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Desvendando o segredo de como educar filhos e alunos. 1 LICELENE GONÇALVES. Pedagoga e escritora. DESVENDANDO O SEGREDO DE COMO EDUCAR FILHOS E ALUNOS. EDUCAÇÃO NA PRÁTICA. São Paulo. 2013.

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Desvendando o segredo de como educar filhos e alunos.

1

LICELENE GONÇALVES.

Pedagoga e escritora.

DESVENDANDO O SEGREDO

DE COMO EDUCAR FILHOS

E ALUNOS.

EDUCAÇÃO NA PRÁTICA.

São Paulo.

2013.

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Licelene Gonçalves. 2

Este livro foi diagramado e produzido

pela EDIÇÃO POR DEMANDA,

uma encomenda do autor que detém

todos os direitos de conteúdo,

comercialização, estoque e distribuição

dessa obra.

INTRODUÇÃO.

Esse é um livro que de forma prática e palavras simples nos desvenda o difícil universo do educar. Educar palavra simples mais de complicado entendimento.

Quando nos vemos educadores na prática o que fazer?

Quando nos vemos pais, tão lindo verbo o que fazer?

É assim que nos sentimos um ponto de interrogação.

Educar é amar dizem uns;

Educar é dizer não, dizem outros;

De qualquer forma sempre podemos aprender e esse livro nos mostra a melhor forma de dizer: amo-te, porem vou te educar.

Luiza Elaine Gonçalves

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CRIAR OU EDUCAR?

Gerar filhos não é apenas uma função biológica, pode-se pensar que fecundação, gestação, nascimento e educação, são fatos que não exigem preparação e tratamento especiais, estão errados, talvez se possa dizer que a um ou dois séculos atrás, não houvesse ainda tanta necessidade de nos prepararmos para que todos esses atos fossem realizados com plena consciência e acerto. Hoje, no entanto, cada pessoa que não esteja totalmente preparada, percebe que os conhecimentos adquiridos pela tradição não são mais suficientes.

Em geral, os padrões e normas que ainda serviam há dois séculos não conduzem mais uma educação que satisfaça as exigências da consciência moderna.

EDUCAR HOJE É DIFERENTE?

Hoje em dia educar é bem diferente, pois o ambiente, a situação econômica da sociedade e o fácil

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acessam as informações fazem com que as circunstâncias educativas de hoje não tenham precedentes.

Temos que ter em mente os seguintes objetivos:

O que queremos conseguir com os nossos filhos e alunos?

Quais conhecimentos, capacidades e virtudes, querem que eles adquiram e desenvolvam?

São muitos os caminhos, mas uma coisa é certa: é impossível dar conta de toda a informação que é produzida diariamente por todos os cantos do planeta. Mas como selecionar?

Queremos para nossos filhos e alunos o melhor e gostaríamos de prepará-los da melhor forma para o futuro.

Queremos que nossos filhos e alunos se tornem seres sociais, úteis e produtivos e que se apropriem de certos valores e atitudes positivas frente à vida. Para isso precisamos prestar mais atenção à formação humana e de caráter.

FORMAÇÃO HUMANA.

A formação humana se dá por duas influências:

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- Transmissão genética.

- Aprendizagem pelo ambiente exterior.

Os conhecimentos que são transmitidos geneticamente são conhecidos como Instinto Guia. Eles ordenam as ações primárias (respirar, mamar, chorar) de todos os seres vivos e permitem o desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos, constituindo assim a base do ser humano.

A formação do ser humano se dá por três partes:

A Matéria, onde a tendência natural nessa parte é a satisfação dos sentidos, o verbo mais usado nessa parte é PRATICAR.

A Inteligência, onde a tendência natural é buscar a verdade, o verbo mais usado nessa parte é APRENDER.

A Vontade, onde a tendência natural é fazer o bem, o verbo mais usado nessa parte é QUERER SER.

PERÍODOS SENSITIVOS.

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Tanto no crescimento como no amadurecimento de uma pessoa há uma série de momentos (chamados períodos sensitivos) nos quais a maturação cerebral e pessoal facilita a rápida aquisição de certas aprendizagens.

Períodos - correspondem a uma determinada etapa.

Sensitivos - porque são independentes da vontade.

Os períodos sensitivos correspondem, por um lado, a procriação e por outro à formação.

Procriação - são repetitivos durante o tempo de fertilidade do ser vivo.

Formação - ocorrem de uma só vez e desaparecem ao chegar à idade adulta.

Pessoas - Somos seres:

Racionais

Únicos

Transcendentais

Possuímos vontade

Livres e responsáveis à liberdade responsável.

Liberdade responsável: só se é livre quando se pode escolher. Quanto melhor nossas escolhas, melhor o uso de nossa liberdade. Responder bem (responsabilidade) ao nosso dever perante Deus, ao próximo e a si próprio é o que caracteriza a liberdade responsável.

Período sensitivo: cada etapa se torna mais fácil aprender algo; uma habilidade porque se baseia na força de vontade e no trabalho.

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Durante os períodos sensitivos as células cerebrais se acomodam a uma determinada ação, que dão por aprendida de uma maneira natural. Por outro lado são capazes de repetir a ação mencionada de forma também natural e sem esforço, durante o resto de sua vida, sempre que funcione o mecanismo da memória.

Quando se aprende algo fora do Período Sensitivo as células cerebrais se encontram com uma certa rigidez dificultando a aprendizagem necessitando assim, utilizar-se de sua vontade e esforço para o aprendizado.

OS INSTINTOS GUIA SÃO OS

CONHECIMENTOS INATOS QUE

TODAS AS PESSOAS POSSUEM.

Para entendermos melhor a ligação de Instintos Guia e Períodos Sensitivos podemos dizer, por exemplo, que a capacidade de IMITAR constitui um Instinto Guia e a ânsia de repetir as coisas é um Período Sensitivo.

ADQUIRINDO HÁBITOS.

Os hábitos bons são a base das virtudes e podem começar a ser vividos desde o nascimento.

A palavra valor não é sinônimo de virtude, por que:

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Valor - Ajuda as pessoas a praticarem o bem

Virtude - É um hábito operativo bom, feito com liberdade (conhecido e querido pela própria pessoa.

Para adquirir um hábito a pessoa necessita de:

ESFORÇO E REPETIÇÃO - TER VONTADE SEM COAÇÃO - DE FORMA CONSCIENTE (LIVRE) - PRECISA “QUERER”

Todo ato repetido gera um circuito cerebral que facilita agir daquela maneira.

ATOS LIVRES:

São atos conscientes e queridos pela pessoa que os faz.

Ato bom: aperfeiçoa a pessoa que o faz.

Ato mau: faz mais imperfeita a pessoa que o faz.

Com LIBERDADE - ter a capacidade de decidir-se, para dirigir a própria vida e ser “dono dos meus atos”.

FAZENDO O BEM A PESSOA TORNA-SE MAIS LIVRE, SE GANHA EM LIBERDADE.

O primeiro passo para educar em virtudes é ajudar os filhos a adquirirem hábitos bons desde pequenos.

VIRTUDES HUMANAS.

A família é a primeira escola de valores, é onde os filhos crescem motivados pelo amor porque são amados pelo que são. Na família é que se dá a formação da pessoa e o desenvolvimento da personalidade.

Os valores são adquiridos pelas vivências comuns, sendo importantes os fatos e exemplos, mais do que as palavras.

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É importante destacar que os pais, para formar seus filhos no desenvolvimento das virtudes humanas, precisam aproveitar os acontecimentos cotidianos da vida familiar promovendo os valores que querem que se vivam no lar.

Tendo em conta que cada família é diferente, e que cada filho e cada pai requer uma atenção diferente, vamos considerar com brevidade, um esquema de virtudes por idade, tendo em conta os traços estruturais das idades e a natureza das virtudes.

ATÉ OS 6 ANOS:

Antes de a criança completar 7 anos ela possui apenas o uso da razão, sua aprendizagem realiza-se pela imitação e repetição, é fundamental o bom exemplo dos pais e educadores.

Devemos animá-los, a cumprir por amor, para ajudar seus pais e professores, e assim começar os primeiros passos com relação às virtudes da obediência, sinceridade e ordem.

Obediência:

Para que ocorra a obediência é necessário que a informação seja:

- Clara - a criança deve saber o que se espera dela.

- No momento oportuno - não em momentos de irritação ou aborrecimentos.

- Apoiada - com uma exigência serena, perseverante, amorosa e alegre.

- Reconhecer seus esforços depois - terão mais interesse em obedecer.

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Uma aliada da obediência é a autoridade que quando exercitada ajuda na atuação ordem. Quando pais e professores exigem algo, é necessário que se esforce por exigir o cumprimento de tudo o que mandam e não retrocederem até que a criança tenha-o feito.

Quando existe o hábito da obediência, o exercício da autoridade se simplifica.

Obedecer é uma necessidade de convivência – que isso fique claro aos filhos (pais obedecem às leis, seus superiores, as regras sociais, etc.). Pessoas que obedecem livremente e porque querem, são mais livres e responsáveis.

“AUTORIDADE E OBEDIÊNCIA REQUEREM UM CLIMA DE CONFIANÇA”.

Ordem:

A ordem é uma virtude que está na base de todas as demais virtudes humanas e lhes servem de apoio. Proporciona confiança, segurança e evita contratempos.

Saber organizar-se é algo que se aprende desde pequeno:

Regularidade nos horários de:

- sono.

- alimentação.

- higiene.

- passeio.

- organizar suas roupas.

- guardar os brinquedos quando terminar de brincar.

É importante lembrar que os pais e professores devem ser muito pacientes e perseverantes, sendo modelos de conduta ordenada (ordenar livros na biblioteca, ordenar

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e limpar a casa, ajudar os pais na arrumação da casa – armários, roupas, etc.)

“ATENÇÂO: COM A MESMA FACILIDADE QUE IMITAM A ORDEM, IMITAM A DESORDEM”.

Sinceridade:

Desde pequenos, as crianças já distinguem entre verdade e mentira. Sabem que a mentira é algo que não deve ser feito e o motivo para que sejam sinceros é o fato de que seus pais e professores os amam e estarão sempre dispostos a corrigirem seus erros.

Com o uso da razão, começam a entender a importância da sinceridade e seu valor moral, que “é bom dizer a verdade”, esforçando-se para vivê-la mesmo que algumas vezes seja custoso.

Para desenvolver o hábito da sinceridade deve se estimular as crianças para que contem coisas de sua vida diária. Se não há comunicação, não há como orientá-los.

O exemplo, dos pais e professores, é de fundamental, pois a criança possui uma enorme facilidade de captar a sinceridade que seus pais e educadores demonstram.

A educação da sinceridade deve ter um enfoque positivo, além de descobrir e castigar possíveis mentiras deve-se insistir no valor da sinceridade como algo próprio de crianças valentes e de elogiar os atos concretos de sinceridade.

Como trabalhar a sinceridade com as crianças:

- Pedir perdão quando se incomodou a alguém e compensar-lhe;

- Evitar os apelidos e os gestos que ferem;

- Evitar o ridículo aos demais;

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- Falar confiadamente com seus pais e professores de suas preocupações;

- Não mentir nos jogos e não trapacear;

- Não acusar os colegas ou irmãos;

- Avisar-lhes para que possam retificar;

- Não falar mal dos irmãos e colegas;

- Admitir o próprio erro ou equívoco sem ficar inventando desculpas.

DESENVOLVIMENTO DA

INTELIGÊNCIA.

O desenvolvimento intelectual das crianças não depende apenas da genética, mas também depende do grau de estimulação que recebeu durante seus primeiros anos.

No útero, o cérebro registra o que percebe no meio fluído no qual se encontra: vai arquivando impressões auditivas, gustativas, luminosas e sinestésicas (emoções da mãe, palavras ternas, batidas do coração da mãe, música suave, etc.)

O funcionamento do cérebro determina sua estrutura e quanto mais o façamos funcionar, mais e melhor ele se estruturará. O cérebro de uma criança cresce tanto quanto mais oportunidades lhe damos.

“QUANTO MAIS E MELHOR AMADUREÇA E SE ORGANIZE UM CÉREBRO, MAIOR SERÁ SUA CAPACIDADE PARA APRENDER.”

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Ao falarmos de estimulação do sistema nervoso central, nos referimos à estimulação de cada um dos cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato.

Uma criança que recebe no útero durante os primeiros meses, e depois até os sete anos, a estimulação adequada, fará com que em seu córtex cerebral se crie uns circuitos neurais que serão as bases, previamente estabelecidas durante estes primeiros anos, para aprender no futuro.

Nos seis primeiros anos de vida a criança imita constantemente aquilo que a rodeia; daí a necessidade de que os entorno familiar, escolar e social sejam ricos em estímulos e que os educadores – os pais (os primeiros) e professores – se conscientizem da conveniência de mostrar o mais claramente possível o que desejam que a criança aprenda.

Oferecer numerosas ocasiões para que a criança desenvolva ao máximo seus sentidos facilitam e enriquecem o desenvolvimento e a configuração do cérebro.

OS BITS DE INTELIGÊNCIA.

Um bit seria uma mensagem esquemática e elementar (um desenho, por exemplo) que apresentamos à criança para que ela capte. Os fatos são à base de inteligência, na qual devemos potencializá-la para novas aprendizagens.

Um bit deve conter um controle de qualidade:

- Ter detalhes preciosos.

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- Conter só um elemento.

- Estar bem definido.

- Ser novo.

- Ser grande.

- Ser claro.

- Seguindo regras básicas.

Para que servem os bits de inteligência?

Para dar à criança a máxima informação que possa receber com o mínimo esforço por sua parte: olhar e prestar atenção. Posteriormente, ela construirá sua aprendizagem mediante associação e raciocínio. Além disso, desenvolve a observação, o vocabulário, a audição, o interesse por novos fatos.

Fatos:

São a base sobre a qual a inteligência é construída;

Sem fatos não existe inteligência;

Fatos individuais são pedaços de inteligência;

O primeiro requisito para que exista inteligência é a habilidade de receber fatos;

O segundo requisito para que exista inteligência e a habilidade para armazenar fatos;

O terceiro requisito para inteligência é habilidade de recorrer a fatos armazenados para utilizá-los como conhecimentos úteis;

O quarto requisito para inteligência é habilidade de usar fatos, conhecimentos, e leis para solucionar com sucesso problemas de importância crescente;

O quinto requerimento para inteligência é a habilidade de combinar e permutar fatos e conhecimentos para descobrir novos fatos e leis;

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O primeiro passo para multiplicar a inteligência de seu bebê é alimentá-lo com um número enorme de fatos simples;

O segundo passo para multiplicar a inteligência de seu bebê é apresentar os fatos com uma freqüência que assegure seu armazenamento permanente;

O terceiro passo para multiplicar a inteligência de seu bebe é prover oportunidades freqüentes para recorrer a estes fatos para propósitos úteis;

O quarto passo para multiplicar a inteligência de seu bebê é apresentar-lhes oportunidades crescentes de resolver problemas de importância crescente;

O quinto passo para multiplicar a inteligência de seu bebê é apresentar-lhe um conjunto de fatos relacionados com os quais ele possa combinar e permutar em um número enorme de maneiras úteis.

REGRAS BÁSICAS PARA AJUDAR A VIVERMOS MELHOR.

Fazer aos demais o que gostaríamos que fizessem para nós

Cuidar dos detalhes, das pequenas coisas – “Poderemos vencer grandes desafios se quisermos vencer os pequenos”.

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O PRINCÍPIO DE TODO ATO

EDUCATIVO. NÃO “RECEITAS”,

MAS “PRINCÍPIOS”.

Por outro lado, aprender o “ofício'” de pai e professor não consiste em se abastecer de um conjunto de receitas ou soluções já dadas e imediatamente aplicáveis aos problemas que vão surgindo. Nem tampouco de um amontoado de técnicas infalíveis.

Tais receitas e tais técnicas não existem.

Pelo contrario, há princípios ou fundamentos da educação que iluminam as diferentes situações: os pais devem conhecê-los muito a fundo, até fazê-los pensamento de seu pensamento e vida de sua vida, para com ele e, quase sem necessidade de deliberações, encarar a prática diária.

De fato não se trata de uma tarefa simples.

