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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A PRESTAÇÃO ALIMENTAR NA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
CONJUGAL
Por: Rafael Ricardo Garrido
Orientador
Prof. Ana Abreu
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
2
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A PRESTAÇÃO ALIMENTAR NA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
CONJUGAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicologia Jurídica.
Por: Rafael Ricardo Garrido
3
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos aos brilhantes
professores, por todo apoio e
dedicação despendidos na elaboração
desta árdua tarefa e à minha mãe por
me mostrar que sou capaz de chegar
onde desejo.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado às pessoas que
sempre estiveram ao meu lado,
acreditando e confiando em mim: Meu
namorado Tato por sempre me apoiar nos
momentos mais difíceis e minhas grandes
amigas, Lara, Bel, Fátima e Carol, pela
grande amizade e por tornar minha vida
mais divertida.
RESUMO
5
O presente artigo trata do estudo da Prestação Alimentar na Dissolução
da Sociedade Conjugal, tendo como objetivo verificar se o cumprimento dessa
obrigação respeita o Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana
como um valor supremo que não pode ser relativizado. Enfatiza o direito aos
alimentos em uma concepção ampla, abrangendo tudo quanto é necessário
para satisfazer as necessidades humanas. Para tal, se faz necessário entender
as necessidades do requerente de alimentos bem como as possibilidades da
parte que deverá fornecê-los.
6
METODOLOGIA
O artigo baseia-se em pesquisa bibliográfica. Com utilização de artigos
científicos, bem como pesquisas virtuais de doutrinas, oferecidas por sites
jurídicos, bem como minha experiência profissional no ramo do direito de
família.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - ABORDAGEM CONSTITUCIONAL 1.1 O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 10 CAPÍTULO II - PENSÃO ALIMENTÍCIA NORTEADA PELO BINÔMIO “NECESSIDADE x POSSIBILIDADE” 14 CAPÍTULO III - A NATUREZA JURIDICA DA PENSÃO ALIMENTÍCIA 3.1 UMA VISÃO JURÍDICA 19 3.2 UMA VISÃO POLÍTICO-SOCIAL 20
CAPÍTULO IV
O LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO EM OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA 4.1 OS ALIMENTOS COMO OBRIGAÇÃO NÃO-SOLIDÁRIA EM LITISCONSÓRCIO 26
4.2 OS ALIMENTOS DEVIDOS PELOS AVÓS 29
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35
ÍNDICE 37
INTRODUÇÃO
8
A evolução histórico-cultural proporcionou inúmeras mudanças em nossa
sociedade vindo também a afetar o plano do Direito. Dentre muitos de seus
ramos o Direito de Família foi um deles, no que tange a dissolução da
sociedade conjugal.
Assim, fez-se necessário colocar em foco a importância da instituição
família, não somente durante a constância da união, mas também após a
dissolução da sociedade conjugal, principalmente no que se refere ao sustento
dos filhos, a fim de que estes tenham suas necessidades supridas após a
separação de seus genitores, bem como alimentos devidos a ascendente e ex-
cônjuges.
Os Alimentos são as prestações devidas, feitas para que, quem as
receba, possa subsistir, manter sua existência, realizar o direito à vida, tanto
física (sustentação do corpo), como a intelectual e moral (cultivo e educação do
espírito, do ser racional). Este é um direito tão importante que o não
pagamento da pensão alimentícia devida pode, por força de decisão judicial,
gerar a mais grave conseqüência em matéria civil que é a prisão do devedor
inadimplente. O dever alimentar deriva do princípio da dignidade da pessoa
humana, constante no artigo inaugural da Constituição Federal, em seu inciso
III.
O artigo desenvolver-se-á a partir das seguintes questões norteadoras:
a) O princípio da dignidade da pessoa humana é o próprio
fundamento axiológico da obrigação alimentícia;
b) A base da pensão alimentícia é estabelecida pelo binômio
“necessidade x possibilidade”;
c) A natureza jurídica da prestação alimentícia é não solidária, uma
vez que as responsabilidades são individuais;
d) Na prestação Alimentícia, há uma relação de litisconsórcio
necessário, pois o pólo passivo é figurado obrigatoriamente pelos
responsáveis diretos.
9
O artigo baseia-se em pesquisa bibliográfica. Com utilização de artigos
científicos, bem como pesquisas virtuais de doutrinas, oferecidas por sites
jurídicos.
É extremamente importante que se ratifique a natureza jurídica da
prestação alimentícia, uma vez que essas são para satisfação das
necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. Como se vê, de um
lado tem aquelas que são estritamente necessárias à vida de uma pessoa,
compreendendo, a alimentação, a cura, o vestuário e a habitação. Por outro
lado, esta abrange outras necessidades, compreendidas as intelectuais e
morais, variando conforme a posição social da pessoa necessitada. O atual
Código Civil, instituído pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em vigor
desde 11.01.2003, trata dos alimentos nos artigos 1694 a 1710, valendo
ressaltar que os parentes, os cônjuges ou companheiros podem pedir uns aos
outros os alimentos que necessitem para viver, e por sua indiscutível
importância, as normas atinentes ao direito alimentar são consideradas de
ordem pública, pois objetivam proteger e preservar a vida humana. Em
conseqüência, tais regras são inderrogáveis, sobretudo quando os alimentos
derivam do "iure sanguinis", ou seja, derivam de obrigação por parentesco, não
admitindo renúncia ao direito nem convenção que assente a inalterabilidade de
seu valor. Ressalta-se também que a obrigação alimentar tem caráter
personalíssimo, isto é, não se transmite, quando do falecimento, aos herdeiros
do prestador de alimentos, salvo se houver dívidas alimentares vencidas até o
falecimento do alimentante, as quais poderão ser debitadas ao espólio e
rateadas entre os herdeiros.
CAPÍTULO I
ABORDAGEM CONSTITUCIONAL
10
1.1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Tanto quanto o ar que se respira, quanto a água que se bebe, os
alimentos são essenciais e imprescindíveis à sobrevivência humana, sendo,
por tal relevância, alçados a tema de índole constitucional.
Na origem etimológica, o termo dignidade é a expressão latina dignitas,
que significa “respeitabilidade”, “prestígio”, “consideração”, “estima”. É correto
se referir à Dignidade da Pessoa Humana como valor ou princípio, contudo, é
necessário diferenciar “princípio” de “valor”, o que vem ignorando-se
diuturnamente na doutrina, como se ambos tivessem o mesmo conteúdo
semântico.
Para se esclarecer esta distinção é preciso entender que enquanto o
valor é sempre um relativo, na medida em que ‘vale’, isto é, aponta para uma
relação, o princípio se impõe como um absoluto, como algo que não comporta
qualquer tipo de relativização.
Desse modo, o valor sofre toda a influência de componente histórico,
geográfico, pessoal, social, local, etc. e acaba se impondo mediante um
comando de poder que estabelece regras de interpretação – jurídicas ou não.
