desenvolvimento econômico e social quisa, geração e desenvolvimento de novas tecnologias e na...

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112 Paraná Cooperativo Técnico e Científico. Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 92-110. 2017 17 parcerias Desenvolvimento econômico e social ano 13 2017 edição especial técnico e científico Agropecuário CONTROLES INTERNOS E GESTÃO DE RISCOS CORPORATIVOS: INCIDÊNCIA DE FRAUDES EM UMA COOPERATIVA Ângela Keiko Uemura; Vitor Massato Izu MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS: IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DE PRAGAS NA UNIDADE ARMAZENADORA Adalton Carvalho; Alexandre Dalastra Lopes; Claudinei Nunes Rezende; Luiz Alceu Vieira Carneiro; Valdemar Meirelles; Valdenir dos Santos Lara; Vanderlei Cendron; Irineu Lorini EFICIÊNCIA DA TERRA DIATOMÁCEAS NO CONTROLE DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS EM DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DA MASSA DE GRÃOS Ademir Brito; Leandro Crivelaro;Vilson Santos Cubinski; Cleso Luiz de Grandis; Irineu Lorini EXPURGO COMPARATIVO EM SILO METÁLICO E ARMAZÉM GRANELEIRO COM USO DA RECIRCULAÇÃO DO GÁS FOSFINA Israel Campos Bernardes; Osvaldo Gardin; Irineu Lorini QUALIDADE DA FORÇA DO GLÚTEN (W) E NÚMERO DE QUEDA (FN) DO TRIGO EM FUNÇÃO DA TRANSILAGEM E TEMPO DE ARMAZENAGEM Ivaldo Moura de Oliveira; Welington Flausino de Souza; Carolina Maria Gaspar de Oliveira

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112 Paraná Cooperativo Técnico e Científico. Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 92-110. 2017

17

parcerias

Desenvolvimento econômico e social

ano 132017

edição especial t écn ico e c ien t í f i co

Agropecuário

CONTROLES INTERNOS E GESTÃO DE RISCOS CORPORATIVOS: INCIDÊNCIA DE FRAUDES EM UMA COOPERATIVAÂngela Keiko Uemura; Vitor Massato Izu

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS: IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DE PRAGAS NA UNIDADE ARMAZENADORA Adalton Carvalho; Alexandre Dalastra Lopes; Claudinei Nunes Rezende; Luiz Alceu Vieira Carneiro; Valdemar Meirelles; Valdenir dos Santos Lara; Vanderlei Cendron; Irineu Lorini

EFICIÊNCIA DA TERRA DIATOMÁCEAS NO CONTROLE DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS EM DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DA MASSA DE GRÃOSAdemir Brito; Leandro Crivelaro;Vilson Santos Cubinski; Cleso Luiz de Grandis; Irineu Lorini

EXPURGO COMPARATIVO EM SILO METÁLICO E

ARMAZÉM GRANELEIRO COM USO DA RECIRCULAÇÃO

DO GÁS FOSFINA Israel Campos Bernardes;

Osvaldo Gardin; Irineu Lorini

QUALIDADE DA FORÇA DO GLÚTEN (W) E NÚMERO DE QUEDA (FN) DO TRIGO EM

FUNÇÃO DA TRANSILAGEM E TEMPO DE ARMAZENAGEM

Ivaldo Moura de Oliveira; Welington Flausino de Souza;

Carolina Maria Gaspar de Oliveira

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1PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 01-110. 2017

Parcerias

ano 132017

edição especial 17 t é c n i c o e c i e n t í f i c o

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edição especial 17 t é c n i c o e c i e n t í f i c o

OCEPAR SESCOOP/PR ISAE

Registro ISSN nº 2237-0390

Paraná Cooperativo / Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná. v. 1, n. 2 (2004) -. Curitiba, Ocepar, 2004- Mensal. Irregular:ParanáCooperativoTécnicoeCientífico:ediçãoespecial1, a partir de v. 6, n. 62, 2010. A partir da Edição Especial 13 a sequência numérica é exclusiva das edições especiais.

1. Cooperativismo - Periódicos. I. Sindicato e Organização das Co- operativas do Estado do Paraná. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - Paraná.

CDD - 334

Catalogação: Sigrid Ursula Litzinger Ritzmann – CRB/PR 068

Edição Especial 17: Conselho Editorial e colaboração na revisão técnica::JoséRobertoRicken(MSc),RobsonLeandroMafioletti(MSc),Leonardo Boesche (MSc), Nelson Costa, Flávio Enir Turra (MSc) Maria Emília Pereira Lima (MSc), Samuel Zanello Milléo Filho, Alfredo Benedito Kugeratski Souza (MSc), Gilson Martins (PhD). Coordenação: Comunicação Social do Sistema Ocepar.

ISAE: Norman de Paula Arruda Filho (PhD), Roberto Caneppele Pasinato (MSc), Antônio Raimundo dos Santos (PhD) (Coordenador), Maíra Ruggi.

Organização: DOCUMENTA – Sigrid Ursula Litzinger Ritzmann Documentação Editoria e Treinamento – ME ([email protected])

Diagramação: Celso Arimatéia

CTP e Impressão: CoanIndústriaGráfica-Licitação–pregão:02/2017

As matérias são de total responsabilidade dos autores e estão sendo publicados com a prévia e expressa autorização dos mesmos.

Endereço: Av. Cândido de Abreu, 501, CEP 80530-000, Centro Cívico, Curitiba/PR Fone: 41 3200-1100E-mail: [email protected] www.paranacooperativo.coop.br

PresidenteJosé Roberto Ricken

DiretoresAlfredo Lang Alvaro JaburDilvo GrolliFrans BorgJacir Scalvi

Jaime BassoJorge Hashimoto

Luiz LourençoLuiz Roberto Baggio

Marino DelgadoPaulo Roberto Fernandes Faria

Renato João de Castro GreidanusRicardo Accioly Calderari

Ricardo Silvio Chapla

Conselho FiscalTitulares

José Rubens Rodrigues dos SantosTácito Octaviano Barduzzi Junior

Urbano Inácio Frey

SuplentesLindones Antonio Colferai

Popke Ferdinand Van Der VinneSergio Ossamu Ioshii

SuperintendenteRobsonLeandroMafioletti

PresidenteJosé Roberto Ricken

Conselho AdministrativoTitulares

Alfredo LangLuis Augusto RibeiroLuiz Roberto BaggioWellington Ferreira

SuplentesFrans Borg

Karla Tadeu Duarte de OliveiraViviana Maria Carneiro de MelloPaulo Roberto Fernandes Faria

Conselho FiscalTitulares

James Fernando de MoraisMarcos Antonio Trintinalha

Roselia Gomes

SuplentesIara Dina Follador Thomaz

Katiuscia Karine Langue NiedLuciano Ferreira Lopes

SuperintendenteLeonardo Boesche

PresidenteNorman de Paula Arruda Filho

Vice-PresidenteRoberto Caneppele Pasinato

Diretor de EducaçãoAntônio Raimundo dos Santos

Diretora de Gestão CorporativaTania Mara Lopes

Coordenador MPGSJosé Henrique de Faria

Centro de Pesquisa ISAEMarcia Cassitas Hino

Maíra Ruggi

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3PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 01-110. 2017

PALAVRA DO PRESIDENTE DO SISTEMA OCEPAR

mérito das cooperativas do Paraná reside especialmente em seu forte interesse na pes-

quisa, geração e desenvolvimento de novas tecnologias e na inovação em sua gestão,

pois o aprimoramento do planejamento estratégico e cumprimento das metas estabelecidas

resultam em benefício econômico e social para os cooperados e as comunidades nas quais elas

estão inseridas.

Um dos instrumentos utilizados pelo Sistema Ocepar para difundir a Cooperação, o Cooperati-

vismo e suas práticas na sociedade é a edição e publicação da revista Paraná Cooperativo Técnico

e Científico, que busca refletir partes do trabalho intelectual desenvolvido por cooperativistas

do Paraná.

A Edição Especial 17 da Revista Paraná Cooperativo Técnico e Científico traz um artigo de cola-

borador da Cooperativa Castrolanda sobre Controles internos e gestão de riscos corporativos:

incidência de fraudes em uma cooperativa, assunto que deve merecer a atenção dos dirigentes

e gestores de cooperativas de todos os ramos. Este artigo foi produzido durante o Curso de pós-

graduação em Gerenciamento de Projetos realizado em parceria do Sescoop/PR com o ISAE.

Apresenta também 04 artigos elaborados por colaboradores da cooperativa Coamo com prática

em experimentação e vivências de pós-colheita de grãos. Aliando as experiências de suas ativida-

des diárias ao aperfeiçoamento em seus conhecimentos adquiridos em curso de pós-graduação

realizado em parceria da Ocepar, Sescoop/PR e FAG - Fundação Assis Gurgacz, de Cascavel/PR,

os autores trazem importante colaboração à resolução de problemas e circunstâncias técnicas

frequentemente encontrados em cooperativas. Manejo integrado de pragas de grãos armazena-

dos: Implantação e monitoramento de pragas na unidade armazenadora; Expurgo comparativo

em silo metálico e armazém graneleiro com uso da recirculação do gás fosfina; Eficiência da terra

diatomáceas no controle de pragas de grãos armazenados em diferentes sistemas de tratamento

da massa de grãos; Qualidade da força do glúten (w) e número de queda (fn) do trigo em função

da transilagem e tempo de armazenagem são os artigos produzidos e publicados nesta edição.

O

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4 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 01-110. 2017

Agradecemos à Profa. Dra. Maria Cristina Zborowski de Paula que, além de contribuir com a efe-

tivação e acompanhamento do Curso de Pós-graduação em Pós Colheita de Grãos e Segurança

Alimentar na FAG, Fundação Assis Gurgacz, à qual igualmente agradecemos em parceria com o

Sescoop/PR, envidou todos os esforços nos contatos entre a Organizadora desta Revista, com os

professores orientadores e com os autores.

Parabéns aos autores pela dedicação aos estudos, pelo empenho no desenvolvimento de suas

atuações enquanto profissionais, através da capacitação pós-graduada e pela disponibilização em

tratar seus artigos em consonância às regras estabelecidas por esta publicação. Parabéns aos diri-

gentes que incluem como projetos prioritários nos planejamentos estratégicos das cooperativas e

viabilizam através dos nossos esforços conjuntos, o 4º Princípio Internacional do Cooperativismo:

Educação, formação e informação dos cooperados, dirigentes e colaboradores das cooperativas.

José Roberto RickenPresidente do Sistema Ocepar

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SUMÁRIO

Agropecuário

1 CONTROLES INTERNOS E GESTÃO DE RISCOS CORPORATIVOS: INCIDÊNCIA DE FRAUDES EM UMA COOPERATIVA Ângela Keiko Uemura; Vitor Massato Izu ..........................................................06

2 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS: IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DE PRAGAS NA UNIDADE ARMAZENADORA Adalton Carvalho; Alexandre Dalastra Lopes; Claudinei Nunes Rezende; Luiz Alceu Vieira Carneiro; Valdemar Meirelles; Valdenir dos Santos Lara; Vanderlei Cendron; Irineu Lorini ........................................................................36

3 EFICIÊNCIA DA TERRA DIATOMÁCEAS NO CONTROLE DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS EM DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DA MASSA DE GRÃOS Ademir Brito; Leandro Crivelaro;Vilson Santos Cubinski; Cleso Luiz de Grandis; Irineu Lorini ...................................................................62

4 EXPURGO COMPARATIVO EM SILO METÁLICO E ARMAZÉM GRANELEIRO COM USO DA RECIRCULAÇÃO DO GÁS FOSFINA Israel Campos Bernardes; Osvaldo Gardin; Irineu Lorini ..................................80

5 QUALIDADE DA FORÇA DO GLÚTEN (W) E NÚMERO DE QUEDA (FN) DO TRIGO EM FUNÇÃO DA TRANSILAGEM E TEMPO DE ARMAZENAGEM Ivaldo Moura de Oliveira; Welington Flausino de Souza; Carolina Maria Gaspar de Oliveira ....................................................................92

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Palavras-chave: fraudes; riscos; controles internos; gestão de riscos corporativos; cooperativa.

CooperativaCastrolanda

OrientadorMárcia Regina Martelozo Cassitas Hino3

CursoPós-graduação em Gerenciamento de Projetos

ISAE – Sescoop/PR

ResumoUma grande premissa inerente é que tanto empresas quanto cooperativas en-

frentam eventos com alto grau de incerteza, sendo necessário que a administração tome medidas para evitar que estes impactem no atingimento dos objetivos que geramvaloraosnegócios.Dentreoseventosenfrentados,asfraudesdesafiamo ambiente de controle da administração, pois envolve atos premeditados, que transgridem até mesmo controles bem elaborados. Dessa forma, uma ferramenta de gestão de riscos corporativos (GRC) traz a premissa de análise e visão em carteira de todos os riscos relacionados aos objetivos da organização. Avalia de maneira criteriosa todas as medidas a serem tomadas pela administração em busca de respostasaosriscos,paratorná-loscondizentescomatolerânciaariscosdefinidacomo adequada para atuação da organização. Por meio de análise descritiva de bibliografiasedadossecundáriosdessaáreadeconhecimento,analisamososperfisdeempresasvítimasdefraudes,tomandocomopremissasquehánuancessimilares em aspectos de administração e controles; foram correlacionadas as funcionalidades de uma ferramenta de GRC com o cenário de negócios do coo-perativismo,buscandoconstatarcomoumacooperativatambémsebeneficiariacom o uso da ferramenta. Este trabalho visou a evidenciar como os controles in-ternosbaseadosnaGRCpodemmodificaroriscodeocorrênciadefraudes,sendopossível constatar que a GRC é um elemento essencial no momento de constituir esse controle interno preventivo e detectivo, pois avalia de maneira criteriosa os impactos de eventos sobre as operações de uma organização. Constata-se, assim, que os controles internos bem elaborados, com ênfase na avaliação de riscos de fraudes, podem auxiliar na diminuição de oportunidades de tentativas de fraudes, salvaguardando o patrimônio e os objetivos da cooperativa.

ÂNGELA KEIKO UEMURA1

VITOR MASSATO IZU2

Controles internos e gestão de riscos corporativos: incidência de fraudes em uma cooperativa

¹Contadora. Graduada pela UEL. Pós-graduada em Contabilidade e Controladoria pela UEL. Sicoob Central. Av. Mal. Floriano Peixoto, 1550 – Rebouças. 80230-110 Curitiba/PR. E-mail: [email protected]²Contador. Graduado pela UNOPAR. Administrador. Graduado pela UEL. Pós-graduado em Contabilidade e Controladoria pela UEL. Castrolanda Cooperativa Agroindustrial. Praça dos Imigrantes, 3 - Colônia Castrolanda, Castro/PR. 84196-200. E-mail: [email protected]³Doutoranda em Administração na FGV/Eaesp. Mestre em Administração pela PUC/PR. Professora e Coordenadora do Centro de Pesquisa do ISAE. E-mail: [email protected]

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Keywords: fraud; internal controls; enterprise risk management; cooperative.

AbstractA major inherent premise is that both companies and cooperatives face events

with a high degree of uncertainty, and it is necessary for management to take measures to prevent them from impacting on the goals that generate business value.Amongtheeventsfaced,frauddefiesthemanagementcontrolenvironment, since it involves premeditated acts, which transgress even well-designed controls. In this way, a Entreprise Risk Management tool (ERM) brings the premise of analysis and portfolio vision of all risks related to the organization’s objectives. It carefully evaluates all measures to be taken by management in order to seek answerstotherisks,andtomakethemconsistentwiththerisktolerancedefinedas adequate for the organization’s performance. By means of a descriptive analysis of bibliographies and secondary data of this area of knowledge, we analyzed the profilesofcompaniesthatwerevictimsoffraud,takingasassumptionsthatthereare similar nuances in aspects of administration and controls, were correlated the functionalities of a ERM tool with the scenario cooperativism, seeking to establish howacooperativewouldalsobenefitfromusingthetool.Thisworkaimedtoshowhow the internal controls based on the ERM can modify the risk of occurrence of fraud, and it is possible to verify that the ERM is an essential element in the moment of establishing this internal preventive and detective control, as it evaluates in a judicious way the impacts on the operations of an organization. It can be seen that well-designed internal controls, with an emphasis on fraud risk assessment, can help reduce opportunities for fraud attempts, safeguarding the assets and goals of the cooperative.

Internal controls and enterprise risk management: incidence of fraud in a cooperative

CooperativeCastrolanda

AdvisorMárcia Regina Martelozo Cassitas Hino

CoursePostgraduate Course in Project Management

ISAE – Sescoop/PR

ÂNGELA KEIKO UEMURA VITOR MASSATO IZU

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1. Introdução As cooperativas, apesar de suas peculiaridades no ato constitutivo, enfren-

tam em suas operações os mesmos problemas encontrados nas empresas emseucenáriodenegócios.Asdificuldadesdeatuaçãodasprimeirascomoadministração de operações, processos, riscos, planejamento estratégico e tomada de decisões no negócio são tão complexas quanto as segundas, res-pectivamente. Ou seja, mesmo o fato de possuírem suas atividades caracte-rizadas por atos cooperativos, o aspecto econômico demanda a necessidade de criar salvaguardas ao seu patrimônio.

De acordo com PWC (2007), todas as organizações estão sujeitas a in-certezasdeeventos,oquedesafiaaadministraçãoadeterminaroquantoaceitará a possibilidade de tais ocorrências, caso se materializem, mensurando também o quanto poderão impactar na busca pela geração de valor às partes interessadas do negócio. Esses eventos incertos possuem caráter de dupla face,podendorepresentarumaameaçaporumriscodeperda,oquedificul-ta a geração de valor, ou uma oportunidade, agregando valor ao negócio ou contrabalanceando os efeitos dos riscos.

Diversas variáveis compõem o cenário de uma organização, seja ela empre-sária ou cooperativa, como a constante necessidade de atender às pressões dos órgãos reguladores e de promover comportamentos éticos e boas práticas de governança corporativa. E, dentre essas diversas variáveis e eventos aos quais uma organização se expõe, pode-se ressaltar a notória presença das fraudes,quemuitasvezestrazemperdasconsideráveisaonegócio,tantofi-nanceirasquantonãofinanceiras,comoprejuízosàimagemdaorganização.Aessênciaomissadafraudedificultaamensuraçãodasreaisperdasfinanceiras,pois é certo que nem todas as fraudes são descobertas, havendo também as hipóteses de que, quando descobertas, nem sempre chegam ao conhecimento da governança corporativa e de que, quando são de conhecimento dela, nem sempre é colocada em prática ação civil ou penal contra o autor.

Dessa forma, o risco de fraude deve ser gerenciado por meio de um plano de gestão de riscos adequado, que se estenda, além de controles internos eficazes,aaçõesqueatinjamatodososníveisdaorganização.E,dentreasferramentas que auxiliam a administração no monitoramento de suas ativida-des, está a gestão de riscos corporativos (GRC). Inconscientemente, a GRC já vem sendo praticada, mesmo que de maneira mais centralizada, autocrática ou

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por deduções pessoais. Práticas cotidianas como a contratação de um seguro automotivoouinstrumentosfinanceirossãoexemplosdesituaçõesemqueodetentor do patrimônio deseja compartilhar ou transferir seus riscos potenciais, afimdeobterumriscoresidualaceitável,deacordocomsuapercepção.

O presente trabalho visa a estabelecer de que forma os controles internos baseadosemGRC,comoagentesmodificadoresderiscos,podemauxiliarnocombate a fraudes em uma cooperativa, baseando-se em dados de empresas vítimasdefraudes.Comoobjetivosespecíficos,serãoapresentadasdefiniçõesderiscosesuatipologia.Serãodefinidasafraudeesuascaracterísticas,comapresentaçãodedadosquepermitamvisualizaroperfildasfraudescorporati-vas levantadas a partir de dados secundários de empresas vítimas de fraudes ocupacionais de empresas de várias regiões do globo, assim como os contro-les antifraude mais utilizados no momento em que as fraudes ocorreram. Na sequência,serãoapresentadasadefiniçãodecontrolesinternoseaspremissasdeatuaçãodaferramentadeGRCecomoestamodificaoscontrolesinternosdeuma organização. Apresentaremos também as nuances que podem evidenciar a semelhança entre a administração de empresas e cooperativas em aspecto decontroles.Eporfim,serádiscutidocomoaferramentadoGRCpoderiaaprimorar os controles internos no âmbito corporativo de uma cooperativa. Contudo, o estudo se utiliza de dados secundários de empresas apresentando projeções de aplicabilidade ao cenário de cooperativas.

2.Referencial teórico2.1 RiscosDe acordo com a PWC (2007, p. 16), “o risco é representado pela possibi-

lidade de que um evento ocorrerá e afetará negativamente a realização dos objetivos”.

E, segundo Tattam (2013, p.16), “a norma ISO 31000 de 2009, Risk Management – Principles and Guidelines,define riscosimplesmentecomosendo: o efeito que decorre da incerteza dos objetivos”.

OautoraindacontradizadefiniçãoderiscosdoComitêdaBasileia,regula-dor bancário mundial, Basileia II, “o risco de perda devido a falhas, processos, pessoas, sistemas ou eventos externos inadequados” (TATTAM, 2013, p. 21). Isso porque considera muito restrita a conceituação de risco atrelada apenas a

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perdas, pois, dessa forma, não denota menção a uma potencial oportunidade, o que também é válido e acarreta consequências positivas para a organização.

Os eventos são advindos de fatores tanto internos quanto externos à organização e podem afetar de maneira relevante ou não a realização de seus objetivos estratégicos, por meio de impactos negativos ou até positivos. Basicamente, tais eventos possuem atributos omissos ligados à incerteza de se ocorrerão, quando ocorrerão e qual o impacto caso se realizem.

Tattam (2013, p. 16 - 18) expõe cinco aspectos em relação ao risco: eventos potenciais no futuro, em que a premissa é de que haja uma potencial chance de um ou mais eventos ocorrerem no futuro, e não eventos passados, mesmo que estes contribuam para melhor compreensão e pressentimento em relação ao futuro; a incerteza, margem de dúvida sobre a probabilidade de ocorrência de um evento em um prazo futuro durante o qual o risco será considerado; o impacto, em que só são considerados riscos, eventos que acarretem potencial impactopositivo(oportunidade)ounegativo(ameaça),financeiroounãofinan-ceiro, na organização ou indivíduo; exposição, se um evento potencialmente trazconsequênciasàorganização,estaestaráexpostaaorisco;eporfim,aintangibilidade por não ser expressamente visível.