Tendo isto claro e sem muitas pretensões, teremos dois ou três dos principais critérios e sugestões sobre a educação. Mostrarei o fundamento de toda ação educativa.

As chaves da educação e de todas as tarefas que leva consigo se encerram num só termo – amar – e nos dois corolários que daí se seguem:

a) O primeiro, a necessidade constante de aprender a amar, sem nunca dar a impressão de que não sabe fazê-lo, ao contrario do que muitas vezes nos acontece.

b)Não se aprende a amar e a educar como por arte de magia, mas fazendo tudo o que estiver nas

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próprias mãos para querer cada vez melhor. Aprender a amar é a “grande matéria da vida”, aquilo para o que viemos a este mundo.

Vejamos como se concretiza o que acabamos de sugerir.

AMOR AOS FILHOS E ALUNOS.

AMOR AUTÊNTICO E REAL.

A primeira coisa que os pais e professores precisam para educar é um verdadeiro e autêntico amor a seus filhos e alunos.

A educação requer, além de “um pouco de ciência e experiência, muito senso comum e, sobretudo, muito amor”.

Em outras palavras, é preciso dominar alguns princípios pedagógicos e trabalhar com sensatez, mas sem supor que é suficiente aplicar uma bonita teoria para conseguir resultados seguros. Tudo isso seria insuficiente sem o elemento indispensável que é o amor autêntico e verdadeiro.

Se não amarmos a nossos filhos, nem sequer faremos caso deles... Exceto quando “nos” criarem problemas, “cada criança -justamente por sua condição de pessoa- é uma realidade absolutamente única”, diferente de todas as outras. Não se trata de um caso entre muitos outros. Daí, que nenhum manual será capaz de explicar e resolver este presumido “caso” concreto: é preciso aprender a modular os princípios de acordo com o

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temperamento, a idade e as circunstâncias em que se encontram os filhos e alunos.

Por conseqüência, cada um deve ser tratado da maneira como lhe corresponde, não todos por igual, como às vezes pretendemos, inclusive convencidos que isso é o mais correto.

Mas para tratar cada filho e aluno como merece e necessita é indispensável conhecê-lo bem; e só o amor permite conhecer cada um deles tal como é hoje e agora – e como está chamado a ser no futuro – e agir em função deste conhecimento. Por outro lado, especialmente hoje, haveria que distinguir entre o autêntico amor, que busca o bem real do amado, que efetivamente o ajuda a melhorar, e seus múltiplos sucedâneos: o amor próprio mais ou menos disfarçado de compaixão, ou de ternura, a paixão, o capricho, a pieguice, etc.

AMOR CLARIVIDENTE.

O verdadeiro amor nunca é cego, mas, ao contrário: sagaz e penetrante.

De fato, será este amor o que ensinará aos pais e professores:

A descobrir as qualidades que devem potencializar em seus filhos, em lugar de fixar-se e insistir monótona e exclusivamente na correção de seus defeitos. A ensinar o momento mais adequado para “estar” e para “desaparecer”, para falar e para calar; questão que adquire especial relevância na adolescência...

Encontrar um tempo para brincar com as crianças e se interessar por seus problemas, sem submetê-los a um interrogatório, e o de respeitar sua necessidade de estar sozinho.

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Em toda esta difícil arte, os pais são insubstituíveis; há ajudas mais ou menos eficazes, mas o definitivo são sempre eles, no plural: o pai e a mãe.

Amor mútuo

A primeira coisa que o filho precisa para ser educado é que seus pais se amem entre si, ou no caso de pais separados, que se respeitam e tem um bom convívio.

Expressões como esta são encontradas freqüentemente na boca de tantos pais que aparentemente se preocupam com seus filhos – alimentos sadios, reconstituintes e vitaminas, brinquedos mais e mais sofisticados, roupas e outros presentes de marca, férias à beira mar ou na neve, diversões sem limite nem de tempo, nem de dinheiro... -. Mas se esquecem da coisa mais importante que os filhos precisam: que os próprios pais se amem e estejam bem unidos.

O carinho mútuo dos pais é o que tem feito com que os filhos venham ao mundo. E este mesmo amor – o dos pais entre si – deve completar a tarefa começada, ajudando a criança a alcançar a plenitude e a felicidade à qual se encontra chamada.

O complemento natural da procriação, a educação, deve estar movido pelas mesmas causas – o amor dos pais – que geraram o filho.

Condição suficiente

Fica claro que o amor mútuo é condição indispensável em todo o trabalho de educação. Mas se tomarmos os termos a sério.

Os filhos, todos e cada um, gozam de um só direito. De um direito único, mas tão fundamental que a ninguém está permitido atentar contra ele.

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Trata-se do direito à pessoa de seus pais: à sua intimidade, ao seu tempo, à sua autoridade, à sua compreensão, à sua delicadeza...

Em resumo, educar equivale a promover a capacidade de amar daqueles a quem pretendemos formar.

Atentos aos outros

Todo o trabalho educativo dos pais e alunos deve se dirigir, em última instância, a desenvolver a capacidade de amar de cada filho e aluno e – seria a outra face da mesma moeda – a evitar tudo quanto os torne mais egoístas, mais fechados e atentos a si, menos capazes de descobrir, querer, perseguir e realizar o bem dos outros.

Educam-se os filhos e alunos, quando se ensina – com os atos, melhor do que com a palavra – a estarem mais atentos aos outros do que a si mesmos.

a) Ensinando-lhes, por exemplo, a aproveitar o tempo disponível para, já, agora, ajudar seus amigos com mais dificuldades nos estudos ou necessitados de algum outro apoio.

b) Perguntando-lhes sempre “como se encontram seus amigos” que se eles, nossos filhos, passaram bem ou mal naquela atividade recreativa.

c) Quando, com os atos, com as perguntas com que os recebemos quando chegam da escola, damos maior relevância ao que realmente fazem pelos outros do que suas próprias notas.

d) Quando, na hora de escolherem carreiras ou profissão, os animam a levar em conta não só nem preferencialmente as “melhores” profissões – que na verdade equivale às “entradas” econômicas -, mas em qual trabalho podem ser mais úteis aos que os rodeiam fazer mais felizes os outros.

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PARA QUE SEJAM FELIZES.

Pois, segundo mostram desde os melhores filósofos clássicos até os mais certeiros psiquiatras contemporâneos, a felicidade e a alegria não são senão efeitos não buscados de engrandecer a própria pessoa, de melhorá-la progressivamente; e isto só se consegue amando mais e melhor, dilatando as fronteiras do próprio coração e aperfeiçoando nossos amores.

Com outras palavras: quem pretender educar deve ter claro que a felicidade é direta e exclusivamente proporcional à capacidade de amar de cada pessoa, expressa em obras:

a) quem ama muito é muito feliz;

b) quem tem um amor medíocre, nunca alcançará uma alegria completa;

Situação

Pai e mãe são por natureza os primeiros e irrenunciáveis educadores de seus filhos. Entretanto, no momento atual, às vezes dá a impressão de que pretendem ignorá-lo. Não só pedem ajuda, mas pedem, com mais ou menos consciência e clareza, para serem substituídos nesta tarefa indelegável.

A DIFICULDADE DE EDUCAR.

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Esta espécie de resistência é mais do que compreensível. E é porque a missão paterno-materna de educar não é nada fácil e talvez menos ainda nos tempos presentes.

Em qualquer caso, está cheia de contrastes aparentemente inconciliáveis. Por exemplo, ao longo de toda sua existência, os pais:

Devem acolher cada filho, tal como é, mesmo quando algumas vezes não corresponda a suas expectativas. Os filhos não são “propriedade” de quem os gerou que não podem dispor deles à sua vontade: sua verdade mais radical não é serem nossos filhos, mas sim cidadãos, com toda a grandeza, autonomia e liberdade que isto lhes confere.

Devem respeitar a liberdade das crianças, mas também fomentá-la e fazê-la crescer, e ao mesmo tempo, guiá-los e corrigi-los.

Devem saber compreender, mas também exigir, sem ceder inoportunamente diante daquilo que redunde em mal dos seus filhos, por mais que eles insistam.

Devem ajudá-los em suas tarefas, mas sem substituí-los nem lhes evitar o esforço formativo e a satisfação e o incremento da auto-estima que o fato de realizá-las leva consigo; por isso, o que um filho pode fazer razoavelmente por si mesmo, nunca deveria ser feito por seus pais ou por outras pessoas.

NECESSIDADE DE APRENDER A

SEREM PAIS.

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Em conseqüência, os pais devem aprender a sê-lo por si mesmos e desde muito cedo.

Em nenhum ofício a capacitação profissional começa quando o aprendiz alcança postos de destaque e tem entre suas mãos encargos de altos riscos: isto não acontece nem na alvenaria, na mecânica, artes gráficas ou no desenho; tão pouco na medicina, na arquitetura, na engenharia, no direito, na carreira militar, na política, na administração ou no seio de uma empresa...

Por que no “ofício de pais” deveria ser diferente? Talvez porque sua responsabilidade é menor que a de quem trabalha numa profissão “convencional”?

Por acaso, então, por que se trata mais de uma arte do que de uma ciência?

Ainda que pudesse estar de acordo neste ponto, em nenhuma arte basta a inspiração e a intuição. É preciso também instruir-se, formar-se, exercitar-se, como afirmam justamente os artistas que dão a impressão de trabalhar sem o menor esforço. Quanto mais “natural” parece à obra de arte, mais trabalho deu: um empenho, na maior parte das vezes prévia, sedimentada sobre habilidades.

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EDUCAÇÃO: RESPONSABILIDADE

DA FAMÍLIA OU DA ESCOLA?

O Estatuto da Criança e do Adolescente, muito sabiamente, consagra em seu artigo 19 que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família. E digo que é sábia essa norma porque penso que os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paternidade consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a obediência, dentre muitas outras.

Os filhos nascem e se educam em uma família concreta. A família é uma atmosfera que a pessoa necessita para respirar. Entre seus membros costuma haver laços de afeto incondicionais que fazem um ambiente propício para que a educação se desenvolva. Nesse sentido, é ela essencial para a formação da pessoa. Os valores que se cultuam no lar irão marcar de forma indelével o homem e a mulher da amanhã.

Muito bem, mas se a função primordial na educação cabe aos pais, o que compete à escola? Ou, mais ainda, como essa pode ajudar os pais na educação dos filhos?

É natural que os pais deleguem algumas funções educativas à escola, como, por exemplo, o ensino das várias disciplinas apropriadas a cada faixa etária, mas daí não se pode concluir que possam abandonar essas funções delegadas. Aliás, somente se delega aquilo que é próprio.

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E em sendo delegada tal atribuição, cabe aos pais acompanhar como está sendo desempenhada.

Um ponto essencial nessa relação entre os pais e a escola é cuidar para que haja coerência entre a educação que se desenvolve no colégio e o que os pais ensinam em casa.

Essa consideração de que os pais ocupam lugar de primazia na educação dos filhos não coloca a escola num segundo plano na função educativa. Pelo contrário, as instituições que reconhecem o papel da família, sem o que a formação que proporcionam não terá eficácia, cuidam de desenvolver também uma educação voltada para os pais. As imensas dificuldades que eles enfrentam em educar os filhos no mundo moderno devem despertar as escolas para que passem a ajudá-los, dando-lhes conhecimentos acerca de como devem atuar na formação dos filhos.

Não há dúvida de que ser pai e mãe hoje implica em ser profissional da educação. Isso significa que têm de se adiantarem aos problemas naturais de cada idade dos filhos. Por exemplo, é muito comum que enfrentem dificuldades em fazer com que as crianças durmam sozinhas nos primeiros anos de vida, assim como são muito freqüentes as crises de rebeldia na adolescência. Diante disso, a escola, como colaboradora da família, deve estar preparada para dar formação aos pais, auxiliando-os com conhecimentos técnicos e com um acompanhamento personalizado nessa difícil tarefa de educar.

Em vários países há instituições de ensino que têm adotado um programa que consiste em manter contatos periódicos entre os pais e os professores. E isso ocorre não apenas quando o filho quebra a vidraça do colégio, mas mesmo que não haja nenhum problema aparente. Trata-se de reconhecer o que há de bom em cada aluno e, a partir disso, traçar um plano pessoal de melhora,

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com atuações concretas a serem implementadas em casa e na escola. Os resultados têm sido bem interessantes.

Para isso é necessário, porém, que se admita a importância dos pais na educação, e que a escola, colaboradora desses, os ensine a educar, atuando ambos coerentemente em uma mesma direção.

A FORMAÇÃO DO CARÁTER.

Quantos objetivos temos para nossos filhos, que façam uma carreira brilhante, que formem uma família,que se destaquem em algum esporte, que dominem uma arte como a música, que sejam ricos...

Estes objetivos na verdade são apenas meios para um objetivo maior: SEREM FELIZES.

Como ajudar as crianças a serem felizes?

Dando oportunidade para que, não só desenvolvam suas habilidades da inteligência, mas também, a vontade (o caráter).

Caráter é a aquisição de hábitos bons e virtudes, que possibilitam a criança a programar as decisões positivas e corretas, escolhidas pela inteligência.

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Queremos formar crianças que queiram ser amigas, queiram estudar, queiram falar a verdade, ou seja, queiram fazer o bem.

Crianças de caráter são mais equilibradas e felizes, porque têm força de vontade para se superarem e vencerem frustrações e problemas.

A educação do caráter é também a melhor prevenção contra drogas.

Inteligência + Caráter = Felicidade

QUANDO DEVEMOS COMEÇAR A EDUCAR O CARÁTER DE NOSSOS FILHOS?

Desde o nascimento.

A criança começa a absorver e a adquirir hábitos bons desde o nascimento, através do exemplo dos pais e pessoas que convivem com ela.

Quando alguém se torna pai ou mãe é natural que cometam deslizes. Os mais comuns são:

1 - Criar cardápio especial (só com o que ele gosta!)

Fazer uma criança comer é uma tarefa difícil, dá trabalho, e muito! Mas é fundamental insistir. É provável que toda vez que seu filho provar um novo alimento, faça careta e até cuspa. Isso não significa que ele não gostou. Estudos mostram que você deve oferecer o mesmo alimento pelo menos 12 vezes antes que ele entre para a lista do que seu filho não gosta. Quando você cede aos apelos da criança e permite que ela coma apenas o que

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quer é um erro. Você é o exemplo. Se na hora da refeição, seu filho perceber, por exemplo, que no seu prato não tem nenhum legume e no dele, sim, vai ficar difícil convencê-lo de que é importante comer esse tipo de alimento. A criança se espelha nos pais. Assim, se eles se alimentam bem, os filhos também irão se alimentar bem.

2 - Mentir

Quantas vezes, você já se pegou mentindo para o seu filho para conseguir que ele faça algo que você deseja? Pode ser mentira ou chantagem, não importa. A relação entre filhos e pais deve ser o mais clara possível. Como ele vai confiar se você mente?E não importa o quanto essa mentira seja insignificante, toda vez que você mente você perde a chance de conversar abertamente.

Troque a mentira pela conversa. Seja objetivo e explique a situação em detalhes para a criança entender. Em vez de dizer que o carro só liga se o seu filho colocar o cinto peça para ele colocar o cinto, porque só assim, vocês podem transitar com segurança.

3 - Ceder aos ataques de birra...

A criança faz birra para testar os limites dos pais, expressar suas vontades e... conseguir tudo o que quer. As crises são quase um pedido inconsciente de ajuda para lidar com uma frustração. Ceder a ela é o caminho mais fácil, mas não o melhor. Os pais devem compreender que educar também é dar limites. Em lugar algum, as pessoas podem agir como querem. Perceber a birra antes de ela começar é uma forma de evitar que isso aconteça com freqüência. Geralmente, é uma manha, um pedido que não pode ser realizado, um lugar muito agitado e cheio de

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gente ou sono, cansaço etc. E se ele explodir mantenha a calma, mude o foco da criança e só depois converse sobre o que aconteceu.

4 - Ameaçar e não cumprir

Em vez de ameaçar, avise o seu filho. Se ele persistir, tome alguma atitude imediatamente. Da próxima vez que isso acontecer, apenas o lembre do que aconteceu: “lembra que você ficou sem os brinquedos da última vez que jogou areia? Espero que isso não se repita combinado?”

5 – Explicar-se demais...

