dia internacional do trabalhadorimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/684979125_maio_1.pdf · ocasião do...

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Edivaldo Cristóvão A revisão da nova Lei Geral do Trabalho e o fim da pre- cariedade foram as princi- pais reivindicações do movimento sindical ango- lano, durante a marcha que juntou ontem, em Luanda, mais de 14 mil pessoas, por ocasião do Dia Internacional do Trabalhador. Numa declaração lida no final da marcha, os sindica- listas consideram que a Lei Geral do Trabalho (LGT), aprovada em Junho de 2015 e em vigor desde Setembro do mesmo ano, ignora o tra- balho como um direito fun- damental que deve ser respeitado em toda a sua dimensão. Na actual LGT, dizem, o Governo neutralizou a acção dos sindicatos, dei- xando estes quase sem poder de reacção em defesa dos trabalhadores. “Os efei- tos da implementação desta lei são visíveis, tais como o aumento da precariedade laboral e, consequente- mente, o empobrecimento acentuado das famílias”, refere a declaração, lida pela secretária para os Assuntos Sociais da UNTA-CS, Filo- mena Soares. Nesta conjuntura, os sin- dicatos exigem um diálogo social produtivo com o Governo e os empregadores, para que reine a paz social nas relações laborais, nas empresas, na economia e no país. Ao mesmo tempo, os sin- dicatos prometem desencadear acções reivindicativas con- certadas para se alcançar uma revisão da actual Lei Geral do Trabalho, para a tornar mais humana e ser um instrumento de promoção do emprego e do trabalho digno. Outras preocupações observadas pelo movimento sindical consistem na con- tínua elevada taxa de desemprego, principal- mente entre os jovens e chefes de família, na baixa taxa de cobertura do salário mínimo nacional, em rela- ção à cesta básica. Das preocupações dos sindicalistas, constam ainda a precariedade das condições de saúde e segu- rança no trabalho e, con- sequentemente, o aumento de doenças profissionais e acidentes de trabalho. Os sindicalistas lamentam o débil exercício do diálogo e da concertação nas relações laborais, as dificuldades de acesso à escola pública por uma parte significativa de cidadãos para o sistema básico de ensino. A marcha teve como ponto de partida a avenida Alameda Manuel Van-Dúnem e tér- mino na Praça da Família, nas imediações da Praça da Independência. O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), Manuel Viage, reforçou, ao Jornal de Angola, que a principal rei- vindicação dos sindicalistas é a revisão da nova Lei Geral do Trabalho, porque tem sido a principal causa da instabi- lidade no emprego e da paz social nas empresas, associada ao salário incompatível com o custo de vida. Para complicar ainda mais, acrescentou, os mesmos salários são pagos com atrasos. Outras das grandes preo- cupações dos trabalhadores nos últimos anos, disse, têm sido o combate ao assédio moral e a situação dos tra- balhadores que permane- cem na mesma categoria durante anos sem possibi- lidade de serem promovidos, mesmo que o seu perfil pro- fissional cresça. “Desejamos que o Governo reaja e promova um diálogo que produza resultados posi- tivos”, afirmou o secretário- geral da UNTA, reconhecendo que algumas reivindicações feitas no ano passado estão a ser resolvidas. Citou o caso da situação da estabilidade do emprego no sector público, tal como aconteceu com os professores, enfermeiros e técnicos da Justiça. Manuel Viage salientou que o aumento salarial efec- tuado este ano foi bem- vindo, mas ainda não satisfaz as necessidades dos funcio- nários, porque cresceu abaixo da taxa de inflação acumu- lada. O ideal, disse, seria que, pelo menos, os salários mínimos servissem para adquirir a cesta básica. “Só que a taxa de cobertura é calculada apenas na ordem dos 30 por cento, que é con- siderada muito baixa”, lamentou o sindicalista. 4 DESTAQUE Quinta-feira 2 de Maio de 2019 PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Mais de 14 mil pessoas, entre as quais sindicalistas, participaram ontem numa marcha que percorreu várias artérias da cidade de Luanda e visou assinalar o Dia Internacional do Trabalhador Sindicatos consideram que a actual Lei, aprovada em Junho de 2015 e em vigor desde Setembro do mesmo ano, ignora o trabalho como um direito fundamental que deve ser respeitado em toda a sua dimensão DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADOR Movimento sindical exige revisão da nova Lei Geral do Trabalho

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Page 1: DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADORimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/684979125_maio_1.pdf · ocasião do Dia Internacional do Trabalhador. Numa declaração lida no final da marcha, os

Edivaldo Cristóvão

A revisão da nova Lei Geraldo Trabalho e o fim da pre-cariedade foram as princi-pais re ivindicações domovimento sindical ango-lano, durante a marcha quejuntou ontem, em Luanda,mais de 14 mil pessoas, porocasião do Dia Internacionaldo Trabalhador.

