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Ano X - Edição 113 - ABRIL 2017 Distribuição Gratuita RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Leia mais: Página 6 AVALIAÇÕES EXTERNAS: DE QUE SERVEM AO PROFESSOR? Desde que as avalia- ções externas passa- ram a orientar as po- líticas públicas edu- cacionais e serviram de base para bonificação de pro- fessores, o fazer docente em sala de aula tem sido constantemente enxertado de concepções, achis- mos e métodos para “melhorar” o nível de aprendizado dos seus alu- nos. Leia mais: Página 9 ARTE X ENTRETENIMENTO O que é Cultura? Há muita discussão sobre essa definição. Para alguns de nós a Cultura é sinônimo de diversão simplesmente. Talvez para a gente poder discutir um pouco melhor o assunto seja imprescindível falarmos das dife- renças entre Cultura (Arte) e Entre- tenimento (Diversão). Leia mais: Página 11 Comunidade dos Países da Língua Portuguesa CPLP A ideia de criação de uma comuni- dade de países e povos que parti- lham a Língua Portuguesa ao lon- go dos tempos. Leia mais: Página 11 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabili- dade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! Dia 09 de Abril Nacional do Aço Para falarmos sobre o aço, teremos obrigatoriamente de falar sobre o Nióbio: a riqueza desprezada pelo Brasil Países ricos gostariam de tê-lo extraído do seu solo, enquanto o Brasil dispensa pouca importância a esse mineral com tão vastas qualidades e de incontáveis aplicações O nióbio, símbolo químico Nb, é muito empregado na produção de ligas de aço destinadas ao fabrico de tubos para condução de líquidos. Como curiosidade, o nome nióbio deriva da deusa grega Níobe que era filha de Tântalo que foi responsável pelo nome de outro elemento químico, tântalo. O nióbio é dotado de elasticidade e flexibilidade que permitem ser moldável. Estas características oferecem inúmeras aplicações em alguns tipos de aços inoxidáveis e ligas de metais não ferrosos destinados à fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anticorrosivo, resistente aos áci- dos mais agressivos, como os naftênicos. Inúmeras são as aplicações do nióbio, indo desde as envolvidas com artigos de beleza, como as destinadas à produção de joias, até o emprego em indústrias nucleares. Na indústria aeronáutica, é empregado na produção de motores de aviões a jato, e equipamentos de foguetes, devido a sua alta resistência a combustão. São tantas as potencialidades do nióbio que a baixas temperaturas se converte em supercondutor. O elemento nióbio recebeu inicialmente o nome de “colúmbio”, dado por seu descobridor Charles Hatchett, em 1801. Não é encontrado livre no ambiente, mas, como niobita (columbita). O Brasil com reserva de mais de 97%, em Catalão e Araxá, é o maior produtor mundial de nióbio, e o consumo mundial é de aproximadamente 37 mil toneladas anuais do minério totalmente brasileiro. Ronaldo Schlichting, administrador de empresas e membro da Liga da Defesa Nacio- nal, em seu excelente artigo, que jamais deveria ser do desconhecimento do povo brasileiro, chama a atenção sobre a “Questão do Nióbio” e convoca todos os brasileiros para que digam não à doutrina da subjugação nacional. Menciona que a história do Brasil foi pautada pela escravidão das sucessivas gerações de cidadãos submetidos à vergonhosa doutrina de servidão. Schlichting, de forma oportunista, desperta na consciência de todos que “qualquer tipo de riqueza nacional, pública ou privada, de natureza tecnológica, ci- entífica, humana, industrial, mineral, agrícola, energética, de comunicação, de transporte, biológica, assim que desponta e se torna importante, é imediatamente destruída, passa por um inexorável processo de transferência para outras mãos ou para seus ‘testas de ferro’ locais”. Identificam-se, nos dizeres do membro da Liga de Defesa Nacional, as estra- tégias atualmente aplicadas contra o Brasil nesta guerra dissimulada com ataques transversais, característicos dos combates desfechados durante a assimetria de “4ª Gera- ção”. Os brasileiros têm que ser convencidos de que o Brasil está em guerra e que de nada adianta ser um país pacífico. Os inimigos são implacáveis e passivamente o povo brasileiro está assistindo a desmontagem do país. Na guerra assimétrica, de quarta geração de influências sutis, não há inicialmente uso de armas e bombardeios com grande mortandade. O processo ocorre de forma sub-reptícia, com a participação ativa de colaboracionistas, entreguistas, corruptos, lobistas e traidores. O povo na sua esmagadora maioria desconhece o que de gravíssimo está ocorrendo na sua frente e não esboça nenhum tipo de reação. Por trás, os países hegemônicos, mais ricos, colonizadores, injetam volumosas fortunas em suas organizações nacionais e internacionais (ONGs, religiosas, científicas, diplomáticas) para corromperem e corroerem as instituições e autoridades nacionais para consequentemente solaparem a moral do povo e esvaziar a vontade popular. Este tipo de acontecimento é presenciado no momento no Brasil. O Povo brasileiro tem sido entretido com politicagem e se esquece que é com as suas riquezas que podemos passar de subdesenvolvidos e desenvolvidos. Esquecemo-nos dis- so quando falamos em deixar um País melhor para nossos filhos e netos. Pensem nisso, divulguem, isso. Filipe de Sousa RECLAMAR OU REVOLUCIONAR Que os movimentos tornem-se a causa de todos e aqueles que não forem para as ruas por motivos particulares ou, se preferirem ficar confortavelmente “em cima do muro”, pois sabem que mesmo sem lutar, se beneficiarão sem nenhuma exposição como os que o fizeram. Mas, já que não revolucionam, então não recla- mem. Leia mais - Página 2 A violência contra os professores É triste saber que nós professores não temos a nossa profissão valoriza- da. É triste ver professores sendo víti- mas de agressões físicas, morais e verbais, é o desrespeito a uma classe, mas também ao ser humano. Mulheres e homens que exercem uma profissão que forma outras pessoas, ajuda a preparar para a vida e não possuem o reconhe- cimento que merecem. Não somos valorizados. Leia mais: Página 3 O NEGÓCIO DO ACORDO ORTOGRÁFICO “O projeto, nascido da cabeça do inte- lectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o inicio um empreendimento com fins lucrati- vos, apoiado por urna poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portugal. “ Leia mais: Página 4 A Urgência da Reforma Política O primeiro Poder da República que precisa ser corrigido é o Legislativo, a instituição do Parlamento. Os vereadores e deputados são representantes das pessoas, e devem ser acessíveis a elas, devem prestar contas às elas de seus mandatos. Os senadores são representantes dos estados, então devem representar os governos estadu- ais ou assembleias legislativas estaduais. Não há necessidade de dois parlamentos federais para representar a população. Leia mais: Página 5 Dez anos a serviço da educação, da cidadania e valorização das culturas e tradições brasileiras

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Page 1: Dia 09 de Abril Nacional do Aço - Gazeta Valeparaibanagazetavaleparaibana.com/113.pdf · mortandade. O processo ocorre de forma sub-reptícia, com a participação ativa de colaboracionistas,

Ano X - Edição 113 - ABRIL 2017 Distribuição Gratuita

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ite

Leia mais: Página 6

AVALIAÇÕES EXTERNAS: DE QUE SERVEM AO

PROFESSOR?

Desde que as avalia-ções externas passa-ram a orientar as po-líticas públicas edu-cacionais e serviram

de base para bonificação de pro-fessores, o fazer docente em sala de aula tem sido constantemente enxertado de concepções, achis-mos e métodos para “melhorar” o nível de aprendizado dos seus alu-nos.

Leia mais: Página 9

ARTE X ENTRETENIMENTO

O que é Cultura? Há muita discussão sobre essa definição. Para alguns de nós a Cultura é sinônimo de diversão simplesmente.

Talvez para a gente poder discutir um pouco melhor o assunto seja imprescindível falarmos das dife-renças entre Cultura (Arte) e Entre-tenimento (Diversão).

Leia mais: Página 11

Comunidade dos Países da Língua Portuguesa

CPLP A ideia de criação de uma comuni-dade de países e povos que parti-lham a Língua Portuguesa ao lon-go dos tempos.

Leia mais: Página 11

CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabili-dade Social

Agora também no seu

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NO SITE

A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

Dia 09 de Abril Nacional do Aço Para falarmos sobre o aço, teremos obrigatoriamente de falar sobre o Nióbio: a riqueza desprezada pelo Brasil Países ricos gostariam de tê-lo extraído do seu solo, enquanto o Brasil dispensa pouca importância a esse mineral com tão vastas qualidades e de incontáveis aplicações O nióbio, símbolo químico Nb, é muito empregado na produção de ligas de aço destinadas ao fabrico de tubos para condução de líquidos. Como curiosidade, o nome nióbio deriva da deusa grega Níobe que era filha de Tântalo que foi responsável pelo nome de outro elemento químico, tântalo. O nióbio é dotado de elasticidade e flexibilidade que permitem ser moldável. Estas características oferecem inúmeras aplicações em alguns tipos de aços inoxidáveis e ligas de metais não ferrosos destinados à fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anticorrosivo, resistente aos áci-dos mais agressivos, como os naftênicos. Inúmeras são as aplicações do nióbio, indo desde as envolvidas com artigos de beleza, como as destinadas à produção de joias, até o emprego em indústrias nucleares. Na indústria aeronáutica, é empregado na produção de motores de aviões a jato, e equipamentos de foguetes, devido a sua alta resistência a combustão. São tantas as potencialidades do nióbio que a baixas temperaturas se converte em supercondutor. O elemento nióbio recebeu inicialmente o nome de “colúmbio”, dado por seu descobridor Charles Hatchett, em 1801. Não é encontrado livre no ambiente, mas, como niobita (columbita). O Brasil com reserva de mais de 97%, em Catalão e Araxá, é o maior produtor mundial de nióbio, e o consumo mundial é de aproximadamente 37 mil toneladas anuais do minério totalmente brasileiro. Ronaldo Schlichting, administrador de empresas e membro da Liga da Defesa Nacio-

nal, em seu excelente artigo, que jamais deveria ser do desconhecimento do povo brasileiro, chama a atenção sobre a “Questão do Nióbio” e convoca todos os brasileiros para que digam não à doutrina da subjugação nacional. Menciona que a história do Brasil foi pautada pela escravidão das sucessivas gerações de cidadãos submetidos à vergonhosa doutrina de servidão. Schlichting, de forma oportunista, desperta na consciência de todos que “qualquer tipo de riqueza nacional, pública ou privada, de natureza tecnológica, ci-entífica, humana, industrial, mineral, agrícola, energética, de comunicação, de transporte, biológica, assim que desponta e se torna importante, é imediatamente destruída, passa por um inexorável processo de transferência para outras mãos ou para seus ‘testas de ferro’ locais”. Identificam-se, nos dizeres do membro da Liga de Defesa Nacional, as estra-tégias atualmente aplicadas contra o Brasil nesta guerra dissimulada com ataques transversais, característicos dos combates desfechados durante a assimetria de “4ª Gera-ção”. Os brasileiros têm que ser convencidos de que o Brasil está em guerra e que de nada adianta ser um país pacífico. Os inimigos são implacáveis e passivamente o povo brasileiro está assistindo a desmontagem do país. Na guerra assimétrica, de quarta geração de influências sutis, não há inicialmente uso de armas e bombardeios com grande mortandade. O processo ocorre de forma sub-reptícia, com a participação ativa de colaboracionistas, entreguistas, corruptos, lobistas e traidores. O povo na sua esmagadora maioria desconhece o que de gravíssimo está ocorrendo na sua frente e não esboça nenhum tipo de reação. Por trás, os países hegemônicos, mais ricos, colonizadores, injetam volumosas fortunas em suas organizações nacionais e internacionais (ONGs, religiosas, científicas, diplomáticas) para corromperem e corroerem as instituições e autoridades nacionais para consequentemente solaparem a moral do povo e esvaziar a vontade popular. Este tipo de acontecimento é presenciado no momento no Brasil. O Povo brasileiro tem sido entretido com politicagem e se esquece que é com as suas riquezas que podemos passar de subdesenvolvidos e desenvolvidos. Esquecemo-nos dis-so quando falamos em deixar um País melhor para nossos filhos e netos. Pensem nisso, divulguem, isso.

Filipe de Sousa

RECLAMAR OU REVOLUCIONAR Que os movimentos tornem-se a causa de todos e aqueles que não forem para as ruas por motivos particulares ou, se preferirem ficar confortavelmente “em cima do muro”, pois sabem que mesmo sem lutar, se beneficiarão sem nenhuma

exposição como os que o fizeram.

Mas, já que não revolucionam, então não recla-mem.

Leia mais - Página 2

A violência contra os professores

É triste saber que nós professores não temos a nossa profissão valoriza-da. É triste ver professores sendo víti-

mas de agressões físicas, morais e verbais, é o desrespeito a uma classe, mas também ao ser humano. Mulheres e homens que exercem uma profissão que forma outras pessoas, ajuda a preparar para a vida e não possuem o reconhe-cimento que merecem. Não somos valorizados.

Leia mais: Página 3

O NEGÓCIO DO ACORDO ORTOGRÁFICO

“O projeto, nascido da cabeça do inte-lectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o inicio um empreendimento com fins lucrati-vos, apoiado por urna poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portugal. “

Leia mais: Página 4

A Urgência da Reforma Política

O primeiro Poder da República que precisa ser corrigido é o Legislativo, a

instituição do Parlamento. Os vereadores e deputados são representantes das pessoas, e devem ser acessíveis a elas, devem prestar contas às elas de seus mandatos. Os senadores são representantes dos estados, então devem representar os governos estadu-ais ou assembleias legislativas estaduais. Não há necessidade de dois parlamentos federais para representar a população.

Leia mais: Página 5

Dez anos a serviço da educação, da cidadania e valorização das culturas e tradições brasileiras

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Editor e Jornalista responsável: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

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Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

RECLAMAR OU REVOLUCIONAR

O Brasil inteiro reclama do governo e suas medidas. Discutem, debatem pelas redes sociais e por aí se expande a insatisfação da atual situação.

