi-co so parte do ensino de lngua materna. E o conhecimento sistematizado sobre o lxico que o dicionrio proporciona tem um papel relevan-te a desempenhar na (re)construo escolar do conhecimento sobre a lngua e a linguagem.Esse o motivo pelo qual o dicionrio, que , anal, um gnero de vocao didtica, pode ser particularmente til e mesmo imprescindvel ao cotidiano da escola. Mas na medida em que professores e alunos, em consequncia das ati-vidades que desenvolvem, criam demandas de ensino e aprendizagem que no se confundem com as de outros pblicos, os dicionrios mais indicados para o uso escolar sero aqueles cuja proposta lexicogrca no s se mostra compa-tvel com essas atividades como pensada para propiciar o seu desenvolvimento; e, entre eles, so ainda mais adequados os que foram conce-bidos e elaborados para atender a essas deman-das especficas. Como uma dessas demandas exatamente a da adaptao do que se quer ensinar/aprender ao nvel de ensino e aprendi-zagem visado, podemos acreditar que os dicio-nrios orientados para faixas especcas sero mais ecazes em seus propsitos pedaggicos.Na medida em que os dicionrios escolares disponveis no mercado livreiro visam diferen-tes pblicos, obedecem a diferentes propostas e so realizados com graus variados de rigor, po-dem se revelar mais ou menos adequados para a consecuo dos objetivos pedaggicos visados. No caso de obras que foram objeto de avaliao ocial, a questo ainda mais candente:Considerando-se o conjunto de servios que um dicionrio pode prestar, quais dos ttulos disponveis melhor atenderiam s demandas do ensino e da aprendizagem? Com que rigor cada uma dessas obras executa sua proposta lexico-grca? E com que qualidade editorial? Partindo de questes desse gnero e toman-do como referncia: os projetos a que os dicionrios inscritos obedecem; os padres de rigor da descrio lexico-grca; os objetivos da educao bsica em geral e de cada um de seus nveis de ensino; o MEC avaliou e selecionou, para as nossas es-colas pblicas, dicionrios o mais possvel ade-quados ao uso escolar. Voc pode conferir a lista completa dessas obras no Anexo 1.19PNLD 2012 Dicionrios4. Novos dicionrios esto chegando...Desde 2006, um dos objetivos do PNLD tem sido o de equipar as escolas com um nmero significativo de diferentes tipos e ttulos de dicionrios. Com isso, as equipes docentes dispem de mais um recurso, no s para o en-riquecimento de seu patrimnio cultural, mas, ainda, para um dilogo proveitoso, em sala de aula, com os livros didticos, os acervos comple-mentares destinados aos trs primeiros anos do ensino fundamental, as obras disponveis na biblioteca escolar ou na sala de leitura, peri-dicos e obras terico-metodolgicas destina-das ao professor e os vdeos da TV Escola. Para avaliar as possibilidades pedaggicas dessas obras, no entanto, preciso resgatar os parmetros estabelecidos para elas pelo PNLD3 2012. De acordo com o Edital correspondente, um dicionrio escolar deve caracterizar-se, an-tes de tudo, pela etapa de ensino a que se desti-ne e pelo seu porte, ou seja, pela quantidade de verbetes e de informaes a respeito que rena. Deve, ainda, configurar-se de acordo com um dos quatro tipos abaixo: Tipos de dicionrios Etapa de ensino CaracterizaoDicionrios de Tipo 11 ano do Ensino Fundamental Mnimo de 500 e mximo de 1.000verbetes; Proposta lexicogrca adequada s demandas do processo de alfabetizao inicial. Dicionrios de Tipo 22 ao 5 ano doEnsino Fundamental Mnimo de 3.000 e mximo de 15.000 verbetes; Proposta lexicogrca adequada a alunos em fase de consolidao do domnio tanto da es-crita quanto da organizao e da linguagem tpicas do gnero dicionrio.Dicionrios de Tipo 36 ao 9 ano do Ensino Fundamental Mnimo de 19.000 e mximo de 35.000 verbetes; Proposta lexicogrca orientada pelas caracte-rsticas de um dicionrio padro de uso escolar, porm adequada a alunos dos ltimos anos do ensino fundamental.Dicionrio de Tipo 41 ao 3 ano do Ensino Mdio Mnimo de 40.000 e mximo de 100.000 ver-betes; Proposta lexicogrfica prpria de um dicio-nrio padro, porm adequada s demandas escolares do ensino mdio, inclusive o pros-sionalizante.3 Ver, a respeito, BRASIL. SEB. MEC. Edital do PNLD Dicionrios 2012. Braslia: 2011.20Como fcil perceber por esse quadro, os dicionrios de um determinado tipo diferem dos demais no s pela quantidade e pelo tipo de palavra que registram, mas, ainda, pelo tra-tamento que do s explicaes de sentidos, estrutura do verbete e organizao geral do volume. E essas diferenas de porte e organiza-o devem justicar-se pelas particularidades do usurio visado.Em consequncia, mesmo no interior de um mesmo tipo, cada ttulo oferece ao aluno da educao bsica a que se dirige um acesso particular a diferentes aspectos da cultura da escrita, dos vocabulrios e do lxico do portu-gus. Enm: o mundo das palavras com todos os outros mundos a que elas podem dar acesso apresentado e descrito de forma diversa por cada proposta lexicogrca.21PNLD 2012 Dicionrios4Convm lembrar, a esta altura, que o mercado editorial brasileiro j conta com muitas verses eletrnicas de dicionrios, o que faz prever para breve sua incorporao a acervos escolares.Considerando-se em conjunto os tipos es-tabelecidos pelo PNLD, possvel traar uma clara linha divisria entre dois grupos de obras, correspondentes aos tipos 1 e 2, o primeiro, e 3 e 4, o segundo. Na medida em que tm como pblico-alvo alunos em processo de alfabetizao e de aquisi-o da escrita, os tipos 1 e 2 tm um porte limita-do, o que os distancia bastante da seleo voca-bular representativa de todo o lxico pr-pria do dicionrio padro da lngua. Nesse senti-do, esses dois primeiros tipos no se constituem, a rigor, como dicionrios. So, antes, repertrios de palavras organizados como tais, com o obje-tivo de introduzir (Tipo 1) e familiarizar (Tipo 2) o aluno do primeiro segmento com esse gnero e com o tipo de livro que, em sua verso impressa4, o caracteriza. Via de regra, limitam as classes de palavras a substantivos, adjetivos e verbos (Tipo 1), raramente ampliando esse repertrio (Tipo 2). Em contrapartida, os tipos 3 e 4, destinados a (pr-)adolescentes, j se inserem, ao menos no que diz respeito nomenclatura , e ainda que em diferentes graus , em padres bem estabelecidos de representatividade. E muito se aproximam de dois modelos culturalmente muito difundidos: o minidicionrio (Tipo 3) e o dicionrio padro (Tipo 4).A mesma linha divisria se revela se tomar-mos como referncia, agora, um dos objetivos mais visados pela escola e, em especial, pelo ensino de leitura e escrita: o desenvolvimento da competncia lexical, ou seja, o conjunto de diferentes saberes relativos s palavras que um falante domina, num determinado momento de sua formao lingustica. De acordo com pes-quisas sobre o processo individual de aquisio de vocbulos, o usurio mdio adulto ou, para o que nos interessa, o aluno que termina a edu-cao bsica dominaria cerca de 20.000 voc-bulos; j a criana de seis anos, estaria familiari-zada com aproximadamente 5.000 palavras. Desse ponto de vista estritamente quantita-tivo, a distncia entre a criana de seis anos e o adulto ou entre o aluno que entra no ensino fundamental e o que sai do ensino m-dio residiria em 15.000 palavras, a serem aprendidas dentro e fora da escola, ao longo de ao menos 12 anos. Nesses termos, pode-mosdizerqueafun-obsicadodicio-nrio escolar a de colaborar significativa-mente com os processos de ensi-no e aprendizado quesedesenvol -vem nesse pero-do,favorecendo, ai nda, acon-quista da auto-nomia do aluno no uso apropria-doebem-sucedido dos dicionrios de referncia de sua lngua. 