Quando as explicações, sejam elas pertinentes ou não, se estendem muito, as crianças tendem a se dispersar. Então, quanto mais objetiva e rápida for à conversa, melhor será a compreensão. Sermões de cinco minutos sobre o porquê disso ou daquilo acabam sendo inúteis. A criança fica confusa e se esquece do motivo da conversa.

6- Impor atividades demais às crianças...

É cada vez mais comum encontrar crianças com agendas tão atribuladas quanto à de um adulto. Os efeitos dessa rotina agitada são bastante discutíveis. Por isso, os pais devem observar e respeitar os limites dos filhos e, claro, sempre consultá-los sobre o que mais gostam de

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fazer. E ter um tempo livre para brincar e fazer o que quiser.

7- Medicar os filhos por conta própria...

Ainda que a criança esteja com sintomas parecidos com algum que já teve, os pais não devem dar a eles o mesmo remédio. Medicar por conta própria é muito perigoso, já que você pode mascarar algum problema maior. A automedicação também pode anular o efeito das medicações. Por isso, há dois anos, foram revistas as normas para a venda de antibióticos, já que o uso indiscriminado do remédio estava aumentando a resistência das bactérias. Mesmo quando falamos de problemas simples, corriqueiros, como febre ou dor de barriga, só se pode dar aquele medicamento que foi indicado pelo pediatra da criança.

8 - Desautorizar o pai (ou a mãe) na frente das crianças.

Ao questionar a decisão do seu companheiro, você diminui a autoridade dele perante as crianças. O melhor é sempre conversar antes de tomar a decisão. Se não for possível, não discuta na frente do seu filho. Espere para falar com o pai depois.

9 - Comentar os defeitos do parceiro com seu filho.

Conversar sobre as falhas do seu parceiro com seu filho é tentador porque é ele que está no dia a dia ao

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seu lado, vivendo as mesmas situações. Mas não é um bom exemplo a ser dado. Em primeiro lugar, a atitude mostra desconsideração pelo pai (ou mãe) da criança. E, pior ainda, ela pode entender que pode fazer isso com qualquer pessoa também.

O comentário pode ser feito, mas na frente da pessoa para que ela possa se defender e assimilar a dica. Ah, e isso até pode virar uma brincadeira.

10- Quebrar as regras.

Seu filho já sabe que não pode comer assistindo TV. Mas, um belo dia, você está almoçando às pressas e liga a televisão. Rapidamente, seu filho chama a sua atenção. Para tentar escapar, você inventa uma desculpa e diz que você pode fazer isso, mas ele não. O seu exemplo é a melhor solução. É ele que vai inspirar o seu filho a ser uma pessoa melhor.

A BIRRA.

A birra acontece para a criança testar os nossos limites, expressar suas vontades e funciona até mesmo como um pedido de ajuda. Mas é inconsciente! É como se ela nos falasse: Ei, eu não sei lidar com essa frustração e explodi! Nos poucos minutos que duram o ataque, você

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entra em desespero. Não sabe o que fazer para controlar seu filho enquanto seu nervosismo chega à flor da pele. Lidar com esses escândalos, principalmente quando acontecem em público, é difícil mesmo, mas é bom pensar que essa é uma ótima oportunidade para educá-lo e para reverter à cena de forma que não volte a acontecer. Pelo menos enquanto durar a nossa esperança.

Educar é o desafio de toda uma vida, é cansativo, dá trabalho, mas traz recompensas maravilhosas. Para trilhar por esse caminho, o primeiro passo é manter a calma e não levar a provocação da criança para o pessoal, ou seja, se sentir desrespeitado, abusado, ou achar que seu filho está fazendo você de bobo. Não é por aí. Aquele ser tão pequenino não tem noção que mexeu com o seu orgulho ou que o desafiou.

É tudo uma questão de confiança.

Organizar a rotina, impor regras e colocar limites, além, claro, de fazê-los cumprir, é o segundo passo. E você vai precisar de muita energia para pôr em prática. Hoje, essa tarefa está ainda mais difícil porque vivemos com pressa, nem sempre temos tempo para acalmar as crianças naquele momento, como contar uma história ou fazer um cafuné antes de dormir... Por isso, antes de perder a paciência e concluir que, dessa vez, seu filho passou de todos os limites, é melhor analisar o seu próprio momento. Principalmente, quando o ataque histérico começa em plena quinta-feira à noite, logo após aquela reunião estressante que você teve durante o dia. Será que o seu limite para lidar com seu filho está mais curto do que aquele que você deu a ele? Nesse momento, sua tolerância pode estar menor e sua reação vai ser acompanhada de outros sentimentos: um cansaço extremo, a culpa por estar longe muito tempo ou até uma daquelas situações que tiram você do sério.

O seu limite pode causar confusão na cabeça da criança. Sabe quando ele parece ter decidido simplesmente

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não dormir naquela noite? Se para você a rotina é muito importante – e, sabemos fundamental para ele acordar bem no dia seguinte – não dá para mudar as regras. Ele pensa: mas se até ontem não podia, por que hoje tudo bem ficar acordado até a hora que quiser? Claro que se o pedido for inofensivo, como jantar uma vez em frente à TV, tudo bem. Afinal, esse aí faz parte da lista do de-vez-em-quando-pode também saudável para vivermos bem. Até mesmo a flexibilidade é algo a se aprender com o tempo. E nada melhor do que aproveitar momentos como esses para ensinar isso.

Regras e limites são à base da confiança na relação entre filhos e pais. Apesar da tentação, não é mesmo fazendo tudo o que a criança quer que a fará feliz. É uma questão de afeto. Vamos colocando os parâmetros para que, um dia, ele pare e pense: “Bem, se a minha mãe está falando ‘não’, deve ser por um bom motivo”. Mesmo que ele primeiro reaja mal, vai chegar a essa conclusão e, o melhor: entender sempre que você está lá para ampará-lo, não importa a situação. Hoje você evita que ele caia da escada; amanhã, que ele se envolva numa briga na hora do recreio...

Enquanto essas preocupações mais complexas ainda não chegaram, o melhor a fazer é entender que essa fase vai acontecer – e vai passar. Da sua parte, cabe a tarefa de educar a forma mais eficiente e bem-humorada possível. Por isso, da próxima vez que você ouvir aquele pedido: “Mãe, posso comer um biscoito?”, meia hora antes do almoço, você vai dizer que não e esperar a tempestade chegar. Pode ser que ela não venha se surgir à proposta de uma brincadeira ou um pedido de ajuda para colocar a toalha na mesa ou apertar a massinha da torta. Mas se acontecer, abaixe-se na altura do seu filho e pergunte se ele quer brincar de imitar, por exemplo.

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MEU FILHO PODE SER UM “BIRRENTO”?

Existem atitudes de pais e mães que podem torná-los mais suscetíveis a filhos “birrentos”, eles são:

Os pais culpados.

Trabalham fora o dia inteiro e se sentem em falta com as crianças. Acabam mimando demais os filhos e as crianças logo percebem essa fragilidade e passam a abusar.

Os pais superprotetores.

Não querem que seu filho sofra nenhum tipo de frustração. E não entendem que a criança, quando se frustra, consegue se desenvolver melhor emocionalmente.

Os pais acomodados.

Pensam que, se falarem, vai gerar confusão com as crianças. Por isso, preferem ficar quietos. São pais que não priorizam a educação, e sim a sua própria individualidade, o seu momento.

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COISAS QUE VOCÊ TEM DE SABER

SOBRE A BIRRA.

Lidar com a birra infantil não é nada fácil, tirar dúvidas sobre a birra pode ajudar nessa difícil tarefa.

Qual é a idade da birra?

O tipo de birra clássica – aquela que a criança adora fazer no supermercado, batendo o pé, berrando, se jogando no chão e que deixa a gente morrendo de vergonha – acontece com mais freqüência entre 2 e 5 anos, mas pode começar a partir dos 6 meses e só terminar aos 8! Muito depende do tipo de criação que a família vai dar e outro tanto da personalidade da criança. Caso seu filho ultrapasse os 6 anos ainda tendo ataques de birra constantes, é melhor procurar a ajuda de um especialista. Pode ser que ele esteja sofrendo com algum problema ou acontecimento recente. Mudança de casa, de escola, a morte de um parente querido ou de animal de estimação, a separação dos pais e até mesmo a falta de diálogo em casa podem atrasar o desenvolvimento da criança. Essa é uma das formas de ele pedir socorro.

Por que ela acontece?

Isso acontece porque as crianças ainda não têm maturidade suficiente para lidar com uma determinada frustração e acabam explodindo. Essa explosão vem em forma de choro incontrolável, gritos e aquela

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movimentação intensa difícil de conter. Na verdade, em algumas situações, as crianças estão testando o limite dos pais para descobrir até onde podem chegar. Outras vezes, a birra é apenas um pedido de ajuda inconsciente para lidar com um sentimento novo que é a frustração.

Dá para evitar?

Sim, porque o ataque de birra começa muito antes dos berros e do choro. É uma manha, um pedido que não pode ser realizado, um lugar muito agitado e cheio de gente ou sono, cansaço etc. Quando os primeiros sinais surgirem, é hora de negociar levando em conta a idade da criança. Se você precisa enfrentar um lugar tumultuado, converse com seu filho antes de sair de casa e deixe claro o que não será permitido. Se na hora H, uma situação fugir do controle, e a criança pedir um brinquedo, por exemplo, tente negociar.

Até 2 anos: se vir que o não vai magoar a criança, em qualquer situação, mude de ambiente para distraí-lo e proponha uma brincadeira.

Entre 2 e 5 anos: converse e prepare-o! Diga a ele para escolher para o aniversário ou para a próxima data festiva. Você também pode avisar que aquele brinquedo é muito caro e sugerir um mais barato. Se não puder comprar, é melhor falar a verdade. No caso de ter que levá-lo a um shopping ou mercado, peça a ajuda do seu filho. Pegar um produto na prateleira, segurar uma sacola bem leve, pergunte a opinião sobre uma cor de roupa. Ele precisa se sentir útil para não ficar irritado.

Não esqueça que tudo deve ser dito na linguagem que a criança entenda. Usar tom “de adulto” é cansativo, difícil e chato. E, claro, sempre conversar com a criança baixando até a altura dela.

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AUTORIDADE E EDUCAÇÃO.

A família é uma escola de humanismo onde pais e filhos aprendem a refletir juntos. Em uma família deve existir a autoridade e disciplina – a autoridade-serviço. A autoridade-serviço necessita de umas normas estabelecidas previamente, não de forma caprichosa. Devem ser reconhecidas por todos e se os filhos colaboraram em escolhê-las, melhor.

Antes, a autoridade procurava a perfeição da ação realizada, agora procura a melhora pessoal do que obedece. É uma autoridade mais participativa e compartilhada na qual se busca o bem das pessoas.

Deve-se exercer a autoridade mais do que para ter um lar ordenado, para que os filhos melhorem na ordem e os pais se esforcem também em melhorar.

Para exercer a autoridade-serviço é conveniente que exista uma base de normas ou regras que todos devem viver. Conforme os filhos se tornam maiores, eles podem

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participar em estabelecê-las, sempre que a última palavra seja dos pais.

Autoridade e amor devem andar juntos. Exercemos a autoridade porque queremos bem nossos filhos e também para ajudar-lhes a serem pessoas responsáveis.

A FORMAÇÃO DOS PAIS.

Os pais enquanto são pais estão educando. Não há férias nem descansos. Estar em dia exige um esforço por uma formação permanente.

A cada ano os pais se encontram diante de uma situação diferente. Os filhos são diferentes, o ambiente em que se move muda. Os pais precisam então receber uma formação contínua.

A formação dos filhos necessita de um projeto que tenha três áreas:

- um projeto para o corpo.

- um projeto para a inteligência.

- um projeto para a vontade.

Ajudar os filhos a serem pessoas livres e responsáveis é o objetivo do projeto.

O bom exemplo dos pais é algo vital, indispensável, necessário e também não é suficiente. Porque para o exemplo ser educativo, não está no gesto ou na ação que se faz em um momento determinado, mas no modo de proceder habitual de uma pessoa.

O exemplo tem que ser natural, sem a intenção artificial de querer dá-lo; necessita coerência. Devemos viver primeiro o que exigimos de nossos filhos.

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Para conhecer bem os filhos, não basta dar-lhes um bom exemplo, deve-se gastar muitas horas escutando-lhes com interesse e atenção.

LIBERDADE E RESPONSABILIDADE.

Uma pessoa é responsável quando assume as conseqüências de seus atos com respeito a outros e também quando é capaz de prever estas conseqüências.

• Responsável ante sua família.

• Responsável ante si mesmo.

• Responsável ante a sociedade.

Ante a família:

Os pais devem deixar claro que todas as pessoas obedecem. Obedecer significa ordem e a ordem nos faz mais felizes. Se cada um fizesse o que tem vontade, o mundo seria um caos. Devem existir normas na família, e quando existe uma norma específica e as crianças sabem que todos as cumprem, elas também cumprirão, com constância e sempre. Ex.: o quarto ordenado, lavar as mãos antes das refeições, rezar antes das refeições, etc.

Os filhos obedecem melhor quando explicamos antes a razão de fazê-lo. É um bom sistema explicar com

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histórias o que acontece quando não se cumpre e os porquês.

Ante si próprio:

É necessário ensinar os filhos a responsabilizar-se ante eles mesmos. Seu orgulho pessoal ajudará, mas será importante fazer-lhes ver a necessidade de fazê-lo.

As pessoas devem ser capazes de fazer o que devem fazer sem que lhes tenha que repetir dez vezes.

Responsabilizarem-se ante eles mesmos os ajudará a:

- ganhar em personalidade

- fortalecer seu caráter

- ganhar em liberdade

- ter mais amigos

Ante a sociedade:

Sentir-se responsável ante aos demais é amor, é uma dimensão mais alta.

Pode-se começar dando-lhes responsabilidades sobre os irmãos ou crianças menores. Que sejam mestres de outras crianças. Com o tempo descobrem que é agradável e fica fácil motivá-los para começarem a ajudar em casa.

A motivação principal é que o fazem muito bem, que seus pais estão orgulhosos deles e que todas as pessoas ajudam umas às outras e eles já têm idade de fazê-lo.

O trabalho dos pais é de ajudar-lhes a buscar a ocasião, é elogiar suas ações e fazer-lhes ver o bem que estão fazendo.

O contato com gente pobre – ver como vivem – produz impacto. Mas servem para que se dêem conta da necessidade de ajudar os outros. Ajudar e servir aos

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demais é uma responsabilidade de todos e, mais ainda, dos que têm uma posição econômica privilegiada. É um dever de justiça.

OS ESTUDOS.

Os pais têm em suas mãos a possibilidade de ajudar seus filhos para que sejam bons estudantes.

Quanto menor for à criança, maior é a influência e a possibilidade de êxito. Por exemplo, se você ensina uma criança pequena a nadar ou a tocar um instrumento musical, é provável que o faça melhor que outros. Quando ela for maior, gostará e o fará bem. O mesmo se pode dizer com relação aos estudos.

É importante que os pais leiam para a criança desde pequena, para que aprenda a escutar, fazendo que ela conte a seu modo e que aprenda a concretizar e a contar. É bom comprar livros de contos e ajudá-la a lê-los, pois assim acabará gostando. Você estará colocando as bases para que goste de estudar. Acostume-a desde pequena a estudar sozinha, ensine-lhe como se faz.

Quando um filho tem hábitos bons, virtudes, e vive em uma família onde os membros se querem mutuamente, rodeado de carinho e confiança, o normal é que o estudo não seja problema. Mas insisto, é conveniente que saiba estudar.

O DINHEIRO.

Os prêmios com dinheiro, jogos ou objetos caros não costumam ser convenientes. Quando o pai premia ou

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castiga com dinheiro está apoiando o materialismo e, portanto, o consumismo. Está dando a entender que o que realmente vale nesta vida é ter, é ter dinheiro para comprar e gastar.

O aprender é uma necessidade natural do homem. O prêmio está no próprio fato de conhecer mais coisas. E isto funciona sem problema na maior parte das crianças. Há prêmios muito mais eficazes que o dinheiro.

Exemplos: elogios, o carinho, compartilhar uma parte de seu tempo, etc.

