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DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO E TENDÊNCIA DE ALGUMAS DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA de Grandes Empreendimentos

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DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO E TENDÊNCIA DEALGUMAS DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

de Grandes Empreendimentos

I

Subsídios para o Monitoramento Epidemiológico da Instalação e

Funcionamento da Usina Siderúrgica da Votorantim, Volta Redonda, RJ:

Diagnóstico de Situação e Tendência de Algumas Doenças de Notificação

Compulsória.

Volume II.

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2009.

II

Catalogação na fonte Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz Biblioteca de Saúde Pública

T649s Toledo, Luciano Medeiros de (Coord.)

Subsídios para o Monitoramento Epidemiológico da Instalação e Funcionamento da Usina Siderúrgica da Votorantim, Volta Redonda, RJ: Diagnóstico de Situação e Tendência de Algumas Doenças de Notificação Compulsória. V.2 / coordenado por Luciano Medeiros de Toledo e Hermano Albuquerque de Castro. ─ Rio de Janeiro, RJ : FIOCRUZ/ENSP, 2009.

41 p. : il. ; tab. ; graf. ; mapas

ISBN:

1. Monitoramento Epidemiológico. 2. Diagnóstico da Situação de Saúde. 3. Vigilância Epidemiológica. 4. Controle de Doenças Transmissíveis. 5. Indústria Siderúrgica. I. Castro, Hermano Albuquerque de (Coord.). II. Título.

CDD – 22.ed. – 614.4098153

III

Instituição Executora:

Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - ENSP

Departamento de Endemias Samuel Pessoa – DENSP e Centro de Estudos de Saúde do

Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH)

Instituição Interveniente

Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO)

Instituição Requisitante:

Votorantin

Usina Siderúrgica de Resende (MINI MILL)

Coordenação Geral do Projeto:

Prof. Dr. Hermano Albuquerque de Castro

Prof. Dr. Luciano Medeiros de Toledo

IV

Equipe técnica (em ordem alfabética):

Helen Paredes de Souza

Pesquisador Colaborador do DENSP/ENSP/FIOCRUZ

Titulação: Mestre em Saúde Pública / FIOCRUZ

Curriculum Vitae (link CNPq):

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4745626T9

Hermano Albuquerque de Castro

Pesquisador Titular da ENSP/FIOCRUZ

Titulação: Doutor em Saúde Pública / FIOCRUZ

Curriculum Vitae (link CNPq):

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4708067Z0

Karen dos Santos Gonçalves

Pesquisadora Colaboradora do DENSP/ENSP/FIOCRUZ

Mestranda em Saúde Publica e Meio Ambiente/FIOCRUZ

Curriculum Vitae (link CNPq):

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4739225D1

Jefferson Pereira Caldas dos Santos

Pesquisador Colaborador do DENSP/ENSP/FIOCRUZ

Mestrando em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos

Curriculum Vitae (link CNPq):

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4777465U0

Jussara Rafael Ângelo

Pesquisadora Colaboradora do DENSP/ENSP/FIOCRUZ

Titulação: Mestre em Saúde Pública / FIOCRUZ

Curriculum Vitae (link CNPq):

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4732982J5

Luciano Medeiros de Toledo

Pesquisador Titular da ENSP/FIOCRUZ

Titulação: Doutorado em Saúde Pública / FIOCRUZ

Curriculum Vitae (link CNPq):

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787925D5

Apoio de Gestão Técnico-Administrativa:

Melquisedeck Gabriel da Silva

5

SUMÁRIO:

Lista de Tabelas 04

Lista de Gráficos 05

Lista de Mapas 07

1. Metodologia dos Estudos de Morbidade 08

1.1 Tuberculose ................................................................................ 10

1.2 AIDS........................................................................................... 17

1.3 Dengue ........................................................................................ 23

1.4 Hepatite A ................................................................................... 37

Referências Bibliográficas

6

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Taxa de Incidência de tuberculose nos municípios de Itatiaia e Resende e da

Região do Médio Paraíba. 2001 a 2006........................................................................ 12

Tabela 2 – Variação nas taxas de incidência por tuberculose nos municípios de Itatiaia e

Resende na região do Médio Paraíba. 2001 a 2006....................................................... 13

Tabela 3 – Análise Temporal da taxa de incidência por AIDS nos municípios de Itatiaia

e Resende na região do Médio Paraíba 2001 a 2006.................................................... 20

Tabela 4 – Taxa de incidência de hepatites virais dos municípios de Itatiaia e Resende e

da região do Médio Paraíba 2001 a 2006....................................................................... 39

Tabela 5 - Variação nas taxas de incidência de hepatites virais nos municípios de Itatiaia

e Resende e na região do Médio Paraíba 2001 a 2006.................................................. 40

Tabela 6 - Variação nas taxas de incidência de hepatite A estratificada para as faixas

etárias mais atingidas nos municípios de Itatiaia e Resende e da região do Médio

Paraíba.......................................................................................................................... 41

7

Lista de Gráficos:

Gráfico 1 - Taxa de incidência de Tuberculose. 2001 a 2006........................................ 13

Gráfico 2 – Taxa de incidência de Tuberculose por faixa etária na região do Médio

Paraíba – RJ. 2001 a 2006............................................................................................. 14