5. Como so esses dicionrios?22PNLD 2012 DicionriosDicionrios de Tipo 1 e 2Do ponto de vista do nvel de ensino a que se destinam, os dicionrios de Tipo 1 e 2 tm em co-mum o fato de que devem atender a demandas pedaggicas dos cinco primeiros anos do ensino fundamental. Como sabemos, esses so os anos consagrados ao letramento e alfabetizao iniciais (trs primeiros anos ou primeiro ciclo), assim como consolidao desse processo (dois ltimos anos ou segundo ciclo). Uma das principais responsabilidades do primeiro ciclo est na organizao didtica do processo de aquisio do sistema alfab-tico de escrita. Afinal, esta uma condio essencial para o desenvolvimento de graus crescentes de letramento e de proficincia em leitura e escrita. Por isso mesmo, o pro-fessor desse ciclo deve poder contar, em sala de aula, com materiais didticos que, cum-prindo a funo de apresentar ao aluno g-neros textuais e tipos de impressos prprios do mundo da escrita, suponham diferentes graus de alfabetizao e de autonomia em leitura e escrita por parte das crianas. Nes-se sentido, os dicionrios de Tipo 1 so mais compatveis com um alunado ainda em pro-cesso de compreenso e aquisio da escrita alfabtica; e os de Tipo 2 supem alunos no s j capazes de decodificar a escrita como, ainda, de ler com alguma autonomia. Tendo em vista que procuram atender a demandas prprias desse nvel de ensino e aprendizagem, os ttulos reunidos nesses dois primeiros Tipos compartilham algumas carac-tersticas: recolhem, em sua nomenclatura, um nmero limitado de verbetes, incapaz de reetir a variedade dos tipos de palavras e expresses que o lxico de uma lngua como o portugus brasileiro abriga; tm como foco o vocabulrio que seus au-tores consideram bsico; propiciam ao trabalho de sala de aula um primeiro acesso ao universo das palavras e dos dicionrios; recorrem a ilustraes como estratgia tanto de motivao da leitura (ilustraes c cionais) quanto de explicitao de sen-tidos das palavras (funcionais); trazem verbetes de estrutura simples, com um pequeno nmero de acepes e informaes lingustico-gramaticais reduzidas ao indispensvel quase sem-pre em linguagem informal e acessvel, acompanhada de exemplos de uso.Distinguem-se, no entanto, no s pelo porte de suas respectivas nomenclaturas, mas ainda pela forma como se organizam para atingir seu principal objetivo, de familiarizar o aluno com o gnero e oferecer ao trabalho de sala de aula subsdios para as primeiras exploraes do vo-cabulrio e do lxico. 23PNLD 2012 DicionriosO Tipo 1Nossas escolas esto recebendo trs ttulos diferentes de dicionrios do primeiro tipo5:1.BECHARA, Evanildo. Dicionrio infantil ilus-trado Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. [1.000 verbetes]2.BIDERMAN, Maria Tereza Camargo & CARVA-LHO, Carmen Silvia. Meu primeiro livro de palavras; um dicionrio ilustrado do por-tugus de A a Z. 3 ed. So Paulo: tica, 2011. [999 verbetes] 3.Geiger, Paulo (org.). Meu primeiro dicion-rio Caldas Aulete com a Turma do Cocoric. 2 ed. So Paulo: Globo, 2011. [1.000 verbetes]5As referncias ao nmero de verbetes reproduzem as informaes disponveis nas edies analisadas em 2012.1)Cada um deles rene cerca de 1.000 pala-vras, selecionadas dentro de campos temticos relacionados com o cotidiano infantil, como ambiente domstico, escola, higiene e sade, alimentos, divises do tempo, brincadeiras e jogos etc. Todos eles trazem, em apndice, painis que renem ilustraes legendadas, re-lativas a um mesmo domnio. So os quadros temticos, sobre assuntos to diversos quanto frutas, cores, o corpo humano, insetos, nossa comida, lugares e posies, esportes etc. Ve-jamos trs exemplos:Biderman, Maria Tereza Camargo & Carvalho, Carmen Silvia. Meu primeiro livro de palavras; um dicionrio ilustrado do portugus de A a Z. 3 ed. So Paulo: tica, 2011. [999 verbetes]24PNLD 2012 Dicionrios2)3)Bechara, Evanildo. Dicionrio infantil ilustradoEvanildo Bechara. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 2011. [1.000 verbetes]Geiger, Paulo (org.). Meu primeiro dicionrio25PNLD 2012 DicionriosAinda que se destinem a crianas em fase inicial de alfabetizao, esses ttulos pressu-pem usurios que no s dominam o princpio alfabtico da escrita, como j sabem identicar e decodificar palavras grficas. Para ajudar os alunos que no se encontrem nesse estgio, ser possvel recorrer a um outro tipo de obra. Em qualquer um dos cinco diferentes acervos complementares distribudos s escolas em 2012, h, entre os livros da rea de Linguagens e cdigos, alguns que podem prestar excelentes servios para a reexo que o aluno deve fazer sobre a escrita, no processo de apropriao do sistema alfabtico. So os livros de palavras. Todos eles abrigam, dispostas em ordem alfabtica, listas de vocbulos seguidas de suas respectivas ilustraes e, algumas vezes, tam-bm de outros termos da mesma famlia. Neles, as ilustraes permitem que o aluno identique a palavra grca correspondente, funcionando, ainda, como denies. Em dois dos dicionrios de Tipo 1, persona-gens ccionais, em ilustraes atraentes e bem--humoradas, recebem o pequeno leitor porta do dicionrio e o acompanham na visita aos verbetes. No Caldas Aulete, esse papel desem-penhado pela Turma do Cocoric. 26PNLD 2012 DicionriosJ no Evanildo Bechara, cabe a Nildo, uma es-pcie de avatar infantil do prprio autor, fazer as honras da casa.27PNLD 2012 DicionriosPara alm das ilustraes e do recurso co, esses dicionrios caracterizam-se pela predominncia de denies de um tipo par-ticularmente produtivo para o processo de ensino e aprendizagem. Trata-se das denies oracionais, que, ao contrrio das definies clssicas ou analticas, se organizam como um pequeno enunciado expositivo ou narrativo, em linguagem simples, coloquial e interativa, muito prxima da oralidade: ambulnciaA ambulncia um carro especial para levar pessoas doentes ou machu-cadas para o hospital.[Meu primeiro dicionrio Caldas Aulete infantil ilustrado]Comoposs vel perceberfaci l mente, esses enunciados muito se aproximam das prticas com que os usurios mais experien-tes e maduros esclarecem oralmente o sen-tido de palavras e expresses para crianas. Assim,noscumpremadequadamente suas funes como evitam a complexidade e considerando-se a faixa etria em jogo a artificialidade das definies analticas, tpicas de um dicionrio padro:AMBULNCIA am-bu-ln-ci-a Sf 1 veculo especialmente equipado para condu-zir doentes e feridos 2 hospital mvel para socorro de emergncia.[Dicionrio Unesp do portuguscontemporneo]Entre as denies oracionais, h algumas, denominadas instanciativas, que correspon-dem a um uso efetivo da palavra denida:eclipsee-clip-seO eclipse ocorre quando um astro (estrela, planeta, etc.), ou parte dele, deixa de ser visto por um tempo por-que um outro astro se colocou na sua frente. Quando ocorre o eclipse do Sol, ca escuro durante o dia.