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DEZEMBRO DE 2011 | N.° 45 Ambiente para os Europeus Revista da Direcção-Geral do Ambiente Divulgar a mensagem verde no mundo inteiro

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DEZEMBRO DE 2011 | N .° 45

Ambiente para os Europeus

Revista da Direcção-Geral do Ambiente

Divulgar

a mensagem verde

no mundo inteiro

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Utilizar os recursos naturais do planeta de forma mais eficiente é, actualmente, um imperativo, não uma opção. Esta é a mensagem claramente evidenciada no «Roteiro para uma Europa eficiente na utilização de recursos», apresentado pela Comissão neste Outono.

Este documento define uma estratégia global que visa garantir um maior equilíbrio entre a oferta e a procura, apresentando metas cla-ras para os diferentes domínios políticos e destacando o contributo da eficiência em termos de recursos (uma das sete iniciativas emble-máticas da estratégia «Europa 2020») para o cumprimento do objec-tivo global da União Europeia de desenvolvimento sustentável.

A União tem contribuído igualmente para um debate similar a nível global. No próximo mês de Junho, os líderes mundiais reunir-se-ão no Rio de Janeiro a fim de concertarem estratégias para tornar a economia global mais verde, erradicar a pobreza e promover uma melhor governação.

A União Europeia já definiu a sua posição inicial para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, identifi-cando as iniciativas que poderão ser desenvolvidas a fim de garantir que os resultados da conferência sejam o mais ambiciosos possível.

O desejo de alguns países aderirem à União Europeia também está a ser utilizado para elevar os padrões ambientais. A Croácia, a Islândia e a Turquia estão neste momento envolvidas em negocia-ções para a sua adesão à União Europeia. Para serem bem-sucedidos, estes países têm de demonstrar que são capazes de implementar a legislação europeia na sua totalidade a partir do dia em que se jun-tarem à União. As obrigações ambientais são particularmente exi-gentes e a Comissão tem um papel activo na ajuda aos futuros Estados-Membros a cumprir essas obrigações.

Os governos, individualmente, não são capazes de promover a eficiên-cia na utilização dos recursos. Foi por este motivo que a Comissão Europeia lançou uma campanha de sensibilização alargada, com vista a encorajar o público a ter em consideração as consequências ambien-tais do seu comportamento e das suas opções de compra.

Da mesma forma, as cidades podem contribuir significativamente para a concretização dos objectivos em matéria de ambiente, tal como o demonstrou claramente Hamburgo, a Capital Verde Europeia deste ano. O concurso para o laureado de 2014 está a decorrer, dando ao eventual vencedor o tempo de preparação necessário para desempenhar este papel de prestígio.

Índice03 �Hamburgo�termina�o�ano�em�alta�como�

Capital�Verde�Europeia

04 �Alargar�o�âmbito�da�legislação�europeia�em matéria de ambiente

06 �Rio+20:�A�União�Europeia�anseia�por�um�acordo�ambicioso

08 �Traçar�o�caminho�para�a�eficiência�na�utilização�dos�recursos

10 �As�tuas�escolhas�fazem�toda�a�diferença

12 Utilizar�o�mercado�para�atingir�objectivos�ambientais

13 Melhorar�a�implementação�da�legislação�ambiental

14 �Novas�paletes�produzidas�a�partir�de�componentes�de automóveis�com�o�LIFE�Reciplas

15 �Novas�publicações�/�Agenda

16 Breves

Editorial

AMBIENTE EM LINHAQuer saber o que é que a União Europeia está a fazer para proteger o meio ambiente, o que são políticas integradas de produtos ou como obter o «rótulo ecológico»?Descubra isto e muito mais na página Internet da DG Ambiente:ec.europa.eu/environment/index_pt.htm

ADVERTÊNCIAA Comissão Europeia, ou qualquer pessoa agindo em seu nome, não pode ser responsabilizada pela utilização das informações contidas nesta publicação ou por quaisquer erros que, não obstante os cuidados na sua preparação e a sua constante verificação, possam ter ocorrido.

Impresso em papel reciclado certificado com o «rótulo ecológico» para papel gráfico(ec.europa.eu/environment/ecolabel)

Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2011ISSN 1831-5798ISBN 978-92-79-18551-9doi:10.2779/95062© União Europeia, 2011© Imagens: Laurent DurieuxA reprodução de texto é permitida mediante a indicação da fonte.Interdita a reprodução de imagens.Printed in Belgium

Ambiente para os Europeus ec.europa.eu/environment/news/efe/index.htm

INFORMAÇÃO EDITORIALAmbiente para os Europeus é uma revista trimestral publicada pela Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia. Está disponível em alemão, búlgaro, checo, espanhol, estónio, francês, grego, inglês, italiano, lituano, polaco, português e romeno. Assinatura grátis. Para assinar a revista, preencha o formulário que se encontra no seu interior ou faça-o em linha através do seguinte endereço: http://ec.europa.eu/environment/ mailingregistration/main/mailing_reg.cfmChefe de redacção: Róbert KonrádCoordenador: Jonathan MurphyPara mais informações, contacte a Unidade de Comunicação:http://ec.europa.eu/environment/env-informa/Informação e documentos: http://ec.europa.eu/environment/env-informa/Página Internet da revista Ambientepara os Europeus:http://ec.europa.eu/environment/news/efe/index.htm

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Um comboio amigo do ambiente que levou uma mensagem verde a 18 cidades da Europa, naquela que se tornou uma das iniciativas mais inovadoras desta capital enquanto Capital Verde Europeia. O «Comboio de ideias» iniciou a sua longa viagem a 15 de Abril, rumo a norte, em direcção a Copenhaga, Malmo, Gotemburgo e Oslo, antes de rumar a sul, em direcção a Zurique, Munique e Varsóvia.

Durante a sua odisseia de seis meses, a expo-sição ambulante sobre modos de vida urba-nos sustentáveis efectuou paragens em Riga e Tallin, Viena, Bruxelas, Antuérpia e Amesterdão, bem como nas cidades fran-cesas de Marselha, Nantes e Paris, rumando depois a sul até chegar a Barcelona.