Quanto às tipologias dos riscos, a PWC, com base no Coso Enterprise Risk ManagementFramework(ERM),definequeoriscoinerenteéo“riscoqueseapresenta a uma organização na ausência de qualquer medida gerencial que poderia alterar a probabilidade ou o impacto de um risco” PWC (2007, p. 132) e que o risco residual é “o risco que resta após a administração ter adotado me-didas para alterar a probabilidade ou impacto dos riscos” PWC (2007, p. 133).

2.2 FraudesMuitas vezes, erros e fraudes são confundidos, sendo necessário haver

umadistinçãoentreessesfatores.OCFC,naNBCT11,define“fraude”como“o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis” (1997, p. 04). E também defineotermo“erro”como“oatonãointencionalresultantedeomissão,desa-tenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstra-ções contábeis” (1997, p. 04). Mensurar as perdas ocasionadas de fraudes é uma questão muito complexa, pois, como é de senso comum, não é possível estimar quantas fraudes ainda não foram descobertas. Além do fato de que,

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muitas vezes, a própria entidade se priva de relatar fraudes ocorridas e de que nem sempre ocorre uma ação civil ou penal contra a autoria do abuso. Basicamente, uma fraude é uma questão de mensuração que não se limita apenas a cifras monetárias. Sua presença transcende e estremece valores éticosdeconfiançadentrodaentidade.

A complexidade de se blindar a delitos pode ser resumida pelo fato de que as fraudes são consequências de oportunidades e outras variáveis incontro-láveis,comolacunasdefiscalizações,omissõesefacilidadesdeapropriação,surgindo tanto em meio a empregados e administradores quanto a externos à organização, ocasionando prejuízos diversos.

Segundo o Triângulo da Fraude, modelo desenvolvido por Donald R. Cressey que trata dos fatores para ocorrência de fraudes, estas advêm da existência da racionalização, distinção entre certo ou errado do indivíduo; da pressão ou necessidade, a situação que o ambiente provê ao fraudador; e da oportunidade, a percepção de momento propício para a execução da fraude por parte do praticante do delito (CRESSEY, 1953, p. 30). Nos dias atuais, esse modelo ainda pode ser proposto, pois atos em busca de prestígio, cargos elevadoseestabilidadefinanceiraaindaestãopresentesnocotidianocorpo-rativo e, muitas vezes, não seguem condutas éticas.

Attie(1998,p.127)classificaasmúltiplasmodalidadesdefraudes:asnãoencobertas, em que o autor não considera a necessidade de escondê-las, pois o controle interno não prevê ameaças; as encobertas temporariamente, efetuadas de maneira que os registros contábeis não são afetados; e as en-cobertas permanentemente, nas quais os autores transgressores alteram os registros e arquivos pertinentes, ocultando a irregularidade.

A Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), maior organização anti-fraudes do mundo e que visa a reduzir o índice delas pelo globo por meio de pes-quisas e treinamentos, examinou 2.410 casos de fraude ocorridos em mais de 114 países em 2016, em âmbito corporativo. A pesquisa mostra que as fraudes são práticas comuns e, segundo a ACFE, as chamadas fraudes ocupacionais, que ocorrem no meio corporativo, podem ser segmentadas em três categorias principais:aapropriaçãoindébita,financeiraounãofinanceira,porusoindevidoou roubo de ativos da corporação; a corrupção, o tipo mais recorrente de fraude, muitas vezes atrelado ao alto nível do escalão gerencial, por meio de situações envolvendoconflitosdeinteresseemsuagestão;easfraudesnasdemons-

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traçõesfinanceiras,queapresentamummenoríndicedeocorrência,quandoosautoresadulteramosdadosfinanceiros,pormeiodeatoscomoreceitasnão realizáveis, superavaliação dos ativos da empresa, etc. (ACFE, 2016).

Portanto, as fraudes que apresentam um grande portfólio de maneiras de transgressões, por colaboradores de condutas impróprias intencionais que muitas vezes possuemexpertises suficientes para exercer o ato, causamgrande impacto caso ocorram, por isso demandam a necessidade de atuação preventiva e concisa, principalmente pelo fato de que são objetos omissos de altograudedificuldadedeidentificação.

A pesquisa global da ACFE (2016, p.4), realizada com vítimas de fraudes corporativas em diversos países, demonstra que os valores de perdas médias desse segmento são de US$ 150.000 por caso de fraude, sendo a média global de perdas com fraudes nas empresas de 5% de suas receitas anualmente.

Contudo, o processo de recuperar os prejuízos resultantes de uma fraude pode durar anos até que o exame da fraude seja concluído. A pesquisa da ACFE (2016, p.77) fornece o percentual da perda que as organizações vítimas recuperaram no momento do inquérito. “Não recuperação” foi a resposta mais comum em pesquisas anteriores realizadas e, no ano de 2016, foi possível perceber uma pequena diminuição desse número. Em 58,1% dos casos notificadosem2016,asorganizaçõesvítimasnão tiveramnenhumaperdarecuperada, em comparação com 58,4% em pesquisa anterior realizada em 2014. Sendo que em 2016, 12% das organizações vítima tinha obtido uma recuperação completa diante de 13,6% em 2014.

Ainda segundo a pesquisa AFCE (2016, p.78), apenas 64,1% dos casos foram levados para serem tratados como processos criminais em 2016. São diversos os motivos para as organizações não levarem à justiça as fraudes ocupacionais ocorridas, conforme AFCE (2016, p.76), as mais comuns são o medo de prejudicar a imagem da empresa publicamente, com 39,0% das respostas;asmedidasdisciplinaresinternasforamconsideradassuficientes,com 35,5% e acordos particulares com os autores da fraude, com 23,3%;e demais casos onde foi-se considerado que os custos processuais eram muito caros para prosseguir com a causa.

Do percentual de casos em que foi movida ação civil contra o autor da fraude, apenas 23,1% foram levados para julgamento para responsabilização civil (ACFE, 2016, p.76).

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Conforme pesquisa da AFCE (2016, p.66) apenas 5,2% dos fraudadores possuíam condenações de fraude anteriores. E a grande maioria, 88% não possuíam acusações nem condenações de fraude.

Figura 1- Histórico penal do criminoso

Outros

Fonte: ACFE (2016, p. 66, tradução dos Autores).

Acusado mas não condenado

Teve condenações anteriores

Histórico penal do criminoso

5%6%2%

87% Nunca acusado ou condenado

2.3 Controles internosCrepaldi (2008) define o conceito de controle interno como sendo um

sistema pertencente a uma entidade que agrega seu plano de organização, seus deveres e responsabilidades, assim como todos os métodos e medidas afimdesalvaguardarosativos,verificarqualaexatidãoefidedignidadedosdadosedosrelatórios,desenvolveraeficiêncianasoperaçõesdaempresaecomunicar e estimular o cumprimento das políticas, normas e procedimentos administrativos adotados.

Dias(2010,p.30)afirmaque“as funçõesprincipaisdocontrole internoestão relacionadas ao cumprimento dos objetivos da entidade”.

Segundo a NBC TA 315, o controle interno é um processo assistido pelos responsáveis pela governança e todos os níveis da organização, buscando asseguraroalcancedosobjetivosorganizacionaisnoquetangeàfidedignidadedosrelatóriosfinanceiros,àefetividadedasoperaçõeseaoatendimentodeconformidade das leis (CFC, 2014).

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14 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 6-35. 2017

Quandoaentidadegarantemaioreficiênciaaoscontrolesinternosimplanta-dos, eleva a segurança contra erros e fraudes, resguardando o seu patrimônio e assegurando seus interesses e metas. Os controles internos são elementos que possuem atribuições e características diretamente proporcionais ao tama-nho e à complexidade da operação de uma empresa, por isso, ressalta-se a premissa de que os benefícios agregados devem superar os custos acarretados para a implementação dos controles internos pretendidos.

ApesquisadaACFEindagouosentrevistadosafimdeavaliarsuaper-cepção com relação a quanto às fragilidades dos controles internos primários contribuíram para a ocorrência das fraudes. Apesar da percepção inicial da importância dos controles internos, percebeu-se que, na maioria dos casos, os controles estavam voltados para riscos comerciais e que a minoria possuía funções antifraude. Foi obtida uma base histórica das falhas de controles que possibilitaram a ocorrência da fraude, a AFCE (2016, p. 46) fez um levanta-mento sob a ótica das empresas vítimas que puderam ter contribuído para a ocorrência. A maior parte deles, 29% citaram a ausência de controles internos. E 20% deles, disseram que apesar do controle interno existir, foram burlados pelo fraudador.

Figura2–FraquezadocontroleinternoprimárioobservadopeloCertifiedFraudExaminer

Fonte: ACFE (2016, p. 46, tradução dos Autores).

Fraqueza do controle interno primário observado pelo CFEAusência de pessoal

competente na supervisão:6%

Tom da administração pobre:

10%

Ausência de revisão da gerência:

19%

Burlaram controles existentes:

20%

Ausência de controles internos:

29%

Ausência de mecanismo

de reporte:1%

Ausência de linhas claras de autoridades:

2%

Ausência de educação sobre fraude ao funcionário:

5%

Ausênciadeverificaçõese auditorias independentes:

4%Outros:

6%

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15PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 6-35. 2017

Ainda na pesquisa, AFCE (2016, p.44), cada controle foi associado com reduções, tanto no custo quanto na duração da fraude. Dos controles anali-sados,aavaliaçãoderiscossemostroueficazemlimitaraduraçãoeocustodos esquemas de fraude. As empresas que realizaram avaliações formais de riscos relacionam que a ferramenta contribuiu para que houvesse 50,0% de redução no tempo de detecção da fraude. E 46,5% de redução de perdas.

Fonte: ACFE (2016, p. 44, tradução dos Autores).

Tabela 1 – Caracterização das amostras coletadas no tempo inicial

Controle Percentual Controle Controle não Percentual

de casos implementado implementado de redução

Auditorias surpresas 37,8% 12 meses 24 meses 50,0%

Monitoramento/análise de dados proativa 36,7% 12 meses 24 meses 50,0%

Departamento, função ou time

de detecção de fraudes 41,2% 12 meses 24 meses 50,0%

Políticas antifraudes 49,6% 12 meses 21 meses 42,9%

Treinamento sobre fraudes

para colaboradores 51,6% 12 meses 20 meses 40,0%

Canal de denúncias 60,1% 12 meses 24 meses 50,0%

Avaliações formais de riscos de fraude 39,3% 12 meses 24 meses 50,0%

Revisão da gerência 64,7% 12 meses 24 meses 50,0%

Comitê independente de auditoria 62,5% 12 meses 24 meses 50,0%

Departamento de auditoria interna 73,7% 12 meses 24 meses 50,0%

Rotação de trabalho/férias mandatórias 19,4% 10 meses 18 meses 44,4%

Treinamento sobre fraudes

para gestores/executivos 51,3% 12 meses 20 meses 40,0%

Auditoria externa de controles

internossobredemonstraçõesfinanceiras 67,6% 12meses 24meses 50,0%

Certificaçãodegerenciamento

dedemonstraçõesfinanceiras 71,9% 12meses 24meses 50,0%

Recompensa a denunciantes 12,1% 11 meses 18 meses 38,9%

Código de conduta 81,1% 13 meses 24 meses 45,8%

Auditoria externa para

demonstraçõesfinanceiras 81,7% 15meses 24meses 37,5%

Programas de suporte a colaboradores 56,1% 12 meses 18 meses 3,3%

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Fonte: ACFE (2016, p. 44, tradução dos Autores).

Tabela 2 – Média de perdas baseada na presença de controles antifraudes (em US$)

Controle Percentual Controle Controle não Percentual

de casos implementado implementado de redução

Monitoramento/análise de dados 36,7% $92.000,00 $200.000,00 54,0%

Programas de suporte a colaboradores 56,1% $100.000,00 $183.000,00 45,4%

Revisão da gerência 64,7% $ 100.000,00 $200.000,00 50,0%

Código de conduta 81,1% $ 120.000,00 $200.000,00 40,0%

Departamento de auditoria interna 73,7% $ 123.000,00 $215.000,00 42,8%

Avaliações formais de riscos de fraude 39,3% $100.000,00 $187.000,00 46,5%

Auditorias surpresas 37,8% $100.000,00 $195.000,00 48,7%

Auditoria externa de controles internos

sobredemonstraçõesfinanceiras 67,6% $105.000,00 $200.000,00 47,5%

Treinamento sobre fraudes para

gestores/executivos 51,3% $ 100.000,00 $190.000,00 47,4%

Canal de denúncias 60,1% $ 100.000,00 $200.000,00 50,0%

Departamento, função ou time

de detecção de fraudes 41,2% $ 100.000,00 $192.000,00 47,9%

Treinamento sobre fraudes

para colaboradores 51,6% $ 100.000,00 $188.000,00 46,8%

Políticas antifraudes 49,6% $ 100.000,00 $175.000,00 42,9%

Certificaçãodegerenciamento

dedemonstraçõesfinanceiras 71,9% $104.000,00 $205.000,00 49,3%

Rotação de trabalho/férias mandatórias 19,4% $ 89.000,00 $170.000,00 47,6%

Auditoria externa para

demonstraçõesfinanceiras 81,7% $150.000,00 $175.000,00 14,3%

Recompensa a denunciantes 12,1% $ 100.000,00 $163.000,00 38,7%

Comitê independente de auditoria 62,5% $ 114.000,00 $180.000,00 36,7%

Almeida (2010) ressalta que a administração da entidade é o agente res-ponsável pelo estabelecimento do sistema de controles internos, monitorando seestãosendoseguidospeloscolaboradores,epelassuasmodificações,nosentido de adaptá-los às novas circunstâncias.

Éimportanteressaltarque,comoafirmaAttie(1998,p.126),“bonscontrolesinternos previnem contra fraude e minimizam os riscos de erros e irregularida-des, porque, por si só, não bastam para evitá-los”. Ou seja, há ênfase no que

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tangeaoatodeminimizar,enãoevitar,contudo,controlesinternoseficientespodem garantir menores brechas contra as fraudes intencionais, permitindo sua detecção, porém o risco de erros ocorrerem ainda é de possibilidade moderada. Os controles internos possuem limitações, que são determinadas pela sua natureza.

Dias (2010, p.105) expõe que a metodologia Coso de controles internos delimita quatro componentes importantes para análise: o ambiente de controle, que são os valores e as premissas da administração e competência dos em-pregados;aavaliaçãoderiscos,identificandoeavaliandoosriscosrelevantes,que podem restringir o atingimento de objetivos do negócio; as atividades de controle,medidaseprocedimentosquecontrolarãoosriscosidentificados;eainformaçãoeacomunicação,fluxodeinformaçõesnosmaisdiversosníveisda organização.

Os controles podem ser automatizados (baseados na tecnologia de infor-mação) ou manuais (efetuados manualmente por pessoas).

Controles automatizados, segundo a NBC TA 315, item A63, trazem bene-fíciosevidentesàentidade:auxiliamnaaplicaçãodasregraspré-definidasdonegócio, executando cálculos mais complexos no processamento de grande volumededados;auxiliamnaanálisedeinformações;trazemeficiêncianacapacidade de monitoramento de desempenho de atividades da entidade, em seus processos e políticas internas; reduzem o risco de transgressões aos controles; potencializam a capacidade de segregação de funções mediante aplicativos, base de dados e sistemas operacionais (CFC, 2014).

Porém, a automatização também pode trazer riscos para os controles in-ternos.SegundoaNBCTA315,itemA64,podemserexemplificadosfatoresocasionados:pelaconfiançainadequadasobresistemaseprogramasquenãoestão operando de maneira precisa; por acessos não autorizados, possibilitan-do adulterações, inclusões e registros incorretos; por acesso privilegiado de funcionários de TI, sem a devida alçada, possibilitando a não segregação de funções;porpossibilidadedemodificaçõesnãoautorizadasaarquivos-mestres;por intervenções manuais impróprias; por perda de dados ou restrições de acessos a dados como o exigido (CFC, 2014).

Outra natureza são os controles manuais, indicados em situações em que haja a necessidade de julgamento e arbítrio no processo executado, como exemplificaaNBCTA315,itemA65:transaçõesquesejamdenaturezanão

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usual, com grande volume; circunstâncias em que não seja possível se ante-cipar a erros; quando é necessário monitorar controles automatizados (CFC, 2014). Utilizar os componentes manuais evidentemente traz maiores riscos à entidade, pois estes possibilitam que os controles sejam transgredidos e são propensos a erros e falhas humanas. Por exemplo, pelo fato de que os seres humanos estão passíveis de cometerem erros de julgamento. Independen-temente de quão efetivo seja o controle, muitas vezes o indivíduo pode não compreender o propósito, a natureza e a extensão de um controle, deixando de tomar a decisão adequada.

Os elementos manuais podem ser menos indicados nas seguintes circuns-tâncias, de acordo com a NBC TA 315, item A66: transações recorrentes de grande volume, em que é possível satisfatória previsão para evitar, detectar e corrigir erros por meio de parâmetros automáticos; atividades que possibilitem projeção e automatização do controle a ser executado (CFC, 2014). Há também situações em que controles manuais possuem elementos automáticos, por exemplo controles que utilizam relatórios do sistema ou que têm a atribuição de monitorar o correto funcionamento de um sistema de TI.

Attie (1998) ainda elenca meios que podem aumentar as perspectivas de salvaguarda dos interesses de uma organização: segregar funções, estabe-lecendo a devida independência de atuação dos processos operacionais, responsabilidade de custódia e correto registro, com a premissa de que atribuir responsabilidades de um processo a apenas uma pessoa incrementa risco relevante, e que este pode ser respondido pela execução de pessoas e setores independentes entre si; implementar sistema de autorizações e aprovações, para garantir salvaguarda por meio de metodologias de aprova-ções, devidamente estruturado respeitando critérios de responsabilidade e riscos envolvidos na operação, com a premissa de que o executor não seja o aprovador; determinar funções e responsabilidades, de maneira lógica e criteriosa ao cargo de cada um, mediante organograma conciso, demonstran-do responsabilidades e respectiva hierarquia corporativa; efetuar rotação de funcionários, pois, mantendo-se o rodízio de colaboradores de cada trabalho, reduz-se a oportunidade de fraudes, além de aumentar o fomento de novas ideiasaoprocesso;possuircartafiança,responsabilizandooscolaboradoressob a custódia de ativos ou montantes monetários, dissuadindo psicologica-mente os responsáveis pela manipulação destes; manter contas de controle,

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criando medida permanente de conciliação de exatidão dos saldos contábeis de maneira detalhada, aplicando procedimentos comprobatórios sobre os sal-dos das contas controladas por outras pessoas; manter seguro, monitorando a manutençãodeapóliceseverificandoaadequaçãodosvaloresacobertadoseriscos aos quais o patrimônio corporativo está exposto; monitorar a legislação e de maneira permanente atualizar o ambiente regulatório vigente para reduzir os riscos de infrações e sansões administrativas para a organização; diminuir erros, disseminando as normas internas, de maneira que erros de processos sejam detectados; fazer contagens físicas independentes, mantendo o inven-tário permanente sobre os ativos relevantes, realizado preferencialmente por pessoa de fora do processo; manter alçadas progressivas, planejando esca-lonamentosdealçadas,delegandoeconfigurandoaosníveismaisaltosdagovernança as principais decisões e atribuições, considerando riscos, valores e independência nos processos.

3. Gestão de riscos corporativos (GRC)Com a presunção da presença dos riscos (eventos incertos) dentro do

cenário de negócios, e como medida auxiliar na tomada de decisões, tem-se a ferramenta de GRC, possibilitando às organizações buscarem ações mais eficazescontrataisincertezas.

PadovezeeBertolucci(2013,p.179)definemque“ofocodagestãoderisco é manter um processo sustentável de criação de valor para os acionistas, uma vez que qualquer negócio sempre está exposto a um conjunto de riscos”.

Segundo a PWC (2007, p. 3), “o gerenciamento de riscos corporativos possibilitaaosadministradorestratarcomeficáciaasincertezas,bemcomoosriscoseasoportunidadesaelasassociadas,afimdemelhoraracapacidadede gerar valor”. Basicamente, quando a organização alcança o equilíbrio ideal (ou próximo ao ideal), entre seus objetivos estratégicos e respectivos riscos atrelados,terámaiorpossibilidadedeexaurirdemaneiraeficazaconfiguraçãode recursos e esforços. Além de alcançar outros benefícios, como evitar a perda desses recursos e danos à imagem da organização, contribuindo para umacomunicaçãomais eficaze, também,possibilitandomaior adesãoaocumprimento de leis e regulamentos.

NoquetangeàGRC,aPWC(2007)apresentacomofinalidadesprincipais

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de aplicabilidade: alinhamento do apetite a risco, retratado pela tolerância que a organização irá aceitar para alcance dos seus objetivos e de sua estratégia global, compatibilizando seu apetite a risco com os objetivos e ferramentas para mitigar os riscos auferidos; consolidação da visão e tomada de decisões, considerando critérios para selecionar a alternativa de resposta aos riscos (evi-tar, reduzir, compartilhar e aceitar os riscos); redução de perdas operacionais, pelanaturezadoscomponentesparaidentificarriscosetratá-los;aplicaçãode respostas integradas a riscos inter-relacionados que envolvem categorias que impactam diversas áreas; aproveitamento das oportunidades trazidas pela posturaativanaidentificaçãodeeventos;alocaçãomaiseficazderecursospela administração.

A GRC deve ser conduzida por todos os colaboradores, de todos os níveis de operação da organização, que devem correlacionar os eventos relevantes às estratégias traçadas, administrando-os de acordo com o apetite a riscos pré-determinados para criar maiores possibilidades de alcance destas.

Segundo Padoveze e Bertolucci (2013) o risco representa uma gama de possibilidades de resultados, sendo positivos ou negativos. Assim, a GRC visa à redução da margem de variância entre os resultados premeditados e os realizados.