OS AMIGOS.

Um bom amigo é um tesouro. Os tesouros são descobertos. Faça com que seus filhos descubram o valor da verdadeira amizade desde pequenos.

Amigos, colegas e cúmplices. Eles devem conhecer a diferença para não cair na armadilha. Os pais, também. Que tipo de amigos tem seus filhos

AMIGO

Quando quer seu bem e se ajudam mutuamente, e com essa amizade melhoram os dois como pessoa.

COLEGAS

Os colegas se unem numa atividade exterior (jogo, esporte, uma afeição,...). Mas quando cessam essas atividades termina a amizade.

CÚMPLICES

Os cúmplices são pessoas que se unem para fazer algo mau. Sua convivência lhes torna cada vez piores como pessoa.

Procure conhecer muito bem os amigos de seus filhos. Deixe que eles joguem ou visitem sua casa

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freqüentemente. Procure conhecer suas famílias e você conhecerá melhor seu próprio filho.

O TEMPO LIVRE.

A família funciona bem se todos são responsáveis por algumas das muitas funções que esse projeto comum apresenta. Quando os filhos têm tempo livre, os pais devem aumentar suas contribuições, suas responsabilidades no projeto comum familiar.

Jogar com as crianças não é comprar-lhes jogos para que joguem. É jogar com eles. Não se podem ter os filhos perdidos pela casa sem ensinar-lhes a jogar. Necessita saber jogar para saber usar o tempo livre.

Programe os fins de semana. Faça-os amenos e divertidos. São um esplêndido tempo para viver em família e conhecer os filhos.

O filho desocupado se “mal-educa” sozinho. Ele “não sabe o que fazer”, é triste. Tem repercussões no hábito do estudo e na formação de seu caráter, e na adaptação ao ambiente. Costuma terminar em conflitos familiares.

AS FÉRIAS.

As férias são também para trabalhar e esforçar-se. Devemos sincronizar tudo:

- idiomas

- arte e música

- trabalhos profissionais

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- ensinar a outros amigos

Na escolha de um lugar diferente para passar as férias deve-se ter em conta circunstâncias como:

- que seja divertido

- que seja agradável

- socialmente grato

- em um ambiente sadio

A FÉ.

O maior tesouro que se pode possuir nesse mundo é a fé. Colaborar na transmissão da fé a seus filhos é a herança mais importante que podem deixar-lhes.

Aprender a rezar seguindo o exemplo de seus pais é importante desde cedo.

Rezar em comum é a forma mais alta da união familiar.

FORMAÇÃO DA VONTADE NOS

FILHOS.

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Para educar a vontade, temos que nos apoiar na criação de hábitos e nas suas respectivas motivações.

É a partir dos 4 anos que as crianças reconhecem o que está bem e o que está mal, e, quando têm uso da razão, são capazes de argumentar. Refletiremos, neste contexto, se somos capazes de fazer com que distingam o que está bem do que está mal, e se os progenitores e os familiares do filho ou da filha que se quer educar são um referencial adequado, proporcionando pautas e modelos de ações coerentes com os valores que se quer transmitir.

Criação de hábitos

É na primeira infância que devem ser inculcados os hábitos; assim, de modo habitual, os filhos vão fazendo a aprendizagem do esforço. Logicamente cada família tem o seu estilo de vida e suas circunstâncias, se bem que deve haver regras no lar, para fazer-se obedecer e tornar mais agradável a convivência de todos. É necessário manter o costume de se cumprir o que for estabelecido, sempre na mesma hora, embora uma vez ou outra se possa ter a flexibilidade de fazer alguma mudança. Quando isso ocorrer, devido a circunstâncias extraordinárias, pelo fato de as crianças viverem o momento presente, é aconselhável prever e avisá-las com antecedência.

A ordem é fundamental na educação. Ter horários para levantar e para dormir, para as refeições, para o tempo de lazer, para o estudo, para recolher os brinquedos... É conveniente organizar-se, levando-se em conta as possibilidades e limitações do casal, para que não se dê o caso de que, por demasiado perfeccionismo, nos equivocássemos na hora de determinar os objetivos a serem alcançados. Por este motivo, é conveniente prever o

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horário dos dias de festa e o horário dos dias de trabalho, os cônjuges devendo conversar para se porem de acordo e partilharem as tarefas.

A experiência nos mostra que muitas vezes todo o serviço recai sobre a mãe, erro que é preciso evitar. A organização de um lar não é a mesma de um museu ou de um cemitério, pois onde há vida, há movimento. Deve ser antes, a obra de um artífice, em que o amor dos pais para com os filhos marcará os limites daquilo a que se propuserem. A vontade dos filhos se fortalecerá na medida em que ela for exercitada, mediante o cumprimento de suas obrigações diárias.

As motivações

Nossos filhos e filhas precisam sentir o desejo de cumprir aquilo que os pais lhes pedem, e que os ajudará a se tornarem responsáveis. É deste modo que uma atitude positiva estimula a obediência e o cumprimento das normas estabelecidas, com mais entusiasmo.

Sobre este assunto, convém recordar que a auto-estima de cada um se faz necessária para obedecerem com mais prontidão. Devemos ter claros os objetivos da formação que queremos dar às crianças e adolescentes, bem como dos valores que queremos lhes transmitir.

Os sucessos que almejamos que os filhos alcancem devem ser acessíveis para que possamos valorizar seu esforço. Se exigíssemos além de suas possibilidades, lhes causaríamos uma constante frustração que os deixaria sem motivação para levar a bom termo aquilo que têm que fazer.

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Por isso, é preciso conhecer com profundidade cada filho ou filha, e pactuar, dialogar, para se chegar a acordos satisfatórios.

COMO EDUCAR A VONTADE NOS

FILHOS.

O bem é uma característica própria da vontade, é uma tendência natural da vontade querer fazer o bem.

A vontade é educada, basicamente, no seio da família. Os valores são adquiridos na convivência familiar e os pais são os principais responsáveis pela formação dos filhos.

A educação da vontade é fundamento principal na formação da pessoa. Ela se faz através da aquisição de valores, hábitos e virtudes.

As novas pedagogias oferecem meios para educar na vontade através de seis áreas.

EDUCAÇÃO PRECOCE.

O que é?

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É estimular um valor ou virtude em seu período sensitivo

É conseguir uma melhora pessoal no momento idôneo.

O que é Período Sensitivo?

É cada etapa em que se torna mais fácil aprender algo, uma habilidade, porque a pessoa está pré-disposta a adquiri-la desde que receba os estímulos adequados. Estimular nos momentos oportunos facilita a aprendizagem e o trabalho de educação dos pais.

A educação precoce potenciará as capacidades da criança e facilitará seu posterior desenvolvimento intelectual. Ela é importante porque quanto maior o número de estímulos recebidos (na gestação até os oito anos) e melhor qualidade dos mesmos haverá mais conexões entre os neurônios e, como conseqüência, maior enriquecimento do cérebro.

A influência dos pais dentro da educação precoce é que eles compartilhem com seu filho os melhores momentos das primeiras lições e aprendizagens de sua vida, e criem com ele um vínculo afetivo tão intenso e positivo, que será mais fácil para ele ser capaz de superar qualquer obstáculo que se coloque em seu caminho, sempre respeitando suas capacidades, que são muito maiores que as que nós cremos que ele possua.

Por exemplo: uma pessoa não nasce esportista, inteligente e generosa. Ela se torna esportista, inteligente e generosa graças ao estímulo recebido e a sua capacidade de ser livre e responsável. As aptidões e a forma de ser das pessoas não são hereditárias, se adquirem na convivência, graças aos estímulos recebidos.

No campo da vontade, a capacidade de decidir é própria do ser. Se uma pessoa quer é mais fácil modificar os resultados.

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Parafraseando um ditado popular: Não se deve dar o peixe. É preciso ensinar a pescar ou, melhor ainda, é preciso mostrar as vantagens da pesca para que a pessoa QUEIRA PESCAR. Se ela quiser pescar aprenderá como fazê-lo e o fará.

EDUCAÇÃO EFICAZ.

A educação eficaz se realiza quando no processo educativo se produz uma Sinergia Positiva. É na própria criança que se produz esta Sinergia Positiva, ajudando-a a melhorar como pessoa. A Sinergia Positiva se produz quando os esforços normais para conseguir um objetivo se somam a uma força, gerada dentro da própria criança, que potencia por si própria o resultado final obtido.

A educação eficaz nos ensina a aproveitar melhor o potencial de nosso cérebro, nos ensina a gerar a Sinergia Positiva suficiente que nos levará a conseguir melhores resultados educativos com menor esforço.

Para o cérebro trabalhar com eficácia precisa-se:

- que receba a informação necessária

- que receba a informação em boas condições para sua correta assimilação

- que a processe corretamente, na mesma linha dos objetivos que se querem obter

Receber a informação necessária:

Para promovermos uma melhora pessoal em um filho precisamos comunicar-lhe o que esperamos dele, dando-lhe a informação necessária para que promova um estímulo positivo em sua próxima atuação.

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Condições adequadas para uma boa assimilação da informação:

A informação nos chega do ouvido ao cérebro, através dos filtros de atenção.

Ao ensinar ou corrigir algo: procure fazê-lo quando a pessoa (filho ou filha) que vai ouvi-lo esteja tranqüila e alegre; ensine ou corrija com delicadeza e carinho, e manifeste sua confiança de que ela é capaz de atuar bem ou de retificar o que fez de errado.

Uma mesma informação pode ser bem ouvida ou não ser escutada, desde que a pessoa que a recebe esteja ou não nas condições adequadas para sua assimilação.

Cinco condições que ajudam uma melhor assimilação da informação:

1) A alegria

2) A tranqüilidade

3) A confiança

4) A delicadeza

5) O carinho

É aconselhável que as cinco condições atuem positivamente para não dificultar a chegada da informação ou até mesmo bloqueá-la.

A informação deve ser processada corretamente:

A pessoa precisa estar corretamente motivada, sabendo o porquê tem que fazer este ato bem feito e as conseqüências de fazê-lo bem para que ocorra uma melhora pessoal.

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EDUCAÇÃO PREVENTIVA: MAIS VALE PREVENIR QUE REMEDIAR.

Tomemos como exemplo a Teoria do Teatro, onde nosso cérebro é uma grande sala de teatro cheia de cadeiras, vazias ao nascer e cheias ao final de nossa vida. Assim, cada cadeira espera uma idéia, um conceito ou um hábito bom. Mas, quando chega primeiro um hábito mau e se senta, é mais difícil mudar. Mais fácil é sentar o bom quando a cadeira está vazia. O difícil é ocupar uma cadeira ocupada.

E também, cada pessoa assenta suas próprias idéias, ainda que sejam más, são suas; não gosta de mudá-las.

Portanto, as Novas Pedagogias falam em Educar no Futuro, adiantando-se no bem, chegando antes com o hábito bom “prevenir”.

Chegue antes com a idéia correta. É melhor chegar um ano antes que um dia depois.

PREVENIR É APRENDER A EDUCAR MELHOR... E NÃO IMPROVISAR.

Uma coisa é prevenir algo antes que aconteça – chegar antes – dar-lhes defesas contra o mal, dar-lhes argumentos para decidir contra, e outra diferente é conhecer os primeiros sintomas das graves quedas para acudir a tempo, antes que sejam mais graves e corrigi-las.

Para aprender a educar necessitamos de uma formação contínua. Hoje em dia, os pais responsáveis,

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devem ler livros sobre a educação de seus filhos e não educar de qualquer modo.

É mais fácil educar adiantando-se aos problemas que os corrigindo. Se nossos filhos estão bem formados e conhecem as conseqüências de um mau comportamento saberão escolher melhor.

EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO.

Que tipo de exemplo devemos dar?

Tudo o que fazemos e como fazemos servem de exemplo aos nossos filhos, muito mais do que imaginamos. Os filhos se fixam em nós, somos modelos permanentes, eles sabem que temos defeitos e que nos equivocamos.

Um exemplo importante que os pais podem dar a seus filhos é que: vejam-nos lutar para ser pessoas melhores.

Quando os filhos vêem nosso esforço por fazer as coisas cada vez melhor, nosso desejo de superar-nos, não importa que nos surpreendam fazendo algo de mau, o reconheceremos e lutaremos para evitá-lo.

Formas de dar esse exemplo:

• Envolver-se nos mesmos objetivos que exigimos deles.

• Colocar-nos metas comuns de progresso.

• Lutar juntos para melhorar.

• Ajudar-nos uns aos outros.

A teoria "Z" na família:

- Todos lutam para melhorar

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- Todos se ajudam

- Todos controlam os progressos... ou retrocesso

- O exemplo continua sendo o primeiro.

- O melhor exemplo é que nos vejam lutar para fazer as coisas bem.

- Lutar em equipe aumenta a motivação para atuar.

- E se faz falta pedir perdão... Pede-se.

EDUCAÇÃO MOTIVADA.

A melhor motivação para fazer um ato bom, é o valor que tem o bem em si mesmo. Premiar com algo material – dinheiro ou coisas – uma boa ação, um bom comportamento, produz no filho o desejo de ganhar mais dinheiro em vez de vontade de ser melhor.

NÍVEIS SÍMBOLO

1º material $

2º Inteligência Eu

3º Vontade Você

Os prêmios e os castigos devem pertencer ao mesmo nível do comportamento que se deseja motivar. Um problema na área dos valores não pode ser solucionado com dinheiro, pois os valores não se compram.

Comportar-se bem por dinheiro ou por uma recompensa econômica degrada o valor. O bem deve ser buscado pelo valor que tem em si mesmo.

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Assim, ao educarmos, devemos ter como objetivo que nossos filhos cresçam em valores positivos e virtudes. E para que haja virtudes há que fazer as coisas livremente e porque são boas, buscando fazer o bem em si mesmo.

Ex.: Estudar é bom em si mesmo: desenvolvo minha inteligência, alegro meus pais e cumpro meu dever se eu estudo porque é algo bom em si mesmo e é minha responsabilidade social, esse motivo não se acaba nunca e o farei pelo valor que tem em estudar.

Se o motivo é material, reforçamos no filho o materialismo, o consumismo ou o medo ao castigo.

ENSINE SEU FILHO A ESCOLHER BEM: EDUCAÇÃO PERSONALIZADA.

Todas as pessoas são diferentes, únicas. Cada filho necessita receber uma educação diferente – personalizada.

O desenvolvimento evolutivo de cada filho é diferente, cada um deve ser tratado e educado segundo as necessidades de seu próprio ser.

Para julgarmos a forma de ser de um filho, é necessário conhecê-lo a fundo, não vê-lo apenas externamente, e isto requer um relacionamento e uma convivência estreita, nem sempre fácil de conseguir.

Uma dica boa é intensificar as relações pais-filhos durante os fins de semana.

Podemos considerar, na educação de um filho, as seguintes circunstâncias:

Ponto de partida:

1- Como é uma criança desta idade.

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2- Como é ele na realidade.

Circunstâncias próprias do filho

3- Quais são seus pontos fortes.

4- Quais são suas fraquezas.

Elementos exteriores que nos facilitam ou dificultam a ação

5- De que oportunidade dispõe.

6- Que perigos externos devem evitar.

1) Como é a criança desta idade ?

Procurar conhecer os Períodos Sensitivos e os Instintos Guias para a busca desta informação; também com experiências de outras pessoas, pedagogos, livros, etc.

2) Como é ele na realidade ?

Ele é assim, é bom ter sua própria personalidade. Apenas devemos atuar para facilitar-lhe que seja melhor como pessoa. Ajudaremos a corrigir maus hábitos e potenciar os bons, para que se convertam em virtudes.

3) Quais são seus pontos fortes ?

Os filhos não nascem com pontos fortes, devemos fazer crescer. Devemos ajudá-los a potenciar os pontos fortes, por exemplo:

- Ter uma boa imagem deles.

- Elogiar-lhes pelo que fazem bem.

- Aumentar sua auto-estima.

- Fazer-lhes ver que “são capazes”.

4) Quais são suas fraquezas ?

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É mais fácil potenciar um ponto forte que corrigir um defeito. Assim, para corrigir um defeito, devemos potenciar a virtude contrária.

Exemplos:

Se for egoísta - fomente-lhe a generosidade.

