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Despachos da Presidência

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Despachos da Presidência

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Requerente:

Requeridos:

União

DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA

PETIÇÃO Nº 786 - SP (Registro nU 97.0027825-5)

435

José João Abdalla Filho e José João Abdalla (espólio) e Nicolau

João Abdalla (espólio) e Antônio João Abdalla (espólio)

Representados por: Rosa Abdalla (inventariante) e João Abdalla Neto (inventa-

riante) e Henriette ChohfiAbdalla (inventariante)

Interessados: Urucum Mineração S/A, Companhia Vale do Rio Doce e Mine­

ração Corumbaense Reunida S/A

DESPACHO

José João Abdalla Filho e outros ajuizaram ação cautelar incidental, pre­

tendendo fosse sustada a concessão de lavra de jazidas existentes em imóveis de

sua propriedade situados no Município de Corumbá-MS, confiscados pela União

por força do Ato Institucional nU 5.

Em face de a ação principal (de prestação de contas) encontrar-se no egré­

gio Tribunal Regional Federal da Terceira Região em grau de apelação, a ação

cautelar foi remetida àquela Corte, na qual o eminente Juiz-Relator deferiu a

concessão da liminar.

Contra essa medida, insurge-se, inicialmente, a União; em seguida, com­

parecem a Companhia Vale do Rio Doce e a Urucum Mineração S/A, alegando

interesse jurídico em intervir no feito.

Sustenta-se o caráter satisfativo da ação cautelar e o comprometimento da

ordem e da economia públicas, porquanto suspende por período indeterminado

as atividades normais de exploração de minérios, argumento com o qual se põe

de acordo o parquetfederal às fls. 70/77.

A decisão que se pretende suspender, no pertinente, está vazada nos se­

guintes termos:

"Passo a apreciar o pedido de liminar nos limites postos pelo adi­

tamento acima deferido. O pleito assenta-se no direito de compromis­

sário-comprador de uma gleba de terras de 948 (novecentos e quarenta

e oito) hectares, situada no Município de Corumbá-MS, em localidade

denominada Jacadigo, da qual os ora requerentes detinham, através de

uma de suas empresas, a Cia. de Cimento Portland Perus, a concessão

RSTJ, Brasília, a. 11, (114): 433-445, fevereiro 1999.

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436 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

do direito de lavra da mina de ferro e manganês, nos termos do Decre­

to-Lei n ll 1.985/1940 e registros de nlls 8.334, 8.360, 8.675 e 8.677. As provas das alegações dos requerentes estão na escritura pública

juntada a fls. 167/169, e no termo de imissão de posse dos mencionados bens pela União Federal, de fls. 172.

Tais bens foram confiscados dos requerentes pela União Federal com base no Ato Institucional n ll 5, nos termos do Decreto n 1l 74. 728/94, con­

soante está comprovado a fls. 170/171.

Reforçam os argumentos dos requerentes os julgamentos de ambas as

fases da ação de prestação de contas que propuseram contra a União Fede­

ral, a respeito do confisco em questão, ambos a eles favoráveis, sendo que

esta PTurma, ao julgar aApelação Cível n1l 93.03.065800-6, confirmou a

sentença (fls. 98/110), implicitamente reconhecendo o exaurimento da­

quele ato, posto que condenou a ora requerida a restituir as quantias rece­bidas além de seus créditos.

Portanto as alegações dos requerentes hão de ser tidas por verossí­

meis, presente assim o fumus boni juris.

O periculum in mora, a seu turno, também decorre da prova docu­

mental carreada dos autos, que atesta que através da desastrosa administra­

ção do acervo confiscado, realizada pela União Federal, este acabou, de

forma inexplicável, sendo transferido a terceiros, dando margem a uma série

de manobras de grileiros, que poderá culminar com a transferência definiti­

va desse valioso patrimônio confiscado, em verdadeira fraude a seus verda­

deiros titulares, os ora requerentes.

Tanto que, sem a audiência da CEIPN, incumbida da gestão do

patrimônio confiscado, através da Portaria n 1l 205, de 24.02 .. 86, foi ou­

torgada à Urucum Mineração S/A, empresa subsidiária da Cia. Vale do

Rio Doce, a concessão para lavrar minérios de ferro e manganês, exata­mente no imóvel do qual os requerentes são compromissários-compra­

dores e sobre o qual, como já realçado, detinham de longa data o direito

de lavra.

