diagnostico ti caititu

52

Upload: abilio-junior

Post on 10-Mar-2016

240 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Diagnostico TI CAITITU

TRANSCRIPT

Page 1: Diagnostico TI CAITITU
Page 2: Diagnostico TI CAITITU
Page 3: Diagnostico TI CAITITU

DIAGNÓSTICO TERRA INDÍGENA

CAITITULÁBREA - AMAZONAS

2013

OPAN - OPERAÇÃO AMAZÔNIA NATIVA

Page 4: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

Autoria Povos Apurinã e Paumari

RealizaçãoOperação Amazônia Nativa - OPAN

FinanciamentoAgência dos Estados Unidos para oDesenvolvimento Internacional - USAID

Equipe Técnica e IndigenistaCarlos Rodrigues AraújoDaniel Tibério Luz Gustavo Falsetti V. SilveiraLuiz FernandesNeila Raquel SolanoMarcelino Soyinka Magno de Lima dos Santos Miguel Aparício Suarez Vinicius Benites Alves

Coordenação ExecutivaIvar Luiz Vendruscolo BusattoLola Campos RebollarRochele Fiorini

FotosArquivo OPANArquivo Conservação Estratégica

DesenhosPovos Apurinã e PaumariPercy Lau

Fonte dos dados mapasHidrografia: ANA (editado OPAN)TI’s: FUNAI / UC’s: MMA Divisão Política: IBGEDesmatamento: INPE Projeto Cartográfico: Marcelino Soyinka

Organização Vinicius Benites Alves

RevisãoIvar Luiz Vendruscolo BusattoXimena Morales Leiva ColaboraçãoFederação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus - FOCIMPFernando Penna SebastiãoMarcos Ajuri Schwade

Diagramação IrisDesign

www.irisdesign.com.br

PROJETO CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM TERRAS PÚBLICAS NA AMAZÔNIA OUTUBRO/2011 A SETEMBRO/2013

EXPEDIENTE

4

Page 5: Diagnostico TI CAITITU

DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU | 5

Page 6: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

ALGUMAS LIDERANÇAS APURINÃ DA TERRA INDÍGENA CAITITU Da esquerda para a direita: Jaime, Pinoca, Antônio, Erivelton, Marcelino, Zé Bajaga, Almir, Raimundo, Luiz, Pedro (em pé), João Baiano e Manoel do Moca (agachados).

6

Page 7: Diagnostico TI CAITITU

SUMÁRIO |

SUMÁRIO

Expediente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4

Algumas lideranças apurinã da Terra Indígena Caititu . . . . . . . . . . . . . . .6

Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Áreas protegidas impedem o avanço do desmatamento no sul do Amazonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10

Nosso vizinhos da Terra Indígena Caititu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

Terra Indígena Caititu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

Um pouco de nossa história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

Histórico do Povo Apurinã da Terra Indígena Caititu . . . . . . . . . . . . . . .15

Representantes e profissionais das nossas aldeias . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Encontros nas aldeias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

Nossas casas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

Nossas origens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

Quantos somos na Terra Indígena Caititu? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

Fotos das atividades realizadas nas aldeias apurinã e paumari . . . . . . .22

Diagnóstico territorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24

Nossa mapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

Atividades de criação do nosso mapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

Mapeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

Como elaboramos as legendas para o nosso mapa . . . . . . . . . . . . . . . .29

Calendário Ecológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

Relato de uma expedição ao rio Puciari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32

Quais planos temos para o futuro deles? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

Nossos alimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

Caça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Pesca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

Coleta de frutos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

Roçado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Farinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

Castanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40

Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

Nossa terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

Infraestrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Onde estão garantidos nossos principais direitos . . . . . . . . . . . . . . . . . .46

Um novo momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

Parceiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50

Órgãos públicos e possíveis parceiros dos povos indígenas de Lábrea .51

7

Page 8: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU8

Page 9: Diagnostico TI CAITITU

APRESENTAÇÃO |

APRESENTAÇÃO

Este diagnóstico da Terra Indígena Caiti-tu - AM é o resultado do trabalho desen-volvido ao longo dos últimos dois anos (2011/2013) pelos Apurinã e Paumari e a equipe indigenista da OPAN como parte das atividades do Projeto Conservação da Biodiversidade em Terras Públicas na Amazônia. Além dos integrantes da OPAN e das comunidades, fizeram parte tam-bém outros parceiros como Instituto In-ternacional de Educação do Brasil (IEB), Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e Fe-deração das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (FOCIMP).

A área do Caititu foi a primeira terra indígena demarcada na região de Lábrea e tem como uma de suas características es-tar localizada entre o perímetro urbano e a frente de expansão agrícola que avança de Rondônia para o sul do Amazonas. Essas características colocam grandes desafios para os moradores desta terra.

Por esse motivo, foram realizadas ati-vidades que possibilitaram aos Apurinã e Paumari compreenderem melhor o contexto

atual e as novas ferramentas que podem garantir a manutenção da integridade do seu território. Isso se deu por meio de reu-niões, encontros, conversas nas aldeias e, especialmente, em duas grandes assem-bleias quando muitas informações foram trocadas, assim como foram apresentados os mapas e os calendários. Enfim, iniciou--se a construção de um diagnóstico, em conjunto com os dois povos, cujo objetivo é enriquecer as discussões para os primei-ros passos da futura construção do plano de gestão territorial e ambiental da Terra Indígena Caititu. Dessa forma, os textos deste trabalho foram escritos em conjunto entre os indígenas e os indigenistas procu-rando retratar os principais assuntos rela-cionados ao território apurinã e paumari.