APWC(2007),medianteestruturadoCoso,apresentaquatroclassifica-ções de objetivos em nível estratégico: objetivos estratégicos, representado elementos que buscam alcances alinhadas à missão do negócio; objetivos operacionais,quebuscameficiênciaquantoàconfiguraçãoealocaçãoderecur-sosnasoperações;objetivosdecomunicação,representandoaconfiabilidadedosrelatórios,divulgadosounãoaopúblicoexterno,denaturezafinanceira,nãofinanceiraedecarátergerencial,agregandoinclusiveanecessidadedearquivamento e relatórios de outros stakeholders; e objetivos de conformidade, pertinentes ao cumprimento de normas e legislações vigentes. Essa segmen-tação não restringe a inter-relação entre elas, pois um mesmo objetivo pode servinculadoamaisdeumaclassificação,deacordocomanecessidadedaorganização.Ouseja,aGRCauxilianadefiniçãodosobjetivosestratégicos,diversificandoasatividadesparaosquatroafimdeatingi-los.

Ainda em relação ao modelo apresentado pela PWC (2007), existem oito componentes da GRC que devem compor a gestão de riscos: o ambiente de controle,querefleteoposicionamentodaorganizaçãoquantoàexpectativa

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delacomoscolaboradoresnaidentificaçãoecondutaparatratarosriscos,onível de disseminação do apetite a riscos, as premissas de valor e ética que devemser priorizadas; a fixaçãodeobjetivos, pois estesdeterminarãooseventos que podem impactar seu alcance, também delineados pela estratégia, missãoeapetiteariscosdaorganização;aidentificaçãodeeventosinternoseexternosqueirãoinfluenciarnoalcancedessesobjetivos,definindosere-presentam riscos ou oportunidades; a avaliação de riscos, mensurando qual a probabilidadedesuaocorrênciaeosrespectivosimpactosedefinindoonívelde tratamento e monitoramento pertinente, considerando as condições de risco inerente (risco implícito sem medidas aplicadas) e residual (após a aplicação datratativa);arespostaaorisco,definindoamaisapropriadaasertomadaquanto ao evento, evitando-o, aceitando-o, reduzindo-o ou compartilhando-o de acordo com o apetite a riscos da organização; as atividades de controle, garantindo a execução plena dos procedimentos estabelecidos para as res-postas dos respectivos riscos; as informações e comunicações, buscando efetivodiálogo,demaneiratempestiva,paraofluxodetodasasinformaçõesrelevantes ao gerenciamento de riscos; o monitoramento, garantindo que haja efetivo e constante acompanhamento no processo de gestão, avaliando e tomando as ações corretivas necessárias.

O Coso, segundo a PWC (2007), ainda expõe que a iniciativa da GRC é top-down, devendo ser demandada pelo presidente executivo e, com o de-vido apoio dos demais diretores, disseminada para a organização, cabendo ao Conselho de Administração e aos demais colaboradores monitorarem o status, garantindo que as premissas e protocolos estabelecidos conforme responsabilidades e tolerância a riscos sejam cumpridos como o esperado.

É importante ressaltar que a GRC, assim como os controles internos, possui limitações. A PWC (2007, p. 8) expõe que “as limitações originam-se do fato de que o julgamento humano, no processo decisório, pode ser falho, as decisões de respostas a risco e o estabelecimento dos controles necessitam levar em conta os custos e benefícios relativos”. Atitudes como erros de julgamento, controles anulados por atos intencionais e comportamentos reativos da admi-nistração quanto às decisões da GRC podem prejudicar o pleno alcance dos desejos da organização.

A PWC (2007, p. 54) cita que “a incerteza de eventos em potencial é avaliada a partir de duas perspectivas – probabilidade e impacto. A proba-

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bilidade representa a possibilidade de que um evento ocorrerá, enquanto o impactorepresentaseuefeito”.Éindicadoqueaorganizaçãoidentifique,emum primeiro momento, todos os potenciais eventos aos quais estará sujeita, independentemente de sua probabilidade e impacto, garantindo, assim, que nenhum passe despercebido.

Em relação às respostas aos riscos, a PWC (2007) indica que o Coso ain-da apresenta quatro categorias de respostas: evitar o risco, descontinuando sua atuação em atividades que geram riscos; reduzir os riscos, por meio de respostas que diminuem a probabilidade e os impactos dos riscos sobre os objetivos da organização; compartilhar os riscos, reduzindo a probabilidade e os impactos dos riscos ao compartilhar ou transferir parte deles; aceitar os riscos,nãoaplicandomedidasqueinfluenciemnaprobabilidadeenosimpactosdos riscos, pois representam um risco inerente dentro dos níveis aceitáveis. Todas essas medidas visam ao atingimento de um risco residual condizente comastolerânciasfixadaspelaorganização.

Nessa mesma linha lógica, Tattam (2013) considera que o tratamento do riscodeverásemostrarcomoumagentemodificadordaprobabilidadeoudosimpactosdeumdeterminadorisco;nãoseintroduzindoefeitosinfluenciado-res, deverá permitir alterações no nível atual de riscos formalmente aceitos, mantendo, reduzindo ou aumentando o risco já existente.

Definidas as respostas, as atividades de controle são requeridas paragarantir que todas elas sejam efetivamente executadas, em ambas as es-truturas, controles internos e GRC. Entende-se que a GRC enriquece esses controles, pois fomenta a iniciativa de comunicação e dados, uma vez que existe a premissa de que haverá a análise de desempenho com base em dados passados, presentes e futuros, dando mais consistência ao monitoramento do desempenho realizado, se as variações estão dentro do apetite ao risco definido.Defende-seaadoçãodequeumcanaldecomunicação (hotline) traz benefícios válidos à GRC, quando aplicada de maneira complementar à estrutura de controles (PWC, 2007).

Para Gil, Arima e Nakamura (2013), o controle interno baseado na GRC permiteaidentificaçãodeeventuaisfalhas,intencionaisounão,advindasdeumprocessomalestruturadooudeorganizaçãoouestratégiasconflitantesaos interesses da empresa, como uma fraude, permitindo a minimização de incidentesquetransgridamaeficáciadoscontroles.

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SegundoaPWC(2007),oCosodefinequeasatividadesdecontrolesãoas políticas internas que orientam as atividades em nível individual na gestão de riscos, assegurando que todas as ações de resposta aos riscos estão sendo executadas. Essas atividades são atreladas às respectivas naturezas de objetivos estratégicos traçados, segmentadas nos riscos de estratégia, operação, comunicação e conformidade. Ressalta-se que é válida a análise da inter-relação entre as atividades de controles, pois existe a hipótese de um único controle ser capaz de dar respostas efetivas para vários riscos, assim como, em contraposição, um risco pode demandar a necessidade de diversos controles. Existem, ainda, aquelas situações em que, coincidentemente, os controlesjáimplementadossãocapazesdeassegurarrespostaseficazesariscos.

Gil, Arima e Nakamura(2013) ressaltam que a GRC, por prover uma corre-lação entre objetivos almejados em contrapartida aos riscos acarretados em maior ou menor ênfase em seu ambiente de negócios, permite ao tomador dedecisõesaverificaçãodosníveisdeeficiênciadesejadosedoscustosdos controles. Existindo situações em que o custo para manter o controle e salvaguarda de um controle se tornem maior que a perda potencial com sua ausência, é indicado abdicar de tais procedimentos, aceitando ou assumindo o respectivo risco.

Ainda sobre o tratamento dos riscos, os autores indicam exemplos como: a aceitação do nível atual do risco, em que se conhece o risco e se assume a responsabilidade de não tomar nenhuma ação, expressando-se a preocupação de distinguir a ação da atitude de não fazer nada, pois nesse exemplo ocorre a decisão fundamentada nas informações sobre o risco; a redução do risco, modificandocontrolescapazesdediminuiraprobabilidadeouos impactosdasocorrências;oaumentodoriscoatual,emqueaçõessãotomadasafimde buscar uma oportunidade, resultando em maiores riscos acarretados de subprodutos de outras mudanças.

SegundoaPWC(2007,p.70),oCosodefineque“existeumavariedadede descrições distintas quanto aos tipos de atividades de controle, inclusive as preventivas, as detectivas, as manuais, as computadorizadas e as de con-troles administrativos”.

Os controles preventivos, segundo Tattam (2013, p. 30) “são controles que procuram prevenir que um risco ocorra”. Estes são adequados para a

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diminuição da probabilidade de ocorrência. Ainda segundo Tattam (2013, p. 30), os controles detectores são “controles que buscam a ocorrência da causa de um risco, ou de um evento de risco, tendo em vista agir corretivamente antes que o impacto do evento ocorra”, são capazes de reduzir os impactos dosriscos,casosematerializem.E,porfim,Tattam(2013,p.30)defineoscontroles reativos ou de remediação como “controles destinados a mitigar o tamanho do impacto”. Nesse contexto, o impacto já está em trâmite e o intuito é minimizá-lo ao máximo.

Oautordefineaindaqueoriscopossuiumciclodevida,categorizando-oem três tipos: o risco remoto (futuro), riscos potenciais, mas que não ocorreram até o momento; risco corrente (presente), em que o risco já ocorreu, mas os impactos ainda não foram efetivados; e risco já materializado (incidente de risco), no qual o risco ocorreu e os impactos foram efetivados (TATTAM, 2013).

Tabela 3 – Tipos de controle

Fonte: Tattam (2013, p. 30).

O controle reduz:

CONTROLES PROBABILIDADES CONSEQUÊNCIAS

CAUSAS

EVENTOS

EFEITOS

PREVENTIVO

CAPAZ DE DETECTAR

REATIVO

O Instituto de Auditores Internos (IIA) apresentou, em 2013, um modelo simples que esclarece as atribuições essenciais e as responsabilidades de gerenciamento de riscos, o Modelo de Três Linhas de Defesa. Este apresenta o próprio controle da gerência como linha de defesa de gerenciamento de riscos (funções que gerenciam e têm propriedade sobre tais riscos). Posteriormente, o monitoramento das conformidades do desenho e a efetividade desses con-troles (funções que supervisionam riscos) são a segunda linha de defesa. E a

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Figura 1 –Três linhas de defesa

Órgão de Governança/Conselho/Comitê de Auditoria

Alta administração

1ª LINHA DE DEFESA

2ª LINHA DE DEFESA

3ª LINHA DE DEFESA Auditoria externa

Regulador

Auditoria interna

Controles da gerência

Medidas de controle interna

ControlefinanceiroSegurança

Gerenciamento de riscosQualidadeInspeção

Conformidade

Fonte: IIA Brasil (2013, p. 2).

avaliação independente efetuada pela auditoria interna (funções que fornecem avaliações independentes) é a terceira linha de defesa.

Como primeira linha de defesa, a gerência tem a atribuição de implementar açõescorretivasquandoidentificadasdeficiênciasnosprocessosecontroles.Elaidentifica,avalia,controlaemitigaosriscos,guiandoodesenvolvimentoe a implementação de políticas e procedimentos internos, garantindo que sua área se norteia pelos objetivos traçados.

Nesse contexto, a segunda linha de defesa se torna necessária para monitoramento das conformidades dos controles da primeira linha, ou seja, estas possuem por natureza a função de gestão sem que haja independência. Assim,hámaiorpossibilidadedesedefinirametadeexposiçãoaosriscos,possibilitando também o reporte de informações quanto aos riscos do setor para toda a organização.

Jáaauditoriainternaavaliaráaeficiênciadagovernança,dogerenciamentode riscos e dos controles internos, inclusive a forma como a primeira e a se-gunda linha buscam seus objetivos de gerenciamento de riscos.

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Tabela 4 – Três linhas de defesa IIA

Fonte: IIA Brasil (2013, p. 6).

1.ª LINHA DE DEFESA 2.ª LINHA DE DEFESA 3.ª LINHA DE DEFESA

PROPRIETÁRIOS/ CONTROLE DE RISCOS E AVALIAÇÃO DE GESTORES DE RISCOS CONFORMIDADES RISCOS

• Gerência operacional • Independência limitada• Reporta-se primariamente à gerência

• Auditoria interna• Maior independência• Reporta-se ao órgão de governança

É importante ressaltar as peculiaridades de uma estrutura de controles inter-nosconvencionais(voltadaapenasafinsoperacionais)edeumaestruturadecontroles de gerenciamento de riscos corporativos, uma vez que os controles internos também representam fator essencial na segunda estrutura. A GRC possui um caráter mais abrangente que uma estrutura de controles internos operacionais, pois incrementa maiores detalhes ao controle operacional, uma vez que está considerando exclusivamente os riscos. Ou seja, uma estrutura de controles internos apresenta apenas uma busca pelo controle interno ope-racional isolado.

Como apresentado anteriormente, a estrutura de controles internos visa a trêsobjetivos:osoperacionais,afidedignidadedos relatóriosfinanceirose o atendimento de leis e normas regulatórias (compliance). A estrutura de controles voltada para a GRC possui estes objetivos semelhantes: os opera-cionais, os de comunicação e os de atendimento às leis e normas regulatórias (compliance). Porém, considera critérios de avaliação de ocorrência de eventos, inclusive externos, agregando o conceito de apetite ao risco, quantidade de risco tolerado em busca de uma missão e visão. Ou seja, esse apetite pode delinear os objetivos estratégicos e quais serão os níveis de variação de risco aceitáveis à realização de tais objetivos.

Umaorganização,apósdefinirseuapetiteaosriscosesuasrespectivastolerâncias de variação, deve analisar a importância dos objetivos relacionados. Em uma eventual situação em que os riscos para o alcance de um objetivo estejamforadoapetitedefinido,aorganizaçãopoderáoptarpornãooadotarcomo um objetivo estratégico.

Assim, a abordagem da estrutura de controles internos operacionais basi-camentetemamesmapremissadefixaçãodeobjetivos,eaGRCamplifica-os

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comoincrementodaaçãodeidentificareventos,avaliarosriscosedefinirrespostas a estes. Ambas as estruturas consideram a ocorrência de riscos advindos de fatores incertos, com impactos sobre a realização de seus ob-jetivos. Porém, a segunda demanda a premissa de avaliação mais criteriosa quanto aos riscos, correlacionando-os com seus respectivos objetivos, assim como a assimilação de riscos inter-relacionados, possibilitando uma visão global de portfólio dos riscos, ao passo que analisa quais as perspectivas de comportamento de riscos combinados.

AGRCacabacontribuindoparaaidentificação,coletaecomunicaçãodedi-versas informações importantes, pois envolve dados quantitativos e qualitativos relativos a eventos internos e externos, permitindo os devidos esclarecimentos quanto à GRC e as decisões a serem tomadas. As informações envolvem inclusive dados informais, como conversas com clientes e fornecedores, con-tatos com órgãos reguladores, dados setoriais de associações de segmentos, seminários, dentre outros (PWC, 2007).

A comunicação também deve ser incentivada pela GRC, uma vez que é imprescindível informar as responsabilidades e atribuições das pessoas para que contribuam com os objetivos. E isso envolve não só o público inter-no, mas também o externo, como fornecedores, parceiros e clientes. A PWC (2007) ressalta que a comunicação deverá transmitir, de forma clara, qual a importânciadogerenciamentoderiscoscorporativoseficazes,osobjetivosdaorganização e a tolerância do apetite a riscos, apresentando uma linguagem comum de riscos, as funções e as responsabilidades do pessoal, conduzindo os elementos que compõem o gerenciamento de riscos. Assim, todas as pes-soas entenderão suas atribuições dentro da GRC, saberão reconhecer fatos anormais e determinar as causas dos desvios, assim como a medida corretiva a ser tomada.

Após todas essas premissas, cabe à organização monitorar a GRC, con-siderandotodaasuaeficácia,emqueagovernançapossuiaatribuiçãodegarantir suas atividades.

A pesquisa da AFCE (2016, p. 38) mostra a frequência dos controles de fraudes, apenas 39 % das empresas vítimas de fraudes possuíam processo de avaliação formal de fraudes.

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Fonte: ACFE (2016, p. 38, tradução dos Autores).

Tabela 5– Freqüência de controles antifraude

Controle Percentual de casos

Auditoria externaparademonstraçõesfinanceiras 81,70%

Código de conduta 81,10%

Departamento de auditoria interna 73,70%

Certificaçãodegerenciamentodedemonstraçõesfinanceiras 71,90%

Auditoriaexternadecontrolesinternossobredemonstraçõesfinanceiras 67,60%

Revisão da gerência 64,70%

Comitê independente de auditoria 62,50%

Canal de denúncias 60,10%

Programas de suporte a colaboradores 56,10%

Treinamento de fraudes para colaboradores 51,60%

Treinamento de fraudes para gestores/executivos 51,30%

Política anti-fraudes 49,60%

Departamento, função ou time de detecção de fraudes 41,20%

Avaliações formais de riscos de fraudes 39,30%

Auditorias surpresas 37,80%

Monitoramento de Data analysis 36,70%

Rotação de trabalho/ férias mandatórias 19,40%

Recompensa a denunciantes 12,10%

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4. CooperativasA lei 5.764 de 1971, discrimina os entes constituintes em uma cooperativa:A Assembleia geral de associados como o órgão supremo da sociedade,

constituída a partir do estatuto social, com poderes para deliberar a respeito doobjetosocialdeatuaçãodacooperativa.Deliberandodecisõesemfigurade todos os associados, independente se ausentes ou discordantes por meio das assembleias gerais.

Dentre os órgãos de administração, estão a Diretoria, conselhos Fiscal e de Administração. Formado exclusivamente por associados eleitos nas assem-bleias gerais com mandatos determinados. É facultado a eles, a contratação de gerentes técnicos e comerciais externos ao quadro de associados para atuar nos negócios.

Segundo o artigo 53, “os componentes da Administração e do Conselho Fiscal, bem como os liquidantes, equiparam-se aos administradores das so-ciedades anônimas para efeito de responsabilidade criminal.”

OConselhoFiscal,conformeartigo56,possuicomoatribuiçãoafiscalizaçãoda administração da cooperativa.

Oartigo79,definecomoatocooperativoasoperaçõesrealizadasentreascooperativas e seus associados, entre ou por cooperativas associadas, para efetivar seus objetivos sociais. Não implicando operações de mercado, nem contratos de compra e venda de mercadorias.

5. Metodologia Opresentetrabalhobuscoufontesbibliográficasedadossecundáriospara

levantamento de subsídios que auxiliassem em uma conclusão, sendo esta pautada na correlação de controles internos com base na gestão de riscos comoagentesmodificadoresdoriscodefraude,direcionadosaumestudodes-critivo. Esta pesquisa tem caráter descritivo, sendo expostas as características e premissas dos controles internos, fraudes e gestão de riscos corporativos. Temtambémcaráterbibliográfico,pormeioderevisõesdeobrasliteráriasedeórgãos especializados sobre o assunto abordado, focando nas boas práticas de gestão de riscos.

Gil (2005) enfatiza que uma pesquisa descritiva busca observar, registrar

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e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Ou seja, o investigador não interfere, procurando perceber, com cautela o su-ficiente,afrequênciacomqueofenômenoocorre.AindasegundoGil(2005)as pesquisas bibliográficas têm comopremissa tomar conhecimento dasdiferentescontribuiçõescientíficasdisponíveissobreumdeterminadotema.

O foco deste estudo foi direcionado a corroborar se há efetiva aplicabilidade da GRC no processo de tratamento dos riscos de fraudes, atos intencionais que potencializam os riscos de perdas para as empresas, considerando as nuances em aspectos de administração e controles, para aplicar a ferramenta em cooperativas.

6. Análise dos resultadosUma cooperativa em busca da consecução de seus objetos sociais, tam-

bém possui diversas áreas funcionais, atribuindo responsabilidades e fun-ções a várias pessoas. Assim como nas empresas, ela também poderá ser compostaporentesdaadministraçãonafiguradePresidente,ConselhodeAdministração, Conselho Fiscal e diretores, que devem garantir que funções de controles mantenham a efetividade no que se propõem para proteger seu patrimônio. Em busca dos objetivos de negócio, é indicado que seja feita uma análise cuidadosa em relação à medida que serão aplicadas para diminuir os percentuais de incidência de fraudes, incentivando condutas padronizadas, alinhadas com os objetivos social da cooperativa.

AtravésdapesquisaAFCE(2016),foipossívelverificarquenamaioriadoscasos, uma abordagem mais passiva para a tratativa de uma fraude faz com que a empresa dispenda tempo tratando elementos que não ameaçam os ob-jetivos organizacionais, quando, na verdade, existem problemas omitidos que podem gerar problemas mais relevantes. Ou seja, as fraudes são elementos que devem ser tratados pelo fomento de métodos preventivos, sendo inviável e de grande risco se basear apenas em históricos de ocorrências de fraudes para elaboração dos planos de combate. Conforme dados da pesquisa da ACFE (2016), havia relativamente baixa adesão a uma metodologia de ava-liação de riscos nas organizações vítima, 39,3% delas possuíam a ferramenta de gerenciamento de riscos corporativos, o que pode indicar que a potencial

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possibilidade de que esta possa contribuir para o combate de fraudes.Os dados da pesquisa da ACFE (2016) ainda corroboram com o fato de que

muitas das organizações vítima de fraude acabam optando por não buscar a recuperação das perdas em processo civil, em razão de motivos como o medo de prejudicarem sua imagem, assim, consequentemente as perdas não retor-namàorganização.Oquenosfazrefletirqueaocontrataraforçadetrabalhopara compor sua administração, muitas vezes fraudadores podem estar sendo convidados para dentro da organização, tanto empresas quanto cooperativas, poisconformepudemosverificaratravésdapesquisaAFCE(2016)apenas5,2% dos fraudadores possuíam registros de condenações anteriores.

A fragilidade dos controles internos é considerada um fator facilitador da fraude. É possível ter a percepção de como os controles internos são fundamen-tais para uma gestão, uma vez que oferecem um ambiente menos vulnerável ariscosepossíveisfraudes.Aausênciaouinsuficiênciadecontrolesinternosdeixa as organizações expostas a erros, falhas e desperdícios, o que atinge diretamenteos resultadosfinanceiros.Ocustodeumambientecontroladonormalmente é muito menor do que as perdas que podem ocorrer com a falta deleoucomumsistemadecontroledeficitário.