Com a alardeada privatização da Cia. Vale do Rio Doce, há sérios

riscos de que o imóvel em questão seja incluído no leilão que será reali­

zado pelo Governo Federal, lesando de forma definitiva os direitos dos

requerentes, já reconhecidos por essa egrégia Turma, quando do julga­

mento da Apelação Cível n 1l 96.03.065801-4, da qual fui relator, julgada

aos 29 de outubro de 1996, cujo acórdão está encartado às fls. 187 dos

autos.

Diante do exposto, presentes os requisitos legais, concedo a liminar

RSTJ, Brasília, a. 11, (114): 433-445, fevereiro 1999.

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 437

para determinar à Empresa Urucum Mineração S/A que se abstenha,

por si, ou através de terceiros, de proceder qualquer pesquisa ou ato de mineração dos minérios existentes nas minas denominadas J acadigo, e

determinar que o imóvel e as jazidas minerais denominadas "Minas

Jacadigo", situadas no município de Corumbá-MS, sejam excluídas de

qualquer procedimento licitatório, inclusive os relativos à eventual privatização, até decisão definitiva a ser proferida na presente cautelar"

(fls. 9110).

A requerente não demonstrou de que maneira essa decisão, proferida entre

partes específicas, teria o condão de reverberar conseqüências externas à relação

jurídico-processual. Por igual modo, não evidenciou o grave risco de lesão à

ordem e à economia públicas alegado.

As empresas interessadas, de sua parte, também se insurgem contra a lega­

lidade da concessão da liminar, censurando-a de satisfativa e afirmando não

preenchidos os requisitos legais do deferimento da tutela de urgência. Argu­mentam com dispositivo do Código de Mineração e com artigos da Carta Polí­

tica, para concluir no sentido de ser a liminar desfundamentada e merecedora de

imediata suspensão. Em verdade, tanto a requerente quanto as intervenientes estão irresignadas

com o conteúdo da decisão. Ao que se infere da inicial, pretende a requerente

valer-se da expedita via da suspensão de segurança para reformar decisão judi­

cial adversa. Quanto ao ponto, registre-se a pacífica orientação desta Presidên­cia, anotada na SS nD. 643-AC (e aplicável à espécie por força do disposto no art. 4D. da Lei nD. 8.437/92), no sentido de

" ... ser a suspensão de segurança medida extrema de proteção a inte­

resses públicos maiores, de natureza, por isso mesmo, excepcional e que

não se compadece com a mera lesão de direito subjetivo (já que este tem

assegurada sua proteção em outra sede). Também não pode ser utilizada

como via alternativa para obter a reversão de decisão desfavorável à parte" (SS nD. 605-BA).

Pelo mesmo motivo,

" ... o pedido de suspensão de segurança não é meio idôneo para

assegurar proteção contra eventuais equívocos ou injustiças decorrentes de

decisão judicial supostamente lesiva de direito subjetivo privado. Os valo­

res resguardados pela norma de regência dizem com a preservação de

RST], Brasília, a. 11, (114): 433-445, fevereiro 1999.

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438 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

superiores interesses públicos atinentes com a ordem, saúde, segurança e

a economia" (SS nº-626-PB).

Em face do exposto, indefiro o pedido. Intimem-se.

Brasília-DF, 28 de maio de 1997. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 09.06.98.

PETIÇÃO Nº 837 - SP (Registro nQ 97.0060250-8)

Requerente: Fazenda do Estado de São Paulo Advogados: Haroldo Tucci e outros

Requerida: Terceira Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Interessado: Audi S/A Importação e Comércio Advogados: Alexandre Honore Marie Thiollier Filho e outros

DECISÃO

Audi S/A Importação e Comércio, após julgamento pela egrégia Corte

Especial, que lhe negou, unanimemente, provimento a agravo regimental inter­posto, peticionou pugnando a extinção do processo ao argumento de que in­competente seria este Pretório para apreciar o pedido de suspensão antecipada de tutela, eis que a hipótese não cuidou de ação originária de ação mandamental,

concluindo, verbis:

"Em vista ao exposto, estando plenamente demonstrada a falta de

previsão legal que designe competência para o Superior Tribunal de

Justiça no que concerne ao julgamento de suspensões de liminares em

cautelares e ações com pedido de antecipação de tutela, como no caso vertente, apresenta-se a presente petição, embasada em questão de or­dem pública, requerendo-se a extinção do presente incidente por abso­

luta inadequação recursal, falta de amparo e previsão legal com a con­seqüente restauração da medida liminar concedida pela douta Terceira

RST], Brasília, a. lI, (114): 433-445, fevereiro 1999.