Unidos pela força e vontade de impedir injustiças que corrompem nossos direitos e ameaçam nosso futuro, promoveu-se um ato público e manifesto nas ruas, aliados a greves dos funcionários dos ônibus e metrô que, da mesma forma, sentem-se ameaçados em seus direitos trabalhistas e garantia de um bem estar.

O país propagou e chamou para as ruas o povo pa-ra manifestarem seus desejos no intuito de serem ouvidos pelos nossos governantes que tomaram as rédeas e nos ameaçam duramente a cada dia com decisões que só nos escravizam duramente para que continuemos investindo nossas energias au-mentando a renda “deles” e diminuindo cada vez mais as condições do povo varonil, tão cansado do suor derramado que mal o recompensa para ganhar o pão de cada dia.

Pronto! Os brasileiros resolveram agir e sair para as ruas e tudo muito bem divulgado e “combinado”.

Mas, eis o que me faz escrever essa crônica:

Já que tudo foi combinado e divulgado sobre o movi-mento e a paralisação dos meios de transportes, no meu entender, houve tempo para se pensar e anali-sar a situação e decidir em sair para participar, ficar em casa, apoiar o movimento, adiar ou antecipar compromissos da referida data (médico, reuniões, pagamento de contas e outros).

No entanto, muitos resolveram trabalhar já sabendo das dificuldades que iriam enfrentar alguns, porque não podem arriscar seus empregos ou a remunera-ção do dia e desesperados, por cumprir seus horá-rios, reclamam da greve como um desrespeito a e-les, mas não do empresário que chega a hora que quer e com outros meios de transportes que não se-ja ônibus e metrô e sem se preocuparem em viabili-zar recursos para que esses tenham possibilidades de chegar ao trabalho e flexibilidade nos horários e garantia de não serem descontados. O empregado

amedrontado cumpre à risca sua jornada sem pres-sionar o empregador. Mas, afinal, se todos faltarem ao trabalho o que aconteceria? Todos os emprega-dos seriam demitidos?

As mães enviam seus filhos para as escolas saben-do que as portas estarão fechadas e reclamam co-mo se o professor não estivesse lutando pelos seus direitos e qualidade no ensino.

Tem gente que vai para as compras sabendo que muitas portas não se abririam e no meio do tumulto de um dia como esse, reclamam, mas, quando es-tão nos supermercados também reclamam dos pre-ços e não fazem nada para aqueles que lutam por um novo rumo de nossas vidas.

Que os movimentos tornem-se a causa de todos e aqueles que não forem para as ruas por motivos particulares ou, se preferirem ficar confortavelmente “em cima do muro”, pois sabem que mesmo sem lutar, se beneficiarão sem nenhuma exposição como os que o fizeram.

Mas, já que não revolucionam, então não reclamem.

Banidos de um ensino de qualidade, de garantias dos benefícios ao trabalhador e ao aposentado que movimentam a economia do país, por todos os altos impostos que se paga por uma vida inteira e pela negligência à saúde, desvalorização dos educado-res, inviabilização da propagação e incentivo à arte e cultura, impunidade dos crimes que nos ameaçam diariamente e à corrupção que se assola, prova é de que nos castram no âmago de nossas consciências e assim, nossa passagem por essa vida só nos in-duz a abrirmos mão de construir caminhos e nos condenando à condição de cidadãos a marionetes comandados pelos poderosos que tem acesso a tu-do que estão nos tirando e ainda com a diferença de que o atendimento que precisam com qualidade e que aqui não tem, buscam nos países desenvolvi-dos que lhes garantem isso.

Somente coletivamente poderemos ter uma socieda-de mais justa, divididos continuaremos como gralhas emitindo sons e comendo migalhas.

Ou, embora cansados, vamos correr até alcançar voos como águias...

Genha Auga Jornalista MTB:13.520

Tapar o sol com a peneira Peneira é um instrumento circular de madeira com o fundo em trama de me-tal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância moída. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o ob-jecto é permeável à luz. A expressão teria nascido dessa constatação, signi-ficando atualmente um esforço mal su-cedido para ocultar uma asneira ou ne-gar uma evidência.

O pomo da discórdia A lendária Guerra de Troia começou numa festa dos deuses do Olimpo: É-ris, a deusa da Discórdia, que natural-mente não tinha sido convidada, resol-veu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma linda ma-çã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”. Como as três deusas mais poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa fun-ção de julgar para Páris, filho do rei de Troia O príncipe concedeu o título a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de Esparta. A rainha fugiu com Páris para Tróia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser conheci-da como “o pomo da discórdia” – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar entre si.

Santa do pau oco Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras pre-ciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades rouba-das e enviado para Portugal.

MÊS QUE VEM TEM MAIS

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com letra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identidade, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês A violência contra os professores

A Organização para a Cooperação e Desenvol-

vimento Econômico (OCDE), divulgou uma pes-

quisa que indica o Brasil como sendo o país que

possui o maior número de violência contra pro-

fessores. Esse estudou focou nas condições de

trabalho dos professores e na aprendizagem

escolar, com o intuito de servir de base para po-

líticas públicas a respeito do assunto. Foram 34

países envolvidos na pesquisa. É lamentável

saber que ocupamos esse ranking.

É triste saber que nós professores não temos a

nossa profissão valorizada. É triste ver profes-

sores sendo vítimas de agressões físicas, mo-

rais e verbais, é o desrespeito a uma classe, mas também ao ser humano. Mulheres e ho-

mens que exercem uma profissão que forma outras pessoas, ajuda a preparar para a vida e

não possuem o reconhecimento que merecem. Não somos valorizados.

Nossas escolas da rede pública não se modernizaram e manter o aluno em sala de aula

virou uma tarefa quase impossível. Nada o atrai, porque paramos no tempo. O governo de-

monstra descaso pela educação. O que temos são professores desmotivados, sem autori-

dade, alunos desinteressados, rebeldes, pois a sala de aula não é atraente. A escola ficou

com a tarefa de educar também, pois esses jovens que desrespeitam o professor estão ca-

rentes de um aprendizado básico, que são as regras básicas de convívio em sociedade,

tarefa que deveria ser dos pais. Respeito, gentileza, educação se aprende em casa.

A grande maioria dos professores já sofreu com algum tipo de agressão. Seja ela física,

verbal, algum tipo de assédio moral, preconceito, discriminação, bullying etc. Não dá para

achar que isso é normal. NÃO É. Essa rotina de violência não pode se perpetuar, e agir

dessa forma não vai resolver os problemas. Acredito que a impunidade seja um agravante

dessa situação. É necessário tomar medidas mais severas contra os agressores. Também

é necessário trabalhar a prevenção, a educação, o respeito e a tolerância. A violência con-

tra os professores está se agravando e as atitudes agressivas se tornando parte do dia-a-

dia desses profissionais. É necessário que os professores possam exercer sua profissão

com segurança, sem medos. Não são só os professores que sofrem com a violência. Esse

mal está presente na sociedade em geral, proveniente de diversos fatores.

A maioria dos professores gosta do que faz, mas não vemos incentivo, reconhecimento e

apoio por parte do governo e da sociedade em geral.. A Rotina de um professor é estafan-

te. Trabalhar com medo e receio de sofrer alguma agressão, sem as condições apropria-

das, e ainda se sentir desvalorizado, mal remunerado, sem estímulo para continuar, consti-

tui um agravante nessa rotina. Precisamos acreditar que fazemos a diferença. Precisamos

recuperar a dignidade perdida. Reconhecer a importância do nosso papel na sociedade e

sermos sabedores que só a educação é capaz de mudar o mundo.

Podemos e devemos mudar essa realidade que se apresenta de maneira tão desencoraja-

dora para nós profissionais da educação. Através do diálogo e de debates, podemos che-

gar a um patamar onde o convívio e o respeito entre alunos e professores seja o normal.

Onde todos sejam valorizados. É só não perdermos a consciência da nossa importância no

papel da formação do cidadão e de uma sociedade mais consciente justa e digna.

Mariene Hildebrando

e-mail: [email protected]

Calendário

Algumas datas comemorativas

01 - Dia da Mentira 02 - Dia Internacional do Livro Infantil 07 - Dia do Jornalista 07 - Dia Mundial da Saúde 09 - Dia Nacional do Aço 11 - Dia da Escola de Samba 13 - Dia do Hino Nacional Brasileiro 13 - Dia da Carta Régia 14 - Dia Mundial do Café 15 - Dia Nacional da Conservação do Solo 18 - Dia de Monteiro Lobato 19 - Dia do Índio 19 - Dia do Exército Brasileiro 21 - Tiradentes 21 - Aniversário de Brasília 22 - Descobrimento do Brasil 22 - Dia da Terra 22 - Dia da Comunidade Luso-Brasileira 28 - Dia da Educação

Ver mais sobre na Página 12

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Procure descobrir o seu caminho na vida.

Ninguém é responsável por nosso destino, a não ser nós mesmos.

Chico Xavier

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Culturas e Identidades

O NEGÓCIO DO ACORDO ORTOGRÁFICO (parte I)

Este mês compartilharei um artigo foi publicado no Jornal O Diabo em 24 de Junho de 2014 que trata da história do Acordo Ortográfico de 1990. Este é um tema de estrema relevância dado que o referido AO aniquila por completo

a Língua Portuguesa. Em Portugal, o AO está sob júdice e será de bom tom que no Brasil as discussões também se iniciem. Sob a premissa do comércio imoral de modo algum se pode matar a Lingua de todos nós. “O projecto, nascido da cabeça do intelectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o inicio um empreendimento com fins lucrativos, apoiado por urna poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portu-gal. “ O português mais distraído talvez pense que um colégio de sábios bons e eminentes terá decidido um dia, após longos anos de estudo e investigação, proceder à reforma do sistema ortográfico da Língua Portuguesa - e que os governos dos países lusófonos, tendo-se debruçado sobre o assunto com o auxilio ponderado de gramáticos e lexicógrafos, terão conscienciosamente aprovado essa tão bem preparada reforma. Mas o português distraído esta-ria redondamente enganado. Já se sabia que o acordo ortográfico foi preparado em cima do joelho, longe do debate público e do escrutínio do povo, dos mestres da Língua e dos es-pecialistas da Gramática. Mas só agora começa a conhecer-se, em detalhe, todo o processo de de um tratado internacional que, embora já esteja a ser aplicado em alguns países (como Portugal), só entrara plenamente em vi-gor, se algum dia entrar, quando todos os governos lusófonos o assinarem. E ainda falta um ... Em Portugal, no Brasil e em Angola, o acordo suscita enormes polémicas e tem contra si uma parte considerável do mundo académico e literário. Não obstante, governos e parlamentos dos PALOP terem vindo a ratificar conse-cutivamente o tratado, na ilusão "politicamente correcta" (estranhamente adoptada em Portugal por Executivos de centro-direita) de que ele repre-senta "progresso" e "igualdade". A ideia, é certo, nasceu na cabeça de um académico esquerdista, o brasilei-ro Antônio Houaiss, que contou em Portugal com o providencial auxilio do linguista Malaca Casteliro. Viajemos, então, no tempo e procuremos a géne-se de todo o processo, que nas últimas três décadas tem enchido os bolsos a um grupo restrito de autores e editores. Segundo o testemunho do escritor português Ernesto Rodrigues, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, publicado no seu 'blog' na internet, "Antônio Houaiss e Malaca Casteleiro dinamizavam, desde 1986, um pro-jecto de acordo ortográfico". Este fora sugerido, em primeiro lugar, no ano anterior, por Houaiss, que até ai fizera carreira como autor de versões brasi-leiras de dicionários enciclopédicos e dirigira, havia pouco, um ''Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa" (1981). Consultor de editoras privadas Quem era Antônio Houaiss? De origem libanesa, nascido no Rio de Janeiro em 1915, Houaiss era docente de Língua Portuguesa e consultor de várias editoras privadas de livros quando a ideia lhe surgiu. Apoiante de Getúlio Vargas (e depois de Leonel Brizola e do Partido Democrático Trabalhista, membro da Internacional Socialista), nunca escondeu as suas ideias políti-cas. Estas leva-lo-iam mais tarde ao cargo de ministro da Cultura no gover-no socialista de Itamar Franco, entre 1992 e 1993, e a direcção do Conselho