Como pôde ser visto nos dados da pesquisa da ACFE (2016), 29% das organizações que foram vítimas reconhecem que seus controles eram fracos no momento das ocorrências das fraudes. Além do fato de que, os controles operantes não são satisfatórios, correlacionando o fato de que 20% das em-presas disseram que seus controles foram burlados. Uma cooperativa tam-bém estará sujeita a danos em razão das características de seus controles, emrazãodaausênciadeanálisesmaiscriteriosasrelativasaosfluxogramasdeles, fazendo com que seus controles permaneçam com características que visamestritamenteàeficiênciaoperacional,renegandoaavaliaçãoformaldosriscos de fraudes.

7. RecomendaçõesComo exposto neste trabalho, a maioria das organizações não apresenta

a aplicação de uma ferramenta de gestão de riscos aliada aos seus controles internos no combate a fraudes. Com maior percepção da importância desta,

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haverá um incremento considerável em sua adesão por parte das organizações, em especial as cooperativas.

A partir deste momento, será de grande valia analisar o índice de adesão e a efetividade das implementações por meio de dados primários, com ênfase ao combate de fraudes dentro das cooperativas, assim como uma potencial configuraçãoadaptadaqueaferramentapossaapresentar.

8. ConclusãoVerifica-sequeosriscossão,emsuaessência,apossibilidadedeumevento

ocorrer impactando nos objetivos da organização. Quando consumados, po-dem trazer uma ameaça ou uma oportunidade para os afetados, e tão incerto quanto a acontecimentos futuros, é certo considerar que as cooperativas estão tão sujeitas quanto as empresas a estes eventos.

Asorganizaçõesdevemdesenvolveraçõesetratativasdemodificaçãodosníveis de riscos por meio de controles que mantêm o risco residual do proces-so em um nível adequado, dentro da tolerância aceitável pela administração, avaliando-se também de maneira critériosa o custo-benefício de se investir emmedidasquetragamcontrolesesegurançaeficientes,deacordocomacriticidade do risco e suas consequências. Contudo, é notório que a alternativa de aplicabilidade da GRC sobre os controles internos dos processos pode ser efetiva, se não na prevenção, na minimização das consequências da ocorrência de um caso de fraude.

Muitasvezes,osadministradoresdemonstramaltosníveisdeautoconfiança,utilizando métodos subjetivos de estimativas de incertezas, o que pode oca-sionar equívocos. A GRC é uma ferramenta que exige análise criteriosa dos riscos atrelados aos objetivos da organização, demandando tanto a utilização de dados internos e externos como a necessidade de respostas efetivas. Muitas organizações têm a premissa de considerar prazos mais curtos em relação às suas estratégias, e consequentemente os riscos associados também seguem essa linha de planejamento. As boas práticas de GRC indicam que os horizontes para avaliação de riscos devem ser de longo prazo.

AavaliaçãodeGRCpossibilitaaidentificaçãoeacategorizaçãodosriscosemergentes, com base em sua probabilidade de ocorrência e nas consequên-

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cias caso ocorram. As cooperativas não podem abdicar dos riscos inerentes a fraudes, considerando que seu objeto social é suportado por suas operações econômicas. Ou seja, assim como uma empresa, os danos de uma fraude im-pactamaspectosdefinssociaisatreladosadiversosstakeholders (associados e cooperativas associadas), no caso associados e todos os públicos internos (funcionários) e externos (parceiros, fornecedores, clientes, sociedade) que sãoinfluenciadospelasoperaçõeseconômicasdacooperativa.

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Palavras-chave: manejo integrado de pragas; monitoramento de pragas; armaze-namento de grãos.

CooperativaCoamo

CursoPós-graduação Lato Sensu em Pós-colheita de Grãos e a Segurança Alimentar

FAG – Sescoop/PR

ResumoAs pragas de grãos armazenados são uma das principais causas de perdas

de quantidade e qualidade dos grãos armazenados. O programa de Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados é uma das formas de reduzir as perdas por pragas e manter a qualidade dos grãos durante o armazenamen-to. Este trabalho teve o objetivo de implantar o programa em sete unidades armazenadoras da Coamo Agroindustrial Cooperativa, com elaboração e apli-caçãodafichademonitoramentedepragasnasunidadesduranteoperíodode um ano, avaliando os diversos setores como moegas, casa de máquinas, armazéns, silos, expedição de produtos e o pátio, registrando a quantidade de cada espécie-praga e o local infestado. Os resultados mostraram que as principais pragas encontradas Rhyzopertha dominica, Sitophilus zeamais, Oryzaephilus surinamensis, Cryptolestes ferrugineus, Tribolium castaneum, Ephestia kuehniella e Lasioderma serricorne. Os procedimentos de limpeza e higienização das unidades, visando eliminar os focos de pragas e a proteção cominseticidasdeinfestaçõesexternas,sãomedidasmaiseficazesaseremadotadas para o sucesso do programa. A adoção da técnica depende dos gestores e colaboradores da unidade, para que as medidas preventivas e cura-tivasidentificadasatravésdomonitoramentodaspragassejamimplantadas.

ADALTON CARVALHO1

ALEXANDRE DALASTRA LOPES2

CLAUDINEI NUNES REZENDE³ LUIZ ALCEU VIEIRA CARNEIRO4

Manejo integrado de pragas de grãos armazenados: implantação e monitoramento de pragas na unidade armazenadora

¹Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistema pela UNOESC. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rua Pagnoncelli, 1100. 89832-000 Ipuaçu/SC. E-mail: [email protected] ²Administrador de Empresas pela Faculdade Campo Real. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rod. Br. 373 Km 402, s/n. 85140-000 Candói/PR. E-mail: [email protected]³Administração de Empresas pela UNIPS. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rua Ubirajara Araújo, 1713. 85555-000 Palmas/PR. E-mail: [email protected] 4Graduado em Gestão de Agronegócio pela UNICENTRO. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Avenida XV de Novembro s/n. 85548-000 Honório Serpa/PR. E-mail: [email protected] 5Tecnólogo em Processos Gerenciais pela UNIASSELVI - Centro Universitário Leonardo da Vinci. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Estrada para Xanxerê, s/n km 01. Centro. 89835-000 São Domingos/SC. E-mail: [email protected] 6Bacharel em Ciências Contábeis pela UNICS. MBA em Recursos Humanos pela UNINTER. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rodovia PR 459, km 46. Santo Antonio. 855400-000 Mangueirinha/PR. [email protected] de Empresas pela Faculdade UNILAGOS. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rua Pagnoncelli, 1100. 89832-000 Ipuaçú/SC. E-mail: [email protected] Agrônomo. Doutor em Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados. (Integrated Pest Management on Stored Grain) na Universidade de Londres. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa Soja). Rodovia Carlos João Strass s/n - Distrito de Warta, Caixa Postal 231. 86001-970 Londrina/ PR. E-mail: [email protected]

VALDEMAR MEIRELLES5

VALDENIR DOS SANTOS LARA6

VANDERLEI CENDRON7

IRINEU LORINI8

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Keywords: pest control; stored grain; integrated pest management.

AbstractThe stored grain pests are one the most important causes of grain losses

in quantity and quality during storage period. The Integrated Pest Manage-ment (IPM) in Stored Grain is one of the issues to be followed to overcome that problem and protect the grain. The aim of this work was to implement the Integrated Pest Management at seven storage units of Coamo Agroindustrial Cooperative by monitoring simultaneously each stored unit by sampling all sectors as machinery house, hoppers, warehouses, silos, stored grains and all unit environments looking for pests of grain. Following that all the procedures recommended by the IPM rules were established and the stored unit monitored by pest infestation. The results showed that during an year implementation some species were found as Rhyzopertha dominica, Sitophilus zeamais, Oryzaephilus surinamensis, Cryptolestes ferrugineus, Tribolium castaneum, Ephestia kuehniella and Lasioderma serricorne. The grain infestations were minimized and consequently the grain losses. The better results increased as much as the cleaning and sanitation measures were implanted by IPM training personnel on good practices in storage units resulting in food safety.

CooperativeCoamo

CoursePostgraduate Lato Sensu in Post-Harvest Grains and Food Security

FAG – Sescoop/PR

Integrated management of stored grain pests: implementation and monitoring of pests in the storage unit

ADALTON CARVALHO ALEXANDRE DALASTRA LOPES CLAUDINEI NUNES REZENDE LUIZ ALCEU VIEIRA CARNEIRO

VALDEMAR MEIRELLES VALDENIR DOS SANTOS LARA VANDERLEI CENDRON IRINEU LORINI

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IntroduçãoO aumento da demanda de alimentos, em função do crescimento popula-

cional, exige o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de técnicas de manejo de grãos, tornando evidente a relevância de estudos, para diminuir as perdas durante o armazenamento (PEREIRA, 2006).

Os esforços concentrados no aumento da produção de grãos podem não corresponder às expectativas de maior oferta de alimentos, se não houver uma melhoria nas condições de armazenamento e controle das pragas desses produtos. As perdas causadas pelos insetos durante o armazenamento dos grãos podem equivaler ou mesmo superar aquelas provocadas pelas pragas que atacam a cultura no campo (ANDRADE, 2015).

Entretanto os danos sofridos pela planta em desenvolvimento, podem ser compensadosemparteporumarecuperaçãodaprópriaplantadanificada,masosdanossofridosnosgrãosarmazenadossãodefinitivoseirrecuperáveis(FARONI, 1995; LORINI et al., 2002).

Preservar a qualidade e a quantidade física dos produtos agrícolas durante as etapas de processamento e armazenamento é o principal objetivo de uma unidade armazenadora de grãos, conservando os produtos para o consumo e garantindo a segurança dos alimentos.

Dentre muitos fatores que interferem na preservação do processo de armazenamento, que não basta apenas guardar os grãos, mas é preciso conservá-los, de fundamental importância é o controle das pragas que atacam os produtos. O uso indiscriminado dos inseticidas protetores para controlar os insetos-pragas de produtos armazenados, aliado às técnicas inadequadas de uso, tem favorecido a seleção de populações resistentes (SANTOS, 2002; GUEDES, 1991).

Na Unidade Armazenadora (UA) os produtos devem ser mantidos na quali-dadequejáfoidefinidanalavoura,nãotendocomomelhorarestes,porémnãose pode permitir que estes grãos sejam deteriorados durante o armazenamento pelo ataque das pragas. É de interesse do armazenador que a massa de grãos e os microrganismos estejam em estado dormente e os insetos, pombos e ratos ausentes, porém a variação de temperatura e umidade relativa do ar pode interferir na massa de grãos, deteriorando-a pela presença de insetos, fungos, micotoxinas.

As pragas são o principal problema do armazenamento de grãos devido aos

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prejuízos que podem causar, diretamente à massa de grãos ou indiretamente, pela contaminação de agentes biológicos associados. Os insetos constituem o principal fator de perdas durante o período de armazenamento, desta forma oconhecimentodaspragasémuitoimportanteparadiferenciá-las,verificaro potencial de danos e a maneira de executar o manejo. Também é impor-tante conhecer a dieta e hábito das pragas, para tomar medidas preventivas ecurativasdecontrole,emfunçãodesuaclassificaçãocomoprimáriasousecundárias (LORINI, et al., 2002; LORINI, et al., 2015.

A FAO estima que aproximadamente 10% do volume produzido de grãos são perdidos por danos dos insetos, o que representa uma grande quantidade de alimento que deixa de chegar à mesa do consumidor após ter passado por todo o processo de produção (LORINI, et al., 2015).

Uma das soluções para essas perdas ocasionadas pelas pragas em ar-mazéns é a técnica de Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados, que consiste em uma série de medidas que devem ser adotadas pelos arma-zenadores para evitar danos (LORINI, et al., 2015).

O objetivo deste trabalho foi de implementar um programa de Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados em unidades armazenadoras de grãos da Coamo Agroindustrial Cooperativa, visando conscientizar os colaboradores para o problema das pragas de armazenamento e oferecer ao mercado consumidor alimentos seguros.

Material e métodosO trabalho foi realizado com a implementação do programa de Manejo

Integrado de Pragas de Grãos Armazenados em sete unidades armazena-doras de grãos da Coamo Agroindustrial Cooperativa, localizadas no sul do Paraná e oeste de Santa Catarina (Tabela 1). Estas unidades tem uma grande diversidade de grãos armazenados, bem como estão sujeitas a diferentes situações de armazenamento e clima. O acompanhamento e monitoramento das pragas nestas unidades aconteceram no período de dezembro de 2015 a novembro de 2016.

O estabelecimento do programa em cada unidade e a coleta dos dados sobre infestação de insetos-pragas que estavam presentes em cada Unidade Armazenadora foi realizado com a elaboração de planilhas

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40 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Tabela 1 – Relação de Unidades armazenadoras da Coamo Agroindustrial Cooperativa, localização, produtos armazenados e quantidade armazenada em toneladas, 2017

Unidade Produtos Capacidade Armazenadora Localização Armazenados Armazenada (t)

Ipuaçu SC Soja, Milho e Trigo 21.200

São Domingos SC Soja, Milho e Trigo 36.400

Ouro Verde SC Soja, Milho e Trigo 34.440

Santo Antonio PR Soja, Milho e Trigo 75.200

Palmas PR Soja, Milho e Trigo 55.200

Honório Serpa PR Soja, Milho e Trigo 41.400

Candói PR Soja, Milho e Trigo 45.400

de monitoramento de pragas em software Microsoft Excel. Esta planilha matriz de dados elaborada (Figura 1) foi usada como base de todas as coletas durante todo o período. Esta planilha matriz compilou dados provenientes das planilhas específicas domonitoramento das espécies- praga em cada unidade armazenadora, considerada planilha de trabalho (Figura 2).

Fonte: Autores (2017).

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41PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Figura1–Planilhamatrizdesenvolvidaparainserirosdadosdasplanilhasespecíficasdomonitoramentode insetos-praga de cada Unidade Armazenadora de grãos, e gerar relatórios consolidados, 2017

Fonte: Autores (2017).

MIP - MANEJO INTERADO DE PRAGAAcesse sua Unidade para Digitação dos Dados de Coleta

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio

Palmas Honório Serpa Candói

Resultados Referentes ao meses Digitados

Dez/2015 Jan/2016 Fev/2016 Mar/2016 Abr/2016 Mai/2016 Jun2016 Jul/2016 Ago/2016 Set2016 FevOut Nov/2016

Ipuaçu-SC

São Domingos

Ouro Verde

Santo Antônio

Palmas

Honório Serpa

Candói

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

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Gráfico Mensal

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Gráfico Mensal

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Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

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Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Gráfico Mensal

Unidades da Coamo em Pesquisa

Ipuaçu-SC

Gráfico Anual

São Domingos

Gráfico Anual

Ouro Verde

Gráfico Anual

Santo Antônio

Gráfico Anual

Palmas

Gráfico Anual

Honório Serpa

Gráfico Anual

Candói

Gráfico Anual

COMPARATIVOS DOS INSETOS NAS UNIDADES

Nível deInfestação

Por Insetos

Pragas por unidade

Maior Número

Qtde. de Pragas

Infestação por local Estrutura

Maior Incidência de Insetos na Unidade

MIP Lista de Presença Pragas

Tutorial

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42 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Figura2–Fichademonitoramentodeinsetos-pragaespecíficausadaparacadaUnidadeArmazenadorapara anotar o número de pragas encontradas em cada local em cada data de avaliação, 2017

Fonte: Autores (2016).

Unidade: Ipuaçu - SCPlanilha de Amostragem e Monitoramente de PragasData:

Pragas Monitoradas

Pontos de Controle/

Descrição

Moegas Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos VivosMoegas 9 1 5Paredes das Moegas 1Paredes Internas MoegasPoço do El. das MoegasTúnel das MoegasTotal 0 9 0 1 6 0 0 0 0 0 0

Casa de Máquinas Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos

Máquina Pré / Limpeza 2 1 2Máquinas de LimpezaPoços de ElevadoresFornalhasTúneisRedlersTotal 0 2 0 0 1 0 2 0 0 0 0

Armazém/Silos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos VivosArmazém Graneleiro 2 1 Silos 3 Poços Elevadores 1Aerações 1Calçadas e canaletasTotal 0 3 0 0 3 0 2 0 0 0 0

Expedição Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos VivosCaixa EmbarqueTúnelElevador de CargaTotal 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pátio Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos Vivos VivosDescarte Limpeza/Caminhão 1 2 1Calçadas/Cercas e Árvores 11Classificação 1Poço BalançaTotal 0 12 0 0 2 0 1 0 0 0 1

Rhy

zoph

erta

dom

inic

a

Sito

philu

sze

amai

s

Ory

zaep

hilu

ssu

rinam

ensi

s

Cry

ptol

este

sfe

rrugi

neus

Trib

oliu

mca

stan

eum

Sito

troga

cere

alel

la

Ephe

stia

elut

ella

Plod

iain

terp

unct

ella

Lasi

oder

ma

serri

corn

e

Lipo

scel

isbo

stry

chop

hilla

Rat

os

O monitoramento com esta planilha deverá ser a cada 15 dias para evitar problema de infestação de pragas.

Assinatura Monitor (s) Ass. Encarregado Operacional

Voltar

Procedimentos adotados

para eliminar as pragas

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43PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Omonitoramentopelaaplicaçãodafichadeavaliaçãodepragasespecífica(Figura 2) foi realizado simultaneamente em todas as unidades armazenadoras, sempre nos dias nos dias 15 e 30 de cada mês, fazendo sempre no período mais quente do dia, e iniciado em dezembro de 2015 e encerrando em no-vembro de 2016. O método de detecção da presença das pragas registradas nafichademonitoramentofoivisualerealizadoporumaequipedetrêscola-boradores em cada unidade. Em cada setor a equipe percorria as instalações da unidade, contando o número de insetos vivos que encontrava e a espécies que pertencia, registrando na planilha.

Logo após a implantação do programa e o início do monitoramente de pra-gas em cada Unidade Armazenadora, foi realizada uma limpeza geral em toda a estrutura, limpeza com uso de vassoura, soprador de ar, ar comprimido nos túneis e dentro de armazéns, e logo depois realizado uma pulverização com inseticida do grupo dos organofosforados. Como ainda persistiam pragas na unidade foi realizada uma segunda pulverização 30 dias após com inseticida do grupo dos piretróides, o que reduziu a população de pragas.

Os resultados de cada avaliação quinzenal pelos colaboradores da unidade foramtransferidosparaaplanilhamatrizdeacordocomaplanilhaespecíficade cada unidade. Os dados coletados foram sistematizados na planilha matriz eapresentadosgraficamentenotrabalho.Estesgráficosrefletemasituaçãode cada Unidade Armazenadora em quantidade de insetos encontrados no período,asespécies-pragaidentificadas,ossetoresdecadaunidadeondeforamencontradasestaspragas,eoperfildeocorrênciadeinsetos-praganaunidadeespecíficaenoconjuntodasseteunidades.

Resultado e discussãoAspragasencontradasduranteasavaliaçõesatravésdafichademoni-

toramento, foram: Rhyzopertha dominica, Sithophilus zeamais, Oryzaephilus surinamensis, Cryptolestes ferrugineus, Tribolium castaneum, Sitotroga cere-alella, Ephestia kuehniella, Lasioderma serricorne, Liposcelis bostrychophila e ratos. Os principais locais de vistoria em cada unidade armazenadora foram as moegas, casa de máquinas, armazém e silos, expedição e pátio. Estes resultados são apresentados a seguir na avaliação do mês de maior ocorrên-

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44 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Avaliação anual de IpuaçuNesta unidade a praga Sitophilus zeamais teve a maior incidência durante

o ano, seguido de Tribolium castaneum, diminuindo a infestação ao longo do período de avaliação (Figura 4).

Núm

ero

de in

seto

s

Figura 3 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de Ipuaçu referente ao mês de dezembro de 2015

4540353025201510

50

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

cia na unidade e a presença anual na unidade, e posteriormente, de forma comparativa os principais insetos-pragas.

À medida que cada vistoria era realizada na unidade, as correções na estrutura e nas limpezas foram implementadas para eliminar os focos de pragas que passaram a ser controlados com uso de inseticidas e de medidas de limpeza. Foram encontrados insetos-praga nas horas mais quentes do dia nas rachaduras da calçada ao redor dos silos, devido ao afundamento do silo. Na recepção, onde tem entrada de grãos oriundos de outras unidades arma-zenadoras e da lavoura, foi observado também grande número das pragas, principalmente Sitophilus zeamais, com presença também nas cargas de milho provenientes da lavoura, independente do teor de umidade que era recebido.

Avaliação mensal de IpuaçuNo mês de dezembro de 2015, a unidade teve como resultado a presença

de 116 exemplares de Sitophilus zeamais e 93 de Tribolium castaneum nas moegas, sendo a maior incidência na Unidade Armazenadora (Figura 3).

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45PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Figura 4 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de Ipuaçu referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

140

120

100

80

60

40

20

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Avaliação mensal de São DomingosO monitoramento mensal da unidade (Figura 5) é representado pela média

das duas avaliações com maior presença de Sitophilus zeamais com 89 exem-plares, seguido por Cryptolestes ferrugineus com 20 exemplares.

Figura 5 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de São Domingos referente ao mês de agosto de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

40353025201510

50

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

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46 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Avaliação anual de São Domingos A presença de insetos-praga nesta unidade é generalizada durante todo o

períodoecomváriasespéciessendoidentificadas(Figura6).Destaca-seaocorrência Sitophilus zeamais encontrada em todos os setores e durante o pe-ríodo. Também houve uma elevada incidência de Tribolium castaneum.

Figura 6 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de São Domingos referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Avaliação mensal de Ouro VerdeA maior ocorrência de insetos-praga foi no setor de armazém e silos, com

predominância para a espécie Sitophilus zeamais com 26 exemplares, seguido por 15 exemplares de Tribolium castaneum (Figura 7). A unidade necessitou de uma intensa desinfestação e uso de inseticidas organofosforados.

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47PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Avaliação anual de Ouro VerdeHouve uma predominância de insetos-praga das espécies Sitophilus zea-

mais, no período de dezembro a março, Tribolium castaneum no período de dezembro a abril e Cryptolestes ferrugineus no período de dezembro a junho (Figura 8).