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 439

Câmara de Direito Público do egrégio Tribunal de Justiça de São Pau­

lo" (fi. 336).

Proferi, então, o despacho de fi. 338, nos seguintes termos:

"A manifestação da empresa interessada deu entrada após o julga­

mento do agravo regimental e, por isso mesmo, não pode ser acolhida".

Irresignada, Audi S/A Importação e Comércio ingressa, agora, com pedi­

do de reconsideração do despacho em comento, reeditando, em síntese, os mes­

mos argumentos anteriormente expendidos.

É manifesto o descabimento deste recurso, porquanto o despacho con­

tra o qual investe é destituído de conteúdo jurisdicional, posto que nada

decidiu, portanto irrecorrível. Mantenho, pois, o mesmo entendimento obje­

to do despacho ora atacado, vale dizer, não se há obter pronunciamento

jurisdicional nesse contexto, uma vez que a Corte Especial exauriu a sua

jurisdição.

Cumpra-se o despacho de fi. 338, aguardando-se a publicação do acórdão.

Intime-se.

Brasília-DF, 3 de julho de 1998.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DI 09.09.98.

PETIÇÃO Nº 993 - CE (Registro n!! 98.0049369-7)

Requerente: Município de Mendes Pimentel

Advogados: Aloísio Augusto Cordeiro de Ávila e outros

Requerido: Desembargador-Relator do Agravo de Instrumento n!! 98.008039

do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará

Interessado: Banco Industrial e Comercial S/A

DECISÃO

° Banco Industrial e Comercial S/A ajuizou, perante a 4l!. Vara Cível de Fortaleza, Estado do Ceará, e em face do Município Mendes Pimentel-CE,

RST], Brasília, a. 11, (114): 433-445, fevereíro 1999.

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440 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ação cautelar, com pedido de liminar, objetivando o bloqueio e repasse mensal

de quotas do Fundo de Participação dos Municípios - FPM destinadas àquela

municipalidade, em decorrência de inadimplemento contratual. Indeferida a liminar e manejado Agravo de Instrumento n!2. 98.00803-9, sobreveio a liminar

perseguida. Contra esta medida, insurge-se o Município em epígrafe requeren­

do, destarte, a conseqüente suspensão. Alega, ao seu prol, que a liminar colidiu com a Lei n!2. 8.437/92, a qual

proíbe a sua concessão em procedimento cautelar contra atos do Poder Público, ao mesmo tempo em que atrita com os arts. 100 e 167, IV da Constituição

Federal; que a concessão da medida inaudita altera pars gera para o Municí­

pio requerente graves riscos de lesão à ordem, à economia e saúde públicas

porquanto o impossibilita de saldar salários de seus servidores. Ademais, alude, do débito que contraiu com a instituição exeqüente já pagou 80% (oitenta por

cento), não sendo justa a cobrança sem a dedução do que já foi pago. Conclui

que "não existe nenhum risco de lesão grave e de difícil reparação no direito do

agravante e muito menos o perigo da demora, porque o requerente é pessoajurí­

dica de direito público (Município), não havendo risco de falência e muito menos

risco no cumprimento de suas obrigações, uma vez que seus credores têm a garantia do precatório» (fi. 6).

Não vislumbro, na espécie, subsuma-se o fato narrado aos pressupostos da

Lei n!2. 8.437/92, de molde a impor-se a medida drástica ora pleiteada. Em reali­

dade, não se cuida de ato unilateral ou ex abrupto, praticado pela administração

pública na acepção de ato administrativo ditado pelo direito público, mas sim de

ato praticado sob o pálio do direito privado. Trata-se, isto sim, de inexecução de

contrato decorrente de dívida contraída pelo Município requerente com o Banco

Industrial e Comercial S/A, em que foram dadas como garantia as quotas do

FPM. É ver que tal dívida foi previamente planejada, caso em que se impõe auto­

rização do Tribunal de Contas do Estado sobre a capacidade de endividamento do

Município, devendo, após autorização legislativa municipal, haver a inclusão em

dotação orçamentária. Ora, em sendo assim, tal inadimplemento não poderá ser

prestigiado pela legislação referida, que não tem o condão de respaldar

descumprimento contratual. Por outro lado, não demonstra o ora requerente onde

residiria o grave risco ou sua potencialidade à saúde, economia e segurança públi­

cas. Limita-se, tão-somente, a dizer que o bloqueio das quotas "trará para o Re­querente, com certeza, não só graves lesões na economia pública, como também

lesões à ordem, à saúde, à educação e à segurança pública, pois não terá como saldar

salários de seus funcionários, inclusive os da área da saúde, educação e segurança,

sem contar que terá de paralisar suas obras" (fi. 7).