Se for preguiçoso - ajude-o a ser laborioso.

Se for desordenado nos estudos - faça-o ordenado com os brinquedos ou hobbies.

5) De que oportunidades disponho?

Há momentos em que a solução não está às nossas mãos. Em certas ocasiões é conveniente que seja outra pessoa a ajudar nosso filho a melhorar. Em oportunidades exteriores, como: um tutor no colégio; um bom amigo; um parente próximo; um irmão maior; um amigo da família.

E o melhor momento para conversar com o filho?

- Num final de semana tranqüilo.

- Uma viagem de trabalho na qual conseguimos que nos acompanhe.

- Um dia de compras.

- Uma partida de futebol em que jogamos juntos.

6) Que perigos externos devo evitar ?

Se avaliarmos os perigos estaremos em melhores condições para evitá-los.

Não espere para falar com eles apenas quando haja problemas, quando tenha que lhes pedir algo ou para repreendê-los. Seus filhos precisam sentir-se queridos, importantes e que seus pais os querem bem.

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COMO LIDAR COM AS MENTIRAS

DAS CRIANÇAS.

É assustador perceber que o filho está mentindo. Bronca, castigo, conversar ou dar umas boas palmadas no bumbum... Qual seria a melhor reação dos pais quando descobrem uma mentira contada pela criatura que pensam ser a mais ingênua de todas?

De início devemos saber que crianças de até cinco anos de idade não conseguem separar a fantasia do real. A imaginação faz parte do desenvolvimento normal da criança e é base para o pensamento lógico que o adulto tem. Mas com o passar dos anos, a fantasia dá lugar à noção de realidade, sem desaparecer totalmente.

A partir dos seis anos a criança ainda brinca com a sua imaginação e cria situações que não são reais, mas as invenções já são bem menores. A mentira torna-se intencional a partir dos sete anos, onde a criança já adquiriu noções de valores sociais e sabe exatamente a diferença da verdade e da mentira.

Normalmente, as crianças maiores mentem por temer repreensões e castigos, para fugir das suas responsabilidades, chamarem a atenção dos pais ou melhorar a auto-estima.

Malandrinho - Uma criança vai mentir que está doente para não ir à escola, inventa que tem milhares de amigos no Orkut ou que fez viagem maravilhosa com os

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pais no fim de semana simplesmente para não ficar "por baixo" dos amiguinhos.

Mesmo que a criança ainda não saiba diferenciar a fantasia do real, desde pequena os pais devem lhe mostrar o que é mentira e o que é fantasia nas histórias dos pequenos.

Se a criança na fase pré-escolar traz um material escolar estranho e diz que a amiguinha lhe deu de presente, confirme se a história é real. Se não, diga à criança que aquilo não é seu e que não lhe foi dado, fazendo-a devolver para a colega. A criança inventou uma história, mas ainda não sabe distinguir o real da fantasia, mas a verdade precisa ser mostrada.

De pai para filho - Outros motivos que podem levar as crianças a mentirem é o exemplo dos pais. Se os pais mentem pedindo para o filho dizer que não está quando o telefone toca ou são tolerantes quando o pequeno mente, a criança poderá achar natural mentir e fica sujeito a fazer isso.

Se tiver dúvida sobre a história da criança, não insista, peça que conte a história horas mais tarde e compare as versões ou faça perguntas amplas como: "O que aconteceu na escola?" em vez de "Te bateram na escola?".

A criança deve sentir que ao contar a verdade terá a admiração dos pais, professores e amigos e que a mentira "tem perna curta" e logo será descoberta e desaprovada pelos mesmos.

Broncas severas ou castigos podem levar a criança mentir mais vezes para não receber novamente esse tipo de punição. Mostrar os benefícios da verdade e os prejuízos que mentira traz para a própria criança e para as outras pessoas é o melhor caminho.

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Quando o comportamento mentiroso é muito freqüente ou se estende muito além dos sete anos, uma ajuda profissional deverá ser procurada. Mentiras freqüentes sobre um mesmo assunto podem expor uma angústia da criança. Será que alguém gosta de ser chamado de Pinóquio?

Interrogatórios insistentes e pressão em gritos não levarão a criança a dizer a verdade. Pode ter efeito contrário.

A fantasia faz parte do desenvolvimento da criança. Estimule a criança de forma saudável e criativa.

VALORES IMPORTANTES PARA

ENSINAR ÀS CRIANÇAS DESDE

CEDO.

Educar uma criança é difícil. Requer persistência e dedicação dos pais e professores, principalmente para ensinar valores importantes para o futuro dos pequenos, como amor próprio, autocontrole, respeito ao próximo e

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honestidade. Esse aprendizado acontece ao longo da vida. Daí a importância de persistir nas mensagens que deseja transmitir e repetir mil vezes cada não, por mais difícil que seja.

A família tem um papel extremamente importante na formação do indivíduo, mas há influências de outras pessoas, como professores, avós, babás... E elas podem ser positivas ou negativas, então, a descrição de cada valor e como ensiná-los aos pequenos desde cedo:

1. Amor próprio

Amor próprio pode ser identificado como sentimento de autopreservação, que impede que as pessoas se envolvam em situações de perigo que possam ameaçar o equilíbrio emocional delas. Nas crianças, é algo mais sutil, tem a ver com a construção da auto-estima e na confiança da própria capacidade para enfrentar diferentes situações.

Na prática: Tudo isso é adquirido por meio de elogios e incentivos para enfrentar as dificuldades. E, perante alguma situação em que a criança agiu de forma errada, é importante criticar o comportamento dela, pontualmente, e não sua personalidade, de forma geral. O mesmo vale para os elogios: tanto a falta quanto o excesso só atrapalham.

2. Autocontrole

É a capacidade de controlar, racionalmente, as reações ligadas a emoções, afetos e sentimentos. É por meio do autocontrole que a criança descobre seus limites, elege prioridades e traça suas metas e seus objetivos.

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Na prática: Ensiná-las a ter autocontrole, porém, não é fácil. Você precisará enfrentar a fase da birra, persistindo com sua opinião e forma de educar. Se a criança agir errado e fizer manha, converse, mostre em que ela errou e coloque-a para pensar. Exija que ela peça desculpas, mas que entenda o motivo de ter que se desculpar.

3. Escolha

Desde bem cedo, é importante mostrar para a criança que ela não pode ter tudo o que quer e, por esse motivo, deve praticar o exercício da escolha, sejam em relação a suas vontades, seja no que se refere a objetos, brinquedos etc. Ensine ao pequeno que uma escolha é sempre, também, uma perda: ‘Lembra que você escolheu isso? Então é isso que você terá’. O exercício de escolhas está ligado ao de autocontrole. Se a criança chorar, fizer birras, será preciso acalmá-la para explicar os prós e os contras de sua decisão.

Na prática: É muito comum, na fase de 3 a 4 anos, a criança ter dificuldade de dividir seus brinquedos e não emprestar para seus amigos. Essa é a oportunidade para mostrar que ela pode escolher dividir suas coisas ou ficar sozinha, sem amigos. Explique que fazer acordos é algo admirado pelas pessoas e que vale a pena.

4. Honestidade

Não há uma definição única para a honestidade. É um valor ético, fundamental para o convívio social. Ensinar à criança o que é honestidade leva tempo e depende de suas próprias atitudes, exemplos e conversas.

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Na prática: É comum crianças pegarem objetos, brinquedos dos coleguinhas da escola e levarem para casa. Isso ocorre porque não há entendimento de propriedade, até porque, na escola ou no clube, brincam com tudo sem perceber que os objetos pertencem a alguém. Cabe aos pais mostrar que aquilo não é da criança, fazerem com que ela perceba o erro e devolva o objeto, pedindo desculpas. Esse processo deve ser educacional, e não um castigo causador de brigas. Se a atitude persistir, a conversa pode ser mais rígida.

5. Jogo de cintura

O jogo de cintura nada mais é do que ter flexibilidade, ou seja, capacidade de driblar situações de conflito. Para as crianças, é preciso ensinar seu significado desde cedo para que aprendam que suas vontades não serão sempre atendidas, mas que, ainda assim, terão escolhas e devem agir educadamente.

Na prática: Você não conseguirá ensinar seu filho a ter jogo de cintura se perde a paciência a cada problema que aparece. Seu exemplo o fará compreender como ele deve agir quando acontece algo que não o agrada, por isso, não seja tão rígida em seus pontos de vista. No convívio familiar, é importante ter (e mostrar) tolerância. Brigas constantes, gritos e agressões verbais demonstram a falta de jogo de cintura.

Outro exercício é contar para a criança um erro que você cometeu e o que você fez para remediá-lo.

6. Respeito

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Respeito com os mais velhos, com os “diferentes”, com os animais, com a vida... Ensinar a criança a respeitar os outros é a regra quando se fala em educação infantil.

Na prática: Não há um jeito específico para ensinar o que é respeito. O primeiro passo é respeitar também, permitir que a criança aprenda assistindo a seu exemplo. Depois, é preciso ouvir as queixas dos professores e educadores da escolinha e nunca não ignorá-las. Falar mal das pessoas na frente das crianças também prejudica o ensinamento. Por fim, é importante chamar a atenção da criança ao vê-la desrespeitando outras pessoas, os animais e também o meio ambiente.

Mesmo que os valores acima pareçam um pouco complicados, devem ser transmitidos, principalmente, por meio de seus exemplos desde o nascimento das crianças:

- Até os 2 anos de idade, a criança constrói e elabora conhecimentos sobre a realidade.

- A partir dos 4 anos, ela sai do simbólico e vai para o intuitivo. Nessa fase, já troca experiências com outras pessoas.

- Após os 7 anos, ela já é capaz de estabelecer compromissos, compreende as regras e já consegue ser fiel a elas.

A vovó e a mamãe

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Muitas vezes, a visão que a criança tem sobre o papel da avó e o da mãe fica conturbada exatamente porque a avó tende a tomar conta dos pequenos nos primeiros anos de vida, quando a mamãe volta a trabalhar. É preciso ter em mente que a avó não deve fazer o papel de mãe, mas também não se esqueça de que ela é mãe e tem experiência.

Por isso, é importante conversar com os avós sobre a forma como você quer educar seu filho. Deixe claro que a criança precisa deles tanto quanto precisa de você e aceite opiniões. Ainda assim, se a dinâmica não funcionar, vale adaptar seus horários para cuidar da criança ou até procurar creches e escolas que possuem os mesmos valores que você. Dessa maneira, você permite que a avó possa ser avó. Nada mais gostoso do que a vovó ir buscar a criança na escola, levá-la para jantar e depois entregá-la para os pais.

COMO EDUCAR SEM GRITOS.

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É preciso impor regras e limites às crianças, mas também ouvi-las e dar-lhes atenção. Unir firmeza e flexibilidade é a chave do sucesso na educação, mantendo a coerência e o respeito. E não basta boa intenção para ser bom pai. As escolas de pais deviam ser obrigatórias. Afinal, se nos exigem carta de condução para dirigir, porque não se exige um diploma para educar outro ser? Tenho três filhos e sim, claro que já gritei com eles, mesmo aplicando desde o princípio as técnicas e propostas que aparecem no livro. Em algum momento, todos os pais perdem a cabeça, mas não é o mesmo perder a cabeça uma vez pontualmente e desculpar-se, e sistematicamente educar aos gritos. Não se trata só da forma, mas também do conteúdo. Um tratamento negativo, humilhante, que desvaloriza a criança faz perder a auto-estima dos filhos e a autoridade dos pais, porque se perde o respeito. Os filhos devem ver nos pais um modelo de conduta, de respeito e de comunicação, e aprenderam ao imitar o que vêem. Não podemos dizer aos berros a um filho “não pode gritar”, porque com a nossa conduta estamos dizendo que os gritos são uma forma de comunicação. Em matéria de autoridade, passou-se de um extremo ao outro. Os pais eram autoritários e hoje são negociadores e negligentes, os filhos discutem com eles de igual para igual. Estão ficando permissivos. Sim, por que agora se peca pela permissividade. Os filhos estão reclamando da autoridade, precisam ser postos no seu lugar. Se tudo é permitido, se nada lhes custa conquistar, estamos criando crianças inadaptadas. As crianças têm que ter regras, percebê-las e cumpri-las. Há vários estilos educativos, e acredito que nem o autoritário nem o permissivo ou liberal, nem tão pouco super protetor, funcionam. O estilo democrático e do diálogo é o que resulta melhor. Porem, não existe uma relação de igualdade, os filhos não estão ao nível dos pais, mas há uma comunicação entre as duas partes. A questão é

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que existe uma confusão enorme sobre do que é a autoridade dos pais.

A autoridade de que falo é moral, fruto da competência, coerência e do sentido de justiça. Um pai injusto ou incoerente é um pai que perdeu a autoridade. A autoridade não vem por se castigar mais.Os castigos são aceitáveis? Sim, mas devem ser o último recurso. Devem ser aplicados pontualmente, com pré-aviso, e têm de ser razoáveis. Por outro lado, deve ser anunciado calmamente à criança - e não a quente -, e deve ser aplicado imediatamente após a conduta errada da criança. E o pior castigo é a ausência de atenção.

Um pai que tem competência para educar, que é autoconfiante, que é um pai feliz, conquista uma autoridade moral enorme. Nos primeiros anos de vida, as crianças devem ter normas muito claras e fixas. Se, um dia, um pai recusa uma coisa para no dia seguinte a permitir, rapidamente terá um problema, as crianças percebem todas as incoerências. É essencial ser sistemático, e isso é válido ontem, hoje e amanhã. Quem permite exceções umas, duas, três vezes, perdem a mão e vive numa discussão constante. A arbitrariedade é o pior inimigo da educação.

Um pai deve cuidar e confiar nas capacidades dos seus filhos. Deve estar com eles, dedicar-lhes tempo. É evidente que não há máquinas perfeitas de educar, mas modelos e regras a seguir.

Quando os casais decidem ter filhos estão conscientes da enorme dificuldade que é educar uma criança. Não. Na maioria das vezes não. A verdadeira chave está em ser suficientemente firme e claro nas regras, ponderando-as, e suficientemente flexível quando um momento o exigir.

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A CUMPLICIDADE E O AFETO.

Você já percebeu como a relação com uma criança é feita de detalhes? Passa pela troca de olhares; pelo colo; pela conversa. É pura cumplicidade, desde o início da vida. É estabelecida naturalmente uma relação muito íntima entre pais e bebês, e a criança e a professora. Dessa forma filhos e alunos vão se desenvolver emocionalmente a partir dessa cumplicidade. A cumplicidade vai ser construída, e depende da possibilidade de se colocar no lugar do outro, ouvir suas razões, ainda que não se concorde com todas elas. Do amor incondicional às frustrações, esse sentimento se revela em muitas situações e quando existe é sinal de que a relação com seu filho ou aluno está completa.

O TOQUE E O COLO.

A cumplicidade acontece desde a gestação, ou na escola desde a entrega do aluno ao professor no primeiro dia de aula, mas é no dia a dia, num ambiente seguro e de parceria, que essa relação vai se fortalecer. É com o seu bebê nos braços que você vai perceber a cumplicidade nascer. Ele vai descobrir a melhor forma de se aninhar em seu colo e vai repetir muitas e muitas vezes essa posição para adormecer. Também vai buscar por você quando estiver em um colo desconhecido ou insatisfeito com alguma coisa. Confiança é à base da cumplicidade.

CARINHO EM PISTAS

Sair de casa logo pela manhã, voltar só à noite e, ainda assim, manter uma relação próxima com os filhos – que desafio! Nessa situação, a melhor maneira de ter esse

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vínculo intacto é demonstrar o quanto você se lembrou deles ao longo do dia.

ATÉ NO CASTIGO

Engana-se quem pensa que a cumplicidade só aparece em bons momentos. Se na hora dos castigos as regras forem bem claras e a criança perceber que existe coerência, vai entender e aceitar ai sim a cumplicidade existirá também nesses momentos.

FILHOS SUPER-AMADOS.

