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Desenvolvimento Económico de Moçambique no Contexto Africano: Que Opções ?

Apresentado por Hipólito Hamela, Economista

Maputo, 24 de Agosto de 2004


• Porquê este tema para discussão hoje?• Características do nosso continente Àfrica, com

destaque para a Àfrica Sub-Sahariana (percepções e realidades):

• Africa é caracterizado por ter países com conflitos armados permanentes;

• Instabilidade política• Seca, cheias e epidemias (malária, HIV/AIDS,etc) em

momentos quase que alternados;• A democracia ainda é um dado muito recente;• Taxas de crescimento económico muito baixas – uma

média annual de 2 a 3% (PIB), mesmo tendo em conta os níveis de pobreza existentes


História do desenvolvimento económico de Africa/Moçambique: Tempo Colonial: produzir para o país colonizador

e segundo os objectivos da colónia; Pós-independência: opção socialismo ou

capitalismo, em função da origem dos apoios para o movimento de libertação;

Alguma dependência relativa ao ex-colonizador; Alguma opção política dos libertadores africanos,


Influência da guerra fria nas opções políticas e económicas

Queda do murro de Berlim, e fim da guerra fria e do bloco do leste

Fim dos apoios aos governos africanos em função da sua opção política

Eleva-se o papel das organizações multilaterais, doadores e ONG’s


Fome é outra grande característica de Àfrica: Em 2001 a população da Àfrica Sub-sahariana representava 38% da população mundial com fome – 62% resto do mundo;Fonte: IEHA-Initiative to End Hunger in Africa

Para 2011 se as políticas africanas se mantiverem, a Àfrica Sub-Sahariana representará 50% da pop. c/ fome;


Pobreza e fome levaram nos anos 80 a uma intervenção massiva dos doadores, Banco Mundial e FMI;

O dinheiro veio sempre condicionado para financiar ajustamentos estruturais, e mais recentemente PARPA;

Desenvolvimento Económico de Moçambique no Contexto Africano: Que Opções ? Durante este período a ajuda desviou-se

cada vez mais das politicas orientadas ao crescimento económico, para políticas de subsistência, bem estar social, etc

O pouco crescimento no rendimento das famílias passou a dever-se mais da ajuda que do crescimento económico;

Estratégia de crescimento económico é mais eficiente e menos oneroso a longo prazo no combate à pobreza


Por duas razões: Crescimento económico tira muita

gente da pobreza (investimento, emprego,etc)

Investimento cria as receitas governamentais necessárias para a tomada de medidas e políticas para a redução da pobreza


Surgiu o que uns chamam de “industria de exportação da pobreza”;

Surgiram no ocidente as instituições compradoras deste “serviço”: WB, IMF, doadores e ONG’s;

Àfrica rumo ao ciclo da pobreza absoluta!!


Onde é que Moçambique se enquadra neste cenário? 60% da população abaixo da linha da

pobreza 1982-92 crescimento do PIB de 2,4% 1992-02 (8,1%);

2001(13%);2002(8,3%) Africa Sub-Sahariana crecimento do PIB

em 1998(2,2%)2001(3,3%);2002(2,8%)


Então estamos melhor que a média da Àfrica Sub-Sahariana (ASS)? NÃO!! PIB per capita da ASS é de U$450 Moçambique: U$200 RSA: U$2520 Botswana: U$2920 Tanzania: U$280 Malawi: U$180


E como vai a Àsia? China crescimento annual do PIB a

uma média de 8% PIB per capita de U$950 Malásia: crescimento annual do PIB 5% PIB per capita U$3540 PIB per capita da Asia-leste e pacífico:

U$950-U$960 (renda média baixa/alta)


Para Moçambique que opções? Primeiro: não se comparar com países

africanos como indicadores de performance;

Segundo: adoptar políticas económicas diferentes dos “países irmãos” ;

Terceiro: Fazer uma transição paulatina da atracção de ajuda ao desenv. para a atracção do Investimento Directo Estrangeiro (IDE)


Exactamente, Moçambique deve seguir como exemplos para efeitos de comparação Àsia: Malásia, Coria do Sul, Indonésia, Singapura, China, India, etc;

América Latina: Chile Africa: Maurícias Não há entre eles um modelo comum


Mas também não é tempo para seguir modelos!!

Crescimento económico deve ser o objectivo;

Crescimento económico deve ser o instrumento de redução da pobreza;

A ajuda ao desenv. deve deixar de ser instrumento directo de redução da pobreza!!


Focus na manutenção duma inflação baixa;

Manter um déficit do OGE baixo após ajuda externa;

Minimizar a dependência nos direitos aduaneiros e outras taxas resultantes do comércio externo


Despesa pública deve focalizar em gastos que criem crescimento económico – infraestruturas, capital humano,etc

Não focalizar em capacity building, institutional building– tipo PROAGRI, Reforma do Sector Público, etc;

Para outros países Africanos: nada de grandes gastos em defesa e polícia, etc


Segundo o African Competitiveness Report 2004, com base no Executive Opinion Survey, em 102 países, Moçambique é o que apresenta o maior déficit público relativamente ao PIB (18%) – ou seja é o pior!!! (rank 102);

Corea (rank2); Camarões (rank4);RSA (rank32)


Mantendo-se os níveis de ajuda Baixando a despesa pública dos 30% do PIB,

actuais aos níveis asiáticos 10% Direccionando a ajuda ao crescimento

económico Torna-se possível a abertura económica (trade

openness): Redução das tarifas MFN e SADC ao mesmo tempo

para evitar “trade diversion” do resto do mundo para a RSA;

Redução do custo dos insumos Redução dos tempos de importar/exportar


Acesso aos mercados será problema? EU/ACP AGOA (USA) SADC – não suficientemente atractivo

(Turquia) Acordos bilaterais:

Mais ousados, apostando em grandes mercados como, USA, EU, Brasil, etc; nada temos a perder;

Acesso aos mercados: atrai investimentos, exporta postos de trabalho dos países mais ricos aos mais pobres, reduz a pobreza pela via do emprego e receitas fiscais


Comércio Livre e o lado da oferta: Behind the border:

Problemas domésticos de todo o tipo, incluindo barreiras administrativas

Facilitação do comércio, via admin.pública, alfândegas, inspçções pré-embarque, etc

At the border: Procedimentos, tempo e custo de importar e

exportar After the border: Acesso aos mercados,

incluindo, NTB’s (SPS, regras de origem,etc), tarifas aduaneiras, preferências

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