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DESENVOLVIMENTO DE CATALISADORES METALOCÊNICOS SUPORTADOS EM MATERIAIS MESOPOROSOS DO TIPO SBA-15 PARA A SÍNTESE DE POLIOLEFINAS Ordovaldo Francisco Cordeiro da Silva Tese em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação dos Professores Maria de Fátima Vieira Marques e Lindoval Domiciano Fernandes Rio de Janeiro 2009

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DESENVOLVIMENTO DE CATALISADORES

METALOCÊNICOS SUPORTADOS EM MATERIAIS

MESOPOROSOS DO TIPO SBA-15 PARA A SÍNTESE DE

POLIOLEFINAS

Ordovaldo Francisco Cordeiro da Silva

Tese em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de

Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em

Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação dos Professores

Maria de Fátima Vieira Marques e Lindoval Domiciano Fernandes

Rio de Janeiro

2009

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Tese de Doutorado:

Desenvolvimento de catalisadores metalocênicos suportados em materiais

mesoporosos do tipo SBA-15 para a síntese de poliolefinas

Autor: Ordovaldo Francisco Cordeiro da Silva

Orientadores: Maria de Fátima Vieira Marques e Lindoval Domiciano Fernandes

Data da defesa: 31 de julho de 2009

Aprovada por:

___________________________________________________________________

Professora Maria de Fátima Vieira Marques, DSc - Orientador UFRJ / IMA

___________________________________________________________________

Professor Lindoval Domiciano Fernandes, DSc. - Coorientador UFRRJ/DEQ

___________________________________________________________________

Professor Luis Claudio Mendes, DSc UFRJ / IMA

___________________________________________________________________ Professora Viviane Gomes Teixeira, DSc

UFRJ / IQ ___________________________________________________________________

Professor Fernando Gomes de Souza Júnior, Dsc UFRJ / IMA

___________________________________________________________________

Professora Stella Regina Reis da Costa, DSc UFRRJ /DTA

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FICHA CARTOGRÁFICA

Silva, Ordovaldo Francisco Cordeiro. Desenvolvimento de catalisadores metalocênicos suportados em materiais mesoporosos do tipo SBA-15 para a síntese de poliolefinas / Ordovaldo Francisco Cordeiro da Silva. – Rio de Janeiro, 2009. xv, 135 f.: il. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA, 2009. Orientador: Maria de Fátima Vieira Marques. 1. Poliolefinas. 2. Metalocenos. 3. SBA-15. 4. Catalisador heterogêneo. 5. Suportes mesoporosos. I. Marques, Maria de Fátima Vieira (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano. III. Título.

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Esta Dissertação de Mestrado foi desenvolvida nos

Laboratórios do Instituto de Macromoléculas

Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do

Rio Janeiro, com apoio do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e

da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES).

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Esta Tese de Doutorado dá prosseguimento a linha de pesquisa realizada no

IMA/UFRJ iniciada com os seguintes trabalhos:

1 – “Avaliação do catalisador metalocênico (CH3)2Si(ind)2ZrCl2 suportado em

diferentes materiais inorgânicos na polimerização de olefinas”, Ordovaldo Francisco

Cordeiro da Silva, Dissertação de Mestrado defendida em 2005, orientada pela

Professora Maria de Fátima Vieira Marques.

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A Deus.

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Às pessoas mais importantes da minha

vida, meus pais Maria Helena e Ordovaldo,

Tia Tetê, Marcos, Lisa, Cristiano e

Valentina, minha família.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela vida, pelo carinho, apoio, confiança e por tudo mais que seria

impossível relacionar aqui por falta de espaço.

À Professora Fátima Marques, pela orientação, apoio, otimismo e amizade.

Ao Professor Lindoval Domiciano Fernades, pela orientação e pela síntese dos

materiais mesoporoso.

Aos companheiros de laboratório Mônica Couto, Patrícia Reis, Andréa Barbalho,

Jéferson Rosa, Sabrina Barros, Renata Cardoso, Ana Luiza, Patrícia Libório,

Kamilla, Micheli Galvão, Micheli Siqueira, Renato Melo, Renato Jonas, Lidiane

Almeida, Juliana Lunz, Priscila Ferreira.

Às amigas Luanda Moraes, Ana Carla Coutinho e Renata Pereira.

À Mônica Couto e Patrícia Reis pelas análises de TGA.

À Professora Rosane San Gil (IQ/UFRJ), pelas análises de ressonância magnética

nuclear.

À Márcia Benzi, pelas análises de infravermelho e à Lea Lopes, pela orientação nas

análises de DSC.

A toda equipe da Central Bibliográfica de Polímeros, pela eficiência e dedicação na

realização de seu trabalho.

Aos Professores Fernando Gomes, Viviane Teixeira, Stella Regina e Luis Cláudio

por aceitarem o convite e pela importante contribuição nesta Tese.

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Divulgação Parte desta Tese de Doutorado já foi divulgada nos seguintes periódicos e eventos:

1 - Revistas científicas:

Marques, M.F.V.; Silva, O.F.C.; Coutinho, A.C.L.S.; Araújo, A.S. (2008) “Ethylene polymerization catalyzed by metallocene supported on mesoporous materials” Polymer Bulletin, 61, 415-423; 2 - Congressos e seminários:

1 - VII Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais, “Ethylene Polymerization Using Metallocene Catalyst Supported on SBA-15 and AlSBA-15”, Guarujá-SP, Setembro de 2008 (apresentação em painel).

2 - XXI Simpósio Ibero-americano de Catálise, “Estudo do Catalisador

Metalocênico (CH3)2Si(2CH3Ind)2ZrCl2 Suportado em Sílica e SBA-15 em Reações de Polimerização de Etileno”, Málaga-Benalmádena-Costa. España, junho de 2008.

3 - XIV Congresso Brasileiro de Catálise – SBCat, “Avaliação do Catalisador

Metalocênico (CH3)2Si(Ind)2ZrCl2 Suportado em Diferentes Materiais Mesoporosos Aplicado à Polimerização de Etileno”, Porto de Galinhas, 2007 (apresentação em painel).

4 - Word Polymer Congress – IUPAC Polymer Division, “Evaluation of SBA-15

as support For metallocene catalyst”. Rio de Janeiro, 2006 apresentação em painel). 5 – VIII Congresso Brasileiro de Polímeros – “Desempenho do catalisador

metalocênico suportados em materiais mesoporosos na polimerização de etileno” Águas de Lindóia - SP. 2005.

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x

Resumo da Tese apresentada no Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa

Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (DSc) em Ciência e

Tecnologia de Polímeros.

DESENVOLVIMENTO DE CATALISADORES METALOCÊNICOS

SUPORTADOS EM MATERIAIS MESOPOROS DO TIPO SBA-15

PARA A SÍNTESE DE POLIOLEFINAS

Ordovaldo Francisco Cordeiro da Silva

Orientador: Maria de Fátima Vieira Marques

Foram desenvolvidos catalisadores heterogêneos a partir do complexo metalocênico

SiMe2(2-Me-ind)2ZrCl2 suportado em seis materiais mesoporosos: SBA-15 e AlSBA-

15 com cinco diferentes razões silício/alumínio. Esses sistemas foram avaliados nas

polimerizações de etileno, propileno e em copolimerizações desses dois

monômeros, e comparados aos sistemas homogêneo e suportado em sílica.

Variações nas características do suporte (teor de alumínio na rede cristalina, acidez

e propriedades texturais) assim como diferentes concentrações de metaloceno nos

catalisadores heterogêneos foram relacionadas às atividades apresentadas pelos

catalisadores. A influência de dois tipos de cocatalisadores sobre a atividade dos

sistemas foi também avaliada. Verificou-se que o maior teor de metaloceno

impregnado no suporte SBA-15 resultou em um aumento da atividade catalítica nas

polimerizações de etileno. Quanto às polimerizações de propileno, a maioria dos

catalisadores desenvolvidos não demonstrou atividade, somente o catalisador

suportado em AlSBA-15 com razão alumínio/silício igual a 75 apresentou atividade

nas polimerizações desse monômero, porém, bastante baixa. Foram também

realizados testes com os catalisadores nas copolimerizações de etileno/propileno e

verificou-se que os catalisadores inativos para as polimerizações de propileno foram

capazes de realizar copolimerizações com este monômero.

Rio de Janeiro

2009

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Abstract of Thesis presented to Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano

of Universidade Federal do Rio de Janeiro as partial fulfillment of the requirement for

the degree of Doctor in Science (DSc), in Science and Technology of Polymers.

DEVELOPMENT OF METALLOCENE CATALYSTS SUPPORTED IN

MESOPOROUS MATERIALS LIKE SBA-15 FOR POLYOLEFINS SYNTHESIS

Ordovaldo Francisco Cordeiro da Silva

Thesis Supervisor: Maria de Fátima Vieira Marques

Heterogeneous metallocene catalysts based on the metallocene complex SiMe2(2-I-

ind)2ZrCl2 supported on six mesoporous materials (SBA-15 and AlSBA-15 with five

different Si/Al ratios) were developed. These systems were evaluated in ethylene,

propylene polymerizations and in the copolymerizations of these monomers, and

compared to the homogeneous and silica supported systems. Variations in the

support characteristics (the network aluminum content, acidity and textural

properties) as well as different metallocene concentrations in the heterogeneous

catalysts were related to the resulting catalysts activities. The influence of two

cocatalysts types on the activity was also evaluated. It was observed that the highest

metallocene content impregnated on the SBA-15 support resulted in the increase of

the catalytic activity in the ethylene polymerizations. Concerning the propylene

polymerizations, the majority of the catalysts developed did not show activity in the

polymerization with this monomer, but, the AlSBA-15 supported catalyst at Si/Al ratio

75 presented activity in monomer polymerizations, although, rather low. Tests were

also carried out with those catalysts in ethylene/propylene copolymerizations and it

was notice that the inactive catalysts for propylene polymerizations were able to

copolymerize this monomer.

Rio de Janeiro

2009

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xii

SUMÁRIO

p.

1 - INTRODUÇÃO 1

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3

2.1 – Características do Sistema Catalítico Metalocênico 3

2.2 – Catalisadores Metalocênicos Suportados 11

2.3 - Métodos de Impregnação de Suportes com Catalisadores

Metalocênicos 16

2.4 - Materiais Mesoporosos como Suportes para Catalisadores

Metalocênicos 25

3 - OBJETIVOS 33

4 - MATERIAIS E MÉTODOS 35

4.1 – Técnicas Empregadas 35

4.2 - Produtos Químicos 35

4.3 – Equipamentos 37

4.3.1 – Síntese 37

4.3.2 – Caracterização 37

4.4 – Procedimentos 38

4.4.1 - Tratamento da Vidraria 38

4.4.2 - Preparação da Solução de Catalisador Metalocênico 38

4.4.3 - Preparação da Solução de Triisobutilalumínio (TIBA) 38

4.4.4 - Preparação da Solução de Metilaluminoxano Modificado

(MMAO) 38

4.4.5 - Tratamento Térmico dos Suportes 39

4.4.5.1 – Sílica 39

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4.4.5.2 – Suportes Mesoporosos 40

4.4.6 - Tratamento Químico 40

4.4.6.1 - Sílica e suportes Mesoporosos 40

4.4.6.2 - Impregnação dos Suportes com Metaloceno 41

4.4.7 – Caracterização dos Suportes e dos Catalisadores 42

4.4.7.1 – Espectroscopia de Absorção no Ultravioleta-Visível (UV-Vis) 42

4.4.7.2 – Análises de Adsorção e Dessorção de Nitrogênio 45

4.4.7.3 - NMR de 27Al e 29Si 45

4.4.7.4 - Análise Termogravimétrica (TGA) 45

4.4.7.5 – Termodessorção de Amônia a Temperatura Programada (TPD) 46

4.4.7.6– Polimerizações 46

4.4.7.6.1 - Homopolimerizações de Etileno e Propileno 46

4.4.7.6.2 – Copolimerizações de Etileno e Propileno 47

4.4.7.6.3 – Purificação dos Polímeros 47

4.4.7.6.4 – Teste de Lixiviação 48

4.4.7.6.5 - Cálculo da Atividade Catalítica 49

4.4.7.7 – Caracterização dos Polímeros 49

4.4.7.7.1 - Espectrometria de Absorção na Região do Infravermelho

Próximo com Transformada de Fourier (FTIR) 50

4.4.7.7.2 – Calorimetria de Varredura Diferencial (DSC) 52

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 53

5.1 – Avaliação dos Materiais Utilizados como Suporte 53

5.1.1 – Escolha da Temperatura de Tratamento dos Suportes Baseada

na Análise Termogravimétrica (TGA) 53

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5.1.2 – Avaliação da Presença de Grupos Silanol Livres nos Suportes

após o Tratamento Térmico 58

5.1.3 – Avaliação do Teor de Alumínio Incorporado ao Suporte 61

5.1.4 – Características de Superfície dos Materiais Mesoporosos

Empregados como Suporte Catalítico 66

5.2 – Preparação dos Catalisadores Suportados 69

5.3 – Polimerizações de Etileno com Catalisadores Homogêneos e

Suportados 75

5.3.1 – Polimerização de Etileno Empregando os Catalisadores

Suportados da Série 1 e MAO ou MMAO como Cocatalisadores 75

5.3.1.1 – Estudo da Influência das Características dos Suportes 76

5.3.1.2 – Estudo da Influência do Cocatalisador 85

5.3.2 – Polimerização de Etileno Empregando os Catalisadores

Suportados da Série 2 e MAO ou MMAO como Cocatalisadores 91

5.3.2.1 – Avaliação do Aumento da Concentração de Metaloceno no

Suporte sobre a Atividade do Catalisador e sobre as

Propriedades dos Polietilenos 92

5.3.2.2 – Estudo da Influência do cocatalisador 100

5.4 – Polimerizações de Propileno com Catalisadores

Homogêneos e Suportados 103

5.4.1 – Homopolimerizações de Propileno 104

5.5 – Copolimerizações de Etileno/Propileno com Catalisadores

Homogêneos e Suportados 109

6 – CONCLUSÕES 114

7 – SUGESTÕES 116

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xv

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 117

9 – ANEXOS 130

Anexo A 131

Anexo B 135

Anexo C 138

Anexo D 139

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1 – INTRODUÇÃO

A demanda por materiais poliméricos aumenta a cada ano, principalmente com

relação às poliolefinas. Estima-se que o mercado desses polímeros cresça

anualmente em torno de 6% [1]. Essa necessidade que a humanidade tem hoje por

materiais plásticos, explica-se pela diversidade de aplicações que podem ser

realizadas com esses materiais, tais como: embalagens para alimentos,

equipamentos na área médica, na construção civil, na indústria automobilística, entre

outras [2]. Diante deste panorama, as indústrias necessitam de processos cada vez

mais eficientes, altamente produtivos, porém com custos reduzidos [3,4].

Os catalisadores metalocênicos são vistos então como uma solução para atender o

mercado dependente de poliolefinas com propriedades diversificadas. Isto porque,

além da elevada atividade para a produção desses polímeros, eles ainda

possibilitam a formação de copolímeros a partir de diversos monômeros vinílicos; de

homo e copolímeros com estreita distribuição de massa molar e composição

uniforme; alta estereosseletividade, gerando polipropileno com estrutura altamente

sindiotática, por exemplo [5,6].

As possibilidades relacionadas acima, entre outras, despertam o interesse das

indústrias por esses sistemas catalíticos, uma vez que, com a abertura de novos

mercados para os materiais plásticos, a indústria necessita estar preparada para

atender à crescente demanda desses materiais [7]. Um exemplo clássico está no

setor automobilístico, indústria esta que vem gradativamente substituindo diversas

peças, antes confeccionadas com material metálico, por exemplo, por peças agora

confeccionadas com polímeros [8]. Dados recentes [9] mostram que 80% da

produção de polipropileno é destinada ao setor automobilístico e utilizada em

aplicações específicas como a fabricação de pára-choques, painéis, revestimentos

internos das portas, forros, peças do motor, entre outros itens.

No entanto, apesar do conhecimento das vantagens proporcionadas pelos sistemas

metalocênicos para gerar polímeros com propriedades diversas, ainda há muito a

ser desvendado, e hoje, o grande desafio é adaptá-los aos processos industriais

existentes sem a perda de suas características marcantes [10,11]. Para o emprego

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2

desses compostos nos processos industriais em operação, que fazem uso de

processos em suspensão ou fase gasosa, é necessário que o catalisador

metalocênico seja imobilizado em suportes adequados, tendo em vista que os

compostos metalocênicos são essencialmente solúveis no meio de polimerização

[12]. Com o intuito de romper esta barreira para a aplicação industrial desses

compostos, uma grande variedade de materiais tem sido utilizada como suportes

para esses compostos organometálicos, gerando diversos trabalhos científicos [13-

16]. Entre esses materiais, a sílica é o que possui um maior número de relatos [17-

19], no entanto, muitos outros materiais já foram testados, como zeólitas [20-22],

MgCl2 [23], montmorilonita [24-27] e alumina [28].

Recentemente, têm surgido trabalhos que utilizam compostos mesoporosos como o

MCM-41 e o SBA-15 [29,30] com essa finalidade. Porém, com relação ao uso destes

materiais como suporte para metalocenos, ainda existem questões que precisam ser

esclarecidas e o desenvolvimento desta Tese objetivou apresentar mais informações

sobre o uso desses compostos como suportes catalíticos, avaliando

sistematicamente a presença de alumínio na rede cristalina dos materiais.

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3

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – Características do Sistema Catalítico Metalocênico

Os catalisadores metalocênicos são compostos organometálicos,

pseudotetraédricos, formados por um metal de transição do grupo IV, em geral

zircônio, háfnio ou titânio que, através de uma ligação π do tipo η5, está ligado a dois

ânions aromáticos como ciclopentadienila, indenila ou fluorenila, substituídos ou não,

com ou sem ponte. Na Figura 1 estão representadas alguns exemplos das

estruturas desses compostos [16].

Me2Si ZrCl

Cl

Me2Si Zr

Cl

ClZr

Cl

Cl

(a) (b) (c)

Figura1: Compostos metalocênicos: (a) dicloreto de bis(ciclopentadienil) zircônio,

(b) dicloreto de dimetilsilil-bis(indenil) zircônio, (c) dicloreto de dimetilsilil-

(ciclopentadienil-fluorenil) zircônio [16]

Esses sistemas diferem dos catalisadores Ziegler-Natta tradicionais por

apresentarem apenas um tipo de sítio de polimerização, fato este que os coloca

dentro da classificação de catalisadores de sítio único. Graças a esta característica,

os polímeros produzidos por estes sistemas catalíticos apresentam estreita

distribuição de massa molar (Mw/Mn ~ 2). Esses catalisadores podem alcançar

atividades 100 vezes maiores que as atingidas pelos catalisadores Ziegler-Natta

convencionais. Além disso, são capazes de produzir poliolefinas altamente

estereorregulares, copolímeros com distribuição uniforme de comonômero ao longo

da cadeia e polímeros com altas massas molares, como já anteriormente

mencionado [3].

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4

No entanto, a presença somente desses compostos no meio de polimerização não

garante que a reação ocorra. Assim como os catalisadores Ziegler-Natta, que

necessitam de alquilalumínios comuns, como trietilalumínio (TEA), por exemplo, para

a formação do sítio ativo de polimerização, os compostos matalocênicos também

necessitam de um segundo composto para formar o sistema catalítico ativo e este

composto é o metilaluminoxano (MAO) [31].

Diversas funções são atribuídas ao MAO nos sistemas catalíticos. Entre essas

funções está a de alquilar o metaloceno, iniciando assim o mecanismo de

polimerização [10-12]; atuar como um conta-íon fracamente coordenado ao sítio de

polimerização, de modo a não obstruir o acesso do monômero olefínico a este sítio e

ser capaz de reativar as espécies temporariamente desativadas durante o

andamento da polimerização. Outro papel também atribuído ao MAO é o de atuar

como um removedor de possíveis impurezas que possam estar presentes no meio

reacional, tais como traços de oxigênio e de água. Essas impurezas são

responsáveis pela desativação do centro catalítico se estiverem presentes no meio

reacional [32]. A Figura 2 apresenta os mecanismos de metilação, formação do

contra-íon, desativação e reativação que ocorrem no meio reacional durante a

polimerização.