O princípio, não. Uma vez constatado, impõe-se sem alternativa de variação.
Assim, estudar-se-á neste item, a Dignidade da Pessoa Humana, como
Princípio e Valor, princípio este que é entendido como a exigência imperativa,
um valor que não é relativo por ser simplesmente intrínseco ao ser humano.
O ser objeto da dignidade é o homem, cuja vida vincula-se a
relacionamentos e convivências. Trata-se da experiência do homem consigo
mesmo e dele com os outros.
Tem-se, então, um valor intrínseco, não relativo, a Dignidade se
estabelece a partir de seu fim, que é a vida do próprio homem. Comparando
valorações por seu preço, é possível enfatizar como a Dignidade é um valor
humano não podendo ser relativizado.
De certo, a dignidade não tem preço, está acima de qualquer preço,
pode-se verificar este valor quando se pensar que o que tem preço pode ser
11
substituído por alguma outra coisa equivalente, o que é superior a qualquer
preço, e por isso não permite nenhuma equivalência, tem Dignidade.
É importantíssimo pensar na Dignidade sendo a própria vida do homem
como o fim em si mesmo, a razão que faz a Dignidade um valor supremo que
não pode ser relativizado é a inteligência imperante e a superior causa que
deve orientar o comportamento humano. A dignidade é e está intrínseca à
existência do homem independentemente e acima das variações de outros
valores.
Ao tratar a Dignidade da Pessoa Humana como princípio fundamental,
observa-se que a mesma constitui valor-guia de toda a ordem jurídica, sendo
indispensável para a ordem social. O que se percebe, é que se não houver
respeito pela vida e pela integridade física e moral do ser humano, onde as
condições mínimas para uma existência digna não forem asseguradas, onde
não houver limitação do poder, enfim, onde a liberdade e a autonomia, a
igualdade (em direitos e dignidade) e os direitos fundamentais não forem
reconhecidos e minimamente assegurados, não haverá espaço para a
dignidade da pessoa humana e esta, por sua vez, poderá não passar de mero
objeto de arbítrio e injustiças.
Neste entendimento, referencia-se que a Dignidade da Pessoa Humana
é uma instituição em torno da qual, desde os mais remotos tempos, sempre
gravita a experiência jurídica das comunidades foi a personalidade.
Significa a possibilidade de conferir-se a um ente, humano ou moral, a
aptidão de adquirir direitos e contrair obrigações.
O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana é o próprio fundamento
axiológico da obrigação alimentícia, ou seja, o dever alimentar deriva do
princípio da dignidade da pessoa humana, inserto no artigo inaugural da Carta
Magna, em seu inciso III. Se o texto constitucional diz que a dignidade da
pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil, importa
concluir que o Estado existe em função de todas as pessoas e não estas em
função do Estado.
Aliás, de maneira pioneira, o legislador constituinte, para reforçar a idéia
anterior, desenvolve, topograficamente, o capítulo dos direitos fundamentais
12
antes da organização do Estado. A Constituição Federal dispõe "expressis
verbis" em seu artigo 229: "Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.".
Nesse sentido, a pessoa é um minimun invulnerável que todo estatuto
jurídico deve assegurar. A dignidade da pessoa humana é um princípio
absoluto; porquanto, repetimos, ainda que se opte, em determinada situação,
pelo valor coletivo, por exemplo, esta opção não pode nunca sacrificar, ferir o
valor da pessoa.
Com base neste dispositivo legal, o dever de alimentar é, sem dúvida, o
reconhecimento da responsabilidade jurídica, além de ética e moral, inerente
aos membros de uma mesma família, de uns para com os outros, incluindo-se
aí, por óbvio, o dever de prestar alimentos como disciplinado na lei civil.
De fato, sobre a terra, o indivíduo tem inauferível direito de conservar a
própria existência, a fim de realizar seu aperfeiçoamento moral e espiritual.
Muitas vezes, entretanto, por idade avançada, doença, falta de trabalho ou
qualquer incapacidade, vê-se impossibilitado de pessoalmente granjear os
meios necessários à subsistência, daí a aclama-se o Princípio da Dignidade da
Pessoa Humana.
Nesta linha de raciocínio, entende-se que alimentos são prestações para
satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. A
expressão designa medidas diversas. Ora significa o que é estritamente
necessário à vida de uma pessoa, compreendendo, tão somente, a
alimentação, a cura, o vestuário e a habitação, ora abrange outras
necessidades, compreendidas as intelectuais e morais, variando conforme a
posição social da pessoa necessitada. Impõe-se, por conseguinte, a afirmação
da integridade física e espiritual do homem como dimensão irrenunciável da
sua individualidade autonomamente responsável; a garantia da identidade e
integridade da pessoa através do livre desenvolvimento da personalidade; a
libertação da "angústia da existência" da pessoa mediante mecanismos de
socialidade, dentre os quais se incluem a possibilidade de trabalho e a garantia
de condições existenciais mínimas.
13
Na família, a tutela da dignidade da pessoa humana, em todo o alcance
dessa expressão, deve ser assegurada tanto no curso das relações familiares
como diante de seu rompimento, cabendo ao Direito oferecer instrumentos
para impedir a violação a esse valor maior.
Sem olvidar que as relações familiares têm conteúdo afetivo, é
indispensável que o direito confira a devida proteção à família ─ núcleo
essencial da nação ─ e aos membros que a integram.
Nessa preservação, exerce especial destaque a tutela à dignidade da
pessoa em suas relações conjugais, com base na isonomia entre homens e
mulheres e por meio do respeito recíproco aos direitos da personalidade.
Conforme relatado no início, a preservação deste valor maior deve
ocorrer não somente no curso, assim como no fim das relações conjugais, e,
para tanto, é indispensável a aplicação dos princípios da responsabilidade civil,
que conferem ao cônjuge lesado o direito à devida reparação dos danos morais
e materiais decorrentes de ofensa a seus direitos da personalidade. Tais
princípios independem de previsão legal expressa no direito de família, por
estarem contidos na Parte Geral do Código Civil (art. 159 do Código Civil de
1916 e art. 186 do novo Código Civil).
Ressalta-se a importância da Dignidade da Pessoa Humana. A mesma
tem assumido uma posição de destaque, servindo como diretriz material para a
identificação de direitos implícitos (tanto de cunho defensivo como prestacional)
e, de modo especial, sediados em outras partes da Constituição.
Finalizando, a Dignidade da Pessoa Humana está na qualidade
intrínseca de indissociável de todo ser humano, por este ser titular de direitos e
deveres fundamentais, que, sendo respeitados e assegurados pelo Estado,
proporcionam condições mínimas para uma vida digna em harmonia com os
demais seres humanos.
