determinação do comportamento tintorial de corantes naturais em substratos de algodão
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Determinação Do ComportamentoTRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA QUMICA
Determinao do Comportamento Tintorial de Corantes Naturais em Substrato de Algodo
HEIDEROSE HERPICH PICCOLI
FLORIANPOLIS NOVEMBRO, 2008
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Heiderose Herpich Piccoli
Determinao do Comportamento Tintorial de Corantes Naturais em Substrato de Algodo
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica do Centro Tecnolgico da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Qumica.
Orientador: Prof. Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza
Co-orientador(a): Prof. Dr. Selene M. A. Guelli Ulson de Souza
Florianpolis Santa Catarina Novembro de 2008
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Determinao do Comportamento Tintorial de Corantes Naturais em Substrato de Algodo
Por
Heiderose Herpich Piccoli
Dissertao julgada para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Qumica, rea Fenmenos de Transporte e Meios Porosos, aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica da Universidade Federal de Santa Catarina. Banca Examinadora:
_____________________________________ Prof. Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza
Orientador
_____________________________________ Prof. Dr. Selene M. A. Guelli U. de Souza
Co-orientadora
_____________________________________ Prof. Dr. Jos Alexandre B. Valle
Examinador externo
_____________________________________ Prof. Dr. Ayres Ferreira Morgado
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iv
Ao Cleber, meu marido, e Juliana
e Gabriella, minhas filhas, pelo
apoio e pelos momentos de
ausncia.
Em especial minha me Isaura e
ao meu pai Milton que me apoiaram
e viabilizaram a confeco deste
trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Aos professores Antnio Augusto Ulson de Souza e Selene Maria de
Arruda Guelli Ulson de Souza, pela dedicao e orientao neste trabalho.
Aos colegas de trabalho na Marisol Adelrio, Cludio, Luciana e Leonete
os quais foram muito prestativos e companheiros.
Ao Dr. Luiz Felipe Cabral Cherem, pelo incentivo e apoio durante o
decorrer dos estudos.
Prof Rosemary Maffezzolli dos Reis, pela reviso ortogrfica deste
trabalho.
Ao Tcnico de Laboratrio do CEFET Jair Nunes, pela ajuda nos testes
experimentais.
Dr Helosa Lima Brando por me acompanhar em testes laboratoriais.
empresa CENTROFLORA, por ceder os corantes para os
experimentos.
empresa GOLDEN QUMICA, pelo suporte tcnico, em especial
atravs do Vitor.
empresa MARISOL, pelo tempo liberado para este trabalho e pela
matria-prima cedida para a realizao dos testes experimentais.
Ao CEFET-SC Unidade Jaragu do Sul, por ceder todo o suporte fsico
para realizao deste trabalho.
E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contriburam para a
realizao e concluso deste trabalho.
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Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hbito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem no
muda de marca....
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de inici-lo,
no pergunta sobre um assunto que desconhece
ou no responde quando lhe indagam sobre algo que
sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforo
muito maior que o simples fato de respirar.
Pablo Neruda
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vii
SUMRIO
LISTA DE TABELAS........................................................................................................................... IX
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................... XI
LISTA DE EQUAES..................................................................................................................... XIV
LISTA DE SMBOLOS ....................................................................................................................... XV
RESUMO ........................................................................................................................................... XVI
ABSTRACT ...................................................................................................................................... XVII
1 INTRODUO........................................................................................................................18
1.1 CONTEXTUALIZAO........................................................................................................................18 1.2 ORIGEM DO TRABALHO.....................................................................................................................19 1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO............................................................................................................20 1.4 OBJETIVOS......................................................................................................................................22 1.4.1 Objetivo geral ...................................................................................................................22 1.4.2 Objetivos especficos .......................................................................................................22 1.5 LIMITAES DO TRABALHO ...............................................................................................................23 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO...............................................................................................................23
2 REVISO BIBLIOGRFICA..................................................................................................24
2.1 FIBRAS TXTEIS ..............................................................................................................................24 2.2 AUXILIARES PARA PROCESSOS DE TINGIMENTO DE ALGODO............................................................24 2.3 TRATAMENTOS PRVIOS PARA FIBRA DE ALGODO ...........................................................................25 2.4 PRINCPIOS GERAIS DO TINGIMENTO ................................................................................................26 2.4.1 Fundamentos Tericos.....................................................................................................28 2.4.1.1 Influncia da Estrutura da Fibra .......................................................................................28 2.4.1.1.1 Permeabilidade ................................................................................................................29 2.4.1.1.2 Constituio Qumica da Fibra.........................................................................................29 2.4.2 Influncia da Estrutura do Corante ..................................................................................31 2.4.3 Teoria Geral do Tingimento Cintica e Termodinmica ...............................................31 2.4.3.1 Fase Cintica ...................................................................................................................32 2.4.3.2 Fase Termodinmica........................................................................................................34 2.5 CORANTES ......................................................................................................................................36 2.5.1 Histria dos Corantes e dos Tingimentos ........................................................................36 2.5.2 Definio, Propriedades e Estrutura Qumica..................................................................40 2.6 CORANTES DIRETOS........................................................................................................................44 2.6.1 Mecanismo da Substantividade dos Corantes Diretos ....................................................46 2.6.2 Ao dos Eletrlitos..........................................................................................................47 2.6.3 Efeito da Temperatura......................................................................................................49 2.6.4 Efeito da Relao de Banho ............................................................................................51 2.6.5 Efeito do pH......................................................................................................................51 2.6.6 Solidez..............................................................................................................................51 2.6.7 Propriedades de Tingimento dos Corantes Diretos .........................................................53 2.6.8 Aplicao dos Corantes Diretos.......................................................................................55 2.6.8.1 Corantes Classe A ...........................................................................................................55 2.6.8.2 Corantes Classe B ...........................................................................................................55 2.6.8.3 Corantes Classe C ...........................................................................................................56 2.7 CORANTES REATIVOS ......................................................................................................................56 2.7.1 Mecanismo da Reao dos Corantes Reativos...............................................................60 2.7.2 Aplicao dos Corantes Reativos ....................................................................................65 2.7.2.1 Corantes a Frio - Esgotamento ........................................................................................65 2.7.2.2 Corantes a Quente - Esgotamento ..................................................................................66 2.7.3 Lavagem e Ensaboamento Posterior...............................................................................69 2.8 CORANTES CUBA..........................................................................................................................70 2.8.1 Aplicao dos Corantes Cuba.......................................................................................73 2.8.1.1 Reduo do Corante ........................................................................................................73
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viii
2.8.1.2 Tingimento........................................................................................................................74 2.8.1.3 Oxidao ..........................................................................................................................75 2.8.1.4 Ensaboamento .................................................................................................................75 2.8.1.5 Processo por Esgotamento..............................................................................................76 2.9 CORANTES SULFUROSOS.................................................................................................................77 2.9.1 Aplicao dos Corantes Sulfurosos .................................................................................79 2.10 CORANTES NATURAIS ...............................................................................................................81 2.10.1 Comportamento Tintorial - Classificao .........................................................................81 2.10.2 Caracterstica das Substncias Corantes........................................................................82 2.10.3 Os Princpios Ativos com Propriedades Medicinais.........................................................83 2.10.4 Alfafa ................................................................................................................................84 2.10.4.1 Informaes Tcnicas ......................................................................................................85 2.10.4.2 Propriedades Medicinais ..................................................................................................86 2.10.5 Garana (Madder plant) ...................................................................................................87 2.10.5.1 Informaes Tcnicas ......................................................................................................88 2.10.5.2 Propriedades Medicinais ..................................................................................................90 2.10.6 Pau Campeche.................................................................................................................90 2.10.6.1 Informaes Tcnicas ......................................................................................................91 2.10.7 Urucum.............................................................................................................................92 2.10.7.1 Informaes Tcnicas ......................................................................................................95 2.10.7.2 Propriedades Medicinais ..................................................................................................96
3 MATERIAIS E MTODOS .....................................................................................................98
3.1 CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO TINTORIAL .......................................................................100 3.2 AVALIAO DA INFLUNCIA DO TRATAMENTO PRVIO NO RENDIMENTO DO TINGIMENTO ...................104 3.3 AVALIAO DA INFLUNCIA DA UTILIZAO DE MORDENTES NO RESULTADO (COR E SOLIDEZ) DO TINGIMENTO ........................................................................................................................................104 3.4 VERIFICAO DOS VALORES DE SOLIDEZ PARA OS TINGIMENTOS EM QUESTO ................................106 3.5 DETERMINAO DOS PARMETROS DO PROCESSO DE TINGIMENTO PARA OS CORANTES DE ALFAFA E DE URUCUM..............................................................................................................................................108 3.6 DETERMINAO DA ISOTERMA DE EQUILBRIO E DA ENTALPIA DE ADSORO PARA O CORANTE DE URUCUM NO PROCESSO DE TINGIMENTO...............................................................................................108
4 RESULTADOS E DISCUSSO ...........................................................................................113
4.1 CARACTERIZAO DO COMPORTAMENTO TINTORIAL .......................................................................113 4.2 AVALIAO DA INFLUNCIA DO TRATAMENTO PRVIO NO RENDIMENTO DO TINGIMENTO ...................118 4.3 AVALIAO DA INFLUNCIA DA UTILIZAO DE MORDENTES NO RESULTADO (COR E SOLIDEZ) DO TINGIMENTO ........................................................................................................................................119 4.4 DETERMINAO DOS PARMETROS DO PROCESSO DE TINGIMENTO PARA OS CORANTES DE ALFAFA E DE URUCUM..............................................................................................................................................124 4.5 DETERMINAO DA ISOTERMA DE EQUILBRIO E DA ENTALPIA DE ADSORO PARA O CORANTE DE URUCUM NO PROCESSO DE TINGIMENTO...............................................................................................127
5 CONCLUSES E SUGESTES..........................................................................................135
6 REFERNCIAS ....................................................................................................................138
ANEXO A...........................................................................................................................................142
ANEXO B...........................................................................................................................................156
ANEXO C...........................................................................................................................................166
ANEXO D...........................................................................................................................................173
ANEXO E...........................................................................................................................................181
ANEXO F ...........................................................................................................................................184
ANEXO G ..........................................................................................................................................187
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ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Evoluo dos corantes sintticos...................................................... 040
Tabela 02 Classificao dos corantes por aplicao......................................... 044
Tabela 03 Temperaturas de mxima exausto................................................. 050
Tabela 04 Valores de solidez para corantes diretos.......................................... 052
Tabela 05 Evoluo histrica dos corantes reativos.......................................... 058
Tabela 06 Seleo de processo conforme a substantividade........................... 064
Tabela 07 Decomposio de Rubian................................................................. 090
Tabela 08 Procedimentos experimentais para determinao do
comportamento tintorial.........................................................................................
