diÁrio da fazenda ed8

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Março de 2012 | Ano II | nº 8 O dia a dia do produtor rural www.diariodafazenda.com.br | Imperatriz/MA ANTONIO WAGNER Bovinos Comércio de sêmen cresce na região Imperatriz acompanhou o crescimento de 23% registrado na média nacional PÁGINA 3 Logística Tegram vai ampliar exportações do MA Faturamento na primeira fase do Tegram será de R$ 3,5 bilhões PÁGINA 5 Movimentação 1º Leilão virtual do MA rende R$ 889 mil Foram vendidos 1.116 animais durante o certame transmitido para todo o Brasil PÁGINA 7 Entrevista Cláudio Azevedo fala sobre agronegócio Secretário detalhou as ações do MA para conquista do status de àrea livre da aftosa PÁGINA 9 Fazenda Pantera vai plantar Leucena para ampliar produção pecuária PÁGINA 11

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Jornal Diário da Fazenda - Edição 08

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Page 1: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

Março de 2012 | Ano II | nº 8 O dia a dia do produtor rural www.diariodafazenda.com.br | Imperatriz/MA

ANTONIO WAGNER

Bovinos

Comércio de sêmen cresce na regiãoImperatriz acompanhou o crescimento de 23% registrado na média nacional

página 3

Logística

Tegram vai ampliar exportações do MaFaturamento na primeira fase do Tegram será de R$ 3,5 bilhões

página 5

Movimentação

1º Leilão virtual do Ma rende R$ 889 milForam vendidos 1.116 animais durante o certame transmitido para todo o Brasil

página 7

Entrevista

Cláudio azevedo fala sobre agronegócioSecretário detalhou as ações do MA para conquista do status de àrea livre da aftosa

página 9

Fazenda pantera vai plantar Leucena para ampliar produção pecuária

página 11

Page 2: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

02 Março 2012

www.diariodafazenda.com.brditorialE

Uema: abacaxi resistente à fungo é fruto de pesquisa

Projeto de pesquisa da Universida-de Estadual do Maranhão (Uema), com o apoio do Banco do Nordes-

te, busca a revitalização da cultura do abacaxi no Maranhão. Os participantes da pesquisa - docentes e alunos do cur-so de Agronomia da instituição - vão montar várias unidades experimentais dentro do Estado. Nestes pólos serão cultivadas algumas variedades do fruto resistentes à fusariose (doença causa-da pelo fungo Fusarium subglutinans f.sp. ananas) e principal mal que afeta o abacaxizeiro. A elevada incidência da fusariose pode gerar perdas superiores a 80% da produção. Este foi um dos mo-tivos que provocaram a decadência da abacaxicultura no País.

Segundo um dos coordenadores do

projeto, o professor do curso de Agro-nomia do Cesi-Uema, Paulo Henrique Catunda, as duas principais variedades utilizadas na pesquisa serão a Imperial e a Vitória. “O objetivo principal do proje-to é trazer para nossa região dois culti-vares resistentes à fusariose, o Imperial e o Vitória, e assim diminuir a aplicação de defensivos agrícolas nas plantações do Estado”.

Imperial e Vitória - Resistente à fu-sariose, o Imperial foi desenvolvido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical durante 20 anos e recomen-dado em 2003. Dentre suas caracterís-ticas, destaca-se a ausência de espinhos nas folhas, o que facilita a colheita e o armazenamento dos frutos. De casca de cor amarela na maturação, o Impe-

rial pesa em torno de 1,6 kg (incluindo a coroa). Sua polpa é amarela, com ele-vado teor de açúcares, acidez moderada (em torno de 6,5 % de ácido cítrico) e excelente sabor. Devido às suas carac-terísticas sensoriais e físico-químicas, os frutos podem ser destinados para o mercado de consumo in natura e para industrialização.

O abacaxi Vitória não necessita de aplicação de agrotóxicos, fato que traz vantagens para a saúde de produ-tores e consumidores. Para o professor, o cultivo sem a aplicação de defensivos agrícolas melhorará toda a cadeia pro-dutiva do abacaxi. “É uma pequena con-tribuição, mas já é uma tecnologia que a universidade irá trazer para região”, finaliza.

Chegamos à oitava edição do jornal Diário da Fazenda e com novidades no nosso site,

que pode ser acessado pelo: www.diariodafazenda.com.br . Agora, todas as notícias podem ser lidas também no site, onde se encontram as edições do jornal em formato de texto e em pdf.

Um local, no qual, leitores, anunciantes e parceiros podem visualizar o jornal em meio digital, exatamente como ele foi impresso e distribuído.

Para quem está conhecendo o jor-nal só agora, trata-se de uma publica-ção mensal direcionada a produtores rurais de Imperatriz (MA) e região, a

empresas do ramo agropecuário e a ór-gãos governamentais ligados à produ-ção rural. Enfim, o Diário da Fazenda quer ser parte do dia a dia do produtor e tem trabalhado para promover um diálogo entre campo e cidade. Contri-bua também com o seu jornal rural, mande email, ligue, anuncie e leia.

pecuaristas da região Tocantina participam de congresso no México sobre sistema silvipastoril

Um grupo de pecuaristas e téc-nicos da região Tocantina, li-gados ao Centro Brasileiro de

Pecuária Sustentável (CBPS), com sede em Imperatriz, viajaram no dia 18 de março para Morelia, no México, para participar do IV Congresso Internacio-nal sobre Sistemas Silvipastoris Inten-sivos (SSPi), cujo tema é a rede global ligando a biodinâmica da natureza e

os valores éticos na produção. O CBPS, representado pelo pecuarista Mauroni Alves Cangussu, irá apresentar no con-gresso as experiências pioneiras com o manejo SSPi em duas propriedades da região - na Fazenda Monalisa, no município de São Francisco do Brejão (MA), e na Fazenda Pantera, em Dom Eliseu (PA).