Gostamos mesmo muito destes meninos. Temos muito orgulho neles. Planejamos tudo cuidadosamente, e não vamos ter mais filhos para que nada falte a estes. Damos-lhes tudo. Tudo aquilo que merecem tudo o que nós nunca ousamos sequer desejar na nossa infância, pois os nossos pais não tinham infelizmente as mesmas possibilidades que hoje nós temos. Não sem esforço: Deus sabe os sacrifícios que por vezes fazemos para conseguir dar-lhes o que há de melhor. Deus sabe também o que passamos para lhes evitar as contrariedades. Suportamos calados as suas birras, os seus amuos e atendemos de imediato às suas exigências. Não iremos repetir os erros das gerações anteriores, já passou a era da autoridade, agora os tempos são outros. Queremos que os nossos filhos cresçam livres da opressão a que os nossos pais nos sujeitaram.

Não lhes impomos as obrigações domésticas tivemos de cumprir, de fazermos a nossa cama e arrumarmos as nossas coisas. Eles têm hoje muitas solicitações em casa que antigamente não existiam, como a televisão, a internet e as consolas de jogos, e por isso não podem perder tempo com essas tarefas. Nós fomos

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obrigadas a levar a cabo missões demasiado pesadas para simples crianças: buscar água à fonte, despejar o lixo, ajudar os irmãos mais novos a vestirem-se ou dar-lhes de comer, imagine-se que até nos faziam varrer o chão.

Damos-lhes a liberdade de fazerem as suas opções desde muito pequenos e procuramos corresponder aos seus anseios, desde a hora a que se devem deitar até aos alimentos de que mais gostam que todos os dias preparamos para o jantar. Levamo-los conosco às compras, deixamo-los escolher os presentes que vão receber nos anos e no Natal, e não resistimos por vezes a dar-lhos de imediato, pedindo nova sugestão para a prenda a oferecer na data própria. Tentamos nestes casos não olhar a custos, não queremos que fiquem com a impressão de que não podem ter as mesmas coisas que os seus colegas.

Tomamos todas as precauções para que não apanhem frios, não andem a chuva e não transpirem demasiado quando está muito calor. Temos o cuidado de deixá-los todos os dias à porta da escola e não vamos embora sem nos certificarmos de que entraram e que o portão ficou fechado. Somos conscienciosos, e alertamos a escola para as deficientes condições de segurança e para os todos os potenciais riscos, pois sabemos que aquelas cabecinhas têm uma imaginação prodigiosa, sobretudo quando se trata de disparatar.

Acorremos em sua defesa e evitamos as suas quedas, todas as vezes que tropecem nas dificuldades da vida. Apagamos cuidadosamente os seus erros para que não tenham que sujeitar-se às críticas e comentários alheios.

Tentamos por tudo escolher-lhes as companhias, sabemos bem como podem influenciá-los negativamente. Queremos que fiquem nas turmas melhores, junto com os

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filhos dos nossos amigos, longe de gente diferente e estranha, com modos de vida para nós esquisitos ou maneiras de pensar desconhecidas.

Não queremos também que se deparem com a crueldade da natureza que produz crianças com dificuldades e diferenças, pelo que procuramos evitar contactos muito próximos. Terão tempo mais tarde para encarar a dura realidade.

Exigimos que a escola os ensine a estudar e a fazer os trabalhos de casa, lhes incuta as noções de cidadania e que os ajude a protegerem-se das doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas. Foi nossa a vitória neste campo, com a implementação do estudo acompanhado, da formação cívica e da educação sexual nas escolas. Foi nossa a vitória da criação de uma escola a tempo inteiro, onde os nossos filhos são educados de uma forma abrangente e global.

Compramos-lhes computadores e celulares de última geração, roupa de marca, queremos que eles se sintam integrados entre os seus amigos, e sabemos que essas coisas são importantes para eles. E nesses computadores até mandamos instalar uns programas daqueles que impedem que eles visitem sítios impróprios para a idade deles.

Damos-lhes todos os dias um dinheirinho para que possam comprar um bolo e um suco e, no Verão, um sorvete. Não hão-de sentirem-se como nós, quando ficamos a ver aquele menino do papai, que tanto esbanjou naquela visita de estudo, a comprar recordações e a encomendar o mais vistoso bolo que havia na pastelaria e que desprezou depois, porque era enjoativo.

Não. Os nossos filhos hão-de ser respeitados e reconhecidos pelos colegas, hão-de ter muitos amigos, não queremos que sofram as angústias por que passamos na nossa adolescência por não termos a certeza de sermos

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aceites pelo grupo, porque não saíamos à noite ou não tínhamos namorados.

Serão crianças cheias de sucesso toda a sua vida, terão uma profissão digna e nunca sujarão as suas mãos ou chegarão a casa cansados, transpirados, sujos. Ganharão o suficiente para terem quem faça por eles as tarefas menores.

Tivemos uma infância difícil, uma juventude complicada. Tudo faremos para que os nossos filhos cresçam sem se cruzarem com as dificuldades que nós tivemos que enfrentar.

Nos enganamos ao pensar que os estamos a ajudar a crescer retirando-lhes os obstáculos do seu percurso. A vida real não é fácil, mas as pedras que encontramos no nosso caminho são os degraus que nos fazem subir mais alto.

Falhamos ao impedi-los de aprender a assumir os próprios erros, a reconhecer as suas falhas e ter a humildade de pedir desculpa, sempre que nos ocupamos em disfarçar as suas asneiras, por mais insignificantes que possam parecer. Às vezes apenas porque sabemos ser também atingidos pelos olhares críticos que lhes são dirigidos.

Nos iludimos ao pensar que a imposição de regras lhes limita a liberdade: a verdadeira liberdade é a liberdade consciente de quem conhece e sabe respeitar os limites. Ao permitir que vivam sem regras estamos a enganá-los a eles também, criando-lhes a falsa impressão de que tudo podem.

Fugimos às nossas responsabilidades ao antecipar o seu poder de decisão sem que sejam ainda capazes de

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distinguir entre o que desejam e o que lhes é mais favorável. Sem que previamente lhes demonstremos por palavras e exemplos quais as melhores opções.

Nos esquecemos de que a família é a primeira escola de vida. E de que os irmãos são os nossos iguais com os quais damos os primeiros passos na aprendizagem da partilha, da solidariedade, mas também da luta pelos nossos interesses e da defesa própria. Os irmãos são a nossa melhor escola de relações humanas, são o primeiro exemplo da diversidade, são os nossos melhores companheiros de brincadeiras, os nossos maiores confidentes, e também os nossos mais duros críticos. Teremos o direito de retirar aos nossos filhos essa mais-valia desculpando a nossa atitude com o argumento de que teremos mais para dar a menos filhos? Mais de quê?

Desviamos a lembrar que é em família e no cumprimento das mais pequenas tarefas que aprendemos o sentido da cooperação e da entre ajuda, que compreendemos que temos que ter um papel ativo na sociedade, e que, mesmo alguns trabalhos que nos parecem secundários, são parte integrante e essencial para o bom funcionamento geral.

Ignoramos que sacrificamos a sua autonomia e a sua responsabilidade por não permitirmos a sua gradual incursão no mundo nem a experimentação de situações em que estejam completamente sozinhos, por sua conta e risco, mantendo-os sempre sob o nosso olhar protetor ou aprisionados dentro das grades da escola. Não os preparamos para enfrentar o mundo, não os ensinamos a tomar decisões, a ponderar os prós e os contras das atitudes que possam tomar nem a fazer opções conscientes. Admirar-nos-emos talvez quando, na ânsia de se libertarem, correrem irrefletida e desenfreadamente na direção de tudo o que lhes está vedado.

Fechamos os olhos à importância que terá na sua vida futura a facilidade que possam desde já adquirir em

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se relacionar com quem pensa e vive de outro modo, ou simplesmente tem um corpo diferente do seu, privando-os da aprendizagem de valores tão fundamentais como o respeito pela diferença e a solidariedade, mas, sobretudo da descoberta da individualidade de cada ser humano, longe das sombras que os preconceitos projetam nas relações entre as pessoas.

Cremos em falsos ideais, associando a autoconfiança e a auto-estima dos nossos filhos aos objetos e bens que possam exibir, levando os nossos filhos a convencer-se que valem pelo que têm mais do que pelo que são. Deixamo-nos engolir pelo consumismo, ao aceitar e seguir a regra estabelecida de que os sentimentos de inferioridade e a insegurança estão diretamente relacionados com o que se possui. Negamos-lhes a possibilidade de construção de um amor-próprio alicerçado no conhecimento pessoal, na consciência das próprias capacidades não só intelectuais mas sobretudo de influência positiva à sua volta, na certeza de que cada pessoa é um ser único e insubstituível, e em que nada pesa aquilo que se tem, mas o que se é, e em que importa sobretudo o que se faz para, mesmo em pormenores aparentemente insignificantes, mudar o mundo para melhor.

Retiramos deles a faculdade de reconhecer o valor do que têm, de saborear as pequenas conquistas, porque tudo conseguem sem o menor esforço, conduzindo-os a uma permanente insatisfação, que poderão procurar compensar buscando o prazer fácil e imediato no álcool, nas drogas e numa sexualidade irresponsável.

Demitimo-nos do nosso papel de educadores ao passar para a escola as responsabilidades que são nossas e exclusivas. São os pais quem deve acompanhar os filhos

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na execução dos trabalhos de casa, para melhor compreenderem a vida escolar dos filhos, para poderem prever e entender as suas dificuldades, para aprofundar a relação de proximidade entre as gerações. São os pais quem lhes deve ensinar as mais básicas regras da vivência em sociedade, somos o seu primeiro e mais marcante modelo - é conosco e seguindo o nosso exemplo que se tornam Homens e Mulheres. São os pais quem deve, procurando auxílio externo se disso sentirem necessidade, num clima de intimidade familiar, aconselhar e orientar os filhos para uma sexualidade responsável e indissociada dos valores, não abdicando desta sua missão em favor de um modelo generalista que não poderá respeitar a individualidade e a intimidade de cada um. Talvez devamos parar para pensar que se as vitórias se conseguem à custa das derrotas de outrem, neste caso os principais derrotados são os nossos filhos.

Negamos a evidência da eficácia do diálogo e da proximidade, como o mais básico meio de prevenção contra os todos os riscos da atualidade. Está nas suas cabecinhas o disco rígido onde com a maior segurança poderemos instalar todo o software de segurança, é aí que devemos colocar a base de dados do conhecimento, dos riscos, dos caminhos, das opções e dos objetivos e onde devemos inserir os valores pelos quais devem orientar a sua vida. Só com proximidade, cumplicidade e intimidade se constroem os sólidos pilares sobre os quais se erguerão.

Super-amamos os nossos filhos. Será que os amamos da melhor maneira?

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CRIANÇAS COM AUTO-ESTIMA.

Ainda que pareça mentira, o que uma criança pensa de si própria depende em grande medida do que os demais - que são seu espelho - pensam dela. Assim se o reflexo que capta é negativo, terá uma imagem negativa de si própria. Pelo contrário, se os reflexos que contempla são positivos, sua auto-estima será alta.

A etapa em que a criança começa a formar sua auto-estima costuma coincidir no tempo com a do desenvolvimento básico de suas faculdades. E tem mais, o nível que alcancem tais faculdades dependerá, em grande medida, da auto-estima alcançada pelo pequeno até esse momento.

Isto é, apenas se ela se considera capaz, poderá sair vitoriosa na luta que dia a dia lhe irá impondo seu próprio desenvolvimento: hoje pronunciar bem esta palavra, amanhã os problemas de matemática...

E é que, ainda que tenha um coeficiente de inteligência superior ao normal, se a criança não tem fé em si, o mais provável é que termine adotando posturas catastróficas, covardes, que lhe conduzam ao fracasso, não apenas na infância mas, provavelmente, também ao longo e sua vida.

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ADEUS ÀS ETIQUETAS

O primeiro passo em sua educação deve ser, portanto, ajudar-lhe a cimentar as bases para que tenha uma imagem positiva de si própria. Assim antes de ensinar-lhe a fazer algo, é preciso que convencê-la de que é capaz de aprender e de fazer as coisas bem.

Do mesmo modo, é preciso evitar essas "típicas" etiquetas e rótulos que se costumam pendurar nas crianças, e que poderiam chegar a converter-se em sua forca, sobretudo porque logo são bastante difíceis de retirar. Se desde que começa a entender as coisas - muito antes do que se costuma pensar - a criança se identifica com certos apelativos como astuto, bobalhão, burro, etc., crescerá acreditando firmemente que é muito astuto, bobalhão, burro...

Outro bom propósito para os pais é que se proponham, ao repreender-lhe, separar sempre a má ação do como é realmente a criança. Uma coisa é fazer-lhe ver que se comportou mal, que o que fez não está certo, e outra bem diferente, assegurar que é uma criança má.

Para evitar os efeitos nocivos do usado anti-elogio, basta fixar-se a meta de dizer dez elogios por cada anti-elogio que se dirija à criança. Resulta muito difícil, começar por 5 a 1, mas o importante é ser consciente de seu enorme peso na auto-estima da criança.

FRASES QUE PROMOVEM ATITUDES

NEGATIVAS

FRASE ................................................... ATITUDE PROVOCADA

Você é um desordenado.......................................... Desordem

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Está sempre querendo aborrecer............................. Aborrecer mais

Deve aprender com seu primo ............................... Recusa ao primo

Assim não chegará a lugar nenhum ........................ Medo

Estou farta de você .................................................. Desamor

Aprenda com seu irmão ........................................... Ciúmes

Fique de castigo ....................................................... Tristeza

Vingança

Como continua agindo assim vou castigar-lhe ......... Medo

Está sempre brigando .............................................. Gosto de brigar

Suma de minha vista, não quero nem ver-lhe ................. Desamor

Não sabe ficar quieto ................................................. Sou nervoso

Me mata de desgostos ............................................ Medo. Desamor

Sempre está brigando .............................................. É tudo meu

Cada dia se comporta pior ................................. Sou assim, sou mau

Você é um mentiroso ........................................ Gosto de mentir

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Não sei quando vai aprender ............................ Tristeza. Não posso

Não gosta nem um pouco de mim .................... Desamor. Tristeza

Assim não terá amigos ..................................... Tristeza. É verdade

Contarei a seu pai ............................................. Temor. Tristeza

POSITIVAS

Estou seguro de que é capaz ............................. Sou capaz

Muito bem, eu sei que o fará ............................. Sou capaz

Não duvido de sua boa intenção ........................ Ser bom

João tem um alto conceito de você .... ...............João é meu amigo

Se precisa de algo, peça-me .............................. Amigo

Sei que fez isso sem querer ................................ Não repetirei

Estou muito orgulhoso de você ...........................Satisfação

Sabe que lhe amo muito ...................................... Amor

Eu sei que é bom .................................................. Sou bom

Parabenizo-lhe pelo que fez ................................. Alegria melhorar

Que surpresa boa me fez ...................................... Alegria

Quando precisar de mim, eu lhe ajudarei ............. Amor

Assim me agrada, fez muito bem ......................... Satisfação

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Noto que cada dia está melhor ............................. Desejo de sê-lo

Acredito no que me diz, sei que fará ................. Confiança

Saiba que quero para você o melhor .................. Amor

Você merece o melhor ........................................ Satisfação

Pode chegar onde você quiser ............................. Posso fazê-lo

Estou certa que as próximas qualificações serão melhores .............................................................................. Estudar mais

RECONHECER SEUS MÉRITOS.

É tão negativo pendurar etiquetas como não reconhecer méritos. A criança busca instintivamente conhecer-se a si própria, mas não conta com mais espelho para encontrar seu reflexo que o que lhe brindam seus pais. Portanto, se lhe repreende pelo que fez mal, também é necessário elogiar-lhe pelo que fez bem.

Ao atuar como espelhos, é importante tomar muito cuidado em refletir com mais intensidade suas virtudes que seus defeitos. Cada vez que lhe ressaltamos como agiu bem ao entregar a bola a seu irmão, em vez de repetir-lhe constantemente o egoísta que é e quanto lhe custa emprestar suas coisas, está mudando a luz de seu espelho, e esse será o melhor estímulo que poderia receber nestes momentos.

Neste sentido, resulta muito mais efetivo incentivar a virtude contrária que recriminar o vício. Sobretudo se tem em conta que o elogio é uma das armas mais poderosas

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para fortalecer a auto-valorização da criança. Em si própria é um prêmio, mas sua função primordial é a de destacar com o elogio a coisa bem feita.