A metodologia de trabalho foi constru-ída junto com as comunidades em encontros nas aldeias e em duas assembleias gerais. Desta forma foi possível haver uma reflexão a respeito de novos conhecimentos e ter acesso às políticas públicas de gestão terri-torial formuladas para os povos indígenas, como a Política Nacional de Gestão Territo-

rial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGA-TI), por exemplo.

Para além da formação técnica, a con-tribuição significativa que essas ações trou-xeram foi o fortalecimento da organização política, que resultou na reafirmação de forte desejo de manter a integridade física de sua terra e de seus modos tradicionais de vida.

Um dos pontos altos dos trabalhos foi a expedição de reconhecimento dos limites da terra e contou com a participação das ge-rações mais jovens que até então só conhe-ciam esses limites por meio dos relatos dos mais velhos, que participaram da luta pela demarcação da terra nos anos 1980.

Espera-se que nas próximas etapas de trabalho, por ocasião da elaboração do pla-no de gestão, os Apurinã e Paumari possam apresentar as propostas no sentido de garan-tir a melhoria da qualidade de vida no pre-sente e boas perspectivas para as gerações futuras.

Equipe OPAN

9

Page 10: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

ÁREAS PROTEGIDAS IMPEDEM O AVANÇO DO DESMATAMENTO NO SUL DO AMAZONAS

Áreas protegidas do sul do Amazonas

Rico em diversos animais e peixes e rodeado pela beleza da floresta amazônica, o rio Purus, que nasce no Peru, é conside-rado um dos maiores do mundo. É um dos principais afluentes da margem direita do rio Solimões, que corta boa parte do estado do Amazonas. A região do Médio Purus está lo-calizada nos municípios de Lábrea, Canuta-ma e Tapauá.

Apesar de o sul do Amazonas estar prote-gido por uma verdadeira barreira de unidades de conservação e terras indígenas, somando 4.126.342 de hectares, a região não está livre do avanço do desmatamento, que começou pelas bordas da Amazônia Legal e vai se diri-gindo ao centro.

Esse movimento intensificou--se no início dos anos 1990 e, aos poucos, a floresta vai caindo e dando lugar às pastagens de gado e às la-vouras de soja. Nesse cenário, o mu-nicípio de Lábrea é um dos líderes do desmatamento amazônico, com uma área já desmatada de 315 mil hecta-res (2012).

A expansão das estradas e das rodovias favorecem a derrubada da floresta, deixando a terra mais fraca.

“Ao acabar com as florestas, estão acaban-do com os povos indígenas, que aprenderam com seus antepassados a respeitá-la e tirar dela somente o necessário para sobreviver”, observa

com sabedoria o cacique da aldeia Novo Paraíso, Marcelino Apurinã.

Por outro lado, o Médio Purus é habitado por ribeirinhos e vários povos indígenas, entre eles os Deni, Apurinã, Paumari, Jamamadi, Ja-rawara, Zuruahã, Banawá, Hi-Merimã e Katawi-xi (isolados) distribuídos em mais de 20 terras indígenas, reunindo, assim, aproximadamente sete mil pessoas.

10

Page 11: Diagnostico TI CAITITU

NOSSOS VIZINHOS DA TERRA INDÍGENA CAITITU |

NOSSOS VIZINHOS DA TERRA INDÍGENA CAITITU

11

Page 12: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

TERRA INDÍGENA CAITITU

Depois de anos de muita luta, quando lide-ranças até receberam ameaças de morte, em 1991 finalmente foi demarcada pelo governo federal a Terra Indígena Caititu, dos povos Apurinã e Paumari. De lá para cá, aconteceram as demarcações das outras terras e unidades de conservação vizinhas. Assim se montou uma barreira de proteção contra o desmatamento no sul do Amazonas.

Mesmo sendo uma das primeiras terras indí-genas demarcadas na região, a Terra Indígena Cai-titu vem sofrendo nos últimos anos pressões cada vez maiores sobre seus recursos naturais. As prin-cipais ameaças são as atividades intensas de caça, pesca e a utilização predatória de recursos, assim como a degradação florestal e a abertura da rodovia Transamazônica (BR-230, trecho Lábrea-Humaitá). Com o avanço das motosserras, vão se estabelecendo as fazendas de gado e soja perto da terra.

Por outro lado, a economina dos Apurinã e Paumari baseia-se no roçado, de onde se colhe principalmente a macaxeira e a mandioca para a produção de farinha, e, ao mesmo tempo, é fei-to o manejo da castanha. Os povos contam com rios ricos em peixes para se alimentar e praticam a caça. Por outro lado, as jovens gerações buscam muitas formas para ter renda realizando trabalhos como serventes de pedreiro, barqueiros, ajudantes de carpinteiros, serviços domésticos, entre outros.