[Meu primeiro livro de palavras]Recorrendo a tais formulaes, o enunciado, ao mesmo tempo que dene, constitui-se como um exemplo de uso do vocbulo e prepara a criana para a compreenso futura de defini-es mais complexas e abstratas.As intenes didticas desses dicionrios no se restringem, porm, ao tipo de denio. Os trs trazem, antes da lista alfabtica de verbetes, pre-fcios dirigidos tanto aos pais e/ou professores quanto aos prprios alunos. So textos de apre-sentao da obra, com informaes e linguagem ajustadas ao destinatrio visado. No dicionrio Evanildo Bechara, parte da apresentao cumpre, tambm, a funo de um guia do usurio, exer-cida por sees especcas nos outros dois ttulos.Ao final do volume, todos apresentam os quadros temticos j referidos. Alm deles, Evanildo Bechara inclui o mapa do Brasil, com as bandeiras dos estados e a diviso regional; bandeiras dos pases; tabela de nmeros ar-bicos, romanos, cardinais e ordinais; medidas do tempo; linhas e formas; e o Hino Nacional Brasi-leiro. Meu primeiro livro de palavras, por sua vez, oferece ao alfabetizando quadros informativos sobre sinais da escrita (acentuao; pontuao 28PNLD 2012 Dicionriose outros sinais) e abreviaturas; nmeros e medi-das; pessoas e posies; antnimos. Nem todos os verbetes desses trs dicionrios vm ilustrados. Seja como for, todas as pginas contam com desenhos que ora colaboram para a explicitao dos sentidos dessa ou daquela acepo de um vocbulo, ora motivam a leitura, aproximando-a o mais possvel de uma atividade ldica. No primeiro caso, o desenho aparece no mesmo campo visual do verbete; ou, quando vem deslocado, por fora da diagramao, h recursos como setas ou linhas pontilhadas que se encar-regam de estabelecer as relaes com o verbete correspondente. No entanto, j que todos os ttu-los desse Tipo optaram por ilustraes que, inva-riavelmente, remetem a universos imaginrios, nem sempre h clareza na informao visual, como podemos constatar em fronteira, no Meu primeiro livro de palavras, espalhar, em Evanildo Bechara, ou praa, no Caldas Aulete. O Tipo 2Quanto aos dicionrios do segundo tipo, des-tinam-se aos anos nais do primeiro segmento do ensino fundamental. O objetivo, aqui, fami-liarizar o aluno com os dicionrios padro, ainda que, em consequncia das caractersticas do lei-tor iniciante e das demandas prprias da escola, essas obras atendam, sobretudo, a compromis-sos didticos. Nesse sentido, podem ser utiliza-dos com proveito desde o primeiro ano, como exemplos de obra de maior porte; ou mesmo nos primeiros anos do segundo segmento do ensino fundamental, como recurso complementar no processo de familiarizao dos alunos com os dicionrios de Tipo 3. Sete ttulos foram selecionados:1.BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Dicio-nrio ilustrado de portugus. 2 ed. So Paulo: tica, 2009. [5.900 verbetes] 2.BORBA, Francisco S. Palavrinha viva; di-cionrio ilustrado da lngua portugue-sa. Curitiba: Pi, 2011. [7.456 verbetes]3.BRAGA, Rita de Cssia Espechit& MAGA-LHES, Mrcia A. Fernandes. Fala Brasil!; dicionrio ilustrado da lngua portu-guesa. Belo Horizonte: Dimenso, 2011. [5.400 verbetes]4.FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Dicionrio Aurlio ilustrado. Curitiba: Positivo, 2008. [10.243 verbetes]5.GEIGER,Paulo (org.). Caldas Aulete Di-cionrio escolar da lngua portuguesa; ilustrado com a turma do Stio do Pica--Pau Amarelo. 3 ed. So Paulo: Globo, 2011. [6.183 verbetes]6.MATTOS, Geraldo. Dicionrio jnior da lngua portuguesa. 4 ed. So Paulo: FTD, 2011. [14.790 verbetes]7.SARAIVA, Kandy S. de Almeida & OLIVEIRA, Rogrio Carlos G. de. Saraiva Jnior; dicionrio da lngua portuguesa ilus-trado. 3 ed. So Paulo: Saraiva, 2009. [7.040 verbetes]Reunindo um nmero de verbetes que varia de 5.900 (Dicionrio ilustrado de portugus) a 14.790 (Dicionrio jnior da lngua portuguesa), os dicionrios de Tipo 2 so bastante diversos, no que diz respeito ao projeto grfico e estrutura dos verbetes, congurando propostas lexicogrcas distintas. Do ponto de vista pedaggico, poss-vel enxergar, nessas obras, caractersticas que as aproximam ora dos dicionrios de Tipo 1, ora dos 29PNLD 2012 Dicionriosde Tipo 3, como veremos. Isso dever permitir ao professor estratgias didticas bastante variadas, seja de ensino e aprendizagem do gnero, seja de tratamento do vocabulrio e do lxico.Duas dessas obras o Caldas Aulete e o Pa-lavrinha viva mantm alguns dos traos dos dicionrios do Tipo 1, ao mesmo tempo em que ampliam tanto a nomenclatura selecionada, quanto as informaes semnticas, gramaticais e contextuais de cada verbete, assim como os recursos grcos correspondentes. No contexto dos dicionrios de Tipo 2, caracterizam-se pelo dilogo que promovem seja com a literatura infantil, seja com as ilustraes e o imaginrio que, em geral, a ela se associam.Palavrinha viva aposta nos desenhos coloridos e bem-humorados. Mas s explica o sentido das rubricas que assinalam a descrio lexicogrca de cada verbete na Chave do dicionrio e na lista de Abreviaturas. J o Caldas Aulete, valendo-se do universo c cional do Stio do Pica-Pau Amarelo como recurso motivacional, indica, por meio de rubricas sempre retomadas e desdobradas no rodap da pgina, estrangeirismos, subentradas, locues, sinnimos e antnimos etc. Ambas as obras se valem de bons recursos grcos para in-dividualizar as sees alfabticas, como as cores, as separatrizes e o destaque dado, na margem das pginas, letra correspondente a cada seo.Numa outra perspectiva, Saraiva Jnior e Fala Brasil! seguem projetos grco-editoriais que os aproximam dos almanaques infantis; o primeiro deles, at pelo formato de bolso. Alm disso, bo-xes como Voc sabia? e Faa voc mesmo insti-gam a curiosidade e a iniciativa do aluno: 30PNLD 2012 DicionriosEm ambos os dicionrios, a preocupao com o domnio da ordem alfabtica pela criana se faz presente. Entre outros aspectos, pela repro-duo integral do alfabeto nas margens direita (folhas mpares) e esquerda (folhas pares), com a letra de cada seo devidamente destacada. No Fala Brasil!, sees como Desafio, Voc sabia, sabi? e Lupa na palavra, ampliam as informaes de alguns verbetes; por sua vez, Pa-lavra cantada, O pio da piada, O que , o que e Para brincar de... (adedanha; falar a lngua do p; palavras embaralhadas; etc.) expandem e contex-tualizam os usos dos vocbulos a que se referem, ao mesmo tempo em que tm carter ldico. Ao mesmo tempo, Adivinha, Trava-ln-gua e Provrbio tm funo predominante-mente ldica, mas envolvem gneros de inte-resse didtico para esse nvel de ensino. 31PNLD 2012 DicionriosSemilustrao, mas com quadros temticos (painis ilustrados) em suas pginas finais, o Dicionrio jnior da lngua portuguesa o que mais se assemelha aos de Tipo 3, no que diz respeito ao projeto grco (inclusive formato) e tambm ao porte da nomenclatura. No entanto, assim como nos demaisexemplos desse tipo, o carter didtico revela-se em aspectos como se-leo lexical dirigida ao seu pblico, nas deni-es em linguagem simples e sempre seguidas de exemplos, nas informaes agregadas a cada vocbulo, justicadas por demandas escolares.Esse mesmo dicionrio traz um recurso de busca bastante produtivo para alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Trata-se de um ndice das expresses idiomticas de-finidas na obra, com a indicao dos verbetes em que constam.Por sua vez, o Dicionrio ilustrado de portu-gus distingue-se dos anteriores por apostar num projeto grfico-editorial que lembra as enciclopdias infanto-juvenis. De modo geral, a obra procura cumprir o duplo desafio de motivar as crianas para o fascinante mundo das palavras e de introduzi-las no universo de um dicionrio bastante semelhante, no que diz respeito organizao do verbete e s informaes disponveis, aos destinados a adultos. Num formato semelhante ao de livros didticos e com muitas ilustraes, o dicion-rio investe numa seleo criteriosa dos voc-bulos, estabelecida com base em um corpus de cerca de seis milhes de palavras, recolhidas em diferentes situaes de escrita e de fala. A apresentao bastante didtica e adequada ao aluno desse nvel, enquanto as definies recorrem a linguagem simples mas precisa. Assim como a anterior, duas outras obras procuram assemelhar-se aos dicionrios de uso geral. Neste caso, at mesmo por meio da signi-cativa ampliao da nomenclatura, se as com-paramos com as demais desse Tipo.Em funo de seus propsitos didticos, o Dicionrio Aurlio ilustrado apresenta-se como uma verso menor da obra de referncia a que se vincula: nomenclatura definida em funo do aluno recm-alfabetizado, numerosas ilus-traes coloridas, acepes mais frequentes e denies simplicadas. 