O IV Congresso Internacional so-

bre Sistemas Silvipastoris em pecuária intensiva aconteceu nos dias 21, 22 e 23 de março na cidade de Morelia, Apatzingán Vale de Michoacán, Mé-xico. No grupo que forma a comitiva para o México estão os pecuaristas Gerson Kyt, Gabriela Gonçalves Ra-mos, Francisco Santos Soares Júnior, o engenheiro agrônomo Amaury Cezar e o médico veterinário Levy Cangussu.

Textos e FotosEquipe Diário da FazendaAntonio WagnerDiego Leonardo Boaventura

Conselho EditorialMarco A. Gehlen - Jornalista - MTB 132-MSThaísa Bueno - Jornalista - MTB 36-MSDiego Leonardo Boaventura Sindicato Rural de Imperatriz

Contatos:

[email protected](99) 8111.1818www.diariodafazenda.com.br

Distribuído e apoiado porManá Expresso e Sindicato Rural de Imperatriz

Participe do Diário da FazendaEnvie sua sugestões de pauta, de entrevistas e artigos para:

[email protected]

Identidade VisualLuciana Souza Reino

Editoração gráfica, edição e revisãoEquipe Diário da Fazenda

Expediente

Jornal Diário da FazendaAno II, Edição 8, Março de 2012Mensal. Distribuição Dirigida.Tiragem: 2 mil exemplaresImperatriz, Maranhão.

Uma publicação mensal daDestaque

Estudo

Page 3: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

Março 2012 03

Comércio de sêmen bovino cresce na regiãoEm 2011 o Brasil teve um crescimento de 23% no mercado de sêmen bovino com 11,9 milhões de doses comercializadas

Diego Leonardo Boaventura

Segundo relatório da As-sociação Brasileira de Inseminação Artificial

(Asbia), em 2011, o Brasil teve um crescimento de 23% no mercado de sêmen bovino, com 11.906.763 doses comer-cializas. Desse total, 57% são de genética nacional e 43% importada, com 59% de raças de corte e 41% de raças lei-teiras. A região de Imperatriz acompanhou o crescimento nacional e, nos últimos dois anos, o comércio de sêmen teve um aumento significati-vo. Estima-se que sejam co-mercializadas 60 mil doses de sêmem por ano na região.

Desde 1993 no mercado de sêmen bovino, Cosme Otonio Mesquita Chagas, titular da Pec – Sêmen, em Imperatriz, reconhece que nos últimos anos o setor vive seu melhor momento. Segundo ele, o au-

mento é devido principalmen-te à facilidade de adoção da inseminação artificial. “Hoje a inseminação é bastante de-mocrática, ela pode ser feita pelo grande, médio e grande produtor. O preço acessível e as facilidades pelo uso de de-terminadas tecnologias que, há cinco anos não eram usa-das, aperfeiçoam o sistema e otimizam o comércio”.

Raças Ainda de acordo com a As-

bia, o Nelore continua enca-beçando a lista de vendas por raça, com 3.017.815 doses em 2011, crescimento acumulado de 54% nos três últimos anos. Nelore e Nelore Mocho soma-ram 3.276.683 doses. Angus e Red Angus somaram juntas 2.383.952 doses, com mais de 108% de crescimento somente no Angus, entre 2009 e 2011. O Holandês somou 2.874.573

doses vendidas, seguido na liderança por Gir Leiteiro, Jersey e Girolando. Essas três raças juntas alcançaram 1.909.021 doses, com mais de 52% de crescimento no Gir e 107% no Girolando também em 3 anos.

Campeões de vendas

O estado de Minas Gerais comercializou 27,93% do to-tal de doses de raças de leite, seguido pelo Rio Grande do Sul com 14,88%. Juntos, Mato Grosso e Mato Grosso do sul venderam mais doses de raças de corte, com 29% do total. O Brasil exportou 189.971 doses, sendo a Colômbia e o Canadá os maiores compradores.

A cidade de Impertriz conta hoje com três centrais de distribuição e comércio de sêmen. Entre elas estão a Pec – Sêmen, que trabalha com alta genética, e a Curral Con-

sultoria Agropecuária, que comercializa sêmen Alagoas e ABS, ambas estão localizadas no interior do Parque de Ex-posições de Imperatriz. Para Cosme, o produtor rural de hoje reconhece a importân-

cia da inseminação artificial. “Os produtores estão ligados nas novas tecnologias e no sistema de inseminação, fa-tor muito importante para o melhoramento do rebanho”, conclui.

enéticag

A inseminação artificial é um fator importante para o melhoramento do rebanho

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Page 4: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

04 Março 2012

ftosaa

Sorologia no rebanho maranhense começa em abrilDiego Leonardo Boaventura

A seleção das proprie-dades maranhenses onde serão coletadas

as amostras de sangue de bo-vinos e bubalinos para a so-rologia será feita na segunda quinzena do mês de março. As amostras serão coletadas em abril e maio e enviadas no mês de junho para os labora-tórios credenciados pelo Mi-nistério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento (Mapa). O resultado da sorologia sairá ainda no mês de junho. Ha-verá ainda uma segunda fase, no mês de julho e agosto, com novas coletas de amostras de sangue.

Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Pes-ca, Cláudio Azevedo, com o resultado favorável do inqué-rito epidemiológico, em mea-dos do mês de outubro o Ma-ranhão será reconhecido pelo

Mapa como zona livre da do-ença. “O reconhecimento in-ternacional está previsto para maio de 2013, pela Organiza-ção Internacional de Episo-tias (OIE)”, conta o secretário.

Rebanho

O Maranhão possui o se-gundo maior rebanho de bo-vinos do Nordeste e o terceiro maior rebanho de búfalos do Brasil, com cerca de 7,2 mi-lhões de cabeças. Apesar do Estado não registrar nenhum caso da doença há cerca de 10 anos, atualmente o Estado só pode comercializar carne para outras regiões que pos-suem a mesma classificação sanitária que a sua, que é de zona de médio risco da doen-ça, alcançada no ano de 2007.

