diálogos entre moda e arte contemporânea: estudo através das obras da artista cindy sherman

7/23/2019 Diálogos entre Moda e Arte Contemporânea: Estudo através das obras da artista Cindy Sherman.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENACPós-Graduação em Criação de Imagem e Styi!g de "oda

Diálogos entre Moda e Arte Contemporânea: Estudo através das obrasda artista Cindy Sherman.

Nat#aia "us$ie%& Gri

São Pauo'()'



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENACPós-Graduação em Criação de Imagem e Styi!g de "oda

Diálogos entre Moda e Arte Contemporânea: Estudo através das obrasda artista Cindy Sherman*

Pesquisa apresentadaao Programa de Pós-

Graduaçãoe Pesquisa do

Centro UniversitárioSENAC como exigênciaparcial para conclusãodo curso de Criação deImagem e Styling deModa.

at!alia Mus"iec# GrillSil$ana %ol&meister

São Pauo'()'



SU"ÁRIO

'- (esumo...................................................................................................... '

)- Introdução .................................................................................................. )

*- +ma artista e seu percurso......................................................................... *

,- Colaoração as!ion.................................................................................. /

/- M0scara que comunica...............................................................................')

1- Conclusão...................................................................................................'*

2- (e3erências 4iliogr03icas..........................................................................',

5- 6nexos....................................................................................................... '/



Diálogos entre Moda e Arte Contemporânea: Estudo atravésdas obras da artista Cindy Sherman.

Nathalia rill

Resumo

este artigo7 uscamos analisar os di0logos que se estaelecem entrea moda e a arte contempor8nea. Principalmente em relação 9 3orma comoacontecem as aproximaç:es e trocas entre essas duas linguagens7 apartir da consideração ao percurso da artista pl0stica americana CindyS!erman. Para tanto7 propomos analisar suas colaoraç:es para re$istas

e campan!as de moda so dois aspectos; a moda sendo usada comomeio e inspiração. o sentido inspiratório7 primeiro como o<eto dere3lexão e assunto7 contextuali&ando seus autorretratos a imag=tica demoda. Segundo7 ao ol!ar para a moda enquanto 3igurino7 destacamos autili&ação do $estu0rio como suporte na comunicação nas oras daartista7 enaltecendo a teatralidade do $estir.

Paa+ras-%#a+e, Moda> 6rte> Cindy S!erman

Astra%t

In t!is article7 "e analy&e t!e dialogues t!at ta#e place et"een3as!ion and contemporary art. ?specially in relation to !o" t!eapproac!es and exc!anges !appen et"een t!ese t"o languages7 3romt!e consideration o3 t!e route o3 t!e 6merican artist7 Cindy S!erman. or ot! "e propose to analy&e t!eir contriutions to maga&ines and 3as!ioncampaigns 3rom t"o aspects; 3as!ion eing used as a means and

inspiration. In order inspiratory7 3irst as an o<ect o3 re3lection and su<ect7contextuali&ing t!eir sel3-portraits to 3as!ion imagery. Second7 "!enloo#ing 3or 3as!ion as costumes7 "e !ig!lig!t t!e use o3 clot!ing assupport in communicating t!e artist@s "or#s7 !ig!lig!ting t!e t!eatricality o3 dressing.

.ey$ords, as!ion> 6rt> Cindy S!erman



I!trodução

6ordar sore a relação entre moda e arte tende sempre a ser um

exercAcio inspirador7 por serem linguagens astante su<eti$as e assim

inesgot0$el e instigante 3onte de assunto. Be acordo com Cidreira )DD1E

tanto a arte quanto a moda acaam incitando a uma re3lexão sore a

aparência7 a imagem do indi$Aduo e a imagem do corpo. +sa-se como 3io

condutor entre estes assuntos as oras da artista pl0stica americana Cindy

S!erman7 que tem uma das tra<etórias mais rele$antes e interessantes dacontemporaneidade. 6 artista7 que usa como suporte quase que