32PNLD 2012 DicionriosDicionrios de Tipo 3 e 4Por seu porte, formato e objetivos, os dicion-rios desses dois tipos muito se aproximam dos que se dirigem ao pblico geral, embora tenham como foco o aluno do segundo segmento do ensino fundamental (Tipo 3) e do ensino mdio (Tipo 4). Por suas caractersticas, todos eles po-dem, como veremos, prestar bons servios ao processo de ensino e aprendizagem. Mesmo o professor poder valer-se deles, para sanar dvi-das sobre certas palavras e expresses da lngua. O Tipo 3Os de Tipo 3, mesmo nos casos em que o proje-to grco-editorial est orientado para o pblico jovem escolarizado, tm, quase todos, caracters-ticas tpicas de minidicionrios de uso geral: registram entre 19.000 e 30.000 palavras; s se valem quando o caso de ilustra-es funcionais, jamais recorrendo, portan-to, a universos ficcionais ou perseguindo objetivos puramente motivacionais; conguram-se como representativos do lxico do portugus brasileiro, incluindo palavras de todas as classes e tipos; e, al-gumas vezes, siglas, smbolos, axos etc.; tm uma estrutura de verbete mais com-plexa que os dicionriosdos dois tipos anteriores; trazem um maior nmero de informa-es lingusticas sobre as palavras regis-tradas; usam, nas denies e explicaes, uma linguagem mais impessoal, s vezes mais especializada ou tcnica, nem sempre di-retamente acessvel para o aluno.Os ttulos selecionados pela avaliao so os seguintes:1.BECHARA, Evanildo (org.). Dicionrio es-colar da Academia Brasileira de Letras. 3 ed. So Paulo: Cia. Ed. Nacional, 2011. [28.805 verbetes]2.FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Aurlio Jnior: dicionrio escolar da lngua portuguesa. 2 ed. Curitiba: Posi-tivo, 2011. [30.373 verbetes] 3.GEIGER, Paulo (org.). Caldas Aulete mi-nidicionrio contemporneo da lngua portuguesa.3 ed. Rio de Janeiro: Lexi-kon, 2011. [29.431 verbetes]4.RAMOS, Rogrio de Arajo (ed. resp.). Dicionrio didtico de lngua por-tuguesa. 2 ed. So Paulo: SM, 2011. [26.117 verbetes]5.SARAIVA, Kandy S. de Almeida & OLIVEI-RA, Rogrio Carlos G. de. Saraivajo-vem; dicionrio da lngua portugue-sa ilustrado. So Paulo: Saraiva, 2010. [19.214 verbetes]Considerando-se o nvel de ensino a que se destinam, todos esses ttulos demandam a me-diao do professor. Para consult-los,o aluno dever vencer a relativa distncia que se esta-belece entre esse novo patamar lexicogrcoe aquele dos dicionrios de Tipo 1 e 2. Alm disso, cada um deles apresenta suas informaes de uma forma diferente da dos demais, tanto no que diz respeito aos itens contemplados, quan-to linguagem empregada nas definies. Para se ter uma ideia das diferenas em jogo, basta comparar, em cinco desses dicionrios, o tratamento dado palavra eclipse, de grande interesse escolar:33PNLD 2012 DicionriosDicionrio da Lngua Portuguesa Evanil-do Brechara; (cd. 32245L0000)Considerando-se que, em casos como o que acabamos de ver, a consulta em geral motivada pela leitura de textos didticos ou de divulgao cientca, so particularmente relevantes as ilus-traes elucidativas, as informaes enciclop-dicas (no corpo do verbete ou em boxes) e as de-nies precisas, capazes de contribuir para uma melhor assimilao do conhecimento visado. A tradio lexicogrfica est representada, de diferentes formas, em dicionrios como o da Academia Brasileira de Letras, o Aurlio Jnior Minidicionrio comtemporneo da lngua portuguesa34PNLD 2012 Dicionriose o Caldas Aulete. O primeiro de responsabili-dade da Comisso de Lexicologia e Lexicograa da Academia; em terceira edio, representa ocialmente o ponto de vista dessa instituio a respeito do que deva ser um dicionrio esco-lar do portugus brasileiro. O segundo, como o ttulo j indica, uma verso jnior ou seja, a mais jovem de um dos mais tradicionais dicionrios brasileiros. J o Caldas Aulete, lia-se a uma prestigiosa obra de origem portuguesa, que teve importantes e renovadoras edies brasileiras at a dcada de 1980. No entanto, a sintonia com a atualidade e a preocupao didtica ultrapassam, nos trs casos, as declara-es de intenes dos respectivos prefcios: a seleo lexical representativa do por-tugus brasileiro contemporneo; h guias de uso voltados para o jovem consulente; apndices e informaes complemen-tares procuram suprir tradicionais de-mandas escolares (minienciclopdia para nomes prprios; tabelas de conjugao verbal; resumos ortogrficos e/ou gra-maticais; boxes com informaes enci-clopdicas em verbetes como Bblia ou natao etc.).Entre os trs ttulos, apenas o Caldas Aulete traz ilustraes; na maioria dos casos, em verbetes em que a informao visual bastante relevante para a elu-cidao dos sentidos, como em almo-tolia e boleadeiras.J o Saraiva jovem e o Dicionrio did-tico de lngua portuguesa obedecem a projetos grco-editoriais mais marca-damente escolares: incluem ilustraes no caso do Saraiva jovem, fotos em branco e preto; no Dicio-nrio didtico..., desenhos em estilo bico de pena, s vezes reunidos em quadros te-mticos (rvores; habitao; insetos; etc.); recorrem a charges, quadrinhos e letras de msica da MPB (Saraiva jovem), na contex-tualizao dos usos de certas palavras.Alm disso, as acepes mais atuais e/ou ca-ractersticas do portugus brasileiro antecedem as demais, na organizao do verbete.35PNLD 2012 DicionriosDicionrios de Tipo 4Ainda que se destinem prioritariamente ao ensino mdio, os dicionrios de Tipo 4 podem ser usados com a devida mediao do pro-fessor tambm nos dois segmentos do ensi-no fundamental, associados a obras de Tipo 1 e 2. E isso porque, do ponto de vista do seu porte e dos objetivos visados, todos eles procuram aproximar-se do dicionrio padro, referncia inescapvel para a compreenso dos gneros lexicogrcos. Os ttulos selecionados foram os seguintes:1.BECHARA, Evanildo. Dicionrio da lngua portuguesa Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. [51.210 entradas (verbetes e locues)]2.BORBA, Francisco S. Dicionrio Unesp do portugus contemporneo. Curitiba: Pi, 2011. [58.237 verbetes]3.GEIGER, Paulo (org.). Novssimo Aulete dicionrio contemporneo da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2011. [75.756 verbetes]4.HOUAISS, Antnio (org.) & VILLAR, Mauro de Salles (ed. resp.). Dicionrio Hou-aiss conciso. So Paulo: Moderna, 2011. [41.243 verbetes]O padro perseguido por essas obras afas-ta-se, em maior ou menor grau, dos tradicio-nais procedimentos de