100
Tabela 09 Principais mordentes e suas caractersticas..................................... 105
Tabela 10 Testes utilizando mordentes............................................................. 106
Tabela 11 Classificao do tipo de isoterma de acordo com o parmetro de
equilbrio, RL..........................................................................................................
110
Tabela 12 Testes para obteno da isoterma de equilbrio............................... 111
Tabela 13 Resultados dos procedimentos experimentais para determinao
do comportamento tintorial do Corante de Alfafa..................................................
113
Tabela 14 Resultados dos procedimentos experimentais para determinao
do comportamento tintorial do Corante de Urucum..............................................
114
Tabela 15 Resultados dos procedimentos experimentais para substratos
purgados e pr-alvejados......................................................................................
118
Tabela 16 Resultados dos testes de solidez para os tingimentos
mordentados..........................................................................................................
121
Tabela 17 Resultados dos testes para patamares de 60C e 80C................... 125
Tabela 18 Dados para curva de calibrao Corante de Urucum....................... 127
Tabela 19 Resultados para tingimento a 60C.................................................. 129
Tabela 20 Resultados para tingimento a 80C.................................................. 130
Tabela 21 Resultados ajustados para tingimento a 60C.................................. 130
Tabela 22 Resultados ajustados para tingimento a 80C.................................. 131
Tabela 23 Resultados para KL e C................................................................... 131
Tabela 24 Resultados para o parmetro RL....................................................... 134
Tabela 25 Produo de fibras naturais no Brasil (mil toneladas)...................... 145
-
x
Tabela 26 Histria das fibras txteis naturais.................................................... 146
Tabela 27 Composio da fibra de algodo...................................................... 150
Tabela 28 Faixas de valores HLB e suas aplicaes........................................ 160
Tabela 29 Grupos hidroflicos e lipoflicos......................................................... 160
-
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Etapas do tingimento.......................................................................... 031
Figura 02 - Curva de esgotamento de um tingimento........................................... 033
Figura 03 - Curvas isotrmicas comportamentos de equilbrio.......................... 035
Figura 04 - Grupos cromforos............................................................................. 042
Figura 05 - Grupos auxocromos............................................................................ 042
Figura 06 - Grupos solubilizantes.......................................................................... 043
Figura 07 - Modelo de estrutura dos corantes diretos e de sua fixao
celulose por pontes de Hidrognio.........................................................................
045
Figura 08 - Isoterma para o C.I. Amarelo Direto 12 a 60C.................................. 047
Figura 09 - Efeito da adio do eletrlito sobre a exausto de corantes diretos.. 048
Figura 10 - Frmula C.I. Amarelo Direto 12.......................................................... 049
Figura 11 - Frmula C.I. Azul Direto 1................................................................... 049
Figura 12 - Efeito da temperatura sobre a exausto de alguns corantes diretos.. 050
Figura 13 - Primeiros corantes reativos derivados de Cloreto Cianrico........... 057
Figura 14 - Escala de reatividade.......................................................................... 059
Figura 15 - Estrutura qumica de um corante bifuncional...................................... 060
Figura 16 - Reaes por substituio.................................................................... 061
Figura 17 - Reaes por adio............................................................................ 062
Figura 18 - Curvas de esgotamento e fixao...................................................... 063
Figura 19 - Tingimento de algodo com corantes a frio Fluorcloropirimidina.... 065
Figura 20 - Tingimento de algodo com corantes a frio Vinilsulfnico............... 066
Figura 21 - Tingimento de algodo com corantes a quente processo
tradicional...............................................................................................................
068
Figura 22 - Tingimento de algodo com corantes a quente processo
migrao.................................................................................................................
068
Figura 23 - Tingimento de algodo com corantes a quente processo All in... 069
Figura 24 - Corante a cuba Antraquinnico.......................................................... 071
Figura 25 - Corante ndigo e seu leuco-derivado.................................................. 072
Figura 26 - Corante derivado do Carbazol............................................................ 072
Figura 27 - Reao para forma leuco-derivada..................................................... 074
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xii
Figura 28 - Reao de oxidao........................................................................... 075
Figura 29 - Processo de tingimento de Corante a Cuba por esgotamento........... 076
Figura 30 - Mecanismo de reduo/oxidao de um Corante Sulfuroso.............. 077
Figura 31 - Reduo e oxidao do Corante Sulfuroso formao de um Tiol... 078
Figura 32 - Reao de condensao do tiol na fase oxidativa do Corante
Sulfuroso................................................................................................................
078
Figura 33 - Processo de tingimento Corante Sulfuroso ecolgico........................ 079
Figura 34 - Oxidao para pretos.......................................................................... 080
Figura 35 - Oxidao para cores........................................................................... 080
Figura 36 - Alfafa................................................................................................... 085
Figura 37 - Frmula estrutural do Corante da Alfafa............................................. 086
Figura 38 - Garana comum.................................................................................. 087
Figura 39 - Pau Campeche................................................................................... 091
Figura 40 - Estrutura qumica da hematoxilina...................................................... 092
Figura 41 - Fruto do Urucuzeiro............................................................................ 093
Figura 42 - (a) Molcula de bixina e (b) Molcula de norbixina............................ 096
Figura 43 - Equipamento de tingimento infravermelho Metal Working.............. 098
Figura 44 - Espectrofotmetro Datacolor 650....................................................... 099
Figura 45 - Grficos de processos de tingimento.................................................. 102
Figura 46 Resultados para avaliao do comportamento tintorial..................... 115
Figura 47 - Corpos de prova para os tingimentos e testes de solidez.................. 119
Figura 48 - Resultados de leitura espectrofotomtrica para soluo de banho
1% de Corante de Urucum. ...................................................................................
126
Figura 49 - Grfico de tingimento para Corantes Naturais.................................... 126
Figura 50 - Curva de calibrao para o Corante de Urucum................................ 128
Figura 51 - Isoterma de Langmuir 60C............................................................. 132
Figura 52 - Isoterma de Langmuir 80C............................................................. 132
Figura 53 - Variao de entalpia........................................................................... 133
Figura 54 - Classificao das fibras naturais........................................................ 143
Figura 55 - Classificao das fibras qumicas....................................................... 144
Figura 56 - Estrutura de um elo da cadeia de celulose......................................... 147
Figura 57 - O algodoeiro....................................................................................... 148
Figura 58 - Fibras de algodo presas ao capulho................................................. 149
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xiii
Figura 59 - Esquema celular da fibra do algodo................................................. 152
Figura 60 - Aes oxidativas seqenciais............................................................. 155
Figura 61 - Arranjo das foras moleculares em um lquido................................... 157
Figura 62 - Produto tensoativo.............................................................................. 158
Figura 63 - Corte longitudinal de uma cpsula de Urucum................................... 186
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xiv
LISTA DE EQUAES
Equao 01 N Contatos/min material em movimento/ banho parado.... 026
Equao 02 N Contatos/min material parado/ banho movimento.......... 027
Equao 03 N Contatos/min material em movimento/ banho
movimento......................................................................................................
027
Equao 04 Lei de Fick.............................................................................. 032
Equao 05 Velocidade de tingimento....................................................... 033
Equao 06 % Corante hidrolisado............................................................ 064
Equao 07 Concentrao residual de sal................................................. 070
Equao 08 Isoterma de Langmuir............................................................ 109
Equao 09 Equao de Clausius-Clapeyron............................................ 109
Equao 10 Equao do parmetro RL......................................................
Equao 11 Equao da curva de calibrao para o corante Urucum......