Para que sejam atingidas atividades satisfatórias, existe a necessidade da presença

de MAO no meio reacional em elevadas quantidades; as razões molares [Al]/[Zr]

mencionadas na literatura estão na faixa de 200 e 5000 [32]. Normalmente, o que se

observa é que a atividade aumenta proporcionalmente com a quantidade de MAO

adicionada ao meio reacional até uma determinada quantidade, quando a partir

dessa, não é mais observado aumento da atividade catalítica [11].

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5

Figura 2 - Mecanismos propostos para as reações entre zirconocenos e MAO [32]

O Quadro 1 apresenta dados do estudo realizado por Dong e colaboradores [33] a

respeito de polimerizações de propileno com o catalisador rac-Me2Si(2-Me-4-Naph-

Ind)2ZrCl2I. As polimerizações se passaram em meio homogêneo, onde as

quantidades de MAO no meio reacional foram variadas e as demais condições foram

mantidas constantes. De acordo com esses resultados (Quadro 1), a redução do

teor de MAO no meio reacional resultou na redução da atividade catalítica,

confirmando a teoria acima mencionada.

Quadro 1: Polimerizações de propileno utilizando rac-Me2Si(2-Me-4-Naph-Ind)2ZrCl2

com diferentes razões molares [Al]/[Zr] no meio reacional [33]

[Al]/[Zr] Rendimento

(g)

Atividade

(g PP/mol Zr*h*bar)

Mn

(g/mol) Polidispersão

Tm

(ºC)

10000 11,7 31200000 24600 2,10 158,2

5000 11,2 29400000 43000 2,23 160,2

1500 7,42 19800000 86100 2,94 160,5

500 5,81 15500000 179000 2,49 160,7

Pressãopropileno = 1 bar; [Zr] = 5 µM; t = 30 min; 150 mL tolueno.

I Isômero racêmico do dicloreto de dimetilsilil-bis(2-metil-4-naftil indenil) zircônio.

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6

Além do efeito sobre a atividade, pode também ser observado que a redução do teor

de MAO no meio reacional causou o aumento da massa molar dos polipropilenos

obtidos. O efeito da queda da massa molar com o aumento do teor do composto de

alumínio no meio de polimerização é um fenômeno conhecido e reportado por outros

pesquisadores [31, 34, 36]. Ao estudar a influência da variação da concentração de

MAO sobre o sistema catalítico formado pelo catalisador [Cp*(C2B9H11)Zr(CH3)]nII

nas polimerizações de etileno, Kim e colaboradores [34] comprovaram o mesmo

fenômeno. Como pode ser observada no Quadro 2, a massa molar viscosimétrica

média sofreu uma queda à medida que a concentração de MAO foi elevada no meio

reacional.

Quadro 2: Resultado das polimerizações de etileno com o sistema catalítico

[Cp*(C2B9H11)Zr(CH3)]n/MAO [34]

Entrada

[Al]/[Zr]

Rp*10-6

(g PE/mol Zr*h)

Tm

(ºC)

Mv * 10-4

(g/mol)

1 30 0,06 142,0 17,05

2 60 0,83 138,0 14,27

3 120 0,99 136,3 8,78

4 500 1,79 131,5 6,08

5 1000 2,55 128,5 5,32

6 3000 4,91 123,1 2,28

7 4000 2,60 - 0,86

8 5000 2,42 - 0,87

[Zr] = 25,0µM; Temperatura de polimerização 30°C; Tempo de reação 60 minutos.

Segundo Deffieux e colaboradores [35], quando nenhum agente específico de

transferência de cadeia é adicionado ao sistema de polimerização, dois tipos de

reações de transferência de cadeia são consideradas: eliminação de hidrogênio-β e

as transferências para o MAO. Em relação ao mecanismo de transferência para o

MAO, este é responsável pela presença de grupos –AlR2 na extremidade das

cadeias das poliolefinas e a freqüência dessas reações é controlada pela

concentração de MAO no meio reacional.

II Zirconocarborano; Cp* : C5(CH3)5.

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7

Análises de espectroscopia de absorção no infravermelho com transformada de

Fourier (FTIR) dos polietilenos, realizadas por Kim e colaboradores [34] (Figura 3),

revelaram um aumento da intensidade da banda de absorção em 1378 cm-1 com o

aumento da concentração de MAO no sistema de polimerização. Essa banda de

absorção deve-se a grupamentos metila produzidos a partir da transferência de

cadeia para o alumínio do cocatalisador. Os pesquisadores concluíram que o

aumento da concentração do cocatalisador causa o aumento da ocorrência das

reações de transferência de cadeia para esse composto.

Figura 3: FTIR dos polietilenos produzidos com o sistema catalítico

[Cp*(C2B9H11)Zr(CH3)]n/MAO com diferentes razões [Al]/[Zr] (a) 60, (b) 240, (c)

1000, (d) 4000 [34]

Ao contrário dos catalisadores Ziegler-Natta, alquilalumínios comuns não são

capazes de gerar e manter o sítio ativo dos sistemas metalocênicos durante a

polimerização. Estudos [15,36] têm sido realizados com o intuito de se tentar

substituir, ou pelo menos reduzir as quantidades de MAO no meio de polimerização,

tendo em vista o alto custo desse composto. No entanto, até o presente momento,

não foi possível a total substituição desse composto no meio reacional de maneira

satisfatória.

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8

Na tentativa de substituir o MAO nos sistemas catalíticos metalocênicos, Wang e

colaboradores [36] analisaram o comportamento do sistema de polimerização

constituído por Cp2ZrCl2III e diferentes aluminoxanos – etilaluminoxano (EAO),

isobutilaluminoxano (iBAO) e EBAO, uma mistura, em três diferentes proporções,

entre os aluminoxanos anteriormente citados – em polimerizações de etileno e

compararam os resultados obtidos ao do sistema catalítico Cp2ZrCl2/MAO. As

atividades obtidas com os sistemas alternativos foram inferiores àquelas alcançadas

no sistema tradicional. No entanto, Wang considera um progresso, no que diz

respeito à atividade, o resultado obtido com os sistemas constituídos por EBAO.

Apesar dos valores de atividade serem inferiores aos do sistema tradicional, são os

maiores, de uma maneira geral, entre os sistemas alternativos (Quadro 3).

Quadro 3: Polimerizações de etileno com Cp2ZrCl2/diferentes aluminoxanos [36]

Aluminoxano

[Al]/[Zr]

Atividade

(106 g/molZr*h)

Mn (a)

(104 g/mol)

Mw/Mn (a)

MAO (b) 1000 2,66 - -

MAO (b) 2000 5,22 21,0 2,64

MAO (b) 4000 12,57 18,5 2,60

EAO (c) 2000 0,22 - -

EAO (c) 4000 0,27 4,82 2,90

EAO (c) 8000 0,59 - -

iBAO (c) 2000 0,10 - -

iBAO (c) 4000 0,17 6,64 5,77

iBAO (c) 8000 0,57 8,88 3,85

EBAO 1 (c) 4000 0,35 4,89 2,95

EBAO 2 (c) 4000 0,66 5,55 3,68

EBAO 3 (c) 1000 0,57 - -

EBAO 3 (c) 2000 1,37 - -

EBAO 3 (c) 4000 1,53 6,20 3,56

Temperatura de polimerização 50°C; tempo de polimerização 30 minutos; (a) resultados obtidos por cromatografia de permeação em gel (GPC) (b) [Zr] = 10-6 M (c) [Zr] = 10-5 M EBAO 1 – EAO/iBAO = 7/3; EBAO 2 – EAO/iBAO = 1/1; EBAO 3 – EAO/iBAO = 3/7

III Dicloreto de bis(ciclopentadienil) zircônio

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9

O autor também relata nesse mesmo estudo, o efeito do sistema reacional sobre as

propriedades dos polietilenos. Foi constatado que nos sistemas catalíticos formados

por aluminoxanos diferentes do MAO, o efeito do mecanismo de transferência de

cadeia é mais pronunciado, baseando sua conclusão na redução da massa molar

dos polietilenos obtidos por esses sistemas; além disso, a polidispersão dos

polímeros produzidos é maior que nos sistemas que utilizam MAO como

cocatalisador (Quadro 3). A larga polidispersão, segundo os pesquisadores, sugere

que múltiplos sítios de polimerização são formados nos sistemas metalocênicos

cocatalisados por EAO, BAO e EBAO.

O alargamento da polidispersão também foi reportado por Kim e colaboradores [37]

ao testarem diversos alquilalumínios comuns com (C5Me5)2Zr(NMe2)2IV nas

polimerizações de etileno. Mesmo em concentrações bastante reduzidas de Al no

meio, a larga polidispersão pôde ser observada com a presença desses compostos.

Em contrapartida, quando MAO foi utilizado, a polidispersão permaneceu em valores

aceitáveis para os catalisadores de sítio único.

Com o intuito de entender a influência de diferentes cocatalisadores sobre o sistema

de polimerização, e tentar reduzir o teor de MAO no meio reacional, Fink e

colaboradores [38] investigaram o efeito de TMA (trimetilalumínio), TEA

(trietilalumínio), TIBA (triisobutilalumínio) e TBA (tributilalumínio), misturados ao

MAO, nas polimerizações de propileno com o catalisador metalocênico Me2Si[2-Me-

4,5-BenzoInd]2ZrCl2V. As misturas de TMA ou TEA, em diferentes proporções com

MAO, mantendo o teor total de alumínio no meio constante, foram as que

apresentaram as maiores quedas de atividade com o aumento da concentração

desses dois compostos no meio reacional. No entanto, com o uso de TIBA e TBA foi

encontrado um valor máximo para o teor desses dois compostos no meio reacional,

onde a taxa de polimerização atingiu valores máximos.

Segundo Fan e colaboradores [39], o aumento da atividade em sistemas catalíticos

formados a partir da mistura dos cocatalisadores MAO/TIBA deve-se à formação do

par iônico mais afastado ([L2ZrR]+[MAO]-). Esse maior afastamento ocorre devido ao

IV Bis(pentametil ciclopentadienil)zircônio dimetilamino V Dicloreto de dimetilssilil bis(2-metil-4,5-benzoindenil) zircônio

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10

equilíbrio formado entre MAO e TIBA (Figura 4), gerando na extremidade da cadeia

do MAO um grupamento alquila mais volumoso, o que torna mais favorável à

inserção do monômero à cadeia polimérica. Os autores também observaram que a

mistura de cocatalisadores, quando utilizada em copolimerizações de propileno com

comonômeros volumosos, como o 1-octeno, aumenta a incorporação do

comonômero à cadeia polimérica. Assim como no trabalho de Fink e colaboradores

[38], Fan e colaboradores também observaram uma razão máxima para a mistura

MAO/TIBA, onde a atividade catalítica era máxima.

Figura 4 : Equilíbrio entre pares iônicos formados pelos cocatalisadores [39]

Quanto ao efeito do aumento da concentração do alquilalumínio sobre a massa

molar, observou-se [38] que TIBA ou TBA causam menor redução da massa molar

do polímero do que TMA ou TEA (Quadro 4).

Quadro 4: Massas molares de polipropileno produzidos pelo sistema Me2Si[2-Me-

4,5-BenzoInd]2ZrCl2/MAO/AlR3 [38]

TMA

(%)

Mw

(g/mol)

TEA

(%)

Mw

(g/mol)

TIBA

(%)

Mw

(g/mol)

TBA

(%)

Mw

(g/mol)

0 645000 0 572000 0 642000 0 558000

22 620000 22 181000 22 537000 22 542000

44 653000 44 132000 44 530000 44 457000

66 514000 66 98800 66 665000 66 341000

80 420000 80 98400 80 747000 80 370000

- - - - 88 574000 88 336000

p = 2 bar, T = 25°C, [Zr] = 6,0x10-6 mol/L, [Al]/[Zr] = 1715/1, solvente – tolueno

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Além de alquilalumínios comuns, cocatalisadores à base de boro, como o B(C6F5)3VI,

têm sido testados como alternativa para eliminar, ou pelo menos reduzir, o teor de

MAO no meio reacional [40-42]. Punrattanasin e colaboradores [41] avaliaram o

sistema catalítico Cp2ZrCl2 - B(C6F5)3 – TEA, onde diversas concentrações de TEA

foram testadas, nas polimerizações de etileno. Sabe-se que os compostos à base de

boro promovem a formação do centro ativo com compostos metalocênicos, sendo

para isso necessárias apenas quantidades estequiométricas entre os mesmos. No

entanto, esses compostos não são capazes de remover as impurezas que possam

estar presentes no meio reacional, assim como é observado com MAO e outros

cocatalisadores [40]. Com a finalidade de contornar esse problema, é feita a mistura

entre cocatalisadores à base de boro e alquilalumínios comuns. Punrattanasin e

colaboradores observaram que, para diferentes concentrações de zirconoceno, 3 e 5

µmolar, o catalisador somente mostrou-se ativo em razões molares [Al]/[Zr] de 230 a

400 e de 160 a 260, respectivamente. Para valores de [Al]/[Zr] diferentes dos citados

acima, nenhuma atividade catalítica foi observada. Foi então proposto que em

reduzidas razões [Al]/[Zr], a quantidade de alumínio não foi suficiente para remover

as impurezas do meio. Já a elevadas razões [Al]/[Zr], o excesso de alumínio no meio

teria atuado como um agente de desativação do centro catalítico. A atividade

máxima nesses sistemas ficou em torno de 3100 kg de PE/MolZr*atm*h. Com base

nesses resultados, foi concluído que há uma razão ótima [Al]/[Zr] para sistemas com

diferentes quantidades de zirconoceno.

2.2 – Catalisadores Metalocênicos Suportados

Como abordado anteriormente, apesar de toda a versatilidade dos catalisadores

metalocênicos em formar polímeros com propriedades especiais e apresentarem

atividades superiores a dos catalisadores Ziegle-Natta convencionais, esses

compostos apresentam uma barreira à sua aplicação industrial, que está no fato de

serem solúveis no meio reacional. Busca-se então na heterogeneização desses

compostos uma maneira de solucionar o problema.

VI Hexafluor fenil borano

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Quadro 5: Rendimento e atividade do sistema Cp2ZrCl2-B(C6F5)3-TEA nas

polimerizações de etileno com variações da concentração de zircônio [41]

Pet = 2bar; [Al]/[Zr] = 100; [B]/[Zr] = 1; T = 20°C; Vol de tolueno = 150mL; t = 1 h

A imobilização de catalisadores metalocênicos, além de tornar viável a sua aplicação

industrial, também gera outros benefícios como a redução da desativação

bimolecular que ocorre em sistemas homogêneos de polimerização. Punrattanasin e

colaboradores [41] relataram esse efeito em meio homogêneo e atribuíram-no à

dimerização dos centos ativos devido à alta concentração dos mesmos no meio

reacional, conduzindo a uma queda da atividade catalítica apesar do aumento do

rendimento (Quadro 5). Além da redução das reações de desativação bimolecular, a

imobilização desses catalisadores em um suporte sólido pode também proporcionar

a diminuição da quantidade necessária de MAO no meio reacional, o aumento da

massa molar do polímero formado (Quadro 6) e maior facilidade operacional. O

aumento da massa molecular deve-se ao bloqueio que o suporte exerce no centro

ativo, diminuindo as velocidades das reações de transferência de cadeia do tipo β-

eliminação. O resultado é um maior crescimento das cadeias e maiores massas

molares dos polímeros obtidos [43].

Por outro lado, apesar dos benefícios associados à heterogeneização desses

compostos, uma queda da atividade catalítica é observada em relação ao sistema

homogêneo (Quadro 6). Esse fato é atribuído por alguns autores [10, 44] à

destruição de centros ativos durante a fixação do organometálico ao suporte e ao

impedimento estérico que o suporte impõe, dificultando a difusão do monômero até

o centro ativo. Essas modificações no comportamento do catalisador devem-se ao

fato de que o processo de imobilização torna o sistema catalítico mais complexo

devido às influências da superfície do material utilizado como suporte e ao tipo de

[Zr]

µmol

Rendimento

(g)

Atividade

(kg PE/molZr*atm*h)

5 6,03 603

8 7,46 466

10 7,66 383

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tratamento (térmico e químico) empregado na preparação do catalisador

heterogêneo.

Quadro 6: Polimerização de propileno utilizando catalisador homogêneo rac-

Et(Ind)2ZrCl2 ou sílica impregnada com MAO [43]

Catalisador

Atividade

(kg PP/mol Zr*h)

Tm

(°C)

Mn

(g/mol)

Mw

(g/mol)

Mw/Mn

Homogêneo a 12772 124 4700 11300 2,4

Homogêneo b 1197 131 9600 25000 2,6

SiO2

(MS-3040) 252 136 25400 46400 1,8

SiO2

(Sylipol 948) 216 132 15300 30400 2

Massa de SiO2-MAO = 100mg; [Zr] = 2,39 µmolar; T = 50°C; t = 60 mim.; Solvente – tolueno; Pet = 4 bar;

velocidade de agitação – 700 rpm. a MAO/Zr = 1000; b MAO/Zr = 130

Diversos trabalhos têm sido realizados com o intuito de minimizar a queda da

atividade catalítica através de diferentes métodos de fixar o metaloceno ao

substrato. Marques e colaboradores [45] avaliaram diversos parâmetros na fixação

do zirconoceno Cp2ZrCl2 à sílica. Foi observado que atividades elevadas desses

sistemas podem ser atingidas ao reduzir progressivamente a quantidade de

catalisador adicionado ao suporte. Esse fenômeno foi atribuído ao fato de que as

desativações bimoleculares que ocorrem durante o processo de fixação são

minimizadas.

Outro fator que causa a queda acentuada da atividade do catalisador suportado é a

reação que ocorre entre o metaloceno e grupos hidroxila, presentes em muitos dos

suportes inorgânicos utilizados, gerando espécies inativas pela formação da ligação

entre o metal de transição e o oxigênio (Figura 5).

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Figura 5: Desativação de espécies metalocênicas através de sítios ácidos de

BrØnsted da superfície do suporte

Os tratamentos térmico e químico do suporte são artifícios utilizados visando

eliminar os efeitos causados por grupos conhecidos como sítios ácidos de BrØnsted

(Si-OH).

Os grupos silanol (Si-OH), presentes na superfície da sílica, são altamente

hidrofílicos e capazes de adsorver do ar compostos que atuam como venenos para

os metalocenos. O tratamento térmico consiste em aquecer o suporte a

temperaturas elevadas, em atmosfera inerte, a fim de eliminar tanto a água

adsorvida à superfície do material, quanto outros compostos possivelmente

presentes, como oxigênio, assim como parte dos grupamentos silanol [10,11,44].

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15

Figura 6: Representação esquemática da desidroxilação da superfície da sílica [47]

Diversos estudos têm abordado os efeitos de diferentes tratamentos térmicos sobre

as características do suporte [14, 15, 44, 46]. Esse tratamento leva à transformação

dos grupos silanol em grupos siloxano (Si-O-Si). Vasconcelos e colaboradores [46]

utilizaram a técnica de FTIR para o estudo de três sílicas com diferentes

características e comprovaram que acima de 1000ºC, ocorre a transformação de

praticamente todos os grupamentos silanol, presentes na superfície da sílica, em

siloxano, segundo a reação representada pela Equação 1 e na Figura 6. Vale

ressaltar, que no estudo realizado por Vasconcelos são relatadas as bandas de

absorção observadas na sílica após sofrer tratamentos térmicos em diferentes

temperaturas.