Gráfico 3 - Taxa de incidência de Tuberculose por faixa etária em Resende – RJ. 2001 a

2006............................................................................................................................... 15

Gráfico 4 - Taxa de incidência de Tuberculose por faixa etária em Itatiaia – RJ. 2001 a

2006............................................................................................................................... 16

Gráfico 5 – Evolução da taxa do número de casos de AIDS no período de 1997 a 2007

nos municípios de Resende e Itatiaia............................................................................ 19

Gráfico 6 – Taxa de AIDS nos períodos de 1997 – 2001 e 2002 – 2007 nos municípios

de Itatiaia e Resende..................................................................................................... 20

Gráfico 7 – Percentual de contribuição para taxa de AIDS por faixa etária nos

municípios de Resende e Itatiaia no ano de 2007.......................................................... 21

Gráfico 8 – Evolução da taxa de casos de Dengue no período de 2001 a 2006 nos

municípios de Resende e Itatiaia................................................................................... 25

Gráfico 9 – Evolução da taxa do número de casos de Dengue nos períodos (2001-2003)

a (2004-2006) no Médio Paraíba................................................................................. 26

Gráfico 10 – Análise Temporal da taxa dos casos de Dengue no período de 2001-2006

no município de Itatiaia................................................................................................ 26

8

Gráfico 11 - Análise Temporal da taxa dos casos de Dengue no período de 2001-2006

no município de Resende............................................................................................... 27

Gráfico 12 - Análise Temporal da taxa dos casos de Dengue no período de 2001-2006

no município do Médio Paraíba...................................................................................... 27

Gráfico 13 - Análise Temporal da taxa dos casos de Dengue no período de 2001-2006

no Estado do Rio de Janeiro........................................................................................... 28

Gráfico 14 – Percentual de cada faixa etária no ano de 2002........................................ 29

Gráfico 15 – Gráfico da evolução da temperatura no município de Resende no ano de

2006.............................................................................................................................. 30

Gráfico 16 – Índice Pluviométrico do município de Resende no ano de 2006............. 30

Gráfico 17 – Evolução ao longo dos meses do número de casos de Dengue no período

de 2001 a 2006 no Médio Paraíba................................................................................. 31

Gráfico 18 - Taxa de incidência de Hepatite A no Estado do Rio de Janeiro, região do

Médio Paraíba e municípios de Resende e Itatiaia – 2001 a 2006................................ 41

9

Lista de Mapas

Mapa 1 - Taxa de incidência por Tuberculose no Médio Paraíba. 2001 a

2006............................................................................................................................... 12

Mapa 2 - Distribuição espacial da taxa de Aids na região do Médio Paraíba no período

de 1997-2007................................................................................................................. 22

Mapa 3 - Distribuição espacial da taxa de Dengue no Médio Paraíba no período de

2001-2006...................................................................................................................... 33

Mapa 4 - Distribuição espacial da taxa de Dengue no Médio Paraíba no período de

2001-2006 com a hidrografia........................................................................................ 34

Mapa 5 - Modelo digital do terreno do Médio Paraíba................................................ 35

Mapa 6 - Percentual de população urbana nos municípios do Médio Paraíba............. 36

Mapa 7 - Taxa de incidência de hepatite A na região do Médio Paraíba – 2001 a

2006................................................................................................................................ 38

10

1. Metodologia dos estudos de morbidade

A análise da morbidade nos municípios do Médio Paraíba foi baseada na seleção

de algumas doenças de notificação compulsória, cuja produção e reprodução encontra-

se intimamente relacionada às condições de vida dos grupos sociais. Essas doenças

foram pré-selecionadas por critérios de relevância e relacionados com sua expressiva

magnitude no contexto sanitário regional/local. Para a análise epidemiológica da

situação da morbidade por dengue, hepatite A, tuberculose e AIDS, nos respectivos

municípios e sua comparabilidade em relação à área do Médio Paraíba e o Estado do

Rio de Janeiro, utilizou-se dados oficiais de notificações dessas doenças, contidos no

Sistema Nacional de Informações de Agravos de Notificação Compulsória (SINAN).

Na análise de situação de cada uma dessas doenças foram considerados os

seguintes dados e indicadores epidemiológicos: número anual de casos; distribuição

proporcional anual de casos; coeficiente anual de incidência. O período de análise de

cada agravo variou em função da disponibilidade dos dados obtidos nos sistemas de

informação.

As doenças selecionadas para o estudo no período analisado de 2001 a 2006 foram:

• Tuberculose;

• AIDS;

• Dengue;

• Hepatite A;

Fontes de Dados:

• SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação – DATASUS /

Ministério da Saúde. ( www.saude.gov.br/sinanweb )

• IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (www.ibge.gov.br)

11

• Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro – Coordenação

de vigilância Epidemiológica / Gerência de Doenças Transmissíveis.

( www.saude.rj.gov.br )

12

CASOS NOTIFICADOS DE

TUBERCULOSE

13

A tuberculose é uma doença infecciosa produzida pelo bacilo de Koch, cujo

nome científico é Mycobacterium tuberculosis. Ela pode apresentar-se em qualquer

parte do corpo, porém a forma mais comum e de maior preocupação para a saúde

pública é a forma pulmonar, cuja transmissão ocorre no ar, no contato interpessoal.