110
128
Equao 12 Equao rearranjada da Isoterma de Langmuir..................... 131
Equao 13 Equao da Isoterma de Langmuir 60C............................ 131
Equao 14 Equao da Isoterma de Langmuir 80C............................ 131
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xv
LISTA DE SMBOLOS
Cb concentrao de corante no banho
Cf concentrao de corante na fibra
C concentrao de corante mxima na fibra
CA fibra de acetato
CAS nmero de registro de um produto qumico no banco de dados do Chemical
Abstracts Service.
CEL fibra celulsica
CH corante hidrolisado
CMC Color Measurement Committee
C.I. color index nmero que identifica um determinado corante
CIE Comisso Internacional de Iluminao (do francs Commission Internationale de
lEclairage)
CT fibra de triacetato
DCT diclorotriazina
Da variao de cor no eixo vermelho-verde
Db variao de cor no eixo azul-amarelo
DE diferena residual de cor
DL variao de cor no eixo da luminosidade
E corante esgotado
F corante fixado
FC fora colorstica
HLB balano lipoflico-hidroflico
MCT - monoclorotriazina
PA fibra de poliamida
PAC fibra de acrlico
PES fibra de polister
S fibra de seda
Tg temperatura de transio vtrea
VS - vinilsulfnico
WO fibra de l
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xvi
RESUMO
A preocupao com o aspecto ecolgico de produtos e processos crescente nos
dias de hoje. A degradao do meio ambiente e a utilizao indevida dos recursos
naturais tm causado impactos extremamente nocivos ao planeta. O uso de
produtos que, de alguma forma prejudicam a sade do homem, tambm objeto
de estudo nas vrias reas da cincia. O processo de tingimento txtil utiliza
produtos e processos poluentes e com alta demanda de recursos naturais. Existem
alternativas de corantes provenientes de fontes naturais e renovveis, utilizados na
indstria alimentcia e j utilizados no passado em artigos txteis, que poderiam
suprir parte da demanda dos tingimentos txteis, minimizando os impactos
ambientais e, qui, trazendo benefcios sade humana atravs de suas
propriedades fitoterpicas. Os objetivos deste trabalho foram: Estudar o processo
de tingimento do substrato de algodo com dois corantes naturais selecionados,
Corantes de Alfafa e de Urucum, e determinar as melhores condies do processo,
verificando o desempenho do produto tingido atravs de testes de solidez
lavao e luz normatizados. Estudou-se, tambm, a influncia de diferentes
processos de preparao, concluindo-se no ser esta etapa relevante no resultado
do tingimento. Foi investigada a aplicao de vrios mordentes, determinando-se
sua influncia sobre o resultado dos tingimentos, no qual significativas variaes no
padro de cor e resistncia solidez e lavao foram observadas. Para os testes
de avaliao do comportamento tintorial, os resultados demonstraram que ambos
os corantes so semelhantes aos corantes diretos. O processo de tingimento
proposto foi compatvel com os processos utilizados nesta classe de corantes. As
concluses obtidas na avaliao do comportamento tintorial foram confirmadas com
a obteno de Isotermas de Absoro de Langmuir e, a partir destas, do valor de
variao de entalpia para o processo. O valor do DH para o caso do tingimento com
Corante de Urucum foi de DH = 19 kJ/mol, indicando um processo de fisissoro.
Palavras-chave: Corante de Alfafa, Corante de Urucum, comportamento tintorial,
tingimento, mordentes.
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xvii
ABSTRACT
The concern with the ecological aspects of industrial products and processes is
growing nowadays. The degradation of the environment and the improper use of the
natural resources have been causing extremely dangerous impacts to the planet.
The use of products that prejudice health, also are research object in several
science areas. The process of textile dyeing uses pollutant products and processes
and with high demand of natural resources. There are alternatives of dyes obtained
from natural and renewable sources, used in the food industry and already used in
the past in textile substratum, that they could supply part of the demand of the
textile dyeings, minimizing the environmental impacts and maybe bringing benefits
to the human health through their phytoteraptics properties. The objectives of this
work were: to study the dyeing process of the cotton substratum with two natural
dyes selected: dyestuff obtained from Alfalfa and from Annatto, and to determine
the best conditions of the process, verifying the acting of the dyed product through
solidity tests to the washing and the stability to the light. It was also studied the
influence of different preparation processes, being concluded not to be this relevant
stage in the result of the dyeing. The application of several mordants was
investigated being determined its influence on the result of the dyeings, where
significant variations in the color pattern and washing resistance were observed.
Through the tests of evaluation of the dyeing behavior, the results demonstrated
that both dyestuffs are similar to the direct dyes. The process of proposed dyeing
was compatible with the processes used in this class of dyes. The conclusions
obtained in the evaluation of the dyeing behavior were confirmed with the ones
obtained with Langmuir adsorption isotherms. The enthalpy values were determined
for the adsorption process. The value of the enthalpy variation for the case of the
dyeing with dyestuff from Annatto was of equal to 19 kJ/mol, indicating a
physisorption process.
Key-words: Alfafa dyestuff, Annatto dyestuff, dyeing behavior, dyeing process.
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18
1 INTRODUO
1.1 Contextualizao
As empresas esto inseridas em um mercado de intensa competitividade
global, definido por DAVENI (1985) como Hipercompetio. Um ambiente onde
as vantagens so rapidamente criadas e erodidas.
SCHUMPETER (1982) teoriza que a concorrncia centraliza-se na
inovao e esta provoca um processo de destruio criativa no qual velhas
estruturas so substitudas por novas, conduzindo a economia a nveis mais
elevados de renda e, presumivelmente, de bem-estar social.
No obstante a este cenrio de competitividade, surge a partir do incio
deste sculo, um fato at ento ignorado pelos economistas e cientistas sociais: a
preocupao com os recursos naturais e no to somente os recursos materiais,
mas, tambm, os sociais e do capital. A julgar por seu impacto sobre o capital
natural e social, a nova economia se parece mais com a prxima onda da Era
Industrial do que com uma Era Ps-Industrial. A ousada afirmao de SENGE e
CARSTED (2001).
Segundo eles, os sistemas que regem os processos produtivos,
inspirados nas mquinas, seguem um fluxo linear (extrair, produzir, vender, usar,
descartar), no sustentvel em longo prazo. Para impulsionar empreendimentos
que no prejudiquem o tecido social e ambiental e sejam financeiramente viveis,
SENGE e CARSTED (2001) propem basear-se no modelo circular dos sistemas
vivos: produzir, reciclar, regenerar. Trata-se de consumir os lucros energticos
(solar, elico) em vez de devorar o capital natural (petrleo, gs) e projetar
sistemas com desperdcio zero, nos quais o resduo de um processo seja o
nutriente de outro.
Assim, alm do contexto globalizado e altamente competitivo da
atualidade, torna-se imperativa a necessidade de se inovar, levando-se em
considerao os aspectos ambientais envolvidos.
neste cenrio internacional de alta competitividade que est inserida a
quarta atividade econmica mais importante do mundo: as indstrias txteis e de
vesturio, atrs apenas de agricultura, turismo e informtica. Esta afirmao
-
19
sustentada por SILVA (2002), que informa, ainda, que o comrcio mundial da
cadeia txtil movimenta mais de 350 bilhes de dlares/ano.
Nos ltimos anos, tm ocorrido grandes alteraes no mercado txtil. As
culturas empresariais vm se ajustando aos novos tempos. Estratgias esto
sendo redefinidas para enfrentar os desafios da prxima dcada. A indstria txtil,
em razo destas grandes mudanas, sofre novas presses.
As mudanas, que tm pressionado o mercado txtil, referem-se ao
elevado aumento de custos, novos hbitos de vida e moda, modernizao da
comunicao visual e maior preocupao com a qualidade de vida. A maior
politizao do homem e o aumento da comunicao tm provocado imposies
quanto segurana e preservao do ecossistema.
Diante deste cenrio, questiona-se: possvel encontrar matrias-primas
naturais e processos menos agressivos para tingimento dos tecidos de malha em
algodo, de forma a serem aplicados na prtica das indstrias txteis, a fim de
torn-las mais competitivas?
1.2 Origem do trabalho
O presente trabalho origina-se na necessidade de enriquecer as atuais
tcnicas de tingimento de tecidos de malhas em algodo existentes nas empresas
txteis brasileiras, propiciando a estas empresas diferenciao. No somente para
defender-se da competio global, mas principalmente, acelerar os processos de
mudanas, tendo a utilizao de matrias-primas e insumos naturais como o
elemento motriz e a base para um sucesso competitivo.
Desde a antiguidade, j existiam tingimentos com corantes naturais.
Entretanto, estes processos eram realizados de forma artesanal e destinados a
produtos para os quais no se observava a exigncia de padres de qualidade
como nos dias atuais. Ou melhor, estes produtos tintos com corantes naturais no
podiam ser comparados ao desempenho dos tintos com corantes artificiais, pois
estes ainda no existiam. A igualizao do tingimento, a reproduo da cor, a
solidez de forma geral no podiam ser comparados. Mas, como tingir tecidos de
malha de algodo com corantes naturais, de maneira assertiva, sem gerar
-
20
problemas de qualidade e atingindo nveis de exigncia aceitveis quanto aos
padres de qualidade?
O presente trabalho traz o desenvolvimento de um modelo que responde
a essa necessidade, bem como a metodologia que poder ser seguida para a
determinao de parmetros de processos para outros corantes naturais no
estudados neste trabalho.