exclusi$amente a 3otogra3ia7 ote$e recon!ecimento mundial com suas s=ries

de autorretratos que remetem ao grotesco7 em que le$anta questionamentos

como o do papel e a representação da mul!er na sociedade7 o poder das

imagens7 em como sua in3luência na construção das identidades em uma

sociedade de consumo. Segundo Glassoc# )D'DE7 S!erman estaeleceu-se

como uma grande manipuladora e int=rprete de Acones de 3eminilidade

propagados pela mAdia de massa. F uma artista multi3acetada7 reali&ando em

suas oras o papel de stylist7 maquiadora7 atri& e 3otógra3a simultaneamente7

al=m disso7 sua po=tica se aproximou ainda mais da linguagem de moda

quando 3irmou parcerias com marcas como a <aponesa Comme des Garçons

e reali&ou editoriais $inculados em re$istas com a ogue Paris. Colaoraç:es

como estas nos mostram como questionamentos próprios da arte

desestaili&am e con$idam a pensar a moda de maneira não con$encional.

Para (emaury 'HH2E7 os dois mercados nutrem-se reciprocamente7 a moda

gan!ando ares de nore&a suplementares e a arte conquistando o status de

uma din8mica e3êmera. presente artigo ser$e como ase na elaoração de

uma proposta pr0tica7 intitulada JISMS K Interpretando almas "anna eL7

que consiste em uma s=rie de autorretratos com ol!ar paródico acerca de

estereótipos de 3as!ionistas e artistas.



Uma artista e seu /er%urso

Cynt!ia Morris S!erman7 con!ecida artisticamente como Cindy

S!erman7 nasceu no dia 'H de <aneiro de 'H/,7 em Glen (idge7 o$a ersey7

nos ?stados +nidos7 por=m7 ainda muito no$a sua 3amAlia mudou-se para

%untington 4eac!7 Nong Island7 onde cresceu. Segundo a própria7 passou a

in38ncia assistindo tele$isão e culti$ando sua paixão pelo cinema. ?m 'H2)

ingressou no curso de artes $isuais7 no State +ni$ersity College7 em 4u33alo7

a princApio interessada em desen$ol$er suas !ailidades em pintura. o

entanto7 ao ser posta em contato com a arte conceitual e outros mo$imentos

contempor8neos7 como per3ormance art e ody art7 sua atenção se

direcionou para os suportes usados para documentar tais artes7 como a

3otogra3ia e o $Adeo7 tendo como re3erência artistas per3orm0ticas en$ol$idas

com quest:es 3eministas como Nynda 4englis7 ?leanor 6ntin7 %anna! Oil#e e

tam=m !omens artistas que tin!am o corpo como ponto central em suas

po=ticas como C!ris 4urden e ito 6cconci. 6 partir das experiências dessesartistas7 iniciou a reali&ação de experimentos em torno de sua autoimagem.

?m um deles7 caracteri&ou-se como pessoas comuns7 passageiros de nius7

os quais oser$a$a no seu dia a dia K o resultado desta percepção são

3otogra3ias analógicas7 em preto e ranco7 com 3igurino e cen0rio pouco

elaorados. 6 artista7 por exemplo7 não se preocupa$a em esconder o

disparador da m0quina 3otogr03ica no enquadramento.

6s mais 3amosas s=ries criadas por S!erman ao longo de sua carreira7respeitando ordem cronológica7 são; Untitled film stills QStills cinematográficos

sem títuloR 'H22-'H5DE> Rear-screen projection QProje!es num tel"oR 'H5D-

'H5'E> Centerfolds QPáginas centraisR 'H5'E> Pin# ro$es QRoup!es rosaR

'H5)E> %as&ion 'H5*-'H5, e 'HH*-'HH,E> %air' tales QContos de fadaR

'H5/E> (isasters Q(isastresR 'H51-'H5HE> )istor' portraits QRetratos

&ist*ricosR 'H5H-'HHDE> Se+ pictures QRetratos se+ R 'HH)E> )orror and

surrealist Pictures QRetratos surrealistas e de &orror R 'HH,-'HH1E> ,ffice #iller

Q, assassino do escrit*rioR 'HH2E> Untitled ... QSem titulo ... R )DDDE>



Clo/ns QPal&aosR )DD*-)DD,E. Untiled film stills 3oi a mais comentada pelos

crAticos e pela própria artistaE de suas s=ries7 sendo a nica que Cindy

intitulou7 deixando esse traal!o para os crAticos nas s=ries que se seguiram.