Elogiar é reforçar o êxito alcançado. Seu efeito é antes de tudo de motivação, pois supõe um empurrão para a auto-estima da criança, que se lançará a obter êxitos ainda maiores.

Do mesmo modo, ao valorizar as ações da criança seria injusto - além de totalmente contraproducente - fixar-se apenas no modo, em vez de cumprimentar-lhe pela parte boa do que conseguiu. É o caso do pai que, quando seu filho lhe mostra o desenho que fez na classe, se fixa mais no torcido das linhas que no brilho das cores utilizadas.

Em todo momento é importante esforçar-se em ver o lado bom do que façam, por mais que o erro pareça pesar mais.

ÂNIMO CAMPEÃO!

Os filhos agradecem e respondem também muito melhor com um gesto de aprovação e algumas palavras de ânimo com o grau justo de reprovação, que com quatro gritos e um castigo rápido e inapelável.

Inclusive no circo, os domadores ensinam às feras a dobrar-se com carícias e prêmios, em vez de empregar o açoite, porque a chave do êxito, tanto neste caso como no da educação da auto-estima das crianças, é o clima que se estabeleça com os adultos que lhes rodeiam.

Portanto, mais efetivo que levantar a voz ou, pior, a mão, é empregar os elogios e a motivação. Um "ânimo campeão!" pode conseguir que a criança chegue muito mais longe do que ele e seus próprios pais jamais houveram sonhado. Esta expressão não deve faltar nunca nos lábios. Quanto mais desastrado seja o pequeno, mais necessitará ouvir essas palavras de ânimo e, sobretudo,

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comprovar que seus pais - seus ídolos - têm confiança nele.

PENSE NISSO...

• Fugir do elogio mecânico é fundamental. Sempre é bom interessar-se pelos pequenos êxitos e perder alguns minutos em elogiar esses primeiros rabiscos, com os quais as crianças costumam aparecer justo quando se está lendo o "Total a pagar" da conta de telefone.

• É necessário vigiar o cansaço ou o aborrecimento, abono eficaz para que se termine escapando algum ou outro prejudicial anti-elogio.

• Tentar manter o respeito ao caráter da criança, e avaliar periodicamente se as expectativas depositadas nele são justas, razoáveis e equilibradas. Será de grande ajuda.

• Deve-se evitar o excesso de proteção sobre a criança. Pode-se intervir em suas saídas apenas quando exista algum perigo grave.

• Propor-lhe metas que seja capaz de obter é importante, procurando tirar sempre a parte positiva de sua intervenção, ainda que a negativa fosse muito mais valiosa.

• Pode-se pedir sua opinião em temas quotidianos de pouca transcendência como onde ir passear, que sobremesa preparar, etc. Isto lhe fará sentir-se importante, autovalorizar-se e respeitar-se a si próprio.

• Não se deve recorrer nunca às comparações para repreender-lhe ou fazer-lhe ver como há de comportar-se. Não é bom para nenhuma das duas crianças, e sempre há algum que sai perdendo.

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• De propor-se a meta de elogiar cada dia, ao menos uma coisa bem feita de cada filho, oportunamente e com naturalidade. Não será difícil, se está atento para encontrar a ocasião.

QUESTÃO DE SEGURANÇA.

A segurança é fundamental para alcançar o êxito. Para que os pequenos se valorizem a si mesmos e se considerem capazes de fazer isto e aquilo, é primordial que se sintam seguros, aceitos e queridos pelos que lhes rodeiam.

Alguns pais excessivamente exigentes podem conseguir que uma criança com algumas capacidades extraordinárias não consiga mais que passar de ano raspando.

Outro mais simples, em troca, chegará a obter as melhores notas, simplesmente porque seus pais o aceitaram da forma como é e souberam orientar suas expectativas para aspectos muito concretos de seu desenvolvimento.

A criança necessita comprovar, também, que lhe amam por ser ela própria, não por tirar boas notas ou não quebrar jarros ou vasos de flores.

Não é aconselhável que pense, neste sentido, que deve cumprir as expectativas de seus pais para comprar seu carinho ou confiança.

Em troca, costuma ser positivo que as conheça, sempre que sejam razoáveis e possíveis para ele, porque lhe proporcionarão oportunidades de lutar e obter alguns êxitos com os quais conseguirá emocionar a seus pais.

Se o pequeno se sente querido e aceito, terá uma atitude mais positiva, será capaz de colocar-se metas realistas e, desse modo, automotivar-se para alcançar outras ainda mais altas.

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COMO ENSINAR OS FILHOS A

TOMAR DECISÕES.

Podemos ajudar nossos filhos aprender a decidir dando-lhe muitas oportunidades para tomar decisões a curto, médio ou longo prazo.

Deveremos, na medida do possível, evitar decidir por eles ou intervir excessivamente em suas decisões. A medida que vão crescendo, os pais devemos ser capazes de “ir soltando os nós” dando-lhes maior autonomia e capacidade de decisão.

Desde que são pequenos devemos habituar-lhes a decidir em assuntos que não tenham repercussões graves: por exemplo, a que queira jogar, que roupa quer colocar, que história quer que lhe leiam...

Por exemplo, se seu filho de 11 anos lhe pede permissão para ir esquiar com o colega durante uma semana das férias, em lugar de responder-lhe diretamente que não, pode pedir-lhes que lhe ajude a tomar a decisão. Para isso convém que, primeiro, pense em alternativas a realizar, como por exemplo:

- Passear alguns dias das férias com a família.

- Ir visitar o avô, que está doente.

- Ficar-se em casa e, colocar-se em dia com os estudos...

A seguir convém ensinar-lhe a valorizar os aspectos positivos e negativos de cada alternativa. Por exemplo, para ir esquiar:

- Positivos: convivência com os companheiros, fazer esporte...

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- Negativos: alto custo econômico, não tem equipe, o avô sentirá sua falta, atraso em seus estudos...

Finalmente deverá tomar a decisão, enquanto é pequeno, com sua ajuda. Uma vez tomada à decisão, deveremos acostumar-lhe a mantê-la e a “arcar com as conseqüências”.

Se, por exemplo, seu filho decide matricular-se este ano no basquete em lugar do futebol, uma vez tomada a decisão deve exigir-lhe que a mantenha, ao menos durante um tempo razoável.

Os pais deveram permitir aos filhos que se enganem às vezes em suas decisões. Se a criança sofre as conseqüência negativas de uma decisão certamente será mais rigoroso nas seguintes decisões que adota.

A hora de educar nosso filho para que aprenda a tomar as decisões deveremos ter em conta que cada filho é diferente, tendo em conta suas características pessoais e sua maneira de ser.

EM EDUCAÇÃO NÃO HÁ RECEITAS,

CADA FILHO É DIFERENTE.

É possível que seu filho seja muito IMPULSIVO: Isto é, dos que primeiro atuam e depois pensam. O resultado é que freqüentemente se engana e suas decisões. Se este é seu caso pode ajudar-lhe:

- Habituando-o a dar razões antes de atuar: por que deve fazê-lo assim?

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- Incentivando-lhe a procurar alternativas ou possibilidades antes de decidir.

- Ensinando-lhe a valorizar objetivamente os aspectos positivos e negativos de cada tarefa.

É possível que o caso de seu filho seja o contrário: que seja INDECISO: isto é, pensa e repensa, encontra um, mas para tudo, nada lhe convém, espera que os outros decidam por ele. Freqüentemente, quando enfim se decide, já é tarde.

Deve ter em conta que uma conduta indecisa repetida indica que a criança não está desenvolvendo seu sentido da responsabilidade.

Além disso, existe uma relação evidente entre a capacidade para tomar decisões e a auto-estima: as crianças com baixa auto-estima não são capazes de enfrentar os riscos que implicam uma decisão. Portanto, se seu filho se mostra com freqüência indeciso deverá preocupar-se por aumentar sua auto-estima.

Se este é seu caso pode ajudar-lhe:

- Concedendo-lhe um tempo limitado para tomar um decisão: “terá que dar-me a resposta amanhã”

- Expondo-lhe a muitas situações nas quais tem que decidir.

- Elogiando-lhe quando o faz, para que aumente sua confiança.

Outra possibilidade diferente é que seu filho se caracteriza por ser RÍGIDO em suas decisões: sempre faz as coisas da mesma maneira, não procura soluções novas e a custo de reconhecer seus erros. Se este for o caso, poderia ajudar-lhe:

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- Sugerindo alternativas possíveis: “Este ano, em lugar de comemorar seu aniversário com uma festa em casa, podemos fazer uma excursão, ir ao cinema”.

- Ajudando-lhe a descobrir os nossos fatores que podem alterar a decisão: “Agora é maior, não há espaço na nova casa”.

- Ensinar-lhe que todos nós podemos enganar na vida e que retificar é de sábio.

O que os pais podem fazer?

Os procedimentos para ajudar aos filhos a ser responsáveis se apóiam em quatro pontos:

O CORRETO EXERCÍCIO DA AUTORIDADE à hora de estabelecer algumas normas e limites: os pais devemos ser capazes de exercer a autoridade de forma coerente estabelecendo alguns limites e algumas normas de comportamento.

Desta forma, se seu filho conhece os limites, é capaz de tomar decisões e prever as conseqüência das mesmas. Seu filho deve saber, pois, claramente, o que espera dele assim como as conseqüências que acarreta o não cumprimento de suas responsabilidades.

O EXEMPLO E O PRESTÍGIO DOS PAIS. As crianças copiam continuamente as atitudes de seus pais. Assim, por exemplo, se papai deixa sua roupa jogada quando de desvestem, será difícil inculcar em seu filho a responsabilidade de recolher seus objetos pessoais.

O EXEMPLO DOS PAIS É BÁSICO NA EDUCAÇÃO DA RESPONSABILIDADE.

Os pais que são irresponsáveis e não lutam por corrigir-se não podem ensinar seu filho a ser responsáveis. Se quando chegam tarde do trabalho joga a culpa no trânsito; se esquece das promessas que fizeram a seus filhos; se

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sempre ilude a tomar decisões e procura que os demais decidam por você, se diz uma coisa e faz outra... Está atuando como modelo para seu filho.

Educa-se dando bom exemplo ou esforçando-nos por corrigir nossos defeitos de forma que nossos filhos vejam que lutamos por melhorar.

Atua-se de forma incoerente, seu filho será o primeiro em dar-se conta. De fato, não está fomentando a responsabilidade de seu filho quando:

- Se lembra das coisas que ele ”se esquece”.

- Faz seus encargos ou tarefas porque “é mais simples“

- Subestima a capacidade de seu filho e pensa que é menor do que realmente é.

- Qualifica seu filho de “irresponsável”.

- Superprotege a seus filhos e decide sempre por eles.

- Quando se enganam e você soluciona todas as dificuldades.

- Neste sentido há três tipos e pais aos quais lhes resulta especialmente difícil o responsabilizar a seus filhos:

Os pais que pretendem compensar a dureza do outro cônjuge protegendo a seus filhos. Estes freqüentemente encobrem a seu filhos e carregam sobre si próprio a tarefa que não lhes correspondem para evitar problemas.

Por exemplo, a mãe que, quando os filhos trazem as más notas para casa, ou trazem uma parte com queixas do colégio, o oculta do pai para que não haja bronca. Ou o pai que, para evitar o mau humor de mamãe, quando chega cansada do trabalho em casa, recolhe as coisas que as criança deixam jogadas. Estes pais devem lembrar que, se bem a excessiva dureza é ruim para a educação dos filhos, todavia é pior a excessiva brandura e que a falta de

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coerência dos pais entre si prejudica seriamente a educação de seu filho.

PAI E MÃE DEVEM ATUAR JUNTOS.

Outro problema são os pais excessivamente perfeccionistas que não suportam que as coisas não estão certas que eles querem.

Se, por exemplo, quando seu filho de 6 anos faz a cama e você fica atrás arrumando o que fez mal, ou se não deixa a ninguém ajudar na cozinha por medo a que sujem, ou se parece que a forma em que ordena seu marido a roupa da turma não é adequada ... Depois não se queixe de que ninguém lhe ajuda.

SEMPRE É MELHOR UMA COISA

PRONTA REGULAR POR SEUS FILHOS

QUE UMA PERFEITA FEITA POR VOCÊ.

Finalmente, têm especial dificuldade para educar na responsabilidade aquele pai que superprotegem a seus filhos. Aqueles aos quais lhes parece que o filho nunca é suficientemente adulto, que lhe ajudam constantemente, lhe vigiam, lhe dizem o que deve colocar-se... Ainda que ele seja capaz de fazê-lo perfeitamente por si próprio.

Tenha em conta que nossos filhos nos observam continuamente. Para que seu filho pense que se responsável vale a pena é importante que:

- Comporte-se de forma justa e não arbitrária.

- Que seu filho saiba claramente o que se espera dele.

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- Saiba esclarecer algumas normas e limites claros.

- Seja coerente na aplicação dos castigos estabelecidos: perdoe ao filho, mas faça com que o sempre seja cumprido.

- Recompense seu filho por seu bom comportamento.

- Cumpra com o que disse.

Como atuar em situações cotidianas?

NO CUIDADO DAS COISAS:

A ordem em suas coisas é um dos aspectos que desde muito cedo devemos inculcar-lhes:

- Ordem em seus jogos: devem recolher sozinhos depois de usá-los.

- Ordem em suas roupas: que não devem deixar jogada e que devem cuidar de não romper.

- Ordem em seus livros e material escolar: que devem ter sempre em ordem quando o necessitam.

- Ordem no tempo: que respeitem a hora de ir à cama, de estudar, horário das refeições...

Tenha em conta que o próprio sensitivo da ordem tem lugar entre 1 e 3 anos. Deve, portanto, começar logo para depois não lamentar-se.

DEVE ENSINAR-LHE O VALOR DAS COISAS E ACOSTUMAR-LHE A CUIDÁ-LAS.

Para isso é importante que disponha das lembranças necessárias: caixotes e caixas onde possa guardar as coisas em ordem, estojo onde guarda o material ...

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Deve entender claramente que o cuidado de suas coisa é responsabilidade sua. Se perde ou estraga, sem motivo, suas coisas dever responde por isso. Se quando isto ocorre você é a encarregada de procurá-la ou de respondê-la estará fazendo um trabalho fraco.

Se seu filho perde o material escolar e “sobrevive” graças a que outras crianças lhes empreste lápis e canetas, pode chegar com ele a um acordo: como, por exemplo, revisar seu estojo todos as sextas-feiras. Uma vez revisado irá com ele à livraria e deverá comprar com seu dinheiro aquilo que falta.

Se seu filho deixa todas suas coisas jogadas pela casa, pode chegar a um acordo com ele: As coisas que não estiverem em seu lugar serão requisitadas e deverá pagar uma multa, fixada previamente, para recuperá-las.

Algumas destas medidas podem parecer-lhe drásticas, mas é a única forma de atuar quando seu filho se acostumou a atuar sem responsabilidade.

OS ESQUECIMENTOS

Há crianças que nunca se lembram das coisas que têm que fazer. Não que se neguem a fazê-las, mas para isso é necessário lembrar-lhes centenas de vezes. Isso sim pode ficar tranqüila que seu filho não tem nenhum problema de memória. Quando algo é importante para ele (uma partida de futebol, uma festa...), não se esquece nunca.

Se esta descrição se encaixa em seu filho, você pode utilizar alguns truques para ajudar–lhe a lembrar:

- Escreva suas tarefas e coloque em um lugar visível, como por exemplo, no mural de seu quarto ou na geladeira da cozinha. Desta forma não terá a desculpa de que não sabia ou não se lembra de qual era sua obrigação.

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- Assegure-se de que seu filho lhe escutou quando lhe pede algo. Faça com que deixe o que está fazendo e lhe olhe na cara. Pode pedir-lhe que repita o que lhe pediu.

- Não lhe repita nem, lhe lembre as coisas. Se o faz, a criança aprenderá que é você o responsável de lembrar-lhe das coisas. Assim se seu filho se esquece de tirar o lixo e você lhe lembra várias vezes que deve fazê-lo, ele aprende que nunca mais deverá preocupar-se por isso porque seus pais pensaram por ele.