O «Comboio de ideias» era constituído por sete carruagens (seis das quais albergavam a exposição), cada uma delas dedicada a um aspecto diferente da vida numa cidade verde, tais como desenvolvimento e vida urbana, mobilidade, energia e protecção climática, natureza e espaços verdes urbanos, protecção dos recursos, economia e consumo. A exposi-ção apresentava as melhores práticas desen-volvidas na cidade de Hamburgo e incluía uma série de exemplos de outras cidades.

A cidade do Norte da Alemanha foi igual-mente activa no seu próprio território. Durante o ano, foi anfitriã da primeira Cimeira Ambiental da Juventude (Environmental Youth Summit) e da primeira Conferência sobre Legislação Ambiental (Environmental Law Conference). Outros destaques incluíram o fórum internacional sobre estratégias de desenvolvimento para o sector dos recursos

residuais, a exposição «Goodgoods» (a maior feira de consumo sustentável da Alemanha) e a existência de mais de 80 circuitos ambien-tais locais.

Em frente, a toda a velocidade

Além de ter levado a mensagem verde de cidade em cidade, durante a sua viagem o «Comboio de ideias» serviu também como catalisador de vários eventos locais em prol do ambiente. Em Bruxelas, a sua chegada coincidiu com a inauguração da exposição «Bruxelas, Uma cidade sustentável».

A exposição, centrada em diferentes aspec-tos da vida urbana (edifícios, comunidade local e a própria cidade), ilustra de que forma a Região de Bruxelas-Capital planeia fazer desta cidade um modelo europeu de desenvolvimento sustentável.

A ministra do ambiente, da energia e da renovação urbana da região de Bruxelas, Evelyne Huytebroeck, aproveitou a ocasião para anunciar que a cidade será candidata oficial a Capital Verde Europeia 2014. T

Descubra maishttp://www.train-of-ideas.net/en/home

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Hamburgo conferiu uma dimensão totalmente nova ao seu papel enquanto Capital Verde Europeia 2011. Não só promoveu várias actividades para visitantes e população local ao longo do ano, mas também estimulou o interesse e o debate além-fronteiras através do «Train of Ideas» («Comboio de ideias») que atravessou o continente durante o Verão e o início do Outono.

Hamburgo termina o ano em alta como Capital Verde Europeia

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Países candidatosTurquia,�Islândia,�Croácia,�Montenegro�e antiga�República�jugoslava�da�Macedónia.

Potenciais candidatosAlbânia,�Bósnia�e Herzegovina,�Kosovo,�ao�abrigo�da�Resolução�1244�do�Conselho�de�Segurança�das�Nações�Unidas,�e Sérvia.

Países�candidatosPotenciais�candidatos

apresentam os seus planos para o cumpri-mento das respectivas obrigações. Em termos de volume de legislação, o ambiente, com cerca de 200 capítulos individuais, e a agricul-tura, estão entre os mais exigentes.

Tal procedimento contribui para estabelecer uma perspectiva bem definida sobre o grau de cumprimento já alcançado por parte do país candidato relativamente às normas e aos requisitos comunitários, identificando a sua capacidade administrativa para implemen-tar as responsabilidades adicionais – uma consideração importante no que respeita

cumpridos, pode recomendar aos Estados-Membros, a quem cabe a decisão final, a abertura das negociações gerais.

Negociações

Globalmente, as negociações abrangem 35 domínios políticos, designados por capítu-los. A primeira fase consiste num processo de avaliação em que a Comissão explica a legisla-ção em vigor na União Europeia, denominada acquis communautaire (acervo comunitário), e os representantes oficiais do país candidato

As negociações para a adesão à União Europeia são rigorosas, detalhadas e moro-sas. Antes de serem iniciadas, os futuros membros têm de demonstrar que satisfa-zem as condições políticas e económicas (os denominados critérios de Copenhaga) acordadas pelos líderes europeus na cimeira realizada na capital da Dinamarca em 1993.

Essa avaliação inicial é realizada pela Comissão, que também conduz uma primeira aprecia-ção do potencial impacto da adesão em domínios políticos cruciais. Se a Comissão decidir que os critérios de Copenhaga foram

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Qualquer país europeu que respeite determinados valores políticos, económicos e sociais de base pode candidatar-se a fazer parte da União Europeia. Contudo, para se tornar membro de pleno direito, tem de demonstrar que é capaz de implementar de forma eficaz o corpo da legislação europeia na sua totalidade a partir do primeiro dia da sua adesão à União Europeia. Desta forma, à medida que se expande em dimensão e em números, a União está a contribuir para elevar os padrões ambientais em todo o continente.

Alargar o âmbito da legislação europeia em matéria de ambiente

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contudo, obedecer a regras claras e ser limi-tados em termos de tempo e âmbito de aplicação. Não são concedidos para a imple-mentação de legislação-quadro ou de medi-das de protecção da natureza.

O país candidato tem de submeter um plano de implementação detalhado e tecni-camente sólido, que contenha fases inter-médias e uma data final. A Croácia, por exemplo, no seu período de transição para a implementação de legislação relativa às emissões industriais, teve de elaborar um calendário detalhado para cada premissa abrangida pela legislação. Isto torna-se um compromisso legal contido no tratado de adesão e pode conduzir a uma acção judi-cial se o calendário não for respeitado.

A Croácia concluiu as negociações gerais no final de Junho de 2011 e teve direito a períodos de transição para a implementa-ção de algumas disposições fundamentais em matéria de legislação ambiental, nomea-damente as disposições relativas ao trata-mento de águas residuais urbanas (2023), aos aterros (2018) e às emissões industriais (2017).

Uma das vantagens dos períodos de transi-ção tem a ver com o seguinte facto: quando

se torna membro de pleno direito, o país candidato tem acesso a somas mais eleva-das de financiamento comunitário do que na fase de pré-adesão, de forma a alcançar a capacidade administrativa e as infra-estru-turas necessárias.