Por=m7 3ocaremos nesta pesquisa principalmente discuss:es le$antadas a

partir da s=rie %as&ion 'H5*-5, e 'HH*-H,E e pautadas em suas

colaoraç:es com a moda. 6riremos a oser$ação acima da conexão da

moda no traal!o de S!erman7 utili&ando-nos de duas $ias; inspiração e

meio. o sentido inspiratório7 primeiro como o<eto de re3lexão e assunto7

contextuali&ando seus autorretratos na imag=tica da moda. Segundo7

ampliando a id=ia de moda enquanto 3igurino7 destacando a utili&ação do

$estu0rio como suporte para a comunicação da ora do artista7 enaltecendo a

teatralidade do $estir. S!erman manipula seu corpo atra$=s de adornos7

multiplicando-se em muitas7 <unto a um arsenal de perucas7 roupas7

maquiagens e próteses. Pre3ere traal!ar so&in!a em seu estdio criando7

assim7 ine$ita$elmente7 uma atmos3era de mito ao seu redor. Muitos crAticos

se perguntam sore qual ora re$ela a $erdadeira 3ace da artista7 por=m7 3ica

claro que seus autorretratos se tratam de representaç:es de representaç:es7

longe de sua identidade e sim re3lexos de sua perspecti$a7 3ruto de colagens

de signos externos a ela. 6s imagens que produ& são compilaç:es de

estereótipos7 reprodu&indo o<etos que <0 são reproduç:es7 como os

personagens dos 3ilmes de %olly"ood7 das no$elas de tele$isão7 dos

romances 0gua-com-açcar e da pulicidade das re$istas de luxo T(6+SS7

)DD)E.

Uendo o dispositi$o 3otogr03ico e o corpo como suporte7 a artista $este

e encarna m0scaras sociais7 tratando a identidade como simulacro7

desconstruindo sua autoimagem atra$=s de arti3Acios. F 3amosa por suacapacidade camalenica e pela ironia ao reprodu&ir estereótipos7 propondo

ao espectador7 com suas descontextuali&aç:es7 uma no$a maneira de ol!ar

imagens produ&idas pela mass media. S!erman estaelece uma irnica e

pro$ocati$a in$estigação em torno da construção de identidade

contempor8nea7 criando representaç:es que pro$êm do cinema7 tele$isão7

re$istas7 internet e !istória da arte. Be acordo com (espini )D')7 p.',E7

JMais do que nunca7 a identidade = male0$el e 3luida7 o traal!o de S!ermanpro$a isso7 re$elando e criticando o arti3Acio da identidade e como a 3otogra3ia



= cmplice dessa 3aricação'L. 6o colocar seu próprio corpo em suas

imagens7 Cindy S!erman posiciona-se como su<eito e o<eto7 ele$a as

discuss:es acerca de seus traal!os7 questionando o papel do artista7

recusando-se a ter uma dist8ncia crAtica em relação ao mundo que se

de3ronta7 como se não pertencesse a tal7 re$elando o próprio artista como

estereótipo.

Coaoração 0as#io!

interesse de S!erman na construção da identidade7 3eminilidade e na

circulação das imagens de massa ele$am a moda ine$ita$elmente ao

patamar de protagonista de sua re3lexeção. Cindy mostra não só uma

3ascinação pela imagem de moda como tam=m uma $isão crAtica ao que

elas representam. Contr0ria a aura sagrada que era concedida a arte em sua

=poca7 quis construir imagens que pudessem ser compreendidas sem que7

por exemplo7 o expectador ti$esse que ler um li$ro sore a ora7 de antemão.

(espini )D')7 p.'5E cita uma declaração da artista7 em que ela di& que

qualquer um pode apreciar sua arte7 mesmo não entendendo-a

completamente7 pode tirar algo dali e esta seria a ra&ão de usar linguagens

do cotidiano e tam=m o moti$o pelo qual as ironi&a. Be acordo com Cidreira

)DD/7 p.5)E Ja moda passa a ser uma expressão que nos reen$ia a imagem

de nosso tempo. Besse modo7 nada mais natural que os uni$ersos da moda

e da arte se entrecru&emL. Sua primeira contriuição 3as!ion aconteceu em

'H5*7 a con$ite da dona da e" Vor# utique7 Bianne 4enson7 que tam=m

contratou (oert Mapplet!orpe7 Naurie Simmons e Peter %u<ar para produ&ir

3otogra3ias para sua campan!a pulicit0ria. Uais 3otos 3oram pulicadas demarço a <un!o de 'H5* na re$ista 0ntervie/ 7 as quais7 com elementos de

ironia e teatralidade nunca ti$eram a intenção de serem tradicionais.