- Estabeleça costumes e rotinas o mais regulares possíveis: Se seu filho, ao chegar do colégio, todos os dias deve fazer o mesmo, como guardar seu material, pendurar sua blusa, almoçar ... é mais fácil que se lembre.

- Não tenha medo a castigar-lhe por seus esquecimentos (sempre e quando a criança souber com antecipação, e estiver avisada, das conseqüências de um possível esquecimento).

- Dê bom exemplo e procure não se esquecer das promessas que lhe faz. Pode utilizar também algum truque para lembrar-se (amarrar uma linha no pulso, mudar o anel de dedo...)

A CRIANÇA QUE “ESCAPA”

Há crianças peritas em escapulir-se de suas obrigações. Estas crianças são especialistas em jogar a culpa nos demais de sua falta de responsabilidade.

Por exemplo, quando os pais se acostumam a lembrar a criança do que deve fazer, a criança assume que ela já não é responsável de lembrar-se. Se lhe acusa de não cumprir com suas obrigações, joga a culpa nos pais: “é que não me lembrei...”.

Outras crianças são muito astutas e saboreiam os esforços de seus pais por educar-lhe adquirindo a fama de

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incompetentes ou irresponsáveis. Assim, por exemplo, uma criança pode fazer mal repetidamente uma tarefa para que seus pais cheguem à conclusão de que é melhor não pedi-lo. Também alguns maridos são peritos nesta tática.

Outras crianças fazem as coisas tão devagar que os pais, finalmente, preferem fazer eles mesmos.

Outros deixam tudo pela metade ou se queixam de não ser capazes. Se conseguem convencer disso a seus pais acabarão por fazê-las por ele.

Algumas sempre têm desculpas: dor de barriga não se encontra bem, têm que fazer outras coisas mais importantes; nestes casos, se conseguem com esta estratégia sair-se com uma das suas, tenderão a repeti-la.

Crianças que se limitam a cumprir ao pé da letra o que lhes pede. Se lhe pede que recolha seus jogos do chão os coloque em cima da cama ou, se lhe pede que recolha os pratos, se limita a amontoá-los.

A outras lhes encanta sentir-se vítimas: “pede tudo para mim” ”não me deixa fazer nada do que gosto”.

ATUE COM FIRMEZA SE SEU FILHO

PRETENDE FUGIR DE SUAS

RESPONSABILIDADES.

Todas estas são simplesmente estratégias que as crianças utilizam para tentar escapar de suas responsabilidades. Muitas aprenderam conosco. Ante elas não resta outra saída senão a firmeza dos pais. Estes devem deixar claro à criança quais são suas obrigações e por que deve cumpri-las e não permitir que seus truques lhe sirvam para

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escapar-se. Se o consegue terá aprendido que suas táticas são uma boa maneira de sair-se com uma das suas.

QUANDO É UM PRÓDIGO:

Algumas crianças se mostram especialmente irresponsáveis no que diz respeito ao uso do dinheiro. O deixam jogado pela casa, ou o gastam caprichosamente em bobagens, ou estão pedindo continuamente.

NOSSOS FILHOS DEVEM APRENDER A UTILIZAR E VALORIZAR ADEQUADAMENTE O DINHEIRO.

Muitos pais se perguntam: a que idade a criança deve manejar o dinheiro? É bom ou ruim dar-lhe uma mesada?

Como já dissemos a única forma de que seu filho se torne responsável é dando-lhe responsabilidades. Portanto, se quer que seja responsável com o dinheiro, terá que dispor de uma quantia para administrá-lo.

A princípio, para uma criança de 4 ou 5 anos não devemos dar-lhe mesada, mas é conveniente que disponha de um lugar (uma lata, um cofrinho) onde possa colocar o dinheiro. Terá que ser responsável com o dinheiro, terá que dispor de algo para administrá-lo.

Aos 7 anos pode ser uma boa idade para começar a dar-lhe uma pequena mesada com a intenção de que economize e vá juntando dinheiro para conseguir algum objetivo como um patins ou uma bola e também para poder reparar, com seu dinheiro as coisas que perde de seu material escolar, seu uniforme: desta forma começará a conhecer o valor das coisas e começará a administrar o dinheiro.

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A partir dos 9-10 anos, resulta importante que se acostume a ter dinheiro no bolso para gastar. Se puder dê-lhe uma quantia fixa semanal, e melhor ainda mensal, à medida que se torne maior, para que aprenda a administrá-la.

A quantia deve fixar-se tendo em conta sua opinião e atendendo a suas necessidades reais. É conveniente que inclua uma quantia para gastos fixos: como ônibus e outros gastos variáveis.

Como regra geral, a quantia que pode entregar a seu filho deve ser menor e não esqueça que se trata de algo necessário para ele. Portanto, não há de utilizá-la como prêmio nem como castigo. Unicamente deverá cortá-la se a administração for ruim.

Convém que lhe ajude também a princípio a administrá-la bem.

Para isso é importante que conheça o valor das coisas. Pode pedir-lhe que lhe acompanhe às compras para que vá adquirindo o sentido de quanto custam as coisas.

Também convém fomentar nele o espírito de economia: Pode animar-lhe a economizar, para essa bola de futebol que tanto deseja, ou para comprar essas tiaras para o cabelo que tanto gosta.

A partir dos 12 anos devemos acostumar nossos filhos a que ganhem algum dinheiro trabalhando. Não convém gratificar economicamente aquelas atividade que são seu dever habitual: estudar, fazer seus encargos, mas pode recompensar-lhe por alguns trabalhos extras: arrumar o quarto de despejo, limpar o carro, vestir-se de palhaço na festa de seu irmão.

Não deve esquecer, em que sua educação referente ao uso do dinheiro, o ensinar-lhe a DAR. Convém que lhe faça consciente das necessidades dos demais e que reconheça seu dever de ajudar-lhe na medida do possível.

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CRIE SEU FILHO PARA O MUNDO.

Superproteção, escolha, adaptação, autonomia, independência... são muitas as palavras que envolvem esse tema. E, por várias vezes, temos dificuldade em colocar as reflexões sobre elas em prática no dia a dia com as crianças. É que, quando elencamos em palavras, parece algo filosófico demais para traduzir em atitudes.

Mas são nos minutos do cotidiano que tudo isso se torna “vida real”, sem que a gente perceba. Você nota que pode proteger seu filho ao mesmo tempo em que o prepara para enfrentar o futuro. Vê que ao soltá-lo aos poucos, por mais difícil que isso possa parecer, ele aprende a trilhar seu caminho. Porque, sim, progressivamente ele vai querer “tocar” a vida dele sozinho. Deixe que isso aconteça sem medos. Hoje os pais educam seus filhos para a felicidade imediata. Se vai doer, a educação é adiada. Quando vêem, o tempo passou e educar adultos é mais complicado.

1. Incentive as escolhas

Criança deve ter escolha? Sim, sem dúvida. Quando seu filho pode dizer do que gosta, como gosta o que quer fazer, ele aprende a se comunicar com você e com o mundo. A sua parte é explicar que nem sempre as coisas poderão ser do jeito que ele prefere. E tem outro lado, claro, porque nem sempre as vontades são possíveis.

2. Caiu e levantou!

Seja no sentido literal ou figurado, quando um filho cai, a vontade que dá é de sair correndo para ver se ele está bem e pegá-lo no colo. Respire fundo e controle a tentação se perceber que não é nada grave. O motivo é ótimo: você

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vai adorar quando enxergar que ele sabe se reerguer sozinho.

3. Limites bem claros

A correria da vida de hoje muitas vezes atropela importantes conversas que precisamos ter com as crianças. Mas elas devem acontecer. Por isso que, enquanto ele é bebê, para evitar perigos, não é não. Mas, conforme ele cresce, já entende que a tomada dá choque, que o fogão queima e que isso dói.

4. Frustrações, sim

Fale a verdade: quem é que teve filhos para vê-los ter dor, serem rejeitados pelos amigos ou querer muito um brinquedo e não poder ganhar? E quando você pode “dar um jeitinho” no problema, seria o caso de resistir? Em alguns momentos, sim. Evitar que eles resolvam seus próprios problemas e passem pelas frustrações normais do dia a dia pode ser uma marca grave para a formação da personalidade da criança.

5. Vá além do exemplo

Explicar por que se toma uma atitude ou outra em cada situação ajuda a formar crianças e adultos mais coerentes. As crianças estão sempre observando e os pais educando, mesmo sem planejar.

MOSTRE A SEUS FILHOS QUE

NINGUEM VIVE SOZINHO.

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Intermediar brigas, conversar com os convidados que querem ir embora ao meio da brincadeira e conviver com os pais dos amigos são algumas das situações que poderão servir de (bom) exemplo para as crianças. Levar o amigo para casa é uma enorme aventura, especialmente para os pequenos que ainda têm o desafio de aprender a compartilhar objetos e dividir a atenção dos pais. E é justamente assim que seu filho vai desenvolver habilidades para se relacionar com as pessoas e para seguir regras sociais. Preparamos algumas dicas para seu filho, e você, aproveitar ainda mais o próximo encontro com os amigos na sua casa. Aqui, vocês são os anfitriões. Mas, lembre-se: aceitar o convite para conhecer a casa do amigo é bem significativo também. Sempre incentive seu filho a participar desses encontros.

1. Faça o convite

Receber crianças em casa é uma delícia, mas requer uma organização mínima no meio da sua rotina que certamente não é das mais calmas. Portanto, melhor acertar tudo direitinho com a mãe do amigo. Se for a primeira visita, vale fazer algumas perguntas, saber se ele tem qualquer tipo de alergia ou se há alguma recomendação. Também é importante combinar o horário de chegada – para segurar a ansiedade do seu filho. E a que horas ele vai embora, assim você consegue organizar melhor o tempo deles na sua casa.

2. Converse antes

Se seu filho ainda não está acostumado a receber os amigos, é importante que vocês tenham uma conversa. Conte que as coisas dele, de certa forma, ficarão ‘disponíveis’, e que é natural o amiguinho querer brincar com elas. Questione seu filho se existe algum brinquedo que ele não aceita compartilhar. Nesse caso, guarde-o em local sem o acesso das crianças. Diga que ele tem o direito

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de fazer isso, mas que, como toda escolha, se ganha por um lado e perde-se por outro: ele também será privado daquele brinquedo. Deixe que ele decida, mas, claro, sempre o incentive a dividir, a compartilhar.

3. Cuide da segurança

Seu filho já está acostumado com sua casa, mas o amigo, não. Portanto, antes da chegada do convidado, tire de circulação qualquer coisa que possa ser perigosa para ele, como vasos de vidro ou outras peças que possam machucar. O animal de estimação também só poderá ficar solto se for muito tranqüilo e realmente não estranhar pessoas diferentes na casa.

4. Prepare um lanche simples e delicioso

Você não precisa montar um banquete para receber as crianças, mas um lanchinho não pode faltar. Há uma combinação básica que costuma não ter erro e é bem fácil: pão de queijo (que você pode comprar congelado e colocar no forno, ou ainda passar na padaria e pegar pronto), bolo de chocolate (que você pode fazer em casa ou comprar pronto também) e suco de laranja. Difícil uma criança que não vá gostar. Outra sugestão que também faz muito sucesso é deixar que eles preparem minipizzas. Você compra a massa pronta e separa vários tipos de recheios em potinhos sobre a mesa: peito de peru picadinho, azeitonas sem caroço, queijo cremoso, milho verde, ovos cozidos cortados em rodelas, além do molho de tomate e do orégano. Eles podem montar as pizzas e você só coloca no forno e serve com um suco de frutas.

5. Proponha Brincadeiras

Pode ser que aqueles grandes amigos da escola fiquem tímidos quando colocados em outro ambiente e com adultos com os quais eles não estão acostumados a conviver. Essa é a hora que você pode entrar e propor alguma atividade. Para diverti-las, basta papel, cola, giz, lápis, canetinha e recortes de revistas: de bichos, carros,

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pessoas, paisagens, casas, objetos etc. Cada criança dá seu palpite, personagens, rabisca um passarinho, cola uma nuvem... No final, exercemos nossa criatividade e ganhamos um lindo painel!.Massinha e argila também fazem a alegria das crianças. Uma boa dica é comprar um rolo de papel craft para forrar o chão ou a mesa que vocês estiverem usando. Por sinal, esse papel também é uma delícia para desenhar. Pular corda (você lembra-se das músicas que cantava?), pular elástico, brincar de cabra-cega e corre - cotia também podem estar na sua lista.

FALE SOBRE DIVERSIDADE E

RESPEITO.

É ligar a TV ou acessar os sites de notícias e dar de cara com barbaridades. Não estou falando só do terremoto no Japão, da corrupção na política brasileira ou do abuso de poderes de ditadores implacáveis. Mas o que mais nos chocou aconteceu dentro de uma escola: o massacre em Realengo, no Rio, onde um ex-aluno abriu fogo contra dezenas de crianças e adolescentes. Uma das possíveis causas? O famigerado bullying. Verdade ou não, nos provoca a reflexão: o que será que está faltando olhar nos relacionamentos entre crianças e jovens? Não é nada “natural” ignorarmos o que acontece em uma escola. Não há como mudar uma sociedade sem uma escola ética.

1. Quem sou eu?

Para a criança começar a entender como são as outras pessoas, é preciso que primeiro ela conheça a si mesma. Uma forma de fazer isso é pedir que seu filho desenhe autorretratos. Vale pegar uma foto dele e pedir para ele

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copiar. Depois, inclua o restante da família e amigos e vá observando com ele as diferenças físicas. Outra ideia é, no parquinho, observar as habilidades de cada um. Mas é para ser uma brincadeira. O objetivo é a criança se dar conta de que cada um tem seu ponto alto, que está tudo bem. Se você está forte no que é capaz, não vai querer destruir o outro para se fortalecer.

2. Conhecer e entender

Independentemente de haver uma religião assumida em casa, conhecer as diversas possibilidades ainda é o melhor jeito para não causar o preconceito. Se, por exemplo, na sua família o hábito é freqüentar a igreja católica, faça visitas a uma sinagoga ou templos budistas. Ou, pelo menos, não perca a chance de ir se for convidado. Livros e a internet também complementam esse conhecimento que pode ser uma grande oportunidade para você ter contato com outras crenças. É claro que a criança vai absorver as informações de maneira diferente conforme a idade. As crianças pequenas ainda não têm noção de moralidade e vão muito pelo exemplo. Se um amigo cai, por exemplo, incentivamos as outras crianças a cuidarem dele.

3. Diferentes opiniões

Atire o primeiro lápis de cor quem não se depara todos os dias com divergências de opiniões. Começa entre os pais, passa pelo modo de vida na casa dos avós e dos primos, e tudo vai crescendo até que seu filho se encontra na escola ou no trabalho com um ambiente de pessoas que pensam de forma muito diferente dela. Como lidar com isso? Primeiro, mostrando que é importante argumentar, sim, e saber se colocar para que todos saibam como pensa. Assim, se posicionando de maneira assertiva, ela aprende a não ficar só na crítica ou na negativa e parte para encontrar uma solução nos conflitos – ou pedir ajuda. Depois é preciso mostrar também que toda discussão precisa de um final. Só dessa maneira entende-se que nem tudo é “paz” ou “guerra” nas intermináveis discussões

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entre irmãos, e que não é preciso deixar o amigo de lado por qualquer motivo.

BIBLIOGRAFIA.

GARDNER,Howard.Inteligências múltiplas.Porto Alegre:Artes Médicas,1995

FREIRE,Paulo,Pedagogia da autonomia:Saberes necessários à prática educativa.Rio de Janeiro:Paz e Terra,7ª edição,1998

GOLEMAN, Daniel.Inteligência Emocional.Rio de Janiro.Objetiva,1996

http//família.aaldeia.net/

“Educar sin gritas”-Guilherme Ballenato

http//escolaaed.com.br

http//crescer.com.br

SOBRE A AUTORA.

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Licelene Gonçalves é brasileira mãe de três

filhos, duas meninas e um menino, pedagoga e

escritora.

Os que a conhecem sabem de sua força representada através de uma inteligência e resiliência admirável, capaz de transformar as suas experiências em informação.

Atua desde 1998 em escolas públicas e particulares e reuniu nesse livro, toda a sua experiência de pedagoga e mãe transformando-o num verdadeiro manual para ajudar pais e professores na difícil tarefa de educar.