Ao seu próprio ritmo

Cada país candidato é tratado de acordo com o seu mérito e circunstâncias próprias, avançando ao seu próprio ritmo em direc-ção ao objectivo final. Essa diferença pode ser vista claramente no progresso feito pelos três países que estão actualmente a negociar a sua adesão à União: a Croácia, a Turquia e a Islândia.

O capítulo do ambiente relativo à Croácia foi aberto em Fevereiro de 2010 e fechado em Dezembro do mesmo ano. O mesmo capí-tulo foi aberto para a Turquia em Fevereiro de 2010 e cinco meses mais tarde, em Julho, para a Islândia. As negociações destes dois países em matéria de ambiente estão ainda em curso. T

Descubra maishttp://ec.europa.eu/enlargement

a questões de carácter ambiental que podem abranger diferentes agências, departamentos e partes interessadas. Permite ainda calcular o custo de aplicação da legislação comunitária. Para a Turquia, esse custo será de cerca de 70 mil milhões de euros e para a Croácia será de aproximadamente 10 mil milhões de euros, apenas no que se refere a medidas ambientais.

De seguida, a Comissão submete um relató-rio oficial de avaliação aos Estados-Membros. Este relatório pode recomendar o início das negociações num determinado capítulo ou definir marcos de referência iniciais que devem ser atingidos antes do início do pro-cesso. Uma vez dada luz verde por parte dos Estados-Membros, o país candidato apresenta um plano de acção contendo a sua posição inicial, descrevendo pormeno-rizadamente de que forma irá implementar a legislação necessária e solicitando eventu-ais períodos de transição. A Comissão res-ponde a esse plano e pode propor marcos de referência finais que devem ser atingidos antes de as negociações terminarem.

Uma vez encerrado um capítulo, segue-se um exercício de monitorização até à adesão, que obriga o país candidato a fornecer à União Europeia informações regulares acerca do progresso registado em termos de alinhamento, capacidade administrativa e implementação da legislação. A Comissão escrutina ainda cuidadosamente todos os investimentos em infra-estruturas realizados pelo futuro Estado-Membro, de forma a garantir o respeito pelas avaliações de impacto e pela legislação comunitária em matéria de ambiente.

O processo de alinhamento da legislação não é de todo fácil e as leis ambientais estão entre as mais complexas e difíceis. Desta forma, a Comissão desempenha um papel de desta-que ao auxiliar o país candidato através da dis-ponibilização de conhecimentos técnicos, ao mesmo tempo que são também fornecidos alguns meios financeiros pela União Europeia.

Períodos de transição

Se um país candidato considerar a implemen-tação de um determinado item da legislação particularmente complexa ou dispendiosa, pode solicitar um prazo adicional para a res-pectiva execução após a sua adesão à União Europeia. Estes períodos de transição devem,

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numa economia ecológica no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradica-ção da pobreza. O segundo diz respeito ao quadro institucional para o desenvolvimento sustentável.

O contributo da União Europeia

A Comissão Europeia lançou os alicerces para a contribuição da União Europeia no momento da apresentação da sua comuni-cação, «Conferência Rio+20: Rumo a uma economia ecológica e a uma melhor gover-nação», em meados de Junho. Desde então, foram adoptadas e desenvolvidas, com base nesta proposta inicial, uma resolução do Parlamento Europeu e as conclusões do Conselho da União Europeia sobre a Conferência Rio+20. O objectivo da abor-dagem da União Europeia é salientar a importância de uma gestão sustentável dos recursos e do capital natural, em parti-cular nos países em desenvolvimento, já que estes são instrumentos cruciais no com-bate à pobreza. Estes países são os primeiros a ser afectados pelas alterações climáticas e pela degradação ambiental, uma vez que as cheias, secas e outros desastres naturais minam os esforços realizados com vista ao seu desenvolvimento económico e social.

Em estreita relação com os preparativos para a Conferência Rio+20, foi adoptado em Setembro o «Roteiro para uma Europa efi-ciente na utilização de recursos». A eficiência na utilização dos recursos constitui uma das sete iniciativas emblemáticas da estratégia «Europa 2020» aprovada em 2010 (ver artigo na página 8). O «Roteiro» tem por objectivo dissociar a utilização dos recursos naturais do crescimento económico e fomentar altera-ções no comportamento social. Juntamente com as propostas da União Europeia para

Duas décadas após a primeira Cimeira da Terra realizada no Rio de Janeiro, em 1992, os líderes mundiais reunir-se-ão novamente na cidade brasileira no próximo Verão. Esta quarta cimeira marcará formalmente o vigésimo aniversário desse evento inova-dor que foi a Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, e o décimo aniversário da Cimeira Mundial de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável.

Desde esses eventos marcantes, registaram-se alguns progressos no combate à pobreza e na prevenção da degradação ambiental. Actualmente, um número maior de habitan-tes têm acesso a água, educação e cuidados de saúde, e entre 2000 e 2005, mais de 120 milhões de pessoas conseguiram trans-por o limiar de «um dólar por dia».

Não obstante, subsistem ainda grandes desa-fios. Cerca de 1,6 mil milhões de pessoas, a maioria no Sul da Ásia e na África Subsariana, continuam a viver em situação de pobreza extrema, um sexto da população mundial sofre de subnutrição grave, os recursos natu-rais escasseiam (60 % estão a ser utilizados de forma insustentável) e as emissões de gases com efeito de estufa estão a aumentar. A con-secução de vários dos objectivos de desenvol-vimento do Milénio encontra-se muito atrasada e o progresso no seu cumprimento é desigual em termos geográficos. Além disso, a perspectiva de uma população mundial de nove mil milhões em 2050, a urbanização cres-cente, a actual crise económica, bem como os padrões de consumo e produção actuais cons-tituem pressões adicionais sobre o ambiente e os recursos naturais finitos.