Nacional de Política Cultural, do Ministério da Cultura (1994-1995). Foi a seguir (1996) presidente da Academia Brasileira de Letras. Jocosamente, o humorista brasileiro Millôr Fernandes referia-se-lhe dizendo: "Houaiss co-nhece todas as palavras da Língua Portuguesa, ele só não sabe junta-las". Em 1985, Antônio Houaiss era apenas um intelectual de esquerda com uma ambição: compor um dicionário da Língua Portuguesa que ombreasse com o famoso "Dicionário Aurelio", da autoria de Aurelio Buarque de Holanda Ferreira, que desde a sua primeira edição, em 1975, já vendera até então mais de um milhão de exemplares. Mas Houaiss confrontava-se com uma "pequena" dificuldade técnica: para ultrapassar as marcas de Aurelio, o seu dicionário teria de galgar as fronteiras do Brasil e impor-se em todo o mundo lusófono como obra de referencia. E para tanto era preciso "unificara a Lín-gua" ... Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde sucedeu a Álvaro Lins (diplomata "progressista" que nos anos 50 provocara uma crise diplo-mática entre Brasília e Lisboa ao conceder asilo político a Humberto Delga-do na embaixada brasileira em Portugal), Houaiss começou a congeminar um projecto de "unificação ortográfica" logo em 1985, com o auxilio do filólo-go Mauro de Salles Villar. No inicio de 1986, Houaiss promoveu no Rio de Janeiro os primeiros "Encontros para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa", que haveriam de arrastar-se ate 1990. O dicionarista obtivera para isso "carta branca da ABL", segundo referiu José Carlos de Azeredo, professor do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janei-ro, em entrevista ao jornal digital brasileiro UOL. "O Antônio Houaiss era o único representante brasileiro", especificou. Máquina política e comercial De inicio, a intelectualidade dos dois lados do Atlântico fez vista grossa a flagrante coincidência entre o autor da ideia de "unificar a Língua" e o poten-cial autor do primeiro grande dicionário da Língua "unificada". Só depois, por fugas de informação, a comunidade cientifica se apercebeu da monstru-osidade do propósito. Mas a maquina política e comercial já estava em mar-cha ... Em 1990, os representantes dos PALOPs são levados a subscrever um primeiro tratado com vista a "uniformização" da ortografia. E Antônio Houaiss e Salles Villar embrenham-se na elaboração da sua obra-prima. De caminho, Houaiss vinha publicando outros livros, de carácter mais partidá-rio, como "O fracasso do conservadorismo", "Brasil-URSS 40 anos do esta-belecimento de relações diplomáticas", "Socialismo e liberdade" ou "Socialismo-Vida, morte e ressurreição". Creditava-se, assim, como político, condição que assumiu plenamente ao integrar o governo socialista de Ita-mar Franco, na sequencia do 'impeachment' do presidente Collor de Melo. Por esta altura, tornara-se óbvia a falta de entusiasmo dos intelectuais bra-sileiros quanto a uma reforma, da ortografia. Um primeiro acordo fora assi-nado, é certo, mas previa-se um longo e difícil caminho até à sua promulga-ção final no Brasil. Na própria Academia Brasileira de Letras, muitos eram os académicos que se manifestavam contra o projecto. Um deles, o conhe-cido gramático Evanildo Bechara, afirmava mesmo: "Deus nos livre desta monstruosidade". Que fazer? A generalidade dos cientistas opunha-se ao acordo, mas este estava assinado e podia, ainda que informalmente, ser "imposto" através da divulgação massiva de um "novo dicionário" usando as "novas regras". E se essa divulgação pudesse ser feita pelo próprio Estado, tanto melhor. Foi este o caminho escolhido pelos defensores dessa "nova

língua" a que em Portugal logo se pós a alcunha de "acordês". “

Loryel Rocha Filósofo, Escritor e Professor

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

A Urgência da Reforma Política

A Reforma Política é chamada de “a mãe de todas as reformas”. Porque é a reforma mais urgente que o Brasil necessita. É claro que não há um consenso sobre o que deve ser mudado, qual o modelo ideal. Cada pes-soa tem os seus interesses e os seus concei-tos. Aqueles que se beneficiam do status quo vão “mover céus e terra” para mantê-lo. Compete aos prejudicados pelo status quo “mover céus e terra” para mudá-lo.

A minha percepção da realidade política brasileira, considerando a história do país, eu entendo que abolir a Monarquia e proclamar a República da forma como foi feita em 1889 foi um erro desastroso. Considero assim por causa do rumo que a história política brasilei-ra tomou posteriormente. Quem realmente fundou o Estado Brasileiro foi D. João VI e, D. Pedro I apenas formalizou a independên-cia do Brasil. D. Pedro II é quem teve um rei-nado plenamente brasileiro, e duradouro de forma a servir como modelo de experiência. O monarca ao menos colocava um limite às oligarquias políticas regionais e nacionais.

Após a proclamação da república presidenci-alista, o coronelismo dominou absoluto o Bra-sil até Getúlio Vargas em 1930. Eu suspeito, acredito que, se a Monarquia bragantina não tivesse caído no Brasil, o Regime Militar en-tre 1964-1985 não teria existido. Não tenho como ter certeza, mas creio que não teria ha-vido. Os poderes do Parlamento iriam au-mentar e os do Monarca diminuir, no decorrer do século XX. O Senado passaria a ser eleti-vo posteriormente, as províncias teriam auto-nomia ampliada. É o que eu acho.

Mas, não há como voltar no tempo e corri-gir. Já aconteceu e, não acredito que o povo brasileiro vá querer restaurar a Monarquia no século XXI. A República veio para ficar. Mas, dentro da forma republicana de governo, o povo brasileiro deve se empenhar para que haja mudanças no sistema político-eleitoral-partidário. Eu tenho a crença de que o pro-blema no Brasil é que há um “abismo” de dis-tância entre o eleito e o eleitor, principalmen-te no Poder Legislativo. Há um problema de representatividade da maioria da população. Eu tenho uma diversidade de propostas para os muitos detalhes da Reforma Política, mas se eu mencionar todos os detalhes aqui, o texto vai ficar muito longo. Para introduzir o diálogo sobre o assunto, eu proponho o se-guinte, para começar:

- Voto Distrital (Puro ou Misto) para eleger vereadores e deputados;

- Recall Político (Revogação de mandato de parlamentares por eleitores);

- Permitir apenas uma reeleição para vere-adores, deputados e senadores, no mesmo cargo político.

- Quanto ao Senado Federal, o ideal mesmo seria extinguir o Senado e adotar o unicame-ralismo a nível federal. Mas, se a maioria não concordar, tenho também a sugestão de ado-tar o modelo alemão e austríaco (Bundesrat), no qual o governo estadual faz o papel de legislador na Câmara Alta do Parlamento Fe-deral no que se refere aos estados, e a re-

presentação é melhor distribuída conforme o tamanho da população de cada estado;

- Proibir o financiamento empresarial de cam-panhas eleitorais, permitindo apenas um limi-te de doações de pessoas físicas (por respei-to a ideologia do eleitor) além do financia-mento público das campanhas eleitorais;

- Reduzir os poderes legislativos dos verea-dores, deputados (e senadores), de forma que não possam mais votar o próprio aumen-to salarial, regalias e benefícios em geral. Tais assuntos passariam a ser votados pelo povo em plebiscito e referendo. Durante a vigência do mandato, os políticos e seus de-pendentes deverão obrigados por lei a usar o SUS como plano de saúde, estudar em esco-la pública, e pagar INSS, se sujeitando às mesmas regras dos cidadãos de baixo poder financeiro se sujeitam;

- As casas legislativas passariam a ser audi-tadas pelo ministério público eleitoral e outros órgãos externos;

- Reduzir o número de deputados federais, de 513 para 345;

O primeiro Poder da República que precisa ser corrigido é o Legislativo, a instituição do Parlamento. Os vereadores e deputados são representantes das pessoas, e devem ser acessíveis a elas, devem prestar contas às elas de seus mandatos. Os senadores são representantes dos estados, então devem representar os governos estaduais ou as-sembleias legislativas estaduais. Não há ne-cessidade de dois parlamentos federais para representar a população. Deputados repre-sentam pessoas e senadores representam estados.

O que eu escrevo aqui é um conjunto de su-gestões. Eu não sou dono da verdade e nem da razão, não há problema de alguém discor-dar de mim. Apenas interpreto que as coisas seriam melhores se fossem como eu propo-nho.

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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Entenda como funciona a estrutura do Estado

brasileiro

Organização

O Brasil é uma República Federativa Presidenci-alista, formada pela União, Estados, Distrito Fe-deral e municípios, em que o exercício do poder é atribuído a órgãos distintos e independentes, submetidos a um sistema de controle para garan-tir o cumprimento das leis e da Constituição.

O Brasil é uma República porque o Chefe de es-tado é eleito pelo povo, por período de tempo de-terminado. É Presidencialista porque o presidente da República é Chefe de Estado e também Chefe de governo. É Federativa porque os estados têm autonomia política.

A União está divida em três poderes, indepen-dentes e harmônicos entre si. São eles o Legisla-tivo, que elabora leis; o Executivo, que atua na execução de programas ou prestação de serviço público; e o Poder Judiciário, que soluciona con-flitos entre cidadãos, entidades e o estado.

O Brasil tem um sistema pluripartidário, ou seja, admite a formação legal de vários partidos. O partido político é uma associação voluntária de pessoas que compartilham os mesmos ideais, interesses, objetivos e doutrinas políticas, que tem como objetivo influenciar e fazer parte do po-der político.

Fonte: brasil.gov.br

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Politizando

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

Você conhece as formas e sistemas de gover-no no mundo atual? Cada nação tem as suas peculiaridades culturais, não há uma isonomia de costumes na humanidade. E isso se reflete também na política, na forma de se governar os diversos países. No decorrer da história, a democracia tomou formato de um jeito diferen-te em cada local deste mundo, em cada situa-ção, em cada época.

Nas democracias, as formas de governo são a monarquia e a república. Nas monarqui-as, uma família ou dinastia é a guardiã das tra-dições culturais e históricas da sociedade civil do país em questão. E o chefe dessa família real ou imperial é o chefe de Estado. O cargo é vitalício e, na maioria dos casos, hereditário. Nas repúblicas, o próprio Estado é o guardião das tradições culturais e históricas da socieda-de civil, e o chefe de Estado é alguém eleito, ou diretamente ou indiretamente, e tem man-dato temporário.

E os sistemas de governo são o presidenci-alismo, o semipresidencialismo (ambos só com repúblicas), e o parlamentarismo (tanto com monarquias quanto com repúblicas). No presidencialismo, a mesma pessoa é chefe de Estado e de governo, o presidente da repúbli-ca e, na maioria dos países, o presidente é e-leito diretamente pelo povo. No semipresiden-

cialismo e no parlamentarismo, as chefias de Estado e do governo são separadas. Ou o mo-narca (rei ou rainha, ou imperador...) ou o pre-sidente é o chefe de Estado e o primeiro-ministro é o chefe de governo. O primeiro-ministro é escolhido pelos deputados nacio-nais (no Brasil seriam os deputados federais) do partido que tem o maior número de deputa-dos no parlamento, que é o partido que vai for-mar o governo.

Qual é, afinal, a diferença de uma república parlamentarista para uma república semipresi-dencialista, já que ambas tem um presidente como chefe de Estado e um primeiro-ministro como chefe de governo? No parlamentarismo, os poderes políticos do chefe de Estado são muito limitados, meramente simbólicos na mai-oria dos casos, o primeiro-ministro é quem re-almente governa, tem amplas responsabilida-des, e responde ao parlamento (deputados). No semipresidencialismo, o presidente eleito por voto direto, como chefe de Estado, não tem funções apenas simbólicas. Ele tem al-guns poderes de fato e funções práticas, divi-de funções de governo com o primeiro-ministro que é o chefe de governo. Por exemplo, o pre-sidente da república pode cuidar da política externa do país, chefiar as forças armadas, nomear funcionários, vetar leis, pode demitir o primeiro-ministro por iniciativa própria, e o par-lamento também pode derrubar o primeiro-ministro, enfim, o presidente e o primeiro-ministro governam juntos.

Exemplos de monarquias parlamentaristas no mundo de hoje são o Reino Unido, o Japão, a Espanha, a Holanda, a Bélgica, o Luxembur-

go, a Dinamarca, a Suécia, a Noruega. Exem-plos de repúblicas parlamentaristas, a Alema-nha, a Itália, a Grécia, a Índia. Exemplos de repúblicas presidencialistas hoje, os Estados Unidos, o Brasil, a Argentina, o México e An-gola. Exemplos de repúblicas semipresidenci-alistas, a França, a Rússia, a Argélia, a Coreia do Sul e Moçambique.

Sobre o caso do Brasil, não acredito que apenas mudar de sistema de governo vá solu-cionar os problemas políticos do país. Não é tão simples assim. O Brasil tem um sistema partidário péssimo, e um sistema eleitoral ru-im. O sistema partidário brasileiro é muito ins-tável, e se não houver uma ampla e profundo reforma política, não há sistema que vá funcio-nar neste país. Contudo, o semipresidencialis-mo é mais vantajoso do que o presidencialis-mo em situações de crise política, tanto o pre-sidente pode dissolver o Congresso, convo-cando eleições antecipadas, quanto o Con-gresso pode substituir o governo, poupando o país de eventuais golpes de Estado como a revolução de 1930 e de 1964, e de processos de impeachments como o do Collor e o de Dil-ma. Se um governo ou legislatura não está a-gradando por algum motivo, no meu ponto de vista pessoal, o povo deve ser consultado no-vamente nas urnas para confirmar a legitimida-de de tal governo ou substituí-lo por outro, de acordo com o princípio da democracia.

Eu já fiz confusão de parlamentarismo com semipresidencialismo, e até recentemen-te. Hoje, o que eu sou favorável, é o semipre-sidencialismo para o Brasil.

João Paulo E. Barros

A democracia ainda é preferível

Apesar de não ser perfeita, a democracia é

preferível à ditadura ou ao despotismo. Mas no contexto brasileiro há complicações, por-que a cultura política do Brasil é de autoritaris-mo. A história do Brasil tem evidências do au-toritarismo político no país. E, não é só entre os políticos, entre o eleitorado também há evi-dências de autoritarismo, pessoas que mani-festam desejar a volta do Regime Militar é um sintoma desse autoritarismo.

A democracia é o regime que permite li-berdade de opinião, liberdade de religião e de crença, inclusive a liberdade para ser ateu e agnóstico. A democracia é que concede ao povo a liberdade individual. A democracia é fundamental para parcela mais vulnerável da população, pois permite a esse grupo escolher alguém para representá-los e defender os seus direitos sociais. Eu pessoalmente não acredito que num regime de ditadura haja in-clusão social, mesmo que seja uma ditadura marxista. Acredito que a inclusão social é con-sequência da verdadeira democracia, que é a democracia que permite participação popular.

No Brasil, a democracia não consegue trazer os resultados almejados porque a participação popular é fraca. O eleitor se limita basicamen-te a votar nas urnas e depois se preocupar com a própria vida. A maioria dos brasileiros não está preparada para lidar com a democra-cia por ser demasiadamente individualista, não tem consciência de que integra um todo, uma coletividade. A nível municipal, principalmente, a comunidade no Brasil precisa aprender a ser mais participativa, a fazer reuniões comunitá-rias, a interagir com os vereadores, e depois fazer o mesmo com os deputados estaduais e depois, com os deputados federais. A maioria das pessoas precisa procurar se informar mais sobre as atribuições e competências dos vere-adores, deputados e senadores.

