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ENTREVISTA MICHAEL ROTH A Alemanha não é o grande professor da União Europeia Europa Roth reage com humor ao cartaz em alemão do Bloco antes de notar que clichés não levam a lado nenhum Gisa Martinho De visita a Lisboa o governante alemão avança que a União Eu ropeia UE não precisa de mais cartas da Grécia mas de passos concretos nas refor mas estruturais prometidas Não existe um tratamento di ferenciado face à Grécia diz Roth numa entrevista em que insistiu na presença de um in térprete de português alemão A diplomacia de Berlim prefere falar em alemão O Governo português tem sido criticado pela colagem a Berlim que mostrou o exemplo de Por tugal em contraste com o grego Como comenta a animosidade A Alemanha antes de mais não é o grande professor da UE E Portugal é um bom aluno Não concordo com esse tipo de imaginário Precisamos sim de criatividade e prontidão para al cançar uma Europa unida e for te Portugal embora esteja geo graficamente na periferia é um país que pertence ao centro e ao cerne da Europa O Governo português adoptou o discurso Portugal não éa Gré cia Essa mensagem não é con trária a um espírito de solidarie dade europeia A solidariedade tem uma im portância fulcral na UE mas é preciso dois elementos dar e receber Solidariedade sem res ponsabilidade não funciona Não existe no governo a que pertenço um tratamento dife renciado em relação à Grécia Mostro o maior respeito pelo novo governo grego e tento criar pontes políticas A situa ção social na Grécia contribuiu para que o governo lançasse uma série de medidas Mas isso é possível respeitando os acordos em conjunto O Eurogrupo não é um fórum redutor para gerir a crise grega dada essa dimensão social uma discussão alargada em toda a UE que visa o fortaleci mento do crescimento econó mico e do emprego através de mais investimento e reformas estruturais que ao mesmo tempo consolidem o Estado social Como comenta as reformas in cluídas na última carta grega Não precisamos de mais cartas Precisamos de passos concretos que conduzam à implementação das promessas que Atenas pro meteu a toda a UE Apoiamos in condicionalmente os ambiciosos objectivos de reformas estrutu rais em especial que diz respeito à construção de um sistema fis cal justo e moderno O governo grego não exclui fa zer um referendo a estas refor mas Seria uma solução Em vez de cenários de ameaças precisamos de uma confiança renovada na Europa e de sentido de responsabilidade A Europa não é um jogo muito menos um jogo de póquer Atenas vai precisar de um novo resgate Como avalia o risco de uma saída do euro O recém eleito primeiro minis tro grego rejeitou essa possibi lidade O povo grego tem de sa ber que estamos dispostos a apoiá los na política de reforma muito a fazer e sem a solida riedade a nível europeu será di fícil superar os desafios que se colocam Mas no final é a po pulação grega que decide se quer o apoio da UE e em que medida As instituições admitiram que os programas foram mal desenha dos Qual o sentido de se insistir nesta Unha Não são as instituições mas sim os políticos eleitos que tem a úl tima palavra na UE Nós decidi mos por uma tripla repartição de forças consolidação orçamen tal reformas estruturais que apoiem o Estado social e investi mento em crescimento e empre go Isto não tem nada a ver com uma política de austeridade Não reconheço quaisquer pontos li gados à austeridade quer no pla no estratégico da UE quer nas políticas da Comissão Europeia incluindo a chanceler alemã e o primeiro ministro português A coligação alemã inclui as duas maiores famílias europeias Este centrão ao defender uma pou tica única na UE não está a alie nar parte dos cidadãos que se viram agora para os radicais Houveuma mudança política na UE graças também a novas participações social democra tas nos governos Repare por exemplo na agenda alemã salá rio mínimo reformas aos 63 anos quota para mulheres para empresas Do ponto de vistaso cial democrata estas são políti cas notáveis A criação de um salário mínimo e o plano de in vestimentos são contributos para criar um maior equilíbrio macro e para impulsionar a acti vidade económica factores pe los quais por vezes a Alemanha tem sido criticada O lado social democrata não está cada vez mais diluído no projecto europeu Estou de perfeita consciência tranquila Na UE a social de mocracia não está em maioria mas mesmo assim foi bem su cedida em colocar elementos social democratas na agenda europeia crescimento empre go o fortalecimento da coesão social muitas décadas que a Europa vive da capacidade de atingir compromissos bem como da possibilidade em en contrar uma síntese política que seja apelativa a todos os interve nientes No final do dia em de mocracia são os cidadãos que decidem o rumo um cartaz de pré campanha escrito em alemão em Portugal Incomoda o que as reservas face aos alemães sejam usada como um trunfo político me vontade de rir e vejo isso com sentido de humor Clichés e estereótipos não nos levam a lado nenhum Diário Económico 16 S/Cor 1066 18714 Nacional Economia/Negócios Diário Página (s): Imagem: Dimensão: Temática: Periodicidade: Classe: Âmbito: Tiragem: 11032015 Política

