despachos da presidÊncia · advogados: alex ivan de castro pereira, e josé roberto da paixão e...

12
DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA

Upload: others

Post on 22-Mar-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA

Page 2: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal
Page 3: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA NQ 646 - GO

(Registro nQ 98.0009577-2)

Requerentes: Município de Goiânia e outros

Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros

Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q

75.480, do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Impetrante: Município de São Simão

DECISÃO

O Município de São Simão impe­trou mandado de segurança contra ato da Comissão de Elaboração dos Índices de Distribuição de ICMS (COÍNDICE/ICMS), representada por seu Presidente, o Secretário de Estado da Fazenda do Estado de Goiás, objetivando aumentar sua par­ticipação na arrecadação do Índice de Valor Agregado do Fundo de Partici­pação dos Municípios (IVAFPM), ten­do em vista a geração de energia elé­trica produzida pela CEMIG na mu­nicipalidade.

O eminente relator, Desembarga­dor Gonçalo Teixeira e Silva, com lastro em decisão do Ministro Amé­rico Luz, então Presidente do Supe­rior Tribunal de Justiça, reconside­rou decisão anterior, que havia ne­gado a liminar postulada, para con­cedê-la.

Inconformados, quinze municí­pios de Goiás, capitaneados pelo Município de Goiânia, postulam a suspensão daquela decisão, alegan­do grave lesão à economia dos re­querentes.

Afigura-se-me procedente a pre­sente postulação porquanto, de um lado, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ao julgar o man­dado de segurança impetrado pelo Município de São Simão objetivan­do o mesmo desiderato, denegou a ordem. Colhe-se daquele julgado o seguinte trecho:

"II - Simples remessa de ener­gia elétrica, do estabelecimento gerador (usina), situado em Mu­nicípio goiano, para o distribui­dor, localizado em Minas Gerais, ambos de propriedade da mesma companhia energética (mineira),

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 473

Page 4: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

configura tão-somente, movimen­tação ou deslocamento físico da mercadoria, sem transferência de sua titularidade, a ocorrer em re­lações jurídicas, entre sujeitos econômicos, não constituindo, mera saída física da mercadoria, fato imponível ou operação tribu­tável pelo ICMS, com aptidão para gerar o direito à participa­ção, do Município em cujo terri­tório se instalou a usina, no va­lor adicionado desse tributo" (fl. 99).

De outra parte, a respeitável de­cisão hostilizada arrimou-se em de­cisão do eminente Ministro Améri­co Luz que não pode prevalecer, mercê de afrontar orientação firma­da pela Egrégia Corte Especial, motivo pelo qual, autorizado pela interposição de agravo regimental pelos ora Requerentes, exerci juízo de retratação positivo daquela de­cisão. Na oportunidade, assim me manifestei, no pertinente, verbis:

"Razão assiste à ilustre repre­sentante do Parquet federal, vis­to que o eminente Ministro Pre­sidente, em perfeita coerência com seu entendimento sobre o tema, perseverou na opinião que manifestara em situação análo­ga. Todavia aquele entendimen­to foi superado na Corte Especial quando do julgamento do agravo regimental dele tirado, em acór­dão resumido nos dizeres da se­guinte ementa:

"Processual Civil. Suspen­são de segurança. Lei n Q 8.038, de 28.05.90, art. 25. Interpre­tação.

I - O art. 25 da Lei nº 8.038, de 28.05.90, dá compe­tência ao Presidente do Supe­rior Tribunal de Justiça para suspender a execução de limi­nar ou decisão concessiva de segurança, proferida em últi­ma ou única instância pelos Tribunais Regionais Federais, ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, e não para restabelecer liminar que fora cassada.

II - Agravo regimental pro­vido."

A todas as luzes, a respeitável decisão recorrida afastou-se da orientação preconizada no ares­to em tela pela Corte Especial, ao fixar a inteligência do art. 25 da Lei 8.038/90.

N essa moldura, exerço o juízo de retratação autorizado pelo efeito regressivo do recurso inter­posto e, reconsiderando a decisão de fls. 128/129, indefiro o pedido inicial" (Agravo Regimental na Suspensão de Segurança nº 619/ GO).

Ante o exposto, presentes os pres­supostos autorizativos da drástica medida requerida, defiro o pedido em ordem a suspender a r. decisão hostilizada, que concedeu liminar no Mandado de Segurança nº 7.548-0/ 101, em tramitação no Egrégio Tri­bunal de Justiça do Estado de Goiás.

Intimem-se, com urgência. Brasília, 30 de março de 1998. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA

RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 16-04-98.