O presidente da Federa-ção da Agricultura e Pecuá-ria do Estado do Maranhão (Faema), José Hilton Coelho

de Sousa ressaltou que com o gado livre da febre aftosa serão abertas as fronteiras nacionais e internacionais para o agronegócio e que a entidade representativa dos produtores rurais maranhen-ses tem sido uma importante parceira do governo na busca deste objetivo de estado livre

de febre aftosa com vacina-ção. “O engajamento dos sin-dicatos rurais nas campanhas de combate à aftosa e a cons-cientização dos pequenos e médios criadores no trabalho de imunização do rebanho, são fatores importantes para essa conquista”, disse o presi-dente da Faema.

Cronograma

No cronograma elaborado pelo Governo Federal ficou de-finido que no início de 2012 a equipe do Mapa faria nova au-ditoria no Estado para checar os itens que deveriam ser melhora-dos, de acordo com a avaliação realizada no ano passado. Ainda segundo o cronograma definido pelo Ministério, cerca de 300 propriedades estão prestes a se-rem sorteadas para que seja re-alizada, entre os meses de abril e maio, a sorologia dos animais, que tem como objetivo provar a inexistência da circulação do ví-rus da aftosa no Maranhão.

A conclusão do relatório da sorologia está prevista para acontecer em meados de junho e a previsão é de que, caso seja confirmada a inexistência do vírus da aftosa no Maranhão, o Estado sejá classificado pelo Mapa como zona livre, em outu-bro deste ano.

Caso seja confirmada a inexistência da aftosa no rebanho local, o Estado será classificado como zona livre da doençaANTONIO WAGNER

Maranhão possui o segundo maior rebanho de bovinos do Nordeste

“O reconhecimento internacional está

previsto para 2013”

Page 5: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

Março 2012 05

Diário da Fazenda

Com a implantação do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), esti-

ma-se que a movimentação de carga no Porto do Itaqui consi-ga chegar à casa de 28 milhões de toneladas/ano. Na primeira fase de operação, passarão pelo Terminal cinco milhões de to-neladas de produtos agrícolas por ano. Já na segunda fase, a capacidade de exportação será dobrada. Nesta etapa a movi-mentação de produtos agrícolas será na ordem de dez milhões de toneladas.

Ampliada a capacidade de exportação, o faturamento na primeira fase do Tegram será de R$ 3,5 bilhões, ou seja, algo em torno de U$$ 1,8 bilhão/ano. Na fase posterior, esse faturamen-to deve aumentar para a marca de R$ 10 bilhões/ano.

No mês de fevereiro foram assinados, no Palácio dos Leões

- sede do Governo do Estado - os contratos de arrendamento do Terminal, sendo o ponta pé inicial para criação do empre-endimento, que promete elevar o setor portuário maranhense à lista dos dez maiores portos do mundo. Com a assinatura do contrato, as arrendatárias terão 30 dias para formação de um consórcio. Em seguida, deverão elaborar o projeto executivo e submeter a aprovação da Emap.

O início das obras está pre-visto para agosto deste ano e a operação para o fim de 2013. Juntas, a título de taxa de opor-tunidade de negócio, as arren-datárias ofereceram R$ 143,1 milhões. Além disso, serão in-vestidos pela iniciativa privada outros R$ 322 milhões na cria-ção da infraestrutura para ope-racionalização do Tegram.

Para o diretor-geral da An-taq, Fernando Fialho, o contrato demonstra a força econômica em torno do agronegócio. “As

empresas pagaram para entrar no consórcio e vão investir for-temente, o que vai garantir a geração de emprego e renda no Estado, uma vez que a produção de grãos deve subir para a mar-ca de 5 milhões de toneladas nos próximos cinco anos”, explicou.

Números O Terminal de Grãos do Ma-

ranhão terá capacidade estática de armazenamento de 500 mil

toneladas (base soja), compre-endendo quatro armazéns com capacidade de 125 mil tonela-das/cada. O Porto do Itaqui mo-vimenta atualmente 2,5 milhões de toneladas de grãos/ano. Em princípio, a movimentação de grãos será feita pelo berço 103, já existente, e para a segunda fase será utilizado o berço 100, cuja obra será concluída no pri-meiro semestre deste ano. Com o Tegram e outros projetos es-tratégicos desenvolvidos pela Empresa Maranhense de Admi-nistração Portuária (Emap), a movimentação de cargas deverá dobrar até 2015, chegando a 28 milhões de toneladas. A proje-ção para 2030 é de que o Itaqui alcance a marca de 150 milhões de toneladas movimentadas/ano e que figure na lista dos 10 maiores portos do mundo.

Com a entrada em funcio-namento do Tegram, previsto para receber a safra de 2013, o Maranhão não apenas conso-

lida sua vantagem competitiva no Nordeste como também em relação ao agronegócio nacio-nal. Os estudos apontam que a produção, produtividade das lavouras de soja, área cultivada, demanda doméstica e exporta-ção vão continuar crescendo em toda a área de influência do Por-to do Itaqui (Piauí, Tocantins, Mato Grosso e do Sul do Pará).

Isso torna o porto mara-nhense o canal natural para as exportações de soja, com menores custos de transporte, maior ganho para os produto-res e diminuição no tempo de acesso aos principais mercados mundiais consumidores (China, Japão e Europa). Outra conse-quência positiva é de que parte do excedente da produção po-derá criar condições favoráveis à verticalização da cadeia do agronegócio no Maranhão, já que farelo de soja é matéria-pri-ma para a produção de carnes (aves e suínos).

ogística L

Tegram eleva capacidade de exportação do MaA projeção para 2030 é de que o Porto do Itaqui alcance a marca de 150 milhões de toneladas e figure na lista dos 10 maiores portos do mundo

“Na primeira fase, passarão pelo terminal 5 milhões de toneladas

de produtos agrícolas por ano“

Page 6: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

06 Março 2012

ecuáriap

Diego Leonardo Boaventura

A pecuária tradicional sem-pre pregou que o boi só come capim, mito que,

aos poucos, está caindo por terra com a prática da chamada pecu-ária sustentável, modelo que al-cança resultados mais lucrativos que o manejo tradicional.