1.3 Justificativa do trabalho
Para as empresas industriais de maneira geral, em especial as indstrias
txteis, a alta eficincia e a inovao no produto fator relevante para o seu
sucesso. Nas empresas txteis catarinenses de perfil inovador, a aplicao dos
processos de tingimento dos tecidos de malha, com matrias-primas naturais, pode
levar obteno de desempenho produtivo superior, diferenciao do produto e at
ampliao de mercado, atingindo fatias antes no exploradas.
Observa-se que, somente a partir dos anos 90, os empresrios do setor
txtil se mostraram preocupados com o posicionamento das suas empresas
perante a abertura do mercado internacional. Nesse mesmo perodo, o mundo
percebe que o novo sculo a era da preservao dos recursos ambientais e da
qualidade de vida, ou seja, aumenta-se em escala geomtrica a complexidade dos
produtos, dos mercados e da logstica como um todo. Alm disso, a diferenciao
dos produtos vem sendo vista como um caminho para a satisfao dos clientes,
principalmente no mundo da moda.
A maior valorizao pelo homem da sade e, conseqentemente da
qualidade de vida, a modernizao da comunicao visual e maior politizao tm
provocado imposies quanto segurana e preservao do ecossistema.
O grande desafio destas empresas est em viabilizar matrias-primas e
processos que minimizem os impactos ambientais, utilizem fontes naturais e
renovveis e, ainda, possam ter como vantagem competitiva funcionalidades que,
de alguma forma, melhorem a qualidade de vida do ser humano. Em se tratando de
tecido tinto de malha em algodo, o processo com maior impacto ambiental e
utilizao de recursos naturais o processo de tingimento, bem como os insumos
utilizados nele.
-
21
, portanto, neste ponto que reside o desafio maior. Tornar-se-
diferenciada a empresa que dominar os processos de tingimento com matrias-
primas e insumos naturais como um item de vantagem competitiva frente a
produtos convencionais, podendo explorar, inclusive, aspectos de funcionalidades
fitoterpicas presentes em alguns corantes.
O trabalho experimental, realizado no presente projeto, baseia-se nas
pesquisas e ensaios efetuados na empresa e instituio em que trabalhou a
pesquisadora: Marisol S.A. e CEFET/SC Centro Federal de Educao
Tecnolgica de Santa Catarina - Unidade Jaragu do Sul, onde se pode construir
uma base de dados composta por ensaios laboratoriais.
De forma resumida, pode-se dizer que as principais justificativas que
motivaram o presente trabalho so:
a) Obteno de um produto txtil diferenciado;
b) Grandes redues de consumo de produtos qumicos agressivos e
poluentes;
c) Alternativa de processo com menor impacto ambiental na utilizao
dos recursos naturais;
d) O corante natural, dependendo de sua composio, poder
proporcionar ao produto uma atuao fitoterpica, contribuindo de
alguma forma com a qualidade de vida do indivduo usurio do
produto;
e) Em especial o Urucum um corante com grande potencial produtivo
no Brasil;
f) O algodo, apesar de ter perdido nos ltimos 20 anos, parte da sua
fatia de mercado, continua sendo a fibra txtil de mais consumida no
mundo (IEMI, 2003) e
g) As indstrias txteis da regio do Vale do Itaja e do Itapocu so
tradicionalmente algodoeiras.
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22
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo geral
Avaliar o comportamento tintorial de corantes naturais no processo de
tingimento de substrato de algodo. Determinar os parmetros termodinmicos do
processo de adsoro do corante no substrato txtil.
1.4.2 Objetivos especficos
Os objetivos especficos esto atrelados ao entendimento de quais
variveis, como por exemplo: tempo, temperatura, presena de eletrlito entre
outras, e de que forma elas afetam o tingimento dos tecidos de malha em algodo
com corantes naturais. Para o caso deste estudo aprofundou-se o trabalho
considerando o Corante de Urucum. Assim sendo:
a) estudar o comportamento tintorial dos Corantes de Urucum e de
Alfafa, e identificar a que classe de corante artificial eles mais se
aproximam;
b) determinar os parmetros de processo de tingimento para os Corantes
de Urucum e de Alfafa, bem como os insumos a serem utilizados a fim
de atingir nveis de solidez da cor aceitveis;
c) avaliar a interferncia de processos de purga e pr-alvejamento no
resultado de cor dos tingimentos;
d) verificar na literatura a existncia de propriedades fitoterpicas nos
princpios ativos corantes;
e) determinar a variao de entalpia do processo atravs da isoterma de
Langmuir e validar numericamente os resultados obtidos no estudo do
comportamento tintorial.
Esta dissertao mostrar que o processo de tingimento com corantes
naturais vivel industrialmente para ser produzido com padres de qualidade
aceitveis e com a possibilidade de explorao de aspectos funcionais do produto
com foco na qualidade de vida.
-
23
1.5 Limitaes do trabalho
O presente estudo trabalha com limitaes ligadas amplitude da
anlise, amostra utilizada e ao banco de dados, para representar o modelo do
processo proposto.
Os parmetros de processo apresentados limitam-se ao mbito dos
Corantes de Urucum e de Alfafa em tecidos de malha em fibra 100% algodo.
1.6 Estrutura do trabalho
Este trabalho est estruturado em seis (6) captulos. O captulo inicial de
INTRODUO expe a origem do trabalho, sua justificativa, o objetivo geral e os
objetivos especficos, bem como suas limitaes.
Os captulos seguintes esto organizados como a seguir:
REVISO BIBLIOGRFICA, cujo embasamento terico serviu de
orientao para os ensaios;
MATERIAIS E MTODOS, o qual descreve os materiais e
procedimentos utilizados;
RESULTADOS E DISCUSSO, no qual esto dispostos os valores
encontrados e suas interpretaes;
CONCLUSO E SUGESTES;
REFERNCIAS.
Alguns embasamentos tericos encontram-se nos anexos a fim de serem
utilizados somente para complementao dos conhecimentos.
-
24
2 REVISO BIBLIOGRFICA
Este captulo far uma exposio dos vrios itens envolvidos no processo
de tingimento, dando nfase aos conhecimentos a respeito dos corantes artificiais e
naturais existentes. Outros itens, relacionados aos conhecimentos txteis, esto
dispostos em anexo para consulta, caso o leitor sinta necessidade de
esclarecimento. Esta reviso dos contedos necessria para que se possa
determinar os caminhos para o estudo do Corante de Urucum e do Corante de
Alfafa, principal foco de trabalho.
2.1 Fibras Txteis
Cada fibra possui caractersticas e propriedades diferentes, sejam as
dimenses de suas cadeias moleculares, cristalinidade, cores, massa especfica,
ponto de fuso ou transio vtrea, elasticidade, hidrofilidade e muitas outras
propriedades que iro conferir aos tecidos aplicaes diversas. Da a grande
importncia de se conhecer de forma profunda as fibras txteis e seus aspectos
tcnicos, a fim de selecionar a fibra e os processos adequados para se atingir os
objetivos desejados. Desta forma, o Anexo A contempla uma descrio terica a
respeito de fibras naturais, em especial do Algodo. Esto sintetizadas, neste
anexo, as propriedades e as aes qumica e fsica sobre a fibra do algodo.
2.2 Auxiliares para Processos de Tingimento de Algodo
Para o processamento das fibras celulsicas na Tinturaria, so
empregados produtos auxiliares que proporcionaro uma limpeza s fibras e as
prepararo para receber os corantes. Alguns produtos tambm auxiliam no
transporte do corante para a fibra e na fixao destes na fibra.
Para o processamento do algodo, os principais produtos qumicos
auxiliares empregados so: detergentes e umectantes, dispersantes,
seqestrantes, lcalis, cidos, eletrlitos, oxidantes, redutores, entre outros. O
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25
Anexo B traz informaes a respeito dos tensoativos, mordentes e produtos
diversos.
2.3 Tratamentos Prvios para Fibra de Algodo
As fibras de algodo contm de 5 a 6% de impurezas de diversos
gneros. Alm da cor amarelada, devido aos corantes naturais e alteraes
qumicas ocorridas na celulose, deve-se considerar que o algodo possui
impurezas no fibrosas derivadas dos processos de extrao das fibras no
descaroamento e na limpeza mecnica, como pedaos de caroo, restos vegetais
de caules e folhas, etc. Estas ltimas impurezas podem chegar a compor de 10 a
14% do peso das fibras (ALFIERI, 1991).
Por estes motivos, mesmo considerando os processos de limpeza
mecnica includos na fabricao dos fios, pode haver facilmente perdas da ordem
de at 10% de massa no algodo em funo dos processos qumicos e fsicos
envolvidos nos tratamentos prvios ao tingimento.
Podem-se dividir as impurezas em:
Substncias solveis em gua: de fcil eliminao por lavagem;
Substncias do tipo gorduras e ceras: concedem ao algodo o carter
hidrfobo e so eliminadas por cozinhamento alcalino;
Pigmentos corantes que do ao algodo um aspecto amarelado-
acinzentado e restos de cascas que formam pontos escuros na
superfcie do tecido. A eliminao total destas impurezas realizada
atravs de oxidao.