No que concerne à alegação de que, do montante cobrado, 80% já foi pago,

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 441

este juízo de delibação não comporta tal exame, dado lhe ser impossível escandir

questões que só na instância ordinária hão de ter o respectivo desate. Por outro lado,

não vejo como possa ser acoimada de abusiva ou ilegal ordem judicial que determi­

na o bloqueio de quotas do município quando evidenciado que este foge à obriga­

ção anteriormente assumida. Nesse sentido, confira-se o RMS n.Q 5.167, 6nTurma,

un., ReI. Min.William Patterson, 27.02.96. Posto isso, indefiro o pedido. Intimem-se.

Brasília-DF, 17 de agosto de 1998. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ 27.08.98.

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 701- PE (Registro n.Q 98.0058559-1)

Requerente: Companhia Hidroelétrica do São Francisco - Chesf Advogados:

Requerido:

Tiago Carneiro Lima e outro

Desembargador Presidente da F Câmara Cível do Tribunal de

Justiça do Estado de Pernambuco

Impetrante: Hidroservice Engenharia Ltda

Advogado: Marcos Augusto de Sá Pereira Filho

DECISÃO

A requerente, sociedade de economia mista subsidiária da Eletrobrás,

noticia a existência de uma intricada lide envolvendo contrato de prestação de

serviços de fiscalização e controle de qualidade, celebrado com a empresa

Hidroservice Engenharia Ltda.

Sustenta que a ação na qual se postulava cumprimento de contrato com a

ora requerente, antecedida de cautelar preparatória, foi julgada favoravelmente

à empresa autora. Afirma (de passagem) que, a despeito de pretensão da União

de intervir na causa como assistente litisconsorcial, a justiça comum denegou o pleito antes de proferir a sentença.

Prossegue descrevendo assim os desdobramentos fáticos da controvérsia:

opostos embargos declaratórios pela Requerente, foram denegados. Dessa deci­

são foi interposta apelação, recebida em ambos os efeitos.

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442 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Com base em certidão de trânsito em julgado da decisão, expedida pelo

Cartório da 2aVara Cível, a empresa autora promoveu a execução da importân­cia de R$ 20.602.891,15 (vinte milhões, seiscentos e dois mil, oitocentos e noventa e um reais e quinze centavos), alegadamente decorrente do julgado. Citada na execução, a Chesf nomeou bens à penhora e apresentou exceção de

pré-executividade, mercê da inexistência de título líquido, certo e exigível, que foi acolhida pelo titular da 2aVara, determinando-se a extinção da execução.

A empresa Hidroservice apelou da sentença terminativa e formulou pleito

de penhora de 30% (trinta por cento) do faturamento da Chesf, até alcançar o

valor da dívida exeqüenda. O eminente Juiz substituto da 2aVara, com funda­mento no art. 296 do CPC, prolatou decisão na qual exerceu inusitado juízo de retratação e determinou prosseguimento da execução, acolhendo parte do pleito da exeqüente, no sentido da penhora de 10% (dez por cento) do faturamento

bruto da executada Chesf. Essa decisão motivou agravo de ambas as partes: a exeqüente

(Hidroservice), postulando ampliar a penhora para 30% (trinta por cento); a executada (Chesf), alertando para o equívoco na reforma de sentença terminativa,

como se fora retratação de indeferimento da inicial. Tendo em vista o prosseguimento da execução, a Chesf opôs embargos do

devedor, juntamente com exceção de suspeição do Juiz, que reformara a extinção da execução. O incidente de suspeição foi julgado e rejeitado pela Câmara de

Férias, o que determinou pudesse o excepto (juiz substituto, réu da exceção de suspeição) julgar e, por igual modo, rejeitar os embargos da Chesf.