Na fazenda Monalisa, pri-meira da região a implantar o Sistema Silvipastoril Intensivo (SSPi) e pastejo rotacionado - tendo como forrageira arbustiva a Leucena -, a produção chega a ser quatro vezes maior que a média da região. Enquanto na pecuária tradicional cria-se um animal por hectare, a sustentável coloca quatro ou cinco no mes-mo espaço e com maior ganho de peso. Desde 2002 o médico veterinário Mauroni Cangussu, proprietário da fazenda, de 153 alqueires, tem investido nesse novo modelo.

Segundo Mauroni, com o aumento dos preços das terras da região, o custo de produção por animal no sistema tradicio-

nal, principalmente em baixa produtividade, fica muito caro. Já no Sistema Silvipastoril Inten-sivo o custo é menor e a lucrati-

vidade maior. “Isso é muito im-portante para o produtor rural porque otimiza o seu negócio” destaca Mauroni.

Como funciona

O manejo é feito em peque-nas áreas de pastoreio, cercada por uma cerca elétrica com ape-nas um fio, onde encontra-se dois tipos de capim, Massai e Braquiária, junto com a Leucena. “O gado ganha a proteína encon-trada na Leucena e energia com o capim, é a combinação perfei-ta”. O uso intensivo da Leucena tem aumentado a cada dia, gra-ças, principalmente, ao trabalho

desenvolvido pelo Centro para la Investigácion en Sistemas Sostenibles de Producción Agro-pecuária (CIPAV), com sede na Colômbia. Antes no sistema ro-tacionado convencional, em dez alqueires, a fazenda colocava mais de 100 animais. Hoje, com a evolução para o Sistema Silvi-pastoril Intensivo e rotacionado, 5,28 hectares da fazenda, o que equivale a mais ou menos um al-queire, são divididos em dez pi-quetes, mudando os animais de cinco em cinco dias para o ou-tro. Ou seja, o gado passa cinco dias em cada pasto.

Todos na fazenda estão sa-tisfeitos com o novo sistema e

percebem a diferença em rela-ção à pecuária tradicional. “Nós já percebemos uma diferença de meia arroba no ganho de peso do gado que está na Leucena em comparação ao que se encontra no pasto”, conta o administrador da Monalisa, Ednan Luís. Con-fiante com o modelo revolucio-nário, ele brinca: “as pessoas que ganharam muito dinheiro com o braquiarão terão de se curvar diante da Leucena”. A iniciativa do produtor rural Mauroni Can-gussu tem o apoio do Centro Brasileiro de Pecuária Susten-tável (CBPS) e da Universidade Federal de São João Del-Rei, de Minas Gerais.

Lotação de Sistema Silvipastoril intensivo pode chegar a cinco animais por hectare Enquanto na pecuária tradicional a lotação é um animal por hectare, no Sistema Silvipastoril Intensivo promete ganhos bem superiores

O manejo é feito em pequenas áreas de pastoreio, cercada por uma cerca elétrica com apenas um fio, onde encontram-se dois tipos de capim, Massai e Braquiária, junto com a Leucena

FOTOS: dIEGO bOAvENTuRA E cbpS

Page 7: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

07Março 2012

nvestimentos i

Diário da Fazenda

De olho no boom eco-nômico de Imperatriz, que registra índice

acima da média nacional, de acordo com matéria publica-da na revista Veja, o grupo Agrocia pretende incrementar seus investimentos com a ins-talação de uma unidade fabril em Imperatriz para abastecer o mercado pecuário dos esta-dos do Maranhão, Tocantins e Pará. Em uma reunião nas dependências da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), em Imperatriz, os empresários do grupo Gilson Brígido Lemos, Sérgio Leal, Fernando Wilk, William Cambuim, Gilson Ricardo e Diogo foram rece-bidos pelo prefeito Sebastião Madeira.

Na ocasião, o grupo so-licitou ao prefeito Madeira

apoio para se instalar em Im-peratriz, maior cidade do in-terior do Maranhão, que goza de posição geográfica estra-tégica na região sudoeste do Estado.

De acordo com o empre-sário Gilson Brígido, diretor do grupo Agrocria, a intenção é investir cerca de dez mi-lhões de reais numa indústria de fertilizantes, em Impera-triz. A audiência foi interme-diada pelo presidente da CDL, Francisco Almeida, o Chico Brasil.

O prefeito Madeira ga-rantiu aos empresários total apoio para que o projeto in-dustrial seja implantado em Imperatriz. O grupo, que há dez anos chegou a instalar na cidade uma loja, volta com a proposta de abrir uma gran-de fábrica de fertilizantes. A meta é suprir a demanda na área de nutrição animal.

Economia em alta

“Nós, em menos de dez minutos, fomos ao encontro com o grupo empresarial, pois temos compromisso com

o desenvolvimento de Impe-ratriz”, disse o prefeito Ma-deira, que argumentou não medir esforços para viabili-zar condições para instala-ção dessa fábrica, inclusive buscando apoio do governo

estadual. “Imperatriz está de portas abertas para apoiar a abertura dessa indústria, pois aqui dispomos de uma lei mu-nicipal de desenvolvimento econômico que oferece à em-presas e indústrias incentivos para que grupos se instalem em nossa cidade”, justifica o prefeito Madeira, que ressalta que a lei prevê inclusive a re-dução de tributos municipais. “Temos certeza, também, que o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Indústria e Comércio, apoia-rá esse projeto” completou o prefeito.

A intenção do grupo Agrocia é conseguir uma área no Distrito Industrial, locali-zado na margem da BR-010, em Imperatriz. Após quase 25 anos do projeto, a área in-dustrial foi totalmente revi-talizada no ano passado pelo governo do Estado.

imperatriz poderá ganhar fábrica de fertilizantes Grupo de empresários do estado de Goiás sinaliza investimentos que podem chegar a R$ 10 milhões na região tocantina

Prefeito Madeira recebeu os empresários do grupo Agrocia para tratar da instalação

O 1º Leilão Virtual do Ma-ranhão de gado de corte movimentou R$ 889,8

mil em negócios, com a venda de 1.116 animais. O eventou, que aconteceu no dia 1º de março nas dependências do New Anápolis Hotel, em Imperatriz, foi realiza-do pelo médico veterinário Mi-chel Turatti e por Célio Mendes, da ATR Leilões, em parceria com a Brasil Genética Leilões, de Cam-po Grande (MS). Os machos ne-gociados saíram pela média de R$ 755,81 e as fêmeas, por R$ 884,51.