CAPÍTULO II
A PENSÃO ALIMENTÍCIA NORTEADA PELO BINÔMIO
“NECESSIDADE x POSSIBILIDADE”
14
O ordenamento jurídico nacional consagra o direito aos alimentos,
entendidos estes em uma concepção ampla, abrangendo tudo quanto é
necessário para satisfazer as necessidades humanas, ou seja, não apenas o
necessário para a alimentação, mas também ao vestuário, moradia, saúde etc.
Na legislação brasileira, esse direito está consagrado no Código Civil,
que, em seus artigos 1.694 a 1.710, prevê a possibilidade de os parentes
exigirem alimentos uns dos outros. E a lei 5.478 de 25.7.68 regula o
procedimento da ação de alimentos para os casos em que já há prova
documental do parentesco.
Neste aspecto, a clareza da legislação torna indiscutível o direito de os
filhos menores pleitearem que seus pais lhes prestem alimentos, caso não
estejam cumprindo esta obrigação, quer por tê-los abandonado ou por outra
razão qualquer. Os pais têm a obrigação legal de sustentar os filhos menores,
e estes têm o direito de serem mantidos pelos pais até que possam fazê-lo por
seus próprios meios.
É sobre esse embasamento teórico que se estabelece o direito dos
filhos menores reclamarem o pagamento de pensões alimentícias a seus pais.
Este é um direito de tal importância que o não pagamento da pensão
alimentícia devida por força de decisão judicial gera a mais grave conseqüência
em matéria civil, que é a prisão do devedor inadimplente. É uma das poucas
exceções à regra de que a privação da liberdade pela prisão só pode ocorrer
em virtude de cometimento de crime. A prisão pelo não pagamento de pensão
judicial está autorizada pela própria Constituição, em seu artigo 5º, inciso
LXVII. Esta grave conseqüência é plenamente justificada em face do bem
jurídico protegido, que no caso é a sobrevivência digna de seres humanos
incapazes de prover o próprio sustento.
Os pedidos de alimentos efetuados por filhos menores a seus pais
assume importância ainda maior ao se verificar a elevada freqüência com que
ocorrem na realidade. Os processos envolvendo pensão alimentícia figuram,
seguramente, entre os mais numerosos no Poder Judiciário de todo o país.
15
Não obstante as inúmeras causas submetidas a julgamento, um dos
problemas de mais difícil solução nas questões de alimentos ainda não têm tido
uma solução satisfatória: a correta fixação do valor da pensão.
A lei determina que os alimentos sejam fixados "na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada". Este
dispositivo consagra os dois critérios fundamentais utilizados para determinar o
valor da pensão, quais sejam: a) as necessidades do "reclamante" (aquele que
promove a ação, também denominado de "alimentário" ou "alimentado", isto é,
aquele que recebe ou pretende receber a pensão); b) as possibilidades do
"reclamado" (aquele contra quem a ação é promovida, também denominado de
"alimentante", ou seja, aquele que deve pagar a pensão).
Portanto, cabe ao Juiz responsável pelo julgamento do caso, após
avaliar as provas produzidas durante o processo, fixar o valor considerando
este binômio necessidade/possibilidade, determinando, assim, o quantum que
parecer mais justo em cada caso concreto.
De um lado, os critérios estabelecidos pela lei, embora justos, não são
precisos na medida em que, as necessidades, entendidas amplamente para
incorporar não apenas as prerrogativas biológicas, mas também as demais
necessidades fundamentais, dependem de fatores culturais, geográficos e do
próprio status sócio-econômico da família. De outro, as condições financeiras
do reclamado são de difícil mensuração. Em termos práticos, as principais
dificuldades enfrentadas pelo Juiz para decidir o valor da pensão são as
seguintes: a) conhecimento preciso das possibilidades do alimentante. Sendo
este um dos critérios legais, seria preciso conhecer a renda média do
reclamado, à medida que em muitos casos pode haver ganhos variáveis e
sujeitos a oscilações periódicas; b) dificuldade do alimentário provar o exato
valor dos ganhos do alimentante. Trata-se de outra questão complexa.
Inúmeras vezes a composição da renda do alimentante inclui itens de difícil
comprovação, dada a natureza da atividade exercida; c) conhecimento das
reais necessidades do alimentário. Aquele que recebe a pensão, dela necessita
para suprir as necessidades fundamentais de sua vida, bem como outras
associadas ao seu nível cultural e sócio-econômico. Determinar com precisão
16
quais são essas necessidades e além disso valorá-las é uma tarefa de difícil
execução.
No que tange às duas primeiras dificuldades, excetua-se os casos em
que o alimentante tem salário fixo, nas demais situações utiliza-se métodos
indiretos para se obter elementos que permitam avaliar as possibilidades do
reclamado, como o depoimento de testemunhas, a verificação do padrão de
vida por meio da análise de dados relativos a cartões de crédito, movimentação
de conta bancária etc. No que diz respeito à terceira, valores são utilizados
empiricamente com base em dados pouco sistemáticos e não suficientemente
adequados.
Na grande maioria dos casos a fixação do valor da pensão alimentícia
torna-se assim um problema difícil, envolvendo questões de ordem ética e
econômica, com implicações importantes para as partes envolvidas e que vem
sendo resolvida basicamente pelo bom senso da Justiça, dada a falta de
elementos objetivos que permitam trazer maior segurança às decisões.
Assim, o problema que se coloca é definir alguns critérios que permitam
determinar um conjunto de bens e serviços que satisfaçam, na média, as
necessidades do alimentado. Outra convenção importante a ser salientada é a
de que, a partir deste momento, se estará mencionando a palavra alimento em
seu sentido estrito, relativo ao campo da dietética e da nutrição.
As necessidades nutricionais, (cereais, frutas, legumes, carnes, leite,
etc.) devem ser supridas, inicialmente, a partir de uma combinação de
alimentos dieteticamente balanceada e que esteja de acordo com os hábitos
alimentares regionais. O suprimento das necessidades nutricionais deve
considerar o status sócio-econômico do Alimentado. As demais necessidades,
não nutricionais (habitação, transporte, roupas, etc.), devem ser supridas
levando-se também em conta o status sócio-econômico do Alimentado.
Tendo em vista este universo de potenciais reclamantes, foi realizado
um estudo por meio do software Quantitative Systems for Business Plus. Este
estudo definiu 32 tipos de Alimentados, segundo faixas etário-sexuais e classes
de renda e considerou-se 8 faixas etário-sexuais e 4 classes de renda.
17
Ao analisar uma classe de renda isoladamente, observa-se que o
aumento nas prerrogativas nutricionais - que acompanha o crescimento e o
desenvolvimento físico - conduz, naturalmente, à maior demanda alimentar e,
conseqüentemente, a maiores custos. Os custos das verbas alimentícias para
a faixa de 15 a 21 anos em relação à segunda faixa etária contêm acréscimos
de até 88,0 % (na classe 1). Os alimentos designados à idade de 0 a 0,5 ano
fogem a esse gradiente crescente de preços; isto ocorre porque são
fundamentadas prioritariamente no leite pasteurizado, item relativamente caro.