12

Page 13: Diagnostico TI CAITITU

TERRA INDÍGENA CAITITU |

Localizada entre os rios Ituxi, Paciá e Mari (afluentes do rio Purus), a Terra Indígena Caititu faz divisa com a Terra Indígena Jacareúba/Katawixi (índios isolados), o Parque Nacional do Mapinguari, a Reserva Extrativista (Resex) do Ituxi e a própria área urbana de Lábrea.

Metade das aldeias estão muito próximas da cidade e da Transamazônica (BR-230). No entanto, uma grande área no cen-tro e no sul da Terra Indígena não têm aldeias, o que aumenta o risco da entrada dos invasores. As lideranças do Caititu apontam a necessidade de fortalecer o uso e ocupação dos territórios tra-dicionais para construir a economia indígena, reforçar a gover-nança e o monitoramento territorial, ameaçados pelos impactos do desmatamento e invasões que avançam sobre a área.

$1$1

$1$1$1

$1$1$1

$1$1$1$1

$1$1

$1

$1

$1

$1

%2

%2 Lábrea

$1 Aldeias

Terra Indígena Caititu

Decreto de homologação: 282 de 29/10/1991, publicado em 30/10/1991Registro no Cartório de Imóveis de Lábrea/AM Matrícula 1.503 Liv. 2-F fl. 192-195 em 31/03/89Registro no Serviço de Patrimônio da União - Certidões nº 173/378 em 29/07/88

Área: 308.062 ha

População: 798 pessoas (julho de 2013)Município: Lábrea, AmazonasEtnias: Apurinã e Paumari

Divisas: Resex Ituxi : 776.949 haParque Nacional Mapinguari : 888.299 ha

13

Page 14: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA“Fui criado tirando copaíba, sorva e seringa. Minha vida

sempre foi nos trabalhos pesados. Ia cortar seringa apenas com uma lata de farinha, passava fome o dia inteiro. Tenho um plantio de vários pés de frutos porque pensei que como não tenho emprego fixo, eu vou fazer o plantio. De repente, na minha velhice, eu tenho pelo menos frutos para comer.”

José Inácio, Aldeia Tucumã

“Fui criado no Catipari e íamos muito ao Mamoriá. Na-quela época não existia espora, tirávamos a sorva com o ma-chado. Eu amo seringa, amo sorva e vou para o Puciari se Deus quiser, o fim da minha vida vai ser lá e vou levar todo meu pes-soal pra lá.”

Luis Vicente da Silva, Aldeia Boa Vista

“Sou um pescador profissional, o pescador de verdade pega só o que quer, só pesca de arpão, caniço e flecha. Não usa malhadeira. Aprendi a pescar com meu pai. Sei onde o pirarucu bóia e busco ele com meu arpão.”

Pedro Borge Maia, Aldeia Irmã Cleusa

“Como é que vamos segurar o indío na aldeia? Sabemos da falta de apoio mas precisamos nos organizar melhor. Temos muita riqueza que está escondida aí na mata. Precisamos explo-rar nossa terra sem danificar a natureza. “

Marcelino Apurinã, cacique da aldeia Novo Paraíso

14

Page 15: Diagnostico TI CAITITU

HISTÓRICO DO POVO APURINÃ DA TERRA INDÍGENA CAITITU |

HISTÓRICO DO POVO APURINÃ DA TERRA INDÍGENA CAITITU

Adriano, Arnaldo, Marcelino, Israel

Agostinho Mulato

Irmã Cleusa Carolina

Início das primeiras ações do Movimento Indígena - TI Tawamirim e TI Caititu - 1992

“Vim à cidade fazer compras e topei esta situação. Ontem o prefeito Francisco Pires parou com o carro e me disse assim: que nós éramos invasores e que vão pessoas lá na aldeia do Paciá com a polícia para tirar nós, que estamos invadindo o que é deles. Disse que o prejuízo vão indenizar. Agora que você saiba, índio de lá só sai morto.” – Trecho da carta de Tuxáua Agostinho Mulato para Ir. Cleusa e Apoena Meirelles – 26/12/1984.

“Temos de construir fraternidade, é neces-sário, mas a justiça tem de estar na base de toda convivência humana. Vale arriscar-se!"

15

Page 16: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

REPRESENTANTES E PROFISSIONAIS DAS NOSSAS ALDEIAS

Nome da aldeia Cacique Liderança Representante das mulheres Agente Indígena de Saúde - AIS

Agente indígena de Saneamento - AISAN Conselheiros Locais de Saúde PROFESSORES

Arapaçu Edvar Ribeiro da Silva Toni Lima da Silva Maria Augusta José Antônio Paumari Elielson Lima da Silva - -

Arapaçuzinho Mariazinha Laudio, Maria José, Leticia Mariazinha Alzenir Ribeiro da Silva Apurinã - - -

Boa Vista Sebastião Matias de Souza (Tato Jr)

Dadir Vicente, Luiz Vicente

Maria José Matias de Souza Apurinã Claudia Lopes da Silva Hamilton Silva de Souza Damião Matias José Francelino Bezerra /

Dionéia Calado de Souza

Buriti Antônio Bezerra de Queiroz Apurinã

Raimundo Bezerra de Queiroz

Maria Bezerra dos Santos Apurinã - Cicero Jacinto

de Queiroz Apurinã Antônio Bezerra de Queiroz Apurinã

Manoel Bezerra de Queiroz Apurinã

Capurana Jaime Matias da Silva Apurinã Ronilson Lima da Silva Regina Ricardo da Silva Ronaldo Lima da Silva - - José Raimundo