A próxima cimeira avaliará os domínios que exigem mais esforços no que respeita a dois temas abrangentes. O primeiro centra-se

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A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que terá lugar em Junho de 2012, constituirá uma oportunidade única para impulsionar a transição para uma economia ecológica global, erradicar a pobreza e promover uma melhor governação com vista ao desenvolvimento sustentável. A União Europeia está a preparar o terreno para fazer com que este encontro de elevado nível seja bem-sucedido.

Rio+20: A União Europeia anseia por um acordo ambicioso

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avaliar o progresso registado no processo de transição para uma economia ecológica.

Neste momento, a União Europeia exerce pressão para que haja uma maior coerência em todo o sistema das Nações Unidas a fim de reforçar a governação no domínio do

uma economia hipocarbónica, define as medidas necessárias para tornar a economia europeia sustentável até 2050. Este pacote constitui a abordagem para uma economia ecológica na União Europeia, com base na gestão eficiente e sustentável dos recursos. A Rio+20 representa um reflexo desta estraté-gia a nível internacional.

Propostas da União Europeia para a Conferência Rio+20

As propostas da União Europeia para a Conferência Rio+20 destacam a necessi-dade de um acordo relativo a um roteiro para uma economia ecológica, que defina acções claras a nível internacional, acções nacionais promovidas da base para o topo e um pacote de reformas destinadas a melhorar a governação ambiental internacional.

Mais especificamente, a União Europeia espera promover, através da cimeira, uma acção cooperativa global em sectores-chave, tais como a água, os géneros alimentícios, a agricultura, a pesca, a silvicultura, a energia, o ambiente marinho e os produtos quími-cos, bem como restaurar os recursos natu-rais e os serviços ecossistémicos. Regulação, mercado e esquemas voluntários: todos têm um papel a desempenhar com vista ao objectivo final. É ainda proposta a adopção, na conferência, de um novo conjunto de indicadores em complemento do PIB, que integrariam factores económicos, sociais e ambientais e poderiam ser usados para

desenvolvimento sustentável, tendo levan-tado a possibilidade de rever as funções da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e do Conselho Económico e Social das Nações Unidas, e de um maior envolvimento das instituições financeiras internacionais no processo.

A Conferência Rio+20 terá lugar nos dias 4 a 6 de Junho, no Rio de Janeiro. Os prepara-tivos para o evento demorarão ainda vários meses. A União Europeia definiu os seus objectivos nas conclusões do Conselho «Ambiente», em Outubro, e em Novembro apresentou às Nações Unidas documentos mais detalhados. As negociações no fórum das Nações Unidas terão início em Fevereiro e prolongar-se-ão até à conferência. Informações actualizadas sobre o trabalho em desenvolvimento até à conferência de Junho de 2012 podem ser consultadas no sítio web abaixo. T

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/ international_issues/rio20_en.htm

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A�eficiência�em�termos�de�recursos�tem�por�objectivo�dissociar�o crescimento�económico�da�utilização�desses�recursos,�incentivando�a economia�a criar�mais�com�menos,�proporcionando�maior�valor�com�menos�recursos,�utilizando�os�recursos�de�forma�sustentada�e minimizando�o impacto�no�ambiente.�

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década, estima-se que dois mil milhões de pessoas passem a fazer parte das classes médias altamente consumistas nos países em desenvolvimento.

A procura e a oferta estão a caminhar cada vez mais em direcções opostas. Embora a procura de alimentos para consumo humano e animal possa aumentar 70 % até 2050, 60 % dos ecos-sistemas mundiais mais importantes que con-tribuem para a satisfação dessas necessidades já foram degradados ou são utilizados de uma forma insustentável. Se os recursos continua-rem a ser utilizados ao ritmo actual, em 2050 teremos necessidade do equivalente a mais de dois planetas para nos mantermos e as aspira-ções de muitos que desejam uma melhor qua-lidade de vida não serão satisfeitas.

O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável oferece uma perspectiva da escala de mudança que terá de ocorrer, estimando que, em 2050, será necessário aumentar de 4 a 10 vezes a efici-ência na utilização dos recursos, sendo necessárias alterações significativas até 2020.

E o comissário do ambiente, Janez Potočnik, que fez da eficiência na utilização dos recur-sos uma das suas prioridades, explica: «O cres-cimento verde é o único futuro sustentável para a Europa e para o mundo. A indústria e o ambiente devem andar de mãos dadas. A longo prazo, os nossos interesses são os mesmos».

O «Roteiro para uma Europa eficiente na utilização de recursos», publicado pela Comissão neste Outono, apresenta uma estratégia coerente a fim de garantir que a riqueza natural do planeta estará disponível para as gerações futuras, salientando que as práticas correntes já não são sustentáveis nele e definindo metas em diferentes domínios políticos que visam alcançar, no período de 40 anos, uma economia europeia que proporcione um padrão de vida elevado com um impacto muito reduzido no ambiente.

Traçar o caminho para a eficiência na utilização dos recursos

O «Roteiro» apresenta, de forma clara, a escala de problemas futuros que teremos de enfrentar se não houver uma transforma-ção profunda dos comportamentos a nível económico, político e pessoal. A era dos recursos abundantes e baratos (um factor-chave no grande progresso económico registado no decurso dos dois últimos séculos) chegou ao fim.

O crescimento populacional e a subida do nível de vida estão a contribuir para o aumento da procura, levando ao aumento do preço e da escassez de recursos naturais como os metais, minerais e géneros alimen-tícios de que dependemos. Todos os dias, a população mundial regista um aumento de 200 000 pessoas. No final da próxima

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O caminho a seguir

O «Roteiro para uma Europa eficiente na utilização de recursos» desenvolve de forma mais pormenorizada a iniciativa emblemá-tica com o mesmo nome e que faz parte da Estratégia Europa 2010 para um desenvol-vimento sustentável. Identifica alguns recur-sos-chave cuja gestão eficiente é uma prioridade: água, ar, solo, recursos marinhos e serviços ecossistémicos, e define metas específicas que devem ser alcançadas até 2020 se se quiser atingir o objectivo de longo prazo.