Figura 8 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de Ouro Verde referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

30

25

20

15

10

5

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Figura 7 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de Ouro Verde referente ao mês de dezembro de 2015

Núm

ero

de in

seto

s

16141210

86420

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

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48 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Avaliação anual de Santo AntônioTribolium castaneum foi a praga que ocorreu com maior quantidade na uni-

dade durante o período, com principal foco de infestação no milho armazenado de duas safras anteriores (Figura 10). Havia as medidas de controle da praga, porém não era possível a eliminação total devido a este foco que dispersava insetos em todos os demais setores da unidade.

Figura 9 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de Santo Antonio referente ao mês de maio de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

1816141210

86420

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

Avaliação mensal de Santo AntônioA maior infestação ocorreu no mês de maio de 2016, com predominância

da espécie Tribolium castaneum com 56 exemplares, presente em todos os setores da unidade, como moegas, casa de máquinas, armazém e silos, ex-pedição e pátio, seguido por Sitophilus zeamais, Cryptolestes ferrugineus e Ephestia kuehniella com 10 exemplares (Figura 9).

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49PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Figura 10 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de Santo Antonio referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

60

50

40

30

20

10

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Avaliação mensal de PalmasA maior ocorrência de pragas foi no mês de agosto de 2016, com maior

quantidade de insetos das espécies Sitophilus zeamais com 23 exemplares e Sitotroga cerealella com 20 exemplares, mesmo com temperaturas baixas em torno de 13º C (Figura 11).

Figura 11 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de Palmas referente ao mês de agosto de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

25

20

15

10

5

0

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

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50 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Avaliação mensal de Honório SerpaSitophilus zeamais foi a espécie-praga de maior ocorrência, com 49 exem-

plares, nesta unidade durante o mês de janeiro de 2016 (Figura 13). Esta ocorreu principalmente no setor de armazém e silos onde estava armazenado milho da safra 2014/15, assim como a presença do inseto na casa de máqui-nas. Rhyzopertha dominica também ocorreu na unidade com 11 exemplares neste mês.

Figura 12 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de Palmas referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

25

20

15

10

5

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Avaliação anual de PalmasSitophilus zeamais e Sitotroga cerealella foram as duas espécies de maior

quantidade na unidade durante o período, ocorrendo em toda unidade e maior intensidade no mês de agosto (Figura 12).

Page 53: Desenvolvimento econômico e social quisa, geração e desenvolvimento de novas tecnologias e na inovação em sua gestão, pois o aprimoramento do planejamento estratégico e cumprimento

51PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Avaliação anual de Honório SerpaO monitoramento anual da unidade demonstra que as espécies Sitophilus

zeamais e Tribolium castaneum foram as predominantes, principalmente nos meses de janeiro, e de junho a setembro (Figura 14), durante o carregamento dos armazéns.

Figura 13 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de Honório Serpa referente ao mês de janeiro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

30

25

20

15

10

5

0

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

Figura 14 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de Honório Serpa referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

60

50

40

30

20

10

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Avaliação mensal de CandóiDurante o mês de abril houve uma grande infestação de insetos-pragas,

principalmente Tribolium castaneum com 126 exemplares e Sitophilus zeamais, com 72 exemplares (Figura 15).

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52 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 36-61. 2017

Figura 16 – Resultado do monitoramento anual de insetos-praga na unidade de Candói referente ao período de dezembro de 2015 até novembro de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

140

120

100

80

60

40

20

0

Rhyzopherta

Sitophilus

Oryzaephilus

Cryptolestes

Tribolium

Sitotroga

Ephestia

Plodia

Lasioderma

Liposcelis

Ratos

Fonte: Autores (2017).

dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16

Comparação da presença de pragas entre unidades armazenadorasNacomparaçãode incidênciadepragas (Figura17),verificou-sequea

maior infestação entre as unidades armazenadoras ocorreu em Ipuaçu-SC, São Domingos e Candói, com maior número de insetos das espécies Sithophilus zeamais e Tribolium castaneum.

Avaliação anual de CandóiDuranteoperíododearmazenamentoverificou-sequeasprincipaispragas

foram Tribolium castaneum e Sitophilus zeamais, com predominância nos meses de dezembro de 2015, e março a maio de 2016, após houve redução destas espécies devido às medidas de controle executadas (Figura 16).

Figura 15 – Resultado do monitoramento mensal de insetos-praga na unidade de Candói referente ao mês de abril de 2016

Núm

ero

de in

seto

s

70

60

50

40

30

20

10

0

MoegasCasa de Máquinas

Armazém/Silos

Expedição

Pátio

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

s

Ory

zaep

hilu

s

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ptol

este

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Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

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Monitoramento da presença de insetos por Unidade ArmazenadoraNa comparação anual de todas as pragas em unidades armazenadoras,

verificou-sequaisaspragasforamencontradasemmaiorquantidadeeemquais unidades armazenadoras, durante o período de dezembro de 2015 a novembro de 2016. Observou-se que as medidas preventivas de infestação são a mais importantes na conservação das unidades, simples de serem exe-cutadas, mantendo o menor custo operacional e de controle químico, porém sãoasdemaiordificuldadedeseremimplementadaspeloscolaboradoresdearmazenagem (LORINI et al., 2015). As pricipais pragas encontradas e sua ocorrência são apresentadas a seguir:

a) Rhyzopertha dominica: presença constante nas unidades armazenadoras que tiveram um período maior com trigo armazenado, com maior ocorrência nas unidades de Ipuaçu e Honório Serpa (Figura 18).. Praga primária que possui um elevado potencial de destruição, sendo capaz de destruir de 5 a 6 vezes o seu próprio peso (POY, 1991).

Figura 17 – Comparativo da presença de insetos-praga entre as unidades armazenadoras e o maior índice de cada espécie

Núm

ero

de in

seto

s

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500

400

300

200

100

0

Rhy

zoph

erta

Sito

philu

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Ory

zaep

hilu

s

Cry

ptol

este

s

Trib

oliu

m

Sito

troga

Ephe

stia

Plod

ia

Lasi

oder

ma

Lipo

scel

is

Rat

os

Fonte: Autores (2017).

Comparativo de Infestação de Pragas por Unidade

Ipuaçu

São Domingos

Ouro Verde

PalmasSanto Antônio

Honório Serpa

Candói

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b) Sitophilus zeamais: observou-se que é o inseto com maior presença em todas as unidades armazenadoras, sendo de ocorrência superior a 30% da segunda praga encontrada que foi o Tribolium castaneum, com maior pre-sença nas unidades de Ipuaçu e São Domingos (Figura 19). Esta praga pode ter infestação cruzada (LORINI et al., 2015), já infestando os grãos no campo durante o período de colhe, e como as unidades armazenadoras estão sempre recebendo grãos durante o ano, pode aparecer em maior quantidade.

Fonte: Autores (2017).

Figura 19 – Flutuação populacional da praga Sitophilus zeamais nas unidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

600

500

400

300

200

100

0

Figura 18 – Flutuação populacional da praga Rhyzopertha dominica nas unidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Fonte: Autores (2017).

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Palmas Santo Antônio Honório Serpa Candói

45

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35

30

25

20

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5

0

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d) Cryptolestes ferrugineus: esta praga ocorreu em maior quantidade nas unidades armazenadoras de São Domingos e Candoi e associada a um período maior de armazenamentos nestas unidades (Figura 21). É uma praga secun-dária de maior importância devido a capacidade de se deslocar para outros armazens infestando produtos que já tenham sido tratados com o expurgo ou mesmo tratamento preventivo (BOOTH et al., 1990; LORINI et al., 2015).

Figura 21 – Flutuação populacional da praga Cryptolestes ferrugineus nas unidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Fonte: Autores (2017).

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

250

200

150

100

50

0

c) Oryzaephilus surinamenses: observou-se a presença desta praga nas unidades armazenadoras monitoradas, com maior ocorrência nas unidades de Ipuaçu e Candoi (Figura 20). É uma praga secundária, cosmopolita e sempre presente em todas as regiões do país, ocorrendo principalmente em grãosquebrados,danificadosouimpurezasencontradasnamassadegrãos(LORINI et al., 2015).Figura 20 – Flutuação populacional da praga Oryzaephilus surinamenses nasunidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Fonte: Autores (2017).

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

250

200

150

100

50

0

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f) Ephestia kuehniella: esta praga foi encontrada em maior quantidade nas unidades de São Domingos e Candoi durante o monitoramento (Figura 23). Esta praga foi encontrada dentro dos armazéns, no armazenamento a granel infestando a superfície da massa de grãos. Inseto presente em praticamente todas as regiões do Brasil (LORINI, 2012), com preferência por produtos ma-nufaturados (GALLO et al., 1988), adaptando nas unidades armazendoras que tem soja armazenada.

Figura 23 – Flutuação populacional da praga Ephestia kuehniella nas unidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Fonte: Autores (2017).

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

160

140

120

100

80

60

40

20

0

e) Tribolium castaneum: a maior ocorrência desta praga foi encontrada nas unidades armazenadoras de Candoi, Ipuaçu e São Domingos (Figura 22). É uma praga secundária de grande importância nas unidades onde existem pro-dutos farelados, grãos quebrados e impurezas. O milho por apresentar mais grãos quebrados é um hospedeiro importante desta praga (LORINI et al., 2015).

Figura 22 – Flutuação populacional da praga Tribolium castaneum nas unidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Fonte: Autores (2017).

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

600

500

400

300

200

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g) Lasioderma serricorne: esta praga foi encontrada apenas na Unidade Armazenadora de Honório Serpa (Figura 24). Nas demais unidades não foi registrada a presença do inseto durante o monitoramento neste período. Esta praga, recentemente passou a ocorrer com maior frequência em grãos e se-mentes de soja (LORINI et al., 2010), alertando que poderá ser encontrada também em outras unidades que armazenagem soja.

Figura 24 – Flutuação populacional da praga Lasioderma serricorne nas unidadesarmazenadoras,identificadasduranteoperíododemonitoramento

Fonte: Autores (2017).

Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

6

5

4

3

2

1

0

Similiaridade de presença dos insetosNa Unidade Armazenadora de Ipuaçu a maior infestação foi da praga Sito-

philus zeamais no pátio, já nas unidades de São Domingos e Ouro Verde, foi a mesma espécie-praga, porém no setor das moegas. Na unidade de Palmas foi a espécie Sitotroga cerealella com maior incidência e no setor de arma-zém. Na unidade de Santo Antonio o maior número encontrado foi do inseto Tribolium castaneum e no setor de armazém, porém na unidade de Candoi foi esta mesma praga mas no setor de moegas. Em Honório Serpa a praga mais encontrada foi Sitophilus zeamais no setor de silos (Figura 25).

Durante o período de monitoramento de pragas deste trabalho, nas sete unidades armazenadoras, o maior número de insetos encontrados ocorreu na unidade de São Domingos com 542 exemplares da espécie-praga Sitophilus zeamais (Figura 25).

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ConclusãoEsteestudopermitiudefinireimplantaroManejoIntegradodePragasde

Grãos Armazenados em sete unidades armazenadoras de grãos da Coamo Agroindustrial Cooperativa. Os resultados encontrados durante o período de monitoramento das pragas, de dezembro de 2015 a novembro de 2016, per-mitiram estabelecer as condições necessárias para o programa nas unidades, definindoque:

a) As pragas principais nas unidades foram Rhyzopertha dominica, Sitophi-lus zeamais, Oryzaephilus surinamensis, Cryptolestes ferrugineus, Tribolium castaneum, Ephestia kuehniella e Lasioderma serricorne. Outras espécies de menorimportânciatambémforamidentificadas;

b) Os procedimentos de limpeza e higienização das unidades visando elimi-nar os focos de pragas e a proteção com inseticidas de infestações externas, sãoumadasmelhoresemaiseficazesmedidasaseremadotadasparaosucesso do programa;

c) O treinamento e conscientização das equipes no programa deve ser permanente, para evitar perdas quantitativas e qualitativas dos grãos e garantir a segurança dos alimentos para o consumidor;

Figura 25 – Principais setores das unidades armazenadoras aonde foram encontradas as principais pragas de armazenamento de grãos e a relativa quantidade registrada durante o período de monitoramento

Pátio Moegas Moegas Armazém Armazém Silos Moegas Ipuaçu São Domingos Ouro Verde Santo Antônio Palmas Honório Serpa Candói

Fonte: Autores (2017).

Estruturas das U.A.

Sitophilus Tribolium Sitotroga

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d) O grau de adoção da técnica depende dos gestores das unidades para sua implantação e execução, e do empenho dos colaboradores para que as medidas preventivas e curativas, sejam implementadas;

e) O sistema de monitoramento de pragas é essencial para o sucesso do programa para permitir a gestão da unidade e prevenir a incidência das pragas nos grãos armazenados.

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transporte após a colheita. 2015. 60 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS.

BOOTH, R.G.; COX, M.L.; MADGE, R.B. IIE guides to insects of impor-tance to man 3. Coleoptera. London: CAB. International, 1990. 384p.

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GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. L.; BA-TISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, R. J. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D. Manual de entomologia agrícola. 2. Ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1988. 649p.

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LORINI, I.; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V. M. Armazenagem de grãos. Cam-pinas: IBG, 2002. 983P.

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LORINI, I.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; HENNING, A. A.; HENNING, F. A. Manejo integrado de pragas de grãos e sementes armazenadas. Brasília, DF: Embrapa, 2015. 81 p.

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PEREIRA, A. M. Processo de ozonização: eficácia biologia, qualidade de grãos e análise econômica. Viçosa: UFV, 2006. p 69.

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Palavras-chave: insetos-praga; qualidade de armazenamento; terra de diatomáceas; inseticida natural.

CooperativaCoamo

CursoPós-graduação Lato Sensu em Pós-colheita de Grãos e a Segurança Alimentar

FAG – SESCOOP/PR

ResumoAs espécies de insetos Sitophilus sp., Oryzaephilus surinamensis, Tribolium

castaneum e Cryptolestes ferrugineus, são pragas importantes do milho e trigo armazenados. Estas pragas são de difícil controle e demandam conhecimento para manter o armazém isento, pois afetam diretamente a qualidade dos grãos, pelo dano e presença, tornando-os de difícil comercialização, pois o mercado exige zero de insetos nos produtos. O uso de inseticidas químicos para controle de insetos pode apresentar riscos para humanos, animais domésticos e o meio ambiente, uma vez que deixam resíduos nos grãos e derivados. O objetivo destetrabalhofoideavaliaraeficáciadaterradediatomáceas,nocontroledasprincipais pragas do milho armazenado em silos e armazéns graneleiros. Nas unidades armazenadoras de Figueira do Oeste, Engenheiro Beltrão e Rio Ivaí, todas na região Norte do Paraná, foi armazenado milho com diferentes sistemas de tratamento da massa de grãos com terra de diatomáceas: tratamento em sistema de envelopamento, tratamento total da massa de grãos e um controle sem tratamento. Os resultados mostraram que a terra de diatomáceas aplicada nadosagemde800g/tdegrãosnãofoisuficienteparaevitarainfestaçãodepragas durante o armazenamento do milho, porém reduziu a infestação. Para queosistemadeenvelopamentosejaeficienteénecessáriousardosagemmaior, mínima de 1.000 g/t de grãos e, preferentemente, expurgar os grãos previamente para evitar infestação nas camadas internas sem o tratamento.

ADEMIR BRITO1

LEANDRO CRIVELARO2

VILSON SANTOS CUBINSKI³

Eficiência da terra diatomáceas no controle de pragas de grãos armazenados em diferentes sistemas de tratamento da massa de grãos

1 Graduado em Desenvolvimento de software pela UNIPAR. Pós-graduado em Gestão Estratégica de Empresas pela Faculdades Maringá. Pós-graduado em Pós-colheita de Grãos e Segurança Alimentar pela FAG. Coamo Agroindustrial Cooperativa, Rod. BR 465 Km 01, s/n. 87250-000 Peabiru/PR. E-mail: [email protected]² Bacharel em Administração. Pós-graduado em Pós-colheita de Grãos e Segurança Alimentar pela FAG. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rod. Helmuth Sontag, sn – Km 01 – Jd Castelo Branco. 87270-000 Engenheiro Beltrão/PR. E-mail: [email protected]³Tecnólogo em Gestão de Sistemas de Informação pela Sociedade Educacional de Santa Catarina – Instituto Superior Tupy/SC. Pós-graduado em Pós-colheita de Grãos e Segurança Alimentar pela FAG. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rodovia PRT 487, Km 321 – Zona Rural. 84470-000 Candido de Abreu/PR. E-mail: [email protected] E-mail:[email protected] Engenheiro Agrônomo. Doutor em Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados. (Integrated Pest Management on Stored Grain) na Universidade de Londres. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa Soja). Rodovia Carlos João Strass s/n - Distrito de Warta, Caixa Postal 231. CEP 86001-970, Londrina, PR. E-mail: [email protected]

CLESO LUIZ DE GRANDIS4

IRINEU LORINI5

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Keywords: diatomaceous earth; stored grain treatment; stored grain pests; grain quality.

AbstractThe insect species Sitophilus sp., Oryzaephilus surinamensis, Tribolium

castaneum and Cryptolestes ferrugineus, are important pests of stored maize andwheatgrain.Thesepestsaredifficulttocontrolandrequireknowledgetokeepthewarehousefree,astheydirectlyaffectthequalityofthegrains,due to thedamageandpresence,making themdifficult tocommercialize,since the market requires zero insects in the products. The use of chemical insecticides for insect control may present risks to humans, domestic animals and the environment, as they leave residues in the grains and derivatives. Theobjectiveofthisworkwastoevaluatetheefficacyofthediatomaceousearth in the control of the main pests of the corn stored in silos and bulk ware-houses. In the storage units of Figueira do Oeste, Engenheiro Beltrão and RioIvaí,allinthenorthernregionofParaná,maizewasstoredwithdifferentsystems of treatment of grain mass with diatomaceous earth: treatment in the enveloping system, total treatment of the grain mass and untreated control. The results showed that the grain treated with 800 g/t of diatomaceous earth were not enough to suppress all the pest infestation although the numbers of pests found at treated grain were very low meaning a reasonable protection by diatomaceous earth. It is important to use higher dosage of diatomaceous earth as the minimum of 1.000 g/t, the grain moisture content not over 13% and the grain should be fumigated before treated with diatomaceous earth.

Efficiency of diatomaceous earth in the control of grain pests stored in different grain mass treatment systems

ADEMIR BRITO LEANDRO CRIVELARO VILSON SANTOS CUBINSKI

CLESO LUIZ DE GRANDIS IRINEU LORINI

CooperativeCoamo

CoursePostgraduate Lato Sensu in Post-Harvest Grains and Food Security

FAG – SESCOOP/PR

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IntroduçãoUm dos principais problemas enfrentados pelos armazenadores de produtos

agrícolas, como milho e trigo, são as pragas de armazenamento. São de difícil controleedemandamconhecimentoespecíficoparamanteroarmazémlivredestes insetos, que afetam diretamente a qualidade dos grãos, tornando-os muitasvezesinviáveisparacomercialização.Acomercializaçãoserádificul-tada se houver a presença destas pragas na massa de grãos, pois é exigido zero de insetos em todos os produtos destinados à comercialização (LORINI et al., 2015).

O uso de inseticidas químicos para controle de insetos pode apresentar riscos para o homem, animais domésticos e o meio ambiente, através de resíduos presentes nos grãos e produtos derivados (MUGGLETON, 1987). Atualmente existem poucos inseticidas registrados no mercado para controle destas pragas, e que, devido ao seu uso continuo, podem torná-las resisten-tes. Estes inseticidas preventivos químicos são os protetores, pertencentes a dois grupos, organofosforados e piretroides. Outro grupo são os gases, cujo principalrepresentanteéafosfina(PH3),muitoutilizadaeeficaznocontrolede pragas de grãos armazenados, porém, para se atingir o máximo de sua eficácia,háumasériedefatoresqueprecisamserobservados,comocontroleda concentração do gás durante o expurgo (LORINI et al., 2015).

A terra de diatomáceas (TD) é um produto inseticida do grupo dos pós inertesquepodeserusadoparadiversasfinalidades,sendoumadelasocon-trole de pragas de grãos armazenados (PINTO JUNIOR, A.R., 1994). Existem marcas comerciais, à base de terra de diatomáceas, com registro no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, para uso no controle de pragas de grãos armazenados (LORINI et al., 2015). São substancias provenientes de algasmarinhasfossilizadascujosmineraissãoextraídos,purificados,moídosepeneirados para posteriormente serem misturados aos grãos (EBELING 1971; LOSCHIAVO 1988; SHAWIR et al. 1988; ALDRYHIM 1990; LORINI 1999). Este pó inerte é proveniente de algas diatomáceas fossilizadas que possuem o dióxido de sílica como principal ingrediente. A sílica tem a capacidade de desidratar os insetos pelo tegumento (cutícula dos insetos) causando a morte dos mesmos em poucos dias. É um produto seguro para aplicação com ação duradoura dentro do armazém, porém, por ser um pó higroscópico, deve-se teratençãoquantoàumidade.Produtoeficazcontrapragas,comelevadoteor

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de dióxido de sílica e de alta capacidade de aderência ao corpo do inseto, causando desidratação e morte da praga (ROSSATO, 2013).

Oobjetivodestetrabalhofoideavaliaraeficáciadaterradediatomáceas,no controle das principais pragas do milho armazenado, aplicada em diferentes sistemas de distribuição e tratamento da massa de grãos, durante o período de armazenamento.

Materiais e métodosPara o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas as unidades ar-

mazenadoras de grãos de Figueira do Oeste, Engenheiro Beltrão e Rio Ivaí, pertencentes à Coamo Agroindustrial Cooperativa, todas localizadas na região Norte do Paraná.

Em cada uma das três unidades armazenadoras, que continham silos me-tálicos ou armazém graneleiro, a metodologia foi semelhante, ou seja, aplica-ção do inseticida à base de terra de diatomáceas, na dosagem de 800 g/t de grãos, no momento de enchimento do silo ou célula do graneleiro, polvilhado sobre a correia transportadora, com auxílio de uma máquina dosadora do pó inerte. Foram usados três sistemas de distribuição da terra de diatomáceas e de tratamento da massa de grãos, a saber: 1) Sistema de envelopamento, que consistiu em tratar com terra de diatomáceas apenas uma camada inferior e uma superior dos grãos no silo (de aproximadamente 600 a 900 t em cada ca-mada).Orestantedointeriordamassadegrãosficousemnenhumtratamentocom terra de diatomáceas; 2) Sistema de tratamento total da massa de grãos comterradediatomáceasnadosagemacimaespecificada;3)Sistemasemnenhum tratamento da massa de grãos, denominado de tratamento controle ou testemunha. No fundo de todos os silos ou célula do graneleiro, foram usados 300 g/m² de terra de diatomáceas, e no caso dos dutos de aeração foi gasto de 10 a 20 kg em cada um, com auxílio do ventilador do sistema de aeração.