Batista Apurinã

Castanheira Erivelton Fernandes do Nascimento Francisca Maria do Socorro Alves

de Oliveira Elenita Alves Nunes Lorival Pereira dos Santos

Erivelton Fernandes do Nascimento

Michel Ramoile Vieira da Rocha

Copaíba Marcilio Batalha João Francelino, Maciel Batalha Marcionilia Batalha Angélica Silva Antônio Batalha - Dorivaldo Batalha

Cujubim Paulo Lopes da Silva Paumari Josivaldo Lopes Maria Rosâria Lopes

da Silva Paumari Paulo Lopes da Silva Paumari Josivaldo Lopes -

Edivaldo Quintino das Neves Apurinã, Josiberto Lopes da Silva Paumari

Idecorá José Raimundo Pereira Lima (José Bajaga)

Neto, Sebá, Ana, Raimundinha Raimunda Lima dos Santos Antônio Francisco

Pereira Lima - Pinoca - José Raimundo Pereira Lima (José Bajaga ) -

Irmã Cleusa Pedro Borge Maia Vicente, Rosana Ana Cristina Maia Apurinã José Augusto Apurinã Cristiano Borges Pereira Apurinã - Ana da Silva Maia Apurinã

Japiim Raimundo Apurinã Moacir Mercedes Josimar Robson Raimundo Apurinã Moacir/Gilvan

Macedinho Evilázio João Neri, Raimunda, Paulo Ana Cristina Toinho Rodrigo Pinheiro dos Santos João Neri, Socorro -

Nova esperança II Josino Rodrigues João Batista da Silva, Luis Nogueira, Manoel Marcos,

Maria Vilaço Luis Nogueira Pedro Antônio Vingren Batista Elisângela e Nete

Novo Paraíso Francisco Jacinto de Almeida , Marcelino Apurinã

Rozimar Jacinto de Queiroz

Maria dos Anjos Nogueira, Maria Selertina da Silva Rozimar Jacinto de Queiroz José Nogueira

de Almeida Apurinã - Rosângela Nogueira de Almeida Apurinã

Paxíuba Raimundo Puraqué Maria das Dores de Oliveira Apurinã Solange Valério de Souza Elizete Pereira Raimundo Nonato Raimundo Nonato de Oliveira Maria do Socorro

de Oliveira Apurinã

São Domingos Adriano Miguel Texeira Carlinho/Bezelieu Maria Barreiro Miguel Rosa Maria Barreiro Maria Miguel - José Raimundo Barreiro

São José Nair Francisca da Silva Mara Rosinete Pereira Vicente Zuleide Pereira Apurinã Antônio Santos da Silva - Raimundo Nonato da Silva de Lima

São Sebastião Manoel do Moca Sebastião Tatiane Gomes da Silva Apurinã Tatiane Gomes da Silva Apurinã Raimundo Apurinã Antônio Gomes Apurinã Cleudimar Nogueira

Tucumã José Inácio Pedro Rufino, Antônio Edilson

Rosilene Nogueira, Raimunda Antônia Antonio Edilson (voluntário) Valcemir Nogueira da Silva Antônio Almir

Nogueira da Silva Cosma Rocha da Silva

16

Page 17: Diagnostico TI CAITITU

ENCONTROS NAS ALDEIAS |

ENCONTROS NAS ALDEIAS

Assembleia de validação do mapeamento e do diagnóstico da Terra Indígena Caititu

17

Page 18: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

São Domingos

Arapaçuzinho

Arapaçu

Tucumã

Novo Paraíso

Nova Esperança 2

Boa Vista

Idecorá

Cujubim

NOSSAS CASAS

18

Page 19: Diagnostico TI CAITITU

NOSSAS CASAS |

Castanheira

Japiim

Macedinho

Copaíba

São José

Paxíuba

Ir. Cleusa

São Sebastião

Capurana

19

Page 20: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

NOSSAS ORIGENS

PAUMARI

Mo’diNafohiJaraIsaiMamoriDamaSavaharoKaragoahiPahaAbihaKadahiKhajaiSo’oroTarasaraHadoJoriJoimaJirimarahiJaro’aoHirariArabaniMa’khaHotairi

PORTUGUÊS

CastanhaRapéNão índioCriançaMatrinxãAntaTracajá FarinhaÁguaFlechaArcoXinganéPaneiroTerçadoFaca MachadoÍndioPaca Milho QueixadaPajéCobraVeado

APURINÃ

MakyAwyry KariwaAmariniMamoriKyamãSypyryKatarukiriAmbarãXiripitiKaputiKynyreKutary Sara sarraYuatã Kitai PupỹkaryKaiatyKymyYraryMỹtyImynyManity

Algumas palavras das três línguas faladas na nossa terra

20

Page 21: Diagnostico TI CAITITU

QUANTOS SOMOS NA TERRA INDÍGENA CAITITU |

QUANTOS SOMOS NA TERRA INDÍGENA CAITITU?