A movimentação em negó-cios do 1º Leilão Virtual foi consi-derada satisfatória pelos produ-tores da região, que aprovam o

uso de novas tecnologias, como essa, para otimizar o agronégocio do Estado. As propriedades rurais que ofertaram animais no leilão foram as fazendas Terra do Sol, Alto Bonito, Inajá, Estancia JB, Glória, Campolina, Vale do Som e 3 lagoas. Produtores de Impera-triz e região prestigiaram o even-to e fizeram bons negócios. Entre os participantes estavam nomes conhecidos como o presidente do Sindicato Rural de Impera-triz, Sabino Costa, pecuaristas da família Machado, e Renato José Nogueira Pereira, proprietário da fazenda Nossa Senhora da Meda-lha Milagrosa, entre outros pro-dutores da região.

1º Leilão virtual do Maranhão movimenta R$ 889 mil FOTOS: dIáRIO dA FAzENdA

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ASSESSORIA dA pREFEITuRA

Com negócios via telefone e televisão, certame alcançou média de R$ 755,81 por cada macho

Page 8: DIÁRIO DA FAZENDA ED8

08 Março 2012

estãog

Por Diário da Fazenda

O que o Estado vem fazendo para ser reconhecido como área livre de febre aftosa? Quais as etapas de trabalho para isso?

A Sagrima e a Aged vem desde o ano passado reali-zando uma série de ações visando a estruturação de toda a atenção veterinária, por meio da reestrutura-ção dos escritórios da Aged, atendendo a uma série de exigências feitas pelo Mi-nistério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento para que o Maranhão se torne zona livre de febre aftosa. Nas duas últimas campa-nhas de vacinação contra a doença foram batidos recor-des no índice de cobertura vacinal, atingindo 97% do rebanho maranhense na se-gunda etapa da campanha, realizada no período de 14 de novembro a 14 de dezem-bro de 2011.

O governo do Estado aprovou ainda o Plano de Cargos, Carreiras e Remu-neração dos técnicos de Fis-calização Agropecuária da Aged, beneficiando 318 ser-vidores da Aged.

Todo esse trabalho foi

reconhecido pelo Ministé-rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que atri-buiu ao Maranhão a maior nota na auditoria realizada no ano passado em sete es-tados do Nordeste e o Pará. O Maranhão cumpriu com 89% das exigências acorda-das em 28 itens avaliados pelo Mapa.

Para dar continuidade aos trabalhos realizados pela

Aged para alcançar a zona li-vre de febre aftosa, o gover-no estadual celebrou convê-nio com o Mapa, que está sendo utilizado na renova-ção da frota veicular, com a aquisição de 47 camionetes, 45 veículos de menor porte, além de 78 motos equipa-mentos de informática, mo-biliários e equipamentos de GPS para a reestruturação dos escritórios da Aged.Além da aftosa, qual outro

gargalo o senhor considera im-portante receber atenção no agronegócio maranhense?

O Estado do Maranhão precisa melhorar sua infra--estrutura para dar melho-res condições aos produto-res de não só aumentar sua produção, mas também para o escoamento dessa pro-dução. Essa infra-estrutura refere-se à energia elétrica e melhoria das estradas fe-derais, estaduais e vicinais. É importante também que se façam obras estruturan-tes, como barragens, açudes, terminal portuário etc... que permitam maior aproveita-mento dos recursos hídricos do Maranhão, não só para a produção, mas também para navegabilidade, como al-ternativa de escoamento da produção agrícola.

Divulgamos informações na última edição sobre expansão da área agrícola e da produção de grãos. Como a Secretaria e o governo veem esse cresci-mento?

O agricultor maranhen-se está percebendo este novo momento em que o estado do Maranhão está vivendo e por isso responde de forma positiva aos estímulos do

mercado agrícola e também do governo do Estado.

No momento em que novos investimentos estão se instalando no Maranhão, é importante que o setor agrícola, que responde por cerca de 22% do PIB esta-dual, acompanhe esse cres-cimento econômico e possa diminuir a importação de alimentos.

Comparada com a sa-fra de 2010/2011, a safra 2011/2012 prevê um aumen-to de aproximadamente 10% na produção maranhense de cereais, leguminosas e olea-ginosas, com uma expectati-va de produzir cerca de 3,4 milhões de toneladas.

Qual a atual situação sobre a implantação do Terminal de Grãos do Maranhão (Te-gram)?

O início das obras de construção do Tegram deve acontecer em meados do mês de agosto, com previsão de conclusão dos serviços no mês de setembro de 2013, quando também iniciam as operações. Atualmente o Te-gram está na fase de elabo-ração do projeto executivo pelo Consórcio formado pe-las empresas vencedoras do processo licitatório. Até ju-lho, o projeto será submeti-do à aprovação da Empresa Maranhense de Administra-ção Portuária (EMAP).

Como o Tegram contribuirá com a produção do Estado?

Com o Terminal de Grãos que será construído no Porto do Itaqui, haverá a abertura de novos merca-dos internacionais, sendo um estímulo a mais para os produtores maranhenses, sobretudo para aqueles que produzem grãos e que há anos enfrentam dificulda-des de exportar seus produ-tos. Fazendo uma avaliação da produção de grãos a nível de Brasil, os estados locali-zados na porção norte do país produzem cerca de 69 milhões de toneladas/ano, destinada ao consumo inter-

Cláudio Donisete Azevedo nasceu em 01 de setembro de 1955 em Paraguaçu Paulista (SP) e está radicado no Maranhão desde 1978. É formado em Administração de Empresas pela

Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e esteve à frente por 14 anos da Associação dos Criadores do Estado do Maranhão (AS-CEM). Como presidente da Associação dos Criadores do Estado do Maranhão, liderou campanhas contra a febre aftosa para elevar

a classificação sanitária do Estado, que saiu de risco desconhecido para médio risco em 2007. A luta contra a febre aftosa também fez com que Cláudio Azevedo convencesse o Governo do Estado a criar a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Maranhão (AGED).