No entanto, a completa ausência de grupos Si-OH prejudica o desempenho do

catalisador resultante, pois, é através desses grupamentos que seria feita a fixação

do complexo catalítico. Em estudo realizado por Silva [15] com o composto

Me2Si(Ind)2ZrCl2VII

suportado em Al-MCM-41, foram observadas baixas atividades do

sistema nas polimerizações de etileno. Através de estudos de FTIR, foi observado VII Dicloreto de 2-metilsilil bis(indenil) zircônio

2(SiOH) --> (-SiOSi-) + H2O (Equação 1)

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que o suporte tratado termicamente não apresentava grupos silanol onde pudesse

ocorrer a fixação do catalisador. A lixiviação do composto durante a lavagem

reforçou a tese de que a ausência de pontos de fixação impediu a formação de um

catalisador heterogêneo ativo.

2.3 - Métodos de Impregnação de Suportes com Catalisadores Metalocênicos

O método utilizado na impregnação de complexos metalocênicos ao suporte é a

etapa fundamental na obtenção de catalisadores heterogêneos. Muitos métodos são

descritos na literatura [47-51] como tentativas de se obter catalisadores com

atividades próximas daquelas observadas quando os mesmos são utilizados em

polimerizações homogêneas. A adição direta do metaloceno ao suporte, sem que

este tenha sofrido nenhum tipo de tratamento químico previamente; a adsorção de

uma mistura metaloceno/MAO ao suporte; o prévio tratamento químico do suporte

para então fixar o metaloceno; e a síntese do metaloceno diretamente no suporte

são as principais técnicas utilizadas na preparação dos catalisadores heterogêneos.

Um estudo comparativo entre dois dos métodos acima citados - adição direta de

metalocêno à sílica e pré-tratamento do suporte com moléculas que atuam como

espaçadores - foi realizado por Rosenholm e colaboradores [49]. Os espaçadores

utilizados foram: aminopropil-metoxissilano, mercaptopropil-trimetoxissilano e vinil-

trimetoxissilano. Surpreendentemente, os catalisadores preparados pelo método

direto foram os que apresentaram as maiores atividades, alcançando valores

próximos aos dos sistemas homogêneos utilizados como parâmetro de comparação.

Normalmente, espera-se que as atividades em sistemas formados por catalisadores

obtidos a partir do método direto sejam bastante inferiores, devido às reações

deletérias que podem ocorrer entre o organometálico e os grupos OH presentes na

superfície do suporte [47]. No entanto, Bianchini e colaboradores [48] propuseram

que as espécies inativas são formadas quando o organometálico se fixa ao suporte

através da reação entre grupos silanol geminais ou vicinais, bloqueando os sítios

catalíticos. Se a fixação acontecer entre o metalocêno e grupos silanol isolados,

seria possível a geração de sítios de polimerização. Grupos silanol isolados são

obtidos a partir do tratamento térmico, em temperaturas em torno de 450°C [46].

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Os piores resultados encontrados, no que diz respeito à atividade, no estudo de

Rosenholm [49], foram aqueles obtidos com os catalisadores pré-tratados com o

espaçador à base de enxofre (mercaptopropil-trimetoxissilano). O autor relata que o

enxofre, presente na molécula do espaçador, atuou como um veneno para o centro

de polimerização. A Figura 7 ilustra os resultados obtidos pelo autor. Vale ressaltar

que foram obtidos polímeros com valores de polidispersão entre 2,1 e 2,5, indicando

que os catalisadores preparados foram todos de sítio único (SSC).

Figura 7: Relação entre a atividade catalítica e a massa molar com as quantidades

de MAO utilizadas no meio reacional nas polimerizações de etileno com diferentes

catalisadores [49]

Pode-se afirmar que entre os métodos de imobilização, o pré-tratamento do suporte

com MAO ou com um alquilalumínio, é o que aparece com maior freqüência na

literatura. Neste tipo de tratamento, o suporte é tratado com um alquilalumínio, o

trimetilalumínio (TMA), por exemplo, ou com MAO, para que posteriormente se faça

a fixação do metaloceno.

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Esse tratamento tem a finalidade de modificar quimicamente a superfície do suporte,

através de reações entre o agente modificador e os grupos presentes no mesmo.

Conseqüentemente, os sítios ácidos de BrØnsted, responsáveis pela desativação do

catalisador, são bloqueados [3, 31, 52]. A Figura 8 representa esquematicamente as

reações que ocorrem na superfície do suporte durante o tratamento químico com

MAO e TMA.

Figura 8: Esquema proposto para a imobilização de MAO e TMA no suporte através

das reações entre o composto de alumínio e os grupos Si-OH [52]

Dos Santos e colaboradores [50] empregaram a técnica do pré-tratamento químico

da sílica com MAO, seguida da adição do zirconoceno (nBuCp)2ZrCl2VIII para a

preparação do catalisador suportado. Foram utilizadas soluções com diferentes

concentrações de MAO para realizar a modificação química da sílica. A Figura 9

mostra o teor de zirconoceno fixado no suporte, em função do teor de MAO

adsorvido quimicamente ao mesmo. Durante a fixação, a razão Zr/SiO2 foi mantida

constante. Os dados foram obtidos a partir de análises de espectroscopia de

VIII Dicloreto de bis(n-butil ciclopentadienil) zircônio

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emissão por plasma indutivamente acoplado (ICP). Como pode ser observado na

Figura 9, o suporte que não recebeu tratamento prévio com MAO foi o que atingiu

menores valores de zircônio fixado. Os teores de zirconoceno imobilizado no suporte

aumentaram com o aumento do teor de Al presente no mesmo. No entanto, após

atingir um platô, o aumento do teor de alumínio no suporte causou uma redução

progressiva dos teores de zircônio fixados. Isso significa que parte do alumínio

adicionado em excesso à sílica estava apenas fisicamente adsorvido. Devido a isso,

durante a etapa de lavagem do catalisador, o MAO foi extraído do suporte, levando

consigo uma parte considerável do zirconoceno. No que diz respeito à atividade

catalítica, os catalisadores com maiores teores de Zr foram os mais ativos nas

polimerizações de etileno.

Figura 9: Relação entre o teor de alumínio presente na sílica tratada e o teor de

(nBuCp)2ZrCl2 [50]

A ordem de adição dos componentes, sílica e composto de alumínio, é outro fator

que exerce influência sobre a atividade catalítica, devido ao efeito da concentração

local [53, 54]. Quando o agente de tratamento é adicionado à suspensão formada

pelo solvente e o suporte, a superfície do suporte está saturada pelo solvente, que

fica adsorvido a esta. Esse fato dificulta a difusão do agente de tratamento até a

superfície do suporte, para que ocorra a reação de modificação química da

superfície. No entanto, ao se fazer a inversão da ordem de adição (adição de sílica

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ao meio de tratamento), o agente modificador já está dissolvido no solvente, assim a

difusão do mesmo até os grupos na superfície do material, para que ocorra a reação

de modificação, é facilitada. Brandão e colaboradores [54] observaram este efeito ao

comparar a atividade de catalisadores obtidos através dos métodos direto e indireto

de pré-tratamento químico. Os autores pré-trataram sílica com TMA ou MAO

(agentes modificadores), seguido da adição do zirconoceno Cp2ZrCl2 e testaram o

catalisador resultante nas polimerizações de etileno.

Quadro 6: Atividade de sistemas homogêneo e suportados e as propriedades dos

polímeros sintetizados a partir desses sistemas [54]

Catalisador Atividade

(kg PE/mol Zr*h)

Temperatura de

Fusão

(°C)

Grau de

Cristalinidade

(%)

Homogêneo 895 132 55

SiO2/MAO/Inversoa 164 133 50

SiO2/MAO/Diretob 97 133 30

SiO2/TMA/Inversob 657 133 61

SiO2/TMA/Diretoa 229 134 54

Condições de polimerização: [Al]/[Zr] = 500 (1000 para o homogêneo); Temperatura de reação = 50°C; Solvente:

tolueno; pressão de etileno = 1 atm.

a – temperatura de impregnação do agente modificador = 30°C

b – temperatura de impregnação do agente modificador = 60°C

Análises de espectroscopia de absorção na região do UV-visível revelaram, para

todos os suportes, uma banda intensa em 288 nm, atribuída ao MAO na superfície

da sílica. Para os catalisadores preparados com MAO, a referida banda de absorção

já era esperada. No entanto, o aparecimento dessa banda de absorção para os

catalisadores preparados utilizando TMA como agente de modificação de superfície

revela a formação de MAO in situ, através da reação entre TMA e grupos OH da

superfície ou moléculas residuais de água. A Figura 10 representa a reação entre

TMA e SiOH que gera MAO in situ.

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Figura 10: Representação da reação entre grupos silanol e TMA para geração de

MAO in situ

Woo e colaboradores [55], empregando a técnica de geração de MAO in situ,

obtiveram catalisadores suportados utilizando dois tipos de montmorilonita (MMT-10)

– uma com 5% de água (HMMT-10) e outra desidratada (DMMT-10) – pré-tratadas

com TMA, seguido da adição do Cp2ZrCl2. Os catalisadores foram testados nas

polimerizações de etileno. A Figura 11 representa o perfil cinético dos catalisadores

durante a reação de polimerização. A HMMT-10 apresentou maior atividade, no

entanto, houve uma progressiva desativação do catalisador durante a polimerização.

Foi observado que, devido à elevada atividade no início da reação, as cadeias

poliméricas formadas causaram a fragmentação do suporte, expondo grupos OH,

presentes no interior do mesmo e inacessíveis ao TMA durante a etapa de

tratamento. A exposição do metaloceno a esses grupos causou a desativação do

catalisador. Já a DMMT-10, em conseqüência de sua baixa atividade, não sofreu

fragmentação, mantendo a atividade do sistema constante ao longo da reação. A

baixa atividade da DMMT-10 foi atribuída à escassez de água no suporte, não

havendo, conseqüentemente, a geração de MAO. Foi também observado que o

aumento do teor de TMA no meio reacional, até a razão [Al]/[Zr] de 500, resultou no

aumento da atividade da DMMT-10. Acima desse valor a atividade caiu novamente.

Essa observação levou o autor a concluir que até a razão 500, o TMA presente no

meio reagia com os grupos OH expostos durante a polimerização, evitando que

estes desativassem o catalisador. Razões superiores de TMA proporcionam uma

quantidade não reagida do mesmo no meio reacional, causando a desativação do

catalisador [38].

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Figura 11: Perfil cinético das polimerizações de etileno com o catalisador Cp2ZrCl2

impregnado em montmorilonita. As razões [Al]/[Zr], baseadas no teor de TMA

adicionado ao meio, são (a) 220 para a DMMT-10 e (b) 150 para a HMMT-10 [55]

A técnica de hetereogeneização in situ (in situ supporting), que consiste na adição

do suporte pré-tratado ao reator onde ocorrerá a polimerização, seguida da adição

de solução de um metaloceno [56], foi utilizada por Francesccini e colaboradores

[57] nas polimerizações de propileno com o SiMe2(Ind)2ZrCl2 suportado em SMAO

(sílica modificada com MAO), utilizando diferentes compostos de alumínio no meio

reacional – trietilalumínio (TEA), isoprenilalumínio (IPRA), triisobutilalumínio (TIBA).

Essa técnica de imobilização visa minimizar as etapas de tratamento químico para a

obtenção do catalisador. O inconveniente desse método é que, como o catalisador é

adicionado ao meio de polimerização na forma de uma solução, parte dele pode não

ser aderida ao suporte e, como conseqüência, reações homogêneas podem ocorrer.

Para evitar essa inconveniência, Francesccini utilizou uma razão [Al]/[Zr] (alumínio

presente na sílica/zirconoceno adicionado ao meio reacional) inferior à razão de

saturação de zirconoceno na sílica (Figura 12).

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Figura 12: Relação entre o zirconoceno adicionado e imobilizado no suporte [57]

Para comprovar que a técnica utilizada resultou em polimerizações heterogêneas, os

autores utilizaram a microscopia eletrônica de varredura (SEM) para analisar a

morfologia dos produtos, que foi comparada à morfologia do PP obtido através do

catalisador homogêneo e do catalisador heterogêneo fixado ex situ. As micrografias

confirmaram que as polimerizações com o catalisador fixado in situ foram

heterogêneas, tendo em vista que as morfologias dos catalisadores heterogêneos in

e ex situ foram semelhantes.

(a) (b) (c)

Figura 13: Micrografias de SEM de polipropilenos obtidos com SiMe2(Ind)2ZrCl2: (a)

homogêneo; (b) catalisador suportado in situ; (c) catalisador suportado ex situ [57]

A verificação da influência do alquilalumínio no meio de polimerização sobre a

atividade e as propriedades dos polímeros formados com catalisadores suportados

in situ, foi também realizada por Francesccini e colaboradores [58] em um outro

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trabalho. O sistema de polimerização foi o mesmo utilizado no trabalho anterior. Os

pesquisadores observaram que a massa molar dos polipropilenos era influenciada

pela concentração e pelo tipo de alquilalumínio utilizado no meio reacional. Quando

TEA era utilizado no meio reacional, a massa molar dos polímeros sofria redução

com o aumento da concentração do alquilalumínio no meio. Por outro lado, para

IPRA e TIBA, o aumento da concentração de ambos resultou no aumento da massa

molar dos polímeros (Quadro 7). Os resultados mostram que o mecanismo de

transferência de cadeia para o alquilalumínio é mais pronunciado com TEA do que

com os outros dois alquilalumínios, devido ao efeito estérico imposto pelos dois

últimos.

Quadro 7: Atividade catalítica do sistema homogêneo SiMe2(Ind)2ZrCl2/MAO e do

suportado SiMe2(Ind)2ZrCl2/SiO2-MAO na presença de TEA, TIBA ou IPRA e as

propriedades dos polipropilenos obtidos [58]

Alquilalumínio

Atividade

(kg PP/molZr*h)

Tm

(°C)

Xc

(%)

Mw

(kg/mol)

Mw/Mn

Tipo

Concentração

(mol Al /mol Zr)

MAO/Homogêneo 500 4,6 142 53 34 2,1

TEA 70 0,3 142 41 45 2,1

TEA 250 0,4 141 27 42 2,1

TEA 500 0,3 140 25 30 1,9

TEA 1000 0,1 140 18 26 1,8

TIBA 40 0,4 140 31 58 2,4

TIBA 70 0,5 139 42 53 2,2

TIBA 130 0,4 140 35 62 2,2

TIBA 250 0,6 141 33 63 2,1

TIBA 500 0,2 140 26 68 2,1

TIBA 1000 0,2 141 29 69 2,0

IPRA 130 0,8 141 44 47 2,2

IPRA 500 0,2 139 36 61 2,2

Condições de polimerização: razão AlSMAO/Zr = 500; solvente – hexano; solução de catalisador 10 mL;

temperatura 60°C; pressão parcial = 6 bar; tempo de reação 60 min.

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Esses resultados sustentam a idéia de que os alquilalumínios não só atuam como

removedores de impurezas do sistema, como também participam da formação do

sítio ativo.

A polimerização por heterogeneização in situ foi comparada à polimerização

utilizando o metaloceno previamente suportado (ex situ). Para isso, Lee e

colaboradores [59] utilizaram a montmorilonita sódica e a argila organofílica Cloisite

25A, sendo que ambos os materiais possuem estrutura lamelar. Foi utilizado MAO

para o tratamento químico dos materiais seguido do metaloceno Cp2ZrCl2. Os

catalisadores suportados em montmorilonita sódica apresentaram atividades

inferiores às atividades daqueles suportados em Cloisite 25A, por ambos os

métodos. Análises de ICP revelaram que o motivo da baixa atividade dos

catalisadores suportados em montmorilonita sódica deveu-se ao baixo teor de

metaloceno incorporado ao suporte. Tanto as polimerizações in situ quanto a ex situ

resultaram na formação de nanocompósitos de PE através da esfoliação da Cloisite

25A, no entanto, as polimerizações ex situ causaram maior esfoliação do material

devido a maior atividade do sistema catalítico. Enquanto nas polimerizações in situ,

a total esfoliação do material só era atingida após tempos reacionais mais longos,

para a polimerização ex situ todas as reações, em todos os tempos reacionais

testados, resultaram na esfoliação total do suporte, de acordo com as análises de

difratometria de raios-X.

2.4 - Materiais Mesoporosos como Suportes para Catalisadores Metalocênicos

A síntese dos materiais da família M41S, por pesquisadores da Mobil Oil

Corporation, foi o primeiro relato da obtenção de mesoporosos de estrutura

ordenada [60]. O MCM-41 é um dos materiais mais estudados dessa família de

silicatos [61-63], apresentando uma estrutura tipicamente hexagonal e sua formação

foi inicialmente proposta pelo mecanismo “Liquid Crystal Template” (LCT), no qual as

espécies de silicatos se agregam sobre micelas tensoativas em arranjo hexagonal,

sob condições hidrotermais.

O SBA-15, assim como o MCM-41, também é um silicato mesoporoso, com estrutura

em fase hexagonal bidimensional. Sua síntese também se dá pelo mecanismo LCT,

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entretanto, a substância usada como direcionador é, geralmente, um composto

como o PEOn – PPOm - PEOn poli(óxido de etileno – b – óxido propileno – b – óxido

de etileno), um copolímero em blocos, enquanto o MCM-41 utiliza um tensoativo

iônico [64, 65].

Ao contrário do MCM-41, na síntese do SBA-15 são utilizadas substâncias

direcionadoras que apresentam pouca interação com a superfície inorgânica, tais

como o PEO20PPO70PEO20 [66].

São vastas as aplicações desses materiais, sendo principalmente empregados na

indústria petroquímica como suportes para catalisadores utilizados na

dessulfurização do petróleo [67] e no desenvolvimento de processos de reciclagem

de poliolefinas para a obtenção de combustíveis [68]. Tanto o MCM-41 quanto o

SBA-15 já foram utilizados em alguns trabalhos como suportes para catalisadores

metalocênicos [69-72].

Avaliando o MCM-41 e o Al-MCM-41 como suporte para catalisadores

metalocênicos, Ihm e colaboradores [69] relataram que o MCM-41 necessita de um

prévio tratamento químico com MAO, por exemplo, para que o metaloceno seja

fixado em sua superfície e um catalisador ativo para as polimerizações de etileno

seja obtido. Entretanto, os pesquisadores observaram que o Al-MCM-41 pode

receber o metaloceno diretamente em sua superfície, sem que este tenha sido

submetido a nenhum tratamento químico, promovendo a formação de catalisadores

ativos nas mesmas polimerizações. Um resultado semelhante foi observado por

Rahiala e colaboradores [70] ao testarem os mesmos materiais, com adição direta

de metaloceno em sua superfície, como suporte para catalisadores metalocênicos.

Segundo Ihm [69] a diferença de atividades entre os catalisadores suportados em

MCM-41 e em Al-MCM-41 deve-se, provavelmente, à presença de sítios ácidos de

Lewis na superfície do Al-MCM-41, que atuariam na fixação dos catalisadores sem

causar sua desativação. Ihm também observou que nos catalisadores suportados

em Al-MCM-41 que receberam pré-tratamento com MAO, a atividade foi muito

inferior, cerca de dez vezes menor que a atividade dos catalisadores diretamente

adicionados a esse suporte. No Quadro 8 estão dispostos os resultados das

polimerizações de etileno realizadas no trabalho de Ihm com o catalisador suportado

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em Al-MCM-41, quando é variada a razão silício/alumínio na rede cristalina do

material mesoporoso. Foi observado que o aumento do teor de alumínio no suporte

é acompanhado do aumento da atividade catalítica para a polimerização de etileno.