256

160

316

51

0

50

100

150

200

250

300

350

Crianças(0 a 10 anos)

Adolescentes(11 a 17 anos)

Adultos(18 a 59 anos)

Idosos(Maiores de 60anos)

432

366

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Gênero

HomemMulher

21

Page 22: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

FOTOS DAS ATIVIDADES REALIZADAS NAS ALDEIAS APURINÃ E PAUMARI

22

Page 23: Diagnostico TI CAITITU

FOTOS DAS ATIVIDADES REALIZADAS NAS ALDEIAS APURINÃ E PAUMARI | 23

Page 24: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU24

Page 25: Diagnostico TI CAITITU

DIAGNÓSTICO TERRITORIAL |

DIAGNÓSTICO TERRITORIAL

CONHECERPLANEJARPROTEGER

25

Page 26: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

NOSSO MAPA

Aqui desenhamos nossa aldeia, tudo aquilo que está ao nosso redor e que consideramos fundamental para nossa sobrevivência

26

Page 27: Diagnostico TI CAITITU

ATIVIDADES DE CRIAÇÃO DO NOSSO MAPA |

ATIVIDADES DE CRIAÇÃO DO NOSSO MAPA

27

Page 28: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

MAPEAMENTO

Para fazer nosso mapa, usamos uma foto tirada de um aparelho solto no espaço, chamado satélite. Neste mapa estão inseridas as nossas aldeias e onde estão nossos principais recursos naturais, como igarapés, pontos de caça e pesca, pontos de castanha e roçados.

28

Page 29: Diagnostico TI CAITITU

COMO ELABORAMOS AS LEGENDAS PARA NOSSO MAPA |

COMO ELABORAMOS AS LEGENDAS PARA NOSSO MAPA

Depois de localizados e identificados os nossos principais recursos naturais e áreas de uso das aldeias, fizemos desenhos das aldeias, roçados, castanhais, áreas de caça e pesca para fazer nosso mapa.

29

Page 30: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

CALENDÁRIO ECOLÓGICO

Aqui colocamos as épocas do ano em que desenvolvemos as nossas principais atividades, como roçado, caça, pesca, coleta de frutos e quando fazemos nosso artesanato.

30

Page 31: Diagnostico TI CAITITU

CALENDÁRIO ECOLÓGICO | 31

Page 32: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

RELATO DE UMA EXPEDIÇÃO AO RIO PUCIARI

De 7 a 16 de maio de 2013, um grupo formado por nove indígenas Apurinã, Pau-mari e dois indigenistas da OPAN, realizou uma expedição ao sul da Terra Indígena Caititu. Contamos com representantes das aldeias Boa Vista, Novo Paraíso, Tucumã, Ca-purana, São Sebastião, Irmã Cleusa e Cujubim.

Saímos de Lábrea e durante os nove dias da expedição passamos pelas cabeceiras do rio Puciari e locais de campos da natureza, onde tivemos a oportunidade de rever locais que foram ocupados por nossos antepassados, como estradas de serin-ga e castanhais. Nestas áreas ainda pou-

co conhecidas pelos mais jovens ficamos impressionados com a riqueza e abundân-cia de frutos e animais. Além de tudo isso, encontramos também vestígios dos índios isolados que habitam a região, o que nos mostra a importância de ter um cuidado es-pecial com esta rica área de nossa terra.

32

Page 33: Diagnostico TI CAITITU

QUAIS PLANOS TEMOS PARA O FUTURO DELES |

QUAIS PLANOS TEMOS PARA O FUTURO DELES?

33

Page 34: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

NOSSOS ALIMENTOS

Os alimentos que a terra e a floresta nos dão são nossa maior riqueza pois podem nos dar tudo aquilo que precisamos para que nos-sos filhos cresçam e fiquem fortes.

Antigamente tínhamos tudo aqui, toda comida era produzida por nós e por isso

sabíamos como cada alimento era feito, se era bom de comer cozido, cru, assado ou moqueado. Sabíamos de onde vinham e quais alimentos nos ofereciam força e saúde. Essa riqueza não era só pela qualida-de e quantidade, mas também na variedade de comidas. Tínhamos mandioca, macaxeira,

buriti, bacaba, anta, caititu, paca, macaco, peixes, tracajá, jabuti e muitas outras comi-das do mato. Os alimentos comprados na ci-dade não têm a mesma qualidade e podem provocar doenças como diabetes, pressão alta e podem afetar o coração.

34

Page 35: Diagnostico TI CAITITU

CAÇA |

A prática tradicional da caça é muito im-portante para os povos Apurinã e Paumari. A carne é saudável e nutritiva, sendo muito boa para alimentação das famílias. Caçamos a pon-to, com armadilha, focagem à noite e espera.

Hoje estamos enfrentando grandes difi-culdades porque, na região próxima da cidade

de Lábrea, onde está concentrada a maior par-te das aldeias, a caça está difícil, só encontra-mos bichos pequenos e ainda sofremos com as invasões. E quando queremos comer alguma caça maior como anta, porco do mato, paca, entre outros, temos de ir para as cabeceiras dos rios Puciari, Passiá e Mari ou ainda buscar esse alimento fora da Terra Indígena Caititu.

Foto da carne sendo assada e um barreiro, local frequentado por várias espécies de animais. É um bom lugar de caça.

CAÇA

35

Page 36: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

No inverno usamos os igarapés e no verão vamos pescar nos rios e lagos. Para pescar usamos arco e flecha, arpão, tarrafa, zagaia, malhadeira, espinhel, caniço, sacatiru e linhada. Pescamos branquinha, cangati, cará, carauaçu, cuiu, jaraqui, jiju, mapará, pacu, pirarucu, piranha, surubim, tambaqui, traíra, sardinha, pirarara, piau e outros peixes.