São três as áreas apontadas como prioritá-rias: nutrição, construção e transportes, as quais representam 70 % a 80 % de todos os impactos negativos no ambiente.

Os resíduos são um exemplo perfeito dos desafios e oportunidades que se avizi-nham. Actualmente são despejados três mil mi lhões de to ne ladas de resíduos na Europa – e o número tende a aumentar. Ainda assim, a indústria de reciclagem europeia está bastante avançada e permite neste momento reutilizar 40 % dos resíduos. Com os incentivos adequados, incluindo o forta-lecimento dos mercados para os materiais secundários, poderia ser reciclada uma per-centagem muito superior, produzindo resul-tados valiosos a preços competitivos.

O «Roteiro» destaca alguns dos temas gerais que a União Europeia e os Estados-Membros devem abordar de forma a instituir uma cul-tura de eficiência em termos de recursos, e propõe uma conjugação de instrumentos políticos baseados no mercado que pode-riam ser utilizados pelas autoridades nacionais.

Preços, impostos e subsídios que não reflec-tem os custos societais reais da utilização dos recursos e que encorajam práticas insus-tentáveis têm de ser substituídos, devendo ser criado um sistema de oferta e procura para os produtos verdes. Tal pode ser fomen-tado através de iniciativas como a concep-ção ecológica, os rótulos ecológicos e os contratos públicos ecológicos, e pela deslo-cação das cargas fiscais do trabalho para actividades ambientais prejudiciais.

O desenvolvimento e a utilização de práticas sustentáveis e inovadoras devem ser encora-jados através da introdução de incentivos financeiros que recompensem investimen-tos na eficiência e favoreçam a implementa-ção dessas práticas a longo prazo.

O «Roteiro» identifica igualmente a necessi-dade de mais investigação no que respeita ao conhecimento dos recursos naturais e das suas interdependências, de um maior investi-mento público e privado em investigação

e desenvolvimento (I&D) e na inovação tec-nológica, bem como de mais informação e oportunidades de formação.

Para além da Europa

A escassez e o esgotamento de recursos são problemas globais. A falta de água, energia e matérias-primas põe em causa o desenvol-vimento de muitas economias e pode cons-tituir uma ameaça à paz e estabilidade. Apesar de o «Roteiro para a eficiência na uti-lização de recursos» definir aquilo que pode e deve ser feito no seio da União, a União Europeia está ciente da sua elevada pegada ambiental a nível mundial, e pretende tam-bém abordar os mesmos temas e argumen-tos globalmente (ver artigo na página 6).

Os consumidores desempenham um papel fundamental na transição para uma econo-mia mais eficiente em termos de recursos. Como resultado, a Comissão tem acompa-nhado estas iniciativas políticas através de uma campanha de sensibilização abran-gente (ver artigo na página 10). T

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/ resource_efficiency/index_en.htm

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Ao abrigo do lema «Generation Awake. As tuas escolhas fazem toda a diferença!» («Generation Awake. Your choices make a world of difference!»), a Comissão convida os cidadãos a despertarem para o impacto do seu comportamento sobre recursos pre-ciosos como os metais, a madeira e a água, que são muitas vezes tidos como garantidos.

A campanha de sensibilização lançada pelo comissário do ambiente, Janez Potočnik, e pelo ministro polaco do ambiente, Andrej Kraszewski, em Varsóvia a 17 de Outubro, surge no seguimento da apresentação pela Comissão de uma comunicação sobre efici-ência na utilização de recursos (ver artigo na página 8).

Todos os dias nos deparamos com escolhas importantes no momento de comprar. A mensagem-chave da campanha é que

necessitamos de consumir de forma diferente e pensar antes de escolher, tendo em conside-ração os limites dos recursos do planeta. Não é uma campanha contra o consumo, mas apela aos consumidores para que tenham em conta o impacto ambiental das suas decisões.

A campanha, na sua concepção, é divertida, com sacos de compras que de um momento para o outro começam a cantar, mas a men-sagem subjacente é séria, salientando que as escolhas individuais fazem toda a diferença. Reflecte as conclusões de estudos que apon-tam para uma maior consciencialização da importância da reciclagem no fim de vida de um produto, mas níveis mais baixos de cons-ciencialização quando o produto é seleccio-nado na origem.

Esta campanha é dirigida a dois públicos-alvo principais. Um deles é o dos jovens adultos

As tuas escolhas fazem toda a diferença

Transformar a economia europeia numa economia eficiente em termos de utilização sustentável de recursos exige mudanças fundamentais em todos os sectores da indústria, nos métodos de produção e nos padrões de consumo. A fim de sensibilizar os cidadãos para as questões cruciais que estão em jogo, a Comissão lançou uma campanha pan-europeia.

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que apreciam bens de consumo, mas que estão receptivos a novas ideias e mensagens. O segundo são as famílias jovens. As suas necessidades domésticas fazem delas consu-midoras significativas; no entanto, desejam também agir de forma responsável para pro-teger o futuro mundo dos seus filhos.

Sacos animados

Através de imagens relacionadas com a vida e as actividades quotidianas, a campanha identifica três tipos de comportamento con-sumista: consumo diário, consumo por impulso e consumo excessivo. Roberto Rotineiro, Francisca Consumista e Chico Cheiinho alertam os consumidores e enco-rajam-nos a pensar sobre o impacto dos pro-dutos que compram nos recursos naturais.

O divertido vídeo de 45 segundos foi conce-bido para atrair visitantes a um sítio web tra-duzido em 23 línguas, onde é possível visitar uma casa com cozinha, quarto e sala de estar. Ao clicar sobre itens individuais, o visitante é conduzido através de informações ambien-tais relevantes e ligações úteis para áreas-chave, tais como a biodiversidade, a eficiência energética e o consumo excessivo.