Quadro 8: Resultado das polimerizações de etileno com o catalisador Cp2ZrCl2 em

meio homogêneo e suportado em materiais mesoporosos [69]

Catalisador

Si/Al

Al/Zr

(MAO no meio)

Massa

(g)

Atividade

(kg PE/mol Zr*h)

Tm

(°C)

Mv

(g/mol)

Homogêneo - 4000 11,1 6200 132,0 12900

MCM-41/MAO - 4000 1,1 600 139,2 49900

Al-MCM-41/MAO 30 4000 1,0 540 138,7 40300

Al-MCM-41 15 1000 2,3 1300 139,4 40200

Al-MCM-41 15 2000 3,7 2100 135,2 26800

Al-MCM-41 15 3000 5,0 2800 134,3 25400

Al-MCM-41 15 4000 6,0 3400 134,3 23500

Al-MCM-41 30 1000 3,1 1740 134,0 26900

Al-MCM-41 30 2000 3,9 2190 135,6 32900

Al-MCM-41 30 3000 4,5 2530 133,6 33100

Al-MCM-41 30 4000 5,0 2780 133,9 35300

Al-MCM-41 60 1000 0,2 90 131,1 28100

Al-MCM-41 60 2000 1,9 1070 133,3 21100

Al-MCM-41 60 3000 3,0 1680 135,4 22200

Al-MCM-41 60 4000 3,4 1900 134,0 18700

Condições de polimerização: [Zr] = 2,68 mM; 100ml de tolueno; Pressão de etileno = 10 psig;

temperatura = 60°C; tempo de reação = 60 min.

Sano e colaboradores [44] também estudaram a presença de sítios ácidos de Lewis

na superfície do Al-MCM-41. Neste estudo, o método da pós-síntese foi empregado

para obter o Al-MCM-41. O referido método consiste em tratar quimicamente o

MCM-41 com TMA, por exemplo, e submeter o suporte à calcinação, para que o

alumínio seja incorporado à rede cristalina do material. Os autores, após realizarem

o tratamento químico com TMA, submeteram o suporte a diferentes temperaturas de

calcinação. Através da difratometria de raios-X, foi observado que após a

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calcinação, os suportes sofreram pequenas modificações em suas estruturas.

Análises de FTIR revelaram que a temperatura de tratamento à qual o suporte foi

submetido gerou uma grande quantidade de sítios ácidos de Lewis em relação ao

material precursor, atingindo um valor máximo a 700°C (Figura 14). De acordo com

os espectros, para as mesmas condições, os sítios de Lewis são gerados em

maiores quantidades no MCM-41 que na sílica gel.

Figura 14: Espectros de FTIR do MCM-41 (a) Al-MCM-41 - (b) 500°C, (c) 600°C, (d)

700°C, (e) 750°C, e (f) 800°C – e da sílica aluminada – (g) 600°C, (h) 700°C e (i)

800°C. L e B referem-se aos sítios ácidos de Lewis e BrØnsted [44]

As polimerizações de propileno foram conduzidas a 40°C com o metaloceno rac-

Et(Ind)2ZrCl2, que foi fixado no suporte através da técnica de heterogeneização in

situ, já anteriormente descrita. TIBA foi adicionado ao meio de polimerização. O

sistema gerou polipropileno isotático (índice de isotaticidade na faixa de 79 a 81%).

O rendimento máximo de PP foi obtido com o catalisador à base de Al-MCM-41

tratado a 700°C. Esse rendimento decresceu quando suportes tratados em

temperaturas acima de 700°C foram utilizados. O rendimento de PP obtido com

catalisadores suportados em sílica foi inferior àquele obtido pelos catalisadores

suportados em Al-MCM-41. Os sistemas que utilizaram o MCM-41 não produziram

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polipropileno. Os resultados do trabalho de Sano e colaboradores reforçam a idéia

de que a presença de alumínio na rede cristalina do suporte é um fator crítico para a

formação de espécies ativas para a polimerização, com já havia sido relatado [44].

Em outro estudo de sistemas catalíticos com metalocenos suportados em MCM-41,

Wang e colaboradores [71] utilizaram Cp2ZrCl2 suportado no MCM-41 para a

polimerização de etileno. Pode ser observado (Figura 15) que a morfologia do

polímero formado apresentava aspecto de fibras com dimensões nanométricas.

Essas nanofibras seriam o resultado do controle exercido pelos nanocanais do

suporte sobre as cadeias de polímero em crescimento. As cadeias eram impedidas

de dobrarem para formar as lamelas características dos cristais de polietileno e

cresciam sempre numa mesma direção, como se fossem extrusadas.

Figura 15: (a) Imagens de microscopia eletrônica de varredura das amostras de

polietilenos produzidos com Cp2ZrCl2 suportado no MCM-41, (b) Esquema

conceitual da formação das nanofibras de polietileno pelos mesoporos do MCM-41

durante a polimerização [71]

As análises de calorimetria de varredura diferencial revelaram temperaturas de fusão

maiores para as amostras produzidas com o catalisador suportado que para aquelas

obtidas em sistema homogêneo. Foi também observado que as temperaturas de

fusão verificadas na primeira e na segunda corridas da análise térmica eram

(a) (b)

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similares (Quadro 9), sugerindo que o sistema polimérico já possui uma ordenação

estrutural de seus cristais.

Quadro 9: Polimerizações de etileno utilizando o catalisador Cp2ZrCl2 suportado em

MCM-41a [71].

Reação

Tempo

reacional

(min)

Atividadeb

Tm

(corrida 1)

Tm

(corrida 2)

1 10 0,97 134 134

2 30 0,49 134 135

3 60 0,50 133 133

4c 30 1,54 129 131 a Condições reacionais: 50ml de tolueno; [Al]/[Zr] = 2000; pressão = 1atm b x106gPE/molZr .h.atm c Polimerização em sistema homogêneo

Em outro trabalho realizado por Wang e colaboradores [72], foi realizado um estudo

comparativo entre os materiais MCM-41 e SBA-15, utilizados como suportes para o

metaloceno Cp2ZrCl2. Os materiais foram submetidos a tratamentos térmico e

químico antes da adição do metaloceno. Para as mesmas concentrações de MAO

no meio reacional, observou-se um aumento acentuado da atividade com o aumento

da temperatura de polimerização (Quadro 10).

Foi também observado que as temperaturas de fusão dos PE’s sintetizados com o

catalisador suportado em MCM-41 foram superiores àquelas dos PE’s sintetizados

com o sistema homogêneo e suportados em SBA-15. Esse fato foi atribuído ao

efeito produzido pelos menores diâmetros de poros do MCM-41 (29 angstrons) em

relação ao SBA-15 (56,4 angstrons). Poros menores exercem maior controle sobre a

formação das cadeias. Ao passarem através dos poros do suporte, as moléculas do

monômero têm sua direção de propagação controlada pelas paredes do suporte,

formando as cadeias estendidas, como já observado em outro trabalho [71].

Tanto os polietilenos sintetizados com o catalisador suportado em MCM-41 quanto

em SBA-15 proporcionaram morfologia fibrosa para baixos tempos de polimerização

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(Figura 16 (a) e (b)), porém as fibras de PE obtidas com catalisador suportado em

SBA-15 apresentaram maiores diâmetros. Com um maior tempo de polimerização,

30 minutos, somente os polietilenos sintetizados com o sistema suportado em MCM-

41 ainda exibiam morfologia fibrosa, enquanto que os polímeros sintetizados com

catalisador suportado em SBA-15 não apresentaram mais aspecto de fibras (Figura

17 (a) e (b)).

Quadro 10: Resultados das polimerizações de etileno com o catalisador homogêneo

e suportado [72]

Catalisador

Temperatura

de Polimerização

(°C)

[Al]/[Zr] Atividade

(g PE/mol Zr*h)

Tm

(°C)

MCM-41/MAO/Cp2ZrCl2 30 2000 380000 136,0

MCM-41/MAO/Cp2ZrCl2 50 2000 490000 134,0

MCM-41/MAO/Cp2ZrCl2 70 2000 1740000 130,4

SBA-15/MAO/Cp2ZrCl2 30 2000 330000 134,7

SBA-15/MAO/Cp2ZrCl2 50 2000 530000 129,8

SBA-15/MAO/Cp2ZrCl2 70 2000 900000 128,9

Cp2ZrCl2 50 2000 1540000 129,7

Condições de polimerização:50 mL de tolueno; pressão de etileno = 1 atm; tempo = 60 min.

Figura16: Micrografias de microscopia eletrônica de varredura dos polietilenos

sintetizados com catalisador suportado em (a) MCM-41 e (b) em SBA-15 com 10

minutos de reação [72]

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Figura 17 (a): Micrografias de microscopia eletrônica de varredura dos polietilenos

sintetizados com catalisador suportado em (a) MCM-41 e em (b) SBA-15 com 30

minutos de reação [72]

A explicação para essa observação pode estar no fato de que, por apresentar poros

maiores, o SBA-15 permita a difusão de mais moléculas de monômeros aos centros

ativos, causando a formação de mais cadeias de polímeros que o MCM-41. Essas

cadeias romperiam a estrutura do suporte e a polimerização continuaria a acontecer

numa superfície que não apresenta mais a estrutura de canais.

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33

3– OBJETIVOS

Objetivo Geral

Esta Tese de Doutorado tem como objetivo principal desenvolver sistemas

catalíticos metalocênicos suportados em materiais mesoporosos, visando avaliá-los

nas polimerizações de etileno e propileno.

Objetivos Específicos

1. Avaliar o desempenho do mesmo catalisador metalocênico suportado em

materiais mesoporosos, tratados térmica e quimicamente, nas polimerizações

de etileno e propileno, utilizando diferentes cocatalisadores no meio reacional;

2. Comparar os resultados dos sistemas catalíticos desenvolvidos como descrito

no item anterior aos resultados das polimerizações de etileno e propileno com

sistemas formados pelo zirconoceno em solução (homogêneo) ou suportado

em sílica;

3. Investigar a influência das características químicas e físicas do suporte sobre

o desempenho dos catalisadores desenvolvidos;

4. Averiguar se os diferentes sistemas catalíticos desenvolvidos produzem

polietileno e polipropileno com características distintas entre si e dos sistemas

homogêneo e suportado em sílica;

Principais Contribuições

1. Estudar o uso dos materiais mesoporosos do Tipo SBA-15 como suporte para

catalisadores metalocênicos;

2. Avaliar como o aumento da concentração de metaloceno no suporte afeta o

desempenho dos catalisadores desenvolvidos;

3. Verificar como a variação da razão silício/alumínio no suporte atua sobre o

desempenho do catalisador nas polimerizações de etileno, propileno e

copolimerizações de etileno/propileno;

4. São inéditos o estudo da variação da razão Si/Al, do aumento da

concentração de metaloceno impregnado no suporte e da lixiviação. É

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também inédito o uso de catalisadores isoespecíficos com o intuito de

preparar iPP e avaliar o sistema na copolimerização de et/prop.

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4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 – Técnicas Empregadas

Os compostos sensíveis ao ar foram manipulados sob atmosfera inerte de

nitrogênio, utilizando as técnicas em Schlenk.

4.2 - Produtos Químicos

Os principais produtos químicos empregados no presente trabalho foram:

• Solventes:

Tolueno – procedência: Ipiranga Petroquímica; grau de pureza: comercial;

purificado com peneira molecular (3Ǻ) para a remoção do excesso de

umidade e posteriormente destulado em presença sódio metálico e

benzofenona sob atmosfera de nitrogênio. Este composto foi empregado

como solvente para o catalisador metalocênico e nas homo e

copolimerizações;

Etanol – procedência da Resende S.A. Álcool e Açúcar (Álcool Pring), grau

de pureza comercial. Foram preparadas soluções de HCl 5% p/v com esse

solvente e empregadas na precipitação dos polímeros após a síntese.

Pentano – procedência: Vetec; grau de pureza: PA; purificado em coluna de

alumina. Este hidrocarboneto foi empregado para a realização de testes de

lixiviação com os catalisadores suportados preparados;

• Metilaluminoxano (MAO) – Procedência: Crompton GmbH, Alemanha;

solução a 10% p/v (ou 1,724 M) de MAO em tolueno; usado como recebido;

grau de pureza: P.A.. Esse aluminoxano foi empregado no tratamento

químico dos suportes ou como cocatalisador para os compostos

metalocênicos durante as polimerizações.

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36

• Triisobutilalumínio (TIBA) – Procedência: Crompton GmbH, Alemanha; grau

de pureza: P.A. Empregado na modificação do metilaluminoxano para a

formação do MAO modificado, testado como cocatalisador.

• Catalisador Isoespecífico – Dicloreto de dimetil-sililano-bis(2-metil-

indenil) Zircônio (SiMe2(2-Me-ind)2ZrCl2); procedência: Boulder Scientific

Company; grau de pureza: P.A.;

• Etileno – Procedência: White Martins Gases Industriais; grau de pureza:

industrial; purificado por tratamento em colunas com recheio de peneira

molecular (3 Ǻ) e óxido cuproso para a remoção de umidade e oxigênio.

Utilizado como monômero;

• Propileno – Procedência: Doação da Quattor; grau de pureza: comercial;

purificado por tratamento em colunas com recheio de peneira molecular (3 Ǻ)

e óxido cuproso para a remoção de umidade e oxigênio. Utilizado como

monômero;

• Sílica – Procedência: PQ Corporation USA – MS3050. Empregado como

suporte para catalisador metalocênico.

• Materiais Mesoporosos SBA-15, Al-SBA-15 – Procedência: sintetizados

pelo Grupo de Catálise do Professor Lindoval Domiciano, Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro. Empregados como suportes para catalisador

metalocênico. (A rota de síntese desses materiais encontra-se no Anexo D)

• Outros produtos: Ácido clorídrico – procedência Vetec Química Fina Ltda.,

grau de pureza PA (36-38%), usado como recebido; Benzofenona –

procedência: Vetec Química Fina Ltda., grau pureza: para síntese, usado

como recebido; Catalisador de cobre – procedência BASF, doação da

Polibrasil Resinas, reativado por tratamento com hidrogênio em colunas a

200°C; Peneira Molecular 3A – procedência: Merck Schuchardt por doação

Polibrasil Resinas, seca em colunas a 200-250°C sob fluxo de nitrogênio

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37

seco; Sódio metálico – procedência: Riedel de Häen, grau de pureza: PA,

usado como recebido. Nitrogênio: procedência: Air Liquid, grau de pureza:

líquido eluído em colunas de peneira molecular 3A;

4.3 – Equipamentos

4.3.1 – Síntese

• Medidor de fluxo de gases (0 – 5000mL/min); marca: Brooks; modelo 5850D.

• Reator de polimerização com capacidade de 1000 mL; marca: Büchi; modelo

BEP 280.

• Banho termostático; marca: Haake; modelo: N6;

• Estufa a vácuo; marca: Fisher Scientific; modelo: 280A;

• Estufa com circulação forçada de ar; marca: Fabber-Primar;

• Unidade de secagem de gases com coluna de aço inox 316 contendo peneira

molecular e óxido cuproso.

4.3.2 - Caracterização

• Calorímetro de Varredura Diferencial (DSC); marca; TA; modelo: Q1000.

• Analisador Termogravimétrico (TGA); marca; TA; modelo: Q500.

• Espectrômetro de Absorção no Infravermelho com Transformada de Fourier

(FTIR); marca: Perkin Elmer; modelo: 1720X.

• Espectrometro de Ressonancia Magnética Nuclear, Bruker, modelo DRX-300,

sonda CP-MAS 4mm para análise de amostras sob forma sólida. As análises

foram realizadas no Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear –

LABRMN/UFRJ pela Professora Rosane San Gil.

• Espectrômetro de Absorção no Ultravioleta Visível (UV – Vis); marca: Varian;

modelo: Carry 100.

• Unidade de Adsorção e dessorção de Nitrogênio; marca: Micromeritics;

modelo: ASAP 2020 (Análises realizadas no Laboratório de Catálise do

DEQ/UFRRJ).

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38

• Unidade de Termodessorção à Temperatura Programada de Amônia (TPD);

desenvolvida pela COPPE – UFRJ (Análises realizadas no Laboratório de

Catálise do DEQ/UFRRJ).

4.4 - Procedimentos

4.4.1 - Tratamento da Vidraria

Tendo em vista a alta sensibilidade apresentada pelos catalisadores metalocênicos

em relação ao ar, umidade e outras impurezas, e o fato dos alquilalumínios e

aluminoxanos serem compostos pirofólicos, toda a vidraria empregada neste

trabalho foi seca em estufa a 130°C por pelo menos 1 hora e resfriada sob

atmosfera de nitrogênio seco.

4.4.2 - Preparação da Solução de Catalisador Metalocênico

A solução do catalisador (SiMe2(2-Me-ind)2ZrCl2) foi preparada em frasco Schlenk

sob atmosfera inerte, adicionando-se tolueno recém-destilado ao organometálico. A

solução resultante apresentava cor amarela e concentração igual a 0,0010M.

4.4.3 - Preparação da Solução de Triisobutilalumínio (TIBA)

A solução de triisobutilalumínio foi preparada em tolueno a partir do TIBA puro,

mantendo-se a concentração molar de alumínio idêntica àquela encontrada na

solução de MAO comercial (1,724 M). Em frasco Schlenk seco em estufa a 120°C

adicionou-se, sob fluxo de nitrogênio, tolueno recém-destilado. A seguir, com auxilio

de seringa, calças de nitrogênio e sob fluxo de nitrogênio, foi realizada a

transferência do triisobutilalumínio para o Schlenk com tolueno.

4.4.4 - Preparação da Solução de Metilaluminoxano Modificado (MMAO)

O MMAO empregado nos experimentos foi preparado a partir de uma mistura entre

solução de MAO comercial e solução de TIBA preparada no item 4.4.3. A razão

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39

molar MAO/TIBA empregada na preparação da mistura foi de 1:5 [15]. A adição dos

compostos ao Schlenk seguiu, rigorosamente, a seguinte ordem: solução de MAO

seguida da solução de TIBA. Durante a preparação da solução o sistema foi mantido

sob agitação. A adição da solução de TIBA ao Schlenk foi realizada lentamente. A

solução permaneceu sob agitação por 24 horas antes de ser utilizada.

4.4.5 - Tratamento Térmico dos Suportes

4.4.5.1 - Sílica

Um grama de sólido foi introduzido em uma célula de calcinação de vidro com placa

porosa de material cerâmico e 5 cm de diâmetro. A altura de material na placa não

ultrapassou 0,5 cm. A célula foi então introduzida no forno de calcinação e aquecida

partindo da temperatura ambiente até 400°C com uma razão de aquecimento de

aproximadamente 3°C mim-1 e fluxo de nitrogênio igual a 80 ml min-1. O sistema foi

mantido nessa temperatura por 4 horas. O resfriamento do material foi feito com o

desligamento do forno de calcinação e sob atmosfera de nitrogênio até que o

material atingisse a temperatura ambiente. Após esse tratamento, o sólido foi

transferido para um Schlenk e armazenado sob atmosfera inerte até o momento do

tratamento químico.

0

100

200

300

400

500

0 100 200 300 400 500

Tempo (min)

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Figura18: Perfil do tratamento térmico da sílica

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40

4.4.5.2 – Materiais Mesoporosos

Esses materiais já foram recebidos calcinados, pois esse procedimento já faz parte

de seu processo de síntese. Então, os materiais foram tratados termicamente a

temperatura inferior à da sílica, tendo como objetivo a eliminação da umidade

possivelmente adquirida durante a sua manipulação. O tratamento foi realizado

aquecendo-se o sistema da temperatura ambiente até 300°C, com uma taxa de

aproximadamente 2°C min-1 e fluxo de nitrogênio igual a 80 ml min-1 permanecendo

nessa temperatura por 4h. O resfriamento foi realizado com o desligamento do forno

de calcinação e sob atmosfera de nitrogênio até que o material atingisse a

temperatura ambiente. Assim como no caso da sílica, após esse tratamento, o sólido

mesoporoso foi transferido para um Schlenk e armazenado sob atmosfera inerte até

o momento do tratamento químico.

0

100

200

300

400

0 100 200 300 400

Tempo (min)

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Figura 19: Perfil do tratamento térmico dos materiais mesoporosos

4.4.6 - Tratamento Químico

4.4.6.1 - Sílica e Materiais Mesoporosos

O tratamento químico recebido pelos suportes consistiu em impregná-los com

metilaluminoxano.