Historicamente, a tuberculose é uma endemia muito associada às condições de vida da

população, ocorrendo, sobretudo nas periferias dos grandes centros urbanos, já que a

alta densidade domiciliar e a alta densidade de vulneráveis favorecem a transmissão da

doença.

No Brasil, a tuberculose não vem apresentando grandes modificações em sua

taxa de incidência, esta endemia continua sendo uma doença de grande magnitude no

país, sobretudo nas áreas urbanas. Nos períodos analisados observa-se uma pequena

redução da taxa de incidência no país, de 2001 a 2003 a taxa de incidência média foi de

52,77 por cem mil habitantes enquanto no período de 2004 a 2006 o coeficiente

decresceu para 49,00 por cem mil habitantes. A média do período todo, 2001 a 2006,

ficou em 50,87 por cem mil habitantes.

O Rio de Janeiro é o estado brasileiro com maior taxa de incidência de

tuberculose, no período de 2001 a 2006 a taxa de incidência média foi 103,76 por cem

mil habitantes, 2 vezes mais que a média nacional.

Já na região do Médio Paraíba, para o período 2001 – 2006, a taxa de incidência

de tuberculose foi de 46,62 por cem mil habitantes, bem a baixo da média estadual

(103,76 por cem mil habitantes). O município de Resende apresentou situação similar à

sua regional de saúde, com uma taxa de incidência de 48,71 por cem mil habitantes.

Situação mais favorável ocorreu com o município de Itatiaia cuja taxa de incidência da

doença foi de 26,95 por cem mil habitantes. (Mapa 1 e Tabela 1).

14

Mapa 1

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

TAB. 1 - TAXA* DE INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NOS MUNICÍPIOS DE ITATIAIA E

RESENDE E DA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

2001 A 2006

Casos Taxa de incidência *

2001-2003 2004-2006 2001 - 2006 2001 - 2003 2004 - 2006 2001 - 2006

Itatiaia 28 17 45 35.14 18.78 26.95

Resende 180 147 327 55.11 41.73 48.71

Médio Paraíba 1139 1148 2287 47.20 45.44 46.62

Rio de Janeiro 50152 45591 95743 113.53 98.79 103.73

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de

Agravos de Notificação (SINAN), 2008.

15

A tabela 2 mostra a variação das taxas de incidência da tuberculose entre os

períodos 2001-2003 e 2004-2006, revelando que houve uma redução das taxas de

incidência em todas as unidades de análise, porém, a maior redução ocorreu no

município de Itatiaia. Redução menos significativa foi observada na Região do Médio

Paraíba, 3,74%.

TABELA 2 - VARIAÇÃO NAS TAXAS* DE INCIDÊNCIA POR

TUBERCULOSE NOS MUNICÍPIOS DE ITATIAIA E RESENDE E

NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

2001 - 2006 2001 - 2003 2004 - 2006 Variação (%)

Itatiaia 35.14 18.78 -46.54

Resende 55.11 41.73 -24.28

Médio Paraíba 47.20 45.44 -3.74

Rio de Janeiro 113.53 98.79 -12.69

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Gráfico 1

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

TAXA DE INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE

2001 - 2006

0

20

40

60

80

100

120

140

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Ano

(Po

r c

em

mil

ha

bit

an

tes

)

Itatiaia Resende Médio Paraíba Rio de Janeiro

16

No que diz respeito ao comportamento da taxa anual de incidência de

tuberculose nos municípios de Resende e Itatiaia observa-se que ambos os municípios

estão, significativamente, abaixo da média estadual. A taxa de incidência no município

de Resende vem decrescendo e os coeficientes ficam próximos ao observado na região

do Médio Paraíba. Já o comportamento anual da taxa de incidência no município de

Itatiaia é muito irregular, mas em todo o período manteve-se abaixo da taxa de

incidência da região do Médio Paraíba e do município de Resende. (Gráfico 1)

Gráfico 2

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Com relação à taxa de incidência de tuberculose por faixa etária observa-se um

perfil diferente entre os municípios de Resende, Itatiaia e a região do Médio Paraíba. Na

região do Médio Paraíba, no período 2004 – 2006, a faixa etária com maior taxa de

incidência foi a de 40 a 59 anos, apesar de ter sido observado um aumento nesta faixa

etária e na faixa acima de 60 anos.

TAXA DE INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE POR FAIXA

ETÁRIA NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA - RJ

2001 - 2006

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Menor de 19 20 a 39 40 a 59 60 e mais

Anos

Por

cem

mil

habitante

s

2001 - 2003 2004 - 2006

17

Já no município de Resende, no período 2004 a 2006, a faixa etária de maior

taxa de incidência foi observada nos indivíduos com mais de 60 anos. Enquanto no

município de Itatiaia a taxa de incidência se distribuiu de forma bem regular entre todas

as faixas etárias no último período.

Gráfico 3

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de

Agravos de Notificação (SINAN), 2008.

TAXA DE INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE POR FAIXA

ETÁRIA EM RESENDE - RJ

2001 - 2006

0.00

20.00

40.00

60.00

80.00

100.00

120.00

Menor que 19 20-39 40-59 Mais de 60

Anos

Por

cem

mil

habita

nte

s

2001 - 2003 2004 - 2006

18

Gráfico 4

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Deve-se ressaltar, que diferente da taxa de incidência por faixa etária que

apontou um perfil diferente para cada município, a distribuição proporcional por faixa

etária concentra os casos na faixa de 20 a 39 anos tantos nos municípios de Resende e

Itatiaia quanto na região do Médio Paraíba.