O que faz a democracia não funcionar bem é a falta de instrução à população. E o que faz a democracia funcionar bem é a popu-lação ser bem instruída, bem informada. Eu pessoalmente não gosto muito de discutir so-bre partidos e ideologias, porque reconheço que cada cidadão tem o direito de liberdade de opção ideológica e partidária. A partir do mo-mento que eu declarar ser a favor de proibir os eleitores de serem petistas, por exemplo, vou estar me opondo à democracia e a liberdade individual. Da mesma forma, a partir do mo-mento que eu declarar ser a favor de obrigar

os eleitores a apoiar o PT, também vou estar me opondo à democracia e a liberdade indivi-dual. Ou o PSDB, ou o PMDB, etc. Para mim, é perfeitamente natural que gente de classe baixa simpatize com a direita, e gente de clas-se média alta simpatize com a esquerda. A política é mais complexa do que parece ser. A partir do momento que eu quero impor a mi-nha opinião política às pessoas, passo a ser autoritário. E a democracia concede às pesso-as o direito de discordar de mim. E tenho visto que muita gente no Brasil, inclusive entre os eleitores, querendo impor as suas crenças po-líticas ao restante da população. Tanto por parte de eleitores direitistas quanto por parte de eleitores esquerdistas. A democracia não é democracia, se houver autoritarismo. E, entre os países desenvolvidos atualmente, não há ditaduras, são todos eles democracias.

Na minha forma de perceber a realida-de, interpreto que o futuro da democracia está ameaçado, principalmente em sociedades com alto índice de corrupção como a brasilei-ra. A democracia foi uma conquista do povo em geral, e compete ao povo em geral manter essa grande conquista. Se o povo não se res-ponsabilizar pela democracia, corre o risco de perdê-la novamente.

João Paulo E. Barros

Democracia

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

Crônicas, Contos e Poesia

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COLHEITA

Na rua o povo em tumulto

Como em grades de gaiola,

O peso do cansaço,

Companheiros de exílio e luto.

Como o homem torna-se pequeno

Quando se entrega à fantasia,

Ilude-se com as migalhas

Do pão de cada dia.

Contudo essa gente

Pensa que sabe tudo,

Segue em frente sem ver

Vai sem saber de nada.

Indiferente a tudo

Como cépticos suicida

Praticamente esbanjando a vida,

Olhos melancólicos de outono.

Sob um céu cinza de cobalto

Profetizam seu passado

Frágeis com visão de ópio

Cirandam num palco de “Guignol”.

Com movimentos de fumaça,

Seguem sensitivos ao som.

Mas ainda lhes resta um alto...

Um longo pensamento:

Ser glorioso e forte

Não uma ave aborrecida que gorjeia na gai-

ola,

A espera dos golpes do destino.

Não vê a beleza da rosa porque tem espi-

nhos.

A existência de todos tem um porquê.

O outono não é em vão

Assim como a árvore espera a primavera.

Só com luta sonhos serão realizados.

Mesmo um grão caído na terra morta,

Nela poderá ocorrer o milagre da vida.

Quem semeia colherá frutos

E sua árvore lhe dará flores.

Genha Auga

VERDADE OU MITO

No dia 1º de abril de 1964, o presidente do Brasil, João Gou-lart, é derrubado pelo golpe e instaura-se o regime militar.

No dia 1º de abril comemora-se o dia da mentira (originariamente pela instituição do calendário gregoriano na França e Inglaterra), no Brasil ocorreu a dura verdade acima citada.

Para o brasileiro pode-se comemorar realmente tantas menti-ras que temos vivido nas últimas décadas e que emergem a cada dia em nossas vidas a cada noticiário, a cada medida. A mentira tomou uma forma tão descaradamente cotidiana que o povo já acostumado ao “jeitinho brasileiro”, com tantos es-cândalos e falcatruas acha até que pequenos delitos são nor-mais.

Afinal, a própria história do Brasil, desde o seu descobrimen-to, a inconfidência, a independência, a libertação dos escra-vos, a intenção na catequização dos índios e outros, possuem versões contadas nas escolas que não condizem à verdade dos fatos.

Parece que a mentira sempre envolveu os brasileiros de tal forma que talvez por isso, o “jeitinho brasileiro”, sempre foi simplesmente aceito e, agora que as grandes mentiras vêm à tona, deixam o povo dividido, pois a consciência da verdade parece não ter efeito para que saibam avaliar e responder se tudo que vivemos no passado e o que se vive atualmente é mito ou verdade.

O Brasil foi enganado desde sempre pelos colonizadores, pa-dres, políticos e demais interessados nessa terra maravilhosa que foi “conquistada” por homens aventureiros, catequizados por religiosos exploradores, negros escravizados e índios que foram duramente tratados pelos saqueadores da sua cultura. Sempre vivemos num emaranhado de mentiras e individualis-mo onde a verdade, dificilmente prevalece e o brasileiro trata-do como tolo porque crê em tudo que ouve.

Continuam nos enganando até hoje e pelas incertezas do que vem pela frente estamos divididos entre o que é falso ou ver-dadeiro e, enquanto isso: - A aposentadoria do trabalhador está sendo vetada - Não há verbas para as escolas e saúde publica - Não há segurança para o povo por falta de verbas. - O povo está agonizando por todos os cantos da periferia, nas favelas e nas ruas. - A arte e cultura totalmente anulada.

Mas o povo feliz é explorado por contínuas mentiras:

- Pela exploração das nossas cidades maravilhosas e privilegi-adas pela mãe natureza e que foram saqueadas por cada res-ponsável em mantê-las.

- O povo brasileiro é considerado o povo mais feliz do planeta por ter tudo isso, mas, o que nos resta é a cerveja gelada, fu-tebol, carnaval, e o não legado das olimpíadas, pelos quais pagamos caro, muito caro...

Quando isso tudo vai acabar? Será que nunca?

Até quando pessoas normais e que tem Deus no coração po-derão suportar tanta hipocrisia. Só nos resta então ‘comemorar”, justamente, o dia da menti-ra... Genha Auga Jornalista MTB: 15.320

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07 - Dia Mundial da Saúde

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AGROTÓXICOS

Fazer um prato colorido, cheio de frutas, le-gumes e verduras, já não é mais sinônimo de alimentação saudável. Em função do uso in-tensivo e crescente de agrotóxicos, o consu-mo de certos produtos pode representar, em vez de benefícios, a gênese de doenças em longo prazo.

Duas recentes publicações, lançadas no final de abril, apontam os riscos dos agrotóxi-cos. A Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) divul-gou, durante o Congresso Mundial de Alimentação e Nutrição em Saúde Pública (WNRio 2012), a primeira parte do dossiê Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxi-cos na Saúde.

No documento, são listados mais de cem agrotóxicos que podem causar uma série de enfermidades como câncer, má formação congênita, alergias respiratórias, diabetes, distúrbios de tireoide, depressão, aborto e até Mal de Parkinson.

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado por agrotóxi-cos. O pimentão lidera a lista – quase 92% das amostras analisadas apresentaram contaminação. Em seguida, aparecem o morango (63,4%), pepino (57,4%), alface (54,2%) e cenoura (49,6%).

“Não precisa de mais evidências científicas para se tomar decisões políticas para pro-teger a saúde da população e do ambiente”, diz o chefe do Departamento de Saúde Coletiva da UnB e do Grupo de Trabalho de Saúde e Ambiente da Abrasco, Fernando Ferreira Carneiro.

Em 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto de maior merca-do mundial de agrotóxicos, utilizando 19% desses produtos produzidos no mundo.

O relatório da Abrasco também destaca o papel dos transgênicos no aumento do con-sumo de agrotóxicos. Só o glifosato, utilizado na cultura da soja transgênica, represen-ta 40% do mercado nacional.

“A Monsanto alegava que uso dos transgênicos iria resultar na diminuição do uso de agrotóxicos, e o que a gente está vendo é o contrário.”, pontua Carneiro.

Precaução

Já a associação entre câncer e agrotóxicos foi um dos alertas trazidos pelo relató-rio Diretrizes para a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho, lançado pelo Insti-tuto Nacional do Câncer (Inca). Segundo a publicação, dentre os principais grupos de agentes cancerígenos relacionados ao trabalho aparecem os agrotóxicos. Dentre as enfermidades observadas em pessoas expostas a essas substâncias estão os linfo-mas, leucemias e cânceres de intestino, ovários, pâncreas, rins, estômago e testícu-los.

De acordo com a coordenadora da Área de Câncer Ocupacional do Inca, Ubirani Ote-ro, ainda faltam estudos e testes para confirmar que tais doenças podem ser causa-das pelo uso dos agrotóxicos. Entretanto, para ela, as evidências já são suficientes para que medidas mais fortes sejam tomadas.

“A gente deve adotar no Brasil, como em outras partes do mundo, o princípio da pre-caução. Se existe uma forte suspeita de que algum agente pode causar câncer, a gen-te deve evitar essa exposição”, diz.

A Anvisa informa que, em 2011, foram registrados mais de oito mil casos de intoxica-ção por agrotóxicos no Brasil.

A pressão das empresas que comercializam agrotóxicos e dos setores ruralistas é um dos principais entraves no trabalho da Anvisa, como explica o gerente- geral de Toxi-cologia do órgão, Luis Claudio Meirelles. “A reavaliação já enfrentou vários debates e inúmeras ações na Justiça. Inclusive quando a gente decide pelo banimento do produ-to tentam derrubar nossa decisão”, argumenta.

O gerente da Anvisa admite ainda que falta estrutura para fazer um trabalho mais con-sistente. Em termos de comparação, ele lembra que a Anvisa possui apenas 5% do total de agentes do órgão estadunidense de vigilância sanitária. Com isso, a fiscaliza-ção no campo acaba sendo prejudicada. “Poucos estados têm um efetivo que possa

atuar, em nível estadual, para fiscalizar se os produtos estão sendo usados conforme autorizados para proteger a população, os trabalhadores e o entorno”, explica.

Desrespeito à lei

Além do prolongamento do uso de substâncias banidas e da falta de fiscalização, ou-tro problema é o desrespeito à legislação que dita as regras para a utilização dos a-grotóxicos. Um exemplo é a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e Pecuá-ria (Mapa), de 2008, que proíbe a pulverização aérea a 500 metros de córregos, nas-centes de água, criação coletiva de animais e residências. As proibições, porém, ficam só no papel, e a principal consequência é a contaminação do ar.

“Quem mora ao lado de uma grande plantação ou de uma horta que usa muito agrotó-xico está respirando aquele tipo de agrotóxico”, pontua Wanderlei Pignati.

Foi o que ocorreu em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Em 2006, um avião mono-motor despejou, de forma irregular, um herbicida dessecante para apressar a colheita da soja. A substancia foi lançada sobre áreas residenciais da cidade, e o resultado foi a destruição de canteiros de plantas medicinais, hortaliças e um surto de intoxicações. Até hoje, ninguém foi responsabilizado pela ação.

O município mato-grossense é um dos maiores produtores de grãos do Estado. Em 2010, foram produzidos cerca de 420 mil hectares entre soja, milho e algodão, com a utilização de 5,1 milhões de litros de agrotóxicos nessas lavouras.

E os agrotóxicos continuam gerando impactos contra a população e o meio ambiente em Lucas do Rio Verde. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) revelou que o leite materno de mulheres da cidade está contaminado. Segundo o estudo, foi encontrado pelo menos um tipo de agrotóxico em todas as a-mostras coletadas. Em algumas amostras havia até seis produtos diferentes.

“Isso mostra que a contaminação está disseminada. E ainda são poucos estudos. Se esses poucos estudos estão indicando isso, pode ser o que a gente chama de a ponta de um iceberg”, adverte Carneiro.

O mito do uso seguro

Os especialistas alertam para os diversos males causados pelos agrotóxicos, mas chamam atenção, sobretudo, para as intoxicações a longo prazo. Os efeitos dos agro-tóxicos, explica a médica sanitarista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz Lia Giraldo, dividem-se basicamente em intoxicações agudas e crônicas. As primeiras ocorrem quando a pessoa, ao ser diretamente exposta a produtos químicos, apresen-ta sintomas mais imediatos como tontura, náusea, dor de barriga e diarreia.

Já a intoxicação crônica se dá quando a pessoa é exposta a doses pequenas, porém cotidianas, tanto no manuseio como no consumo de alimentos contaminados. De a-cordo com Lia, é essa exposição gradual a responsável pelos problemas mais sérios.

“Para efeitos agudos a gente pode até ter uma dose de segurança, mas a exposição a baixas concentrações e a múltiplos agrotóxicos vai trazer, em longo prazo, câncer, doenças endócrinas e do sistema nervoso”, explica.

Lia enfatiza que as intoxicações agudas até podem ser evitadas pelo uso correto de equipamentos de segurança por parte de quem lida com os agrotóxicos. Nesse senti-do, garante, não se pode falar em uso seguro de agrotóxicos. “Enquanto as pessoas acreditarem em uso seguro de agrotóxicos, podem prevenir uma intoxicação aguda, mas não podem se prevenir da intoxicação crônica”, destaca.

Cuidados

Para se proteger, os especialistas recomendam à população procurar feiras agroeco-lógicas ou mesmo fazer pequenas hortas caseiras para consumir itens sem agrotóxi-cos.

“Se lavar o produto, só limpa de contaminação orgânica, não tira o agrotóxico. Des-cascar também não, porque ele entra pela raiz, está dentro [do alimento]”, alerta Lia.

Além disso, para Carneiro, a população precisa se organizar em todos os níveis para lutar contra o uso de agrotóxicos e construir alternativas.

“Tem que lutar contra esse modelo, aderir à Campanha Nacional contra os Agrotóxi-cos, criar seu comitê local na comunidade, isso é fundamental. É nessa perspectiva que a gente tem chances de mudar as coisas”, assegura

Patrícia Benvenuti Brasil de Fato

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ABRIL 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

Professor

AVALIAÇÕES EXTERNAS: DE QUE SERVEM AO PROFESSOR?