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Em Schlenk contendo o sólido, foram adicionados 30 mL de tolueno recém-destilado

e a solução de MAO em tolueno. A suspensão resultante foi mantida sob agitação

durante 4 horas a temperatura ambiente. A razão Al/suporte utilizada foi de 10

mmols de Al/g de suporte.

Após 4 horas, cada um dos suportes foi lavado com 40 mL de tolueno a 90°C. O

procedimento de lavagem foi realizado mantendo a suspensão sob agitação por três

minutos e logo depois colocada em repouso até a completa decantação do sólido. O

sobrenadante foi retirado e o procedimento de lavagem repetido por mais quatro

vezes. Após o processo de lavagem o solvente era completamente evaporado.

4.4.6.2 - Impregnação dos Suportes com Metaloceno

Uma solução do metaloceno preparada como descrito anteriormente foi adicionada

ao suporte já quimicamente tratado. O sistema foi mantido sob agitação constante, à

temperatura ambiente e atmosfera inerte de nitrogênio. As razões metaloceno/sílica

empregadas foram de 0,05 ou 0,10 mmoles de (SiMe2(2-Me-Ind)2ZrCl2)/g de suporte.

Após um período de 4 horas sob agitação, o Schlenk era deixado aberto sob

fluxo laminar de nitrogênio até que todo o solvente fosse evaporado, restando o

catalisador suportado na forma de um pó fino e livre de aglomerados. Ao sistema

eram então adicionadom 100 mL de tolueno recém-destilado em alíquotas de 20 ml.

A suspensão era mantida por 10 minutos sob agitação e a temperatura ambiente. A

agitação era então desligada, e após a decantação, as alíquotas eram removidas do

meio e armazenadas em outro Schlenk para posteriormente serem analisadas

através da espectroscopia de absorção no ultravioleta-visível (item 4.4.7.1), e

determinar a concentração de metaloceno no sobrenadante. A quantidade do

organometálico imobilizada no suporte foi obtida através da diferença entre a

quantidade de metaloceno presente na solução adicionada durante a impregnação e

a solução de lavagem do catalisador.

A lama de catalisador suportado em tolueno era novamente submetida ao processo

de secagem descrito anteriormente.

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42

O esquema da Figura 20 representa as etapas pelas quais cada suporte passou até

gerar o catalisador suportado. Também estão representadas as polimerizações com

cada catalisador.

Figura 20: Esquema das etapas empregadas na preparação de catalisadores e as

respectivas reações realizadas

4.4.7 – Caracterização dos Suportes e dos Catalisadores

4.4.7.1 – Espectroscopia de Absorção no Ultravioleta-Visível (UV-Vis)

As análises de epectroscopia de absorção no ultravioleta visível foram realizadas

com a finalidade de verificar a concentração de metaloceno nas soluções

sobrenadantes removidas após a lavagem do catalisador, e por diferença da

quantidade de metaloceno adicionado ao suporte, determinar o teor de metaloceno

realmente incorporado. O equipamento utilizado foi um espectrômetro Carry 100 da

Varian e a faixa de varredura empregada foi de 350 a 600 nm. A velocidade da

varredura foi de 120 nm/min.

Calcinação Sílica - 400°C

mesoporosos - 300°C

SUPORTE

Tratamento Químico

MAO

Tratamento Químico

MAO

Impregnação com Metaloceno 0,05mmol de Zr/g de suporte

SÉRIE 1

Menor Teor de Zr

Impregnação com Metaloceno 0,10mmol de Zr/g de suporte

SÉRIE 2

Maior Teor de Zr

MAO Meio

Reacional

MMAO Meio

Reacional

MAO Meio

Reacional

MMAO Meio

Reacional

PE, PP, EPM

PE, PP, EPM

PE, PP, EPM

PE, PP, EPM

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43

Antes da realização das análises das soluções de sobrenadante, foi construída uma

curva de calibração, obtida a partir de quatro soluções com concentrações

conhecidas e uma amostra contendo apenas o solvente (tolueno). Para todas as

soluções, o comprimento de onda observado para acompanhar a variação da

intensidade da absorbância foi próximo a 450 nm [73, 74].

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

350 400 450 500 550 600

comprimento de onda (nm)

Ab

sorb

ânci

a (U

.A.)

0,00010M 0,00025M 0,00050M 0,00075M Tolueno

Figura 21: Espectros no UV-vis das soluções de metaloceno com concentrações

conhecidas

Após a construção da curva de calibração, foram realizadas as análises das

soluções de metaloceno removidas do Schlenk após tratamento químico. Para

determinar a concentração molar de metaloceno, o valor da absorbância era

substituído na Equação 2 e calculada a concentração de cada solução

sobrenadante.

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44

y = 1235,9x - 0,0066

R2 = 0,9886

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008

Concentração Mol/L

Abs

orb

ânc

ia (U

.A.)

Figura 22: Curva de calibração para soluções de SiMe2(2-Me2-Ind)2ZrCl2 em tolueno

y = 1235,9 * x – 0,0066 Equação 2

Onde: y – absorbância

x – concentração em mol de metaloceno por litro de solução

Para determinar a quantidade de metaloceno no suporte foi empregada a Equação

3.

(Msa * Vsa) - (M ss * V ss) = nm Equação 3

Onde: Msa – molaridade da solução adicionada;

Vsa – volume da solução adicionada;

Mss – molaridade da solução sobrenadante;

Vss – volume da solução sobrenadante;

nm – número de mols de metaloceno no suporte.

Como as massas de suporte empregadas na preparação dos catalisadores eram

diferentes, fez-se também a divisão de nm pela massa de cada suporte e assim,

calculando-se o teor de metaloceno em cada catalisador preparado.

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45

4.4.7.2 – Análises de Adsorção e Dessorção de Nitrogênio

Na obtenção das isotermas de adsorção e dessorção de nitrogênio a 77 K

utilizou-se o equipamento ASAP2020 da Micromeritics. Antes das medidas, as

amostras foram pré-tratadas a 300°C por 12 h, sob vácuo. A partir destas

isotermas, a área específica foi calculada pelo método BET (Brunauer-Emmett-

Teller). O volume de poros e a área externa foram calculados pelo método t,

enquanto que o diâmetro e a distribuição de tamanho de poros foram determinados

pelo método BJH (Barrett-Joyner-Halenda) [75].

4.4.7.3 - NMR de 27Al e 29Si

Os espectros de NMR com rotação no ângulo mágico (NMR-MAS) das amostras

sólidas foram obtidos nas frequências de observação de 59,6 MHz (29Si) e 78,4 MHz

(27Al). Para o Si foram usadas as técnicas de rotação no ângulo mágico com

desacoplamento de hidrogênio de alta potência, para avaliação quantitativa dos tipos

de Si presentes (intervalo entre os pulsos 20s, número de acumulações 2000,

PW(90) = 5,2 µs, veloc. rotação 4000 Hz), e de rotação no ângulo mágico com

polarização cruzada (CP-MAS: intervalo entre os pulsos 1s, numero de acumulações

10240, tempo de contato 5000µs), para evidenciar a presença de sítios de Si

próximos de H [sítios do tipo Si(OH) e Si(OH)2]. Os espectros de 27Al com rotação no

ângulo mágico, por outro lado, foram obtidos com o objetivo de avaliar a

coordenação dos Al presentes (intervalo entre os pulsos 0,3s, número de

acumulações 6000, PW(π/12) = 1,33 µs, veloc. rotação 7000 Hz), considerando-se

que Al tetraédrico absorve no espectro de NMR de 27Al na região de 50-80 ppm,

enquanto sítios de Al octaédrico absorvem na região entre 10 e -5 ppm. Amostras

de caulinita (δ -91,5 ppm) e de cloreto de alumínio hexa-hidratado (δ 0,0 ppm) foram

empregadas como referências para os espectros de 29Si e 27Al, respectivamente.

4.4.7.4 - Análise Termogravimétrica (TGA)

As análises termogravimétricas realizadas nos suportes foram necessárias para

determinar a presença de resíduos do direcionador empregado na síntese desses

materiais e de água adsorvida durante a manipulação dos mesmos.

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46

Foi utilizado o equipamento da TA Instruments, modelo Q 500. A faixa de varredura

foi de 25 a 700ºC e a taxa de aquecimento foi de 3ºC min-1 sob atmosfera inerte de

nitrogênio.

4.4.7.5 – Termodessorção a Temperatura Programada de Amônia (TPD)

A análise foi realizada em uma unidade de quimissorção utilizando o método

dinâmico, onde a composição do gás efluente era determinada por um detector de

condutividade térmica. Inicialmente a amostra foi aquecida a 500°C por 60 minutos,

sendo o aquecimento feito a uma taxa de 10°C min-1 e sob fluxo de hélio igual a 30

ml min-1. Após este tratamento, a amostra foi resfriada até 100°C. Nesta

temperatura, foram determinadas as linhas base com a passagem de uma corrente

de hélio pura (30 ml min-1) e de uma mistura amônia/hélio (contendo 3% molar de

amônia). Foi realizada então a adsorção de amônia a 100°C. Em seguida, passou-se

pela amostra um fluxo de hélio puro para a retirada da amônia fisissorvida. Este ciclo

foi repetido duas vezes para determinar a quantidade de amônia quimissorvida.

4.4.7.6 – Polimerizações

4.4.7.6.1 - Homopolimerizações de etileno e propileno

As polimerizações foram realizadas em batelada, em reator de vidro Büchi

encamisado com capacidade para 1000 ml. Após tratamento em estufa a 130oC por

aproximadamente 1h, o reator era montado em suporte metálico sob fluxo de

nitrogênio seco. Ao atingir a temperatura ambiente, era conectado ao reator o banho

termostático, para então ser iniciada a adição dos reagentes.

Após a adição de tolueno e cocatalisador (MAO ou MMAO) ao reator, o meio

reacional foi saturado com o monômero a 60°C e 2 bar e agitado com velocidade de

600 rpm. A quantidade de tolueno dependia da quantidade de cocatalisador e

catalisador adicionados, de modo que o volume total do meio deveria ser constante

e igual a 100 mL.

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47

Logo que a saturação do solvente com o monômero era completada, a solução de

metaloceno (nas polimerizações homogêneas) ou a suspensão em tolueno do

catalisador suportado (nas polimerizações heterogêneas) era injetada no reator.

Para todas as reações foi empregada a mesma concentração de zircônio no meio

reacional, 50µM.

Nas reações heterogêneas, o catalisador suportado era mantido por dez minutos em

contato com parte da quantidade de MAO ou MMAO utilizada para as reações. A

outra parte dos compostos de alumínio era injetada no meio antes da saturação,

como descrito anteriormente.

O momento da injeção do catalisador no meio era tomado como o tempo inicial da

reação. As reações tiveram duração de uma hora e após esse período, a

alimentação de gás era cortada, o reator despressurizado, e o polímero resultante

vertido em becher com uma solução de ácido clorídrico (5% v/v) em etanol com a

finalidade de desativar os centros ativos e, conseqüentemente, finalizar a

polimerização. Os polímeros eram mantidos nesta solução por 24 horas.

4.4.7.6.2 – Copolimerizações de Etileno e Propileno

As copolimerizações seguiram a mesma seqüência de adição dos reagentes

descritas no item anterior. A diferença no procedimento de copolimerização estava

na forma de adição dos monômeros. Como o propileno é mais solúvel em tolueno

que etileno, primeiro era realizada a saturação do meio com propileno sob pressão

de 1,5 bar e 60°C. Após a saturação do meio com propileno, a alimentação deste

gás era cortada e dava-se início à alimentação do meio com etileno a 2 bar. Após a

saturação do segundo gás no meio, era realizada a adição do catalisador e o fluxo

de etileno era mantido até o final da reação. A precipitação do polímero era realizada

de acordo com o item 4.4.7.6.1.

4.4.7.6.3 – Purificação dos Polímeros

Após o período de 24 horas sob agitação em solução de etanol/HCl, os polímeros

eram filtrados a vácuo e lavados com solução aquosa saturada de bicarbonato de

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sódio, água e etanol para a remoção de resíduos de ácido clorídrico empregado na

etapa de finalização da reação. Os polímeros eram então transferidos para estufa a

vácuo, a 60°C para a evaporação do etanol e permaneciam nessas condições até

que todo o solvente fosse completamente evaporado. Após esse tratamento, os

polímeros eram pesados para o cálculo da atividade catalítica.

4.4.7.6.4 – Teste de Lixiviação

Os testes de lixiviação foram realizados para verificar se o organometálico era

extraído do suporte quando submetido às condições utilizadas na polimerização.

Para esse teste, era transferida para um Schlenk a quantidade de catalisador

suportado idêntica àquela empregada nas polimerizações de etileno. Sob fluxo

laminar de nitrogênio, o Schlenk era aberto e a ele adicionado tolueno e metade da

quantidade de metilaluminoxano calculada para a reação. A quantidade de MAO era

calculada com base na quantidade de zirconoceno presente no suporte, de maneira

que a razão molar alumínio (MAO)/zircônio (metaloceno) fosse igual a 1000. O

Schlenk era fechado e colocado sob agitação em banho de silicone a 60°C por 20

minutos. Então, a agitação era desligada e quando a suspensão estava

completamente decantada, o sobrenadante era removido cuidadosamente com

seringa e injetado no reator contendo tolueno, a outra metade de MAO e etileno

saturado a 60°C e 2 bar de pressão. A partir da injeção da solução sobrenadante no

reator, as polimerizações procediam como descritas no item 4.4.7.6.1.

Após a purificação e pesagem, as massas dos polietilenos obtidos nesses testes

foram comparadas às massas dos polietilenos obtidos nas polimerizações.

Foram também realizados testes de lixiviação empregando pentano na etapa de

extração. Esses testes só foram realizados com as amostras que apresentaram

lixiviação em tolueno. O procedimento era similar ao apresentado acima, exceto pela

temperatura de extração, que foi a ambiente, e pelo solvente de extração, que foi

pentano.

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4.4.7.6.5 - Cálculo da Atividade Catalítica

A atividade catalítica é uma medida da eficiência do catalisador testado. As

atividades dos catalisadores suportados foram calculadas de acordo com as

Equações 4 e 5. Como nas copolimerizações de E/P, a concentração de propileno

não é constante ao longo de toda a reação, o cálculo da atividade nessas

polimerizações não levou em consideração a concentração de monômero no meio

reacional.

Equação 4

Equação 5

A concentração dos gases dissolvidos no meio reacional foi calculada utilizando uma

equação de estado, que considera os valores de temperatura crítica, pressão crítica

e fator acêntrico (ω) dos gases e do tolueno [76].

4.4.7.7 – Caracterização dos Polímeros

Os polímeros foram caracterizados através da espectrometria de absorção na região

do infravermelho próximo com transformada de Fourier, para a determinação da

massa molar numérica média <Mn> dos polietilenos e para a determinação do grau

de incorporação de comonômero nos copolímeros. A calorimetria diferencial de

varredura foi empregada na determinação da temperatura de fusão (Tm) e do grau

de cristalinidade (Xc) dos polímeros.

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50

4.4.7.7.1 - Espectrometria de Absorção na Região do Infravermelho Próximo

com Transformada de Fourier (FTIR)

A técnica de espectroscopia de absorção na região do infravermelho foi empregada

para determinar a concentração de grupos insaturados terminais nas cadeias

polimérica, e usada posteriormente para estimar a massa molar dos polímeros

obtidos nas polimerizações de etileno. Através dessa técnica, os polímeros podem

ser analisados no estado sólido, o que não requer o uso de solvente.

Preparação dos filmes

Foram preparados filmes de polietileno e do copolímero etileno-propileno através da

prensagem das amostras por 2 minutos a 160ºC sob uma carga de 5.000 kgf/cm2.

Então a pressão era aliviada e iniciado o ciclo de pressão e descompressão para

eliminar bolhas que pudessem se formar no interior dos filmes. Os filmes eram

colocados para resfriar em prensa fria sob a mesma carga.

Determinação da massa molar numérica média

Os filmes preparados nas prensas foram depositados sobre janela de KBr. As

análises de espectroscopia procederam nas seguintes condições: 50 scans,

resolução de 4 cm-1 e faixa de 5000 a 400 cm-1.

A técnica de FTIR foi utilizada na quantificação dos grupamentos terminais vinileno

(965 cm-1), vinila (908 cm-1) e vinilideno (888 cm-1), além da banda a 4321 cm-1,

considerada como padrão interno, para a eliminação do efeito de espessura dos

filmes das amostras utilizados para a análise. Essas duplas ligações são formadas

durante a terminação das cadeias de polímero em crescimento por eliminação do

hidrogênio β, como mostra a Figura 23.

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51

Figura 23: Mecanismo de formação dos grupos vinilideno, vinil e vinileno em

polietileno [37]

As áreas das bandas de absorção dos grupos vinileno, vinila e vinilideno foram

calculadas e o somatório dessas foi dividido pela absorbância da banda em 4321

cm-1. A curva de calibração utilizada para a determinação da massa molar numérica

média foi obtida em trabalhos anteriores realizados pelo Grupo de Catálise para

Polimerização do IMA/UFRJ [14,16]. A partir da curva de calibração, determinou-se a

Equação 6, empregada na determinação da <Mn>.

y = 0,4862x – 0,1307 Equação 6

onde:

y - equivale ao somatório das áreas das bandas de absorção 965 cm-1, 908 cm-1 e

888 cm-1 dividido pela absorbância da banda de absorção 4321 cm-1;

x – equivale a (105/<Mn>).

Determinação do Grau de Incorporação de Comonômero

A determinação quantitativa do teor de propileno incorporado ao copolímero foi

realizada com auxilio da Equação 7 [77] que relaciona a razão entre as intensidades

das bandas a 720 e 1150 cm-1 e a razão entre a porcentagem em peso de etileno e

propileno no copolímero e, conseqüentemente, o conteúdo de propileno em

porcentagem molar.

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52

Equação 7

4.4.7.7.2 – Calorimetria de Varredura Diferencial (DSC)

As análises de DSC foram realizadas em equipamento da TA modelo Q1000. As

amostras (~4 mg) foram aquecidas de 25°C a 190°C a uma taxa de aquecimento de

10°C por minuto, para a destruição da história térmica do polímero e resfriadas a

25°C à mesma taxa. As temperaturas de fusão foram determinadas a partir da

segunda curva de aquecimento. O grau de cristalinidade foi calculado usando um

valor de 293J/g para o polietileno [78] e 195J/g e para o polipropileno isotático[79],

que são as entalpias de fusão dos polímeros extrapolados para 100% de

cristalinidade.

O grau de cristalinidade está relacionado com a variação de fusão da amostra e foi

calculado utilizando a Equação 8:

Xc = ∆H (amostra) * 100/ ∆H (100%cristalino) [80] Equação 8

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5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como mencionado anteriormente, os suportes mesoporosos empregados nesta

Tese foram sintetizados pelo Grupo de Catálise do Departamento de Engenharia

Química de Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e devido a isso, a rota

sintética desses materiais não foi incluída no capítulo que trata dos Materiais e

Métodos. No entanto, a rota de síntese está descrita no Anexo D.

5.1 - Avaliação dos Materiais Utilizados como Suporte

A avaliação das características dos materiais empregados como suporte é uma

etapa muito importante no desenvolvimento de catalisadores metalocênicos

heterogêneos. O teor de umidade, a área específica e os grupos presentes na

superfície do suporte são informações essenciais tanto na escolha do procedimento

para o tratamento do material antes da impregnação com o composto

organometálico, quanto para entender o comportamento do catalisador durante a

polimerização.

Os suportes empregados nesta Tese foram a sílica, o SBA-15 e quatro

aluminossilicatos mesoporosos (AlSBA-15) contendo razão Si/Al na rede cristalina

de 10 a 75. A sílica foi empregada como suporte de referência.