TAXA DE INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE POR FAIXA

ETÁRIA EM ITATIAIA - RJ

2001 - 2006

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

Menor que 19 20-39 40-59 Mais de 60

Anos

Por

cem

mil

habitante

s

2001 - 2003 2004 - 2006

19

CASOS NOTIFICADOS DE AIDS

20

Na década de 80, a epidemia de AIDS no Brasil atingia, principalmente, as regiões

metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, e os casos caracterizavam-se, em sua

maioria, por serem do sexo masculino, por terem alto nível socioeconômico e por

pertencerem às categorias de transmissão homossexuais/bissexuais, além dos casos

portadores de hemofilia ou em receptores de sangue. A partir de 1990, constatou-se uma

transição do perfil epidemiológico resultando na heterossexualização, feminização,

pauperização e interiorização da epidemia. Nessa mudança de perfil, que se acentua ao

decorrer o tempo, verifica-se: a) que a razão de sexo, que foi de 25 homens para cada

mulher, em 1991, passou para 2 homens para cada mulher, em 2000; b) a crescente

ocorrência de casos em indivíduos com baixo grau de escolaridade c) o aumento do

número de casos entre usuários de drogas injetáveis.

O quadro de notificações de Aids no Brasil está em situação estável, mas em

patamares altos. Dados do Boletim Epidemiológico Aids/DST, do Ministério da Saúde,

mostram que, de 1980 a junho de 2008 foram registrados 506.499 casos da doença no

país. No Brasil, o maior percentual de notificações está na região Sudeste com 60,4%, o

que representa 305.725 casos. O Sul está em segundo lugar com 18,9% (95.552),

seguido do Nordeste com 11,5% (58.348), do Centro-Oeste com 5,7% (28.719) e do

Norte com 3,6% (18.155). Os números de mortes decorrentes da doença, no período

englobado pelo boletim, totalizaram 205.409 casos. Outro dado divulgado é o que

evidencia a aproximação entre o número de homens e mulheres infectadas. Até junho de

2008 foram identificados 333.485 (66%) casos de Aids em homens e 172.995 (34%) em

mulheres.

Os recortes espaciais que foram analisados neste estudo especificamente foram o

Estado do Rio de Janeiro, a região do Médio Paraíba e os municípios de Itatiaia e

Resende. O estudo tem o objetivo de diagnosticar o quadro da situação da Aids nestes

recortes no período de 1997-2007.

No estudo da evolução temporal da taxa do número de casos Aids nas regiões

estudadas foi observado que o Estado do Rio de Janeiro se mantém com as maiores

taxas durante todo o período, porém a taxa se comporta de maneira estável. Já a região

do Médio Paraíba, os municípios de Resende e Itatiaia possuem os valores das taxas em

torno de 10 a 15 casos por 100.000 habitantes, porém a região do Médio Paraíba assim

21

como o Estado do Rio de Janeiro tem um comportamento estável ao longo do tempo

diferentemente do que ocorre nos dois municípios estudados que possuem suas taxas

variando muito ao longo do tempo tendo picos no decorrer do período analisado

(Gráfico 5).

GRÁFICO 5

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Na análise feita por períodos foi observado tanto no Estado do Rio de Janeiro,

como na região do Médio Paraíba e como no município de Resende um aumento na taxa

de Aids entre os períodos de (1997-2002) a (2003-2007), já em Itatiaia ocorreu um

decréscimo na taxa nesses mesmos períodos (Tabela 3) (Gráfico 6).

Evolução da taxa do número de casos de Aids no período de 1997 à 2007 nos municípios de Resende e Itatiaia

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1997 1998 1999 2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Anos

Po

r ce

m m

il h

abit

ante

s

330225 Itatiaia 330420 Resende Médio Paraíba Estado do Rio de Janeiro

22

TABELA 3 - Análise Temporal da taxa de incidência por AIDS nos municípios de Itatiaia

e Resende na região do Médio Paraíba 2001 a 2006

AIDS

ANÁLISE TEMPORAL DA TAXA*

Anos Períodos

1997 1998 1999 2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007

1997-

2002

2003-

2007

Variação

(%)

330225 Itatiaia 22,401 25,81 8,27 0 22,59 7,3 13,71 6,63 3,21 6,41 15,81 7,45 -52,88

330420 Resende 9,332 19,28 4,97 20,44 9,19 10,82 14,77 9,37 26,73 17,71 12,64 15,88 25,62

Médio Paraíba 11,168 10,37 7,26 11,65 8,33 11,44 11,78 11,04 10,79 11,6 9,76 11,33 16,14

Estado do Rio de Janeiro 29,56 30,25 26,33 29,65 36,85 33,85 36,11 33,51 31,64 28,84 30,53 32,79 7,41

* Por cem mil habitantes

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

GRÁFICO 6

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Foi feita a análise da distribuição da taxa de Aids nos recortes estudados por faixas

etárias e foi observado que a faixa etária onde se tem a maior concentração da taxa é na

faixa que vai dos 30-69 anos. Essa distribuição foi constatada tanto no Estado do Rio de

Janeiro, como na região do Médio Paraíba, como em Itatiaia e Resende. A título de

exemplificação usamos a distribuição por faixa etária no ano de 2007 (Gráfico 7).