Desde que as avaliações externas passaram a orientar as políticas pú-blicas educacionais e serviram de base para bonificação de professo-res, o fazer docente em sala de aula tem sido constantemente enxerta-do de concepções, achismos e métodos para “melhorar” o nível de a-prendizado dos seus alunos.

As avaliações externas produzem os indicadores de qualidade. Esses indicadores, como já discutimos e explicamos em vários outros textos aqui neste espaço, são elaborados a partir da relação existente entre o índice de fluxo (quantidade de alunos promovidos) e o índice de de-sempenho (medido a partir de uma prova). Tal relação entre essas du-as variáveis resultam no indicador de qualidade do Sistema que é ava-liado. Este método, portanto, pode ser aplicado em escala nacional (tal como o IDEB), regional (IDESP; IDERJ; IDEPE) ou internacional, como é o caso do PISA.

De qualquer forma, a receita é essa. A relação desempenho x fluxo gera o resultado esperado.

A discussão a que se propõe neste momento é sobre o exame que se aplica. Sem querer se alongar nesta discussão, já que o Prof. Luckesi o faz com muito mais propriedade que eu, é preciso diferenciar avalia-ção de exame. Via de regra, a avaliação é um conjunto de diferentes instrumentos que serve ao professor acompanhar sistematicamente e metodologicamente a aprendizagem do seu aluno. Já um exame, é (grosso modo) uma prova. Um único instrumento que vai me apresen-tar um único resultado.

Indicadores de qualidade: avaliação ou exame?

Ainda que muitos sistemas educacionais utilizem a palavra “avaliação”, entendemos que o que se aplicam aos alunos são exames pontuais, onde apresentam um retrato daquele momento. É importante deixar claro, que as “avaliações externas”, ou exames externos, como eu prefiro, têm como objetivo avaliar o sistema educacional, e não o aluno em si. Tal exame é confeccionado de acordo com uma matriz curricular, que reflete parte de um currículo do sistema de ensino, em que se aferem habilidades específicas.

O exame que é aplicado obedece a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Tal teoria analisa como elemento central uma certa quantidade de questões (chamadas de itens) que analisa especificamente uma habili-dade, dentro de um certo nível de dificuldade. As habilidades são esti-madas a partir da probabilidade do educando acertar uma determinada questão dada o seu grau de habilidade.

O interessante desta forma de exame é que permite a comparação en-tre diferentes avaliações em um mesmo período de tempo e permite a comparação entre diferentes avaliações em períodos de tempo dife-rentes.

A partir da relação existente entre as habilidades e os níveis de dificul-dade (proficiências), o sistema de ensino pode apresentar seus resul-tados para todo o sistema ou para a unidade escolar, tais como o e-xemplo a seguir:

Exemplo hipotético de gráfico gerado a partir dos níveis de proficiência de uma avaliação externa.

De posse de gráficos como este acima, o gestor público pode pensar em direcionar políticas públicas específicas para melhorar o nível de aprendizagem das crianças. Ao professor, cabe interpretar os números da sua unidade escolar e compreender as principais defasagens da sua unidade e utilizar os indicadores como uma ferramenta para norte-ar o seu trabalho, certo? Nem sempre!

O que fazer com os dados das avaliações externas?

É importante pensar que esses gráficos podem nos oferecer possibili-dades de pensar didaticamente o “como” trabalhamos em sala de aula. Precisamos pensar e avaliar se nossa prática e se nossas formas de avaliações estão realmente contemplando as necessidades e expecta-tivas de aprendizagem. Este é um dos fatores positivos que as avalia-ções externas podem nos oferecer, mas, sobre essa e outras possibili-dades, pretendo me aprofundar em outros textos. Um dos cuidados que devemos tomar, em relação aos resultados que esses exames nos apresentam, é sobre as habilidades que foram con-templadas no exame aplicado. Lembre-se que este exame é confec-cionado a partir de uma matriz curricular, baseada em competências e habilidades bem específicas e com diversos níveis de dificuldade. Ao tomar a avaliação aplicada como a totalidade da aprendizagem reque-rida, você estará reduzindo toda a sua prática docente ao que se pede naquele exame específico, ou seja, o “currículo mínimo” se torna o má-ximo. Essa visão (infelizmente muito difundida Brasil adentro) é totalmente diferente da concepção que se deveria ter sobre as avaliações exter-nas, que é a de que a avaliação externa avalia o conjunto daquilo que é ensinado nas escolas, e não o contrário. A escola não deve se arti-cular em torno de uma avaliação para simplesmente gerar um indica-dor. Ao contrário, é o indicador que deve refletir aquilo que é trabalha-do na escola. Se a escola desenvolve atividades de leitura e interpretação de texto (aqui entra todas as disciplinas, sem qualquer forma de distinção), dis-cussões coletivas, apresentações orais de trabalhos, pesquisas em diferentes mídias, diferentes produções textuais, comparação, análise, descrição e construção de tabelas, gráficos, mapas e qualquer outro tipo de informação imagética, é claro que independentemente de exa-me externo, ou não, os alunos vão saber manipular estes dados, com qualidade. Por isso, é que se reafirma aqui que as avaliações externas podem ser ótimos instrumentos de análise e reflexão para professores e gestores, mas também podem se tornar grandes armadilhas que só trarão mais prejuízos aos alunos. No próximo mês vamos retomar essa discussão.

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo [email protected]

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Dia 19 - Dia do Índio De onde vieram os índios brasileiros?

E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns

sete ou oito [...]. Pardos, nus, sem coisa alguma que

lhes cobrisse suas vergonhas.” Escrito por Pero Vaz de

Caminha, em sua famosa carta em que comunica ao rei

de Portugal, dom Manuel I, a “descoberta” do Brasil,

este é o primeiro relato do encontro entre os portugue-

ses e os povos que aqui viviam. Também é o ponto de

partida da história oficial brasileira. Pouco ou quase na-

da se aprende na escola do que havia daí para trás no

tempo. As terras que hoje são o Brasil, contudo, já eram

habitadas havia milênios. Quem eram as pessoas que

viviam nelas, de onde vieram, como e quando chega-

ram e como viviam ainda é motivo de controvérsia entre

os estudiosos do assunto, mas os avanços da arqueolo-

gia brasileira nos últimos anos estão trazendo luz a es-

sa questão. Apesar das lacunas e pontos obscuros, o

cenário fica cada vez mais definido.

Com a ajuda de novas ciências, como a bioantropologia

e a genética, está sendo desenhado um panorama dife-

rente do ensinado nas escolas, mais rico e diversificado.

Hoje há praticamente um consenso entre os estudiosos

de que a primeira ocupação do território que viria a ser

o Brasil ocorreu há pelo menos 12 mil anos. Na opinião

de alguns, primeiro por uma população diferente da en-

contrada aqui por Cabral. Trata-se do povo de Luzia, o

fóssil mais antigo de que se tem registro no país, com

11,3 mil anos. Eram os chamados paleoíndios ou paleo-

americanos, que tinham uma conformação craniana

mais parecida com a dos aborígines australianos e a

dos africanos que com a dos índios de traços mongoloi-

des que se conhecem. Para outros, os indígenas atuais

ou ameríndios e os primeiros que chegaram à região

fazem parte de um mesmo tipo, cujas diferenças morfo-

lógicas podem ser explicadas pela variabilidade natural

que existe dentro de uma população qualquer.

Ninguém sabe ao certo, mas estima-se que quando a

frota de 13 embarcações comandada por Pedro Álvares

Cabral aportou na região da atual cidade de Porto Se-

guro, no sul da Bahia, o território que hoje é o Brasil era

habitado por algo entre 1 e 6 milhões de indígenas. Na

visão dos recém-chegados eles eram todos iguais, ou

melhor, todos faziam parte de um mesmo povo. Essa

ideia errônea começou a mudar graças ao médico, ex-

plorador, etnólogo e antropólogo alemão Karl von den

Steinen (1855-1929), que viajou pelo interior do país em

1884 e depois em 1887. Ele constatou que os índios

brasileiros poderiam ser agrupados – ou divididos, como

se queira – em quatro grandes grupos ou troncos lin-

guísticos: tupi-guarani, macro-jê, aruaque e caribe. Ca-

da um desses supergrupos é dividido, por sua vez, em

dezenas ou centenas de nações, com sua língua, cultu-

ra, costumes e modos de vida.

Esse, porém, é apenas o fim da história, ou aquilo que

se aprende na escola. O problema está em saber como

ela começou. Apesar de todas as diferenças, os povos

encontrados pelos portugueses tinham algo em comum:

todos estavam ainda na Idade da Pedra. Isso significa

que não conheciam a roda nem a pólvora, e muito me-

nos a escrita. Ou seja, viviam da caça, da coleta e de

uma agricultura incipiente. Seus antepassados, os pri-

meiros “brasileiros”, estavam num estágio anterior de

desenvolvimento, pois desconheciam completamente o

cultivo de alimentos. Eram apenas caçadores coletores.

E por serem ágrafas, essas populações não deixaram,

evidentemente, documentos escritos sobre sua história,

de onde vieram e como viviam.

Sem modelo e sem documento

Além disso, como lembra o arqueólogo francês aqui

radicado André Prous, no livro O Brasil antes dos Brasi-

leiros – A Pré-História do Nosso País, há outra circuns-

tância que dificulta o conhecimento sobre os primeiros

habitantes do país. De acordo com ele, os povos ame-

ríndios que sobreviveram até hoje são poucos em rela-

ção aos que existiram outrora e se modificaram muito

ao longo do tempo. Por isso, não oferecem uma ima-

gem adequada de seus ancestrais. Sem documentos

escritos e sem poder usar os indígenas atuais como

modelos, o trabalho de descortinar e escrever a história

dessa gente do passado remoto é muito mais difícil.

Deixa de ser tarefa de historiadores, que se baseiam

em textos, e de sociólogos e antropólogos, que se am-

param na observação direta das sociedades vivas, para

ser obra de arqueólogos, bioantropólogos e, mais re-

centemente, geneticistas.

Os primeiros, como observa Prous, se valem exclusiva-

mente dos vestígios materiais que as populações anti-

gas deixaram, quase sempre involuntariamente, e que

foram preservados dos processos naturais de degrada-

ção. Ou seja, que se fossilizaram. São elementos diver-

sos como restos de corpos, instrumentos, ferramentas e

moradias. Isso quer dizer que esses profissionais estu-

dam o que se chama de “cultura material” dos povos

antigos, bem como a vida cotidiana e o ambiente que

habitavam. Os bioantropólogos, por sua vez, se limitam

às ossadas humanas fossilizadas, analisando sua mor-

fologia craniana e outras características físicas.

No caso dos geneticistas, que começaram a se interes-

sar pelo assunto mais recentemente, os estudos se re-

lacionam à análise do DNA de nativos americanos mo-

dernos. “Esse tipo de abordagem tem sido muito usado

para desvendar a história evolutiva e demográfica dos

primeiros americanos”, explica Maria Cátira Bortolini, da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Isso porque no genoma de populações modernas há

marcas que indicam, por exemplo, se passaram por

gargalos populacionais, expansões, ou ainda se há sinal

de adaptação a ambientes diversos.” O método também

possibilita avaliar onde estão os povos que mais se i-

dentificam com os nativos americanos. Os estudos mais

recentes apontam para a Ásia, mais especificamente a

Sibéria.

Essa origem asiática dos primeiros habitantes da Améri-

ca e, por consequência, do Brasil, é aceita por quase

todos os pesquisadores do assunto. Segundo essa teo-

ria, eles teriam chegado pelo estreito de Bering há cerca

de 16 mil anos e depois se espalhado pelo continente.

Há, porém, quem pense diferente. No Brasil, um caso

notório é a arqueóloga paulista Niède Guidon, que des-

de 1978 realiza escavações no sul do Piauí. Ela defen-

de a hipótese de que os primeiros seres humanos a pôr

os pés no país vieram diretamente da África, entre 150

mil e 110 mil anos atrás, “saltando” de ilha em ilha pelo

meio do oceano Atlântico, que, devido a glaciações,

estava cerca de 120 metros mais baixo que hoje. O pro-

blema é que jamais foram encontrados ossos fossiliza-

dos desses pioneiros, o que coloca em xeque a teoria.

Por isso, é quase consenso entre os especialistas que

os primeiros brasileiros chegaram ao país pelo noroes-

te, ou mais precisamente pela Amazônia. A partir dessa

região, eles foram paulatinamente ocupando o resto do

território, alguns grupos pelo interior, outros margeando

a costa. Estes, mais tarde, também podem ter conquis-

tado o interior a partir do litoral, seguindo os cursos dos

rios. Seja como for, o que os estudos mais recentes têm

revelado é que há 10 mil anos praticamente todo o terri-

tório brasileiro já era habitado. A prova disso são vários

sítios arqueológicos com vestígios ao redor dessa idade

encontrados em diversas partes do país.

Ossos em profusão

Entre as regiões mais ricas nesses restos de culturas

pré-históricas está a do município de Lagoa Santa, na

região metropolitana de Belo Horizonte. Ali, dezenas de

sítios arqueológicos vêm sendo escavados e pesquisa-

dos desde 1843, quando o naturalista dinamarquês Pe-

ter Wilhelm Lund (1801-1880), considerado o pai da

paleontologia brasileira, descobriu ossadas humanas

misturadas com as de animais já extintos. Até hoje, de-

zenas de crânios e outros ossos humanos foram desen-

terrados do local. Entre eles, o mais famoso de todos é

o crânio de Luzia, descoberto em 1974 pela arqueóloga

francesa Annette Laming-Emperaire, no sítio chamado

Lapa Vermelha IV.