5.1.1 – Escolha da Temperatura de Tratamento dos Suportes Baseada na

Análise Termogravimétrica (TGA)

A análise termogravimétrica (TGA) foi empregada com o intuito de verificar a

possível presença de resíduos de direcionador que não tenham sido completamente

eliminados na etapa de calcinação, durante a preparação do material. A presença

desses resíduos pode impedir a entrada do complexo catalítico no interior dos poros

do material. Além disso, os compostos metalocênicos são altamente sensíveis à

umidade e a análise termogravimétrica dos suportes é uma importante ferramenta

para definir a melhor temperatura empregada no tratamento térmico desses

materiais a fim de eliminar água adsorvida ao suporte e excesso de grupamentos

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silanol. As Figuras 24 a 29 a seguir apresentam os termogramas dos materiais

empregados como suporte.

Como os suportes são silicatos e aluminosilicatos, eles apresentam uma estrutura

química semelhante à da sílica, tendendo a adsorver moléculas de água com grande

facilidade ao serem manipulados em atmosfera ambiente. De acordo com os

termogramas, a maior perda de massa nos suportes ocorre em torno de 100°C,

indicando a perda de moléculas de água adsorvida pelos materiais após a sua

síntese.

Em trabalho realizado por Araújo e colaboradores [81] foi observado que na faixa

compreendida entre 30º e 130°C, a perda de massa se deve à dessorção de água

fisissorvida nos poros do material.

Figura 24: Resultado da análise termogravimétrica da sílica

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Figura 25: Resultado da análise termogravimétrica do SBA-15

Ainda no mesmo trabalho, Araújo e colaboradores atribuem as perdas de massa na

faixa de temperatura compreendida entre 130°C e 450°C à remoção das moléculas

direcionadoras e início da condensação dos grupos silanol vicinais. De acordo com

os termogramas, os materiais perdem apenas uma pequena quantidade de massa

nesta faixa, indicando que a perda deve-se à condensação de grupos silanol, e não

da degradação de direcionador. Sendo assim, pode-se concluir que não há resíduos

do direcionador nos poros do material e que, a perda de massa sutil nesse intervalo

de temperatura se deve a parte dos grupos silanol vicinais que passam pelo

processo de condensação.

Confirmar a ausência de direcionador nos poros do material é um dado importante

antes de se fazer a impregnação com o complexo catalítico no suporte, pois, a

presença do direcionador ou de outras substâncias nos poros pode causar o

bloqueio destes, afetando o teor de metaloceno impregnado e, consequentemente,

interferindo na atividade do catalisador obtido [59].

Acima da temperatura de 450°C ocorre perda de massa nesses materiais que indica

a liberação de água intersticial, proveniente do processo de condensação

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secundária dos grupos silanol [81]. Como os grupos Si-OH são importantes para a

fixação do complexo catalítico, a eliminação total desse grupamento não é

conveniente para o desenvolvimento do trabalho.

Figura 26: Resultado da análise termogravimétrica do AlSBA-15 razão Si/Al = 10

Figura 27: Resultado da análise termogravimétrica do AlSBA-15 razão Si/Al = 25

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Figura 28: Resultado da análise termogravimétrica do AlSBA-15 razão Si/Al = 50

Figura 29: Resultado da análise termogravimétrica do AlSBA-15 razão Si/Al = 75

Com base nesse conjunto de fatores, foi escolhida a temperatura de 300°C para o

tratamento dos materiais mesoporosos. Para a sílica, foi empregada a temperatura

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de 400°C, levando em consideração que este material já foi bastante estudado e a

literatura recomenda temperaturas de calcinação em torno de 400°C [45].

5.1.2 – Avaliação da Presença de Grupos Silanol Livres nos Suportes após o

Tratamento Térmico

As Figuras 30 a 33 apresentam os resultados da espectroscopia de ressonância

magnética nuclear no estado sólido de 29Si por rotação do ângulo mágico com

polarização cruzada (29Si-NMR CP/MAS) dos materiais mesoporosos utilizados

como suporte após o processo de calcinação. O tratamento térmico de calcinação

tem como objetivo eliminar água e o excesso de grupos silanol, como já discutido

anteriormente. A técnica de 29Si-NMR CP/MAS foi empregada com o intuito de

determinar a presença de grupos silanol livres Si(OSi)3OH na superfície dos

materiais mesoporosos após o processo de calcinação a 300°C.

De acordo com a literatura [15, 82], esses materiais têm como característica

marcante a presença de grupos silanol em sua superfície, o que torna possível a sua

funcionalização assim como a fixação de compostos químicos, que no caso do

presente trabalho foi o metilaluminoxano e o zirconoceno.

Em trabalho anterior [15] pode ser observado que esses grupos são essenciais para

a adsorção química do complexo catalítico na superfície do suporte e que, com a

baixa concentração de Si(OSi)3OH, uma parcela muito pequena de metaloceno pode

ser quimissorvida, o que leva à lixiviação do restante do complexo catalítico que está

adsorvido fisicamente ao suporte durante a etapa de lavagem do catalisador,

gerando assim a remoção do complexo ativo e, como conseqüência, a baixa

atividade do catalisador suportado resultante.

Assim como na sílica, os materiais mesoporosos apresentam espectros com três

sinais característicos [83] em -91 ppm, -100 ppm e -110 ppm que correspondem à

absorção do silício como Si*(OSi)2(OH)2, Si*(OSi)3OH e Si*(OSi)4, respectivamente.

Nas Figuras 30 a 33 pode ser observado que todos os materiais apresentam um

sinal intenso em torno de -100 ppm indicando a presença de grupos silanol livres em

suas superfícies.

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Figura 30: Espectro de 29Si-NMR MAS/CP do AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 10

Figura 31: Espectro de 29Si-NMR MAS/CP do AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 25

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Figura 32: Espectro de 29Si-NMR MAS/CP do AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 50

Figura 33: Espectro de 29Si-NMR MAS/CP do AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 75

Nos espectros também podem ser verificadas as absorções em torno de -90 ppm

correspondente a silanol geminal (Si*(OSi)2(OH)2) e -110 ppm correspondente a

siloxano (Si*(OSi)4). Comparando a intensidade da absorção em -90 ppm e -100

ppm, fica claro que os materiais possuem, predominantemente, grupos silanol livres

mesmo após o tratamento de calcinação a 300°C. Esse resultado, somado ao do

TGA, confirmam que o tratamento térmico a 300°C é eficiente na remoção de água e

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do excesso de silanol, permitindo a posterior impregnação do suporte com MAO e

metaloceno sem que o complexo catalítico seja desativado pelo grupamento OH.

5.1.3 – Avaliação do Alumínio Incorporado ao Suporte

O efeito da presença de alumínio no suporte sobre o desempenho de catalisadores

foi estudado por alguns autores [21, 84, 85]. Como se sabe, a sílica, material

bastante estudado e utilizado como suporte, e outros silicatos como o SBA-15

apresentam a superfície coberta por grupos silanol, que são considerados sítios

ácidos de BrØnsted, e praticamente não apresentam sítios ácidos de Lewis [86]. No

entanto, a presença da acidez de Lewis exerce grande influência sobre o

desempenho dos catalisadores para a polimerização de olefinas [44, 87].

O emprego do AlSBA-15 com diferentes razões silício/alumínio teve como objetivo

avaliar o efeito do teor de alumínio presente na rede cristalina desses materiais

sobre o desempenho do catalisador heterogêneo. As Figuras 34 a 37 mostram os

espectros de NMR de 27Al com rotação no ângulo mágico (27Al NMR MAS) das

amostras de AlSBA-15. Todos os espectros apresentam o sinal em torno de 52 ppm

indicando a presença de alumínio tetracoordenado na rede cristalina do material [88,

89]. Comparando os espectros, também pode ser observada a diminuição desse

sinal com o aumento da razão silício/alumínio. Isso acontece, pois, o aumento da

razão silício/alumínio implica na redução do teor de alumínio na rede. Logo, quanto

maior o valor da razão, menor o teor de alumínio incorporado e menor a intensidade

do sinal em 52 ppm.

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Figura 34: Espectro de 27Al RMN – MAS AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 10

Figura 35: Espectro de 27Al RMN – MAS AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 25

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Figura 36: Espectro de 27Al RMN – MAS AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 50

Figura 37: Espectro de 27Al RMN – MAS AlSBA-15 calcinado razão Si/Al = 75

Um outro sinal, em torno de -1 ppm, também é característico dos aluminossilicatos.

Este sinal é referente ao alumínio hexacoordenado e fora da rede cristalina do

material. Alumínio hexacoordenado pode ser gerado a partir de tratamentos com

vapores de água, ácidos ou após calcinação [90, 91]. Esses processos causam a

desaluminação do material inorgânico, isto é, a remoção do alumínio

tetracoordenado das paredes do aluminosilicato. Esta técnica é empregada para

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gerar sítios ácidos de Lewis nos materiais [70], no entanto, também pode causar o

bloqueio dos poros [86], impedindo que o metaloceno seja fixado no interior do

suporte.

Analisando os espectros 27Al RMN MAS, observa-se que em nenhuma das amostras

o sinal em -1 ppm foi observado, indicando que praticamente todo o alumínio no

suporte encontra-se na forma tetracoordenada. Sendo assim, os sítios ácidos de

BrØnsted predominam nas amostras, pois, de acordo com Cardoso e colaboradores

[92], os átomos de alumínio tetracoordenados, pertencentes a estrutura cristalina,

cuja carga negativa é compensada por prótons, resultam em acidez de BrØnsted e,

átomos de alumínio hexacoordenados (geometria octaédrica) localizados fora da

rede geram acidez de Lewis. Os materiais mesoporosos empregados nesta Tese

após a síntese e a troca iônica com o íon amônio, foi calcinada, deixando íons H+

como cátion de compensação do alumínio negativo.

Apesar dos espectros indicarem a presença de alumínio na rede cristalina dos

suportes, esses sítios ácidos podem estar inacessíveis às moléculas do

organometálico, isto é, os átomos de alumínio podem estar ocluídos no interior das

paredes dos poros. Para esclarecer questões referentes à acidez e à acessibilidade

aos sítios ácidos nos suportes foi utilizada a técnica de Dessorção Térmica

Programada de amônia (TPD - Thermal Programmed Desorption). Esse método

torna possível a quantificação dos sítios ácidos presentes na superfície do material e

na superfície das paredes de seus poros.

No Quadro 11 são apresentados os dados referentes à análise de TPD dos

materiais inorgânicos. Como pode ser observado, a acidez do suporte (quantidades

de sítios ácidos por massa de material) deve aumentar como o aumento do teor de

alumínio tetraédrico na sua estrutura cristalina (terceira coluna), pois, teoricamente,

cada átomo de alumínio incorporado ao suporte gera um sítio ácido.

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Quadro 11 – Resultados das análises de TPD dos materiais mesoporosos contendo

alumínio, empregados como suporte

Amostra Acidez (µmol de NH3/g)

Acidez teórica (teor de alumínio)

(µmol de Al/g) AlSBA-15

(Si/Al = 10) 85,7 2845,4

AlSBA-15

(Si/Al = 25) 138,7 1246,7

AlSBA-15

(Si/Al = 50) 163,9 643,8

AlSBA-15

(Si/Al = 75) 83,52 433,9

No entanto, a acidez real das amostras difere dos teores de alumínio. A discordância

entre estes valores indica que grande parte dos átomos de alumínio está inacessível

às moléculas de amônia utilizadas como sonda. Como o material em questão é um

mesoporoso, onde os poros são suficientemente grandes para a entrada da

molécula sonda e, de acordo com as análises de ressonância magnética nuclear, o

alumínio está de fato presente no material na forma tetracoordenada, não havendo

alumínio extra-rede que causaria o bloqueio dos poros, a justificativa para este

resultado está no fato de que há alumínio no material, porém, estes átomos estão no

interior das paredes dos poros, ocluídos e não na superfície dessas paredes, onde

ocorre o processo de adsorção. Assim, as moléculas de amônia reagem apenas

com os sítios ácidos da superfície das paredes e aqueles gerados pelos átomos de

alumínio no interior das paredes não são quantificados através dessa técnica nem

servirão como pontos para fixação de metaloceno.

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5.1.4 – Características de Superfície dos Materiais Mesoporosos Empregados

como Suporte Catalítico

As características de superfície dos materiais como a área específica e a estrutura

porosa dos sólidos podem ser determinadas através da técnica de adsorção de

nitrogênio, através da qual uma isoterma de adsorção, que relaciona a quantidade

de gás adsorvida ou dessorvida pelo sólido em função da pressão do gás utilizado, à

temperatura constante, é elaborada.

O Quadro 12 e as Figuras 38 a 42 apresentam os resultados das medidas de

adsorção de nitrogênio. Através do método BET foi observado que os materiais

mesoporosos apresentam áreas específicas entre 327 e 845 m2/g. O volume de

mesoporos totais das amostras, determinado pelo método BJH, encontram-se na

faixa de 0,564 a 0,862 cm3/g e o diâmetro de poros entre 70 e 77 angstrons. Os

resultados para as características dos materiais estão de acordo com aquelas

encontradas na literatura para materiais mesoporosos [83, 93, 94].

De acordo com o Quadro 12, o aumento do teor de alumínio na rede cristalina do

material ocasiona a redução da área específica, assim como do volume de poros.

Pode ser também observado que o teor de alumínio exerce influência sobre o

diâmetro de poros, no entanto, essa variação não é tão pronunciada quanto os

outros dois efeitos observados.

A área específica dos materiais é uma propriedade de fundamental importância, pois

se entende que o aumento da área específica do suporte possibilita a incorporação

de um maior número de sítios ativos produzindo assim um catalisador mais ativo. No

entanto, a presença de alumínio no material pode influenciar a atividade do

catalisador suportado obtido [69]. Essas informações mostram que o desafio nesta

etapa do trabalho é encontrar um suporte que concilie os dois efeitos, gerando um

catalisador com elevadas atividades para a polimerização de etileno e propileno.

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Quadro 12: Parâmetros estruturais dos materiais SBA-15 e AlSBA-15 (Si/Al = 10, 25,

50, e 75) obtidos através da técnica de adsorção de nitrogênio

Amostra

Área

Específica

(m2/g)

Área

Externa

(m2/g)

Volume

Mesoporos

Primários

(cm3/g)

Volume

Mesoporos

Total

(cm3/g)

Diâmetro

de Poros

(Å)

Sílica 523 419

- 188

SBA-15 845 92 0,870 0,862 77

AlSBA-15 (10)

327 237 0,266 0,564 70

AlSBA-15 (25) 387 216 0,328 0,608 71

AlSBA-15 (50) 440 410 0,213 0,686 72

AlSBA-15 (75) 683 404 0,242 0,690 70

No que diz respeito à estrutura hexagonal dos poros, este dado só poderia ser

confirmado através de difratometria de raios-X de baixo ângulo, entretanto, os

materiais foram sintetizados de acordo com uma rota já estabelecida na literatura

[95]. Além disso, as isotermas de todos os materiais são do tipo IV com histerese do

tipo H1 que, conforme classificação da IUPAC, se enquadram no perfil de materiais

mesoporosos com poros de seção transversal constante (cilíndrico ou hexagonal,

por exemplo) [96]. A inflexão da isoterma para pressões relativas entre 0,6 e 0,8

confirma esta característica estrutural dos poros [97].

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68

Figura 38: Isoterma de adsorção de nitrogênio do SBA-15

Figura 39: Isoterma de adsorção de nitrogênio do AlSBA-15 com Si/Al = 10

Figura 40: Isoterma de adsorção de nitrogênio do AlSBA-15 com Si/Al = 25

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Figura 41: Isoterma de adsorção de nitrogênio do AlSBA-15 com Si/Al = 50

Figura 42: Isoterma de adsorção de nitrogênio do AlSBA-15 com Si/Al = 75

5.2 – Preparação dos Catalisadores Suportados

Todos os materiais empregados como suporte catalítico foram tratados

quimicamente com metilaluminoxano (MAO) (procedimento descrito no item 4.4.6.1)

após o tratamento térmico de calcinação a 400°C (sílica gel) ou 300°C (materiais

mesoporosos).

A adição de MAO ao suporte suspenso em tolueno foi acompanhada de

desprendimento de gás metano, que podia ser observado pelo borbulhamento

através da suspensão. A observação do desprendimento do gás indica a reação

entre o metilaluminoxano e os grupos silanol que recobrem a superfície dos suportes

[48] (Figura 8 da Revisão Bibliográfica).

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70

Passadas 4 horas, tempo necessário para garantir que os grupos silanol reajam

completamente com o MAO, foi feita a lavagem com tolueno a 90°C. A lavagem a

quente do suporte tratado quimicamente com MAO garante a remoção de

multicamadas do aluminoxano fisicamente adsorvidas que venham a se formar na

superfície do suporte. As multicamadas no suporte podem gerar a formação de sítio

ativo (metaloceno/MAO) na última camada de MAO, que não está adsorvida

quimicamente ao suporte. Esta espécie é facilmente removida do material inorgânico

com a presença de tolueno e a temperaturas acima da ambiente, já que tanto o

MAO quanto o metaloceno são altamente solúveis nesse solvente e nessa condição.

Como as polimerizações são realizadas a temperatura acima da ambiente, no caso

desse trabalho a 60°C, e empregando o tolueno como solvente, o sítio

metaloceno/MAO multicamada seria removido do suporte e a polimerização poderia

também ser conduzida com o catalisador em solução e não somente na forma

heterogênea.

Após o tratamento químico com MAO e lavagem a quente com tolueno, os suportes

foram impregnados com o composto metalocênico seguindo o procedimento descrito

em 4.4.6.2.

Realizada a impregnação do suporte com o organometálico, a solução de lavagem

do catalisador foi analisada por espectroscopia de absorção no ultravioleta-visível

(UV-Vis). Essa análise foi realizada com o intuito de determinar, através da diferença

entre o número de mol de metaloceno presente na solução de impregnação e na

solução de lavagem, a concentração de metaloceno no suporte. Para essa

determinação, foi elaborada uma curva de calibração e, a partir da Equação 2, que

relaciona a absorbância das soluções com a concentração de metaloceno (Figuras e

Equações em 4.4.7.1), foi obtida a quantidade de metaloceno no solvente de

lavagem.

Antes mesmo das análises, era possível observar que a solução sobrenadante de

cada catalisador, exceto aqueles suportados em sílica e um dos suportados em

SBA-15, apresentavam uma cor semelhante à da solução de metaloceno, porém

bem mais pálida. As soluções sobrenadantes dos catalisadores suportados em sílica

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71

e SBA-15, mesmo sem apresentarem coloração foram submetidas à análise para

confirmar a ausência de organometálico.

O teor de metaloceno em cada catalisador, calculado a partir das análises e UV-Vis,

está expresso na Figura 43 e no Quadro 13. Na referida figura não consta o teor de

metaloceno nos catalisadores suportados em sílica gel, pois, devido à ausência de

metaloceno na solução de lavagem, concluiu-se que todo o organometálico

adicionado à suspensão foi imobilizado no suporte.

0,0500

0,0330

0,0419

0,0459

0,0465

0,0889

0,0627

0,0757

0,0759

0,0868

SBA-15

AlSBA-15 (10)

AlSBA-15 (25)

AlSBA-15 (50)

AlSBA-15 (75)

mmol Zr/g suporte

Adicionado 0,05 mmol Zr/g suporte (SÉRIE 1)

Adicionado 0,10 mmol Zr/g suporte (SÉRIE 2)

Figura 43: Teor de zirconoceno incorporado aos suportes

Cada suporte, com exceção da sílica, gerou dois catalisadores, um com menor teor

de metaloceno adicionado (Série 1) e outro com maior teor adicionado (Série 2)

(Figura 43). Esta metodologia foi adotada, pois, de acordo com Marques e

colaboradores [45], o aumento do teor de zirconoceno na sílica é acompanhado pelo

decréscimo da atividade dos catalisadores. No entanto, como os suportes

mesoporosos possuem poros regulares, é possível que a imobilização do complexo

no interior dos poros cause uma inibição das reações de desativação bimolecular

[50], pois estas moléculas estariam isoladas nos poros.