compilao a partir de antigos repertrios lexicais e/ou dicion-rios consagrados. Por sua relativa novidade na lexicografia brasileira, convm mencionar que o Dicionrio Unesp, o Novssimo Aulete e o Houaiss conciso recorrem a corpora de refe-rncia e se organizam de acordo com tcnicas rigorosas de recolha e processamento de vo-cbulos; enquanto o Evanildo Bechara baseia sua seleo vocabular, segundo o Prefcio, nas reas do conhecimento e dos temas que estimulamacuriosidadeintelectualdos jovens e lhes agudizam o cabedal de cultura. Seja por esta perspectiva, seja por aquelas tcnicas de construo prvia de um banco de dados capaz de funcionar como base tanto para a seleo lexical quanto para a explici-tao dos sentidos possveis de cada palavra, todos esses dicionrios reivindicam atuali-dade e rigor lexicogrficos. Como obras de referncia, esses dicion-rios renem grande nmero de informaes sobre cada palavra registrada. Para alm da ortografia, da diviso silbica, da definio de uma ou mais acepes e dos exemplos de uso, presentes em obras dos quatro Tipos, os dicio-nrios de Tipo 4 registram o maior nmero possvel de acepes, associadas classifica-o gramatical correspondente. Em sua maio-ria, indicam sinnimos, antnimos e parni-mos. Tambmassinalam a pronncia padro de palavras que suscitem dvidas, registram a classificao gramatical de cada uso de um vocbulo,apresentam as conjugaes e a transitividade dos verbos, anotam regncias nominais e verbais e informam, por meio de rubricas ou marcas de uso, o domnio a que a palavra entrada ou uma de suas acepes est associada, assim como o nvel de linguagem envolvido: formal; informal; coloquial; pejora-tivo; chulo... Vocbulos ou acepes regionais tambm so indicados.No curioso e produtivo, do ponto de vis-ta pedaggico que os dicionrios destinados ao uso escolar possam ser de Tipos to variados, no cumprimento da mesma tarefa de registrar, 36PNLD 2012 Dicionriosdescrever e explicar as palavras da lngua para jovens aprendizes? Isso certamente nos remete s muitas formas diferentes de ensinar e apren-der, aos nveis de ensino e objetivos que podem estar em jogo e aos muitos usos que possvel fazer desse material. Remete-nos, ainda, ao fato de que muitos dos ttulos dos Tipos 3 e 4 tambm esto de olho no usurio adulto, envolvido com o uso prossional das palavras e com os conheci-mentos especializados, inclusive aqueles sobre a lngua e a linguagem. Seja como for, o que no se pode perder de vista que, ao final de suas experincias com dicionrios, os alunos devem ser capazes de reconhecer semelhanas e diferenas entre dicionrios de um mesmo tipo e de tipos dife-rentes. Devem, ainda, sair do primeiro segmen-to do ensino fundamental familiarizado com dicionrios escolares de lngua portuguesa e em condies de aprender, ao longo do ensino mdio, tanto a manusear obras do Tipo 3 e 4 com desembarao quanto a entender e utilizar as in-formaes disponveis em seus verbetes.37PNLD 2012 DicionriosPara que os dicionrios de todos os Tipos prestem os seus melhores servios a professores e alunos, a primeira providncia a tomar, em qualquer nvel de ensino, a de (re)conhecer o gnero em questo, e, em consequncia, domi-nar as caractersticas do tipo de suporte de es-crita a que ele est diretamente associado. Ser preciso, ento, identicar o dicionrio como um tipo particular de livro (ver, a respeito, as ativida-des da segunda parte). Para tanto, os dicionrios enviados s escolas devem estar facilmente dis-ponveis para o uso. Num primeiro exame, ser possvel explo-rar aspectos fundamentais da estrutura desse tipo de livro. Como vimos na descrio dos quatro tipos, na seo anterior, todos eles tm um ncleo as sees alfabticas com os vo-cbulos selecionados a que se acrescentam diferentes tipos de apndices.Nas pginas prefaciais, assim chamadas porque antecedem a parte central, podemos en-contrar, inicialmente: prefcios do autor e/ou da editora; apresentaes da obra, geralmente assi-nadas pelos autores; guias do usurio, com explicaes sobre a organizao do dicionrio e as formas de consult-lo.Nesse primeiro grupo de apndices, aspectos centrais da proposta lexicogrca so anuncia-dos: para que tipo de usurio a obra foi concebida, com que critrios de seleo lexical, com que tipo de descrio. Textos informativos sobre diferen-tes aspectos da lngua tambm podem figurar nessas pginas.Seguindo-se parte central, as pginas ps--textuais podem trazer tipos muito diversos de apndice, como vimos: quadros temticos (principalmente nos dicionrios dos dois primeiros tipos); ilustraes e/ou informaes de carter en-ciclopdico, incluindo minienciclopdias. tabelas de conjugao verbal; listas de siglas e abreviaturas mais usa-das no dicionrio; tabelas de coletivos, gentlicos, estrangei-rismos e outros; informaes sobre a origem das palavras; resumos gramaticais.Cada um desses apndices pretende aten-der a uma demanda especfica, visando com-plementar as informaes presentes na parte central. Reconhecer e entender todo esse apa-rato, que faz parte do dicionrio, de grande pertinncia, seja para a assimilao do gnero, seja para orientao do usurio quanto ao que e onde possvel pesquisar. Por outro lado, o manuseio de diferentes volumes, principalmente quando comparamos o tratamento dado a um mesmo conjunto de palavras, permite perceber o que diferentes dicionrios tm de comum e de particular. A ttu-lo de exemplo, o aluno literalmente ver que, seja qual for a obra que consulte, s encontrar como cabea de verbete menino, mas no meninos, ou que os verbos so sempre registrados no inniti-vo. Ver, ainda, que, em alguns, h verbetes pr-prios para expresses idiomticas, enquanto ou-tros s as registram como subentradas, ou nem sequer as incluem. Convivendo com os diferentes tipos e contando com a ajuda do professor, o alu-no depreender gradativamente a organizao 6. Como usar esses dicionrios?38PNLD 2012 Dicionriosinterna de cada um deles e reconhecer os prin-cipais traos de seu projeto, tanto lexicogrco quanto grco-editorial. E o mais importante: te-ro acesso progressivo ao mundo do vocabulrio, do lxico e da lexicograa.Convm, portanto, que esses dicionrios pensados para habitar permanentemente as salas de aula sejam deixados bem vista (e mo) de todos. Mesmo os alunos mais letrados e proficientes em leitura, inclusive os j fami-liarizados com dicionrios, beneciam-se desse convvio direto, podendo manifestar, em relao a esse universo, seus interesses e desinteresses, suas preferncias pessoais, suas demandas e possibilidades. E esses dados certamente sero preciosos para o planejamento didtico do pro-fessor, que saber quais dicionrios foram mais bem recebidos, quais os que se revelaram mais amigveis em sua relao com os jovens leito-res, quais os que provocaram antipatia, quais os que despertaram interesse, mas se revelaram de difcil compreenso etc.Um outro momento desse convvio , sem dvida, o da consulta aos verbetes. Uma vez assi-milada a estruturao prpria dos dicionrios, a consulta deve ser... ensinada. Sim, nenhum aluno saber consultar um dicionrio se no aprender como que se faz. E a chave para tanto a ordem alfabtica, ao lado das tcnicas que, sempre calca-das nela, nos permitem a localizao da palavra no volume. A esse respeito, a segunda parte deste Manual sugere algumas atividades que, com eventuais adaptaes a cada nvel de ensino e turma, podem ajudar