Ainda pela análise intra-classes, constata-se que o custo dos alimentos
propostos pode ou não diferir segundo sexo; por exemplo, para a faixa etária
de 15 a 21 anos da classe 2 os custos são praticamente iguais, ao passo que o
valor dos alimentos para os meninos de 11 a 14 anos dessa classe é pouco
mais elevado que a das meninas, ocorrendo o inverso para a despesa
calculada para os jovens de 15 a 21 anos da classe 3.
Tais variações devem-se à ação conjunta de pequenas diferenças nas
prerrogativas dietéticas entre os sexos, as quais acabam derivando na escolha,
pelo software QSB +, de alimentos específicos para cada caso. Esses
alimentos (e todos em geral), embora selecionados pelas restrições
matemáticas impostas ao modelo, são compostos extremamente complexos
formados por inúmeros nutrientes, fato que obstaculiza a formação de um
padrão homogêneo de resultados entre os sexos, nos quatro estratos sócio-
econômicos.
Entre as quatro classes de renda, há variações de grandeza nos valores
das cestas de alimentos. Este fato reflete exatamente os diferentes percentuais
do orçamento comprometidos com a alimentação domiciliar em cada uma
dessas classes. Assim, para níveis de renda superiores, os pesos ponderados
das demais despesas - não alimentares - conduzem a incrementos
substancialmente maiores sobre o valor monetário das pensão alimentícia à ser
concedida.
Por essa razão, deve se empregar dados de orçamentos
familiares para alicerçar os pressupostos teóricos na realidade da estrutura de
gastos domiciliares. As classes de renda ali estabelecidas, mesmo não
18
incluindo todos os estratos sócio-econômicos, contempla a maioria da
população, e assim ampla gama de possíveis reclamantes e reclamados. Para
as famílias com poder aquisitivo superior aos estipulados, porém, os resultados
apresentados para a classe 4 poderão vir a servir de base para posteriores
extrapolações de valor para as prestações alimentícias de baixo custo.
Neste pensamento, espera-se que este trabalho possa auxiliar a balizar,
em alguma medida, as decisões relativas às causas legais das pensões
alimentícias.
CAPÍTULO III
A NATUREZA JURÍDICA DA PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA
3.1 UMA VISÃO JURÍDICA
Por sua indiscutível importância, as normas atinentes ao direito
alimentar são consideradas de ordem pública, pois objetivam proteger e
preservar a vida humana. Em conseqüência, tais regras são inderrogáveis e,
sobretudo quando os alimentos derivam do "iure sanguinis", ou seja, de
obrigação por parentesco, não admitem renúncia ao direito nem convenção
que assente a inalterabilidade de seu valor.
Instituído pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em vigor desde
11.01.2003, o atual Código Civil trata dos alimentos nos artigos 1694 a 1710,
valendo ressaltar que os parentes, os cônjuges ou companheiros podem pedir
uns aos outros os alimentos que necessitem para viver. Esse direito é
recíproco entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, na regra
disposta no art. 1696. Na falta de ascendentes a obrigação cabe aos
descendentes e, faltando estes, aos irmãos, quer germanos (mesmo pai e
mesma mãe), quer unilaterais (pais diferentes), consoante expressamente
estabelece o art. 1697.
Em virtude da especificidade e especialidade da prestação de alimentos,
o arcabouço jurídico comporta diversas formas de possibilitar sua mais rápida
19
implementação como esclarecem Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade
Nery, quando dizem que a obrigação legal de alimentos é toda especial. Como
seu adimplemento se relaciona diretamente com a sobrevivência do
alimentando, o sistema dota a prestação alimentar de mecanismos
extraordinários de cumprimento, dentre os quais se destacam a possibilidade
de prisão civil (CF 5º LXVII); o privilégio constitucional creditório (CF 100 caput
e § 1º); garantias especiais de execução (CPC 602) e o privilégio de foro do
domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos (CPC 100 II). 1
Releva ressaltar que a obrigação alimentar tem caráter personalíssimo,
isto é, não se transmite, quando do falecimento, aos herdeiros do prestador de
alimentos, salvo se houver dívidas alimentares vencidas até o falecimento do
alimentante, as quais poderão ser debitadas ao espólio e rateadas entre os
herdeiros. Este parece o posicionamento mais adequado ao tema, quando se
conjugam as disposições dos artigos. 1700 e 1694 do Código Civil.
Nesse direcionamento aponta Silvio de Salvo Venosa quando, referindo-
se ao art. 1.700 do CC/2002, salienta que “embora o dispositivo em berlinda
fale em transmissão aos herdeiros, essa transmissão é ao espólio. É a
herança, o monte-mor, que recebe o encargo. De qualquer forma, ainda que se
aprofunde a discussão, os herdeiros jamais devem concorrer com seus
próprios bens para discriminar o patrimônio próprio e os bens recebidos na
herança. Participam da prestação alimentícia transmitida, na proporção de seus
quinhões”. 2
Portanto, não é a obrigação alimentar que se transmite, porquanto esta
se extingue com o falecimento do devedor. O que se entende por transmissível,
por conseguinte, é dívida já constituída, ou seja, as prestações porventura em
atraso quando da morte do alimentante, pela exegese que se extrai da redação
do artigo 1.694 do vigente Código Civil.
1 NERY JUNIOR, Nelson; NERY; Rosa Maria Andrade. Código Civil anotado e legislação extravagante: atualizado até 2 de maio de 2003. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2003, 749 p. 2 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012, v. 6, 378 p.
20
3.2 UMA VISÃO POLÍTICO-SOCIAL
Atuar na área do Direito, seja na condição de advogado, promotor ou
juiz, possibilita que tais profissionais adquiram uma visão bem peculiar do que
efetivamente seja "Justiça", embora se trate de uma meta a ser sempre
perseguida, por vezes, a realidade é bem distante dos antigos e, às vezes,
inalcançáveis ideais que se ensinam ainda nos bancos da faculdade.
É de causar perplexidade uma série de fatos que acontecem
diariamente quando se opera o Direito, entretanto, embora pudesse ser
enumerada uma plêiade de tais acontecimentos, essa pesquisa pretende de
modo despretensioso, focar-se especificamente na prestação de alimentos dos
pais a seus filhos menores.
Saliente-se, que o objeto desta reflexão, antes de ser considerada de
teor machista, é aquela parcela de homens que age de boa-fé e contribui
exatamente na medida de suas possibilidades e, mesmo assim, é
constantemente demandada judicialmente. Ressalte-se que nem todas as
ações de alimentos possuem as características que serão aqui declinadas, mas
sob pena do texto tornar-se muito extenso e com isso enfadonho, foram
apenas destacados algumas situações nas quais determinadas pessoas
vislumbram na pensão alimentícia um modo relativamente simples de resolver
seus problemas financeiros, dentre outras questões.