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72

De acordo com a Figura 43, entre as catalisadores da Série 1, somente aquele

suportado em SBA-15 (Catalisador 4) foi capaz de adsorver quimicamente todo o

metaloceno adicionado durante a etapa de impregnação do suporte. Entre os

catalisadores da Série 2, o suportado em SBA-15 (Catalisador 5) foi também o que

mais quimissorveu metaloceno, no entanto, a adsorção não foi total como a que

aconteceu com o Catalisador 4.

O AlSBA-15 (10) foi o suporte que menos incorporou o zirconoceno, tanto entre os

catalisadores da Série 1 quanto entre os da Série 2. A baixa incorporação de

metaloceno nesse material pode ser atribuída à sua menor área específica. De

acordo com o Quadro 13, à medida que a área específica aumentou, o teor de

metaloceno no suporte também aumentou, o que reforça a idéia da influência da

área específica sobre o teor de zirconoceno incorporado.

No que diz respeito aos catalisadores suportados em AlSBA-15 (50) e AlSBA-15

(75), é importante salientar que, apesar da área específica do segundo material ser

mais que 50% maior que a do primeiro, ambos apresentam praticamente o mesmo

teor de metaloceno (Catalisadores 10 e 12). Verifica-se também que a área externa

desses dois materiais são praticamente as iguais, sugerindo que nestes dois casos,

a área externa é o fator que determina a fixação de zirconoceno e que os sítios

estão localizados preferencialmente na parte externa dos suportes.

No Catalisador 2 (suportado em sílica), que apresentou incorporação de todo o

metaloceno, o suporte apresenta área externa elevada, assim como os

aluminossilicatos, sugerindo que os sítios estão também localizados na superfície

externa do suporte.

Analisando a área externa do suporte SBA-15, observa-se que o material apresenta

um valor bastante inferior para essa característica, quando comparada a dos demais

suportes. Sendo assim, no caso do catalisador suportado nesse material, é possível

que os sítios se encontrem preferencialmente no interior dos poros do suporte.

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73

Quadro 13: Relação entre as características do suporte e o teor de zirconoceno

presente nos catalisadores suportados da Série 1

Suporte

Área

Específica

(m2/g)

Área

Externa

(m2/g)

Catalisador

Concentração

de

Metaloceno*

Sílica 523 419 a2 0,0500

- -

SBA-15 845 92 a4 0,0500 b5 0,0889

AlSBA-15

(Si/Al = 10) 327 237

a6 0,0330 b7 0,0627

AlSBA-15

(Si/Al = 25) 387 216

a9 0,0419

b8 0,0757

AlSBA-15

(Si/Al = 50) 440 410

a10 0,0459 b11 0,0759

AlSBA-15

(Si/Al = 75) 683 404

a12 0,0465 b13 0,0868

*concentração de metaloceno em mmol por grama de suporte (mmol Zr/g de suporte); aCatalisadores que

empregaram a razão de 0,05 mmol de metaloceno por grama de suporte na etapa de impregnação com o

composto organometálico. bCatalisadores que empregaram a razão de 0,10 mmol de metaloceno por grama de

suporte na etapa de impregnação com o composto organometálico.

A idéia de que o zirconoceno (Catalisador 4) tenha sido imobilizado no interior dos

poros do SBA-15é reforçada pelos resultados das análises termogravimétricas, que

indicam a ausência de direcionador, revelando que os poros deste material estavam

desbloqueados, livres de espécies que pudessem impedir o acesso do MAO e do

metaloceno ao interior das cavidades.

A análise de adsorção de nitrogênio do Catalisador 4 (SBA-15/MAO/Zr) revelou

ainda uma queda da área específica e da área externa em relação ao suporte, como

mostram as Figuras 44 e 45. Essa redução da área está associada à fixação do

complexo catalítico no material e indica que grande parte do zirconoceno está no

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interior dos poros do suporte, já que a área externa ocupada pelos sítios é menor

que a área específica.

443

845

SBA-15/MAO/Zr

SBA-15

Área Específica (m2/g)

Figura 44: Área específica do suporte SBA-15 calcinado e do catalisador suportado

em SBA-15 (SBA-15/MAO/Zr)

29

92

SBA-15/MAO/Zr

SBA-15

Área Externa (m2/g)

Figura 45: Área externa do suporte SBA-15 calcinado e do catalisador suportado em

SBA-15 (SBA-15/MAO/Zr)

A partir dessas observações pode-se dizer que na sílica e nos suportes contendo

alumínio, os sítios ativos estão preferencialmente fora dos poros, região com maior

disponibilidade para a fixação do complexo catalítico, enquanto que no SBA-15,

estão no interior dos poros.

No entanto, apesar do teor de zircônio fixado ter sido elevado e no caso da SBA-15

e da sílica gel ter atingido 100% de fixação, nada garante que todo o metaloceno

presente no suporte encontra-se na forma ativa, pois durante o processo de fixação,

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75

à medida que o solvente é evaporado, a solução vai se tornando cada vez mais

concentrada, e a elevada concentração da espécie, aliada à mobilidade das

moléculas na solução são fatores que podem favorecer as reações de desativação

bimolecular. Até o presente momento não se conhece nenhuma técnica que avalie

com precisão o teor de zircônio ativo presente no catalisador. Somente após as

polimerizações é que se pode confirmar o desempenho do catalisador ao se fazer

uma comparação entre catalisadores.

5.3 – Polimerizações de Etileno com Catalisadores Homogêneos e Suportados

Nesta etapa do presente trabalho, pretende-se avaliar o desempenho dos

catalisadores suportados nas polimerizações de etileno. O meio homogêneo foi

utilizado como parâmetro de comparação, pois nesta condição, o sistema

metalocênico não sofre as influências impostas pelas variações das características

do suporte como o impedimento estérico, que pode dificultar a difusão do monômero

ao centro ativo; e a possível desativação do organometálico por grupos químicos

presentes na superfície dos suportes durante a etapa de impregnação. Devido a

estes fatores, em meio homogêneo, o sistema catalítico tem uma melhor

performance, atingindo elevadas atividades.

5.3.1 – Polimerização de Etileno Empregando os Catalisadores Suportados da

Série 1 e MAO ou MMAO como Cocatalisadores

Na discussão abaixo serão tratados os catalisadores da Série 1, isto é, aqueles que

receberam 0,05 mmol de metaloceno em cada grama de suporte. Nesse estudo

serão empregados como cocatalisadores no meio reacional o metilaluminoxano

(MAO) ou o metilaluminoxano modificado (MMAO) com triisobutilalumínio (TIBA). O

Quadro 14 apresenta as condições reacionais empregadas nas polimerizações

assim como cada catalisador e cocatalisador empregado para a síntese do

polietileno.

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76

Quadro 14: Homopolimerizações de Etileno com os catalisadores da Série 1.

Condições Reacionais Catalisador Cocatalisadores*

Temperatura = 60°C;

Pressão = 2 bar;

[metaloceno] = 50 µM;

[etileno] = 0,1352 M

Solvente – Tolueno;

Tempo de reação: 1 h;

Velocidade de agitação - 600 rpm.

Homogêneo MAO 1000

MMAO 600

2

Sílica

MAO 1000

MMAO 600

4

SBA-15

MAO 1000

MMAO 600

6

AlSBA-15

(Si/Al = 10)

MAO 1000

MMAO 600

9

AlSBA-15

(Si/Al = 25)

MAO 1000

MMAO 600

10

AlSBA-15

(Si/Al = 50)

MAO 1000

MMAO 600

12

AlSBA-15

(Si/Al = 75)

MAO 1000

MMAO 600

* [Al] MAO/[Zr] = 1000; [Al]MMAO/[Zr] = 600

5.3.1.1 – Estudo da Influência das Características dos Suportes

A Atividade Catalítica

A Figura 46 e o Quadro 15 apresentam o desempenho dos catalisadores

homogêneo e suportados nas polimerizações de etileno empregando MAO como

cocatalisador no meio reacional. As atividades foram calculadas com base no teor

de zircônio no meio reacional.

Como era esperado, o catalisador homogêneo apresenta a maior atividade. No

entanto, entre os catalisadores suportados, o Catalisador 12 atingiu um desempenho

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77

próximo ao do sistema homogêneo. Este catalisador foi o que apresentou o maior

teor de metaloceno incorporado entre os catalisadores preparados em

aluminossilicatos. Contudo, este valor é ligeiramente menor que aquele observado

para os catalisadores suportados em sílica e SBA-15 (Figura 43). Sendo assim, o

teor de zirconoceno incorporado não é o único fator relevante para que o catalisador

apresente elevada atividade, pois, se assim fosse, os catalisadores suportados em

sílica e o SBA-15 (Catalisadores 2 e 4) deveriam ter apresentado os melhores

desempenhos.

O fato dos sítios de polimerização estarem localizados preferencialmente fora dos

poros no Catalisador 12 pode contribuir para o aumento da atividade em relação ao

Catalisador 4, devido à maior acessibilidade que o monômero encontra para atingir o

sítio ativo. Porém, a fixação dos sítios na superfície externa dos poros, favorecendo

a acessibilidade do monômero ao sítio, também está presente no catalisador

suportado em sílica (Catalisador 2) e este não apresentou desempenho similar ao

Catalisador 12. As evidências indicam que não somente um fator, mas um conjunto

de fatores está contribuindo para o melhor desempenho do Catalisador 12. O

suporte AlSBA-15 (75) apresenta área específica maior em relação aos demais

aluminossilicatos, aliado ao fato de grande parte desses sítios estarem localizados

na superfície externa. Somada a essas duas características, ainda há a baixa acidez

global desse suporte, que parece ser o seu diferencial em relação aos demais que

contém alumínio (Quadro 15). Apesar do AlSBA-15 (10) e do AlSBA-15 (75)

apresentarem acidez semelhante, o primeiro suporte não possui uma área tão alta

quanto a do segundo para imobilizar muitos sítios, explicando a baixa atividade do

catalisador correspondente. É possível que essa baixa área superficial favoreça a

proximidade entre as moléculas de zirconoceno e, consequentemente, as reações

de desativação bimolecular.

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78

40,4

28,7

26,3

20,4

11,4

13,2

32,2

Homogêneo

Cat 2

Cat 4

Cat 6

Cat 9

Cat 10

Cat 12

Atividade x10-3

(kg PE/mol Zr*h*mol Et)

Sílica

SBA-15

AlSBA-15 (10)

AlSBA-15 (25)

AlSBA-15 (50)

AlSBA-15 (75)

Figura 46: Atividade dos catalisadores homogêneo suportados empregando MAO

como cocatalisador no meio reacional.

O desempenhos dos Catalisadores 9 e 10 também demonstram que a acidez do

suporte exerce influência sobre a atividade. Esses dois catalisadores são suportados

em aluminosilicatos com elevada acidez frente ao demais. Como é evidenciado no

Quadro 15, esses dois catalisadores foram os que apresentaram os piores

desempenhos, e justamente eles são os que apresentam os maiores valores para

acidez.

Os aluminossilicatos são materiais conhecidos por apresentarem tanto acidez de

BrØnsted quanto de Lewis [86]. No entanto, a determinação da acidez nos suportes

empregou a técnica de dessoção de amônia a temperatura programada, que não

diferencia sítios ácidos de BrØnsted e de Lewis, apenas quantifica o total de sítios

ácidos presentes na amostra. Embora a técnica não permita a distinção entre os

dois tipos possíveis de sítios ácidos, os espectros de 27Al RMN MAS/CP indicaram

que o alumínio nos suportes encontra-se majoritariamente tetracoordenado na rede

dos materiais, como pode ser constatado através da ausência do pico próximo a -

1ppm, indicativo de alumínio fora da rede cristalina. O alumínio na forma

tetracoordenada presente no suporte é também o responsável pela formação de

sítios ácidos de BrØnsted [39]. É importante lembrar que além dos sítios ácidos de

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79

BrØnsted gerados pelo alumínio, ainda há no suporte a acidez de BrØnsted gerada

pelos grupos silanol.

Quadro 15: Propriedades dos suportes catalíticos e as atividades dos respectivos

catalisadores

Catalisador

(Série 1) 2 4 6 9 10 12

Suporte Sílica SBA15 AlSBA15

(10)

AlSBA15

(25)

AlSBA15

(50)

AlSBA15

(75)

Concentração de

Metalocenoa 0,0500 0,0500 0,0330 0,0419 0,0459 0,0465

Área Específica

(m2/g) 523 845 327 387 440 683

Área Externa

(m2/g) 419 92 237 216 410 404

Acidez - - 85,7 138,7 163,9 83,5

Atividadec 28,7 26,2 20,4 11,4 13,2 32,3

a mmol de metaloceno por grama de suporte; b µmol NH3/g suporte; c *10-3kg PE/mol Zr*h*mol Et.

As menores atividades dos Catalisadores 9 e 10, preparados nos suportes mais

ácidos, aliada à presença de alumínio tetracoordenado indicam que os sítios ácidos

presentes nos suportes são de BrØnsted. Muitos autores [21, 87] verificaram que os

sítios ácidos de Lewis são responsáveis pelo aumento da atividade de catalisadores

suportados em aluminossilicatos. Esses autores reforçam ainda em seus trabalhos

que esse tipo de sítio ácido está presente em materiais onde o alumínio encontra-se

fora da rede, na forma hexacoordenada. Sano e colaboradores [87] ainda

observaram que a presença de sítios ácidos de Lewis fortes nos suportes confere

aos catalisadores as maiores atividades.

No item 5.3.1.2 serão discutidos os resultados dos desempenhos dos mesmos

catalisadores tratados anteriormente, porém utilizando MMAO (metilaluminoxano

modificado) no meio reacional como cocatalisador.

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80

Características dos Polietilenos

A Figura 47 apresenta a massa molar numérica média (<Mn>) de cada polietileno

sintetizado com os Catalisadores da Série 1 e homogêneo, utilizando MAO no meio

reacional como cocatalisador.

De acordo com a Figura 47, os polietilenos obtidos com os catalisadores suportados

da Série 1 e o suportado em sílica possuem maiores <Mn> que o polímero obtido

através do sistema homogêneo. Esses resultados estão de acordo com o esperado

para polímeros obtidos com catalisadores suportados, que tendem a apresentar

<Mn> superiores àqueles dos polímeros obtidos em meio homogêneo [20, 69, 98].

Além da maior <Mn> apresentado pelos polímeros sintetizados com os sistemas

catalíticos heterogêneos, a morfologia dos materiais durante os experimentos já

indicava que esses polímeros foram de fato obtidos através de catalisadores

heterogêneos. Enquanto o sistema homogêneo resultava num polímero na forma de

um pó fino, o polímero obtido através do sistema heterogêneo apresentava-se como

partículas bem maiores, na forma de grãos. Os polímeros obtidos com catalisadores

heterogêneos também não apresentaram fouling, fenômeno típico do sistema

homogêneo e que consiste na formação de uma camada de polímero que fica

aderida às paredes do reator e de difícil remoção. O fouling foi observado nos

sistemas homogêneos.

O polietileno produzido a partir do Catalisador 4 (suportado em SBA-15) foi o que

apresentou maior <Mn> entre os polietilenos obtidos a partir de catalisadores

heterogêneos. Esse catalisador é o que possui a maior parte dos sítios no interior de

seus poros e, de acordo com Altomare e colaboradores [20], o confinamento das

espécies ativas no interior dos poros do suporte reduz a velocidade das reações de

transferência de cadeia e favorece a velocidade das reações de propagação. Sendo

assim, embora o Catalisador 4 não tenha atingido atividade tão próxima da atividade

do sistema homogêneo, foi o que originou o polietileno de maior <Mn> entre os

catalisadores da Série 1, utilizando MAO no meio como cocatalisador.

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81

64,2

98,9

106,5

86,5

77,1

79,5

79,7

Homogêneo

Cat 2

Cat 4

Cat 6

Cat 9

Cat 10

Cat 12

Massa Molar Numérica Média (x10-3)

Sílica

SBA-15

AlSBA-15 (10)

AlSBA-15 (25)

AlSBA-15 (50)

AlSBA-15 (75)

Figura 47 – Massa molar numérica média dos polietilenos obtidos com catalisadores

homogêneos e suportados empregando MAO no meio reacional

Analisando as massas molares dos polietilenos produzidos por catalisadores

suportados em aluminossilicatos, observa-se que os valores são muito próximos.

Partindo da proposta de Altomare e colaboradores, pode se atribuir o <Mn> inferior

dos polímeros sintetizados pelos catalisadores suportados em aluminossilicatos, ao

fato dos sítios ativos estarem localizados na parte externa do suporte, que por ser

menos impedida que o interior dos poros, não inibiu de maneira eficaz as reações de

transferência de cadeia, gerando polietilenos com menores <Mn>.

A calorimetria de varredura diferencial (DSC) foi empregada na caracterização dos

polietilenos sintetizados com os catalisadores da Série 1. Os valores das

temperaturas de fusão e o perfil de aquecimento de cada material estão

apresentados na Figura 48.

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82

Figura 48 – Calorimetria de varredura diferencial dos polietilenos sintetizados com os

catalisadores da Série 1 e MAO como cocatalisador.

A Figura 48 mostra que as temperaturas de fusão dos polietilenos sintetizados com

os catalisadores 2, 4, 6 e 10 apresentaram aumento pouco significativo quando

comparadas à do sistema homogêneo. Já os polímeros obtidos com os

Catalisadores 9 e 12 apresentaram um pequeno aumento, da ordem de 2°C e 3°C

respectivamente, em suas temperaturas de fusão em relação a do polímero obtido

com o catalisador homogêneo. Os valores das temperaturas de fusão (Tm) dos

polímeros sugerem que os materiais sintetizados se tratam de polietilenos de alta

densidade [99]. A não ser pelo fato do pequeno deslocamento dos picos de fusão,

os termogramas apresentaram perfis bastante semelhantes.

Não foi observada uma tendência entre o grau de cristalinidade dos polímeros

sintetizados. Como mostra a Figura 49, os polietilenos apresentaram grau de

cristalinidade entre 52 e 69%, que estão de acordo com os valores encontrados na

literatura. Em estudo realizado por Grieken e colaboradores [100], o grau de

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83

cristalinidade dos polietilenos ficou na faixa entre 57 e 67%, próximos aos

encontrados no presente trabalho.

63

54

62

69

58

64

52

Homogêneo

Cat 2

Cat 4

Cat 6

Cat 9

Cat 10

Cat 12

Xc (%)

Sílica

SBA-15

AlSBA-15 (10)

AlSBA-15 (25)

AlSBA-15 (50)

AlSBA-15 (75)

Figura 49: Grau de cristalinidade de polietilenos sintetizados com os catalisadores

homogêneo e suportados da Série 1.

Testes de Lixiviação

A lixiviação do organometálico da superfície do suporte é um problema que pode

ocorrer nos catalisadores metalocênicos. Com o objetivo de avaliar esse efeito nos

catalisadores da Série 1, foram realizados testes de lixiviação.

Os resultados (Quadro 16) mostraram que os Catalisadores 6 e 12 foram os que

mais sofreram o processo de lixiviação do organometálico. No caso do Catalisador

6, a reação empregando o sobrenadante desse catalisador, produziu uma massa de

polímero correspondente a 21% da massa obtida nas polimerizações empregando o

catalisador suportado. No teste com o Catalisador 12 foi obtido 19% da massa total

sintetizada com o catalisador suportado. Os testes envolvendo os demais

catalisadores apresentaram rendimentos abaixo de 6% (Quadro 16).