Numa declaração lida nofinal da marcha, os sindica-listas consideram que a LeiGeral do Trabalho (LGT),aprovada em Junho de 2015e em vigor desde Setembrodo mesmo ano, ignora o tra-balho como um direito fun-damental que deve serrespeitado em toda a suadimensão. Na actual LGT,dizem, o Governo neutralizou

a acção dos sindicatos, dei-xando estes quase sempoder de reacção em defesados trabalhadores. “Os efei-tos da implementação destalei são visíveis, tais como oaumento da precariedadelaboral e, consequente-mente, o empobrecimentoacentuado das famílias”,refere a declaração, lida pelasecretária para os AssuntosSociais da UNTA-CS, Filo-mena Soares.

Nesta conjuntura, os sin-dicatos exigem um diálogosocial produtivo com oGoverno e os empregadores,para que reine a paz socialnas relações laborais, nasempresas, na economia eno país.

Ao mesmo tempo, os sin-dicatos prometem desencadear

acções reivindicativas con-certadas para se alcançar umarevisão da actual Lei Geral doTrabalho, para a tornar maishumana e ser um instrumentode promoção do emprego edo trabalho digno.

Outras preocupaçõesobservadas pelo movimentosindical consistem na con-t í nua e l evada t a xa d edesemprego, principal-mente entre os jovens echefes de família, na baixataxa de cobertura do saláriomínimo nacional, em rela-ção à cesta básica.

Das preocupações doss indical i stas , constamainda a precariedade dascondições de saúde e segu-rança no trabalho e, con-sequentemente, o aumentode doenças profissionais e

acidentes de trabalho. Ossindicalistas lamentam odébil exercício do diálogo eda concertação nas relaçõeslaborais, as dificuldades deacesso à escola pública poruma parte significativa decidadãos para o sistemabásico de ensino.

A marcha teve como pontode partida a avenida AlamedaManuel Van-Dúnem e tér-mino na Praça da Família,nas imediações da Praça daIndependência.

O secretário-geral da UniãoNacional dos TrabalhadoresAngolanos - ConfederaçãoSindical (UNTA-CS), ManuelViage, reforçou, ao Jornal deAngola, que a principal rei-vindicação dos sindicalistasé a revisão da nova Lei Geraldo Trabalho, porque tem sido

a principal causa da instabi-lidade no emprego e da pazsocial nas empresas, associadaao salário incompatível como custo de vida. Para complicarainda mais, acrescentou, osmesmos salários são pagoscom atrasos.

Outras das grandes preo-cupações dos trabalhadoresnos últimos anos, disse, têmsido o combate ao assédiomoral e a situação dos tra-balhadores que permane-cem na mesma categoriadurante anos sem possibi-lidade de serem promovidos,mesmo que o seu perfil pro-fissional cresça.

“Desejamos que o Governoreaja e promova um diálogoque produza resultados posi-tivos”, afirmou o secretário-geral da UNTA, reconhecendo

que algumas reivindicaçõesfeitas no ano passado estão aser resolvidas. Citou o casoda situação da estabilidadedo emprego no sector público,tal como aconteceu com osprofessores, enfermeiros etécnicos da Justiça.

Manuel Viage salientouque o aumento salarial efec-tuado este ano foi bem-vindo, mas ainda não satisfazas necessidades dos funcio-nários, porque cresceu abaixoda taxa de inflação acumu-lada. O ideal, disse, seriaque, pelo menos, os saláriosmínimos servissem paraadquirir a cesta básica. “Sóque a taxa de cobertura écalculada apenas na ordemdos 30 por cento, que é con-siderada muito baixa”,lamentou o sindicalista.

4 DESTAQUE Quinta-feira2 de Maio de 2019

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Mais de 14 mil pessoas, entre as quais sindicalistas, participaram ontem numa marcha que percorreu várias artérias da cidade de Luanda e visou assinalar o Dia Internacional do Trabalhador

Sindicatos consideram que a actual Lei, aprovada em Junho de 2015 e em vigor desde Setembro do mesmo ano, ignora otrabalho como um direito fundamental que deve ser respeitado em toda a sua dimensão

DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADOR

Movimento sindical exige revisãoda nova Lei Geral do Trabalho

Page 2: DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADORimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/684979125_maio_1.pdf · ocasião do Dia Internacional do Trabalhador. Numa declaração lida no final da marcha, os

Quinta-feira2 de Maio de 2019 5DESTAQUE

Edna Dala

O uso de camisolas negras namarcha alusiva ao Dia Interna-cional do Trabalhador foi aforma que funcionários públicose privados encontraram, ontem,para protestar pelas condiçõesde trabalho e salariais a quesão submetidos.