Gráfico da taxa* Aids nos períodos de 1997-2001 e 2002-2007 nos municípios de Itatiaia

e Resende

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

1997-2002 2003-2007Períodos

Por c

em m

il ha

bita

ntes

330225 Itatiaia 330420 Resende Médio Paraíba Estado do Rio de Janeiro

23

GRÁFICO 7

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

No estudo da espacialização das taxas de Aids pelos municípios que compõe a

região do Médio Paraíba se percebeu que Barra Mansa e Piraí têm as maiores taxas

sendo seguidos logo depois pelos municípios de Resende, Valença e Barra do Piraí

(Mapa 2).

Percentual de contribuiçao para a Taxa de Aids por faixa etária nos

Municípios de Resende e Itatiaia no ano de 2007

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

330225 Itatiaia 330420 Resende Médio Paraíba Estado do Rio de Janeiro

0 a 9 10 a 29 30 a 59 acima de 60

24

MAPA 2: Distribuição espacial da taxa de Aids na região do Médio Paraíba no

período de 1997-2007

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

25

CASOS NOTIFICADOS DE

DENGUE

26

A dengue é hoje objeto da maior campanha de saúde pública do Brasil, que se

concentra no controle do Aedes aegypti, único vetor reconhecido como transmissor do

vírus da dengue em nosso meio. Este mosquito está adaptado a se reproduzir nos

ambientes doméstico e peridoméstico, utilizando-se de recipientes que armazenam

águas potáveis e recipientes descartáveis que acumulam água de chuvas, comumente

encontrados nos lixos das cidades. A dengue encontra-se hoje presente em todos os 27

estados da Federação, distribuída por 3.794 municípios, sendo responsável por cerca de

60% das notificações nas Américas.

A progressão da dengue depende de condições ecológicas e sócio-ambientais que

facilitam a dispersão do vetor. Na ausência de uma vacina eficaz, o controle da

transmissão do vírus da dengue requer o esforço conjunto de toda a sociedade no

combate ao vetor. Dada a extraordinária capacidade de adaptação do Aedes aegypti ao

ambiente, esta tarefa nem sempre produz resultados previsíveis.

Desde 1846, há relatos de epidemias de dengue no Brasil, no período de 1846 a

1853, ocorridas em São Paulo e Rio de Janeiro, mas as primeiras citações na literatura

científica datam de 1916, na cidade de São Paulo, e em Niterói no ano de 1923. Em

1928, um navio francês com casos suspeitos esteve em Salvador, Bahia, mas não houve

circulação do vírus na população dessa capital.

Nos dois primeiros anos da década de 1990, a dengue se manteve quase que

inteiramente restrita a cidades dos Estados do Rio de Janeiro, do Ceará, de Alagoas e de

Pernambuco, com poucas notificações de casos oriundas do Mato Grosso e do Mato

Grosso do Sul. Nos anos subseqüentes, a circulação viral (DENV-1 e DENV-2) se

expandiu rapidamente para outras áreas do território brasileiro, acompanhando a

expansão do seu mosquito vetor e com circulação simultânea de dois sorotipos.

Em janeiro de 2001, foi confirmada a introdução no país do sorotipo DENV-3,

isolado de indivíduo residente no Rio de Janeiro e que havia adoecido em dezembro do

ano anterior. Esse sorotipo foi responsável pela epidemia de 2002 do Brasil, quando

foram notificados aproximadamente 800 mil casos, ou seja, quase 80% das ocorrências

do continente americano. Após esse ano houve uma queda de incidência de notificações.

A partir de 2005, retornou a tendência de crescimento, e, em 2008, dados preliminares

27

revelam que mais de 700 mil casos e mais de 45 mil hospitalizações por dengue já

foram registrados no Ministério da Saúde.

No presente estudo foi analisada a evolução dos casos notificados de Dengue no

período de 2001 a 2006 no Estado do Rio de Janeiro, no Médio Paraíba e mais

especificamente nos municípios de Resende e Itatiaia.

Em ambos os recortes analisados foi verificado a mesma tendência em relação à

evolução temporal dos casos de Dengue. Foi verificada uma forte epidemia no ano de

2002 passando nos anos posteriores a tendência de queda no número de casos e já em

2005 essa tendência começa a se inverter passando novamente a ser uma tendência de

aumento. Apenas como ponto a ser observada a epidemia de 2002 não foi tão violenta

no município de Itatiaia como foi aos outros períodos estudados. (Gráfico 8)

GRAFICO 8

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

No estudo dividimos o período de 2001 a 2006 em dois períodos para se analisar

melhor a evolução do número de casos de Dengue. Embora em 2005 se observe a

retomada da tendência de aumento no número de casos, em linhas gerais houve um

grande decréscimo entre o primeiro período (2001-2003) analisado e o segundo (2004-

2006) em todas as regiões analisadas (Gráficos 9 a 13). Esse decréscimo pode ser

Evolução da taxa de casos de Dengue no período de 2001 à 2006 nos municípios de Resende e Itatiaia

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006Anos

* p

or

ce

m m

il h

ab

330225 Itatiaia 330420 Resende Médio Paraíba Estado do Rio de Janeiro

28

explicado pelo aumento dos investimentos no controle ao vetor devido à pressão da

opinião pública depois da epidemia de 2002 e também pelo fato de grande parte da

população ter sido imunizada nesta mesma epidemia já que esta entrou em contato com

o antígeno do vírus da dengue.