A essa altura dos acontecimentos, retornando de férias, o Juiz titular da 2a

Vara exerce o juízo de retratação no agravo interposto da decisão de seu colega

e reafirma sua sentença extintiva da execução. Além disso, anulando todos os atos nela praticados - inclusive a penhora -, determina a expedição de alvará

para o levantamento dos valores da Chesfretidos no curso da execução extinta. Inconformada, a Hidroservice impetrou Mandado de Segurança nJl. 34.898-

5/00 e obteve liminar impedindo o levantamento das importâncias penhoradas.

Essa decisão foi hostilizada pela Chesf com agravo regimental, seguido de man­dado de segurança para comunicar efeito suspensivo ao recurso.

Deferida a liminar emprestando efeito suspensivo ao agravo, foi autoriza­

do o levantamento do dinheiro penhorado. Todavia, nesse passo, foram julgados

e rejeitados os agravos regimentais (inclusive o amparado pela decisão liminar), o que ensejou o pleito da Hidroservice junto ao Desembargador Presidente da 1 a Câmara Cível do Tribunal de Justiça no sentido de que retornassem os valo­

res penhorados e permanecessem à disposição daquela Câmara julgadora. O eminente Desembargador Presidente acatou o pleito, determinando a

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 443

custódia bancária do volume de dinheiro sobre o qual controvertem as partes à

disposição da Câmara. Até aqui, as alegações da Requerente, acompanhadas de cópias de quase

todas as principais peças mencionadas.

Todavia, o exame da documentação apresentada, não autoriza concluir pela

presença dos pressupostos autorizadores da drástica medida requerida. Em verdade, postula-se a suspensão da eficácia da decisão proferida pelo

eminente Desembargador Presidente da egrégia 111 Câmara, que se encontra por cópia às fls. 527/529, assim vazada, verbis:

"Reclama Hidroservice Engenharia Ltda à Presidência da la Câmara

Cível desteTJPE o cumprimento do que restou decidido pelo Órgão quando do julgamento dos Agravos Regimentais de n!2li 34898-5/01 e 34898-5/02,

interpostos pelas partes litigantes contra o decisório do Desembargador­Relator do presente Illandalllus, parcialmente concessivo de liminar.

Naquela oportunidade, resolveu o eminente Relator, hoje aposenta­

do, determinar a custódia bancária, junto ao Bandepe S/A, do valor dispu­

tado pelos litigantes Chesf e Hidroservice Engenharia Ltda perante a pri­

meira instância, sem que se liberasse a importância pecuniária para qual­

quer dos disputantes.

Incidentalmente, por meio da impetração de novo Mandado de Se­

gurança, ainda perante este mesmo Tribunal (Proc. n!! 0035055-4), logrou a Chesf conferir efeito suspensivo à liminar precedentemente exarada nos

autos do presente writ, deferida a cautela até o julgamento do agravo regi­mental adredemente interposto.

Julgados ambos os regimentais e mantida a decisão monocrática do

MM Relator desta segurança, vem agora a Hidroservice Engenharia Ltda,

por seu advogado, requerer o cumprimento dos decisórios, com força nas

disposições regimentais que entende aplicáveis à espécie, pugnando pela

restauração do status quo ante, mediante a devolução, pela Chesf, das

quantias por ela sacadas, restituindo-se o montante à guarda ·do Bandepe, à

disposição da Primeira Câmara Cível, até ulterior decisão.

Examino o pleito da reclamante.

Preliminarmente, reconheço a competência da Presidência desta

Primeira Câmara para executar as decisões colegiadas emanadas do respectivo Órgão, consoante o disposto no art. 57, II, da Resolução TJ n!! 84/95 (Regimento Interno).

É que, na hipótese, o pedido de cumprimento se destina à efetivação de julgamentos colegiados, ou seja, da vontade do conjunto de julgadores

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444 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

que compõem a Câmara, e não de decisório isolado e monocrático de

qualquer de seus membros, quando então seria competente o Relator para a matéria.

Nítida, pois, a distinção assentada no Regimento, parecendo-me de

induvidosa clareza a competência regimental desta Presidência.·

Quanto ao mérito deste expediente, nada há a decidir, senão afazer

cumprir o que já fora decidido anteriormente, por ocasião do julgamento dos agra­

vos regimentais noticiados pela empresa reclamante.