Sítios com vestígios humanos de mais de 10 mil anos

também foram encontrados na Amazônia e em Mato

Grosso. Neste último caso, foi divulgada em 2002 a

descoberta de três fragmentos de ossos de animais,

com pelo menos 25 mil anos, nos quais se constatou,

por meio de sofisticadas análises laboratoriais, cortes e

polimentos que não foram moldados pela natureza e

que só podem ter sido feitos por humanos. É um dos

resultados do trabalho de uma equipe de arqueólogos

brasileiros e franceses, iniciado em 1985, no sítio arque-

ológico de Santa Elina, no município de Jangada, há 82

quilômetros de Cuiabá. Apesar de a datação ter sido

feita por métodos confiáveis, o achado ainda não é de

todo aceito pela comunidade científica, pois é um caso

isolado, que necessita de mais estudos.

CONTINUA PÁGINA 13

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ARTE X ENTRETENIMENTO

Vamos dar uma pausa nas personalidades da música e falar um pouco de Cultura. O que é Cultura? Há muita discussão sobre essa definição. Para alguns de nós a Cultura é sinônimo de diversão simplesmente. Talvez para a gente poder discutir um pouco melhor o assunto seja imprescindível falarmos das diferenças entre Cultura (Arte) e Entretenimento (Diversão). Há uma certa confusão compreensível e que está sendo colocada em pauta pelo desmonte que a Cultura vem sofrendo nos últimos anos. A visão de que a Arte deve “divertir" é simplista. A Arte é uma expressão do homem e da humanidade em todo o seu ser, seja interno, seja externo. Ela deve provocar, denunciar até mesmo incomodar. Vou reproduzir aqui um trecho de um artigo de Aimar Labaki, dramaturgo, diretor, novelista, tradutor e ensaísta, em seu blog ‘democratização cul-tural’: http://www.blogacesso.com.br/?p=35 "A arte faz o homem lembrar-se de si e reinventar-se. O entretenimento permite ao homem esquecer sua própria existência e seus problemas ( isto é, suas circunstâncias). Arte faz pensar. Entretenimento faz parar de pensar. Ambas funções importantes e necessárias. Mas necessariamente antagônicas. Ainda que exista um enorme universo de obras que transitam simultaneamente pelas duas funções. O mundo não é branco e preto, mas cinza. Já vivi o suficiente para aprender isso. No entanto, quando falamos de democratização da cultura e, pior ainda, de financiamento público, misturamos sem pudor esses dois conceitos. A arte, por sua própria natureza, implica em risco, incômodo, erro. O Entretenimento, por seu lado, só é arriscado na medida em que tudo que é humano é passível de erro.” Quando a Cultura e a Arte são confundidas com o simples entretenimento ela pode ser entendida como um artigo supérfluo, um luxo, um produto dispensável. A arte de uma maneira geral discute, sensibiliza, desperta, abre a mente de quem a usufrui e isso muitas vezes pode incomodar. O que está acontecendo hoje em dia no país é a discussão se a Cultura deve ou não ser financiada pelo estado, se deve ser levada em conta a seu “retorno" como investimento. Ouvimos hoje afirmações do tipo. “Temos que popularizar a cultura”. Essa afirmação é importantíssima e é óbvio que devemos, mas há interpretações diversas desta frase. Popularizar significa, na minha modesta opinião, oferecer ao povo como um todo a cultura elaborada, a arte-provocação, e não exatamente financiar o entretenimento que eles já têm. Financiar apenas entretenimento é a política de pão e circo. Ou seja alimentemos e entreguemos diversão barata que eles ficam quietinhos e felizes. Há uma peça publicitária feita pela Casa de Cultura Benjamín Carrión (http://casadelacultura.gob.ec/) do Equador que gostaria de dividir com vcs. Está em espanhol, porém o texto está escrito, pode facilitar o entendimento. https://www.facebook.com/gustavopetri/videos/10208340004088669/

Aqui no Brasil já houve muito investimento em Cultura por parte do Estado, em todas as suas esferas. Na Semana de Arte Moderna em São Paulo no ano de 1922 capitaneada por Mário de Andrade foram discutidas ações importantes. Na época a repercussão não foi tão grande, porém o tempo fez com que o Brasil despertasse. e manifestações como o Canto Orfeônico (http://www.samba-choro.com.br/debates/1033405862) nas décadas de 30 e 40 mostraram a importância da Cultura na formação do povo.

Nas décadas de 50 e 60 começaram a ser fortalecidos os grupos profissionais mantidos pelo poder público. No Rio de Janeiro, capital nacional na primeira metade do séc XX sempre capitaneou o investimento do governo em Cultura. Os chamados corpos estáveis de artistas começaram a se estabelecer. Em São Paulo Capital, o Theatro Municipal possui em seus quadros a Orquestra Sinfônica Municipal bem como o Coral Lírico, o Coral Paulistano, Quarteto de Cordas, Balé da Cidade entre outros grupos. A História do Incentivo à Cultura no Brasil passa por bons e maus momentos e merece ser estudada e discutida. O Ministério da Cultura que tem sua origem nos tempos de Getúlio Vargas quando ele alterou a pasta de Educação e Saúde para Educação e Cultura até a criação do Ministério na gestão Sarney. A quantidade de recursos públicos carimbadas para a Cultura têm uma média de 1% do orçamento geral, isso nas três esferas, federal, estaduais e municipais. Há uma variação para mais e para menos. A discussão que precisa ser ampla é a direção que esses recursos devem ser aplicados. Na minha opinião devem ser aplicados em Cultura e não em Entretenimento. Um evento de entretenimento que é chamado de “popular" que atrai milhares de pessoas simplesmente por diversão não deveriam na minha opinião ser abençoado com leis de incentivo fiscal. Destinar recursos públicos para financiar um evento que por si só já atrairia recursos privados não é o caminho de “popularização” de cultura. Isso é apenas a política de pão e circo "Ofereça aquilo que o povo já conhece e gosta e eles ficam quietos! Para quê oferecer cultura que faz pensar, refletir. Isso é um perigo!" Vamos aprofundar essa discussão em artigos próximos!

Saudações musicais Maestro Luís Gustavo Petri

Mto. Luís Gustavo Petri é regente, compositor, arranjador e pianista. Fundador da Orquestra Sinfônica Municipal de San-tos. Diretor musical da Cia. de Ópera Curta criada e dirigida por Cleber Papa e Rosana Caramaschi. É frequente convida-do a reger as mais importantes orquestras brasileiras, e em sua carreira além de concertos importantes, participações em shows, peças de teatro e musicais.

Música e Músicos

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+ Sobre Datas comemorativas

Também conhecido como o Dia dos Bobos, o Dia da Mentira é uma data onde as pessoas contam leves mentiras e pregam peças em seus conhecidos por pura diver-são. Há muitas explicações para que o dia 1º de abril esteja relacionado com o Dia da Mentira, uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. De acordo com esta teori-a, por volta do século XVI, o Ano Novo era comemorado dia 25 de março, e as festas duravam uma semana e iam até dia 1º de abril. No ano de 1564, o Rei Carlos IX adotou oficialmente o calendário gregoriano, pas-sando o Ano Novo para o dia 1º de janeiro, porém muitos franceses resistiram a mu-dança e continuaram seguindo o calendário antigo. Entre os brasileiros, o Dia da Mentira começou a se popularizar em Minas Gerais, através do periódico “A Mentira”, que tratava de assuntos efêmeros e sensacionalis-tas do começo do século XIX. Este periódico teria sido lançado em 1º de abril de 1848 uma matéria que noticiava a morte do então imperador Dom Pedro II. Dois dias depois o jornal teve que desmentir a publicação, visto que muita gente realmente acreditou na notícia.

O Dia de Monteiro Lobato, também conhecido como Dia Nacional do Livro Infantil, é celebrado no dia 18 de abril., no Brasil. O Dia de Monteiro Lobato é comemorado no mesmo dia do aniversário do escritor, 18 de abril. Monteiro Lobato veio a falecer em 4 de julho de 1948. Monteiro Lobato foi um dos maiores escritores brasileiros do século, foi o precursor da literatura infantil no Brasil, e criador dos livros infantis "Coleção Sítio do Pica Pau Amarelo" composta por mais de 30 obras. Por esse motivo a data do nascimento de Monteiro Lobato foi escolhida para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil. O escritor Monteiro Lobato ficou famoso por personagens como Dona Benta, Narizi-nho e Pedrinho, Tia Nastácia, a boneca irreverente Emília, o Visconde de Sabugosa, o porco Rabicó e o rinoceronte Quindim.

Esta data homenageia a força e presença do exército nacional brasileiro como enti-dade de proteção do território e nação brasileira. O Dia do Exército é celebrado em 19 de abril em memória da Batalha dos Guarara-pes, que ocorreu em 19 de abril de 1648, no estado de Pernambuco. Neste episódio, um grupo de brasileiros, de diferentes etnias, mas com o mesmo sentido patriótico, se reuniu pela primeira vez para combater a dominação holande-sa. Oficialmente, o Exército Brasileiro foi criado em 1822, como um órgão subordina-do ao Ministério da Defesa. Atualmente o Dia do Exército Brasileiro serve para comemorar essa vitória, enaltecer o espírito patriótico brasileiro e para divulgar a importância dessa Força Armada. O Exército Brasileiro é um dos três braços das Forças Armadas Brasileiras, assim como a Marinha e a Aeronáutica.

O Dia de Tiradentes é comemorado em 21 de abril, e é considerado um feriado na-cional no Brasil. Esta data homenageia a figura do herói nacional Joaquim José da Silva Xavier, po-pularmente conhecido por “Tiradentes” (referência ao seu ofício de dentista). A celebração desta data é importante porque Tiradentes é considerado um dos bra-vos brasileiros que lutou pelo desejo de independência do Brasil das explorações e domínio dos portugueses. Quem foi Tiradentes?

Tiradentes foi um dentista, comerciante, minerador, militar e ativista político brasilei-ro, e atuava na época do Brasil Colonial nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Como morreu Tiradentes? Tiradentes foi enforcado e posteriormente esquartejado, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792.

Partes de seu corpo foram expostos nos principais centros urbanos do Rio de Janei-ro e Minas Gerais. A sua casa foi queimada e todos os seus bens confiscados.

Brasília é a capital do Brasil, uma cidade que foi planejada, projetada e construída com este propósito: ser a sede do governo brasileiro. A cidade de Brasília está localizada no Distrito Federal, e é conhecida como uma das mais importantes criações do arquiteto Oscar Niemeyer, em parceria com o urbanista Lúcio Costa. O “Plano Piloto”, como foi apelidado o projeto urbanístico da cidade, começou a ser criado em 1956, e custou ao todo cerca de 1 bilhão de dólares. Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, pelo então presidente Juscelino Ku-bitschek, passando a ser a terceira capital do Brasil, após Salvador e o Rio de Janei-ro. Uma particularidade da cidade de Brasília é o seu formato similar a um avião, quan-do vista de cima. Graças ao seu estilo urbanístico, a cidade é considerada patrimônio histórico mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Esta data serve para lembrar o acordo de amizade, reconhecimento e fraternidade entre Portugal e Brasil, através do chamado Tratado de Amizade. Brasil e Portugal, devido ao contexto histórico, possuem grandes semelhanças cultu-rais. Muitas tradições e raízes que atualmente marcam o povo brasileiro, nasceram a partir da influência dos portugueses, durante o período da colonização do país. Além do idioma, Brasil e Portugal são “nações irmãs” com diversas outras semelhan-ças, como a arquitetura, os traços étnicos, o folclore, a religião e etc. O Dia da Comunidade Luso-Brasileira foi criado a partir do projeto de lei do senador Vasconcelos Torres, que com a lei nº 5.270, de 22 de abril de 1967, instituiu a data em todo o território nacional. O Dia 22 de abril também é conhecido como o Dia do Descobrimento do Brasil, quando a Coroa Portuguesa anunciou oficialmente o descobrimento de terras brasi-leiras em 22 de abril de 1500.

A data serve para incentivar e conscientizar a população sobre a importância da edu-cação, seja escolar, social ou familiar, para a construção de valores essenciais na vida em sociedade e do convívio saudável com outros indivíduos. Muitas pessoas associam a palavra "educação" com o ambiente escolar, o que não deixa de ser correto, porém não deve ser apenas a escola o único instrumento impor-tante de educação de uma criança ou jovem. A família é a base da formação educacional de uma pessoa, os pais ou responsáveis devem estar atentos e participar da formação dos valores sociais, éticos e morais do indivíduo. O dever do Estado é garantir condições para a formação educacional de todos os cidadãos, com qualidade e gratuitamente. O Brasil ainda enfrenta graves problemas com a qualidade do ensino e educação, no entanto o número de analfabetos caiu bastante nos últimos dez anos, segundo dados do Ministério de Educação e Cultura - MEC. No Brasil, a educação também é motivo de destaque no dia 25 de agosto, quando se comemora o Dia Nacional da Educação Infantil, a partir da Lei nº Lei 12.602/12, san-cionada pela presidente Dilma Rousseff. Atividades para o Dia da Educação

Nesta data, instituições de ensino, como escolas e universidades, por exemplo, po-dem organizar diversas atividades que ajudem a reunir a comunidade e transmitir a importância dos valores educacionais para a formação da criança e do adolescente.

Com informações da página: Calendarr

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01 - Dia da Mentira - 1º de Abril

18 - Dia de Monteiro Lobato

21 - Aniversário de Brasília

22 - Dia da Comunidade Luso-Brasileira

19 - Dia do Exército Brasileiro

21 - Dia de Tiradentes

28 - Dia da Educação

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Dia 19 - Dia do Índio

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De onde vieram os índios brasileiros? Continuação da PAG.10

Em relação ao sítio amazônico, a descoberta é menos controversa. No final dos anos 1990, a pesquisadora americana Anna Roosevelt (bisneta do presidente ame-ricano Theodore Roosevelt) encontrou, na caverna de Pedra Pintada, em Monte Alegre, próximo a Santarém, no Pará, milhares de lascas de rocha trabalhada e mais de 20 instrumentos de pedra (pontas de facas, dardos, lanças e arpões), alguns datados de até 11,3 mil anos.