bastante. Ainda no cap-tulo da consulta, ser preciso ajudar o aluno a perceber e descobrir para que servem as separa-trizes e/ou as cores e outros recursos grcos que individualizam as sees alfabticas, as palavras--guia no alto das pginas, as dedeiras, a indicao da letra correspondente a uma seo, no alfabeto reproduzido na margem direita ou esquerda etc. O processo de ensino e aprendizagem da consulta a dicionrios diferentes, especialmen-te quando do mesmo tipo, dar ensejo a uma nova descoberta, por parte do aluno: ainda que apresentem um nmero bastante prximo de verbetes, dois dicionrios de porte semelhante dificilmente apresentam a mesma nomencla-tura, ou seja, o mesmo conjunto de vocbulos. Nesse momento, ser o caso de pr em questo a seleo lexical operada por cada dicionrio, para aprender um pouco mais sobre o que so e para que so feitos os dicionrios:Por que o dicionrio A registra pala-vras de baixo calo, mas o B, no? Por que um traz grias que o outro evita? Que regionalismos possvel encon-trar em cada um? Por qu? Fazer essas perguntas indagar-se a respeito do projeto lexicogrco de cada obra e, portanto sobre os seus objetivos, limites e possibilidades informaes fundamentais para orientar o aluno em sua busca, colaborando para o desen-volvimento de sua procincia como usurio de dicionrios.J no campo do verbete, repete-se a neces-sidade de reconhecer e mapear o territrio a ser visitado. Junto com uma primeira leitura do verbete, ser preciso indicar ao nosso turista aprendiz quais so os pontos de interesse, onde esto. E isso comea pela identicao precisa do verbete procurado. Em alguns dicionrios, os homnimos so concebidos como palavras diferentes. Assim, vm separados em verbetes numerados: man-ga1 (a fruta) e manga2 (a pea do vesturio); banco1 (tipo de assento) e banco2 (instituio nanceira), e assim por diante:39PNLD 2012 DicionriosEm outros casos, os homnimos vm listados num nico verbete, como se banco1 e banco2, por exemplo, fossem duas acepes diferentes de uma mesma palavra:homnimos numerados, para identificar qual deles corresponde procura. Depois, haver todo o espao do verbete para percorrer e explorar (veja, a respeito, o Anexo 1): orto-grafia da palavra-entrada e diviso silbica, acepes (separadas por numerao ou por qualquer outro tipo de recurso grfico), rubri-cas gramaticais (classe de palavras, gnero...), rubricas relativas ao uso (regional, figurado, popular, informal etc.), subentradas, informa-es enciclopdicas e muitas outras informa-es, geralmente discriminadas em campos prprios e assinaladas com recursos grficos que as identificam. A esse tipo de atividade seguem-se a lei-tura e a compreenso dos enunciados defini-trios. Tal como vimos nos exemplos acima, a linguagem e os instrumentos descritivos com que um dicionrio explica os sentidos e os va-lores de uma palavra podem ser muito varia-dos. Considerando-se que os dicionrios dos quatro tipos so escolares, a maioria procura empregar uma linguagem acessvel e evitar descries excessivamente minuciosas e tc-nicas. Alm disso, convm lembrar que entre os tipos de 1 a 4 h uma gradao de comple-xidade, de tal forma que a compreenso dos verbetes e da estrutura de uma obra do Tipo 1 ou 2 colabora significativamente para o de-senvolvimento da proficincia em consulta e leitura dos dicionrios de Tipo 3 e 4. Em qualquer dos tipos, h sempre alguma distncia entre a proficincia em leitura do aluno e a linguagem dos enunciados defini-trios. Ajudar a criana ou o jovem a vencer essa distncia um dos objetivos fundamen-tais do trabalho com dicionrios em sala de aula. De uma maneira geral, vimos nos exem-plos anteriores que essa linguagem difere por traos como:Uma primeira aprendizagem relativa consulta estar justamente na rpida identi-ficao do tratamento dado aos homnimos, e, em caso de verbetes individualizados, numa leitura primeira e superficial do conjunto de 40PNLD 2012 Dicionrios impessoalidade ou pessoalidade; formalidade ou informalidade; vocabulrio mais erudito ou mais coloquial; frases em ordem direta ou em ordem indireta; etc.Alm disso, os dicionrios podem diferir entre si pelo emprego de outros recursos de explicao dos sentidos e dos valores de uma pa-lavra: exemplos de uso, abonaes, informaes enciclopdicas, remisses a verbetes relaciona-dos e assim por diante. Portanto, para cada um dostipos de obras selecionadas, ser possvel explorar as diferentes estratgias que dicion-rios de um mesmo tipo ou de tipos diversos podem utilizar para denir, classicar e ex-plicitar caractersticas diversas de um vocbulo. Comparar denies diferentes de uma mesma palavra permitir, por exemplo, que o aluno: perceba as diferenas em jogo, com seus limites e possibilidades; identifique as obras adequadas ao seu grau de letramento atual; se familiarize com o gnero verbete; comece a compreender, por meio das de-nies mais simples e acessveis, as mais complexas, formais e impessoais.O processo de ensino e aprendizagem do uso de dicionrios s se completa quando as informaes, depois de devidamente identicadas e compreen-didas, so incorporadas ao vocabulrio ativo e/ou passivo do aluno. No primeiro caso, ele ser capaz de reconhecer e entender a palavra em questo quando utilizada por terceiros, na fala ou na escrita. Por seu grau de especializao, ou por seu vnculo com esferas de atividades mais ou menos exclu-sivas, termos como cardiopatia ou hipertenso, por exemplo, dificilmente faro parte da fala ou da escrita de um aluno do ensino fundamental. Mas nada impede que saiba o que esses termos significam, quando os l numa bula de remdio, por exemplo, ou quando escuta, na televiso, uma campanha do governo para controle da presso alta e de outros males endmicos do corao. Nesse sentido, faz parte da competncia lexical de todo e qualquer falante da lngua uma clara identicao do que preciso aprender para saber e do que possvel aprender para usar e em que circuns-tncias, contextos e tipos de discurso.Por fim, e embora o assunto no se esgote aqui, convm tomar uma precauo geral no ensino de vocabulrio e no uso de obras lexico-grcas de todos os tipos. Por todas as suas ca-ractersticas de obra de referncia, portanto de consulta, o dicionrio no apenas um gnero didtico, mas, em consequncia, um instrumen-to de normalizao lingustica, a tal ponto que, para muitos falantes, as palavras que no esto registradas nos melhores dicionrios, simples-mente no existem. E muito comum, em situaes que exigem do falante maior cuidado e ateno com o uso que faz das palavras, ele se perguntar se um vocbulo que lhe ocorre exis-te ou no, se est correto ou no. Diante de tais situaes, professores e alu-nos devem se lembrar, antes de mais nada, que a lngua viva e real aquela que, independen-temente das gramticas e dos dicionrios, efetivamente falada, escrita e compreendida em nosso cotidiano sempre mais comple-xa, mais variada e, sobretudo, mais dinmica do que seus retratos nos verbetes. E ela que queremos conhecer. Por isso mesmo, a lngua real que deve ser o parmetro para uma an-lise da qualidade e da dedignidade de um di-cionrio, e no o contrrio. Se no consta no di-cionrio, mas est nas ruas, uma palavra como imexvel, ou outra qualquer, existe de fato e de 41PNLD 2012 Dicionriosdireito, faz parte da lngua, e, por isso mesmo, o que , nem certa nem errada. Se o dicionrio no a inclui, a considera errada ou desaconse-lha o seu uso, porque, em nome de tais e tais ideais ou critrios normativos, o dicionarista enxerga a lngua real segundo as crenas e preconceitos sociais, polticos, lingusticos etc. Saber disso importante para que, alm de desenvolver a procincia na consulta a dicio-nrios, o aluno aprenda a ser crtico na assimi-lao das informaes que recebe e a colocar a seu servio tanto o que diz o dicionrio quanto o que a sua experincia lingustica ensina. 