PESCA

36

Page 37: Diagnostico TI CAITITU

COLETA DE FRUTOS |

Nossos frutos são gostosos e muito impor-tantes para a alimentação pois possuem muitas vitaminas. São saudáveis por não estarem conta-minados por agrotóxicos .

São utilizados nas nossas festas culturais como o xingané, casamentos, aniversários, reu-niões, festejos e nas comemorações. Os frutos da nossa terra como castanha, pupunha, patauá, açaí, tucumã, pequiá e uxi também complementam nossa renda familiar.

Contudo, nossa produção está diminuindo por falta de replantio das espécies e porque mui-tas vezes trocamos nosso produto saudável pelo industrializado.

COLETA DE FRUTOS

37

Page 38: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

ROÇADO

No roçado está a base da nossa alimenta-ção, ele sustenta nossas famílias e ainda com-plementa nossa renda.

Nossos roçados têm uma grande varie-dade de plantas como mandioca (amarelinha, amarelão, paxiubão, januaca, socó, samaúma), macaxeira (pão, manteguinha, caboclinha), abacaxi, melancia, jerimum, banana, batata, cará, cana-de-açúcar, entre outras.

O trabalho no roçado é uma cultura que jamais deixaremos, herdamos isso dos nossos antepassados e repassamos para nossos filhos e netos que vão aprender a plantar com a gente. Fazemos os roçados com muitas espécies misturadas para que quando acabe uma planta já tenha outra e, assim, sempre vamos ter comida.

38

Page 39: Diagnostico TI CAITITU

FARINHA |

A farinha é muito importante na nossa alimentação, comemos tudo com farinha, além de complementar nossa renda familiar.

Mandioca

•Farinha Puba – Farinha Dágua

•Farinha Seca

•Farinha toco mole

•Massa carimã

•Beiju

Macaxeira

•Farinha grossa

•Farinha fina

•Massa – polvilho

Goma

•Farinha da Tapioca

FARINHA

39

Page 40: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

CASTANHA

Há muito tempo trabalhamos com a castanha, que além de ser um bom alimento, é uma das principais fontes de renda que temos hoje em nos-sa terra. Seu manejo é uma prática tradicional que aprendemos com nossos pais. Serve para nossa alimentação e para nossa economia.

Apesar de quase sempre o preço ser baixo e os atravessadores domi-narem o mercado local, nunca deixamos de fazer esse trabalho. Na época da coleta da castanha vamos a outros limites da nossa terra, fazemos nossa própria vigilância e podemos comer carne de caça, peixe e muitas frutas.

A castanha é muito rica em proteínas e fazemos dela leite, doce, pa-çoca, mingau, tempero para comida e usamos como remédio na nossa me-dicina tradicional.

40

Page 41: Diagnostico TI CAITITU

EDUCAÇÃO |

EDUCAÇÃO

Hoje o principal motivo de nossos jovens saírem das nossas aldeias é porque não temos uma escola de qualidade. Se a gente tivesse um ensino bom dentro das aldeias, nossos jovens só sairiam para se formar e depois voltariam para trabalhar com os próprios parentes. É por isso que reivindicamos o direito de ter uma boa educação nas aldeias.

Nossos filhos têm aulas na escola da al-deia do 1º ao 5º ano. Depois eles têm de estu-dar na cidade.

Algumas das nossas escolas foram cons-truídas pelos próprios Apurinã e Paumari com recursos próprios ou por outros parceiros. Onde não há escola, os professores dão aulas nas suas próprias casas.

Nossos professores participam de cur-sos de formação (Pira Yawara e Sou Bilíngue) para melhorar o ensino dos alunos, mas fal-tam materiais e um lugar próprio para eles darem as aulas.

Precisamos construir e reformar nossas escolas, ter ensino do 6º ao 9º ano, aulas da língua materna para todas as séries e condi-ções para os adultos estudarem à noite.

Das dezoito aldeias que participaram do projeto, apenas oito possuem algum tipo de escola.

As aldeias que têm escolas

8

10

0

2

4

6

8

10

12

Escola

Possui

Não possui

41

Page 42: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

SAÚDE

Antigamente, quando alguém ficava do-ente na aldeia, era tratado ali mesmo pelo pajé, raízeiro ou benzedor que usavam nossos próprios remédios. Esses eram encontrados na natureza. Hoje, dentro de nossa terra ainda há alguns des-ses nossos médicos tradicionais, mas seus traba-lhos são pouco reconhecidos e estamos vendo que temos de resgatar nossa cultura, que é muito importante para nós. Precisamos valorizar o uso da nossa medicina tradicional, utilizando mais nossos remédios.

Nas aldeias que não têm poços artesia-nos, bebemos água dos rios, igarapés, lagos e cacimbas. Queremos que eles sejam construí-dos nas aldeias.

Precisamos de um lugar certo para aten-dimento, queremos que seja construído um posto de saúde em cada aldeia. Precisamos de uma equipe de saúde completa com médico, dentista, enfermeiro, técnico de enfermagem e técnico de higiene bucal, além de remédios

para cuidar o que estamos sentindo. Quere-mos que a equipe de saúde fique na aldeia para nos orientar como prevenir e como tratar as doenças.