As redes sociais como o Facebook, o Youtube e o EUTube são outros meios utilizados para garantir que a campanha abrange o maior número de pessoas possível. T

Descubra maishttp://www.generationawake.eu/

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Utilizar o mercado para atingir objectivos ambientais é a forma mais eficaz em termos de custos para aumentar a eficiência e a com-petitividade e aliviar a pressão sobre os recur-sos escassos. A Análise Anual do Crescimento da União Europeia, que faz parte da estratégia «Europa 2020», destaca a necessidade de introduzir reformas fiscais ecológicas, dar prio-ridade a despesas em prol do crescimento sustentável e eliminar progressivamente os subsídios que tenham consequências negati-vas para o ambiente. Existe já uma grande variedade de instrumentos de mercado implementados a nível local (taxas sobre o corte de árvores), nacional (impostos sobre agregados para construção) e euro-peu (o Regime de Comércio de Licenças de Emissão de Gases com Efeito de Estufa).

Alguns Estados-Membros avançaram com reformas fiscais ecológicas e acumularam uma experiência valiosa na implementação de ins-trumentos de mercado. Em 2009, os impostos ambientais implementados pela Dinamarca

e pelos Países Baixos, países vanguardistas nesta matéria, contribuíram em mais de 10 % para as receitas fiscais nacionais e representa-ram mais de 4 % dos respectivos PIB nacionais – a nível da União Europeia os números corres-pondentes foram 6,3 % e 2,4 %. O progresso dos Estados-Membros na implementação de instrumentos de mercado é agora monitori-zado através da análise anual do crescimento, o Semestre Europeu, como parte de uma estratégia económica europeia mais alargada.

Contudo, há obstáculos a ultrapassar, nome-adamente a incapacidade de ter em conta todos os custos externos.

Fórum sobre instrumentos de mercado

A introdução harmonizada de qualquer imposto a nível europeu é dificultada pela unanimidade exigida em todas as decisões relativas à tributação. Além disso, nem

sempre se justifica uma acção a nível euro-peu; nalguns casos, a introdução de medi-das a nível local é mais eficaz.

A consulta pública relativa ao «Livro verde sobre instrumentos de mercado para fins da política ambiental e de políticas conexas» indicou que houve uma transição para uma tributação ambiental nalguns Estados-Membros e que existem muitas áreas em que os instrumentos de mercado poderiam ser mais desenvolvidos e aplicados de forma mais alargada. Revelou ainda um forte inte-resse num fórum que serviria de plataforma para o intercâmbio de melhores práticas na utilização desses instrumentos políticos.

A preparação de um «Roteiro para uma Europa eficiente em termos de recursos» constituiu um impulso acrescido para a realização do Fórum sobre Instrumentos de Mercado. O pri-meiro encontro teve lugar em Junho de 2011 e centrou-se na importância dos instrumentos de mercado para uma economia eficiente em termos de recursos, bem como na tributação dos transportes. Presidido pela DG Ambiente e pela DG Fiscalidade e União Aduaneira, o encontro atraiu uma vasta audiência prove-niente de 22 Estados-Membros, bem como da Croácia, Noruega e Suíça, e confirmou a neces-sidade e interesse inequívocos em continuar o debate e o intercâmbio de melhores práticas no âmbito dos instrumentos de mercado.

Após o êxito do fórum inaugural, a Comissão planeia organizar um evento semelhante no final de 2011 ou no início de 2012. T

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/enveco/green_paper.htmhttp://ec.europa.eu/environment/ consultations/roadmap_re_en.htm

T Utilizar o mercado para atingir objectivos ambientaisTributação, regimes de comércio, taxas sobre poluentes e incentivos para a diminuição da poluição podem desempenhar um papel fundamental na transição para uma economia eficiente em termos de recursos. Além da regulação tradicional, a Comissão promove a utilização de instrumentos de mercado a fim de incentivar consumidores e fabricantes a utilizar os recursos naturais de forma mais eficiente.

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O insucesso na implementação da legislação de forma correcta em toda a União Europeia pode pôr em causa objectivos ambientais fun-damentais, desde a preservação da biodiversi-dade à eliminação eficiente de resíduos, o que terá, eventualmente, consequências económi-cas e sociais negativas, bem como efeitos pre-judiciais para a saúde humana e o ambiente.

A responsabilidade principal pela implemen-tação eficaz da legislação comunitária cabe às autoridades nacionais. O comissário do ambiente, Janez Potočnik, fez da implemen-tação da legislação comunitária em matéria de ambiente uma prioridade, encorajando o cumprimento e a atribuição de poder aos cidadãos através de sistemas de informação optimizados e de melhores competências de supervisão nos Estados-Membros.

A Comissão substituiu as medidas de aplicação ad hoc do passado por uma abordagem sisté-mica mais baseada no risco. A conferência que reuniu as partes interessadas, realizada em Junho de 2011, tentou encontrar formas de reforçar os dois pilares desta nova estratégia: maior conhecimento e melhor governação.

O caminho a seguir

Uma implementação adequada exige conhecimento da legislação, das medidas a implementar e das lacunas a colmatar, por isso a Comissão salienta a importância de uma base de conhecimentos fiável e acessí-vel que forneça informação aos profissionais e ao público em geral.

As tecnologias de informação e comunica-ção oferecem actualmente possibilidades e expectativas impensáveis há alguns anos. Permitem o acesso a sistemas nacio-nais e europeus abrangentes, dando aos

cidadãos uma imagem clara dos assuntos em causa.

A implementação depende de vários níveis de responsabilidade e todas as partes desta estrutura de governação têm de ser eficazes. Segundo o Provedor de Justiça Europeu, as administrações nacionais devem responder de forma mais directa às preocupações e des-contentamentos do público a nível ambien-tal, e os sistemas devem estar devidamente operacionais de forma a garantir que o fazem.