474 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.

Page 5: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA NQ 648 - PE

(Registro nQ 98.0016491-0)

Requerente: Ministério Público do Estado de Pernambuco

Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q

41.353-2, do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambu­co

Impetrantes: Renato da Silva Filho e outro

Advogado: Victorino de Brito Vidal

DECISÃO

O Ministério Público do Estado de Pernambuco requer, com fulcro no que dispõe o art. 25 da Lei n Q

8.038/90, suspensão da eficácia de medida liminar concedida em man­dado de segurança impetrado pe­rante o ego Tribunal de Justiça lo­cal. A r. decisão, da lavra do emi­nente Desembargador ED-EK Gon­çalves Lopes, está vazada nos se­guintes termos:

"Renato da Silva Filho e Nilton de Araúj o Barbosa, procuradores da Justiça do Estado de Pernam­buco, impetraram Mandado de Segurança Preventivo, em face da ameaça iminente de sofrerem lesão a direito líquido e certo por parte do Exmo. Sr. Procurador­Geral da Justiça, do Conselho Su­perior do Ministério, representa­do pelo seu presidente Dr. José Tavares e da Exma. Sra. Corre­gedora-Geral do Ministério PÚ­blico, Dra. Maristela Simonin, consistente em possível aplicação de pena disciplinar fundada em sindicância levada a efeito por

autoridade incompetente e com absoluta ausência de motivo.

Alegam os impetrantes que fo­ram indicados por escolha do Conselho Superior do M.P. para integrar a Comissão Examinado­ra do Concurso Público a cargo de Promotor de Justiça e Promotor de Justiça Substituto e, ciente de suas atribuições, aceitaram o en­cargo,juntamente com os demais componentes da banca examina­dora, inclusive o representante da OAB-PE, o Dr. Albérico Gomes Guerra.

Como não poderia deixar de ser, alguns candidatos foram aprova­dos e outros não. Estes, em sua absoluta minoria propuseram medidas judiciais, algumas limi­narmente indeferidas. Tais can­didatos inconformados com o insucesso dos exames, passaram a lançar dúvidas e suspeitas so­bre a licitude do certame, dando lugar a notícias nos jornais onde a discussão técnica e jurídica deu lugar ao escândalo, à calúnia e à difamação que recaíram farta so­bre a Comissão Examinadora, es­pecialmente com relação aos im­petrantes.

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 475

Page 6: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

Aí, surge a figura da Corregedo­ra-Geral do M.P. que, em invasão de função, instaurou uma "sindi­cância" para apurar supostas ir­regularidades no mencionado Concurso Público.

Alegam mais que o Conselho Su­perior do M.P. em sessão do dia 11.11.97 decidiu que a senhora Corregedora não tinha atribui­ções para averiguar supostas ir­regularidades apontadas no con­curso e, por tal razão, os autos daquela investigação foram avo­cados.

Requerem os impetrantes o defe­rimento de provimento liminar no sentido de que a autoridade coatora se abstenha de praticar qualquer ato em razão da sindi­cância, especificamente a aplica­ção de punição aos impetrantes.

Decido.

Ao Conselho Superior do Minis­tério Público cabe apreciar a re­gularidade do concurso público, conforme estabelece a Lei Orgâ­nica Estadual do Ministério PÚ­blico em seu art. 31, parágrafo 4Q

Vale dizer que, constatando qual­quer irregularidade que possa macular a idoneidade do concur­so, determinará abertura de sin­dicância para apuração dos fatos e anulará o certame no seu todo ou em parte, conforme lhe aprou­ver.

Vê-se entretanto, que não obstan­te a decisão de fls. 41 do Conse­lho Superior do Ministério Públi­co que concluiu " ... não ser a Cor­regedoria Geral do Ministério Público, o órgão competente para

apurar supostas irregularidades do concurso, que, tem foro pró­prio, o Conselho Superior do Mi­nistério Público, a quem cabe examinar a necessidade de ins-

. tauração de sindicância ... ", essa sindicância iniciada pela Corre­gedoria Geral do M. P., à revelia do CSMP continuou sob os auspí­cios do Colégio de Procuradores que em sessão do dia 12.11.97 de­cidiu pela sua continuidade.

Ao suprimir uma instância, a sin­dicância realizada pela Correge­doria, sponte propria da Sra. Corregedora-Geral, carece de le­gitimidade. (sic.)