A marcha, que arrancou noLargo Cónego Manuel das Neves,defronte ao antigo Hotel Ala-meda, registou logo nas primei-ras horas uma grande moldurahumana que vinha de todos ospontos de Luanda, para parti-cipar daquela que foi conside-rada a maior marcha dostrabalhadores dos últimos anos.

A amplificação sonora mon-tada para o efeito, o som dostambores e os panfletos queiam sendo largados no passeioatraíam a atenção de quemcaminhava a pé e dos automo-bilistas que circulavam poraquela parte da cidade. A neces-sidade de melhoria salarial edas condições de trabalho eramas palavras de ordem.

Alguns andam tão frustra-dos, que chegaram a encontrarculpados em quem nada tema ver com a sua sorte. Os repór-teres escalados para a coberturado evento também eram visa-dos. “Não queremos aqui jor-nalistas.” Os profissionais dacomunicação social, aindaassim, continuaram com o seutrabalho de reportagem.

Ma s h á quem , como asenhora Etelvina de Freitas,que aceitou falar, normalmente,com o Jornal de Angola. Traba-lhadora há 37 anos, diz já nãosuportar mais as condiçõesindignas a que ela e os colegassão submetidos diariamente.

Prestes a ir à reforma, DonaEtelvina disse que trabalha háanos sem um equipamento con-digno de trabalho. “Hoje, mar-cho não apenas por mim, mastambém pelos meus filhos,netos e por outras gerações,para que não passem pelosmesmos transtornos e misériaque nós”, desabafou.

Dona Etelvina sublinhouque a empresa não oferecesequer regalias de saúde paraos seus quadros, o que con-siderou como o pico da faltade sensibilidade das entidadessuperiores das empresas enão só. Isso para não falar dobaixo salário.

Falando em filhos e netos,destacar o facto de na marchatambém ter sido visível a pre-sença marcante de criançasque decidiram acompanharos pais. Um mais-velho, quepreferiu não se identificar,disse ter levado o filho parao ensinar, desde cedo, a rei-vindicar pelos seus direitossem receios.

A marcha culminou naPraça da Família, onde foilida a mensagem da UNTA -Confederação Sindical. Entre-

tanto, ao Jornal de Angolafalou Adriano Manuel, repre-sentante do Sindicato dos Médi-cos de Angola que sublinhouo facto de o sector da Saúdeter marchado, pela primeiravez, em solidariedade comtodos os sindicatos e em par-ticular pelas crianças e adultosque morrem diariamente noshospitais, sem as mínimas con-dições e sem medicamentos.

Adriano Manuel justificou,por isso, o uso das camisolaspretas. “Significa a morte demuitos pacientes nos hospitais,a falta de condições e, acimade tudo, o facto de o Ministérioda Saúde insistir em não con-tinuar a dialogar com o Sindicatodos Médicos”, disse.

Pedro Rosa, também médico,considerou o acto como umajornada de reflexão e deu parasentir que rumo é que os fun-cionários públicos estão a tomar.

“Estamos aqui para exigirmais dignidade, respeito emelhores condições de tra-balho, pois a classe médicaenfrenta muitas dificuldades,que passam pela falta de con-dições para trabalhar e aten-dermos correctamente ospacientes”, disse o médico,que manifestou a tristeza daclasse para com o patronato.Pedro Rosa exortou todos ostrabalhadores angolanos anão deixarem de exigir osseus direitos, pois é algo quelhes assiste.

Manifestação no 1º de Maio

Marcha do 1º de Maio partiu do Largo Cónego Manuel das Neves e terminou na Praça da Família

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

UNITA solidária com trabalhadoresA UNITA transmitiua sua solida-riedade para com os trabalhadoresangolanos por ocasião da celebra-ção do Dia Internacional do Tra-balhador, assinalado ontem emtodo o mundo. Numa declaraçãoà imprensa, o partido sublinha asua solidariedade para com todosos movimentos reivindicativos detodos os sectores laborais.O maior partido na oposição

exorta o Titular do Poder Executivoa fazer ajustamentos necessáriosàs políticas em curso devido àcrise económica e financeira queo país vive. A UNITA considera queo Presidente da República deve“tomar medidas urgentes e efi-cazes” para o cumprimento dassuas obrigações constitucionaisinerentes ao asseguramento dodireito ao trabalho.A UNITA reconhece que, em

Angola, o trabalho está consagradona Constituição como um direitoe um dever para todos os angolanos.“A Constituição estabelece quetodo o trabalhador tem direito àformação profissional, justa remu-neração, descanso, férias, protecção,higiene e segurança no trabalho”,sublinha a declaração política.