A Comissão acredita que a existência de regras reforçadas e alargadas no acesso à justiça impulsionaria a aplicação e a capa-cidade de resposta a nível local. Tem sido também dedicada muita atenção à melhoria dos regimes de inspecção nacionais e euro-peus, e ao desenvolvimento do intercâmbio de boas práticas, na tentativa de dar res-posta às preocupações relativas à existência de condições equitativas em toda a União Europeia, bem como de contribuir para superar as dificuldades transeuropeias.

A utilização alargada de parcerias como a Rede Europeia para a Implementação e Execução da Legislação Ambiental (European Network for the Implementation and Enforcement of Environmental Law – IMPEL) e o Fórum de Juízes para o Ambiente está igualmente a ser considerada. O mesmo princípio poderia ser desenvolvido com outras partes interessadas e autoridades dos Estados-Membros, sendo que a Comissão está a explorar a ideia de acor-dos de parceria neste domínio.

Ao longo de 2012 estarão disponíveis mais pormenores sobre estas medidas e outras iniciativas que visam melhorar a implemen-tação da legislação e das políticas ambien-tais comunitárias. T

Descubra mais15 de Junho de 2011 Conferência das partes interessadas e Semana Verde, http://ec.europa.eu/environment/legal/sc_15_06_2011.htm

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Aprovar legislação ambiental europeia em Bruxelas, Luxemburgo e Estrasburgo é uma coisa. Implementá-la de forma adequada em 27 países é por vezes, infelizmente, um caso diferente. A Comissão está presentemente a analisar formas de eliminar a discrepância entre o objectivo da legislação original e o resultado final da sua aplicação.

Melhorar a implementação da legislação ambiental

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Novas paletes produzidas a partir de componentes de automóveis com o LIFE ReciplasO programa LIFE da Comissão Europeia tem estado na linha da frente dos esforços encetados com vista ao desenvolvimento de meios de produção mais eficientes em termos de recursos. O projecto ambiental espanhol «Reciplas», desenvolvido no âmbito do programa LIFE, é um excelente exemplo da forma como esse objectivo pode ser posto em prática.

O projecto foi liderado pela Ribawood, uma empresa com sede em Saragoça, especiali-zada na produção de revestimentos para inte-riores de automóveis. O processo de fabrico gerava grandes quantidades de resíduos, par-ticularmente de plástico, que eram normal-mente depositados em aterros sob a forma de resíduos urbanos sólidos. Através do co-financiamento do programa LIFE, a Ribawood lançou o projecto «Reciplas» e criou um novo produto ecológico a partir desses resíduos.

A empresa construiu um sistema para mistu-rar e aquecer os resíduos de plástico através de uma técnica denominada «aglomeração térmica». Este sistema de resíduo-zero gera grânulos de plástico de alta densidade ade-quados para moldagem e transformação em novos produtos. A Ribawood utilizou

o resultado do seu novo processo para criar paletes de plástico destinadas ao transporte de produtos. Uma vez que o processo não interfere com a estrutura do plástico, as pale-tes podem ser recicladas indefinidamente.

O beneficiário produziu um total de 1 986 pale-tes durante os três anos do LIFE «Reciplas», reciclando 28 668 kg de resíduos de plástico (16 881 kg provenientes das actividades da própria Ribawood e 11 816 kg de um forne-cedor de pára-choques de automóveis). Além da reciclagem do plástico, evitou-se o abate de cerca de 38 000 árvores para a produção de paletes de madeira.

A Ribawood produziu 3 200 toneladas de paletes de plástico reciclado por ano através de um sistema de trabalho de três turnos,

cinco dias por semana. A empresa acredita que a produção poderia aumentar para 4 480 toneladas/ano se a unidade de recicla-gem funcionasse sete dias por semana.

Os clientes vêem os benefícios

Ser capaz de produzir um produto ecológico é uma coisa: encontrar um mercado para esse produto é outra. O facto de ter fechado um contrato para as paletes de plástico com o fabricante de bebidas Heineken (que estava interessado em substituir as suas paletes de madeira por razões de segurança) foi um marco económico importante no sucesso do projecto «Reciplas». A Ribawood continua a fabricar e a comercializar as suas paletes de plástico reciclado através da sua divisão de embalamento, a Tarpack.

O LIFE «Reciplas» tem particular relevância na indústria automóvel, uma vez que a Directiva europeia relativa aos veículos em fim de vida (2000/53/CE) exige que todos os veículos contenham a maior quantidade possível de materiais recicláveis. Revela ainda que, indo ao encontro dos objectivos da Directiva europeia relativa aos resíduos (91/156/CEE), as empresas europeias podem transformar materiais indesejados numa vantagem competitiva. Agora que o LIFE «Reciplas» comprovou a viabilidade técnica e financeira do processo de aglomeração térmica, espera-se que outras unidades de reciclagem de plástico comecem a utilizar esta mesma tecnologia. T

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/life/project/Projects/index.cfm?fuseaction= search.dspPage&n_proj_id=2296

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Novas publicaçõesSOIL: the hidden part of the climate cycleO solo é um recurso natural que muitos ignoram ou têm como garantido. Contudo, a fina camada de «sujidade» que cobre uma grande parte da superfície da Terra é vital para o ambiente e de valor incalculável para as nossas sociedades. Depois dos oceanos, o solo é o segundo maior reservatório activo de carbono do planeta, mas as práticas insustentáveis de gestão dos solos e as alterações na sua uti-lização estão a comprometer este papel inestimável. Com a ajuda de gráficos interessantes, esta publicação altamente informativa revela os perigos da degradação dos solos e explica as ligações complexas entre o solo e as alterações climáticas.Para descarregar ou encomendar a publicação em inglês, francês ou alemão, visite:http://bookshop.europa.eu/pt/soil-pbKH7911105/

Hamburg, European Green Capital Winner 2011 Hamburgo é a segunda maior cidade da Alemanha e possui o terceiro maior porto da Europa. Serviu de entreposto comercial durante vários séculos e é actualmente um centro industrial moderno. Não obstante, tem elevadas credenciais em matéria de ambiente. Florestas, zonas de lazer e espaços verdes representam quase 17 % da área urbana, sendo que a água representa 8 %. Este ano a cidade ostenta orgulho -sa mente o título de Capital Verde Europeia 2011. A publicação revela os progressos alcançados pela cidade e a forma como enfrentou os desafios ambientais e envolveu o público e a economia local nos seus esforços.Para descarregar ou encomendar a publicação, visite:http://bookshop.europa.eu/pt/hamburg-european-green- capital-2011-pbKH3111004/