A descoberta de Anna, que trabalhou na região por qua-se uma década com uma equipe composta também por pesquisadores brasileiros, revolucionou o conhecimento da ocupação do Brasil e, por extensão, das Américas. Ela demonstrou que, ao contrário da teoria corrente na época, a floresta tropical amazônica era capaz de abri-gar uma sociedade organizada. “Havia um mito de que é muito difícil sobreviver na Amazônia e que as popula-ções antigas a evitavam”, diz o bioantropólogo Walter Alves Neves, da Universidade de São Paulo (USP), au-tor do livro O Povo de Luzia – Em Busca dos Primeiros Americanos. “Para mim, isso nunca fez sentido. A ama-zônica é como qualquer outra floresta tropical do mundo, e todas foram ocupadas pelo homem.”

Traços africanos

Apesar de mostrar a antiguidade da ocupação, os sítios arqueológicos raramente dão indicações de como eram esses indígenas pioneiros. Na opinião de Neves, os pri-meiros habitantes do Brasil eram parentes do povo de Luzia. Sua convicção teve início com o estudo que fez do crânio fossilizado desse indivíduo jovem, do sexo feminino, que, desde sua descoberta em Lagoa Santa, repousou esquecido numa gaveta do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1995, o pesquisador da USP fez medidas antropométricas do crânio. Os dados mostra-vam que Luzia tinha mais a ver com os africanos que com os índios atuais.

Por isso, a seu ver esses caçadores coletores, que usa-vam cavernas e abrigos sob rochas como acampamen-tos temporários e para enterrar seus mortos, foram os primeiros a ocupar o território brasileiro, então virgem da presença humana. Uma nova descoberta, feita em 2000 no sítio arqueológico denominado Capelinha I, localiza-do na bacia do rio Jacupiranga, no vale do Ribeira, em São Paulo, veio reforçar a hipótese de Neves. Trata-se do crânio, de aproximadamente 9 mil anos, de um indiví-duo de baixa estatura, com cerca de 1,60 metro, cujas medidas e formato têm características similares às en-contradas nos atuais aborígines australianos e africa-nos, e em Luzia. Por isso, foi batizado de Luzio.

Um dos questionamentos que é feito à hipótese de Ne-ves é que se essas populações realmente existiram e ocuparam o território brasileiro por que não deixaram

descendentes, já que todos os índios de hoje – e os que receberam os portugueses – têm morfologia mongoloi-de? Ele explica que quando propôs seu modelo de ocu-pação da América, chamado de Dois Componentes Bio-lógicos Principais, porque acreditava que houve duas levas de migração, uma anterior – a do povo de Luzia – e uma posterior – a dos mongoloides –, ele defendia a ideia de que houve uma troca populacional dos primei-ros pelos segundos. “Eu acreditava que os ameríndios substituíram completamente os grupos paleoamerica-nos”, diz.

Com a continuidade de suas pesquisas e as novas des-cobertas que fez, Neves diz que se viu obrigado a alte-rar suas convicções. “Recentemente tive de dar uma ajustada em meu modelo”, conta. Isso ocorreu depois que estudou uma coleção de crânios de índios botocu-dos, que na época do descobrimento habitavam o norte de Minas Gerais e o sul da Bahia, levando-o a concluir que não houve uma substituição total. “Nós medimos e comparamos esses crânios com os de ameríndios e de paleoamericanos”, explica. “Constatamos que eles têm uma similaridade muito grande com estes últimos. Pode-se dizer, então, que os botocudos, que sobreviveram até o início do século 20, eram descendentes do povo de Luzia. Também estudamos crânios semelhantes encon-trados no México e na Flórida.”

Independentemente da aparência que tinham e de onde tenham vindo, o certo é que os primeiros povoadores do Brasil deviam viver em sobressalto. Por pelo menos 2 mil anos é provável que eles saíssem de seus abrigos ou moradias cautelosos e olhando para todos os lados para caçar ou coletar alimentos. Eles sabiam que, em algum lugar, um dos mais perigosos predadores que já viveu no planeta, o tigre-dentes-de-sabre (Smilodon po-pulator) – um felídeo do tamanho de um leão, que tinha como marca registrada duas afiadas presas, com até 30 centímetros de comprimento – poderia estar à espreita para fazer deles o seu almoço.

Não é hipótese. A prova de que seres humanos e a cha-mada megafauna do Pleistoceno (período geológico que se estendeu de 2 milhões a 11 mil anos atrás) convive-ram no Brasil foi obtida por Neves em 2004. Testes de carbono 14 em fragmentos de ossos do S. populator, encontrados na região de Lagoa Santa (MG), comprova-ram que essa espécie de felino viveu há até pelo menos 9,2 mil anos. Como é o mesmo local onde foi descoberto o crânio de Luzia, foi fácil para o pesquisador concluir que as duas espécies conviveram por pelo menos 2 mil anos.

Terra de gigantes

Na época o clima e a paisagem do Brasil eram diferen-tes. Não havia o país tropical, habitado por uma fauna exuberante e colorida como a de hoje. Era mais frio e com o território dominado por savanas, a morada ideal

de bichos grandes e estranhos para os padrões a que estamos acostumados. Os donos do pedaço eram pre-guiças e tatus gigantes, tigres-dentes-de-sabre e masto-dontes.

Um dos maiores e mais impressionantes animais que viveram nessa época era a preguiça-gigante (Megatherium americanum), que media 6 metros da ca-beça à extremidade da cauda e, quando erguida nas patas traseiras, chegava a 3 metros de altura. O glipto-donte (Pampatherium paulacoutoi) era outro gigante das savanas, e tinha quase o tamanho de um Fusca. Era uma espécie de tatu tamanho família, cuja biologia devia ser como a dos similares modernos, só que em escala maior. O mastodonte (Haplomastodon waringi) era um animal parecido, em tamanho e hábitos, com os atuais elefantes.

O antropólogo argentino Rolando González-José, do Centro Nacional Patagónico, não concorda com a teoria de substituição de Neves. Ele baseia sua discordância num trabalho, feito junto com pesquisadores brasileiros, no qual analisou 10 mil amostras de dados genéticos e as características anatômicas de 576 crânios de popula-ções extintas e atuais do continente americano.

De acordo com ele, as linhagens genéticas americanas e dos povos do nordeste asiático são irmãs, ou seja, compartilham o mesmo ancestral. “Além disso, em mi-nha análise de variância craniofacial dos americanos não detectei a existência de dois componentes, mas sim de um continuum, no qual numa extremidade há uma variação generalizada (incluindo grupos de antigos e modernos) e na outra os grupos mais recentes da Amé-rica do Norte, como os inuítes (esquimós)”, explica. “Entre esses dois extremos, não existe uma descontinui-dade significativa na variação, mas o oposto.” De qual-quer forma, na opinião de González-José a hipótese de Neves foi muito importante durante os anos 1990, pois permitiu que especialistas de todo o mundo prestassem atenção aos altos níveis de variação morfológica exis-tentes no continente americano.

O certo é que a partir de 8 mil anos atrás, pouco mais, pouco menos, os ameríndios foram povoando todo o território. Por volta de 3 mil anos atrás descobriram a agricultura e, embora não haja registros, a população deve ter dado um salto – como aconteceu ao longo da história com todas as sociedades que deixaram de ape-nas caçar e coletar para cultivar parte de seus alimen-tos. Os grupos devem ter crescido e passado a se dividir em várias nações e tribos, até aquelas que havia na é-poca de Cabral. Entre elas, os tupiniquins, que recebe-ram os portugueses de forma amistosa. Não sabiam que era o início da longa trajetória dos brancos em Pindora-ma.

Evanildo da Silveira

ÍNDIOS NO BRASIL DE HOJE Em pleno século XXI a grande maioria dos brasileiros ignora a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no país. Estima-se que, na época da chegada dos europeus, fossem mais de 1.000 povos, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente encontramos no territó-rio brasileiro 253 povos, falantes de mais de 150 línguas diferentes. Os povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 2010, 896.917 pessoas. Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país. A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 705 Terras Indígenas, de norte a sul do territó-rio.nacional.

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Grandes mestres

O Povo Brasileiro - Darci Ribeiro (Continuação da edição anterior)

FINAL Trechos do livro O Povo Brasileiro

Muitos estrangeiros que chegaram aqui no começo do século XX encontraram condi-ções de ascensão social mais rápida do que muitos brasileiros gerados aqui. Para Darcy Ribeiro, o país pouco mudou desde 1.500. E dos escravos aos assalariados de hoje, o Brasil se fez como um moinho de gastar gente.

É muito duro para um negro fazer carreira no Brasil. Eles são a parcela maior da ca-mada mais pobre que tá lá, no fundo do fun-do, e é a camada onde pesa mais o analfa-betismo, a criminalidade, a enfermidade. E é claro que precisam de uma compensação que nunca tiveram.

Eles fizeram este país, construíram ele intei-ro e sempre foram tratados como se fossem o carvão que você joga na fornalha e quan-do você precisa mais compra outro. A atitu-de para com o negro e o mulato e com o pobre é muito bruta. Sobretudo os branqui-nhos de merda, que tem uma atitude muito frequentemente de profundo preconceito e nenhum respeito para com essa gente que fez o Brasil.

Os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente, pertencen-te a uma mesma etnia. Essa unidade não significa porém nenhuma uniformidade.

O homem se adaptou ao meio ambiente e criou modos de vida diferentes. A urbaniza-ção contribuiu para uniformizar os brasilei-ros, sem eliminar suas diferenças. Fala-se em todo o país uma mesma língua, só dife-renciada por sotaques regionais.

Mais do que uma simples etnia, o Brasil é um povo nação, assentado num território próprio para nele viver seu destino.

COM A PALAVRA, O BRASILEIRO...

José Silva: "Ser brasileiro é ser artis-ta." José Rafael: "Vamos aí, na bata-lha." Francisca: "Não dá nem pra rir,

né?" Francisco: "Brasileiro gosta de ter fé." Mara Anastácia: "É um pouquinho de

sonho, né?"

Mas foi essa gente nossa, feita da carne de índios, alma de índios, de negros, de mula-tos, que fundou esse país. Esse "paisão" formidável. Invejável. A maior faixa de terra fértil do mundo, bombardeada pelo sol, pela energia do sol. É uma área imensa, prepa-rada para lavouras imensas, produtoras de tudo, principalmente de energia.

A Amazônia devia ser um país, porque é tão diferente. O nordeste, até a Bahia... outro país que é diferente. A Paulistânia e as Mi-nas Gerais juntas são outra gente... O sul, outra gente... Esse povão que está por aí pronto pra se assumir como um povo em si e como um povo diferente, como um gênero humano novo dentro da Terra.

É claro que eu tinha de fazer um livro sobre o Brasil que refletisse de certa forma isso. E vivi fazendo pesquisa, e vivi muito com ne-gros, brasileiros, pioneiros de todo o lugar do Brasil. E li tudo que se falou do Brasil. Então estava preparado pra fazer esse li-vro.

E gosto dele. Tenho orgulho do fundo do peito de ter dado ao Brasil esse livro. É o melhor que eu podia dar. Gosto muito dis-so.

Que bela história tem esse povo brasileiro...

FIM

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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FRASES SOBRE

HONESTIDADE

“Deve haver honestidade entre os ladrões”. Barão de Itararé

* * * “A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce.

Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados

os infelizes que confiam nele”. Barão de Itararé

* * * “Negociata é um bom negócio para o qual não fomos

convidados”. Barão de Itararé

* * * “Eles são honestos: não mentem sem necessidade”.

Anton Thekov * * *

“Todos nós sabemos o que é uma ação desonesta, mas o que é a honestidade nisso, ninguém sabe”.

Tchekov * * *

“A quem torpe nasceu, nenhum defeito adorna”. Bocage

* * * “O termômetro da dignidade poucos graus vai acima

do zero; mas abaixo a graduação não tem fim”. Capistrano de Abreu

* * * “Que patifes, as pessoas honestas”.

Émile Zola * * *

“A honestidade é própria das classes médias. As de baixo não a ignoram, mas não sabem para que serve. As de cima não as ignoram, mas não sabem para que

ainda serve”. Virgílio Ferreira

* * * “A honestidade é como um trem a seguir seu caminho

levando consigo poucas pessoas a cada estação”. Desconhecido

* * * “Para o comerciante, até a honestidade é uma

especulação financeira”. Baudelaire

* * * “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver pros-perar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos

maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Rui Barbosa * * *

MÊS QUE VEM TEM MAIS

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EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XVI

O governo grego deveria cumprir todas as imposições orçamentárias impostas pela troïka como condição para receber novos aportes financeiros, destinados unicamente para a quitação de parcelas da dívida soberana grega. Ou seja, sem nenhuma perspectiva de melhora social (salários, emprego, previdência social, saúde pública). A 26 de setembro de 2012 foi realizada uma das maiores paralisações gerais desde o início da crise. Foi a primeira contra o governo de Antónis Samaras, da Nova Democracia, eleito nas eleições de junho com estreita margem sobre a coalizão de esquerda Syriza (29,7% contra 26,9%). Samaras venceu as eleições prometendo “flexibilizar” os planos de austeridade. A greve, que atingiu tanto o setor público quanto privado, foi deflagrada contra o p lano de cortes negociado pela Nova Democracia e o PASOK, partidos integrantes do governo direitista de coalizão. Cerca de 100 mil pessoas marcharam em Atenas, confluindo num grande protesto na Praça Syntagma, em frente ao parlamento grego. As p a l a v r a s d e o r d e m e o s c a r t a z e s denunciavam a troïka, os cortes no orçamento e o cada vez maior abismo social.