O partido liderado por IsaíasSamakuva entende que “os ango-lanos constatam com preocupaçãoo agravamento contínuo e acen-tuado da situação social do paíse a ineficácia da política económicado Governo em criar os empregosprometidos, combater a fome e

reduzir a pobreza que atormentama maioria das famílias angolanas.”“O desemprego tornou-se uma

realidade com uma tendência impa-rável de piorar todos os anos, lan-çando à indigência e ao desesperomilhões de jovens e de chefes defamília. Aos que trabalham, a grandemaioria das empresas, tanto aspúblicas como as privadas, pagamsalários de miséria que não satis-fazem as necessidades básicas diá-rias dos trabalhadores e de suasfamílias”, sublinha a declaração.A UNITA considera que a actual

situação em que o país se encon-tra exige uma profunda reflexãoque conduza a uma tomada demedidas estruturais, práticas eefectivas que garantam o direitoao trabalho, a todos.O maior partido na oposição refere

que o país precisa de uma novaabordagem sobre o trabalho comofonte de rendimentos e de segurançasocial das famílias. “Nessa era daeconomia do conhecimento e dainovação, a juventude não deveapenas esperar, deve tomar inicia-tivas inovadoras e ousadas com oespírito de Chicago”, realça, subli-nhando que, da mesma forma queem 1886 a revolução dos trabalha-dores em Chicago mudou o quadroentão prevalecente, em Angola, osjovens, tanto os que já trabalhamcomo os que ainda estão desem-pregados, são chamados a revo-lucionar as mentes para descobriremnovas oportunidades de realização

e valorização profissional.A UNITA considera que os ango-

lanos podem optar por trabalhopor conta própria e pelo trabalhocooperativo na agricultura, pescas,construção, comércio e na pro-tecção do ambiente.“A UNITA está convencida de

que o direito ao trabalho tem deser conquistado por todos e porcada um, de forma inovadora,com espírito de solidariedade ede responsabilidade social”, subli-nha a declaração.Na declaração, a UNITA exorta

todas as forças produtivas do país,com destaque para os sectoresindustrial, grossista, bancário,mineiro e cadeias de logística ecomércio, a repensarem as suaspolíticas actuais de forma a maxi-mizar a utilização das capacidadesnacionais ainda adormecidas eque o reforço dos investimentosem pesquisa e desenvolvimentoserá um valioso contributo paraa justiça social.A UNITA encoraja os trabalhadores

a prosseguirem a luta pela melhoriadas condições sociais, laborais esalariais e apela ao Executivo e aosdemais empregadores a reconhecerque, em tempo de crise, reduzir osbenefícios dos accionistas, já enri-quecidos, para aumentar algunsdos benefícios dos trabalhadoresque produzem a sua riqueza é umademonstração de solidariedade ede justiça social que engrandecea alma e produz a paz.

MARCHA PACÍFICA

DECLARAÇÃO

Sindicalista Adriano Manuel Etelvina de FreitasManuel Viage da UNTA-CS

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Ministro encoraja quadros do sector

O ministroda Comunicação Social,João Melo, encorajou ontem, os tra-balhadores do sector a contribuírempara ajudar a sociedade a corrigiros erros do passado e melhorar asituação do país.

Num ‘post’ a propósito do DiaInternacional do Trabalhador, publi-cado na sua conta no Twitter, avançouque o Ministério não deixará de assu-mir também os seus deveres.

Aefeméride, que ontem se assi-nalou, teve a sua origem no mas-sacre ocorrido em Chicago, nosprimeiros dias de Maio de 1884,quando a Polícia norte-americanadisparou a matar contra mani-festantes desarmados que exigiamuma jornada de oito horas e

melhores condições de trabalho.Inspirados nesse evento, tra-

balhadores e sindicalistas de todoo mundo, reunidos em Paris, emJulho de 1889, decidiram proclamaro 1º de Maio como o Dia Interna-cional dos Trabalhadores.

Desde então, a data tem sidocelebrada pelos trabalhadores detodo o mundo, sendo proibida ouignorada por regimes autoritáriose anti-democráticos, ou consagradacomo feriado nos países que reco-nhecem os legítimos direitos dostrabalhadores e pugnam pela ele-vação do seu nível de vida e pelamelhoria das suas condições labo-rais, como é o caso da Repúblicade Angola.

| EDIÇÕES NOVEMBRO

Ministro João Melo