Outrossim, o texto refere-se apenas a homens na posição de
alimentantes, pois muito embora estes também tenham a prerrogativa de
pleitear alimentos em nome de seus filhos, este contingente é estatisticamente
muito inferior ao das mulheres que cumprem com tal mister, tendo em vista,
entre outras coisas, as condições socioculturais de nosso país, das quais
verifica-se que, na maior parte das vezes, a guarda dos filhos menores fica ao
encargo da mãe.
Como é sabido, o menor, quando totalmente incapaz, de 0 a 16 anos, é
representado ou, se for relativamente capaz, 16 a 18 anos, é assistido em juízo
pelo representante legal, geralmente a genitora, e é neste ponto que surgem
alguns problemas. Normalmente, quando uma ação é proposta nesse sentido,
21
é porque foram esgotadas totalmente as possibilidades de haver diálogo entre
as partes, por mais paradoxal que isso possa parecer, haja vista o fato de que,
inexoravelmente, sempre haverá um liame entre as partes, qual seja, o próprio
filho, ou os filhos de ambos.
Contudo, ao ser distribuída uma ação de alimentos, ao menos em tese,
não existe a possibilidade de composição extrajudicial entre as partes. A partir
daí começa a confusão do que efetivamente seja direito.
Há anos o comportamento humano é objeto de estudo de várias ciências
sob vários enfoques, seja, por exemplo, através da psicologia, antropologia,
filosofia, sociologia. Porém, as revelações de referidas disciplinas deveriam ser
transportadas para o Direito de modo a influenciá-lo mais decisivamente, pois
em muitos casos, o que motiva a propositura de uma demanda, em especial
nas relacionadas ao Direito de Família, não é um direito lesado ou ameaçado e
nem sempre é levado em conta o binômio necessidade do alimentando x
possibilidade do alimentante (art. 1694, parágrafo 1º do Código Civil), atinente
a ação de alimentos. Mas, por vezes o que se vê são sentimentos comezinhos
inerentes à condição humana, tais como: vingança, orgulho ferido, ciúmes,
frustração, fracasso, mágoa, além de toda sorte de ressentimentos.
Como se fosse um meio desesperado de chamar a atenção, nem que
seja só para aborrecer e atormentar, pois em muitos casos, o único direito que
algumas ações de alimentos abriga é o de uma parte se fazer presente na vida
da outra. Porém, é demasiadamente dispendioso utilizar-se do Poder
Judiciário, já tão sobrecarregado, com este tipo de propósito.
Nada obstante, constata-se um terrível e lamentável hábito – as mães
que se utilizam de seus filhos como se estes moeda de troca fossem. Através
da rotina diária conferida pelo exercício da profissão, verifica-se que algumas
histórias são exatamente iguais, só mudam as personagens envolvidas.
Primeiramente, algumas genitoras, valendo-se da guarda dos filhos que
possuem, condicionam o pagamento e, por vezes, o valor da pensão
alimentícia, ao direito dos pais em visitar os filhos. Daí, a enorme quantidade
de ações de regulamentação de visitas propostas por estes pais, normalmente,
22
precedidas de boletins de ocorrência, geralmente inócuos, mas que atestam,
inequivocamente, a arbitrariedade com que essas mães agem.
Saliente-se que serão essas mesmas mães que irão representar o
direito de seus filhos em juízo, entretanto, impõem-se algumas indagações:
Como podem ter legitimidade de agir em nome dos filhos, possuindo uma visão
tão equivocada do que seja direito? Que tipo de valores irão estas mães
transmitir para seus descendentes? Serão estas capazes de exercer a guarda
de seus rebentos de modo responsável? Irão estes filhos ter, em relação a
seus pais, o senso crítico preservado, ou serão influenciados pelos
ressentimentos maternos?
Se a prática do Direito não é suficiente para responder tais questões, ao
menos, deverão os profissionais envolvidos, ao lidar com casos que tais,
analisar a situação como de fato é, sem preconceitos, para que alguns
paradigmas possam ser finalmente quebrados. É preciso que se evite
julgamentos influenciados demasiadamente pela Jurisprudência, pois jamais se
realizarão hipóteses exatamente iguais, uma vez que existem peculiaridades
que são inerentes a cada lide, por isso deverão as decisões ser pautadas pela
casuística e equidade, verificando-se o caso concreto e suas especificidades.
Portanto, é preciso que sejam revistas algumas posturas que se tornaram
verdadeiros dogmas do Direito de Família, sob pena de serem perpetuadas
algumas injustiças. Considere-se ainda o fato de que a execução de alimentos
pode ensejar a prisão civil do devedor, consoante dispõe o artigo 733,
parágrafo 1º do Código de Processo Civil, por isso é de rigor que a obrigação
por este assumida ou determinada, possa ser solvida, sem que tal ônus
represente uma sanção de caráter pecuniário, como ocorre em determinados
casos.
Não se pode, por outro lado, obstar o acesso ao Poder Judiciário de
quem quer que seja, entretanto, nas ações de alimentos alguns aspectos de
suma importância devem ser considerados. Primeiramente, é de rigor destacar
que nas hipóteses aqui ventiladas, o valor a título de alimentos é devido aos
filhos e não a genitora, portanto, devem ser apenas consideradas as
necessidades destes.
23
Por outro lado, à luz do disposto no artigo 229 da Constituição Federal,
bem como no artigo 1703 do Código Civil a responsabilidade pela guarda e
sustento dos filhos cabe aos pais (leia-se pai e mãe), dessa maneira, o valor
fixado ao pai em Juízo, em ação de alimentos de qualquer espécie, deverá ser
complementado por quantia de igual monta, esta última de responsabilidade da
mãe.
O valor devido a título de alimentos jamais poderá ser expressivo a
ponto de inviabilizar que o devedor de alimentos possa constituir nova família
ou levar uma vida digna. E no caso do devedor de alimentos ter efetivamente
constituído novo lar, poderá este ter revisto o valor anteriormente fixado para
minorá-lo, conforme prevê o artigo 1699 do Código Civil.
O menor credor da pensão alimentícia deverá manter o mesmo padrão
de vida do devedor, contudo, este último não deverá ser penalizado a prestar
alimentos em montante superior às suas possibilidades, melhorando o padrão
de vida do filho ou dos filhos em detrimento do próprio.
Em determinadas ações, 1/3 (um terço) dos rendimentos líquidos do pai
para o custeio de alimentos aos filhos – conforme prática rotineira de nossos
tribunais - é superior as necessidades destes, assim, à luz do disposto no
parágrafo 1º do artigo 1694 do Código Civil, o que efetivamente deve ser
considerado, ressalta-se, é o binômio necessidade do alimentando e
possibilidade do alimentante e não apenas e tão somente a praxe jurídica.