E, como as ameaças de abertura de inquérito para posterior puni­ção dos impetrantes, são todas baseadas na extemporânea e ile­gítima investigação da Correge­doria Geral do M.P., e, vislum­brando estarem presentes os pres­supostos legais para a concessão da medida pleiteada concedo o provimento liminar perseguido, para o fim de determinar que as autoridades apontadas como coatoras, se abstenham de tomar providências que culminem em punição disciplinar aos impetran­tes que tenham por base a sindi­cância realizada pela Corregedo­ria Geral do M.P. acerca do Con­curso Público retromencionado" (fls. 19/21).

Aduz o requerente que a execu­ção da medida contra a qual inves­te implicará grave lesão à ordem pública, consubstanciada na inter­ferência ao poder discricionário do

476 R. sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.

Page 7: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

Ministério Público, no que concerne ao controle da disciplina na esfera administrativa.

Alega, ainda, ser a decisão em testilha flagrantemente ilegítima, sustentando que a redação dada ao art. 4Q da Lei n Q 8.437/92 permite questionar, também, em sede de suspensão de segurança, os aspec­tos de legalidade da decisão ataca­da. Assim sendo, argúi que ausen­tes os requisitos para a concessão da liminar, ex vi do disposto no art. 7Q

, II, da Lei n Q 1.533/51.

Conclui, asseverando que o âm­bito da decisão do Conselho Superior do Ministério Público, impugnada pelos impetrantes, é insusceptível de controle jurisdicional, no que se refere ao conteúdo.

O douto Ministério Público Fede­ral, secundando as razões vertidas na exordial, opina pelo deferimen­to da suspensão (fls. 123/128).

Esclareço, por primeiro, que, nos lindes da suspensão de segurança, a apreciação jurisdicional há de li­mitar-se aos aspectos atinentes à potencialidade lesiva do ato decisó­rio em face dos pressupostos erigi­dos pelo legislador, quais a afetação à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, por isso que in­cabível o exame da existência ou não dos pressupostos autorizadores da postulação liminar, que tem no juízo próprio o seu deslinde.

Quanto à tese deduzida, segun­do a qual a liminar em comento ofenderia à ordem pública, vale di­zer, à ordem administrativa, decor­rente de incursões no exame de ato discricionário - e por isso infenso à tutela jurisdicional -, tenho que desassiste razão ao peticionário por­que não vislumbro possa a execu­ção da liminar atacada, proibitiva da concretização de punições a membros do Ministério Público, com base em procedimento, em tese dis­cutível, vir a afetar a ordem públi­ca. Ademais, a autonomia funcional e administrativa do Ministério Pú­blico não tem o condão de transfor­má-lo "numa ilha" de molde a im­pedir apreciação judicial quanto à legalidade de seus atos.

É preciso entender-se que a sus­pensão de segurança, por ser medi­da drástica, impõe que se demons­tre ocorrentes os seus pressupostos, pena de transformá-la em meio de impedir o exercício de direitos cons­titucionalmente protegidos.

Posto isso, indefiro o pedido.

Intimem-se.

Brasília, 14 de maio de 1998.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 21-05-98.

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 477

Page 8: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 649 - SP

(Registro nº 98.0017990-9)

Requerente: Município de São Paulo

Advogados: Marcos Geraldo Batistela e outros

Requerida: Quinta Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Impetrante: Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo

Advogado: Fernando Magalhães Rangel

DECISÃO

O Município de São Paulo editou a Lei nº 11.722, de 13 de fevereiro de 1995, que estabelecia reajuste para os servidores municipais em seis por cento, a partir de 1 º de fe­vereiro de 1995, concedendo abono provisório e aumentos quadrimes­trais com base na variação do IPC divulgado pela FIPE, ao tempo em que revogou as leis municipais que, até então, regiam a matéria (Leis n~ 10.688/88 elO. 722/89).

Ao fundamento de violação de di­reito adquirido, o Sindicato dos Mé­dicos do Estado de São Paulo, na qualidade de substituto processual, ingressou com mandado de segu­rança com o objetivo de assegurar o reajuste dos médicos com base na legislação revogada. Denegada a se­gurança no primeiro grau, apelou o Sindicato com sucesso perante a Egrégia Quinta Câmara do Tribu­nal de Justiça.

O Município, afirmando que a execução do julgado implica aumen­to de oitenta e um por cento nos ven­cimentos dos filiados do Sindicato­impetrante, sinaliza com o caos que

se avizinha sobre as finanças da municipalidade. Alerta para o fato de que há 140.000 (cento e quaren­ta mil) servidores municipais que podem ingressar com postulação idêntica, culminando por inviabili­zar a Administração Pública.