Besa3iando a id=ia de ele&a e graça a qual o grande plico esta$a

acostumado em admirar ao 3ol!ar re$istas de moda7 Cindy caracteri&ou-se

como uma personagem excêntrica7 com ar 3orte e perturador7 construindo

1JMore t!an e$er 7 identity is malleale and 3luid7 and S!ermanWs "or# con3irms t!is7re$ealing and critiquing t!e artA3ice o3 identity and !o" p!otograp!y is complicit in its ma#ing.L



uma imagem de moda re3orçada por uma $isão paródica7 mas ainda sim com

3inalidade pertencente ao sistema da moda. 6lguns crAticos notaram que 3oi a

partir deste traal!o que S!erman começou a interessar-se pelo grotesco7 o

3eio e o estran!o7 e$entualmente expressados atra$=s de próteses e 3igurinos

i&arros. ?m uma entre$ista de 'H517 S!erman comenta sua crescente

3ascinação com o lado negro que conscientemente traal!ou contra as

normas da moda; Jico eno<ada com o que as pessoas 3a&em para 3icarem

onitas> estou muito mais 3ascinada com o outro lado... eu estou tentando

ironi&ar a modaL (?SPII7 )D')7 p.*)E. ?m 'H5,7 Borot!ee 4is contratou

S!erman para 3a&er 3otos para a ogue Paris. Mais extremistas do que as

3otos que !a$ia 3eito para 4enson no ano anterior7 apresentou personagens

com ol!os de sangue7 !ematomas e um não emele&ador panca#e. Xuando

en$iou suas primeiras 3otos teste para a equipe de 4is7 a reação 3oi

claramente negati$a7 o que pareceu inspirar personagens ainda mais

depressi$os e desestruturados anexo 'E. Se nos anos 'H5D7 seu lado cada

$e& mais destemido e $angardista era por $e&es repudiado7 uma d=cada

depois7 em 'HH*7 a )arper1s 2a3aar contratou S!erman para 3a&er um

editorial que incluAa roupas do C!ristian Bior7 ean Paul Gautier7 o!n

Galliano7 Bolce Y Gaana7 Cal$in Tlein e i$ianne Oest"ood. essas 3otos7

as roupas 3oram utili&adas com um $i=s de 3igurino para criar personagens

que tendiam ao i&arro. Processo semel!ante 3oi repetido em 'HH,7 em uma

colaoração com a Comme dês Garçons para a campan!a pulicit0ria da

marca7 em que criou personagens peculiares7 como a tatuada di$a decadente

anexo )E. Glassoc# )D'DE aponta que as peças da Comme des Garçons

são apropriadas e desapropriadas por Cindy S!erman e que7 por isso7 torna-

se di3Acil di&er se as roupas são usadas como plane<ado por (ei Ta"a#uoou alteradas pela artista. JPode-se 3alar que essas 3otogra3ias são

desconcertantes a partir da perspecti$a tradicional da moda7 ao mesmo

tempo em que não se encontram deslocadas no contexto da Comme des

GarçonsL. Segundo (espini )D')E7 3oi a partir da contratação de S!erman

que a %arperWs 4a&aar e a Comme des Garçons araçaram artistas que

desa3ia$am os aspectos con$encionais da moda e da ele&a7 recon!ecendo

que suas próprias roupas e in3luências na mAdia eram cmplices no aile dem0scara da moda. Com essas colaoraç:es7 o ciclo 3oi completo7 as id=ias



dos pós-modernistas esta$am inseridas nas próprias mAdias que eles

trata$am sore. Be acordo com Nittle )D'D7 p.'*'E o pós-modernismo

Jexplora o poder e o modo como as 3orças econmicas e sociais exercem

esse poder para moldar as identidades de indi$Aduos e de culturas inteiras.L

requentemente usando a arte para denunciar como a sociedade constrói e

muitas $e&es at= imp:e uma !ierarquia de $alores e signi3icados culturais.