A pensão alimentícia não pode confundir-se com fonte de renda extra ou
"aposentadoria precoce" à mãe dos credores de alimentos, devendo,
sobretudo, ser evitado que esta se locuplete às expensas do devedor de
alimentos.
Infelizmente, deve ser considerado ainda que há uma porcentagem de
mulheres, que labora em uma total e completa inversão de valores, acreditando
ser uma criança um meio para obtenção de vantagem patrimonial. É certo,
pois, que referida parcela ao assim agir macula e envergonha a classe
feminina, vez que essas mulheres deveriam, através de métodos mais
ortodoxos, tais como o trabalho e juntamente com o pai, contribuir para a
mantença do filho, e não agir como se "empresária" deste fosse. Por mais
24
lamentável que seja tal situação, não se pode negar que ela existe, bastando,
para tanto, uma averiguação ao que acontece em nossa volta, E, certamente,
verificar-se-ão vários exemplos deste execrável comportamento. E como o
Direito não é dinâmico a ponto de acompanhar com a mesma rapidez as
mudanças sociais que ocorrem diariamente, cabe a seus intérpretes agir de
modo a adequá-lo à realidade, o tornando mais eficiente. ∗
Finalmente, há que ser ponderado ainda que, em determinados casos
concretos, a capacidade econômica da genitora é manifestamente superior a
do progenitor - devedor de alimentos, portanto, não pode este ser compelido a
satisfazer o crédito alimentício no padrão econômico exigido por esta, devendo
ser considerada, a inferioridade social do progenitor e entre outras coisas, que
as necessidades do filho são menores, eis que já supridas, em grande parte,
pela mãe. A questão concernente aos alimentos, vista sob estes aspectos,
como sugere o título deste ensaio, se confunde com uma verdadeira indústria
das pensões alimentícias e como acontece em toda empresa, uns lucram em
prejuízo dos demais. Não se pode permitir, portanto, que diante de tais
acontecimentos sejam perpetuados excessos conforme vem ocorrendo, pois
em determinadas condenações, se constata que o hipossuficiente na prestação
de alimentos, passa a ser o alimentante.
Assim há que se resguardar também os direitos deste último, impedindo,
desta forma, que se opere qualquer tipo de presunção contrária a seus
interesses, pois a questão é bem mais profunda do que parece, existindo vários
itens a ser analisados, conforme anteriormente demonstrado.
No mais, há que se ter em mira que com intuito de se evitar injustiças
outras não devem ser cometidas, pois o Direito deve agir no sentido de se
∗ Apenas a título de exemplo, outro dia o subscritor da presente, ao participar de uma
triagem para concessão de assistência judiciária gratuita junto à OAB, se confrontou com a
seguinte cena: uma mãe, com dois filhos, cada qual com um pai diferente, dizendo
abertamente que não trabalhava por opção, buscando que em ambos os casos lhe fosse
concedido um advogado para que este propusesse duas ações revisionais de alimentos,
obviamente para aumentar os valores anteriormente fixados.
25
equilibrar os pêndulos da balança e não apenas e tão somente mudá-los de
posição.
CAPÍTULO IV
O LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO EM OBRIGAÇÃO
ALIMENTÍCIA
4.1 OS ALIMENTOS COMO OBRIGAÇÃO NÃO-
SOLIDÁRIA EM LITISCONSÓRCIO
Acompanhando a doutrina civilista, desde a edição do Código Civil de
1916, a obrigação alimentar sempre foi entendida como não solidária,
porquanto conjunta e divisível, ou seja, havendo pluralidade de devedores,
cada qual deve responder por uma parcela da dívida, na medida de suas
possibilidades econômicas.
No dizer inexcedível de Clóvis Bevilacqua: "A obrigação de prestar
alimentos não é solidária, nem indivisível, porque, como diz Laurent, não há
26
solidariedade sem declaração expressa da lei, nem obrigação indivisível que
recaia sobre objeto divisível”. 3
O Colendo Superior Tribunal de Justiça também sempre negou o caráter
solidário dessa obrigação, prevista no do Código Civil de 1916, na cabeça do
art. 397, verbis:
O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns em falta de outros.
Note-se que esse dispositivo foi reproduzido ipsis litteris no artigo 1.696
do vigente Código Civil.
Em função do caráter não solidário da obrigação alimentar, considerada
conjunta e divisível, os coobrigados são chamados ao processo em
litisconsórcio, havendo divergência quanto a ser tal litisconsórcio obrigatório ou
facultativo, prevalecendo pela mais atualizada jurisprudência a segunda
hipótese, conforme se verá adiante.
O litisconsórcio é uma reunião de litigantes numa mesma relação
processual atuando como autores, como réus ou como autores e réus, sendo
explicitado por Luiz Fux com precisão acadêmica: “litisconsórcio é o fenômeno
jurídico consistente na pluralidade de partes na relação processual”. Em
conseqüência, admite a classificação de ativo quando há vários autores;
passivo quando há vários réus e misto quando a pluralidade verifica-se em
ambos os pólos da relação processual. 4
O fenômeno jurídico litisconsorcial encontra-se disciplinado nos artigos
46 e 47 do Código de Processo Civil, onde são elencados os requisitos de seu
cabimento, percebendo-se que depende da situação de direito material posta
em disputa como ensina com proficiência José Roberto dos Santos Bedaque
ao discorrer sobre "pluralidade de partes e relação material", onde acentua
que: “As diversas hipóteses em que se verificam o litisconsórcio e a
intervenção de terceiros no processo refletem a existência, no plano material,
de relações jurídicas mais ou menos complexas, bem como de situações
3 BEVILACQUA, Clóvis. Direito da família. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1982. 390 p. 4 FUX, Luiz. Curso de direito processual civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 265 p.
27
distintas e do nexo entre elas existente.” Os elementos do litígio são
fundamentais para a configuração da pluralidade das partes. 5
E, adiante, acrescenta que a incidência obrigatória da formação do
litisconsórcio decorre de previsão legal, afirmando, peremptoriamente que:
"Litisconsórcio necessário é aquele em que a pluralidade de partes não apenas
é admitida, mas também imposta pelo legislador”.
Com a promulgação do Código Civil de 2002, embora se tenha mantido
o caráter de não-solidariedade da obrigação alimentar, isto é, sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção
dos respectivos recursos (art. 1.710), haverá alteração de pensionamento com
relação ao recebimento da pensão, pois, de acordo com o art. 1.698 do mesmo
digesto legal, se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver
em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer
os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,
todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada
ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
Significa dizer que o demandado terá o dever, e não só o direito, de chamar ao
processo os co-responsáveis da obrigação alimentar, caso ele não consiga
suportar sozinho esse encargo, porque o credor tem o direito de receber a
integralidade dos alimentos, que deverão ser fixados nesse processo.