O Ministério Público Federal opi­na no sentido do deferimento do pleito nos seguintes termos:

"A suspensão requerida deve ser deferida por seus próprios e judiciosos fundamentos.

Com efeito, a concessão da or­dem, para aplicação relativamen­te aos substituídos do Sindicato­impetrante, das disposições con­tidas nas Leis n llli 10.688/88 e 10.722/89, acarretando um rea­juste de vencimentos na ordem de 81% (oitenta e um por cento) a vigorar a partir de fevereiro de 1995, ao revés do percentual de aumento de 6% (seis por cento), concedido pelo ora requerente, por efeito de aplicação da Lei nº 11.722/95, realmente constitui grave ameaça de lesão à ordem pública, com conseqüência dire­ta na economia municipal, com

478 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.

Page 9: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

óbvios danos financeiros ao erá­rio.

Sendo esses prejuízos de difi­cil reparação, caracteriza-se o periculum in mora necessário à concessão da suspensão preten­dida para que o v. acórdão recor­rido só venha a ser executado após seu trânsito em julgado.

Tudo isso, sem que se diga a respeito da informação sobre a existência de um sem número de ações, objetivando o mesmo bene­fício, já propostas algumas e ou­tras com ingresso previsível.

Ante o exposto, o Ministério Público Federal opina pela con­cessão da suspensão de seguran­ça, nos exatos termos em que foi requerida" (fls. 75/76).

Razão assiste ao ilustre repre­sentante do Parquet federal, Dr. Wag­ner de Castro Mathias Netto, por­quanto também reconheço presen­tes, na espécie, os pressupostos au­torizadores da drástica medida re­querida.

De fato, a execução imediata do julgado, só por si, mercê do contin-

gente de beneficiados imediatamen­te alcançados, pelo decisum, já os­tenta potencialidade suficiente para abalar a administração financeira de um município do porte de São Paulo. Acresce a isso o fato de que pode constituir precedente a ser imitado em inúmeros outros casos, uma vez que a norma objeto de questionamento tem aplicação a to­dos os servidores.

Em face do exposto, defiro o pe­dido e determino a suspensão da efi­cácia da ordem concedida pela Egré­gia Quinta Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, nos autos da Apelação Cível nº 278.267-2/9 (Ape­lante o Sindicato dos Médicos de São Paulo e Apelados o Secretário Municipal de Finanças e outro), até o trânsito em julgado da decisão ou manutenção da ordem pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 25, § 3º, da Lei nº 8.038/90).

Intimem-se.

Brasília, 28 de abril de 1998.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 05-05-98.

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 660 - RO

(Registro nº 98.0026644-5)

Requerente: Estado de Roraima

Advogado: Francisco Vilebaldo de Albuquerque

Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n g 898 do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 479

Page 10: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

Impetrante: André Luiz Diniz de Souza Lima

Advogada: Maura Couto Gaio

DECISÃO

O Estado de Roraima requer, com fulcro no que dispõe o art. 4Q da Lei n Q 4.384/64, suspensão da eficácia de medida liminar concedida em mandado de segurança impetrado perante o ego Tribunal de Justiça local. A r. decisão, da lavra do emi­nente Desembargador Elair Morais, está vazada nos seguintes termos:

"O Impetrante André Luiz de Souza Lima, através de sua ilus­tre Advogada Maura Couto Gaio - OAB/MG 64.892, impetra a presente ordem mandamental, com pedido liminar, contra ato administrativo do Presidente da Junta Médica da Secretaria de Estado de Administração de Ro­raima - SEAD e do Secretário de Estado da Saúde de Roraima - Dr. Sérgio Pillon, os quais, di­reta ou indiretamente não quise­ram receber documentação (li­cença médica) do impetrante, sob a alegativa de intempestividade nessa entrega, bem como, não permitiram a sua legalização de atividade laboral, através da Co­operativa de Saúde - Plano PAIS, que lhe gerou o impedimento do exercício dessa atividade nos Pos­tos de Saúde, com a conseqüente suspensão dos seus vencimentos de Farmacêutico-Bioquímico jun­to à Secretaria de Saúde do Es­tado de Roraima.

Diz o Impetrante, que ele exer­ceu referida" ... função de Bioquí­mico na Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, sob o n Q de matrícula 05607-3, nos Postos de Saúde de Pintolândia e Silvio Botelho, Boa Vista - RR, cum­prindo 40 (quarenta horas) sema­nais, sendo 20 (vinte) em cada unidade, tendo iniciado suas ati­vidades nestes postos em feverei­ro do ano próximo passado, sen­do sua remuneração fixa de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), mais as variações de plan­tões, como demonstram os con­tracheques e controle de carga ho­rária, anexos."