GRÁFICO 9

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

GRÁFICO 10

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Evolução da taxa do número caso de dengue nos períodos (2001-2003) à (2004-2006) no Médio Paráiba

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

1.400,00

1.600,00

Barra do

Piraí

Barra

Mansa

Itatiaia Pinheiral Piraí Porto Real Quatis Resende Rio Claro Rio das

Flores

Valença Volta

Redonda

Médio

Paraíba

Estado do

Rio de

Janeiromunicípio

* p

or

cem

mil h

ab

2001-2003 2004-2006

Análise temporal da taxa de casos de Dengue no período de 2001-2006 no município de Itatiaia

-50,00

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Anos

Po

r ce

m m

il h

abit

ante

s

330225 Itatiaia

Linha de tendência

29

GRÁFICO 11

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

GRÁFICO 12

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Análise temporal da taxa casos de Dengue no período de 2001-2006 no município de Resende

0,00

250,00

500,00

750,00

1000,00

1250,00

1500,00

1750,00

2000,00

2250,00

2500,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006Anos

Por

cem

mil

habi

tant

es

330420 Resende

Linha de Tendência

Análise temporal da taxa de casos de Dengue no período de 2001-2006 no Médio Paraíba

0,00

250,00

500,00

750,00

1000,00

1250,00

1500,00

1750,00

2000,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Anos

Por

cem

mil

habi

tant

es

Médio Paraíba

linha de tendência

30

GRÁFICO 13

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Também foi avaliada a distribuição dos casos de Dengue por faixas etárias, para

observar se existe alguma faixa de idade predominante. Verificou-se que existe uma

predominância para o grupo etário de 20-59 anos que é a faixa da população

economicamente ativa. Este fato traz mais um agravante, o prejuízo econômico, que

uma epidemia de Dengue causa, já que retira parcelas significativas da população

economicamente ativa do trabalho gerando assim prejuízos econômicos vultosos. A

predominância dessa faixa etária é em torno de 40% dos casos em ambos os recortes

analisados no estudo. Para exemplificar está distribuição utilizou-se o ano de 2002.

(Gráfico 14)

Análise temporal da taxa de casos de Dengue no período de 2001-2006 no Estado do Rio de Janeiro

0,00

250,00

500,00

750,00

1000,00

1250,00

1500,00

1750,00

2000,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Anos

Por

cem

mil

hab

itan

tes

Estado do Rio de Janeiro

linha de tendência

31

GRÁFICO 14

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Foi feito também um estudo da distribuição do número dos casos de Dengue ao

longo dos meses do ano e sua correlação com os índices de pluviosidade e as

temperaturas médias. O ano usado para está analise foi o de 2006 devido a

disponibilidade de dados metrológicos para este ano, cedidos pelo INB localizado em

Resende. Esta análise se faz importante devido à temperatura e a água serem um dos

principais determinantes para a Dengue. Estes dois fatores estão ligados intimamente

com a biologia e ecologia do vetor que é um mosquito. Os mosquitos, como todos os

insetos, possuem metabolismo e reprodução acelerada em função do aumento da

temperatura já que não são homeotérmicos dependendo do calor ambiente para realizar

suas vias metabólicas. E também necessitam de água para se reproduzir, pois é nela que

depositam seus ovos e desenvolvem suas larvas.

Foi constatado que números de casos de Dengue crescem conforme se aproxima

das épocas chuvosas e de aumento de temperatura. Começando o aumento nos meses de

dezembro e janeiro com pico em março a abril e decaindo em maio e junho. (Gráfico

15, 16, 17)

Percentual de cada faixa etária no ano de 2002

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Barra do

Piraí

Barra

Mansa

Itatiaia Pinheiral Piraí Porto Real Quatis Resende Rio Claro Rio das

Flores

Valença Volta

Redonda

Médio

Paraíba

Estado do

Rio de

Janeiro0 - 9 10 - 19 20 - 59 60 - ou mais

32

GRÁFICO 15

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo INB de Resende. 2006

GRÁFICO 16

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo INB de Resende. 2006

Gráfico da evolução da temperatura no município de Resende no ano de 2006

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dezmeses

Gra

us

Ce

ntí

gra

do

s

Indíce Pluv do Município de Resende no ano de 2006 (mm)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Indíce Pluv. (mm)

33

GRÁFICO 17

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.