Como empresário, Cláudio Azevedo foi diretor adminis-trativo-financeiro das empresas do Grupo Schahin-Cury no Ma-ranhão, presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do

Estado do Maranhão (SIFEMA) e da Associação das Siderúrgicas do Brasil (ASIBRAS), em Brasília, e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão. Essa experiência fez-lhe reco-nhecido na classe empresarial maranhense que o elegeu presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no Maranhão, cargo pelo qual responde até 2014. Para o Diário da Fazenda, Cláudio Azevedo con-cedeu entrevistas sobre as prioridades do agronegócios do MA.

Cláudio azevedo fala sobre o agronegócio do MantrevistaE

Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca do Maranhão

“O Maranhão cumpriu com 89% das exigências acordadas

com o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento”

“A safra de 2010/2011 prevê

um aumento de aproximadamente 10% na produção de grãos”

Representante SALBLOCO em Imperatriz e região:

Rua Minas Gerais, 103 (Esq.com Benedito Leite) Centro - Imperatriz - MA

Fone: (99) 3254-2036 | Fax: (99) 3524-3477

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no e a exportação via portos do Pará e Pernambuco, por exemplo, o excedente (45,5 milhões de toneladas) aca-ba sendo direcionado para portos do Sul e Sudeste do país, o que acarreta maiores custos e gargalos logísticos. Com o escoamento pelo Por-to do Itaqui, a logística de transporte do agronegócio nacional será modificada. Essa mudança também pos-sibilitará a verticalização da cadeia do agronegócio no Maranhão.

Hoje são exportados pelo Porto do Itaqui 2,5 mi-lhões de toneladas de soja e com a construção do Te-gram, que terá investimen-tos da ordem de R$ 322 milhões, será ampliada a capacidade do Maranhão em armazenar e exportar mais 10 milhões de tonela-das de grãos/ano.

É possível fazer um panorama breve do polo produtor de mel no MA. Onde é, o que produz, como, para onde vende, quais as dificuldades enfrentadas e o que pode se esperar da pro-dução estadual de mel?

A maior concentração de mel produzido no Mara-nhão está situada na região do Alto Turi e Gurupi, com-posta por 11 municípios, que vendem o mel para os estados do Piauí, Bahia, Ce-ará e Santa Catarina. Nesta região, situada na área Su-doeste do Maranhão, prati-ca-se uma apicultura migra-tória, com uma produção de aproximadamente 1.300 toneladas/ano de mel, atin-gindo uma produtividade de 32,96kg.

A produção de mel vêm aumentando nos últimos

anos no Maranhão e há ainda uma expectativa de investimentos da iniciati-va privada para extração e beneficiamento do mel na região.

Para dar apoio a produ-ção de mel no Maranhão, a Sagrima está reestruturan-do a Câmara Setorial da Ca-deia Produtiva do Mel, que se constitui num importan-te fórum de discussão onde estão reunidos os membros envolvidos com a cadeia produtiva.

Podemos apontar como dificuldades enfrentadas pelos apicultores a falta de assistência técnica, infraes-trutura de acesso e produ-ção e dificuldade de acesso ao crédito.

Como o senhor avalia a atual situação em relação ao Códi-go Florestal. É assunto resol-vido ou ainda é preciso algu-ma etapa para tranquilizar produtores rurais do MA?

Precisamos da aprova-ção do Código Florestal o mais breve possível para que a partir desta legisla-ção, o governo do Mara-nhão elabore o Zoneamen-to Ecológico Econômico, o ZEE, que se transformará em lei estadual balisadora do equilíbrio entre a pro-dução de alimentos e a pre-

servação ambiental. O que queremos é buscar uma agricultura sustentável, que produza cada vez mais e que respeite o meio am-biente.

Quais são hoje os principais projetos da secretaria?

A Sagrima está atual-mente com foco no agrone-gócio, com o entendimento de que o pequeno produtor está inserido nas diversas cadeias produtivas exis-tentes no Maranhão. No final do ano passado, por meio do Programa Plan-tar e Colher no Maranhão, fizemos uma das maiores distribuição de sementes dos últimos anos, quan-do disponibilizamos a 185 mil agricultores familiares, cerca de 1,8 mil toneladas de sementes de arroz e mi-lho. Estamos distribuindo atualmente 3.250 quilos de sementes de hortaliças e frutas e dando início à lici-tação de 400 toneladas de sementes selecionadas de feijão.

Estamos implantando no Estado o Programa Água para Todos no Maranhão, que está sob a coordenação estadual da Sagrima e a exe-cução de responsabilidade da Codevasf. No dia 1o de março houve no município de Matões do Norte a insta-lação da primeira das 4.302 cisternas que serão implan-tadas inicialmente em 14 municípios maranhenses que estão localizados nas áreas de atuação da Code-vasf. O projeto em Matões do Norte, está sendo bas-tante elogiado pelos gesto-res da Codevasf e servirá de modelo para outros estados

onde está sendo implantado o Programa Água para To-dos, que faz parte do Plano Brasil sem Miséria.

As cisternas são de po-lietileno, com capacidade para armazenar 16 mil litros de água que será captada das chuvas. Além das 4.302,

mais 20 mil cisternas serão instaladas no Maranhão, nos outros 102 municípios que pertencem à área de abrangência da Codevasf.

Estamos na articulação para a execução do Projeto Diques da Baixada e dare-mos início, ainda este ano, às obras de construção do Centro de Difusão e Trans-

ferência de Tecnologia de Agricultura Irrigada do mu-nicípio de Grajaú.