Unidade Armazenadora de Figueira do OesteNesta unidade foram utilizados três silos de 6.000 t de capacidade cada,

tamanho 70 x 22, com os seguintes procedimentos de tratamento: no silo 1, Sistema de Envelopamento, após ser limpo, a estrutura foi pulverizada com o inseticida deltamethrin e polvilhado com terra de diatomáceas no fundo,

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canaletas de aeração e bicas de descarga. Após, o silo foi preenchido com os grãos tratando 10% da massa com a terra de diatomáceas na parte inferior (600 t) e 10% na parte superior (600 t) até o completo enchimento do silo; no silo 2, Sistema Sem Tratamento (controle ou testemunha), após ser limpo, a estrutura foi pulverizada com o inseticida deltamethrin e polvilhado com terra de diatomáceas no fundo, canaletas de aeração e bicas de descarga; e no silo 3, Sistema de Tratamento Total, também após ser limpo, a estrutura foi pulverizada com o inseticida deltamethrin e polvilhado com terra de diatomáceas no fundo, canaletas de aeração e bicas de descarga. Após foi preenchido, tratando-se 100% da massa de grãos com terra de diatomáceas na dosagem de 800 g/t na correia transportadora com auxílio de uma máquina dosadora do pó inerte.

A preparação, limpeza, pulverização com inseticida líquido e polvilhamento dos silos vazios foi realizada durante o mês de julho, iniciando logo em seguida o enchimento dos silos com grãos, que foi encerrado em aproximadamente 30 dias, concluindo a instalação durante o mês de agosto. Os grãos de milho estavam com umidade média de 13% nos três silos.

Para avaliar a presença de pragas na massa de grãos, mensalmente foi retiradaumaamostradegrãoscomauxíliodasondapneumática,afimdeanalisar diferentes pontos e profundidades na massa de grãos. A amostra foi peneirada e contado o número de insetos vivos e mortos. A amostragem no silo controle ou testemunha foi sempre realizada antes dos silos tratados.

Unidade Armazenadora de Engenheiro Beltrão Foi usado um armazém graneleiro, fundo V, com capacidade de 42.000 t,

composto de quatro células de 10.500 t cada. Para o trabalho foram usadas duas células, com os seguintes procedimentos de tratamento: na célula 1, Sistema de Envelopamento, após ser limpa, a estrutura foi pulverizada com inseticida pirimiphos-methyl e polvilhada com terra de diatomáceas no fundo, canaletas de aeração e bicas de descarga. Após, a célula foi carregada com 8.500 t de grãos de milho, tratando 10% da massa com a terra de diatomá-ceas na parte inferior (850 t) e 10% na parte superior (850 t) até o completo enchimento da célula; e na célula 2, Sistema Sem Tratamento (controle ou testemunha), após ser limpa, a estrutura foi pulverizada com o inseticida pirimiphos-methyl e polvilhada com terra de diatomáceas no fundo, canaletas de aeração e bicas de descarga.

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A preparação, limpeza, pulverização com inseticida líquido e polvilhamen-to das células vazias foi realizada durante o mês de julho, iniciando logo em seguida o enchimento das células com grãos, que foi encerrado em aproxima-damente 30 dias, concluindo a instalação durante o mês de agosto. Os grãos de milho estavam com umidade média de 13% nas duas células.

Para avaliar a presença de pragas na massa de grãos, mensalmente foi retiradaumaamostradegrãoscomauxíliodasondapneumática,afimdeanalisar diferentes pontos e profundidades na massa de grãos. A amostra foi peneirada e contado o número de insetos vivos e mortos.

Unidade Armazenadora de Rio IvaíForam utilizados dois silos de 9.000 t de capacidade cada, tamanho 90

x 22, com os seguintes procedimentos de tratamento: no silo 1, Sistema de Envelopamento, após ser limpo, a estrutura foi pulverizada com os inseticidas deltamethrin + pirimiphos-methyl e polvilhado com terra de diatomáceas no fundo, canaletas de aeração e bicas de descarga. Após, o silo foi preenchido com os grãos tratando 10% da massa com a terra de diatomáceas na parte inferior (900 t) e 10% na parte superior (900 t) até o completo enchimento do silo; e no silo 2, Sistema Sem Tratamento (controle ou testemunha), após ser limpo, a estrutura foi pulverizada com os inseticidas deltamethrin + pirimiphos--methyl e polvilhado com terra de diatomáceas no fundo, canaletas de aeração e bicas de descarga.

A preparação, limpeza, pulverização com inseticidas líquidos e polvilha-mento dos silos vazios foi realizada durante o mês de julho, iniciando logo em seguida o enchimento dos silos com grãos, que foi encerrado em aproxima-damente 30 dias, concluindo a instalação durante o mês de agosto. Os grãos de milho estavam com umidade média de 13% nos dois silos.

Para avaliar a presença de pragas na massa de grãos, mensalmente foi retiradaumaamostradegrãoscomauxíliodasondapneumática,afimdeanalisar diferentes pontos e profundidades na massa de grãos. A amostra foi peneirada e contado o número de insetos vivos e mortos.

Os resultados do número de insetos encontrados, durante o armazenamento dos grãos, em cada unidade armazenadora, foram registrados e representados graficamenteparaefeitodecomparaçãodostratamentosrealizados.

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Resultados e discussãoVerificou-sequehouvecontroledaspragasdegrãosarmazenadospelouso

do inseticida à base de terra de diatomáceas. Os resultados de controle varia-ram entre os diferentes sistemas de tratamento, parcial com envelopamento ou total da massa de grãos com o inseticida à base de terra de diatomáceas.

Unidade Armazenadora de Figueira do OesteO trabalho realizado mostrou que não houve controle total de insetos, em

todos os sistemas de tratamento da massa de grãos. O silo com o Sistema Tratamento Total apresentou um índice de infestação baixo em relação ao silo onde não houve aplicação de terra de diatomáceas, Sistema Sem Tratamento (Figura 1) e retardou o início da infestação. Foi observado que o tratamento com pó inerte não substituiu por completo o uso de outros métodos, pois hou-veanecessidadedefazerumexpurgocomfosfinanomilhotratado,porémsomente aos 133 dias após o enchimento (Tabela 1).

No Sistema Sem Tratamento, houve a necessidade de realizar um expurgo da massa de grãos já aos 85 dias após o enchimento do silo, e no Sistema de Envelopamento, aos 112 dias após o enchimento. Considerando o custo elevado para tratamento de um silo com massa total, o mais adequado seria otratamentopormeiodeenvelopamento,assimaparteinferiordossilosficaprotegidaetambémficaisoladaaentradadeinsetosnosilo,demonstrandoqueaterradediatomáceasdiminuisignificativamenteapresençadepragasna massa de grãos, porém não conseguiu evitar, nesta dosagem aplicada (800 g/t) que as pragas iniciassem uma infestação no milho armazenado (Tabela 1).

Asespéciesqueocorreramnasdiferentescamadasdosiloeidentificadasdurante o monitoramento foram Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrioni-dae), Oryzaephilus surinamensis (Coleoptera: Silvanidade) e Sitophilus oryzae (Coleoptera: Curculionidae), todas pragas importantes do milho armazenado (Figuras 2, 3 e 4). Considerando a presença destas espécies-praga nas dife-rentescamadasdeprofundidadedamassadegrãosnosilo,verificaram-sediferenças no local onde as espécies foram encontradas com relação direta ao tipo de tratamento aplicado no silo de grãos. No tratamento de Sistema de Envelopamento a maioria das pragas (43%) estava na camada central do silo, justamente onde não havia nenhuma proteção dos grãos com inseticida, enquanto que na camada superior e inferior do silo houve um número seme-

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Tabela1 – Número total mensal de insetos-praga de milho armazenado encontrado durante o monitoramento da massa de grãos, submetida a diferentes sistemas de tratamento com o inseticida a base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Figueira do Oeste, 2017

Fonte: Autores (2017)

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema de Envelopamento Agosto Setembro Outubro Novembro Camada superior do silo 0 0 5 12 17Camada central do silo 0 0 2 22 24Camada inferior do silo 0 0 4 11 15Total 0 0 11 45 56Observação: Efetuado expurgo com 112 dias após enchimento

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema sem Tratamento Agosto Setembro Outubro Novembro Total de insetosCamada superior do silo 0 3 13 0 16Camada central do silo 0 5 12 0 17Camada inferior do silo 0 6 17 0 23Total 0 14 42 0 56Observação: Efetuado expurgo com 85 dias após enchimento

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema Tratamento Total Agosto Setembro Outubro Novembro Total de insetosCamada superior do silo 0 0 22 3 25Camada central do silo 0 0 18 1 19Camada inferior do silo 0 0 13 1 14Total 0 0 53 5 58Observação: Efetuado expurgo com 133 dias após enchimento

lhante de insetos, 30% e 27%, respectivamente, e inferior a camada central (Figura 2). No Sistema Sem Tratamento, a maioria dos insetos foi encontrada na camada inferior do silo (41%), enquanto que na camada superior e central a quantidade de insetos foi semelhante, 29% e 30%, respectivamente, eviden-ciando que a colonização das pragas foi maior na base do silo (Figura 3). Já para o Sistema de Tratamento Total da massa de grãos, a maioria dos insetos foi encontrada na camada superior (43%), seguido pela camada central (33%) e em menor quantidade na camada inferior (24%), evidenciando um gradiente de infestação da superfície para a base do silo (Figura 4).

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Figura 2 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema de Envelopamento tratando com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Figueira do Oeste, 2017

Camada Superior do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Fonte: Autores (2017)

27% 30%

43%

Camada Central do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Camada Inferior do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

Figura 1 – Número total mensal de insetos-praga de milho armazenado encontrado durante o monitoramento da massa de grãos, submetida a diferentes sistemas de tratamento com o inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Figueira do Oeste, 2017

Agosto Setembro Outubro NovembroNúm

ero

de in

seto

s-pr

agas

por

mês 60

50

40

30

20

10

0

Período de avaliação do tratamento do milho armazenadoSistema de Envelopamento Sistema sem Tratamento Sistema Tratamento Total

Fonte: Autores (2017)

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Figura 3 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema Sem Tratamento com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Figueira do Oeste, 2017

Camada Superior do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Fonte: Autores (2017)

41% 29%

30%

Camada Central do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Camada Inferior do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

Figura 4 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema de Tratamento Total com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Figueira, 2017.

Camada Superior do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Fonte: Autores (2017)

24%

43%

33%

Camada Central do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Camada Inferior do silo: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

Unidade Armazenadora de Engenheiro Beltrão Durante o monitoramento da massa de grãos no graneleiro no mês de

agosto não foi encontrado nenhum inseto em todos os pontos de amostragem realizados com a sonda pneumática (Figura 5 e Tabela 2). No mês de setembro foi detectada a presença de insetos-praga, espécie Cryptolestes ferrugineus, somente no Sistema Sem Tratamento e no mês de outubro nos dois sistemas de tratamento foram encontrados insetos, porém em maior intensidade na cé-lula com Sistema Sem Tratamento, o que determinou a necessidade de fazer expurgocomfosfinanestaaos74diasdoenchimentocomgrãosdemilho.Nomonitoramentodenovembrofoiencontradaumainfestaçãosignificativa

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Figura 5 – Número total mensal de insetos-praga de milho armazenado encontrado durante o monitoramento da massa de grãos, submetida a diferentes sistemas de tratamento com o inseticida a base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Engenheiro Beltrão, 2017.

Agosto Setembro Outubro NovembroNúm

ero

de in

seto

s-pr

agas

por

mês 150

100

80

60

40

20

0

Período de avaliação do tratamento do milho armazenadoSistema de Envelopamento Sistema sem Tratamento

Fonte: Autores (2017)

noSistemadeEnvelopamentoquefoiimediatamenteexpurgadocomfosfinaaos 112 dias após o enchimento (Tabela 2). Adicionalmente foi realizada uma pulverizaçãosuperficialcominseticidaslíquidosparaevitarre-infestação.

As espécies encontradas nas diferentes camadas das células do graneleiro daUnidadedeEngenheiroBeltrãoeidentificadasduranteomonitoramentoforam Cryptolestes ferrugineus (Coleoptera: Cucujudade), Tribolium castaneum, Oryzaephilus surinamensis e Sitophilus oryzae, pragas do milho armazenado (Figuras 6 e 7).

No Sistema de Envelopamento houve uma predominância de insetos na camada superior, com 46%, seguido por 32% na camada central e 22% na camada inferior do silo (Figura 6). Já no Sistema Sem Tratamento (controle ou testemunha) foram encontrados 66% dos insetos na camada superior, 18% na camada central e 16% na camada inferior (Figura 7). Estes resultados evi-denciaram que houve uma infestação de pragas na massa de grãos iniciando da superfície e seguindo até a base, e que mesmo o tratamento no Sistema de Envelopamento não conseguiu evitar a infestação, embora numericamente bastante inferior nesta.

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Tabela 2 – Número total mensal de insetos-praga de milho armazenado encontrado durante o monitoramento da massa de grãos, submetida a diferentes sistemas de tratamento com o inseticida a base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Engenheiro Beltrão, 2017

Fonte: Autores (2017)

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema de Envelopamento Agosto Setembro Outubro Novembro Camada superior da célula 0 0 16 27 43Camada central da célula 0 0 8 22 30Camada inferior da célula 0 0 6 14 20Total 0 0 30 63 93Observação: Efetuado expurgo com 112 dias após enchimento

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema Sem Tratamento Agosto Setembro Outubro Novembro Total de insetosCamada superior da célula 0 28 62 0 90Camada central da célula 0 5 17 0 22Camada inferior da célula 0 6 19 0 25Total 0 39 98 0 137Observação: Efetuado expurgo com 74 dias após enchimento

Figura 6 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema de Envelopamento tratando com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Engenheiro Beltrão, 2017

Camada Superior da célula do graneleiro: Cryptolestes ferrugineus

Fonte: Autores (2017)

22%46%

32%

Camada Central da célula do graneleiro: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

Camada Inferior da célula do graneleiro: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

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Figura 7 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema Sem Tratamento com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Engenheiro Beltrão, 2017

Camada Superior da célula do graneleiro: Cryptolestes ferrugineus

Fonte: Autores (2017)

18%

66%

16%

Camada Central da célula do graneleiro: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

Camada Inferior da célula do graneleiro: Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum/Sitophilus oryzae

Unidade Armazenadora de Rio IvaíO monitoramento da presença de pragas na unidade Rio Ivaí detectou

insetos somente a partir do mês de outubro, em ambos os sistemas de aplica-ção dos tratamentos, embora no Sistema de Envelopamento a quantidade de insetos encontrada tenha sido cerca de 35% do total encontrado no Sistema Sem Tratamento (Figura 8 e Tabela 3). As espécies de pragas encontradas nasdiferentescamadasdosilodaunidadedeRioIvaíeidentificadasduran-te o monitoramento foram Cryptolestes ferrugineus, Tribolium castaneum, Oryzaephilus surinamensis e Sitophilus oryzae, pragas do milho armazenado (Figuras 9 e 10).

No Sistema de Envelopamento a maior incidência de pragas ocorreu na camada central do silo com 45% dos insetos detectados, seguido pela camada inferior com 34% e pela capada superior com 21% dos insetos, demonstrando que a camada sem nenhum tratamento permite maior infestação das pragas (Figura 9). Comparativamente o Sistema Sem Tratamento (controle ou testemu-nha) apresentou um número bem maior de insetos na massa de grãos, sendo 43% na camada inferior, 33% na camada superior e 24% apenas na camada central (Figura 10). Neste silo foi necessário fazer um expurgo da massa de grãoscominseticidafosfinaaos74diasapósoenchimento,enquantoqueno

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Figura 8 – Número total mensal de insetos-praga de milho armazenado encontrado durante o monitoramento da massa de grãos, submetida a diferentes sistemas de tratamento com o inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Rio Ivaí, 2017

Agosto Setembro Outubro NovembroNúm

ero

de in

seto

s-pr

agas

por

mês 300

250

200

150

100

50

0

Período de avaliação do tratamento do milho armazenadoSistema de Envelopamento Sistema sem Tratamento

Fonte: Autores (2017)

silo com Sistema de Envelopamento não foi preciso fazer expurgo da massa degrãos,mesmoficando196diasarmazenados.

Tabela 3 – Número total mensal de insetos-praga de milho armazenado encontrado durante o monitoramento da massa de grãos, submetida a diferentes sistemas de tratamento com o inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Rio Ivaí, 2017

Fonte: Autores (2017)

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema de Envelopamento Agosto Setembro Outubro Novembro Camada superior do silo 0 0 2 24 26Camada central do silo 0 0 8 48 56Camada inferior do silo 0 0 6 36 42Total 0 0 16 108 124Observação: Não foi efetuado expurgo durante período de armazenamento

Tratamentos Número de insetos-praga por mês Total de insetosSistema Sem Tratamento Agosto Setembro Outubro Novembro Total de insetosCamada superior do silo 0 0 32 84 116Camada central do silo 0 0 24 62 86Camada inferior do silo 0 0 42 112 154Total 0 0 98 258 356Observação: Efetuado expurgo com 74 dias após enchimento

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Figura 10 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema Sem Tratamento com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Rio Ivaí, 2017

Camada Superior da célula do graneleiro: Cryptolestes ferrugineus

Fonte: Autores (2017)

43%33%

24%

Camada Central do silo: Sitophilus oryzae/Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Camada Inferior do silo: Sitophilus oryzae/Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Figura 9 – Porcentagem de ocorrências das espécies de insetos-praga de milho armazenado, por camada de massa de grãos, em Sistema de Envelopamento tratando com inseticida à base de terra de diatomáceas. Coamo, Unidade Armazenadora de Rio Ivaí, 2017

Camada Superior do silo: Sitophilus oryzae

Fonte: Autores (2017)

34%

21%

45%

Camada Central do silo: Sitophilus oryzae/Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

Camada Inferior do silo: Sitophilus oryzae/Oryzaephilus surinamensis/Tribolium castaneum

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Considerações finaisO trabalho realizado nas três unidades armazenadoras, com tipos de

armazenamento e em diferentes localidades, mostrou um comportamento semelhante para o aparecimento de insetos-praga de milho armazenado em função dos tratamentos aplicados. Mesmo com o tratamento no Sistema de Envelopamento ou Tratamento Total da massa de grãos, houve incidência de pragas no milho. No entanto deve-se considerar o período em que estes produtosficaramarmazenadosemrelaçãoaocontroleoutestemunha.

Algumasobservaçõessãoimportantesseremconsideradasequeinfluen-ciaram os resultados obtidos nas unidades, como:

a) A dosagem de terra de diatomáceas aplicada foi de 800 g/t de grãos, consideradainsuficienteparaocontroletotaldaspragas,considerandoqueadosagem comercial deste produto é recomendada para ser usada a 1.000 g/t de grãos;

b) Tanto o tratamento total da massa de grãos quanto o sistema de en-velopamento não conseguiram evitar o surgimento de pragas, tanto que foi necessáriousaroutrométododecontrole,oexpurgocomfosfina,aumentandoos custos de controle;

c) Apósaretiradadosgrãosdoarmazenamentofoiverificadaapresençade umidade no fundo dos silos o que promoveu a inativação de parte da terra de diatomáceas aplicada, por esta ser higroscópica;

d) A infestação foi sempre maior na camada do silo ou graneleiro onde não havia o tratamento com terra de diatomáceas e/ou nos pontos de entrada de insetos, camada superior ou inferior.

Conclui-se que a dosagem de aplicação da terra de diatomáceas de 800 g/t demassadegrãosnãofoieficienteparaeliminartodasaspragasegarantiramassa de grãos isenta de infestação. No entanto, sugere-se que o trabalho seja repetido nas mesmas condições, porém com dosagens superiores a esta usada, com no mínimo 1.000 g/t da massa de grãos de milho com 13% de umidade.

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79PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 62-79. 2017

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80 PR Coop. Tecn. Cient., Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 80-91. 2017

Palavras-chave: expurgodegrãos;recirculaçãodefosfina;silometálico;armazémgraneleiro.

CooperativaCoamo

CursoPós-graduação Lato Sensu em Pós-colheita de Grãos e a Segurança Alimentar

FAG – Sescoop/PR

ResumoO expurgo ou a fumigação é uma técnica empregada para eliminar qualquer

infestação de pragas em grãos e sementes armazenadas. O inseticida indicado paraexpurgodegrãos,pelaeficácia,facilidadedeuso,segurançadeaplica-çãoeversatilidadeéogásfosfina.Dentreasprincipaispragasqueatacamos grãos armazenados estão os insetos Rhyzopertha dominica, Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum, um dos mais importantes fatores responsá-veis pelas perdas na pós-colheita. O expurgo é uma técnica empregada para eliminar qualquer infestação de pragas em grão e a distribuição homogênea do gás é de fundamental importância para que se atinjam todos os insetos. Oobjetivodestetrabalhofoideavaliaraeficáciadafosfinanocontroledaspragas de grãos armazenados, através do expurgo dos grãos em silos metáli-cosearmazémgraneleiro,comusodatécnicaderecirculaçãodefosfinacomdistribuição das pastilhas na superfície da massa de grãos. Foram realizados dois expurgos consecutivos em silo metálico com e sem recirculação, e dois expurgosemarmazémgraneleiro, come sem recirculaçãoda fosfina.Foiusado o equipamento da marca Draeger para a medição da concentração da fosfinaconectadoasmangueirasdesucçãoinseridasnamassadegrãosdosiloedoarmazém.Osresultadosmostraramqueadistribuiçãodogásfosfina,em ambos expurgos com recirculação, foi uniforme, mantendo a concentração acima de 400 ppm durante o período mínimo de 120 horas, necessária para aeficáciadotratamento.