42PNLD 2012 DicionriosSegunda parteI. As atividades e seus objetivosII. O livro e o gnero: (re)conhecendo o dicionrioIII. O vocabulrio e o lxico: aprendendo com o dicionrioIV. Para saber mais: leituras recomendadas44PNLD 2012 DicionriosAo longo da primeira parte, vimos que o dicionrio , ao mesmo tempo, um tipo de li-vro ou seja, um tipo particular de suporte da escrita e um gnero de discurso. Trata-se, em ambos os casos, de um artefato da cultura da escrita com o qual preciso conviver para co-nhecer de fato e para usar com proveito. Anal, ningum sequer se interessar por dicionrios se no tiver alguns por perto nem souber para que servem, como se organizam e como podem ser usados. Por isso mesmo, o prprio dicionrio e o seu uso e no apenas as palavras que ele guarda e descreve devem ser objeto de ensino e aprendizagem na escola. Com o objetivo de subsidiar parcialmente esse trabalho pedaggico, o professor encon-trar, nesta segunda parte, atividades que ex-ploram os dois aspectos de um dicionrio, e que podem ser desenvolvidas em sala de aula. Grosso modo, as atividades da seo II fo-ram pensadas para o trabalho com dicionrios de Tipo 1 e 2, sendo mais apropriadas para o Para usar o dicionrio temos que ser sabidos! Na verdade, precisamos ter uma srie de conhecimentos para poder ter acesso s informaes ali organizadas. S medida que vamos nos tornando mais letrados podemos usufruir adequadamente do que um dicionrio tem a nos oferecer. [MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. So Paulo: tica, 1998.]I. As atividades e seus objetivosAUTOR: QUINO45PNLD 2012 Dicionrios primeiro segmento do ensino fundamental. As atividades destinam-se ao ensino e apren-dizagem do uso do dicionrio: inicialmente, procuram levar o aluno a (re)conhecer o que um dicionrio e para que serve; num segundo momento, desenvolvem a sua procincia em localizar a palavra procurada.O segundo segmento est em foco na terceira se-o, que envolve o Tipo 3 e explora a colaborao que o dicionrio pode trazer para o ensino e aprendiza-gem do vocabulrio e do lxico, da leitura e da escrita.J a quarta, mobiliza o Tipo 4. Visando ao alu-nado do ensino mdio, as atividades propostas ou sugeridas procuram evidenciar diferentes formas de incorporar o uso do dicionrio ao cotidiano, es-pecialmente em prticas de leitura e escrita. Tal organizao no significa que alunos do segundo segmento do ensino fundamental (ou mesmo do ensino mdio), por exemplo, j estejam suficientemente familiarizados com dicionrios, nem que o ensino mdio prescinda dessas obras para desenvolver patamares supe-riores de procincia em leitura e escrita. Igual-mente, no h razo para privar os anos iniciais da convivncia com dicionrios de maior porte, nem do recurso espordico a eles.Assim, ser preciso que o professor identique, para cada turma, os tipos de atividade e os dicio-nrios mais indicados a cada passo, e que avalie a adequao de umas e outras s turmas visadas. Nesse sentido, atividades de uma seo, se devi-damente adaptadas, podero funcionar bem em turmas de outro nvel de ensino, ampliando as possibilidades do trabalho em sala de aula.Em qualquer nvel de ensino, um dicionrio s ser efetivamente entendido como uma fer-ramenta se, alm de saber que essa ferramenta existe, para que serve e como funciona, o aluno se deparar com situaes concretas em que o seu uso na escola ou em casa seria oportuno e til. Nessas situaes de uso, determinadas demandas lingusticas podem ser atendidas pelo dicionrio: as diferentes acepes de uma palavra e suas de-nies; a sua graa correta; a classicao grama-tical; a origem etc. Assim, as atividades aqui propostas e quaisquer outras que requeiram o uso de dicio-nrios no devem reduzir-se a simples exerc-cios, independentemente de qualquer contexto. Devem, ao contrrio, ser inseridas em situaes de ensino e aprendizagem que suscitem deman-das tpicas da linguagem em uso:Como se escreve a palavra deliquescente?O que signica tartamudo?Qual das palavras em que estou pen-sando a melhor para o texto que estou escrevendo?A palavra sintagma tem alguma coisa a ver com sintaxe?Que sinnimos (ou antnimos) tem essa palavra?Afinal, rapariga ou no uma palavra ofensiva?Demandas desse tipo so prprias de muitas e variadas prticas letradas, o que signica dizer que as situaes de uso de dicionrios se inse-rem, sempre, em prticas de letramento as mais diversas. Por essa razo, o uso adequado de di-cionrios tanto aumenta o grau de letramento dos sujeitos quanto aprofunda o funcionamen-to social da escrita. Por fim, convm lembrar que todas essas atividades so sugestes. E podem, portanto, funcionar como um roteiro, seja para toda uma aula, seja para um trabalho mais pontual. Podem, ainda, funcionar apenas como um modelo ou referncia para atividades elaboradas pelos pr-prios professores, com base em suas experincias e no projeto pedaggico da escola em que atuam. 46PNLD 2012 DicionriosPor isso mesmo, o ideal que o professor, an-tes de decidir-se sobre para que e como usar o material, leia com os colegas o conjunto das pro-postas e planeje o seu uso, considerando tam-bm o grau de diculdade de cada uma delas e o nvel dos alunos. Sempre que oportuno, o pro-fessor poder articular, nesse planejamento, as atividades aqui sugeridas, as que vier a elaborar e as que estiverem propostas no livro didtico de portugus adotado pela escola. E, assim, ter em mos uma proposta prpria para o ensino e aprendizagem do vocabulrio e do lxico. Nesse contexto, um bom ponto de partida pode ser o levantamento, no livro didtico, das atividades que explorem o vocabulrio e/ou envolvam o uso de dicionrios, reetindo-se a respeito de que contribuies podem trazer ao processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. Isso permitir ao professor elaborar respostas consistentes para perguntas como: De que maneira as atividades aqui pro-postas se diferenciam, complementam ou expandem o trabalho proposto pelo livro didtico?Como e quando inserir o uso do dicion-rionas atividades de sala de aula?Como e quando introduzir o prprio di-cionrio e a consulta lexicogrca como objeto de estudo?Seja como for, os conhecimentos construdos por atividades do tipo das aqui propostas de-vem ser oportunamente resgatados em outras situaes de uso. Dessa forma, podero colabo-rar para o desenvolvimento da procincia do aluno, em vez de se restringirem a aumentar o seu conhecimento sobre a lngua.47PNLD 2012 DicionriosAs atividades desta seo foram pensadas para introduzir o aluno no universo do dicion-rio como livro e como gnero de discurso. Assim, nesse tipo de atividade que o aluno poder for-mular, com ajuda do professor, respostas para questes bsicas e preliminares: Para que serve um dicionrio? Como est organizado? Como podemos consult-lo?Pensadas para alunos dos anos iniciais, devem ser desenvolvidas com os dicionrios