Também faz parte das ações da Sagrima a estru-turação das cadeias produ-tivas e dos Arranjos Produ-tivos Locais e a Promoção da Irrigação em Atividades Agropecuárias.

Na pecuária, a Sagrima e seu órgão vinculado, a Agência de Defesa Agrope-cuária do Maranhão (Aged) estão trabalhando na erra-dicação da febre aftosa, e a previsão é de que no segun-do semestre o Estado seja declarado como zona livre da doença.

No setor aquícola, esta-mos com foco no fortaleci-mento da cadeia produtiva da aqüicultura. Faz parte ainda das nossas ações a elaboração de um Plano de Desenvolvimento da Pisci-cultura Ocidental, da Car-cinicultura Marinha e a ca-pacitação para dinamização econômica de Empreendi-mentos Aquícolas.

Março 2012 09

“Com a construção do Tegram, a capacidade

de exportação do Maranhão será de

mais de 10 milhões de toneladas “ “Disponibilizamos

a 185 mil agricultores familiares cerca

de 1,8 mil toneladas de sementes“

dIáRIO dA FAzENdA

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10 Março 2012

Diego Leonardo Boaventura

Pesquisadores de quatro es-tados brasileiros, incluindo o Maranhão, junto a parti-

cipantes da Universidade Estadu-al do Maranhão (Uema)/Centro de Estudos Superiores de Impe-ratriz (Cesi), desenvolvem simul-taneamente um projeto em rede que traz tecnologias para o mane-jo integrado de doenças do arroz em sistema de plantio direto com uso de silício e bioestimulantes.

A pesquisa, apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico (CNPq), conta ainda com integran-tes da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), no Pará, representando a região Norte, da Embrapa Arroz e Feijão, no Goi-ás, representando o Centro-oeste

e participantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais, representando o Sudeste. Em cada um desses estados, um professor coordena a pesquisa. No Maranhão, a professora Iva-neide de Oliveira - do Cesi-Uema - encabeça o projeto, que tem sua unidade experimental localizada em uma área de plantio dentro do Parque de Exposições de Im-peratriz.

No Pará, Maranhão e Goiás existem experimentos em campo, já em Minas Gerais, o trabalho foca principalmente experiências de laboratório. Nos três estados com pólos de cultivo houve no primeiro ano o plantio de soja, a cultura que irá fazer a rotação e, em 2012, o segundo ano da pes-quisa, está sendo plantado arroz. Nesse plantio está se testando a

rotação de cultura com a soja, a aplicação do silício e as rizobac-térias que funcionam como um estimulante para o crescimento das plantas. “Nós estamos testan-do para ver se realmente as rizo-bactérias irão promover essa di-ferença no desenvolvimento das plantas. Nós temos plantas que foram inoculadas com bactérias e sementes não inoculadas, para vermos justamente as diferenças nos resultados”, conta a coorde-nado do projeto no Maranhão, Ivaneide Oliveira.

Com o objetivo de buscar bolsas de iniciação científica para estudantes da Uema, foram de-senvolvidos ainda dois subproje-tos. Um dos subprojetos avalia a incidência de doenças em arroz de terras altas e outro estuda a qualidade do arroz. Ou seja, um

avalia as doenças da planta e o outro a qualidade do grão.

Plantio - O cultivo do arroz é fei-to uma vez por ano, aproveitan-do o período das chuvas. Ano passado a soja foi plantada nas “águas de março” e este ano o arroz foi plantado em feverei-ro, mas não deu certo, por esse motivo o plantio será repetido agora em março. “Nós estamos só aguardando as sementes que foram enviadas de Goiânia”. O manejo do arroz é também utili-zado para as aulas práticas com os alunos de Agronomia da uni-versidade.

A professora Ivaneide avalia como positiva a parceria com o Sindicato Rural de Imperatriz (Sinrural): “A parceria com o Sin-rural tem dado certo e tanto para

a universidade quanto para o Sinrural é uma parceria valiosa. Eles destinam para a gente uma área para fazermos experimen-tos e nós ficamos com o dever de passar os resultados dessas pes-quisas para eles”.

Provavelmente os primeiros resultados da pesquisa com o ar-roz sairão em junho, após a cole-ta, contabilização dos dados e fa-zer a análise estatística. Além de gerar publicações, o projeto quer levar informações para os produ-tores da região. “O objetivo é ge-rar conhecimento para transmi-tir para o agricultor técnicas, por exemplo, com o uso de silício e rizobactérias, para que assim ele consiga melhorar sua produção utilizando ferramentas que se busca no desenvolvimento sus-tentável”, conclui a professora.

projeto cultiva arroz no parque de Exposições

O berrante é um informativo mensal do:

O plantio do arroz para pesquisas no interior do parque é feito uma vez por ano aproveitando as águas de março

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Diário da Fazenda

Em 1980, quando o desmata-mento era incentivado pelo Governo Federal como for-

ma de garantir o progresso das fazendas no Norte e Nordeste do País, João Feuerstein resolveu manter intacta a mata ciliar que cercava a propriedade de 300 hectares. “Nessa época todo mun-do achava que isso era loucura”, comenta.

Hoje, a fazenda Pantera, em Dom Eliseu (PA), nos seus atu-ais quatro mil hectares, mantém uma mata de 1,5 hectares e dá mais um exemplo de ousadia na preservação do meio ambiente: adotou uma experimentação no modelo de pecuária silvipastoril e deve dobrar sua produtividade em dois anos. “No modelo tradi-cional, por hectare, conseguimos manter um animal; no modelo silvipastoril podemos chegar a até cinco animais no mesmo espaço de terra. Se eu dobrar o número de cabeças por hectare na minha fazenda já é um ganho inestimável”, compara.

A pecuária ‘ecológica’, que tem como base a substituição das grandes áreas de capim por uma mescla de árvores de tamanhos diversos, não é uma invenção da fazenda Pantera. A inovação por ali é a forma que encontraram para otimizar a substituição da braquiária pelas mudas de leuce-na - planta que servirá de alimen-to para os bois. Conforme conta Feuerstein, na Colômbia – país re-ferência neste modelo – as mudas são plantadas de forma manual. “Como as propriedades são me-nores é tranquilamente possível esse modelo de produção”, expli-ca o produtor.