ISRAEL CAMPOS BERNARDES1

OSVALDO GARDIN2

IRINEU LORINI3

Expurgo comparativo em silo metálico e armazém graneleiro com uso da recirculação do gás fosfina

¹Tecnólogo em Comércio Exterior pela FATEC-INTERNACIONAL. Pós-graduado em Pós-colheita de Grãos e Segurança Alimentar pela FAG. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rod. BR 466 Km 01, s/n Acesso a Manoel Ribas. 85260-000 Manoel Ribas/PR. E-mail: [email protected]²Tecnólogo em Processos Gerenciais pela UniCesumar. Pós-graduado em Pós-colheita de Grãos e Segurança Alimentar pela FAG. Coamo Agroindustrial Cooperativa. BR 466 km 01. Coamo Arroio Grande. 85200-000 Pitanga/PR. E-mail: [email protected]³ Engenheiro Agrônomo. Doutor em Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados. (Integrated Pest Management on Stored Grain) na Universidade de Londres. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa Soja). Rodovia Carlos João Strass s/n - Distrito de Warta, Caixa Postal 231. 86001-970 Londrina/ PR. E-mail: [email protected]

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Keywords: grain fumigation, phosphine recirculation, still silo; bulk warehouse.

CooperativeCoamo

CoursePostgraduate Lato Sensu in Post-Harvest Grains and Food Security

FAG – Sescoop/PR

AbstractFumigation is a technique employed to eliminate pest infestation in

stored grains and seeds. The insecticide indicated for grain fumigation for itseffectiveness,safeapplicationandversatilityisphosphine.Themainpestinfesting grain are Rhyzopertha dominica, Sitophilus zeamais and Tribolium castaneum causing the most important postharvest losses. The aim of this workwastoverifytheefficacyofthegasrecirculationinthedistributionofthe phosphine during grain fumigation. Two experiments were made in a still silo and in a bulk warehouse, with and without phosphine recirculation. The firsttwograinfumigationswereperformedwithoutgasrecirculationandtheothers two with the recirculation system working with twelve hours intervals. To measure the phosphine concentration draeger equipment was used by connecting the small plastic tubes inserted in the grain mass of the silo and the bulk warehouse previously. The results showed that the gas concentration were better in the fumigation with recirculation of gas phosphine remaining above 400 ppm of PH3 during the minimum period of 120 hours necessary forfumigationefficacy.

Comparative purge in silo and bulk warehouse with the use of phosphine gas recirculation

ISRAEL CAMPOS BERNARDES OSVALDO GARDIN IRINEU LORINI

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IntroduçãoSão muitas as espécies de insetos-pragas que se encontram em produtos

armazenados e seus derivados. Os insetos se desenvolvem em diversos tipos de ambientes, nos armazéns, em silos a granel, e em produtos ensacados, entre outros, com a proliferação de diversas espécies em produtos secos, e em ambiente escuros. (LORINI, et al., 2015)

As principais formas de controle são a limpeza com uso de água, lavando bem as estruturas que previamente foram varridas, aspiradas e todo o resíduo eliminado. Em seguida, é possível fazer a pulverização com o uso de inse-ticidas,emtodofluxo,comomoegas,correiastransportadoras,elevadores,máquinas de limpeza e pós-limpeza, no fundo dos silos e armazéns onde o produto será armazenado. Após isto, podem-se usar métodos de controle preventivo (físico ou químico) e curativo, que é o expurgo dos grãos (LORINI et al., 2015).

Senãohouverumcontroleeficazdosinsetosqueatacamosprodutosar-mazenadospodem-setersériosproblemas,como:dificuldadesemexportaçãode grãos e derivados, presença de insetos nos produtos já industrializados causando diversos transtornos no mercado consumidor, e efeitos negativos na saúde humana e animal.

O expurgo é uma técnica empregada para eliminar qualquer infestação de pragas em grãos mediante uso de gás. Deve ser realizada sempre que houver infestação no silo ou armazém. Esse processo pode ser realizado nos mais diferentes locais, desde que seja observada a perfeita vedação do local a ser expurgado e as normas de segurança para os produtos em uso. O gásintroduzidonointeriordamassadegrãosdeveficarnesseambienteemconcentração letal para as pragas. Por isso, qualquer saída ou entrada de ar deve ser vedada sempre com materiais apropriados, como lona de expurgo, não porosa (LORINI et al., 2013). O inseticida indicado para expurgo de grãos, pelaeficácia,facilidadedeuso,segurançadeaplicaçãoeversatilidade,éafosfina.Atemperaturaeaumidaderelativadoarnoarmazémaserexpur-gado,parausodafosfina,sãodeextremaimportância,poisdeterminarãoaeficiênciadoexpurgo.

Paraqueoexpurgosejaeficiente,ouseja,paraquetodasas fasesdevidadoinsetosejameliminadas,aconcentraçãodefosfinadevesermantidapor no mínimo em 400 ppm por pelo menos 120 horas (LORINI et al., 2011; 2015). A distribuição homogênea do gás é de fundamental importância, para que todos os pontos da massa sejam alcançados, controlando assim todos os

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insetos presentes no silo (LORINI, et al.,2002;2010).Arecirculaçãodefosfina durante o expurgo pode ser usada em silo metálico, onde proporcionará a eliminação de todas as pragas, nas suas diferentes formas do ciclo de vida, uniformizando a distribuição do gás em todos os pontos da massa de grãos de trigo ou milho.

Oobjetivodeste trabalhofoideavaliaraeficáciadafosfinanocontroledas pragas de grãos armazenados, através do expurgo dos grãos em silos metálicosearmazémgraneleiro,comusodatécnicaderecirculaçãodefosfinacom distribuição das pastilhas na superfície da massa de grãos.

Materiais e métodosO trabalho foi realizado em duas Unidades Armazenadoras da Coamo

Agroindustrial Cooperativa, localizadas em Arapuã e Manoel Ribas, ambas no estado do Paraná.

O primeiro experimento foi realizado em um silo metálico, contendo 9.400 t (11.750 m³) de trigo, localizado na unidade da Coamo de Arapuã, PR. Com auxílio de sonda pneumática foram feitas três perfurações na massa de grãos, sendo uma junto ao cabo central da termometria e as outras duas perfurações no primeiro e segundo cabos de termometria laterais subsequentes, à direita do silo, formando assim um triângulo. Em cada uma das três perfurações introduziram-se três mangueiras de PVC, de cores diferentes, atadas em um cabo de aço, dispostas nas profundidades de 1,0 m; 8,0 m e 17,5 m, respec-tivamente.

Neste silo foram realizados dois expurgos, sendo o primeiro sem o acio-namentodosistemaderecirculaçãodefosfinaeosegundocomosistemaderecirculaçãodegásfosfina.Afosfinafoicolocadanasuperfíciedamassade grãos, sob a lona de expurgo. Para facilitar a colocação das pastilhas de fosfinaforamabertos,comoauxílioderodos,pequenasdepressõesnasu-perfície da massa de grãos, com profundidade aproximada de 20 cm, onde foramaplicadasaspastilhasdefosfina.

Aquantidadetotaldefosfinaaplicadafoide99kg,oquecorrespondeuauma dosagem de 10,5 g de produto comercial por tonelada. Cerca de 90% daspastilhasdefosfinaforamaplicadasnasuperfíciedamassadegrãose10% nos dutos de aeração e registros de descarga do silo. Para a vedação doexpurgonosiloutilizaram-selonasprópriasdeexpurgo,fitasadesivase“cobrasdeareia”comopesosauxiliaresparafixaralona.

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A medição da concentraçãodefosfinafoirealizadacomauxíliodemedidordefosfina,modeloDraeger,comsensibilidadede1,0ppmelimitesuperiordemedição de 2.000 ppm, pelo acoplamento do aparelho em cada mangueira instalada no silo. Após 3 horas do término do expurgo foi efetuada a primeira medição de concentração e 3 horas após esta a segunda medição. As demais medições foram efetuadas nos horários determinados das 9 e 16 horas, todos os dias, durante os 10 dias do expurgo.

Um segundo experimento foi feito em um armazém da unidade da Coamo de Manoel Ribas/PR. Neste armazém, o trabalho foi realizado em uma célula de armazenagem de 1.100 t de milho, onde foi usada a metodologia seme-lhante àquela descrita no primeiro experimento. O sistema de recirculação do gásfosfinafoiinstaladonasuperfíciedamassadegrãoscomtubosemPVCde 50 mm de diâmetro, em formato de antena de TV, com vários furos de 4 mm na parte inferior do tubo, espaçados de 1,0 m. Foram feitas quatro perfu-rações na massa de grãos, com auxílio de uma sonda pneumática, sendo a primeira perfuração junto ao cabo central da termometria, a segunda próximo ao fosso central do armazém, a terceira junto ao cabo de termometria à direita da célula, formando uma triangulação, e a quarta perfuração junto à escada de acesso a célula. Em cada uma das quatro perfurações introduziram-se três mangueiras de PVC, de cores diferentes, atadas em um cabo de aço, dispostas nas profundidades de 1,0 m, 4,2 m e 8,2 m, na perfuração central; de 1,0 m, 5,4 m e 10,6 m no fosso do armazém; de 1,0 m, 2,4 m e 4,6 m no cabo da termometria a direita da célula, e no cabo da escada de acesso a célula.Aquantidadetotaldefosfinaaplicadafoide9,9kg,oquecorrespondeua uma dosagem de 9,0 g de produto comercial por tonelada. Cerca de 90% daspastilhasdefosfinaforamaplicadasnasuperfíciedamassadegrãose 10% nos dutos de aeração da célula. Para a vedação do expurgo no silo utilizou-selonasprópriasdeexpurgo,fitasadesivase“cobrasdeareia”comopesosauxiliaresparafixaralona.

Em ambos experimentos, na parte externa da célula ou silo, foi instalado oaparelho recirculadorde fosfinaque interligouodutodeaeraçãocomasuperfície da massa de grãos. Foram usadas mangueiras siliconadas com diâmetro de 50 mm, conectadas ao centro da tubulação na superfície entre a massa de grãos e a lona de expurgo da superfície. Esse sistema funcionou sementradadearexterno,ouseja,arecirculaçãofoiretirandoogásfosfinada superfície para o duto de aeração. O recirculador permaneceu ligado por 12 horas a cada dia do expurgo.

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Osresultadosdaconcentraçãodefosfinaem cada ponto de medição nas profundidades de cada mangueira instalada, em ambos os experimentos, foramregistradoserepresentadosgraficamenteparaefeitodecomparaçãodossistemascomesemrecirculaçãodefosfinaduranteosexpurgosdegrãos.

Resultados e discussãoO resultado dos diferentes expurgos realizados nas duas unidades, em silo

metálico e em armazém graneleiro, com a medição da concentração do gás fosfina,demonstrouseromelhorcaminhoparasefazerumexpurgoeficiente(Figuras1a9).Adistribuiçãoda fosfina,medidaemexpurgoscomesemrecirculação do gás, permitiu comparar com a referência técnica de 400 ppm de PH3 por um período mínimo de 120 horas (LORINI et al., 2015).

No primeiro expurgo, em silo metálico (Figuras 1 e 2) e em célula do ar-mazém graneleiro (Figuras 6 e 7), em ambos experimentos sem recirculação dafosfina,houveliberaçãodafosfinanosdiferentespontosdemediçãodaconcentração, chegando à concentração superior aos 400 ppm em alguns momentos, porém com muita demora em atingir esta concentração mínima edispersanointeriordamassadegrãos,comdificuldadedemanteros400ppm pelo período mínimo de 120 horas.

No segundo expurgo, em ambos os experimentos, realizado com recir-culaçãodafosfinaemsilometálico(Figuras3a5)eemcéluladoarmazémgraneleiro(Figuras8e9),amediçãodaconcentraçãodefosfinaficoubemdistribuída em toda massa de grãos, com concentração superior aos 400 ppm pormaisde120horas,caracterizandooexpurgocomoeficienteparaocontrolede todas as fases das pragas de grãos armazenados.

Arecirculaçãodogásfosfinanamassadegrãoproporcionamelhoruni-formização, fazendo com que o gás chegue a todos os pontos do silo ou ar-mazém,ocupadoscomamassadegrãos,garantindoaeficáciadoprocesso.Estauniformidadededistribuiçãodafosfinapermiteeliminartodososfocosdepragas,oqueminimizaaocorrênciadeinsetosresistentesaogásfosfina,como já detectada em raças de R. dominica (LORINI et al., 2007).

É possível conseguir sucesso no expurgo, porém, alguns detalhes devem ser seguidos com rigor, e um desses detalhes é a vedação, ou a hermeticidade, poissehouvervazamentosdegásoresultadodotrabalhopoderáficarprejudi-cado,gerandomaisgastoseretrabalhodesnecessários.Umaboaverificaçãona lona e demais equipamentos é de extrema importância.

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Figura1–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades, durante o expurgo em silo metálico de 9.400 t, com distribuição das pastilhas de fosfinanasuperfíciedamassadegrãossemcirculaçãodafosfina.Coamo,Arapuã/PR,2016

Con

cent

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

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400

0

Cabo central 1 m prof. Cabo central 8,5 m prof. Cabo central 17 m prof.

Fonte: Autores (2017)

Figura2–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades, durante o expurgo em silo metálico de 9.400 t, com distribuição das pastilhas de fosfinanasuperfíciedamassadegrãossemcirculaçãodafosfina.Coamo,Arapuã/PR,2016

Con

cent

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3 (p

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

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1.200

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2º Cabo a direita 1 m prof. 2º Cabo a direita 8,5 m prof. 2º Cabo a direita 17 m prof.

Fonte: Autores (2017)

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Figura3–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,duranteoexpurgoemsilometálicode9.400t,comdistribuiçãodaspastilhasdefosfinanasuperfíciedamassadegrãoscomosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,Arapuã/PR,2016

Con

cent

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3 (p

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

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400

0

Fonte: Autores (2017)

Cabo central 1 m prof. Cabo central 8,5 m prof. Cabo central 17 m prof.

Figura4–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,durante o expurgo emsilometálico de 9.400 t, comdistribuição das pastilhas de fosfinanasuperfíciedamassadegrãoscomosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,Arapuã/PR,2016

Con

cent

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PH

3 (p

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

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2º Cabo a direita 1 m prof. 2º Cabo a direita 8,5 m prof. 2º Cabo a direita 17 m prof.

Fonte: Autores (2017)

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Figura5–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,durante o expurgo emsilometálico de 9.400 t, comdistribuição das pastilhas de fosfinanasuperfíciedamassadegrãoscomosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,Arapuã/PR,2016

Con

cent

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

800

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0

1º Cabo a direita 1 m prof. 1º Cabo a direita 8,5 m prof. 1º Cabo a direita 17 m prof.

Fonte: Autores (2017)

Figura6.–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,duranteoexpurgoemarmazém/célulade1.100t,comdistribuiçãodaspastilhasdefosfinanasuperfíciedamassadegrãossemosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,ManoelRibas/PR,2016

Con

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3 (p

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

800

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Fonte: Autores (2017)

Cabo lateral 1 m prof. Cabo lateral 8,5 m prof. Cabo lateral 17 m prof.

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Figura7–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,duranteoexpurgoemarmazém/célulade1.100t,comdistribuiçãodaspastilhasdefosfinanasuperfíciedamassadegrãossemosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,ManoelRibas/PR,2016

Con

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PH

3 (p

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

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Fonte: Autores (2017)

Cabo escada 1 metro Cabo escada 2,4 metros Cabo escada 4,6 metros

Figura8–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,duranteoexpurgoemarmazém/célulade1.100t,comdistribuiçãodaspastilhasdefosfinanasuperfíciedamassadegrãoscomosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,ManoelRibas/PR,2016

Con

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

800

400

0

Fonte: Autores (2017)

Cabo lateral 1 metro Cabo lateral 2,4 metros Cabo lateral 4,6 metros

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Considerações finais O expurgo é uma técnica mundialmente usada no controle de pragas

deprodutosarmazenados,eparaeficáciadoprocessoénecessárioqueaconcentração do gás permaneça superior a 400 ppm pelo período mínimo de 120 horas em todos os pontos da massa de grãos. Esta foi conseguida mais rapidamentecomatécnicaderecirculaçãodefosfinaduranteoexpurgo,quepermitiu atingir a concentração necessária em menor tempo e de forma uni-forme em toda massa de grãos, garantindo a eliminação de todas as formas de vida das pragas de produtos armazenados.

O controle de pragas nos silos e armazéns requer uma análise criteriosa do ambiente físico e das condições de higienização do armazenamento, visando prevenir a infestação de pragas nos grãos.

Ametodologiaadotadaparaessetrabalhopermitiu,alémdaeficácianocontrole das pragas, a agilidade do processo com diminuição do tempo de exposiçãodosoperadoresaogásfosfina(PH3),diminuindoosriscosdecon-taminação dos aplicadores.

Figura9–Monitoramentodaconcentraçãodafosfina(PH3)medidaemdiferentesprofundidades,duranteoexpurgoemarmazém/célulade1.100t,comdistribuiçãodaspastilhasdefosfinanasuperfíciedamassadegrãoscomosistemaderecirculaçãodafosfina.Coamo,ManoelRibas/PR,2016

Con

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3 (p

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3 6 22 29 46 53 70 77 94 101 118 125 142 149 166 173 190 197 214 221 238 245

Tempo de exposição dos grãos ao PH3 (horas)

2.000

1.600

1.200

800

400

0

Fonte: Autores (2017)

Cabo central 1 metro Cabo central 4,20 metros Cabo central 8,20 metros

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ReferênciasLORINI, I.; COLLINS, P. J.; DAGLISH, G. J.; NAYAK, M. K.; PAVIC, H.

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LORINI, I.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; HENNING, A. A. Expurgo da semente de soja com fosfina e seu efeito na qualidade fisiológica. Série Sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2013. 12p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 97).

LORINI, I.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; HENNING, A. A.MonitoramentodaliberaçãodogásPH3porpastilhasdefosfinausadaspara expurgo de sementes. Informativo Abrates, Londrina, PR, v. 21, n. 3, p. 57-60, 2011.

LORINI, I.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; HENNING, A. A. Principais pragas e métodos de controle em sementes durante o arma-zenamento. Série Sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2010. 12 p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 73).

LORINI, I.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; HENNING, A. A.; HENNING, F. A. Manejo Integrado de Pragas de Grãos e Sementes Armazenadas. Brasília, DF: Embrapa, 2015. 81 p.

LORINI, I.; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V. M. Armazenagem de grãos. Cam-pinas: IBG, 2002. 983p.

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Palavras-chave: silos; farinha; características do grão.

ResumoA qualidade de grãos e farinhas de cereais é determinada por uma varie-

dadedecaracterísticasqueassumemdiferentessignificados,dependendodadesignação de uso ou tipo de produto e também com a interação que a cultura sofre no campo, e durante o armazenamento e moagem. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar se a movimentação do produto através de transilagem e o tempodearmazenageminfluenciamnamelhoriadascaracterísticasdogrãopara produção de farinha. Para tanto foram realizados testes para avaliar a evolução da Força do Glúten (W) e Número de Queda (FN), em 02 silos de armazenagem, sendo que em um silo de 3.300 toneladas foi feita a movimen-tação através do processo de transilagem em um período de armazenamento entre 0, 60 e 90 dias e em outro silo de 6.000 toneladas sem movimentação em um período de 0, 90, 210 e 300 dias. A movimentação do produto por 90 dias nãoalterouascaracterísticasdotrigo.Jáotempodearmazémteminfluêncianas características reológicas do trigo, que apresentaram melhora na força do glúten e estabilidade.

IVALDO MOURA DE OLIVEIRA1

WELINGTON FLAUSINO DE SOUZA2 CAROLINA MARIA GASPAR DE OLIVEIRA3

Qualidade da força do glúten (w) e número de queda (fn) do trigo em função da transilagem e tempo de armazenagem

1Bacharel em Administração. Pós-graduado em Administração Estratégica e Marketing. Pós-graduado em Pós- colheita de Grãos e a Segurança Alimentar. Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rua Euclides da Cunha,170. 85200-000 Pitanga-PR. E-mail: [email protected] ²Bacharel em Ciências Contábeis. Pós-graduado em Pós-colheita de Grãos e a Segurança Alimentar, Coamo Agroindustrial Cooperativa. Rua 5 de Julho,443. 85260-000 Manoel Ribas/PR. E-mail: [email protected]³Engenheira Agrônoma. Pesquisadora Doutora Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). 86047-902 Londrina/PR. E-mail: [email protected]

CooperativaCoamo

OrientadorCarolina Maria Gaspar de Oliveira

CursoPós-graduação Lato Sensu em Pós-colheita de Grãos e a Segurança Alimentar

FAG – Sescoop/PR

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Keywords: silos;flour;graincharacteristics.

AbstractThe quality of grains and cereal flours is determined by a variety of

characteristicsthatassumedifferentmeaningsdependingonthedesignationof use or type of product and also on the interaction that the crop undergoes inthefield,andduringthestorageandgrinding.Thus,theobjectiveofthework was to evaluate if the movement of the product through grains aeration andthetimeofstorageinfluencetheimprovementofthecharacteristicsofthe grain. For this purpose, tests were carried out to evaluate the evolution of the Gluten Strength (W) and Falling Number (FN), in 2 storage silos, being one silo of 3,300 tons that was moved through the process of aeration in a period of storage between 0, 60 and 90 days, and in another silo of 6,000 tons without movement in a period of 0, 90, 210 and 300 days. The movement of the product for 90 days did not alter the characteristics of the wheat. The storagetimehasinfluenceontherheologicalcharacteristicsofthewheat,which showed improvement in gluten strength and stability.

Wheat gluten strength (w) and falling number (f) according to transilation and storage time

IVALDO MOURA DE OLIVEIRA WELINGTON FLAUSINO DE SOUZA CAROLINA MARIA GASPAR DE OLIVEIRA

CooperativeCoamo

AdvisorCarolina Maria Gaspar de Oliveira

CoursePostgraduate Lato Sensu in Post-Harvest Grains and Food Security

FAG – Sescoop/PR

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1. IntroduçãoA cultura do trigo ocupa 20% de toda a área cultivada no mundo, e segun-

do estimativa da USDA a safra mundial da cultura foi estimada em 748,24 milhões de toneladas para 2017, apresentando um crescente aumento de demanda ao longo dos anos. Pesquisas com sementes, permitiram aumentar a área plantada e o rendimento da cultura, e hoje o Brasil produz cerca de 6 milhões de toneladas importando mais 4 milhões para atender o consumo (ABITRIGO, 2016).