A esse respeito, a doutrina informa que se trata de mais uma hipótese
de intervenção de terceiros, não constante da legislação processual, pelo que
houve inovação pelo Código Civil, porquanto, a partir de agora, não há mais
dúvida de que tal chamamento é possível, o que certamente permitirá que se
dê solução mais adequada à lide, quando há vários obrigados a prestar
alimentos, definindo-se, desde logo, o quanto caberá a cada um.
Como se vê, o Código Civil de 2002 contrariou a doutrina e a
jurisprudência vigentes, porquanto exige, e não apenas faculta, a convocação
de todos os co-obrigados para, no processo pendente, ser distribuída a pensão
alimentícia, de acordo com a necessidade do alimentando e as possibilidades
de todos os co-responsáveis. Isso significa que o litisconsórcio não é mais 5 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Código de processo civil interpretado. Coord. Antonio Carlos Marcato. São Paulo: Atlas, 2008, 148 p.
28
facultativo, e sim litisconsórcio passivo obrigatório simples: passivo, porque a
pensão deve ser paga somente pelo demandado ou pelos demais parentes;
obrigatório, porque o legislador optou pelos princípios da celeridade e da
economia processual, com a concessão dos alimentos em um único processo;
simples, porque a verba alimentar será distribuída entre os parentes de acordo
com as suas possibilidades financeiras.
Como se percebe, predomina a interpretação da inexistência da
solidariedade alimentar, diante de outras disposições do Código Civil, como
aquela contida no "caput" do artigo 397 do CC 1916, inteiramente reproduzida
no art. 1698 do CC/2002, ambas prevendo que, sendo várias as pessoas
obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, devendo ser chamadas a integrar a lide.
29
4.2 OS ALIMENTOS DEVIDOS PELOS AVÓS
Como fenômeno contemporâneo, cada vez mais é exigida dos membros
da família a participação no custeamento dos outros, é preciso complementar
os fundos necessários para a mantença de cada indivíduo, contrariando a
afirmação de Henri Leon Mazeaud e Jean Mazeaud, de que a obrigação
alimentar diminui por causa da generalização do sistema de seguridade social.
Neste sentido, entende-se que a finalidade dos alimentos é assegurar o
direito à vida, substituindo a assistência da família à “solidariedade social” que
une os membros da coletividade, pois as pessoas necessitadas, que não
tenham parentes, ficam em tese, sustentadas pelo Estado.
A família compreende o primeiro círculo de “solidariedade”, e somente
na sua falta é que o Estado é convocado a suprir as necessidades do
alimentando. Desta forma são chamados os avós a participarem para o
suprimento das necessidades dos netos por conta do disposto no artigo 1.694,
do Código Civil, que autoriza os parentes a pedirem uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Dispõe, ainda, o artigo 1.696 do Código Civil que o direito à prestação
de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
de outros.
Fundada nos arts. 396-405, a pretensão a alimentos, é pretensão de
direito de família, que nada tem com o direito das obrigações. Não só se funda
no parentesco; o parentesco, nas espécies que o Código Civil aponta, é,
apenas, junto à necessidade do alimentando e à suficiência de recursos do
alimentante, elemento do suporte fático. Do dever de alimentar deriva o direito
a alimentos, pessoal, razão por que não se podem invocar regras jurídicas do
direito das obrigações, analogicamente.
30
Na falta dos pais, a obrigação passa aos avós, bisavós, trisavós,
tetravós etc., recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de
outros. Por isso que os ascendentes de um mesmo grau são obrigados em
conjunto, a ação de alimentos deve ser exercida contra todos, e a quota
alimentar é fixada de acordo com os recursos dos alimentantes e as
necessidades do alimentário. Assim, intentada a ação, o ascendente (avô,
bisavô etc.; avó, bisavó etc.) pode opor que não foram chamados a prestar
alimentos os outros ascendentes do mesmo grau. Se algum dos ascendentes
não tem meios com que alimente o descendente, o outro dos ascendentes do
mesmo grau os presta. Se o descendente já recebe de algum ascendente o
suficiente para a sua alimentação (no sentido largo, que é o técnico), podem os
outros opor esse fato; mas, se a quantia ou recursos fornecidos pelo alimentar
não bastam, é lícito ao alimentário argüir a insuficiência do que recebe, ou a
precariedade de seu sustento em casa do ascendente, e pedir ao outro ou aos
outros ascendentes que completem o quanto, ou prestem o necessário à sua
vida normal.
Depreende-se que em se tratando de alimentos pretendidos em face dos
avós, não existe dever de sustento, apenas obrigação de alimentar baseada no
princípio de solidariedade familiar. Assim decidiu recentemente o Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, ao proclamar o caráter substitutivo da obrigação de
alimentar dos avós. "Os avós, desde que possível, em face do princípio da
solidariedade familiar na ação de alimentos, assumem obrigação substitutiva
dos pais que não reúnem condições financeiras para a garantia da
sobrevivência da prole que geraram".
A responsabilidade dos avós quantos aos alimentos é complementar e
deve ser diluída entre os progenitores paternos e maternos.
Se ocorrer a pluralidade de obrigados, deve cada um deles concorrer na
proporção de suas condições econômicas. Sendo assim, o comprometimento
dos avós com os alimentos dos netos deve ser complementar no sentido de
auxiliar os pais no sustento de seus filhos. Quando os pais podem prover os
alimentos de seus filhos os avós não devem ser chamados, pois "os filhos têm
direito aos alimentos segundo a fortuna dos pais, não sendo lícito cotejar
31
fortunas entre os avós e destes com as dos pais para pedir contra quem for
mais bem aquinhoado".
Clóvis Bevilaqua alerta que os alimentos pretendidos em face dos avós
são devidos pietatis causa, ad necessitatem e não ad utilitatem. Ao contrário da
obrigação alimentar baseada nos deveres de mútua assistência, os alimentos
devidos pelo laço de parentesco visam garantir unicamente os recursos
indispensáveis à sobrevivência digna do necessitado, "embora admissível a
proposição de ação alimentar contra os avós, não é razoável impelir o avô
paterno a complementar pensão alimentar quando não demonstrada a
insuficiência econômica do genitor do alimentado, que apenas está
inadimplente. Recomendável, no caso, utilização de remédio jurídico
processual adequado que é a execução de alimentos", como decidiu o Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul.
Isso porque a obrigação de alimentar é subsidiária e complementar,
sendo devidos alimentos pelos avós "somente se restar demonstrado que o pai
dos menores não tem patrimônio hábil para sustentá-los, ou não possui
condições de arcar sozinho com a obrigação de alimentar".
A suplementação dos alimentos pelos avós deve ser vista como uma
excepcionalidade e devida tão-somente "diante da prova inequívoca da
insuficiência de recursos não só do pai-alimentante, mas também da mãe, já
que a obrigação alimentar em relação aos filhos incumbe a ambos".