Os tratamentos prvios so realizados com os objetivos de assegurar ao
artigo aspecto limpo e hidrfilo e possibilitar o tingimento de forma igualizada e
reprodutvel. Isso facilita o acesso do corante fibra, favorecendo as ligaes, o
que, na maioria dos casos, aumenta o rendimento da cor.
Os principais tratamentos prvios empregados so chamuscagem,
desengomagem, purga e alvejamento. Normalmente, estas operaes so
aplicadas em substratos crus; porm, alguns deles, como a purga e o alvejamento,
podem ser aplicados tambm em tecidos tintos ou at em peas confeccionadas.
No Anexo C esto descritos os principais processos.
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26
2.4 Princpios Gerais do Tingimento
O tingimento consiste em uma modificao fsica ou qumica do
substrato, de forma que a luz refletida provoque uma percepo de cor. Os
produtos que causam esta modificao so os corantes. O tingimento se faz,
normalmente, em meio aquoso em um dos dois sistemas bsicos:
Contnuo: a soluo de corante aplicada por impregnao sobre o
material txtil e espremida mecanicamente (foulardagem). Nas
receitas, a concentrao de corante expressa em g/L. A boa
igualizao dos tingimentos dependente das instalaes mecnicas.
O tingimento, em seguida, fixado de vrias formas:
- calor seco (ar quente) Pad Dry;
- calor mido (vapor) Pad-Steam;
- repouso a frio Pad-Batch;
- repouso a quente Pad-Roll;
- banho novo Pad-Jigg.
Esgotamento: o corante se desloca do banho para a fibra. Neste caso,
o banho de tingimento sempre vrias vezes mais volumoso que o
peso do substrato. Por esta razo, nas receitas, a quantidade de
corante indicada em percentual sobre o peso do material txtil. Para
que haja uma boa igualizao deve-se observar: o nmero de
contatos entre banho e substrato, a velocidade de montagem e a
migrao do corante.
O nmero de contatos entre banho e substrato uma varivel
parametrizada pela mquina de tingir. No tingimento por esgotamento, diferenciam-
se trs sistemas de circulao:
Material txtil em movimento banho parado (A): As mquinas que
possuem este sistema so Barcas e Jiggers. O nmero de
contatos/min entre banho e substrato dado pela Equao 01.
mV
C = (01)
-
27
onde:
C = n de contatos/min;
V = velocidade do substrato em metros/min;
M = comprimento em metros do substrato.
Material txtil parado banho em movimento (circulando) (B): As
mquinas que possuem este sistema so turbos, armrios para fios e
autoclaves. O nmero de contatos/min entre banho e substrato
dado pela Equao 02.
LF
C = (02)
onde:
C = n de contatos/min;
F = fluxo do banho em litros/min;
L = volume do banho em litros.
Material txtil em movimento banho em movimento (C): As
mquinas que possuem este sistema so Jets, Jigg Flow e Over Flow.
O nmero de contatos/min entre banho e substrato dado pela
Equao 03.
mV
LF
C = (03)
onde:
+ banho e substrato circulam em contracorrente;
- banho e substrato circulam no mesmo sentido.
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28
O sistema A possibilita uma circulao fraca. Os sistemas B e C, devido
s modernas tcnicas de bombeamento, provocam uma vigorosa movimentao do
banho provocando uma melhor igualizao do tingimento.
2.4.1 Fundamentos Tericos
A princpio, o processo de tingimento ocorre em trs etapas:
1 Passagem do corante do banho de tingimento para a superfcie da
fibra.
2 Adsoro do corante atravs de regies acessveis da fibra.
3 Difuso do corante na fibra.
Neste processo, devido grande interao corante/fibra, tratar-se- da
influncia da estrutura da fibra, da influncia da estrutura do corante e da teoria
geral do tingimento cintica e termodinmica.
2.4.1.1 Influncia da Estrutura da Fibra
Segundo BURDETT, a difuso dos corantes nas fibras e sua adsoro
dependem fortemente da estrutura fsica e qumica da fibra e de sua capacidade de
ser modificada antes ou durante o tingimento.
Fibras txteis so polmeros de alto peso molecular, que contm regies
em variado grau de ordem ou desordem molecular. Ao se correlacionar a estrutura
da fibra com o comportamento tintorial, so consideradas duas principais
caractersticas estruturais da fibra, as quais governam a capacidade de tingir:
Permeabilidade: a facilidade com que as molculas do corante se
difundem na fibra. Est relacionada com a estrutura fsica da fibra.
Constituio qumica da fibra: grupos funcionais presentes nas
cadeias moleculares da fibra.
Estas caractersticas so em grande parte determinadas na fabricao ou
no crescimento da fibra. Alm destas duas caractersticas, so tambm importantes
o tratamento prvio e condies de processo (pH, temperatura, tempo, etc.) e o
corante.
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29
2.4.1.1.1 Permeabilidade
A permeabilidade das fibras depende da proporo entre regies
amorfas e cristalinas, da orientao molecular, do tratamento prvio e, em alguns
casos, da temperatura de transio vtrea (Tg).
Os corantes, devido maior facilidade de penetrao, so adsorvidos
atravs das regies amorfas e, posteriormente, difundem-se por toda a fibra.
Assim, uma maior proporo de regies cristalinas diminui a permeabilidade.
Em todas as fibras variam as relaes entre regies cristalinas e regies
amorfas. As regies cristalinas proporcionam tenacidade e rigidez, enquanto as
amorfas proporcionam permeabilidade e flexibilidade. Esta proporo inerente
formao nas fibras naturais enquanto pode ser controlada durante o processo de
fabricao nas fibras qumicas.
Fibras qumicas, em razo dos processos de estiragem em sua
fabricao, normalmente possuem maior orientao molecular, o que dificultar a
permeabilidade. A estiragem de filamentos de poliamida, por exemplo, causa um
decrscimo na absoro de corantes, portanto, o grau de regularidade das cadeias
polimricas apresenta-se em duas formas de ordem fsica diferentes, porm
relacionadas: orientao e cristalinidade. Ambas so significativas por afetarem
fortemente a cintica e o equilbrio da adsoro dos corantes pelas fibras.
Tratamentos prvios, como mercerizao do algodo, cloragem da l ou
termofixao do polister, provocam alteraes na estrutura da fibra, influenciando
nas propriedades tintoriais.
Na temperatura de transio vtrea ocorre mudana do estado vtreo
para um estado flexvel. Acredita-se que, em nvel molecular, ocorre um aumento
do grau de rotao dos segmentos polimricos e certo relaxamento na orientao
das cadeias moleculares da fibra.
2.4.1.1.2 Constituio Qumica da Fibra
A presena de grupos funcionais est relacionada constituio qumica
da fibra. Estes grupos influenciam no comportamento tintorial conforme o tipo,
concentrao, distribuio e grau de ionizao.
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30
Outro fato a ser considerado o meio aquoso, no qual ocorre a maioria
dos processos de tingimento. O grau de intumescimento das fibras txteis imersas
em gua relaciona-se com a composio qumica da fibra e, conseqentemente,
com a capacidade tintorial. Por exemplo, a penetrao de corantes inicos solveis
em gua atravs de regies acessveis muito dependente da absoro de gua.
A facilidade de penetrao de corantes em uma fibra depende da
interao fibra/gua. Em geral, as fibras hidroflicas, como o algodo, aceitam
corantes inicos solveis em gua. Por outro lado, fibras hidrofbicas, como o
polister, que no intumescem em gua, so permeveis somente a corantes no
inicos de muito baixa hidrossolubilidade.
As fibras hidroflicas contm grupos polares que ionizam em gua e tm
uma proporo relativamente alta de regies amorfas, o que aumenta a
acessibilidade aos corantes. Este aspecto de fundamental importncia. A falta de
capacidade de inchar de algumas fibras vem da presena de poucos grupos
polares ou da ausncia dos mesmos (polipropileno, acetato e triacetato de
celulose) ou, ainda, da inacessibilidade de grupos polares devido alta
cristalinidade e/ou orientao (polister, acrlico e poliamida). O regain baixssimo
de 0,4% para fibras de polister vem da inacessibilidade dos grupos funcionais
polares da fibra, particularmente dos grupos terminais OH em virtude de sua
cristalinidade.
Fibras hidrofbicas no podem ser tintas com corantes de alta
solubilidade em gua, pois a ionizao, e assim o comportamento fortemente polar
dos corantes, produz uma reao adversa entre corante e fibra.
Os grupos funcionais presentes ou introduzidos na fibra influenciam na
afinidade pelo corante. As alteraes na constituio qumica da fibra so
acompanhadas por mudanas na estrutura fsica e, em conseqncia, estas duas
variveis so responsveis por alteraes nas propriedades tintoriais.
Tem-se, como exemplo desta situao, a modificao qumica da
celulose por acetilao. A esterificao da celulose por acetilao, ou seja,
substituio de grupos OH por grupos acetil, altera as propriedades tintoriais da
fibra. Conforme aumenta o grau de acetilao, diminui a afinidade dos corantes
aninicos solveis em gua (corantes diretos) e aumenta a dos corantes no
inicos (corantes dispersos).
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31
2.4.2 Influncia da Estrutura do Corante
A estrutura qumica e espacial do corante influencia na velocidade do
tingimento. Devido aos corantes conterem uma grande variedade de grupos
funcionais capazes de interagir com a fibra, difcil predizer a forma de atrao das
molculas de corante com a fibra. Ambos possuem grupos capazes de interagir por
atrao polar ou no polar.