52 gestos para a biodiversidade A biodiversidade (a variedade da vida na Terra) faz com que o nosso planeta seja habitável e bonito. Contudo, as pressões exercidas sobre muitos dos nossos sistemas naturais estão a aumentar, reduzindo a sua eficiência ou aproximando-os do colapso. A União Europeia está empenhada em travar a perda de biodiversidade e este guia útil oferece alguns conselhos para que os cidadãos possam dar o seu contributo no sentido de atingir este objectivo. Contém 52 conse-lhos práticos (um para cada semana do ano) como, por exemplo, consumir alimentos locais sazonais, diminuir os desperdícios de água ou sensibilizar os cidadãos para estas questões. Todos os gestos são importantes!Para descarregar ou encomendar a publicação disponível em 23 línguas, visite:http://bookshop.europa.eu/pt/52-gestos-para-a-biodiversidade-pbKH3210600/

AgendaSexto Fórum Mundial da Água: processo preparatório da região europeia12 a 17 de Março de 2012, MarselhaO fórum pretende reforçar o papel do pro-cesso regional e encorajar uma abordagem participativa da base para o topo, de modo que as partes regionais interessadas desem-penhem um papel-chave na definição dos seus próprios objectivos e soluções nesta matéria.http://www.worldwaterforum6.org//

e www.worldwatercouncil.org/

Semana Verde21-25 de Maio de 2012, BruxelasO tema deste evento anual de alto nível será a água. Os eventos integrados na Semana Verde, bem como a terceira Conferência Europeia sobre a Água terão lugar conjunta-mente no edifício «Charlemagne» da Comis-são Europeia.

http://ec.europa.eu/environment/greenweek

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+204 a 6 de Junho de 2012, Rio de JaneiroA conferência centrar-se-á em dois temas: a economia ecológica no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradica-ção da pobreza; e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável. No que respeita ao primeiro, a atenção incidirá, prin-cipalmente, na intersecção entre ambiente e economia; quanto ao segundo, serão abor-dados os esforços necessários para encurtar o fosso entre instituições financeiras interna-cionais, bancos de desenvolvimento multila-teral e o restante sistema das Nações Unidas.http://www.uncsd2012.org/rio20/

Salvo indicação em contrário, as publicações podem ser obtidas gratuitamente na EU Bookshop em bookshop.europa.eu

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Breves

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A revista «Ambiente para os Europeus» torna-se ainda mais amiga do utilizador

Os leitores da versão electrónica da «Ambiente para os Europeus» podem agora optar por aceder aos artigos de cada edição através de um novo e-Mag, ou do formato flipbook. Em vez de descarregarem a versão PDF para o seu computador (embora este serviço ainda esteja disponível, podem ler a publicação em linha como se de um livro electrónico se tratasse. O formato de página dupla torna mais fácil a leitura da informação e a navegação entre as secções, bem como a pesquisa de termos específicos. Os números anteriores são arma-zenados no arquivo. Oferecer outras possibili-dades no futuro é o objectivo desta técnica amiga do ambiente.

Subscreva agora o novo flip-book na página principal da «Ambiente para os Europeus» ou via correio electrónico:[email protected]

Progresso significativo na implementação da legislação relativa ao tratamento de águas residuais

Adoptada há 20 anos, a Directiva relativa ao Tratamento de Águas Residuais Urbanas é uma das peças mais importantes da legis-lação ambiental. Entre 2007 e 2013, o inves-timento planeado em infra-estruturas de recolha ou tratamento de águas residuais totalizará 14 mil milhões de euros. Apesar de estes custos serem significativos, o sexto rela-tório de síntese da Comissão sobre a imple-mentação da directiva relativa ao tratamento de águas residuais urbanas conclui que os progressos alcançados foram consideráveis.

Nos 15 Estados-Membros que faziam parte da União antes de 2004, a percentagem de tratamento de água pelos sistemas de reco-lha de águas residuais era de 99 % da carga poluente total. Os 12 Estados-Membros que aderiram à União após essa data ainda benefi-ciam de períodos de transição, pelo que a sua percentagem é de 65 %, um valor que está claramente a melhorar. No que respeita ao tratamento secundário, a capacidade de tra-tamento das infra-estruturas situava-se nos 96 % da carga poluente para o primeiro grupo e nos 48 % para o segundo. Os núme-ros relativos a um tratamento mais rigoroso são, respectivamente, 89 % e 27 %. Embora estes números representem um progresso significativo relativamente ao relatório ante-rior, o relatório actual revela que ainda são necessários progressos adicionais.

Descubra mais http://ec.europa.eu/environment/water/water-urbanwaste/implementation/implementationreports_en.htm

Progresso ambiental positivo na última década

A avaliação do sexto programa comunitário de acção em matéria de ambiente (PAA) confirma que houve um progresso conside-rável ao longo dos últimos dez anos na pro-tecção do ambiente. Os maiores êxitos registados foram o alargamento da rede Natura 2000, que cobre actualmente quase 18 % do território da União Europeia, a intro-dução de uma política abrangente relativa aos produtos químicos e as acções relativas às alterações climáticas. Contudo, são neces-sários esforços adicionais para a implemen-tação dos objectivos e normas da União Europeia com vista a uma maior protecção da biodiversidade e à melhoria da qualidade dos solos e da água. O sexto PAA, em vigor de 2002 a 2012, identifica sete estratégias temáticas: ar, pesticidas, prevenção e recicla-gem de resíduos, recursos naturais, solos e ambiente marinho e urbano.

Descubra mais http://ec.europa.eu/environment/ newprg/final.htm