F importante contextuali&ar o perAodo em que aconteceram as

colaoraç:es citadas7 os anos 'HHD 3oram um marco est=tico7 modi3icando

radicalmente a imagem de moda que7 segundo Mesquita )DD,7 p.51E7

Jdeixou a arti3icialidade dos estdios7 das modelos7 dos recursos de

iluminação e @caiu no mundo@7 @caiu na real@7 por $e&es caiu na lamaL7

estaelecendo estreita relação com a arte. 6 est=tica do 3eio7 do i&arro e do

no<ento = explorada e incorporada 3ortemente. Ual$e& impulsionada por

mo$imentos <o$ens e mani3estaç:es anticonsumistas retomadas de

mo$imentos ati$istas em di$ersos campos das artes7 que pro$êem dos anos

'H2D> tal$e& pela queda do muro de 4erlim7 tal$e& por crescentes prolemas

econmicos e socioculturais7 tal$e& por todos estes moti$os <untos7 mas o

3ato = que c!egou at= a moda a necessidade de expressar a realidade de seu

tempo. Becadência7 morte e i&arrismo tornaram-se temas recorrentes em

des3iles7 editoriais e campan!as7 nascendo7 assim7 um mo$imento imag=tico

considerado antimoda)7 Ja moda resol$eu &omar da modaL %NZM?ISU?(7

)D'D7 p.'2E. Segundo Mesquita )DD,7 p.'DHE7 Jnão parece !a$er intenç:es

de @anestesia@ ou propostas de identi3icação nessas imagens7 mas sim um

dese<o de a3etação. ão são 3otogra3ias que produ&em dese<o imediato de

consumo7 mas um pro$0$el descon3ortoL. Com o dese<o de apro3undar as

discuss:es em torno de seus produtos7 roupas7 estilistas e marcas se <untam9 artistas. Segundo %ol&meister )D'D7 p.''*E7 esse encontro aconteceu pois

Jtornou-se imperati$o o entendimento do con<unto da @ora@ e não apenas o

sentido est=tico da roupaL. Com a mudança no mercado7 surgem no$os

pro3issionais de moda7 como os stylists que7 de acordo com 4raga )DD57

p./DE7 Jsão os $erdadeiros criadores de conceitos7 id=ias e principalmente

2 J6nti-modas podem nascer de uma atitude pessoal ou de um grupo7 que7 a principio7 não

teriam nen!uma pretensão de lançar tendências ou id=ias. a maioria das $e&es7 são $istascom estran!amento e consideradas su$ersi$as ou transgressorasL M?SX+IU67 )DD,7 P.)1E



imagens.L Por=m7 sendo a moda 3il!a do capitalismo7 $ale destacar que !a$ia

tam=m uma estrat=gia de mar#eting por parte das marcas7 como sinali&a

S$endsen )D'D7 p.''1E

Jperto do 3im do s=culo [[ a moda parecia ter que 3ingir ser de $anguarda para ser

$end0$el para as massas7 emora uma $anguarda para as massas pareça ser uma

contradição em termos. Para gan!ar a atenção7 a moda araçou o extremo oposto

daquilo a que 3ora tradicionalmente associada7 corindo o glamour com su<eira.L

?sta estrat=gia 3oi reprisada em )DD,7 em uma colaoração entre o 3otógra3o

alemão uergen Ueller e Cindy S!erman para uma Janti-fas&ion fas&ionL

campan!a para Marc acos7 incluindo os dois artistas $estindo as roupas da

marca e posando para a c8mera7 caracteri&ados como um casal estran!o e

de gostos du$idosos. exagero na concepção das 3as!ion pictures de Cindy

tornaram-se ostentosos em )DD2-D5 com a s=rie em que retrata$a $Atimas da

moda usando 4alenciaga7 encomendada pela 4ogue Paris para a edição de

agosto de )DD2. s personagens assemel!a$am-se a pessoas que

traal!a$am com moda K como editoras de re$istas e pessoas que tenta$am

entrar para o mundo 3as!ion7 se es3orçando para parecer sexy para a

c8mera7 com seus not0$eis traços de cirurgia pl0stica7 roupas c!amati$as7

aspiraç:es de !ig!t-society e senso de /anna $e K inseridos numa atmos3era

de 3otos de 3esta para re$ista7 com mul!eres ocecadas por status e imagem.