Também achamos necessário que o AIS e AISAN tenham capacitações para melhorar o atendimento feito nas aldeias. O DSEI precisa melhorar as condições de transporte da aldeia para a cidade para os nossos doentes.

Pólo Base: Aldeia Japiim / Posto de Saúde: Aldeia Irmã CleusaFonte: OPAN/2013

6

1 1

12

17 17

0

5

10

15

20

Poço Artesiano Pólo Base Posto de Saúde

Possui

Não possui

42

Page 43: Diagnostico TI CAITITU

NOSSA TERRA |

NOSSA TERRA

Precisamos proteger melhor nossa ter-ra pois os brancos entram em nosso territó-rio sem permissão, tiram nosso peixe, nossa madeira, nossa caça e até para fazer uso e tráfico de drogas. Muitas vezes arriscamos nossas vidas tentando protegê-la.

É importante que o órgão competen-te, ou seja, a FUNAI, nos ajude a combater as ameaças que degradam a nossa terra por meio de ações efetivas e permanentes para impedir todas as agressões que preju-dicam nossa terra e nosso povo.

Precisamos de um curso de formação de agentes ambientais indígenas para vigilância am-biental e territorial. Queremos que essa equipe tenha os equipamentos necessários como GPS, máquinas fotográficas, gravadores de voz, cader-nos, canetas, pranchetas e que seja remunerada.

%2^̂̂

^

^

^

^^^

^ Invasão

%2 Lábrea

43

Page 44: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

1 20

9

17 1618

9

02468

101214161820

EnergiaElétrica

Radiofonia Orelhão Sinal deCelular

Possui

Não possui

INFRAESTRUTURAEmbora existam aldeias próximas da cida-

de, a infraestrutura ainda é muito ruim. Na época do inverno os ramais e estradas ficam com muita lama e não conseguimos passar. Temos muita di-ficuldade para sair das aldeias e chegar na cidade.

Precisamos transportar nossa produção, buscar atendimentos de saúde, ir ao banco e às instituições parceiras assim como comprar pro-dutos.

Outra dificuldade nossa é a falta comu-nicação. Quase não temos radiofonia para co-municar-nos com as outras aldeias, a FUNAI e a SESAI. O sistema de radiofonia pode nos ajudar na saúde e a proteger a nossa terra.

Só há uma aldeia na nossa terra com ener-gia elétrica. A eletricidade ajuda a conservar os alimentos e armazenar parte de nossa produção.

O que precisamos:

● Melhorar os ramais uma vez por ano nas aldeias próximas da cidade

● Ter acesso a uma melhor forma de comunicação

● Programa Luz para Todos

● Radiofonia

● Orelhão ou antena para sinal de celular

Energia Elétrica: Aldeia Boa Vista / Radiofonia: Aldeia Japiim e Irmã Cleusa Fonte: OPAN/2013

44

Page 45: Diagnostico TI CAITITU

INFRAESTRUTURA | 45

Page 46: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

Constituição Federal - 1988 Capítulo 8 Dos Índios

Art. 231  - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradi-ções, e os direitos originários sobre as terras que tra-dicionalmente ocupam, competindo à União demar-cá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

Art. 232 - Os índios, suas comunidades e or-ganizações são partes legítimas para ingressar em juí-zo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.

ONDE ESTÃO GARANTIDOS NOSSOS PRINCIPAIS DIREITOS

Convenção 169 da Organização Internacional do TrabalhoA Convenção 169 sobre Povos Indígenas e

Tribais em Países Independentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovada em 1989, durante sua 76ª Conferência, é o instrumento in-ternacional vinculante mais antigo que trata es-pecificamente dos direitos dos povos indígenas e tribais no mundo. Depois de quase 20 anos de sua aprovação, a OIT vem acumulando experiências na implementação dos direitos reconhecidos a esses povos sobre as mais diversas matérias, tais com o direito de autonomia e controle de suas próprias instituições, formas de vida e desenvolvimento econômico, propriedade da terra e de recursos na-turais, tratamento penal e assédio sexual.

Alguns pontos da Lei 6001 O Estatuto do Índio

1973

Art. 1º Parágrafo único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei.

Art. 2° Cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgãos das res-pectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, para a proteção das co-munidades indígenas e a preservação dos seus direitos:

I - estender aos índios os benefícios da legisla-ção comum, sempre que possível a sua aplicação;

II - prestar assistência aos índios e às co-munidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional;

III - respeitar, ao proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento, as peculiari-dades inerentes à sua condição;

IV - assegurar aos índios a possibilida-de de livre escolha dos seus meios de vida e subsistência;

V - garantir aos índios a permanência vo-luntária no seu habitat , proporcionando-lhes ali recursos para seu desenvolvimento e progresso;

VI - respeitar, no processo de integração do índio à comunhão nacional, a coesão das co-munidades indígenas, os seus valores culturais, tradições, usos e costumes;

VII - executar, sempre que possível me-diante a colaboração dos índios, os programas e projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas;

VIII - utilizar a cooperação, o espírito de ini-ciativa e as qualidades pessoais do índio, tendo em vista a melhoria de suas condições de vida e a sua integração no processo de desenvolvimento;

IX - garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos da Constituição, a posse permanente das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao usufruto ex-clusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes;

X - garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em face da legisla-ção lhes couberem.