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  • ENTREVISTA MICHAEL ROTH

    AAlemanha no o grandeprofessor da Unio EuropeiaEuropa Roth reage com humor ao cartaz em alemo do Bloco antes de notar que clichs no levam a lado nenhumGisa Martinho

    De visita a Lisboa o governantealemo avana que a Unio Europeia UE no precisa demais cartas da Grcia mas depassos concretos nas reformas estruturais prometidasNo existe um tratamento diferenciado face Grcia dizRoth numa entrevista em queinsistiu na presena de um intrprete de portugus alemoA diplomacia de Berlim preferefalar em alemo

    O Governo portugus tem sidocriticado pela colagem a Berlimque mostrou o exemplo de Portugal em contraste com o gregoComo comentaa animosidadeA Alemanha antes de mais no o grande professor da UEE Portugal um bom alunoNo concordo com esse tipo deimaginrio Precisamos sim decriatividade e prontido para alcanar uma Europa unida e forte Portugal embora esteja geograficamente na periferia umpas que pertence ao centro e aocerne da EuropaO Governo portugus adoptou odiscurso Portugal no a Grcia Essa mensagem no contrria a um esprito de solidariedade europeiaA solidariedade tem uma importncia fulcral na UE mas preciso dois elementos dar ereceber Solidariedade sem responsabilidade no funcionaNo existe no governo a queperteno um tratamento diferenciado em relao GrciaMostro o maior respeito pelonovo governo grego e tentocriar pontes polticas A situao social na Grcia contribuiupara que o governo lanasseuma srie de medidas Mas issos possvel respeitando osacordos em conjuntoO Eurogrupo no um frumredutor para gerir a crise grega

    dada essa dimenso socialH uma discusso alargada emtoda a UE que visa o fortalecimento do crescimento econmico e do emprego atravs demais investimento e reformasestruturais que ao mesmo tempoconsolidem o Estado socialComo comenta as reformas includas naltima carta gregaNo precisamos de mais cartasPrecisamos de passos concretosque conduzam implementaodas promessas que Atenas prometeu a toda a UE Apoiamos incondicionalmente os ambiciososobjectivos de reformas estruturais em especial que diz respeito construo de um sistema fiscal justo e modernoO governo grego no exclui fazer um referendo a estas reformas Seria uma soluoEm vez de cenrios de ameaasprecisamos de uma confianarenovada na Europa e de sentidode responsabilidade A Europano um jogo muito menos umjogo de pquerAtenas vai precisar de um novoresgate Como avalia o risco deuma sada do euroO recm eleito primeiro ministro grego j rejeitou essa possibilidade O povo grego tem de saber que estamos dispostos aapoi los na poltica de reformaH muito a fazer e sem a solidariedade a nvel europeu ser difcil superar os desafios que secolocam Mas no final a populao grega que decide se quero apoio da UE e em que medidaAs instituies admitiram que osprogramas foram mal desenhados Qual o sentido de se insistirnestaUnhaNo so as instituies mas simos polticos eleitos que tem a ltima palavra na UE Ns decidimos por uma tripla repartio deforas consolidao oramental reformas estruturais queapoiem o Estado social e investimento em crescimento e emprego Isto no tem nada a ver com

    uma poltica de austeridade Noreconheo quaisquer pontos ligados austeridade quer no plano estratgico da UE quer naspolticas da Comisso Europeiaincluindo a chanceler alem e oprimeiro ministro portugusA coligao alem inclui as duasmaiores famlias europeias Este

    centro ao defender umapoutica nica na UE no est a alienar parte dos cidados que seviram agora para os radicaisHouveumamudana poltica naUE graas tambm a novasparticipaes social democratas nos governos Repare porexemplo na agenda alem salrio mnimo reformas aos 63anos quota para mulheres paraempresas Do ponto de vistasocial democrata estas so polticas notveis A criao de umsalrio mnimo e o plano de investimentos so contributospara criar um maior equilbriomacro e para impulsionar a actividade econmica factores pelos quais por vezes a Alemanhatem sido criticadaO lado social democrata noest cada vez mais diludo noprojecto europeuEstou de perfeita conscincia

    tranquila Na UE a social democracia no est em maioriamas mesmo assim foi bem sucedida em colocar elementossocial democratas na agendaeuropeia crescimento emprego o fortalecimento da coesosocial H muitas dcadas que aEuropa vive da capacidade deatingir compromissos bemcomo da possibilidade em encontrar uma sntese poltica queseja apelativa a todos os intervenientes No final do dia em democracia so os cidados quedecidem o rumoH um cartaz de pr campanhaescrito em alemo em PortugalIncomoda o que as reservas faceaos alemes sejam usada comoum trunfo polticoD me vontade de rir e vejo issocom sentido de humor Clichs eesteretipos no nos levam alado nenhum

    DirioEconmico16S/Cor1066

    18714NacionalEconomia/NegciosDirio

    Pgina(s):Imagem:Dimenso:Temtica:Periodicidade:

    Classe:mbito:Tiragem:11032015

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