Não é a realidade das fazen-das por aqui. Assim, na experiên-cia da Fazenda Pantera, nos 30 hectares onde as mudas de leu-cena foram semeadas, a mão de obra manual foi adaptada pelo cultivo mecanizado. “Como não existe no mercado uma máquina específica para plantar a leuce-na fizemos uma adaptação com maquinário de cultivo de milho. Agora o modelo deve servir de exemplo para outras proprieda-des”, comenta.

A experiência parece sim-ples, mas o resultado é grande. No processo manual, em 30 dias de trabalho árduo, foi possível plantar dois hectares; com o pro-cedimento mecanizado chegou--se à marca de 30 hectares em dois dias. “Fomos fazendo experi-ências que deram certo”, garante.

Entre as descobertas valiosas que Feuerstein pode ensinar hoje é que o plantio requer atenção a alguns detalhes técnicos, como por exemplo, a orientação geo-gráfica na forma de distribuir as sementes e a distância entre elas. “A leucena deve ser plantada de Leste para Oeste e numa distân-cia de 50 centímetros uma da outra. Só assim ela capta a ener-gia necessária do sol e promove a infiltração de nitrogênio que vai permitir uma capacidade nu-tricional muito maior para o ani-mal”, explica.

E é justamente a capacidade nutricional dessa planta que vai fazer a diferença na produção. Conforme explica o produtor, en-quanto o capim tradicional tem um potencial protéico de no má-ximo 8%, a leucena chega a 28%. “Isso sem contar que a braquiária está sujeita a pragas, como a ci-garrinha. Já a leucena não permi-te a proliferação dessas pragas”, comenta.

Obviamente que essa mu-dança no modelo de produção exige um investimento inicial. Mas segundo Feuerstein, outro ponto a favor da leucena é que, diferentemente do capim, ela não precisa ser replantada. “Você planta só uma vez, depois é só cuidar do manejo. Conhecemos na Colômbia fazendas cujas leu-cenas já completam 25 anos, ou seja, o retorno é certo”, destaca.

Outra vantagem desse mode-

lo, que pode ser visto na fazenda Pantera, é o melhor aproveita-mento das áreas. Isso porque além da leucena, as áreas de produção pecuária são usadas para plantio de árvores de médio e grande porte, e ao redor das mangas de produção, pode-se produzir milho ou outros grãos. “Estamos escolhendo árvores frutíferas para cultivar nesses es-paços. Uma ideia que era inviável no modelo tradicional”, defende.

Uma fazenda zen

Mas o modelo silvipastoril não é o único diferencial da fa-zenda Pantera. Ali a filosofia é manter tudo na máxima tranqui-lidade, na política do “curral zen”.

“Aqui na fazenda tudo é muito silencioso, você não vê o vaquei-ro gritando com o gado. Vaca tranquila produz muito mais”, garante. E o procedimento tem se mostrado adequado. Nas 2,8 mil cabeças de gado o índice de pre-nhês das fêmeas chega a 94%. Do

rebanho total, pelo menos 1/3 é abatido por ano e os números na balança são surpreendentes: com 30 meses de nascido a média de peso dos bois chega a 18 arrobas por animal.

Nessa lógica toda a fazenda foi divida em mangas de dois hec-tares que abrigam no máximo 50 vacas e 50 bezerros. Todas con-tam com um cocho de sal e água coberto, para garantir conforto. Além disso, são separados por peso e raça. “Se colocamos todos juntos eles brigam, ficam estres-sados e isso reflete na precocida-de do bicho”, explica.

E a política ali é rigorosa com relação a esses resultados. Conforme detalha o produtor, se em sete meses o bezerro não alcançar pelo menos 180 quilos a vaca progenitora vai para o des-carte. “Para manter esse controle todas as matrizes têm brinco e uma ficha que controla seu de-sempenho”, diz.

O curral também foi todo pensado para manter a calmaria da bicharada. O espaço tem 14 divisões e capacidade para pelo menos 700 cabeças. O espaço é todo cercado de calhas para não ficar sujo durante a permanência dos animais para pesagem ou va-cinação. Durante o trajeto do bi-cho para a balança, por exemplo, o cercado impede que ele veja o que acontece ao redor. “Ele pensa que está sozinho ali e fica menos nervoso”, explica o fazendeiro.

De bem com a natureza

“Nunca colocamos fogo em nada aqui. Ao contrário, de vez em quando ainda nos reunimos para apagar incêndio na vizinhan-ça”, diz. É nessa lógica que Feuers-tein construiu a fazenda Pantera. Filho de pai e mãe alemães e vin-do de uma família de 16 irmãos, ele nunca imaginou que poderia, um dia, ter tanta intimidade com a fazenda. “Eu sempre quis ser en-genheiro mecânico”, conta. E o so-nho aconteceu, por muito tempo. Durante anos ele atuou no Paraná como instrutor do Senai e ajudou a formar mecânicos.

Foi a experiência como ma-quinário que permitiu que mon-tasse, em Imperatriz, em 1980, a Pantera Máquinas. Da troca de uma motosserra e outros equipa-mentos veio o primeiro pedaço de terra. “Aceitei: queria um lugar para passar fim de semana”, lem-bra. Hoje o ‘sitio’ é tão grande que para dar conta de todo o trabalho são duas sedes, em pontos opos-tos da fazenda, cercada por dois rios. A produção é cheia de curio-sidades, como a drenagem da água da chuva, que mantém seca as estradas mesmo nas águas. Há criações de porcos, a base de leite, e até urubus e aranhas cercam o lugar. “Todos os animais tem uma função na natureza, todos, sem exceção tem sua importância”, destaca. O exemplo de sucesso mostra que sim!

Março 2012

FOTOS: ANTONIO WAGNER

“Se eu dobrar o número de cabeças por hectare já é um ganho

inestimável “

Fazenda pantera inova para ampliar produção

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