dos dois pri-meiros tipos. Mas, a critrio do professor, tambm podem envolver obras dos outros tipos, j que, em turmas em processo de alfabetizao, boa parte do trabalho feita com base na leitura em voz alta do professor, acompanhada pelos alunos. Efetivando a leitura e mediando a compreenso, o professor pode, eventualmente, permitir ao aluno um acesso privilegiado ao mundo dos dicionrios.Essas atividades, no entanto, tambm po-dem funcionar adequadamente em turmas mais adiantadas, inclusive de 6 a 9ano, que tenham tido pouco ou nenhum contato com di-cionrios. Nesse sentido, convm que o professor avalie o grau de letramento de seus alunos em relao ao dicionrios, antes de iniciar o traba-lho e recorra a propostas como as desta seo sempre que necessrio, com as devidas adapta-es ao pblico com que est lidando.1. Que livro esse?: (re)conhecendo o dicionrioOBJETIVO: Levar os alunos a (re)conhecer o dicionrio como um tipo especco de livro. Esta atividade pode ser adaptada a di-ferentes grupos. Para alunos ainda no alfabetizados, todo o processo deve ser conduzido oralmente, com momentos em que o professor fazna lousa e l em voz alta os registros necessrios. Com alunos mais letrados e j alfabetizados, possvel fazer a atividade total ou parcialmente por escrito, dependendo do grau de autonomia deles.Na lousa, ou em um painel de papel kraft preso na parede frontal da sala, faa um quadro com duas colunas encimadas por dois retngulos:Divida a classe em grupos de, no mximo, quatro alunos. Para cada grupo, distribua: a) um dicionrio do tipo 1, 2 ou 3, confor-me o nvel da turma; b) dois livros de his-trias, como os distribudos pelo PNBE e/ou os disponveis na sala de leitura. Faa, oralmente, algumas perguntas que despertem a curiosidade do aluno sobre os livros que receberam: J conhecem esses tipos de livro? Sabem como se cha-mam? Onde j viram esses tipos de livro? Que tipos de pessoa vocs j viram lendo esses tipos de livro? Para qu? Feche essa etapa da atividade identican-do (ou referendando as indicaes dos alunos) qual o dicionrio e quais so os livros de histria.II. Anos iniciais do ensino fundamental:(re)conhecendo o dicionrio48PNLD 2012 DicionriosEm seguida, escreva a palavra dicion-rio no retngulo que encima a coluna da esquerda, e livro de histrias no da direi-ta. Pea, ento, que os alunos abram uma pgina qualquer do dicionrio e outra de cada um dos livros de histrias.Faa perguntas sobre o que o dicionrio tem de diferente dos livros de histrias e registre (ou pea que registrem) as res-postas nas colunas correspondentes: O que h nas pginas do dicionrio? O que h nas pginas dos outros livros? Tm -guras? O que mostram essas guras, e por qu? Para que serve o texto que se pode ler num dicionrio? Para que serve o texto que se pode ler num livro de histrias?Para orientar os alunos, leia com eles, al-ternadamente, alguns dos verbetes e dos trechos dos livros. Induza-os a perceber que, nos livros, h trechos contnuos de histrias ou histrias completas; e, no dicionrio, sequncias de textos curtos e individualizados, os verbetes. Explore a sequncia alfabtica do dicionrio, em oposio progresso narrativa da histria. Para cada diferena pertinente apontada e/ou reconhecida pelos alunos, registre as expresses ou palavras-chave correspondentes nos quadros, at que as palavras registradas permitam opor ade-quadamente os dois tipos de livro:dicionrio livro de histriastexto em colunassries de verbetesordem alfabticaexplica as palavrasetc.texto corridohistrias completasenredoconta histriasetc.Pea que cada grupo pense no que desco-briu a respeito do dicionrio e elabore um texto [uma denio] com o objetivo de informar os colegas da srie anterior, do melhor jeito possvel, sobre o que esse livro, o dicionrio. Registre as melhores de-nies na lousa e leia-as em voz alta. Para as turmas no alfabetizadas, conduza oral-mente a etapa de elaborao das defini-es, funcionando como escriba do grupo.Explique o que e para que serve uma de-nio. Compare as denies. Explore as diferenas e semelhanas entre elas. Dis-cuta com os alunos quais so as melhores. Algumas colees de portugus do PNLD de 1 a 5 anos trabalham, em diferentes momentos, com denies extradas de dicionrios. Se quiser, inspire-se nas boas atividades que encontrar. Entre as definies dos dicionrios de Tipo 1, h ttulos como o Meu primeiro dicionrio Caldas Aulete com a Turma do Cocoric que trazem definies de um tipo particularmente produtivo para o aluno iniciante: as denies oracionais. Por suas caractersticas, essas denies (Ver o glossrio do Anexo 2) se asseme-lham s que as prprias crianas elabo-ram, ou mesmo s que o adulto formula para elas: usam uma linguagem mais simples e informal e, frequentemente, so interativas, parecendo conversar com o leitor. Por isso mesmo, so assimila-das mais facilmente pelo aluno e podem funcionar muito adequadamente como introduo ao gnero da denio.A ttulo de exemplo, confira trs defini-es oracionais diferentes de livro:49PNLD 2012 DicionriosIdentifique, no dicionrio escolhido, algu-mas dessas definies oracionais; e ento, leia e/ou reproduza as que escolher, para que os alunos possam tom-las como referncia.Compare as definies dos alunos com as que constam de alguns dicionrios do Tipo 1. Se quiser, mostre denies mais complexas e formais, de dicionrios de Tipo 2 e 3, para que os alunos percebam as diferenas. Pergunte quais as que eles acharam mais fceis de entender e diga qual(quais) (so) o(s) dicionrio(s) em que est(o).Meu primeiro livro de palavras; p. 64. Evanildo Bechara; p. 71.Caldas Aulete com a turma do Cocoric; p. 107.Houaiss conciso; p. 789.1)2)3)50PNLD 2012 Dicionrios2. Para que servem esses livros?: con-vivendo com os dicionrios e apren-dendo a consult-losOBJETIVOS: Levar alunos de primeiro ano mas que j sabem reconhecer dicionrios a conviver com eles como obras de refern-cia; desenvolver a prtica da consulta e seu princpio alfabtico.OBS.: Para desenvolver as atividades aqui sugeridas, fundamental que os dicionrios estejam na sala de aula, em local de fcil aces-so, para uso livre. interessante que, antes de desenvolver as atividades, os alunos possam manusear vontade os volumes disponveis. Nesse sentido, o professor poderia incluir os dicionrios entre os livros disponveis para os momentos de leitura livre.Selecione, para leitura em voz alta em sala de aula, um texto curto e de interes-se para os alunos, como uma fbula, por exemplo. Certique-se, antes, de que to-das as palavras que ali aparecem constam de dicionrios do Tipo 1. Faa a leitura com/para os alunos. Conver-se, ento, sobre as palavras de que eles mais gostaram, ou que acharam esquisitas, ou que no conheciam. Escreva na lousa todas as palavras que forem sugeridas.Com a ajuda dos alunos, elabore uma pequena lista dessas palavras, para aprenderumpoucomaissobreelas e entender melhor o que significam. Circule as palavras escolhidas e apa-gue as demais, sem qualquer preocu-pao de reordenar alfabeticamente as palavras circuladas. Converse sobre essas palavras com os alunos: O que gostariam de saber sobre elas? Ao lado das palavras selecionadas, registre algumas das demandas que a consulta a um dicionrio pode atender (como o signicado ou a graa). Anuncie que, para saber mais sobre essas palavras, todos devero consultar dicionrios. E pergunte: Como vamos en-co