Na interao corante/fibra, ocorrem fenmenos fsicos e qumicos como:
Fenmenos fsicos: atrao eltrica, estado de agregao (soluo
molecular, soluo coloidal e disperso), intumescimento da fibra,
adsoro do corante, difuso do corante e soluo de slido em
slido.
Fenmenos qumicos: ligaes por Pontes de Hidrognio, ligaes
inicas, ligaes covalentes, produo de corante na fibra por reao
de diazotao e copulao, solubilizao do corante por reduo com
posterior insolubilizao por oxidao.
2.4.3 Teoria Geral do Tingimento Cintica e Termodinmica
Para melhor compreenso do processo de tingimento, este separado
em duas etapas, conforme Figura 01:
Figura 01 Etapas do tingimento.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000).
Cf
TempoTemperatura
Cf = Corante na fibra
TERMODINMICACINTICA
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32
Fase cintica: fase em que se determina a velocidade de
deslocamento do corante para a superfcie da fibra, a sua velocidade
de adsoro e de difuso dentro dela e as influncias de
concentrao de corante e eletrlitos, pH, temperatura e relao de
banho sobre estas velocidades.
Fase termodinmica: etapa que estuda os fatores que motivam a
fixao do corante na fibra e que so chamados de afinidade.
2.4.3.1 Fase Cintica
Segundo SALEM (2000), nesta fase ocorrem a transferncia do corante
do banho para a fibra, a adsoro deste na superfcie da fibra e a difuso para o
interior. A difuso ocorre conforme a Lei de Fick, que dada pela Equao 04.
dxdc
ADdtds
**-= (04)
onde:
ds/dt = velocidade de difuso;
dc/dx = gradiente de concentrao;
D = coeficiente de difuso;
A = rea.
Na fase cintica ocorre a maior parte dos problemas de tingimento. O
fator determinante para um tingimento igualizado e bem difundido reside no
controle da velocidade de adsoro do corante pela fibra.
Geralmente se confunde a velocidade em que o processo ocorre e a
grandeza da fora motriz que provoca o processo. No tingimento, admite-se como
fora motriz a afinidade, que responsvel pela ocorrncia do fenmeno. Alm da
afinidade, tem-se um parmetro de velocidade ou grau de resistncia difuso do
corante no interior da fibra. A forma mais simples de expressar esta idia atravs
-
33
da Equao 05, onde Ft corresponde ao parmetro de afinidade e 1/R ao parmetro
de velocidade.
RFV tt = (05)
onde:
Vt = velocidade de tingimento;
Ft = fora motriz de tingimento;
R = resistncia penetrao das molculas de corante.
A velocidade instantnea do tingimento, portanto, depende de dois
fatores:
parmetro de velocidade diretamente ligado cintica;
parmetro de afinidade ligado termodinmica do processo.
A velocidade de tingimento deve ser criteriosamente confeccionada em
forma de uma curva, considerando substrato, produtos e mquina. Esta curva deve
expressar o tempo de tingimento em funo da percentagem total de corante que
montar ao alcanar o equilbrio (Ec), tanto quanto o tempo requerido para alcanar
meio esgotamento (E/2). A forma desta curva depender das condies de
tingimento, variaes de temperatura, pH, eletrlitos, etc, conforme Figura 02.
Figura 02 Curva de esgotamento de um tingimento.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
Tempo
% Ec
t 1/2
% = E/2
E
-
34
2.4.3.2 Fase Termodinmica
As molculas de qualquer composto, sejam na forma de gs, lquido ou
soluo, encontram-se em tal grau de liberdade de movimentao que tendem a
distribuir-se sobre o volume mximo acessvel a elas. Ao proporcionar-lhes um
maior volume, trataro de distribuir-se no volume total. Para reduzir o espao
ocupado, faz-se necessria uma fora externa.
A tendncia de um sistema passar espontaneamente de um estado de
alta energia a outro de menor energia estudado pela termodinmica. Esta cincia
relaciona as mudanas de energia no incio e fim de um processo, quando ocorre o
equilbrio, no considerando as fases intermedirias.
Em um sistema de tingimento, pareceria existir uma contradio ao
princpio de liberdade de movimento: uma soluo relativamente diluda de corante
se transfere em pouco tempo para um espao bem mais reduzido na fibra. Uma
fora intervem para conduzir as molculas dos corantes a permanecer na fibra.
Esta fora conhecida como afinidade.
A permanncia do corante na fibra afetada por vrios fatores:
Vibrao da estrutura molecular da fibra, a cada momento tomando
novas configuraes;
Constante bombardeio do corante pelas molculas de gua
dificultando sua fixao na fibra;
Aumento da vibrao das molculas e do bombardeio das molculas
de gua com aumento da temperatura do sistema.
Estes fatores influenciam no esgotamento e justificam por que o
rendimento no total nem a solidez aos tratamentos midos absoluta.
Aps a fase cintica, o corante entra em equilbrio entre fibra e banho, o
que constitui a fase termodinmica. No estado de equilbrio, a relao corante fibra/
corante banho expressa por uma constante de equilbrio K.
Trs comportamentos de equilbrio so representados por curvas
isotrmicas mostradas na Figura 03. Elas so afetadas de diferentes formas por
pH, eletrlitos, auxiliares de tingimento e temperatura. Cada curva isotrmica
exprime a relao entre corante na fibra (Cf) e corante remanescente no banho
(Cb). Sf representa o limite de saturao quando a fibra tem stios limitados e K a
constante de equilbrio.
-
35
Figura 03 Curvas isotrmicas comportamentos de equilbrio.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
Cf
Cb
K = Cf/Cb
Curva isotrmica de Nerst
Cf
Cb
Cf =(K*Sf*Cb)/(1+K*Cb)
Curva isotrmica de Langmuir
Cf
Cb
K = Cf/(Cb)n
Curva isotrmica de Freundlich
-
36
A curva isotrmica de Nerst a curva de equilbrio de corantes e fibras
no inicas. A distribuio por solubilidade do corante na fibra, como nos
corantes dispersos na fibra de polister.
Na curva isotrmica de Langmuir, corantes e fibras tm polaridades
opostas e interagem fortemente. Os corantes tm afinidade especfica e um limite
de saturao a fibra tem stios limitados. Esta curva representa o equilbrio entre
corantes cidos e l, corantes cidos e poliamida e corantes catinicos e fibras
acrlicas.
Na curva isotrmica de Freundlich, o corante e a fibra tm a mesma
polaridade. A interao corante/fibra fraca e as ligaes so por pontes de
Hidrognio e foras de Van der Waals. Esta curva representa o equilbrio entre
corantes diretos e fibras celulsicas.
2.5 Corantes
Para este estudo, so de interesse os corantes aplicveis s fibras
celulsicas, tais como corantes diretos, corantes sulfurosos, corantes tina,
corantes azicos, corantes reativos e corantes naturais. Entretanto, os mais
relevantes em termos de volume de aplicao, atualmente, so os corantes diretos,
sulfurosos e reativos.
2.5.1 Histria dos Corantes e dos Tingimentos
Acredita-se que tingimentos j eram praticados antes de 3000 A.C. na
China, apesar de no haver provas conclusivas. Segundo TROTMAN (1984), o
registro mais recente vem da ndia, data de 2.500 a.C. e contm referncias de
seda colorida e bordados dourados, das quais se conclui que tingimento era uma
prtica j conhecida e utilizada. A tcnica de tingimento foi transmitida atravs do
Ir para o Egito. E entre os registros das civilizaes antigas, os do Egito foram
mais bem preservados. Atravs das pinturas de paredes nas tumbas, pode-se
inferir que, por volta de 3.000 a.C. os egpcios faziam tapetes coloridos, os quais
eram pendurados em suas paredes. Tambm se infere que o cardo (Centaurea
-
37
melitensis), planta de flores amarelas, era utilizado em 2.500 a.C. para produzir
cores vermelhas e amarelas. Cerca de 1.450 a.C., os egpcios produziam material
txtil de estrutura muito delicada e eram capazes de tingi-lo com uma ampla gama
de diferentes cores. O distintivo dos patrcios Romanos Tyrian Purple - teve sua
origem na cidade fencia de Tyre. Muitos conhecimentos do tingimento clssico
foram escritos por Plnio, que deixou registradas receitas utilizadas nesta poca.
H, tambm, uma oficina de tingimento escavada em Pompia. As paredes so
decoradas com murais ilustrando como eles executavam vrias operaes.
interessante observar que uma das ilustraes de Mercrio ,portando, uma mala
de dinheiro, smbolo do fato de que, naqueles dias, tingimento era uma atividade
lucrativa.
At a metade do ltimo sculo, todos os corantes eram obtidos de fontes
naturais. O Corante Alizarina, obtido das razes de Garana (madder plant), foi
utilizado na ndia por muito tempo. Alguns destes produtos naturais foram
exportados para pases vizinhos, dos quais se espalharam para a Europa.
A maioria dos corantes naturais na poca medieval no era capaz de
produzir cores permanentes em txteis. As fibras necessitavam ser preparadas
para a recepo dos corantes atravs da impregnao de xidos de metais, tais
como o alumnio, o ferro ou o estanho. Estas substncias eram conhecidas como
mordentes. Este nome foi considerado apropriado porque se acreditava que o
xido mordia o corante e prendia-o na fibra.