?ssas 3otos estão longe de lison<ear o mundo da moda7 mas 3oi com sua

colaoração ao lado de Ueller para Marc acos que a dupla 3oi aceita pela

4alenciaga e pelos editores da ogue Paris como uma maneira de se

alin!arem ao que existia de no$o na =poca. 6ssim7 as imagens operam em

$0rios nA$eis7 sendo que as 3otogra3ias esta$am no centro de re<eição da

m0quina de dese<os da moda. Seus traal!os na moda marcam em sua

tra<etória o inAcio de sua exploração do 3eio7 macaro e grotesco7 que

continuou explorando nas suas s=ries seguintes.



"1s%ara 2ue %omu!i%a

Bo mesmo <eito que a arte 3oi usada na moda7 esta tam=m 3oi usada

na arte7 como quando Cindy S!erman usou roupas de Gaultier em Untitled

5676 anexo *E. 3igurino7 aliado 9 maquiagem7 permitiu que ela construAsse

seus mltiplos personagens7 pois Ja moda não permitiu unicamente exiir um

$Anculo de posição7 de classe7 de nação7 mas 3oi um $etor de indi$iduali&ação

narcAsica7 um instrumento de alargamento do culto est=tico do ?uL

NIP?USTV7 'H5H7 p. *HE. Seus autorretratos perderiam o sentido se a

artista não se apoderasse do 3igurino para contextuali&ar cada personagem

criado. F atra$=s dos adornos que S!erman d0 pistas sore como = a

personalidade do personagem7 onde e como $i$e7 sua situação 3inanceira7

entre muitas outras caracterAsticas. Seguindo o raciocAnio dos des3iles de

moda7 S!erman utili&a-se do excesso de in3ormação K perucas e camadas de

roupas K e cerca-se de signos no intuito de representar o uni$erso de seu

personagem. Nipo$ets#y 'H5H7 p.*2E di& que

JComandada pela lógica da teatralidade7 a moda = um sistema insepar0$el do excesso7da desmedida7 do exagero. destino da moda = ser inexora$elmente arreatada pelaescala de acr=scimos7 de exageraç:es de $olume7 de amolicação de 3orma 3a&endopouco do ridAculo.L

Muni& )DD,7 p.)DE acredita que a 3unção do 3igurino = especA3ica7

Jcontriuir para a elaoração do personagem pelo ator. Mas seu resultado

constitui tam=m um con<unto de 3ormas e cores que inter$=m no espaço

cênico.L o caso de S!erman7 al=m de contriuir na comunicação de seus

autorretratos7 se 3a& presente tam=m na sua composição 3otogr03ica. ?m

sincronia com o 3igurino7 igualmente = importante sua representação7 atuação

em 3rente a c8mera7 atra$=s de gestos e poses congeladas7 comunicando

para o plico sua id=ia e conceito.



Co!%usão

s limites entre moda e arte encontram-se cada $e& mais tênues e por

isso di3Aceis de serem perceidos. interessante a ser in$estigado não se d0

propriamente na !ipótese da moda ser considerada ou não arte7 mas sim na

possiilidade em diagnosticar de que 3orma acontece essa interrelação e em

quais pontos caracteri&am-se suas intersecç:es.

6credita-se que essas trocas e colaoraç:es 3a$orecem mutuamente

tanto o artista7 as marcas e as re$istas de moda quanto a sociedade. 6o

artista7 dando mais repercussão sore seu traal!o7 podendo assim

aumentar o alcance de sua ora e conquistando no$os plicos. 6s marcas e

re$istas de moda que têm seus discursos apro3undados ele$ando seu status7

agregando $alores7 a3irmando a imagem da marca7 ser$indo essas

colaoraç:es como estrat=gias de mar#eting c!amando atenção da mAdia

com os rompimentos de padr:es est=ticos que a arte prop:em. Por 3im7 9

sociedade pois7 atra$=s dessas multidisciplinaridades e conex:es7 acaa

desmisti3icando a arte7 resultando em propostas so no$as perspecti$as7

questionamentos e re3lex:es perante ao plico.

Re3er4!%ias 5iiogr13i%as

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A!e9os

6nexo '7 Untitled 588. onte; (?SPII7 ?$a. Ci!dy S#erma!. o$a Vor#; U!e Museumo3 Modern 6rt7 )D').



6nexo )7 Untitled 5679: onte; (?SPII7 ?$a. Ci!dy S#erma!. o$a Vor#; U!e Museumo3 Modern 6rt7 )D').



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diálogos entre moda e arte contemporânea: estudo através das obras da artista cindy sherman

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