Analisamos também a distribuição espacial da Dengue no Médio Paraíba, e se

observou que a maior taxa se deu no município de Barra do Piraí. Verificou-se também

uma conformação na distribuição espacial da Dengue na região que nos leva a crer que

algum determinante estaria atuando nesta distribuição já que esta se caracterizava por

uma distribuição homogenia ao longo de uma faixa (Mapa 3). Para tentar determinar o

que levou a Dengue a se distribuir dessa forma no Médio Paraíba, fizemos um mapa da

distribuição espacial da dengue intercalado com a hidrografia da região para tentar

estabelecer uma correlação (Mapa 4). Observamos no mapa 16 que existe uma íntima

correlação entre a hidrografia da região e a distribuição da Dengue no Médio Paraíba,

sendo o rio Paraíba do Sul, possivelmente o responsável por esta distribuição da

Dengue. Sendo os municípios com proximidade ao rio com as maiores taxas de casos de

Dengue. Com o intuito de explicar os possíveis motivos para as altas taxas no município

de Barra do Piraí, fizemos um Modelo Digital do Terreno com simulação do relevo da

região através dos dados de altimetria obtidos pelas curvas de nível (Mapa 5). Foi

observado no mapa 5 que a drenagem desta região devido ao relevo se dá em direção ao

Evolução ao longo dos meses do número de casos de Dengue no Médio Paraíba no perído de (2001-2006)

0

500

1000

1500

2000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

meses

me

ro d

e c

as

os

Barra do Piraí Barra Mansa Itatiaia Pinheiral Piraí Porto Real Quatis Resende Rio Claro Rio das Flores Valença Volta Redonda

34

município de Barra do Piraí. Este município por se encontrar em terras mais baixas

tendo assim toda a drenagem correndo em sua direção o que gera uma disponibilidade

hídrica bem elevada além de ter mais áreas propícias a alagamentos devido a sua baixa

altitude e por ser um vale de drenagem. Esses fatores explicam preliminarmente porque

Piraí tem as maiores taxas.

Foi observado, porém, que no curso do Paraíba do Sul dois municípios destoavam,

pois apresentavam taxas um pouco baixas em relação aos outros. Esses municípios

foram Porto Real e Itatiaia. Para tentar elucidar o porquê dessa distribuição fizemos um

mapa que representava a porcentagem de população urbana em cada município do

Médio Paraíba já que a Dengue para se propagar precisa de que as pessoas estejam

aglomeradas em zonas urbanas (Mapa 6). Foi observado que tanto Itatiaia quanto Porto

Real apresentavam taxas de população urbana muito pequenas o que justifica as baixas

taxas de Dengue nestes municípios mesmo possuindo o Paraíba do Sul em seu espaço.

Isso se deve ao fato que mesmo tendo água para a reprodução do mosquito é imperativo

que se tenha população aglomerada para que a Dengue se propague.

Conclusão que chegamos é que a Dengue por ser uma doença que é transmitida

por um inseto sofre muitas influências dos fatores naturais. No caso do Médio Paraíba

ficou evidente que a Dengue se alastra nos períodos de aumento de temperatura e de

índice pluviométricos. Ela se tem íntima relação com a hidrografia e o relevo da região

assim como também com a questão da urbanização dos municípios. Ficando claro que

municípios que possuem em seus espaços curso de águas relevantes têm mais propensão

a epidemias de Dengue. Assim como os municípios mais urbanizados também oferecem

um maior potencial a disseminação da Dengue.

Contudo todos esses fatores naturais poderiam ser amenizados por políticas

públicas responsáveis, que visassem um maior controle do vetor e também a da

educação da população. Os fatores naturais têm que ser vistos como fatores potenciais

de risco, mas não determinantes. Determinante é a falta de políticas públicas que visem

amenizar esses fatores de riscos naturais.

35

MAPA 3: Distribuição espacial da taxa de Dengue no Médio Paraíba no período de

2001-2006

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de

Agravos de Notificação (SINAN), 2008

36

MAPA 4: Distribuição espacial da taxa de Dengue no Médio Paraíba no período

de 2001-2006 com a hidrografia.

Fonte: Elaborado a partir dos dados do IBGE. 2008

37

MAPA 5: Modelo digital do terreno do Médio Paraíba

Fonte: Elaborado a partir dos dados do IBGE. 2008

38

MAPA 6: Percentual de população urbana nos municípios do Médio Paraíba

Fonte: Elaborado a partir dos dados do IBGE. 2008

39

CASOS NOTIFICADOS DE

HEPATITE A

40

A hepatite A é uma doença viral de transmissão fecal – oral extremamente ligada

às condições de saneamento básico, higiene pessoal, qualidade da água e dos alimentos.

Sua distribuição no território geralmente encontra-se restrita aos grupos sociais onde a

infra-estrutura em saneamento está ausente ou se apresenta de forma precária.

No Brasil, a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) estima que ocorram

130 casos novos/ ano por 100 mil habitantes e que mais de 90% da população maior de

20 anos tenha tido exposição ao vírus, sendo que em áreas de alta endemicidade pode

ocorrer uma concentração da doença em crianças. Em regiões que apresentam melhores

condições de saneamento, estudos têm demonstrado um acúmulo de susceptíveis em

adultos jovens.

O Mapa 7 abaixo mostra os Municípios da região do Médio Paraíba segundo a

taxa de incidência de hepatite A no período de 2001 a 2006.

Mapa 7 – Taxa de incidência de hepatite A na região do Médio Paraíba – 2001 a 2006

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN), 2008.

41

No período de 2001-2006 foram registrados 4.897 novos casos da doença em todo

o Estado do Rio de Janeiro. Deste número, 0,87% dos casos foram registrados na região

do Médio Paraíba e 0,4 e 0,1% respectivamente nos municípios de Resende e Itatiaia

(Tabela 4).