Toda essa importância é devido ao seu principal produto: a farinha de trigo. Este é um alimento rico em nutrientes e seus derivados são fontes de carboi-drato,vitaminaB,proteínaseminerais,zincoefibra.Poressarazãopossuiimportante papel no aspecto econômico e nutricional da alimentação humana, sendo largamente utilizada na indústria alimentícia (FERREIRA, 2003).

As características nutricionais e tecnológicas da farinha de trigo sofrem inter-ferência direta da qualidade dos grãos utilizados como matéria-prima (FERREI-RA, 2003; GIECO; DUBKOVSKY; CAMARGO, 2004). Já a qualidade do grão de trigo resulta da interação que a cultura sofre no campo, do manejo da cultura, do cultivar, bem como das operações de colheita, armazenamento e moagem (EDWARDS, 2004). Em condições inadequadas de manejo o trigo pode sofrer alterações em suas propriedades físicas, químicas e reológicas, reduzindo o valor comercial e a funcionalidade da farinha (FLEURAT-LESSARD, 2002).

A cada ano a necessidade de melhoria da qualidade do grão para os moi-nhos vem crescendo em função das exigências de mercado e do consumidor. Anovanormativadeclassificaçãodotrigobrasileiro(BRASIL,2010)elevouos padrões qualitativos para a comercialização do produto, sendo que três parâmetros de qualidade são levados em consideração: Força de Glúten (W), Estabilidade (EST) e Número de Queda (FN). O enquadramento de um genótipo é com base na maior frequência de suas análises numa determinada classe. Estima-se que o trigo do Paraná seja aproximadamente 45% pão e melhorador, 35% doméstico e 20% básico (CONAB, 2017).

Assim, após a colheita algumas medidas devem ser adotadas para garantir a manutenção da qualidade dos grãos: entre elas destacam-se o cuidado de não misturar grãos de cultivares diferentes, nem com número de queda dis-tintos, além disso é necessário controlar a umidade na recepção dos lotes e não misturar lotes com teores de água diferentes. Ainda, durante o processo de secagem não se deve utilizar temperatura superior a 60 °C, para evitar

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a perda de qualidade. Também, devem-se controlar os insetos e pragas no armazenamento (MÓDENES et al., 2009).

A qualidade da farinha produzida não depende apenas dos fatores rela-cionados à produção e moagem dos grãos (PIROZI; GERMANI, 1998). Um importanteagentemodificadordestaqualidadeéotempoquesepassadesdeaproduçãoatéoconsumodafarinha.Estetempo,emqueoprodutoficaarma-zenado, pode favorecer a sua maturação, alterando com isso as características de determinados componentes de qualidade (POMERANZ, 1978).

PirozieGermani(1998)afirmaramqueomecanismodoprocessodematu-ração ainda não é totalmente compreendido, mas é aceito que os grupos tióis (-SH) presentes na proteína do trigo sofrem oxidação, favorecendo a formação de pontes dissulfídicas, que fortalecem o glúten e aumentam a capacidade elástica da massa. Tal oxidação seria promovida pelo oxigênio atmosférico e/ou pela pre-sença de ácidos graxos livres, cuja concentração aumenta na farinha durante o armazenamento (HALTON et al, 1973; CUENDET et al, 1954; TSEN et al, 1963).

Os resultados obtidos por Cosgrove (1972) demonstraram que após o arma-zenamento da farinha houve um aumento na absorção do oxigênio do ar pelas massas formadas. O aumento da acidez da farinha com o armazenamento é também frequentemente relatado pelos pesquisadores, e está provavelmente associado à hidrolise dos lipídeos, que produz ácidos graxos livres (CLAYTON; MORRISON, 1972). As presenças destes ácidos graxos também favorecem as reações de oxidação na farinha (ARAÚJO; CIACCO, 1992).

Entretanto, poucas são as informações sobre a melhora nas características da qualidade da farinha quando o grão é armazenado. Kosmin (1935), citado por Pirozi (1995), observou que após 3 meses de armazenamento as farinhas fracas apresentaram glúten de qualidade similar ao das farinhas fortes recém--moídas, e com a remoção dos ácidos graxos livres da farinha, as amostras apresentaram novamente suas características originais, concluindo que os produtos da hidrólise natural dos lipídeos são a causa direta da maior força do glúten com a armazenagem. Pirozi (1995) observou que após o armazena-mento não houve alteração do teor de proteína, o teor de glúten diminuiu com o armazenamento e a força do glúten (W) aumentou com o armazenamento.

As mudanças nas propriedades reológicas do trigo estão relacionadas com a qualidade do glúten e suas alterações durante a maturação. A extensabilida-de normalmente diminui e a elasticidade aumenta (CENKOWSKI et al, 2000; HRUŠKOVÁ; MACHOVÁ, 2002). De forma geral a massa se torna menos

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pegajosa e sua habilidade de segurar os gases da fermentação aumentam. Durante a maturação da farinha a absorção de água aumenta, a atividade amilolítica se torna menor e a temperatura da gelatinização do amido aumenta (WANG; FLORES, 1999).

Assim as mudanças a que estão suscetíveis os grãos de trigo afetam suas características e propriedades reológicas, sendo fundamental a realização de testes laboratoriais que possibilitem determinar essas propriedades. Entre esses testes destacam-se a Força de Glúten (W) e o Número de Queda (FN), os quais além de fornecer informações sobre a qualidade da farinha para a panificação,podemauxiliartambémnatomadadedecisãodoprodutoduranteo armazenamento

Os testes físico-químicos utilizados da qualidade de trigo são: peso hectoli-tro, peso de mil grãos, dureza de grãos, proteínas, cinzas ou resíduo mineral, entre outros. Os testes reológicos utilizados na análise de qualidade do trigo pelo mercado são: Número de Queda (FN), Teor de Glúten (Glúten seco e úmido)eAlveografia(MÓDENESetal.,2009).

O Número de Queda (FN) mede a intensidade de atividade da enzima α-amilasenogrão,sendooresultadoexpressoemsegundos.Altosvaloresindicam baixa atividade dessa enzima, enquanto baixos valores indicam alta atividade, situação que comumente resulta do processo de germinação da espiga. Em clima quente e úmido, durante a maturação do grão, a atividade deα-amilaseaumenta.Pãeselaboradoscomfarinhaquepossuemaltaativi-dade enzimática (FN < 200 s) tendem a apresentar miolo escuro e pegajoso (MÓDENES et al., 2009). O mercado atual requer produto com qualidade FN > que 300s e W > que 300.

AAlveografia simula o comportamento damassa na fermentação.Ascaracterísticas visco elásticas da farinha de trigo podem ser avaliadas por diferentesparâmetrosdeAlveografia.Aenergiadedeformaçãodamassaouforça de glúten (W) representa o trabalho de deformação da massa e indica aqualidadepanificativa da farinha; este teste correspondea um trabalhomecânico necessário para expandir a bolha até a ruptura, expressa em 10-4 J (MÓDENES et al., 2009).

A Tenacidade (P) mede a sobre pressão máxima exercida na expansão da massa, expressa em mm, e corresponde a uma medida da capacidade de absorção de água da farinha. A extensibilidade da massa (L) é usada para predizer o volume do pão, juntamente com o teor de proteína e representa a capacidade de extensão da massa, sem que ele se rompa. Um alto grau

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de extensibilidade está associado a um baixo rendimento de farinha. A rela-ção tenacidade/extensibilidade (P/L) expressa o equilíbrio da massa. Para a fabricação de pães, o ideal são farinhas balanceadas com uma relação P/L entre 0,50 e 1,20 e para massas alimentícias secas, farinha tenaz (P/L > 1,21) (MÓDENES et al., 2009).

Dessa forma o objetivo deste trabalho foi avaliar se a movimentação do produtoatravésdetransilagemeotempodearmazenageminfluenciamnamelhoria das características do grão para a produção de farinha.

2. Materiais e métodos O experimento foi realizado em duas unidades da Coamo, onde foram

coletadas amostras de grãos de trigos de dois silos. A metodologia adotada foi uma pesquisa de caráter exploratório, a qual foi realizada em duas etapas.

No primeiro experimento foram utilizados grãos de um silo metálico com 3.300 toneladas de trigo em grãos, lote pool com variedades predominantes de qualidade superior safra 2015/2015 na cidade de Pitanga, região central do Paraná na unidade da Coamo de Pitanga I.

No segundo experimento utilizaram-se grãos de um silo metálico com capacidade de 6.000 toneladas de trigo em grãos, lote pool com variedades predominantes de qualidade superior safra 2015/2015 na cidade de Manoel Ribas, região central do Paraná em unidade da Coamo de Furnas.

Depoisderetiradasedefinidasasamostras,estasforamencaminhadaspara o laboratório Coamo para caracterização das mesmas pela análise do teor de água e peso hectolitro.

O teor de água foi conduzido por gravimetria utilizando-se estufa a 105 ± 3 °C, durante 24 horas. O peso hectolitro foi realizado determinando-se a massa de 100 litros, expressa em quilogramas por hectolitro (Kg/hL), utilizando-se balançapara pesoespecífico, de acordo comametodologia descrita nasRegras para Análises de Sementes (BRASIL, 2009).

2.1 Amostragem2.1.1 Experimento 1Foram realizadas amostragens nos tempos inicial (Tabela 1), com 60 dias

sem movimentação (Tabela 2) do produto, 60 dias com movimentação de produto (Tabela 3) e 90 dias com movimentação (Tabela 4).

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Fonte: Autores

Tabela 1 – Caracterização das amostras coletadas no tempo inicial

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 2/8 03/10/15 500 13,00 77,00

02 2/8 07/10/15 500 13,00 77,00

03 2/8 07/10/15 500 12,90 76,00

04 2/8 08/10/15 1000 13,00 77,00

05 2/8 26/10/15 500 13,00 77,00

Média 12,98 76,83

Com exceção da amostragem no tempo inicial, que foi feita no enchimento do silo, as demais foram realizadas com utilização de sonda pneumática.

Fonte: Autores

Tabela 2 – Caracterização das amostras coletadas no tempo 60 dias sem movimentação

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 2/8 08/12/15 700 13,30 78,00

02 2/8 08/12/15 600 13,10 78,00

03 2/8 08/12/15 600 13,00 78,00

04 2/8 08/12/15 600 13,40 78,00

05 2/8 08/12/15 700 13,50 78,00

Média 13,27 78,00

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Tabela 3 – Caracterização das amostras coletadas após a movimentação da transilagem do silo 08 para aos 60 dias de armazenagem

Fonte: Autores

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 2/9 10/12/15 500 13,30 78,00

02 2/9 10/12/15 500 13,20 78,00

03 2/9 11/12/15 500 13,20 78,00

04 2/9 12/12/15 500 13,30 78,00

05 2/9 14/12/15 500 13,00 78,00

06 2/9 15/12/15 500 13,20 78,00

07 2/9 15/12/15 300 13,20 78,00

Média 13,20 78,00

Através de fitas e elevadores de canecas transportadoras (capacidadenominal de 120 tonelada/hora e com capacidade de trabalho de 95 tonelada/hora), foi efetuada movimentação do produto através de transilagem do Silo 08 para o Silo 09 na mesma Unidade Coamo Pitanga I.

A cada 15 minutos, ou seja, a cada 24 toneladas foi retirado uma sub - amostra de 500 gramas ao completar 500 toneladas compondo uma amostra (Tabela 3).

No momento do embarque foram coletadas as amostras após 90 dias de recebimento e após 45 dias da sua movimentação (Tabela 4).

Fonte: Autores

Tabela 4 – Caracterização das amostras coletadas após 90 dias de recebimento e após 45 dias da sua movimentação

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 2/9 20/01/16 872 13,00 79,00

02 2/9 07/10/15 700 13,00 79,00

03 2/9 07/10/15 966 12,90 79,00

04 2/9 08/10/15 806 13,00 78,00

Média 12,97 78,76

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2.1.2 Experimento 2A amostragem no tempo inicial foi conduzida durante o enchimento do silo,

coletando-se amostras a cada 1.000 toneladas até o seu completo enchimen-to (Tabela 5). As demais amostras foram coletadas utilizando-se uma sonda pneumática aos 60 dias (Tabela 6), aos 210 dias (Tabela 7) e após 300 dias do recebimento (Tabela 08). Todas as amostras coletadas foram analisadas como descrito no Experimento 1.

Fonte: Autores

Tabela 5 – Caracterização das amostras coletadas no período de enchimento do silo (tempo inicial)

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 1/2 20/09/15 1000 12,60 78,00

02 1/2 21/09/15 1000 12,20 78,00

03 1/2 22/09/15 1000 12,50 78,00

04 1/2 23/09/15 1000 12,60 79,00

05 1/2 24/09/15 1000 12,00 79,00

06 1/2 25/09/15 1000 12,90 79,00

Média 12,50 78,50

Fonte: Autores

Tabela 6 – Caracterização das amostras coletadas com sonda pneumática após 60 dias de armazenagem

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 2/2 11/12/15 1500 13,00 78,00

02 2/2 11/12/15 1500 13,00 78,00

03 2/2 11/12/15 1500 13,00 78,00

04 2/2 11/12/15 1500 13,00 78,00

Média 13,00 78,00

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Fonte: Autores

Tabela 7 – Caracterização das amostras coletadas com sonda pneumática após 210 dias de armazenagem

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 2/2 29/04/16 1500 13,10 78,00

02 2/2 29/04/16 1500 12,90 78,00

03 2/2 29/04/16 1500 13,00 78,00

04 2/2 29/04/16 1500 12,70 78,00

Média 12,93 78,00

Fonte: Autores

Tabela 8 – Caracterização das amostras coletadas no período do embarque após 300 dias do recebimento

Amostra Armazém Data Quantidade Teor de água Peso hectolitro (Kg) (%) (Kg/hL)

01 1/2 01/08/16 1500 13,10 78,00

02 1/2 01/08/16 1500 13,20 78,00

03 1/2 01/08/16 1500 13,00 78,00

04 1/2 01/08/16 1500 12,60 78,00

Média 12,98 78,00

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2.2 Avaliação da Qualidade do Trigo O efeito do armazenamento na qualidade do trigo foi avaliado pelas se-

guintes análises:O Número de Queda (FN) para os grãos e para a farinha foi obtido através

da mensuração da capacidade da enzima alfa-amilase em liquefazer um gel de amido, sendo realizada a tomada de tempo (em segundos) requerida à misturaparapermitiraquedadoagitadoratéumadistânciafixa,sobumgelaquoso do triturado do grão ou da farinha submetido (a) a uma temperatura constante de 100 °C (AACC, 1995).

TestedeAlveografia:FoirealizadonoalveógrafoChopin,utilizando-sedeum pequeno disco feito com a massa, de circunferência e espessura uniformes, noqualoarfoiinflado,sobpressãoconstante,paraformaçãodeumabolhade massa, até sua ruptura. Por meio de um manômetro, registraram-se as di-ferentes pressões, construindo-se uma curva chamada alveograma, na qual o comprimento da curva denomina-se extensibilidade (L), sua altura, tenacidade (P) e a área circunscrita pela curva, força geral do glúten (W) (AACC, 1995).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância com o teste F. Quandoalcançadaasignificânciaestatística,asmédiasdoscultivaresforamcomparadas pelo teste de Scott-Knott a 5%.

3. Resultados e discussão3.1 Experimento 1Analisandoos resultadosobtidosnoexperimento1 verifica-sequenão

ocorreuvariaçãosignificativadequalidadedogrãoeda farinhaduranteoarmazenamento por 90 dias (Tabela 9). Além disso, também não houve dife-rença estatística nos valores antes e depois da transilagem (movimentação).

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103Paraná Cooperativo Técnico e Científico. Curitiba, v. 13, ed. esp. 17, p. 92-110. 2017

Entretanto, a partir de 60 dias de armazenamento foi possível observar um aumento do FNT e do P/L e diminuição da estabilidade, os quais, apesar de não diferirem estatisticamente dos valores no tempo inicial, podem indicar uma melhora na qualidade do grão após o armazenamento.

EssesresultadoscorroboramcomMódenesetal.(2009),osquaisafirma-ram qeu um aumento no número de queda indica diminuição da atividade da enzimaα-amilase,melhorandoaqualidadedafarinha.Jáomaiorvalordarelação P/L indica maior tenacidade em relação a extensibilidade, o que não é vantajoso, já que o ideal são farinhas balanceadas, com uma relação P/L entre 0,50 e 1,20.

Módenes et al. (2009) também observaram uma leve tendência de aumento na tenacidade e uma pequena redução da extensibilidade com o tempo de armazenamento,eafirmaramquequeasvariaçõesqueocorremnasanálisesdatenacidadeedaextensibilidadenãosãosignificativasdopontodevistada indústria moageira. Resultados similares foram obtidos por Pirozi (1995) e Pirozi e Vilela (1998) que também observaram uma pequena redução na extensibilidade da massa.

Fonte: Autores

Tabela 9 – Dados médios de Número de Queda da farinha (FNF), em segundos; Número de Queda dos grãos de trigo (FNT), em segundos; força do glúten (W); tenacidade/extensibilidade (P/L); e estabilidade (EST), de amostras de trigo antes do armazenamento (0), e armazenadas 60 dias sem movimentação (60 SM), armazenadas por 60 dias após movimentação (60 AM), e após 90 dias do início da armazenagem (90)

Tempo (dias) FNF FNT W P/L EST

0 310 a* 290 a 268 a 1,80 a 7,72 a

60 SM 325 a 345 a 276 a 2,83 a 5,16 a

60 AM 327 a 347 a 257 a 3,30 a 6,25 a

90 316 a 318 a 255 a 2,52 a 7,90 a

CV% 6,20 11,56 9,07 34,28 42,67

* Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.

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Fonte: Autores

Tabela 10 – Dados médios de Número de Queda farinha (FNF), em segundos; Número de Queda trigo (FNT), em segundos; força do glúten (W); tenacidade/extensibilidade (P/L); e estabilidade (EST), de amostras de trigo armazenadas por diferentes períodos (Tempo).

Tempo (dias) FNF FNT W P/L EST

Inicial 335,00 c* 326,50 c 229,70 b 1,20 b 9,60 b

90 363,25 b 342,25 c 292,50 a 1,86 a 12,50 b

210 375,25 a 406,75 b 281,75 a 1,64 a 15,50 a

300 400,00 a 485,00 a 304,25 a 1,42 b 17,10 a

CV% 4,77 9,45 10,88 12,54 16,10

* Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.

Contudo, essas pequenas variações estão dentro da margem de erro permissível da análise.

Outros autores também não observaram alteração na força do glúten com o armazenamento, é o caso de Módenes et al. (2009), que armazenaram os grãospor150dias.Eles tambémnãoverificaramevoluçãononúmerodequeda (FN). Os mesmos autores concluíram que devido a isso não existe a necessidade de retardar a aquisição e o uso do trigo na colheita. Desta forma, pode-se reduzir o custo de produção da farinha, pois, além da redução do custo com armazenamento, na época da colheita, normalmente, os preços tendem a baixar devido à maior disponibilidade de produto.

Entretanto, existem outros estudos que indicam a melhora na qualidade do grão com o armazenamento. O que indica que pode ter havido pouco tempo de armazenamento, havendo a necessidade de avaliar os parâmetros por um período maior.

3.2 Experimento 2Neste experimento com maior período de armazenagem, de cerca de 300

dias,pode-seobservarquehouvediferençaestatísticasignificativaentreosparâmetros avaliados (Tabela 10).

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Entre os resultados destaca-se maior valor do número de queda tanto para a farinha, quanto para o grão (FNF e FNT) e aumento da força do glúten com oarmazenamento,osquaissãoosprincipaisfatoresparaaclassificaçãodotrigo (Módenes et al., 2009).

Esses resultadosconcordamcomPomeranz (1978)queafirmaramqueo armazenamento do trigo pode favorecer a sua maturação, alterando com isso as características de determinados componentes de qualidade. Assim, maioresvaloresdenúmerodequedaforamverificadosparaafarinhaeparao trigo a partir de 210 dias de armazenamento. Em relação a força de glúten, esse aumento foi observado aos 90 dias de armazenamento.

Resultados semelhantes foram observados por Cuendet et al. (1954), que atribuíram tais alterações às reações oxidativas das proteínas e lipídeos da farinha de trigo, fortalecendo consideravelmente o glúten. De acordo com vários autores essa melhora nas condições do trigo pode ser explicada pela hipótese que os grupos tióis (-SH) presentes na proteína do trigo sofrem oxida-ção, favorecendo a formação de pontes dissulfídicas, que fortalecem o glúten e aumentam a capacidade elástica da massa. Tal oxidação seria promovida pelo oxigênio atmosférico e /ou pela presença de ácidos graxos livres, cuja concentração aumenta na farinha durante o armazenamento devido a hidrólise dos lipídeos da membrana, devido ao processo natural de deterioração da membrana (HALTON et al., 1973; CUENDET et al., 1954; TSEN et al., 1963; PIROZI; GERMANI, 1998; MARION; CLARK, 2000).

Destaca-se que de acordo com Hrušková e Machová (2002) o tempo ne-cessário para a ótima maturação depende tanto das características da farinha e das condições de armazenamento. Farinhas fracas normalmente precisam de um tempo maior, mas farinhas com alto conteúdo de cinzas alcançam as características ótimas antes. Os mesmos autores observaram que os parâmetrosanalíticosealveográficosdafarinhadetrigoforaminfluenciadospeloarmazenamentoemcondiçõesreaisdeummoinho,sendoinfluenciadosdiretamente pelas condições do ambiente.

Assim, o resultado encontrado no presente estudo sugere que um trigo bem homogeneizado através de transilagem e descansado, ou seja, com tempo maior de armazenamento, assim como acreditávamos em nosso teste de hi-pótese, apresentam uma melhoria dos aspectos reológicos. Podendo assim haverummaiorganhofinanceirocomaqualidadedoproduto.

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4. ConclusõesA movimentação do produto por 90 dias não alterou as características do

trigo. Otempodearmazémteminfluêncianascaracterísticasreológicasdotrigo,

que apresentaram melhora na força do glúten e estabilidade.

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