A greve foi convocada pela ADEDY (central sindical dos trabalhadores públicos) e a GSEE, representante dos trabalhadores do setor privado.[33] Na Praça Syntagma, a p o l í c i a r e p r i m i u v i o l e n t a m e n t e o s m a n i f e s t a n t e s c o m b o m b a s d e g á s lacrimogêneo, prendendo pelo menos cem ativistas e ferindo dezenas de pessoas. O pacote de austeridade da Grécia previa cortes da ordem de 11,5 bilhões de euros (além de mais dois bilhões em aumento dos impostos), condição para o país ter acesso a uma linha de crédito de 31,5 bilhões, parte do resgate de 173 bilhões. Para alcançar essa meta, o governo deveria cortar aposentadorias e salários, além do já mencionado compromisso de demitir 150 mil funcionários públicos até 2015. O ministro das Finanças da Grécia, Yann is S tournaras desabafou com o representante europeu do FMI:

“Vocês se dão conta do que estão pedindo?

Vocês querem derrubar o meu governo?”.

O movimento operár io e a juventude protagonizaram uma quase insurreição a 29 de junho de 2011, no final da greve geral de 48 horas, enquanto o parlamento votava o pacote de austeridade imposto pela troïka. Assim, em 2011-2012, a Europa do Sul (Grécia, Espanha, Itália) se projetou como a ponte entre a “pr imavera árabe” e os trabalhadores, os desempregados e as massas empobrecidas da Europa. A Europa começou a apresentar uma forte polarização política, inclusive no terreno eleitoral, com o avanço da esquerda em quase todas as eleições de 2011 e 2012, assim como a nova presença da extrema direita nacionalista, na sua versão tradicional (a Frente Nacional da França, de Marine Le Pen) ou neonazista (Grécia, com a “Alvorada Dourada”). Foi na Grécia que se produziu o mais espetacular avanço da esquerda com a enorme votação (27%), em 2012, do Syriza, transformado no árbitro da política do país, ao ponto de conseguir impedir a formação de um governo dos partidos favoráveis aos acordos e ao “Memorando” da troïka.[34]

O ple i to de 2012 fo i vencido por Nia Dimokratia, o velho partido da direita grega, com 29,7% dos votos. Em resposta ao convite para participar de um governo de unidade nacional, Syriza anunciou sua decisão de ficar na oposição, enfatizando as bases do seu “plano de reconstrução nacional” contrário ao memorando de “resgate” que previa cortes orçamentários de todo tipo. O programa do Syriza por “salários decentes e uma vida decente”, e por “uma Grécia realmente europeia” (na UE), era o de uma “esquerda radical” com um programa dentro do marco político-institucional e internacional vigente: “Encontraremos nossa própria just iça. Proporemos obstáculos às medidas [de austeridade] e ao resgate [da troïka]. É a única opção viável para a Europa”: na eleição, Syriza conseguiu quase 27% dos votos, um aumento de 60% em relação à eleição prévia de 6 de maio, obtendo 1,6 milhão de votos e 72 cadeiras no Parlamento, de um total de 300.

A filosofia pró-UE de Syriza foi explicada por um de seus principais intelectuais, que depois assumiu o ministério de Finanças e se transformou na coqueluche da esquerda europeia: “A Europa está passando por uma recessão que difere substancialmente de uma recessão capitalista normal, do tipo que é superada através de uma compressão salarial que ajuda a restabelecer a rentabilidade. O presente deslizar de longo prazo em direção a uma depressão assimétrica e à desintegração monetária coloca os radicais perante um terrível dilema: devemos usar esta crise capitalista de rara profundidade como uma oportunidade para fazer campanha pelo desmantelamento da União Europeia, dada a sua aquiescência entusiástica para com o credo e as políticas neoliberais? Ou devemos aceitar que a esquerda não está pronta ainda para uma mudança radical e fazer antes campanha pela estabilização do capitalismo europeu? Por pouco sedutora que a última proposição possa soar aos ouvidos do

pensador radical, é dever histórico da esquerda, nesta conjuntura part icular, estabilizar o capitalismo; salvar de si o capitalismo europeu próprio e dos ineptos tratadores da inevitável crise da zona euro (…) Uma aná l ise marx is ta , tan to do capitalismo europeu como do atual estado da esquerda, nos obriga a trabalhar em prol de uma ampla coligação, mesmo com direitistas, cujo objetivo deverá ser a resolução da crise na Zona Euro e a estabilização da União Europeia. Os radicais deverão, no contexto da presente calamidade europeia, trabalhar para minimizar o sofrimento humano, reforçando as instituições públicas da Europa, e, deste modo , ganha r t empo e espaço para desenvolver uma alternativa verdadeiramente humanista”.[35]

O raciocínio político exposto é circular: “a esquerda não está pronta ainda para uma mudança radical”, motivo pelo qual só poderia “salvar de si próprio o capitalismo”, pois este não poderia fazê-lo, nem teria essa intenção. Mas, o que aconteceria se a esquerda for bem sucedida em salvar o capitalismo? Este passaria a funcionar bem, o que tornaria desnecessária qualquer “mudança radical”, e a própria esquerda. Não se trata, portanto, de u m a re e d i ç ã o a n a c rô n i c a d a t e o r i a menchevique ou stalinista da “revolução por etapas”, mas de um exemplo de lógica circular: o capitalismo está em crise, mas a esquerda é incapaz de alternativa própria (“mudança radical”), portanto deve esforçar-se para salvá-lo; se assim o conseguir, torna-se ela própria, junto com sua “mudança”, desnecessária. É uma versão política do “ardil 22”, formulada desta vez por um especialista acadêmico em teoria dos jogos.[36]

Syriza, no entanto, com seu segundo lugar conquistado nas eleições de junho de 2012, não admitiu nenhum tipo de acordo político que não contemplasse a anulação do “Memorando de Ajuste” assinado pela Grécia com a Comissão Europeia e o FMI. Esse m e m o r a n d o , q u e a c o m p a n h o u o refinanciamento da dívida grega, impunha dezenas de milhares de demissões na administração pública, maiores cortes nas aposentadorias e nos gastos sociais, e uma série de arrochos e privatizações. Syriza propôs também um condicionamento para o pagamento da dívida externa: que uma auditoria internacional determinasse sua legi t im idade, e propôs inc lus ive uma nacionalização parcial dos bancos. Syriza, na verdade, não pod ia fazer um acordo governamental com a direita sem perder sua base popular.

A crise pôs objetivamente na agenda política a retirada da Grécia da zona monetária do euro e da União Europeia, mas Syriza manifestou-se a favor de manter a Grécia dentro daquelas, embora a Comissão Europeia insistisse em que a recusa do “Memorando de Ajuste” era incompatível com a continuidade da Grécia na zona do euro e na União Europeia.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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ABRIL 2017 - Última página

Comunidade dos Países da Língua Portuguesa

CPLP

PROCESSO HISTÓRICO A ideia de criação de uma comunidade de países e povos que partilham a Língua Portuguesa – na-ções irmanadas por uma herança histórica, pelo idioma comum e por uma visão compartilhada do desenvolvimento e da democracia – foi sonhada por muitos ao longo dos tempos. Em 1983, no de-curso de uma visita oficial a Cabo Verde, o então ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama, referiu que: "O processo mais ade-quado para tornar consistente e descentralizar o diálogo tricontinental dos sete países de língua portuguesa espalhados por África, Europa e Amé-rica seria realizar cimeiras rotativas bienais de Chefes de Estado ou Governo, promover encon-tros anuais de Ministros de Negócios Estrangei-ros, efectivar consultas políticas frequentes entre directores políticos e encontros regulares de re-presentantes na ONU ou em outras organizações internacionais, bem como avançar com a constitui-ção de um grupo de língua portuguesa no seio da União Interparlamentar". O processo ganhou impulso decisivo na década de 90, merecendo destaque o empenho do então Embaixador do Brasil em Lisboa, José Aparecido de Oliveira. O primeiro passo concreto no proces-so de criação da CPLP foi dado em São Luís do Maranhão, em Novembro de 1989, por ocasião da realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e de Governo dos países de Língua Portu-guesa - Angola,Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, a convite do Presidente brasileiro, José Sarney. Na reunião, decidiu-se criar oInstituto In-ternacional da Língua Portuguesa (IILP), que se ocupa da promoção e difusão do idioma comum da Comunidade.

Em Fevereiro de 1994, os sete ministros dos Ne-gócios Estrangeiros e das Relações Exteriores, reunidos pela segunda vez, em Brasília, decidiram recomendar aos seus Governos a realização de uma Cimeira de Chefes de Estado e de Gover-no com vista à adopção do acto constitutivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Os ministros acordaram, ainda, no quadro da pre-paração da Cimeira, a constituição de um Grupo de Concertação Permanente, sedeado em Lisboa e integrado por um alto representante do Ministé-

rio dos Negócios Estrangeiros de Portugal (o Di-rector-Geral de Política Externa) e pelos Embaixa-dores acreditados em Lisboa (única capital onde existem Embaixadas de todos os países da C-PLP).

Relativamente às várias vertentes do processo de institucionalização da CPLP, o Grupo analisou em substância a cooperação existente entre os Sete e a concertação a estabelecer. Foram abordadas, de forma aprofundada, áreas como a concertação político-diplomática, a cooperação económica e empresarial, a cooperação com organismos não governamentais e a entrada em funcionamento do IILP. O resultado desse trabalho encontra-se con-solidado em dois documentos, adoptados posteri-ormente na Cimeira Constitutiva: (a) Declaração Constitutiva (b) Estatutos da Comunidade (revisão de 2007) Os sete Ministros voltaram a reunir-se em Junho de 1995, em Lisboa, tendo reafirmado a importân-cia para os seus países da constituição da CPLP e reiterado os compromissos assumidos na reuni-ão de Brasília. Nessa ocasião, validaram o traba-lho realizado pelo Grupo de Concertação Perma-nente (que passou a denominar-se Comité de Concertação Permanente) e concordaram em re-comendar a marcação da Cimeira para o final do primeiro semestre de 1996, em Lisboa, fazendo-a preceder de uma reunião ministerial em Abril do mesmo ano, em Maputo. A 17 de Julho de 1996, em Lisboa, realizou-se a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo que marcou a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entidade reunindo Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Seis anos mais tarde, em 20 de Maio de 2002, com a conquista de sua inde-pendência, Timor-Leste tornou-se o oitavo país membro da Comunidade. Depois de um minucioso processo de adesão, em 2014, a Guiné Equatori-al tornou-se o nono membro de pleno direito. A reunião deste grupo de Estados – situados em 4 Continentes e englobando mais de 230 milhões de pessoas – consolidou uma realidade já existente, resultante da tradicional cooperação Portugal-Brasil e dos novos laços de fraternidade e coope-ração que, a partir de meados da década de 1970, se foram criando entre estes dois países e as no-vas nações de língua oficial portuguesa. A institu-cionalização da CPLP traduziu, assim, um propó-sito comum: projectar e consolidar, no plano exter-no, os especiais laços de amizade entre os países de língua portuguesa, dando a essas nações mai-or capacidade para defender seus valores e inte-resses, calcados sobretudo na defesa da demo-cracia, na promoção do desenvolvimento e na cri-ação de um ambiente internacional mais equilibra-do e pacífico.

A CPLP assume-se como um novo projecto políti-co cujo fundamento é a Língua Portuguesa, víncu-lo histórico e património comum dos Nove – que constituem um espaço geograficamente descontí-nuo, mas identificado pelo idioma comum. Esse factor de unidade tem fundamentado, no plano mundial, uma actuação conjunta cada vez mais

significativa e influente. A CPLP tem como objecti-vos gerais a concertação política e a cooperação nos domínios social, cultural e económico. Para a prossecução desses objectivos a Comunidade tem promovido a coordenação sistemática das actividades das instituições públicas e entidades privadas empenhadas no incremento da coopera-ção entre os seus Estados-membros.

As acções desenvolvidas pela CPLP têm objecti-vos precisos e traduzem-se em directivas concre-tas, voltadas para sectores prioritários, como a Saúde e a Educação, a Segurança Alimentar e o Ambiente, entre outros domínios. Para tal, procura-se mobilizar interna e externamente esforços e recursos, criando novos mecanismos e dinamizan-do os já existentes.

Neste esforço, são utilizados não apenas recursos cedidos pelos governos dos países membros, mas também, de forma crescente, os meios disponibili-zados através de parcerias com outros organis-mos internacionais, organizações não-governamentais, empresas e entidades privadas, interessadas no apoio ao desenvolvimento social e económico dos países de língua portuguesa.

No tocante à concertação político-diplomática, tem-se dado expressão crescente aos interesses e necessidades comuns em organizações multilate-rais, como, por exemplo, a ONU, a FAO e a OMS.

Nos fora regionais e nas negociações internacio-nais de carácter político e económico, a CPLP tem-se assumido como um factor capaz de fortalecer o potencial de negociação de cada um de seus Estados-membros.

No campo económico, procura-se aproveitar os instrumentos de cooperação internacional de um modo mais consistente , através de uma concerta-ção regular entre os Nove e da articulação com outros atores. Outro ponto importante em que se tem vindo a desenvolver esforços significativos é o da cooperação empresarial.

Para a valorização e difusão do idioma comum, realça-se o papel crescente que é exercido pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), sedeado em Cabo Verde, assim como pe-lo Secretariado Executivo da CPLP, que desenvol-veu uma rede de parcerias voltadas para o lança-mento de novas iniciativas nas áreas da promoção e difusão da língua portuguesa. Legenda: Os Chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da Comunidade dos Paises de Língua Portuguesa, (E-D) os Presidentes de An-gola, José Eduardo dos Santos; do Brasil, Fernan-do Henrique Cardoso; de Cabo Verde, Mascare-nhas Monteiro; de Portugal, Jorge Sampaio; o pri-meiro-ministro português, António Guterres; o Pre-sidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira; de Moçambique, Joaquim Chissano, o Pri-meiro-ministro de São Tome e Príncipe, Armindo Vaz de Almeida, e ainda o Secretario Executivo da CPLP, Marcolino Moco, durante a Cimeira Consti-tutiva da CPLP, que decorreu a 17 de Julho de 1996 no Centro Cultural de Belém.

Fonte: cplp.org

Mantido o texto original - Português de Portugal