A tabela N mostra que na região do Médio Paraíba a taxa de incidência de hepatite

A, no período de 2001 a 2003 foi de 1,28 por cem mil habitantes e que no período de

2004 a 2006 essa taxa passou para 0,47 por cem mil habitantes. Deve-se enfatizar que nos

dois períodos analisados as taxas observadas nessa região foram sempre inferiores à

média do Estado.

O município de Resende apresentou, no primeiro triênio estudado, uma taxa de

incidência de 6,12 por cem mil habitantes, superior as taxas tanto do Estado como da

região do Médio Paraíba. No segundo triênio estudado não foram registrados casos de

hepatite A neste município. Já o município de Itatiaia apresentou no período de 2001 a

2003 uma taxa de incidência de 5,02 por cem mil habitantes, também acima da média do

Estado e da Região do Médio Paraíba. No período de 2004 a 2006 a taxa foi de 1,10 por

cem mil habitantes, inferior a média do Estado, mas superior a média da região do Médio

Paraíba. (Tabela 4)

Tanto a região do Médio Paraíba, quantos os municípios de Resende e Itatiaia

apresentaram, durante todo o período de 2001 a 2006, taxas inferiores as apresentadas no

Estado (Tabela 4).

Tabela 4 – Taxa* de incidência de hepatites virais dos municípios de Itatiaia e Resende e da

região do Médio Paraíba 2001 a 2006

Nº de casos Taxa de morbidade

2001-2003 2004-2006 2001-2006 2001-2003 2004-2006 2001-2006

Itatiaia 4 1 5 5.02 1.10 2.94

Resende 20 0 20 6.12 0.00 2.95

Médio Paraíba 31 12 43 1.28 0.47 0.86

RJ 1789 3108 4897 4.05 6.73 5.43 Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos

de Notificação (SINAN), 2008.

*Por cem mil habitantes

42

Em relação à variação entre as taxas de incidência de hepatite A, entre os

períodos de 2001-2003 e 2004-2006, observa-se que a região do Médio Paraíba teve um

decréscimo de 63,03%. Situação similar ao observado na região do Médio Paraíba como

um todo foi observada nos municípios de Itatiaia e Resende, correspondendo a um

decréscimo de 77,99 e 100% respectivamente. O Estado do Rio de Janeiro apresentou um

incremento de 66,29% nas taxas de incidência de hepatite A (Tabela 5).

Tabela 5 – Variação nas taxas* de incidência de hepatites virais nos

municípios de Itatiaia e Resende e na região do Médio Paraíba 2001 a

2006

Períodos

2001 - 2003 2004 - 2006 Variação (%)

Itatiaia 5.02 1.10 -77.99

Resende 6.12 0.00 -100.00

Médio Paraíba 1.28 0.47 -63.03

RJ 4.05 6.73 66.29 Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da

Saúde/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), 2008.

*Por cem mil habitantes

A faixa etária onde mais ocorrem casos de hepatite A no Estado do Rio de

Janeiro é a faixa entre 5 e 9 anos, correspondendo a 34,18 % dos casos. Comparando-se

os dois triênios em estudo, observa-se um incremento na taxa de incidência da doença de

71,26% (Tabela 6).

A faixa mais atingida por este agravo na região do Médio Paraíba e no

município de Resende é a entre 20 e 39 anos, com 32,63 e 35% dos casos

respectivamente. Entre os períodos estudados houve um decréscimo de 47,48% nas taxas

da região do Médio Paraíba e de 100% em Resende (Tabela 6).

Já o município de Itatiaia apresenta as maiores taxas nas faixas etárias entre 15 e

19 anos, com 40% dos casos. As taxas entre os períodos estudados decresceram em

11,93% (Tabela 6).

43

Tabela 6 - Variação nas taxas* de incidência de hepatite A estratificada para as

faixas etárias mais atingidas nos municípios de Itatiaia e Resende e da região do

Médio Paraíba

Período

2001-2003 2004-2006 Variação

Faixa de 5 a 9 anos

Rio de Janeiro 16.22 27.78 71.26

Faixa de 15 a 19 anos

Itatiaia 12.57 11.07 -11.93

Faixa de 20 a 29 anos

Médio Paraíba 2.51 1.32 -47.48

Resende 6.29 0 -100.00 Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de

Informação de Agravos de Notificação (SINAN), 2008.

*Por cem mil habitantes

No que diz respeito à taxa de incidência anual de hepatite A, observou-se que

apenas na região do Médio Paraíba se tem um quadro de relativa regularidade ao longo do

tempo. Nos municípios em estudo, assim como no Estado do Rio de Janeiro, observou-se

que há uma forte irregularidade temporal na distribuição dessas taxas. Em Resende

observa-se um decréscimo até 2004, a partir de quando não há mais registros de casos da

doença. Em Itatiaia não há registro de ocorrência da doença nos anos de 2004 e 2006

(Gráfico 18).

Gráfico 18 – Taxa* de incidência de Hepatite A no Estado do Rio de Janeiro, região

do Médio Paraíba e municípios de Resende e Itatiaia – 2001 a 2006

Taxa de incidência de hepatite A - 2001 a 2006

0

2

4

6

8

10

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Po

r cem

mil h

ab

itan

tes

Itatiaia

Resende

Médio Paraíba

RJ

Fonte: Elaborado a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), 2008.