O Corante Alizarina, proveniente da Garnaa, a qual era cultivada por
toda Europa e leste da ndia, produzia um vermelho leve se aplicado com xido de
alumnio, ou um roxo quase preto, se aplicado com xido de ferro.
O descobrimento do hemisfrio ocidental e a abertura de rotas de
navegao para as Amricas trouxeram novos corantes naturais para o mercado
da Europa. Entre eles est o Pau-Brasil, que contm um corante solvel em gua,
que produz vermelho com a utilizao de xido de alumnio, marrom com xido de
ferro e rosa com xido de estanho.
Outro corante, a Cochonilha, veio da Europa para o Mxico, e era obtido
do inseto fmea da espcie Coccus cacti, produzindo uma cor vermelha intensa
com xido de alumnio.
No ano de 1856, um evento modificou as prticas de tingimento. A nova
era foi iniciada por Willian Perkin, filho de um construtor de Londres, que estava
-
38
inicialmente destinado a seguir os passos de seu pai. Ele foi enviado Escola da
Cidade de Londres, uma das poucas que ensinava cincias nestes tempos. Seu
professor notou sua aptido para qumica e o recomendou para continuao dos
estudos com o cientista alemo Hoffmann.
Hoffmann dirigiu seus estudos para a sntese do quinino e Perkin
executou a reao. Em seus experimentos, ele oxidou anilina com bicromato de
potssio e obteve um precipitado preto. Quando este material foi extrado com
etanol, uma soluo prpura foi obtida, e mais alguns experimentos convenceram-
no que ele havia produzido um corante. Esta substncia derivou de um produto
inicial orgnico simples, obtido a partir de uma destilao de hulha. Acidentalmente
Perkin havia sintetizado a malvena.
Os primeiros corantes sintticos pertenceram classificao de bsicos
ou catinicos, assim chamados pois o on colorido era um ction. Em 1892,
Nicholson produziu o cido sulfnico, criando uma nova classe de corantes cidos
ou aninicos.
A Alizarina possui referncias que indicam que foi um dos corantes
naturais mais utilizados nos tempos medievais. Em 1868, Graebe e Liebermann na
Alemanha, e Perkin, na Inglaterra, quase simultaneamente descobriram mtodos
de sintetizar a Alizarina. Perkin iniciou a produo de Alizarina em 1869 e Graebe e
Liebermann, um ano mais tarde.
Em 1858, uma descoberta importante foi realizada por Peter Griess. Ele
descobriu a reao de diazotao. Quando aminas primrias so tratadas com
cido ntrico, elas formam sais diazos como ilustrado na equao a seguir:
[ ] OHClNNHCHNOHClNHHC 2562256 2.. +=++ -+M
A propriedade importante deste composto que ele ir se ligar com
aminas aromticas e derivados de hidrxidos para formar produtos altamente
coloridos, os quais, quando solubilizados por sulfonao, do origem a uma grande
gama de corantes conhecidos como corantes azo. Um exemplo deste tipo de
reao dado pelo exemplo a seguir:
( ) [ ] ( ) HClHCNNHCNCHHCNNClHCNCH ++ +- 564623565623 .:...... M
-
39
O corante Laranja II (C.I. Laranja 7) um exemplo de um corante cido
preparado pela ligao do cido sulfanlico diazotado com -naftol:
At 1884, todos os corantes sintticos existentes no eram substantivos
para o algodo, o qual era tinto por processos complexos e longos. Havia a
necessidade de mtodos simples para produo de roupas em massa com o
advento da Revoluo Industrial. Nesta poca, Bttiger preparou Vermelho Congo
e descobriu que este corante tingia o algodo simplesmente fervendo o substrato
em uma soluo de corante. Logo surgiram vrios corantes similares, chamados
corantes diretos, os quais so utilizados at hoje em muitas aplicaes. O ponto
fraco desta classe de corantes era a falta de solidez lavagem e a outros
tratamentos midos.
Muitas pesquisas foram realizadas a fim de obter corantes para celulose
com maior resistncia a tratamentos midos. Em 1954, Ratte e Stevens
descobriram os corantes que continham grupos diclorotriazinil, os quais formavam
ligaes covalentes com a celulose atravs do aumento do pH. Esses eram os
primeiros corantes reativos, que eram especficos para celulose. Com o avano das
investigaes, outros grupos reativos foram incorporados s molculas de
corantes, estendendo a aplicao destes corantes s fibras proticas.
Na Tabela 01 tem-se um resumo dos principais eventos da evoluo dos
corantes sintticos. Atualmente, so muitas as opes de corantes com excelentes
valores para as propriedades de solidez a tratamentos midos, solidez luz, etc.,
com processos simplificados para as diversas fibras existentes no mercado.
SO3H N+ NCl- +
OH
SO3H
N = N
OH
+ HCl
cido sulfanlico diazotado -naftol Laranja II
-
40
Tabela 01 Evoluo dos corantes sintticos.
Ano Ocorrncia
1856 Sntese da Malvena (Perkin)
1858 Reao de diazotao (Griess)
1859 Sntese da Magenta (Verguin)
1862 Reao de sulfonao (Nicholson)
1873 1 Corante sulfuroso (Croissant e Brentoniere)
1876 Sntese da Crisoidina: 1 corante azo
1880 Sntese da Alizarina
1880 1 Corante azico (Thomas e Robert Holiday)
1884 1 Corante direto Vermelho Congo
1894 Sntese do ndigo
1901 1 Corante Tina
1922 Corantes indigosois (tina pr-reduzidos)
1924 Corantes dispersos
1935 Corantes de ftalocianina
1956 Corantes reativos: DCT
1960 Corantes catinicos modificados
Fonte: Salem, 2000.
2.5.2 Definio, Propriedades e Estrutura Qumica
Segundo SALEM (2000), matrias corantes so compostos orgnicos
capazes de colorir substratos txteis ou no txteis, de forma que a cor seja
relativamente resistente degradao causada pela luz e slida a tratamentos
midos.
Conforme ARAJO E CASTRO (1987), as substncias corantes tm a
propriedade de absorver somente determinadas radiaes, difundindo as restantes,
provocando a sensao de cor.
Elas podem ser classificadas em:
-
41
Corantes: substncias solveis ou dispersveis no meio de aplicao.
No tingimento, so adsorvidos e difundem para o interior da fibra. H
interaes fsico-qumicas entre corante e fibra.
Pigmentos: substncias insolveis em gua. So aplicados na
superfcie da fibra e fixados mediante resinas sintticas.
Algumas propriedades relacionadas aos corantes foram definidas para
que se possa avaliar o comportamento tintorial destes e encontrar o melhor
processo de tingimento. So elas:
Substantividade: a capacidade do corante de se deslocar do banho
de tingimento para a fibra.
Reatividade: a capacidade de reagir com a fibra. A reatividade
medida pela velocidade da reao em funo da concentrao de
lcali e da temperatura. Quanto maior a concentrao de alcalina ou a
temperatura que o corante necessita para reagir, menor a sua
reatividade.
Alm delas, outras propriedades so necessrias para que o corante
seja til para aplicao txtil. Entre elas, tem-se: cor intensa, afinidade
(substantividade ou reatividade), solubilidade permanente/temporria ou
dispersabilidade, difundibilidade e solidez.
Tambm a constituio qumica dos corantes possui alguns aspectos
importantes que influenciam no processo de tingimento e na solidez luz e a
tratamentos midos. O tamanho da molcula, os grupos funcionais presentes, a
planeidade e o nmero de grupos inicos interferem na difuso da mesma pela
fibra e, conseqentemente, na solidez do substrato tinto.
Os grupos funcionais so divididos em:
Grupos cromforos: so responsveis pela cor. Na Figura 04, esto
alguns exemplos.
-
42
Figura 04 Grupos cromforos.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
Grupos auxocromos: intensificam as cores e proporcionam afinidade
tintorial. Na Figura 05, tem-se exemplos destes grupos.
Figura 05 Grupos auxocromos.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
Grupos solubilizantes: so grupos que proporcionam solubilidade
permanente ou temporria. Na Figura 06 tem-se os exemplos de cada
situao.
- NH2
- NHR ou - NR2
- COOH
- OH
Amino
Amino substitudo
Carboxlico
Hidroxlico
N
N
N
N - O O
N - N -
P-quinona O-quinona Azo Azoxi Nitro Nitroso
-
43
Figura 06 Grupos solubilizantes.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
Grupos que proporcionam ligaes com a fibra: so grupos que se
ligam fisicamente (pontes de hidrognio ou Foras de Van der Waals),
quimicamente (ligaes covalentes) ou atravs de insolubilizao do
corante no interior da fibra, mediante oxidao do grupo
temporariamente solvel.
No que diz respeito classificao dos corantes, para os qumicos
interessa, fundamentalmente, a constituio qumica, enquanto que para os txteis
interessa o comportamento tintorial, relacionado com a aplicao s diferentes
fibras txteis. A classificao pela estrutura qumica dada conforme o grupo
principal, como por exemplo: nitrofenol, nitrosofenol, azo, trifenilmetano,
antraquinona, ftalocianina, vinilsulfnico, pirimidina, triazina, entre outros. A
classificao pela aplicao a mais comumente encontrada e est demonstrada
na Tabela 02.