Antes de serem chamados os avós a suprirem as necessidades de seus
netos é preciso ficar demonstrada a impossibilidade dos pais em garantir-lhes a
sobrevivência, "a ação de alimentos deve ser dirigida primeiramente contra o
pai, para, na impossibilidade dele, serem chamados os avós. Somente após,
comprovada a impossibilidade do pai em prover os alimentos ao filho
postulante, estaria legitimado a intentar a ação contra os avós".
A obrigação de alimentar, no caso de omissão do pai, estende-se aos
avós, levando-se em consideração o binômio capacidade–necessidade,
devidamente comprovado. Os alimentos pretendidos em face dos avós devem
ser apreciados pela ótica da necessidade do alimentando e da possibilidade do
alimentante. O pedido deve ser verificado com cautela, a fim de não impor um
32
excessivo sacrifício aos avós que estão no final da vida e não devem ser
privados das comodidades que alcançaram com seu labor.
Não é só porque o pai deixa de cumprir a obrigação alimentar devida
aos seus filhos que sobre os avós deve recair a responsabilidade pelo seu
cumprimento integral, na mesma quantificação da pensão devida, como decidiu
o Superior Tribunal de Justiça. "Os avós podem ser instados a pagar alimentos
aos netos por obrigação própria, complementar e/ou sucessiva, mas não
solidária. Na hipótese de alimentos complementares, tal como no caso, a
obrigação de prestá-los se dilui entre todos os avós, paternos e maternos,
associada à responsabilidade primária dos pais de alimentarem os seus filhos".
Sendo assim, deve-se concluir que muito embora sejam devidos
alimentos aos netos pelos avós, os mesmo são de natureza diversa daqueles
devidos pelos pais, pois se assentam no dever de solidariedade e não de
sustento.
Como conseqüência, os alimentos devidos pelos avós devem ser
aqueles estritamente necessários à sobrevivência dos netos e somente serão
devidos se houver possibilidade de prestá-los sem prejuízo do próprio sustento
dos alimentantes. Por sua vez, os alimentos prestados pelos avós devem ser
considerados subsidiários, somente sendo devidos na falta dos pais ou na
impossibilidade destes em arcar com as necessidades de seus filhos.
Depreende-se que tais alimentos devem ser vistos como
complementares, não devendo os avós arcar com o sustento de seus netos se
os pais os puderem prover. Nesse sentido, modernamente é preciso convocar
os parentes mais próximos a fim de auxiliar na produção dos meios
necessários a alimentar e educar os membros da família.
CONCLUSÃO
33
O presente artigo discute que as prestações alimentícias objetivam
atender às necessidades vitais e sociais básicas, independente de sexo, idade
ou condição social, de quem não pode provê-las integralmente por si, seja em
decorrência de doença ou dedicação a atividades estudantis, ou de deficiência
física ou mental, ou idade avançada, ou trabalho não auto-sustentável ou
mesmo miserabilidade.
O princípio da dignidade da pessoa humana deve ser aplicado para
garantir a máxima efetividade da prestação alimentar, tendo-se então um valor
intrínseco não relativo, cuja dignidade se estabelece a partir da vida do próprio
homem.
A partir deste artigo, torna-se claro que a dignidade está acima de
qualquer preço, verificando-se que este valor não pode ser substituído por
alguma outra coisa equivalente.
O dever de sustento dos pais em relação aos filhos menores decorre do
poder familiar. Por outra ponta, parentes, cônjuges, companheiros e pessoas
integrantes de entidades familiares lastreadas em relações afetivas podem
buscar alimentos com base na obrigação alimentar e no direito de família,
ficando de lado as posições tradicionais que limitam rigidamente as pessoas
que prestam e recebem alimentos.
Como previsto, a fixação, majoração, exoneração ou revisão de alimentos
e a prisão do devedor, sob quaisquer fundamentos jurídicos e fáticos, devem
garantir o devido processo legal, o contraditório e da ampla defesa, sendo
inaceitável restringir situações jurídicas consolidadas sem escutar a parte
contrária.
Vista sob estes aspectos, a questão concernente aos alimentos
confunde-se com uma verdadeira indústria das pensões alimentícias e, como
acontece em toda empresa, uns lucram em prejuízo dos demais. Não se pode
permitir, portanto, que diante de tais acontecimentos sejam perpetuados
excessos conforme vêm ocorrendo. Em determinadas condenações, constata-
se que o hipossuficiente na prestação de alimentos passa a ser o alimentante.
Assim há que se resguardar também os direitos deste último, impedindo que se
opere qualquer tipo de presunção contrária a seus interesses.
34
Espera-se, contudo, que o presente artigo possa auxiliar em alguma
medida, nas decisões relativas às causas legais das pensões alimentícias,
assim como conscientizar a todos sobre a necessidade de se garantir o
cumprimento desta demanda como forma de garantir a própria humanidade,
evitando-se que injustiças venham ser cometidas. O Direito deve agir no
sentido de se equilibrar os pêndulos da balança e não apenas mudá-los de
posição.
35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BEVILACQUA, Clóvis. Direito da Família. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Rio,
1982.
BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Código de processo civil interpretado.
Coord. Antonio Carlos Marcato. São Paulo: Atlas, 2008, 148 p.
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 6. ed. atual. e ampl. com o novo Código
Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Código de Processo Civil Anotado 12ª ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2006.
FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2004.
GOMES, Orlando. Direito de Família. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
MAZEAUD, Henri Leon et MAZEAUD, Jean. Lecciones de derecho civil, volume
IV, parte 1, tradução Luis Alcalá-Zamora y Castillo, Buenos Aires:
Ediciones Jurídicas Europa-América, 1978.
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade.Constituição Federal
Comentada e legislação Constitucional – 2ª Ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2009.
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade.Código Civil anotado e
legislação extravagante: atualizado até 2 de maio de 2003. 2. ed. rev. e
ampliada São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2003.
36
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Teoria Geral das
Obrigações. São Paulo: Forense, 2004. Vol 2.
TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Bodin de.
Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. Rio de Janeiro:
Renovar, 2004.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 12. ed. São Paulo:
Atlas, 2012, v. 6
37
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - ABORDAGEM CONSTITUCIONAL 1.1 O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 10 CAPÍTULO II - PENSÃO ALIMENTÍCIA NORTEADA PELO BINÔMIO “NECESSIDADE x POSSIBILIDADE” 14 CAPÍTULO III - A NATUREZA JURIDICA DA PENSÃO ALIMENTÍCIA 3.1 UMA VISÃO JURÍDICA 19 3.2 UMA VISÃO POLÍTICO-SOCIAL 20
CAPÍTULO IV - O LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO EM OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA 4.1 OS ALIMENTOS COMO OBRIGAÇÃO NÃO-SOLIDÁRIA EM LITISCONSÓRCIO 26
4.2 OS ALIMENTOS DEVIDOS PELOS AVÓS 29
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35
ÍNDICE 37