46

Page 47: Diagnostico TI CAITITU

ONDE ESTÃO GARANTIDOS NOSSOS PRINCIPAIS DIREITOS |

PNGATI - Decreto Nº 7.747, de 5 de junho de 2012

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas - PNGATI, com o objetivo de garantir e promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais das terras e ter-ritórios indígenas, assegurando a integridade do patrimônio indígena, a melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações dos povos in-dígenas, respeitando sua autonomia sociocultural, nos termos da legislação vigente.

Art. 2º São ferramentas para a gestão ter-ritorial e ambiental de terras indígenas o etnoma-peamento e o etnozoneamento.

Parágrafo único. Para fins deste Decreto, consideram-se:

I – Etnomapeamento: mapeamento parti-cipativo das áreas de relevância ambiental, socio-cultural e produtiva para os povos indígenas, com base nos conhecimentos e saberes indígenas; e

II – Etnozoneamento: instrumento de pla-nejamento participativo que visa à categorização de áreas de relevância ambiental, sociocultural e produtiva para os povos indígenas, desenvolvido a partir do etnomapeamento.

Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas Principais pontos da declaração

Auto-determinação: os povos indígenas têm o direito de determinar livremente seu sta-tus político e perseguir livremente seu desenvol-vimento econômico, social e cultural, incluindo sistemas próprios de educação, saúde, financia-mento e resolução de conflitos, entre outros. Este foi um dos principais pontos de discórdia entre os países; os contrários a ele alegavam que isso poderia levar à fundação de “nações” indígenas dentro de um território nacional.

Direito ao consentimento livre, prévio e informado: da mesma forma que a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Declaração da ONU garante o direito de povos indí-genas serem adequadamente consultados antes da adoção de medidas legislativas ou administrativas de qualquer natureza, incluindo obras de infraestru-tura, mineração ou uso de recursos hídricos.

Direito a reparação pelo furto de suas pro-priedades: a declaração exige dos Estados nacio-

nais que reparem os povos indígenas com relação a qualquer propriedade cultural, intelectual, reli-giosa ou espiritual subtraída sem consentimento prévio informado ou em violação a suas normas tradicionais. Isso pode incluir a restituição ou re-patriação de objetos cerimoniais sagrados.

Direito a manter suas culturas: esse direi-to inclui entre outros o direito de manter seus nomes tradicionais para lugares e pessoas e de entender e fazer-se entender em procedimentos políticos, administrativos ou judiciais inclusive por meio de tradução.

Direito à comunicação: os povos indígenas têm direito de manter seus próprios meios de co-municação em suas línguas, bem como ter acesso a todos os meios de comunicação não-indígenas, garantindo que a programação da mídia pública incorpore e reflita a diversidade cultural dos po-vos indígenas.

47

Page 48: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU48

Page 49: Diagnostico TI CAITITU

UM NOVO MOMENTO |

UM NOVO MOMENTO

Durante os anos de 2012 e 2013, as comunidades apurinã e paumari da Terra Indígena Caititu tiveram boas conversas jun-to com a equipe da OPAN e participaram de vários encontros e reuniões com o objetivo de pensar melhor as formas de organizar e fortalecer as comunidades, além de melhor conhecer e cuidar da terra.

Muitas coisas bonitas e interessantes aconteceram. Foram feitas reuniões para pensar como um grupo de pessoas poderia estruturar um levantamento, um primeiro diagnóstico sobre as aldeias, as pessoas, o que elas fazem para manter a cultura, como elas estão vivendo e muita coisa mais.

Não foi muito fácil no começo pois nem todos entendiam o motivo do trabalho, para que servia tanta pergunta, aqueles dese-nhos. Conforme as atividades iam evoluindo dia após dia, foi possível discutir os proble-mas vividos pelos dois povos, as soluções e sua força de reação.

Por outro lado, os Apurinã e Paumari que participaram da expedição ao rio Puciari constataram a riqueza de seu território e o quanto é importante pensar em cuidar dele.

Nas assembleias de apresentação e va-lidação dos trabalhos, contou-se com a pre-sença de 70 representantes das 18 aldeias.

Foram momentos muito importantes pois começou-se a discutir os problemas da terra como um todo. Um relato interessante que ou-vimos dos participantes foi que eles gostam de participar dessas reuniões pois é o momento em que todos escutam os outros e todos po-dem falar o que pensam.

Espera-se que, a partir deste documen-to, os povos Apurinã e Paumari do sul do Amazonas tenham reunido entendimento necessário para elaborar futuramente o Pla-no de Gestão Ambiental e Territorial da Terra Indígena Caititu.

Equipe OPAN

49

Page 50: Diagnostico TI CAITITU

| DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DA TERRA INDÍGENA CAITITU

PARCEIROS

50

Page 51: Diagnostico TI CAITITU

ÓRGÃOS PÚBLICOS E POSSÍVEIS PARCEIROS DOS POVOS INDÍGENAS DE LÁBREA |

ÓRGÃOS PÚBLICOS E POSSÍVEIS PARCEIROS DOS POVOS INDÍGENAS DE LÁBREA

51

Page 52: Diagnostico TI CAITITU