Por outro lado, creio não mais exista empecilho algum ao cumpri­

mento da decisão desta Câmara, a determinar a retenção e custódia bancá­

rias do volume de recursos financeiros sobre o qual se controvertem as

partes.

De fato, fácil constatar que a liminar inicialmente concedida pelo

Desembargador Relator do Mandado de Segurança n-º 0035055-4 já não

mais subsiste, na medida em que o recurso regimental ao qual emprestara

efeito suspensivo veio de ser deslindado por esta Primeira Câmara Cível.

De resto, eventuais recursos interponíveis pela(s) parte(s) sucumbentes,

tendo em conta o julgamento dos citados agravos regimentais, não contam

com efeito suspensivo, a teor do prescrito no art. 542, § 2-º, do Código de Processo Civil em vigor, com a redação atual.

Não se há que esquecer, ainda, tratar-se, no caso, de ação manda­

mental, feito de natureza constituc.ional destinado à pronta preservação de

direitos, cujas decisões devem assumir expedida execução, sob pena de

perecimento dos interesses a cuja tutela se destina (Lei n-º 1.533/51, arts. 1-º e 7-º).

Parece-me relevante a jurisprudência colacionada pela parte reque­rente, reproduzida na decisão do STJ lavrada nos autos da Reclamação n-º

464/MA, na qual sua Excelência, o Ministro-Relator, determinou a resti­

tuição de valores ilegitimamente levantados por uma das partes em litígio,

em respeito à segurança do juízo.

Repito, enfim, que não me cabe decidir, isoladamente, a quem per­

tence o valor sob disputa, mas apenas restaurar a situação de fato irregular­

mente alterada, conferindo eficácia ao decidido pelo Órgão a que presido, cabendo aos ilustres componentes da Câmara deliberar quanto à titularidade do quantuIll.

Forte nos fundamentos acima, no uso das prerrogativas regimentais que me tocam, acolho o pedido da Hidroservice Engenharia Ltda, pelo que determino à Companhia Hidroelétrica do São Francisco - Chesf, na pes­soa de seu representante legal, que restitua integralmente, no prazo de cin-

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co (5) dias, à guarda do Bandepe S/A (Posto do Tribunal de Justiça) a importância pecuniária por ela, Chesf, sacada, a qual constitui objeto da presente segurança, comprovando, nos autos, o cumprimento do que ora se determina, tudo sob as penas e cominações da lei.

Consumado o depósito, ficará a quantia à disposição desta Primeira Câmara, até ulterior deliberação.

Dada a relevância da matéria, submeto o presente despacho à apre­ciação da Primeira Câmara ad referenduIll, na primeira oportunidade, independentemente de pauta e sem prejuízo da imediata execução da or­dem judicial ora exarada."

Conforme defiui da decisão hostilizada, o escopo nela perseguido não é deli­berar sobre a tit"lllaridade do quantuIll controvertido, mas assegurar sua manuten­ção à disposição do órgão julgador para eventual definição de seu destino.

Nessa moldura, não vislumbro o preenchimento dos requisitos autorizadores da drástica providência requerida (Lei n Q 4.348/64, art. 4Q

, e Lei n Q 8.437/92,

art. 4Q), ou seja, a cabal demonstração de que a decisão hostilizada constituiria grave lesão à ordem, à saúde, à seguransa e à economia públicas, ou evidenciaria manifesto interesse público ou flagrante ilegitimidade.

Ao que se infere dos documentos acostados, cuida-se de longa demanda, permeada de incontáveis incidentes processuais, inclusive com enfrentamento do tema nesta Corte (Reclamação nQ 460/PE). Não se afigura aconselhável, nes­sa altura dos acontecimentos, mais uma interveniência fundada em cognição sumária e à luz dos argumentos esgrimidos exclusivamente por uma das partes, porquanto poderia constituir intervenção tumultuária, enovelando o cipoal de decisões monocráticas até aqui proferidas.

Tudo recomenda, portanto, que se preserve, na espécie, o regular desen­

volvimento do rito, deixando-se as questões centrais da controvérsia para o enfrentamento exauriente dos órgãos colegiados.

Assim sendo, ausentes os pressupostos autorizativos, indefiro o pleito. Intimem-se. Brasília-DF, 25 de agosto de 1988. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DI de 15.09.98.

RSTJ, Brasília, a. 11, (114): 433-445, fevereiro 1999.

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