Segundo, ainda ele, que " ... em 29/08/97, obteve 30 (trinta) dias de licença médica para tratamen­to de saúde, licença essa prorro­gada em 29/09/97 por mais 120 (cento e vinte) dias, tudo confor­me documentação inclusa.

Prossegue, dizendo o Impetran­te que:

" ... Obtidas referidas licenças, o Impetrante as remeteu ao pre­sidente Impetrado, através do Dr. Tobias Fortes Teixeira da Silva, residente na mesma cidade em que exercia o trabalho, já que se encontrava internado em clínica psiquiátrica, no Estado de Minas Gerais, em Juiz de Fora, a fim de proceder seu tratamento de saú-

480 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.

Page 11: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

de, de acordo com os documentos em anexo.

Em lá chegando, dito Dr. To­bias apresentou uma procuração, "com poderes hábeis para a en­trega da documentação", o que, apesar de desnecessário a tal, foi imediatamente providenciado, em 06.10.97, na cidade de Juiz de Fora, conforme cópia anexa".

Nesta linha de esclarecimen­to, o Impetrante se sente preju­dicado no seu direito de receber seus vencimentos, mesmo estan­do internado em clínica médica, no Estado de Minas Gerais, com licença médica garantidora de tal direito, sobretudo porque desco­nhecia a necessidade de estar associado à Cooperativa de Saú­de implantada no Estado de Roraima, a partir de setembro próximo passado.

Proclama estar debilitado, sem possibilidade de continuar o seu tratamento médico, por não ter acesso ao recebimento de seus vencimentos.

Entende estar caracterizado fumus boni iuris e o pericu­lum in mora, ensejando-lhe a liquidez e a certeza para a con­cessão da liminar e do mérito do writ, pedindo, assim, ambas con­cessões.

É o relatório.

Decido.

Efetivamente, dos autos cons­tam documentos passados pelos órgãos competentes da Secreta­ria de Estado da Administração

- Serviço Médico (Boletim de Inspeção Médica - BIM) e Ates­tado Médico da Superintendência Central de Saúde do Servidor, da Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração de Mi­nas Gerais, pelos quais o impe­trante teve a seu favor 150 (cen­to e cinqüenta) dias, ou seja, 5 (cinco) meses, de licença médica, à vista de seu precário estado de saúde.

Quanto a este particular, im­possível deixar de se reconhecer a necessidade básica de o Impe­trante ter direito a receber os seus vencimentos, no período ali mencionado, eis que representa o seu próprio sustento e de sua família e, neste particular, o seu direito é líquido e certo à percep­ção de tal benefício financeiro, de origem salarial.

A partir daí, entretanto, os fa­tos não se comprovaram, docu­mentadamente, a merecer seu reconhecimento judicial em sede de liminar.

Nestas condições, concedo a li­minar requerida tão-somente pa­ra mandar pagar os vencimentos do Impetrante no período da li­cença médica, provada nos autos, isto é, a partir de 29.8.97 até 29.1.98, por ser inquestionável sua situação fático-jurídica a tal benefício financeiro, ficando o período posterior a esta data a um exame mais acurado, sobre­tudo, a depender das informa­ções das doutas autoridades aqui apontadas como coatoras" (fls. 57/60).

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 481

Page 12: DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA · Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q 75.480, do Tribunal

Aduz o requerente, em síntese, que a execução da medida contra a qual investe, implicará grave lesão à ordem pública, consubstanciada na interferência do Poder Judiciá­rio no Poder Executivo, intervindo em unidade da Federação para al­terar-lhe o sistema administrativo, desrespeitando, destarte, a inde­pendência e harmonia dos Poderes. Daí em diante, incursiona o reque­rente na questão de fundo, fazendo críticas severas ao ato jurisdicional em testilha.

Consoante visto, jazem inertes os argumentos do requerente sobre de­monstrar a existência, in casu, dos pressupostos ensej adores da excep­cional medida.

A suspensão de segurança não é sucedâneo de recurso, por isso que, nesta instância, não é dado escandir questões de fundo da controvérsia estabelecida, que tem sede própria para o seu deslinde. Por outro lado, não vislumbro onde possa residir a potencialidade lesiva de ato juris­dicional sobre contenda entre admi­nistração e administrado, de molde a caracterizar violação à ordem pú­blica.

As razões vertidas na exordial dispensam maiores considerações.

Posto isso, indefiro o pedido. Brasília, 20 de maio de 1998. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA

RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 28-05-98.

482 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.