At meados do sculo XIX, apenas eram utilizados os corantes naturais,
cujo nome estava relacionado com a planta/animal/mineral do qual eram extrados.
Com o aparecimento dos corantes sintticos, a nomenclatura ficou mais complexa.
Criou-se, ento o Color Index, uma espcie de dicionrio dos corantes, no qual
esto relacionados os corantes comerciais existentes.
Grupo sulfnico: corantes cidos, corantes diretos, corantes reativos.
Solubilidade Permanente
N+ Cl- Aminas quaternrias: corantes
catinicos.
Solubilidade Temporria
SO3 Na+
C C
O Na+ O
(O)
(H)
Grupo enlico (leuco solvel)
Grupo cetnico (insolvel)
-
44
Tabela 02 Classificao dos corantes por aplicao.
Corantes CEL WO S CA CT PA PES PAC
Diretos X (X) X (X)
Reativos X (X) X (X)
Sulfurosos X
Azicos X
A Tina X
Leuco steres X
Bsicos N N N N N N N N
Catinicos X
cidos X X X
Complexos metlicos X X X
Cromo X X
Dispersos X X (X) X (X)
Pigmentos X
Legenda:
X = Aplicado
(X) = Sortimento limitado. Aplicado com restries quanto solidez ou afinidade.
N = No recomendado para txteis.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
2.6 Corantes Diretos
Os corantes diretos so tambm conhecidos como corantes substantivos,
devido grande substantividade em relao fibra celulsica. A maioria so
compostos azicos sulfonados e muitos deles tambm tingem fibras proticas. So
muito similares aos corantes cidos em sua constituio, porm em geral, possuem
cadeias mais longas, no havendo uma clara demarcao entre estas duas
classes. Existem molculas simples monoazo ou poliazo, bem como molculas
complexas derivadas de ftalocianina, como no C.I. Azul Direto 86.
Segundo SALEM (2000), um corante direto, para ser substantivo para
com a celulose, deve atender aos seguintes requisitos:
Linearidade: O corante deve situar-se paralelamente celulose para
poder estabelecer as ligaes por pontes de Hidrognio. Para isso
precisa ter uma estrutura linear, conforme Figura 07.
-
45
Coplanaridade: Pelo mesmo motivo citado no item anterior, a
molcula do corante deve estar inteiramente no mesmo plano,
conforme Figura 07.
Pontes de Hidrognio: O corante deve ter grupos qumicos que
possibilitem as ligaes por pontes de Hidrognio. Tais grupos podem
ser amnicos, fenlicos, azicos ou amdicos, conforme indicao (3)
na Figura 07.
Sistemas conjugados de duplas ligaes (grupos azo): Estes sistemas
favorecem a linearidade e a coplanaridade, conforme indicao (4) na
Figura 07.
Grupos solubilizantes: So grupos sulfnicos localizados em posio
oposta aos grupos que fazem as pontes de hidrognio, conforme
indicao (5) na Figura 07.
Figura 07 Modelo de estrutura dos corantes diretos e de sua fixao
celulose por pontes de Hidrognio.
Fonte: Salem, V Curso de Tingimento Txtil Mdulo 1 (2000)
- N=N - - N=N -
SO3Na
NH
H
SO3Na
NH
H
O-
H
H
OH
H
OH
H
OH
H
OH
O
O
CH2OH
H
CH2OH
H
O
H H
H
H
OH
O-
H
CH2OH
H O
H
OH
O
H
(5) (5) (4) (4)
(3) (3)
(1)
Corante
Celulose
(2)
-
46
2.6.1 Mecanismo da Substantividade dos Corantes Diretos
Segundo TROTMAN (1984), uma explicao satisfatria para o
tingimento de celulose com corantes diretos tem apresentado muitas dificuldades.
As primeiras proposies assumiam que a formao das pontes de Hidrognio
eram as responsveis pela ligao corante-fibra. Novos estudos trouxeram
evidncias que, alm destas, grupos hidroxilas para os quais se assumia
participarem na formao das pontes de hidrognio, esto firmemente ligados a
uma fina camada de molculas de gua que podem causar interferncia. Este fato
foi confirmado experimentalmente atravs de medidas de monocamadas de
superfcie corantes diazo ativos sobre gua contendo celobiose. H, tambm, a
possibilidade de ocorrerem ligaes fracas cido-base entre os grupos hidroxilas da
celulose e os grupos amino das molculas do corante.
Mais recentemente, tem sido dada nfase ao comportamento da
molcula do corante dentro da fibra. A absoro de luz passando atravs de uma
fase proporcional ao nmero de molculas situadas no caminho. Pela forma da
curva de absoro versus concentrao, possvel calcular o grau de agregao
das molculas. Com estas observaes, evidenciou-se que as molculas de
corante esto mais agregadas na fibra que em soluo. Isso significa que o corante
entra na fibra em um estado menos agregado e dentro da fibra, torna-se mais
agregado, ou seja, o corante pode somente migrar irreversivelmente, tornando-se
permanentemente fechado. A existncia de agregados na fibra foi confirmada por
microscopia eletrnica.
A relao entre a configurao molecular do corante, permitindo uma
orientao que plana em relao superfcie da fibra, sugere que foras de Van
der Waals provavelmente possuem uma participao importante. Interaes
hidrofbicas podem tambm contribuir para a ligao do corante celulose.
Entretanto, no h explanao satisfatria que cubra todos os casos de tingimento
de celulose com corantes diretos.
A isoterma de adsoro para o C.I. Amarelo Direto 12, mostrada na
Figura 08, tpica para a maioria dos corantes diretos e corresponde a uma
isoterma de equilbrio de Freundlich.
-
47
0
4
8
12
0,00
0
0,12
5
0,25
0
0,37
5
0,50
0
0,62
5
0,75
0
Concentrao no banho (g/l)
Co
nce
ntr
ao
no
cel
ofa
ne
(g/k
g)
Figura 08 Isoterma para o C.I. Amarelo Direto 12 a 60C.
Fonte: TROTMAN, E.R. Dyeing and Chemical Technology of Textile
Fibers. 6. Ed. Charles Griffin & Company Limited, England, 1984.
Isso indica que, para corantes diretos, oportunidades para pontes de
hidrognio e foras de Van de Waals ligarem o corante so praticamente ilimitadas.
A limitao que imposta a disponibilidade de superfcie para ligao, mas isso
no termina abruptamente, porque, assim que as reas acessveis tornam-se
preenchidas, mais reas inacessveis gradualmente tm que ser ocupadas.
2.6.2 Ao dos Eletrlitos
A adio de eletrlito ao banho de tingimento tende a promover exausto
dos corantes diretos, apesar de o efeito ser diferente para os diversos corantes.
Isto pode ser visto na Figura 09, na qual se tem o percentual de exausto com
diferentes quantidades de Sulfato de Sdio Anidro para o corante A e para o
corante B.
-
48
A
B
0
20
40
60
80
100
0 10 20 30 40
Sulfato de sdio anidro (%)E
xau
sto
(%
)
Figura 09 Efeito da adio do eletrlito sobre a exausto de corantes
diretos.
Fonte: TROTMAN, E.R. Dyeing and Chemical Technology of Textile
Fibers. 6. Ed. Charles Griffin & Company Limited, England, 1984.
Na Figura 09 pode-se observar que o corante A no muito sensvel ao
sal, mas o corante B bastante afetado, tendo um acrscimo significativo no
percentual de exausto.
Fibras celulsicas assumem carga negativa quando imersas em gua e,
assim, repelem os ons negativos do corante. A misso dos eletrlitos neutros
fundamental, especialmente nos tingimentos intensos, dado que fornecem ons
positivos que reduzem ou neutralizam a carga negativa das fibras celulsicas em
dissoluo. Assim, facilitam a aproximao dos ons de corante, permitindo que
pontes de Hidrognio ou foras de Van der Waals se tornem efetivas.
Quanto maior a eletronegatividade do on do corante, maior ser a
repulso exercida pela fibra. esperado que a efetividade do eletrlito, ao
promover a exausto, dever variar diretamente com o nmero de grupos
sulfnicos na molcula. O nion do C.I. Amarelo Direto 12, cuja frmula est na
Figura 10, tem duas cargas e tingir o algodo profundamente sem a adio de
eletrlito.
-
49
Figura 10 Frmula C.I. Amarelo Direto 12.
Fonte: TROTMAN, E.R. Dyeing and Chemical Technology of Textile
Fibers. 6. Ed. Charles Griffin & Company Limited, England, 1984.
O C. I. Azul Direto 1, cuja frmula est representada na Figura 11, possui
quatro grupos cidos sulfnicos na molcula. Este corante somente suja a
celulose antes da adio do eletrlito. Aps, o corante possui uma boa exausto.
Figura 11 Frmula C.I. Azul Direto 1.
Fonte: TROTMAN, E.R. Dyeing and Chemical Technology of Textile
Fibers. 6. Ed. Charles Griffin & Company Limited, England, 1984.
2.6.3 Efeito da Temperatura
O aumento da temperatura diminui a quantidade de corante adsorvida
pela fibra no equilbr