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84

Quadro 16 – Percentual em massa de polietileno produzido com o sobrenadante dos

testes de lixiviação em relação à massa de polietileno produzido com os

catalisadores suportados da Série 1

Catalisador Suporte Porcentagem em Massa

(%)

2 Sílica 0

4 SBA-15 5

6 AlSBA-15 (Si/Al=10) 21

9 AlSBA-15 (Si/Al=25)

3

10 AlSBA-15 (Si/Al=50) 0

12 AlSBA-15 (Si/Al=75) 19

Os testes com os sobrenadantes dos Catalisadores 2 e 10 resultaram num resíduo

branco, que foi constatado ser inorgânico e gerado a partir do MAO presente no

meio reacional quando a reação foi vertida na solução diluída de ácido clorídrico em

etanol.

Durante os teste de lixiviação com tolueno, o Catalisador 6 foi o que apresentou a

maior perda do organometálico entre os catalisadores da Série 1 (Quadro 16).

Contudo, o polímero produzido por este sistema apresentou <Mn> superior ao do

sintetizado pelo sistema homogêneo de referência. O aumento da massa molar é um

indicativo de que o Catalisador 6 atua de fato como um sistema heterogêneo, e

mesmo que uma pequena parte do organometálico seja extraído durante a

polimerização, o fenômeno não é suficiente para gerar polímero com característica

dos sistemas homogêneos.

Ainda a respeito dos testes de lixiviação com tolueno é importante salientar que não

é possível definir exatamente a quantidade de zirconoceno ativo extraído do suporte.

Realizou-se aqui somente uma comparação entre o rendimento das polimerizações

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empregando o sobrenadante do teste de lixiviação e o rendimento das reações de

polimerização, para investigar se algum dos catalisadores sofre perda de parte do

complexo ativo para o meio reacional durante a polimerização.

Apesar dos Catalisadores 4, 9, e 12 terem apresentado lixiviação, apenas o

Catalisador 6 gerou quantidade suficiente de polietileno (3,991 g) para preparar um

filme e realizar a determinação da massa molar através de FTIR. Esse polímero

apresentou <Mn> igual a 5,6x104 g/mol, que é inferior ao <Mn> do polietileno obtido

pelo sistema heterogêneo. Como nas reações dos testes de lixiviação se fez o

emprego das mesmas quantidades de cocatalisador utilizadas nas reações de

polimerização e o teor de zirconoceno lixiviado é baixo, é possível que a relação

alumínio/zircônio na solução sobrenadante tenha sido elevada, justificando a queda

da massa molar desse polímero, pois como se sabe, o aumento da relação

alumínio/zircônio é acompanhada da queda do <Mn>.

Quanto aos testes de lixiviação com pentano, realizados apenas nas amostras que

apresentaram extração do organometálico nos testes com tolueno (Catalisadores

4,6,9,12), não foi observada a formação de polímeros nas reações com o

sobrenadante. Considerando que industrialmente não são utilizadas reações em

lama, mas o processo em fase gasosa, é possível que esses catalisadores não

apresentem nenhum teor de lixiviação numa aplicação industrial, já que esse

processo não utiliza solvente e o catalisador fica suspenso na corrente do próprio

monômero. É importante esclarecer que a principio pensou-se em fazer os testes

com pentano com a mesma temperatura de extração empregada com o tolueno. No

entanto, logo nas primeiras tentativas, foi observado que o pentano, solvente de

baixo ponto de ebulição, formava vapores que dissolviam a graxa de vedação das

torneiras do Schlenk e evaporava completamente. Por isso, a temperatura nos

testes de lixiviação com pentano foi a ambiente.

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86

5.3.1.2 – Estudo da Influência do Cocatalisador

Atividade Catalítica

Diversos estudos têm sido realizados com o objetivo de entender os efeitos de

cocatalisadores alternativos ao MAO [17, 42, 58]. Este alquilalumínio é o composto

mais empregado como cocatalisador em sistemas metalocênicos e é o que

proporciona os melhores desempenhos a esses sistemas. Porém, este composto

possui um custo muito elevado e encontrar substituto para ele é um desafio.

Em trabalho realizado previamente pelo Grupo de Catálise para Polimerização do

IMA/UFRJ, diversos aluminoxanos foram testados como cocatalisadores nas

polimerizações de etileno e propileno [15]. Naquele estudo foi observado que o

metilaluminoxano modificado por TIBA com razão molar MAO/TIBA de 1:5, resultava

em sistemas catalíticos com atividades próximas àquelas atingidas pelos sistemas

correspondentes que empregavam MAO com cocatalisador. Este resultado

demonstrou que é possível utilizar um cocatalisador alternativo ao MAO sem uma

queda expressiva da atividade do sistema.

O MAO modificado com TIBA (MMAO) foi utilizado no presente trabalho para avaliar

o efeito desse cocatalisador sobre a atividade dos catalisadores suportados

desenvolvidos e sobre as propriedades dos polímeros sintetizados. No gráfico da

Figura 50 estão os resultados das polimerizações empregando os catalisadores da

Série 1 e MMAO no meio reacional. Para efeito de comparação, foram também

reapresentados os resultados das polimerizações com os mesmos catalisadores,

porém com o emprego de MAO no meio reacional atuando como cocatalisador.

Entre os dois sistemas homogêneos, o que empregou MMAO apresentou atividade

inferior àquela observada no sistema que empregou MAO. Como pode ser

averiguado na Figura 50, a atividade no sistema MMAO sofreu uma redução de

aproximadamente 21% em relação à atividade do sistema MAO. No entanto, a

redução da quantidade de cocatalisador no meio reacional equivale a 40%, se

considerado todo o alumínio fornecido pelo cocatalisador MMAO (MAO e TIBA), ou a

90% quando considerando o alumínio fornecido somente pelo MAO. Em escala de

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bancada, esse resultado equivale a reduzir o volume de MAO adicionado ao meio

reacional de 3 mL para 0,3 mL. Como mencionado anteriormente, o

metilaluminoxano é um composto bastante caro e a diminuição das quantidades

utilizadas desse composto representa uma economia considerável.

Observa-se ainda que os catalisadores suportados apresentaram atividades

inferiores à do sistema homogêneo. Essa queda segue a mesma tendência

observada nos sistemas que empregaram MAO no meio reacional como

cocatalisador. Mesmo com a mudança do cocatalisador, o Catalisador 12 ainda é o

que apresenta o melhor desempenho entre os catalisadores suportados, atingindo

atividade inferior apenas à do sistema homogêneo. Como discutido anteriormente, o

bom desempenho deste catalisador deve-se à elevada incorporação do metaloceno

aliada à baixa acidez do suporte e ao fácil acesso que o monômero tem aos sítios

ativos.

Apesar dos Catalisadores 9 e 10 terem incorporado um maior teor de metaloceno

que o Catalisador 6, apresentam menores atividades que este último, mostrando que

a acidez (Quadro 11) dos suportes não está favorecendo a formação de sítios ativos.

40,4

28,7

26,2

20,4

11,4

13,2

32,3

31,9

12,4

11,2

8,7

6,8

6,2

13,3

Homogêneo

Cat 2

Cat 4

Cat 6

Cat 9

Cat 10

Cat 12

Atividadex10-3

(kg PE/mol Zr*h*mol Et)

(MAO 1000)

(MMAO 600)

Sílica

SBA-15

AlSBA-15 (10)

AlSBA-15 (25)

AlSBA-15 (50)

AlSBA-15

AlSBA-15 (75)

Figura 50 – Comparação entre as atividades dos catalisadores da Série 1 utilizando

MAO ou MMAO no meio reacional como Cocatalisador

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Com o emprego de MMAO, a queda da atividade nos sistemas suportados em

relação ao sistema homogêneo é mais acentuada que nos sistemas onde MAO é

empregado como cocatalisador. Enquanto que o uso de MMAO no sistema

homogêneo causa uma redução em torno de 21% da atividade em relação ao

sistema que emprega MAO, nos suportados essa redução chega a 58% (Catalisador

12). Esse resultado demonstra que os catalisadores suportados, mesmo contendo

MAO incorporado ao suporte, necessitam de cocatalisador no meio reacional para

alcançar elevadas atividades. À primeira vista, poderia ser concluído que a queda da

atividade era causada pela redução da razão molar alumínio/zircônio, mas esta

redução também está presente no sistema homogêneo e não é observada a mesma

queda de atividade com a mudança da razão molar. Sendo assim, nas

polimerizações com catalisadores heterogêneos, o aluminoxano adicionado ao meio

não atua apenas na remoção de impureza, mas também participa da formação do

sítio ativo.

Fan e colaboradores [39], ao estudarem o efeito da mistura MAO/TIBA como

cocatalisador em sistemas homogêneos, propuseram que a mistura gera uma

espécie de aluminoxano onde o radical metil é substituído pelo isobutil. Essa nova

espécie, segundo os autores, é mais volumosa e forma um sítio ativo onde o par

iônico está mais afastado com o metaloceno, permitindo que o monômero acesse

mais facilmente o centro de coordenação e resulte em sistemas mais ativos. Porém,

de acordo com a Figura 50, nos sistemas heterogêneos o aluminoxano volumoso

está causando a acentuada queda da atividade, que é provavelmente resultado do

impedimento estérico imposto pelo suporte, dificultando o encontro entre o

aluminoxano e o metaloceno imobilizado.

Características dos Polímeros

As massas molares dos polietilenos obtidos pelos sistemas heterogêneos foram

maiores que aquelas observadas para o sistema homogêneo (Figura 51), o que

ajuda a reforçar que os polietilenos são originados em sistemas heterogêneos.

A variação da massa molar dos polietilenos acompanhou a mesma tendência

observada nos sistemas empregando MAO, atingindo o maior valor com o

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Catalisador 4, seguido do Catalisador 2. Já polietilenos produzidos pelos

catalisadores imobilizados em aluminossilicatos apresentam <Mn> superiores ao do

homogêneo, porém inferiores aos obtidos com os Catalisadores 2 e 4. Não foi

possível determinar a <Mn> através do método dos grupos terminais do polietileno

sintetizado com o Catalisador 10.

Os resultados indicam que, apesar das menores atividades nos sistemas MMAO, os

polietilenos produzidos apresentam massas molares próximas às encontradas

quando MAO é empregado como cocatalisador.

69,7

102,0

114,5

76,1

71,9

75,8

Homogêneo

Cat 2

Cat 4

Cat 6

Cat 9

Cat 12

Peso Molecular Numérico Médio (x10-3)

Sílica

SBA-15

AlSBA-15 (10)

AlSBA-15 (25)

AlSBA-15 (75)

Figura 51: Massa molar numérica média dos polietilenos obtidos com catalisadores

homogêneo e suportados e MMAO no meio reacional

A massa molar dos polietilenos sofreu um pequeno aumento no caso das sínteses

com os catalisadores homogêneo e suportados 2 e 4 quando MAO foi substituído

pelo MMAO (comparar Quadro 17 e Figura 51). De acordo com Kim e colaboradores

[34], se não houver um agente de transferência de cadeia presente no meio

reacional, dois tipos de reação de transferência podem acontecer: a eliminação de

hidrogênio β ou a transferência para o aluminoxano (Figura 23). No entanto, foi

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observado efeito inverso nos polietilenos obtidos com catalisadores suportados em

aluminossilicato, nos quais a presença de MMAO causou a redução do <Mn>.

A temperatura de fusão (Tm) e o grau de cristalinidade (Xc) dos materiais são

apresentados no Quadro 17. Os termogramas (DSC) não foram apresentados no

texto, pois não apresentaram diferenças relevantes em relação aos sistemas onde

MAO foi empregado como cocatalisador (Apêndice A).

Quadro 17 – Propriedades dos polietilenos produzidos pelos catalisadores da Série

1 empregando MAO ou MMAO como cocatalisadores.

Suporte Catalisador Cocatalisadores* Tm

(°C)

Xc

(%) <Mn>x10-3

- Homogêneo MAO 1000 132 63 64,2

MMAO 600 132 59 69,7

Sílica 2 MAO 1000 134 55 98,9

MMAO 600 130 50 101,1

SBA-15 4 MAO 1000 133 62 106,5

MMAO 600 134 53 114,5

AlSBA-15

(Si/Al=10) 6

MAO 1000 134 69 86,5

MMAO 600 133 62 76,0

AlSBA-15

(Si/Al=25) 9

MAO 1000 134 58 77,1

MMAO 600 134 60 71,9

AlSBA-15

(Si/Al=50) 10

MAO 1000 133 64 79,5

MMAO 600 134 52 a

AlSBA-15

(Si/Al=75) 12

MAO 1000 135 52 79,7

MMAO 600 134 60 75,8

* [Al]/[Zr]MAO = 1000 ou [Al]/[Zr]MMAO = 600; a Não foi possível calcular as áreas das bandas de absorção e,

conseqüentemente o <Mn>.

De acordo com o Quadro 17, há um decréscimo do grau de cristalinidade quando

MAO é substituído por MMAO, indicando que o emprego deste cocatalisador

favorece a formação de ramificações no polímero. O fato do MMAO ser um

composto mais volumoso que o MAO, proporciona a formação do par iônico

MMAO/Metaloceno mais afastado. Esse afastamento entre par iônico deve favorecer

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as reações de transferência para o hidrogênio β que gera um macromonômero que

se insere a uma cadeia em crescimento originando a formação de longas

ramificações. Essa proposta de mecanismo foi baseada na literatura [101] onde foi

observado o aumento da incorporação de norborneno em copolímeros de

norborneno/etileno quando um aluminoxano de TIBA (EBAO) foi empregado como

cocatalisador. A incorporação de macromonômero não se trata de uma

copolimerização e a comparação com o trabalho de Wang e colaboradores serviu

apenas para mostrar que o cocatalisador volumoso permite a entrada de

macromonômero na cadeia.

5.3.2 – Polimerização de Etileno Empregando os Catalisadores Suportados da

Série 2 e MAO ou MMAO como Cocatalisadores

Nesta etapa da discussão serão tratados os catalisadores da Série 2, isto é, aqueles

que receberam 0,10 mmol de metaloceno em cada grama de suporte. Nesse estudo

será avaliado o efeito do aumento da concentração de metaloceno no catalisador

sobre a atividade das reações e sobre as características dos polietilenos obtidos. O

efeito dos cocatalisadores sobre a atividade e sobre as características dos polímeros

também será avaliado.

Como se pretende avaliar apenas os dois efeitos mencionados acima, todas as

outras condições reacionais (Quadro 18) foram mantidas constantes.

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Quadro 18 – Homopolimerizações de Etileno com os catalisadores da Série 2

Condições Reacionais Catalisador Cocatalisadores*

Temperatura = 60°C;

Pressão = 2 bar;

Massa de catalisador = 50±5 mg

[metaloceno] = 50±5 µM;

[etileno] = 0,1352 M

Solvente – Tolueno;

Tempo de reação – 1h;

Velocidade de agitação = 600 rpm

Homogêneo MAO 1000 MMAO 600

5 SBA-15

MAO 1000 MMAO 600

7 AlSBA-15

(Si/Al = 10)

MAO 1000

MMAO 600 8

AlSBA-15 (Si/Al = 25)

MAO 1000

MMAO 600 11

AlSBA-15 (Si/Al = 50)

MAO 1000

MMAO 600 13

AlSBA-15 (Si/Al = 75)

MAO 1000

MMAO 600 * [Al]/[Zr]MAO = 1000; [Al]/[Zr]MMAO = 600

Esta série de catalisadores suportados foi planejada a partir da idéia de que os

poros grandes, ordenados e regulares do SBA-15 poderiam armazenar maiores

concentrações do complexo metalocênico por grama de suporte sem a perda de

atividade, como é observado na sílica ao se tentar suportar altas concentrações de

metaloceno.

5.3.2.1 – Avaliação do aumento da concentração de metaloceno no suporte

sobre a atividade do catalisador e sobre as propriedades dos polietilenos

A Figura 52 apresenta o resultado das atividades dos catalisadores da Série 2 nas

polimerizações de etileno empregando MAO no meio de polimerização como

cocatalisador. A análise preliminar dos resultados revela que todos os catalisadores

heterogêneos desta série alcançaram atividades inferiores à observada no sistema

homogêneo. É importante ressaltar que a comparação está sendo feita com base no

teor de metaloceno presente no meio reacional. Como cada suporte apresenta um

teor diferente do organometálico em sua superfície, a massa de catalisador

heterogêneo adicionada ao meio foi calculada de maneira a manter constante a

concentração do metaloceno no meio de polimerização.

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Comparando a atividade do Catalisador 5 da Série 2 (Figura 52) com a do

Catalisador 4 da Série 1 (Figura 46) observa-se que a atividade de ambos foi

praticamente a mesma. Porém, como esclarecido no parágrafo anterior, as

atividades foram calculadas com base no número de mol de metaloceno presente no

meio reacional. De acordo com a Figura 43, o Catalisador 5 possui mais metaloceno

em sua superfície que o Catalisador 4 e, para manter a mesma concentração de

organometálico no meio, a massa do Catalisador 5 adicionado ao reator foi menor

que a massa do catalisador 4. Como ambos apresentam a mesma atividade, tudo

leva a crer que a alta concentração de metaloceno no suporte esteja na forma ativa.

Isso demonstra que a tentativa de incorporar mais zirconoceno no suporte não foi

acompanhada pela redução da atividade, fenômeno observado na sílica [45]. Esse

resultado indica que o SBA-15 possui características que permitem a imobilização

de maiores quantidades de metaloceno ativo em sua superfície.

Durante o processo de imobilização, à medida que o solvente é evaporado, a

concentração de metaloceno aumenta, favorecendo as reações de desativação

bimolecular que ocorrem em altas concentrações do organometálico [102].

Provavelmente, devido ao fato do SBA-15 oferecer uma grande área para a fixação

de metaloceno no interior dos seus poros, como mencionado anteriormente nesta

Tese, o organometálico tenha se distribuído no interior dos poros. Esse isolamento

inibiu as reações de desativação bimolecular favorecendo a fixação de metaloceno

ativo no suporte.

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94

40,4

26,4

7,7

8,0

4,8

12,4

Homogêneo

Cat 5SBA-15

Cat 7AlSBA-15 (10)

Cat 8AlSBA-15 (25)

Cat 11AlSBA-15 (50)

Cat 13AlSBA-15 (75)

Atividede x10-3

(kg PE/mol Zr*h*mol Et)

Figura 52 – Atividades dos catalisadores homogêneo e da Série 2 calculada com

base no número de mol de metaloceno presente no meio reacional

Quanto aos aluminossilicatos, os catalisadores suportados nesses materiais

alcançaram atividades inferiores às observadas nos catalisadores correspondentes

da Série 1 (Figura 46). A menor atividade apresentada por esses sistemas reflete

que, apesar desses suportes terem alcançado altos teores de incorporação de

metaloceno (Figura 43), é baixa a concentração do organometálico ativo na

superfície do suporte.

Ao contrário do que aconteceu com os catalisadores da Série 1, o suportado em

AlSBA-15 (75) (Catalisador 13) não apresentou atividade próxima à observada para

o sistema homogêneo, nem superior à observada no catalisador suportado em SBA-

15 (Catalisador 5).

Ao comparar os teores de metaloceno nos Catalisadores 5 e 13 (Figura 43),

observa-se que ambos apresentam os mesmos valores, no entanto, as atividades

são bastante diferentes (Figura 52), indicando que apesar da alta concentração de

metaloceno no Catalisador 13, boa parte do organometálico encontra-se inativo, o

que é mais coerente, ou ainda em posição de difícil acesso ao monômero, o que é

pouco provável, visto que a análise da superfície do material revela que a sua

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superfície externa é a região de maior probabilidade para a incorporação dos sítios

ativos.

A formação de metaloceno inativo nos aluminossilicatos pode ser explicada pelo fato

da fixação do zirconoceno ter ocorrido na superfície externa desses materiais. Como

explicado anteriormente, no processo de imobilização, durante a etapa de

evaporação do solvente, a concentração de metaloceno aumenta. Como nos

aluminossilicatos a fixação ocorre na parte externa, com o aumento da

concentração, o metaloceno vai sendo depositado na superfície e a proximidade

dessas moléculas não isoladas por poros, favorece a destruição de centros ativos

através das reações bimoleculares.

Ainda na Figura 52 observa-se que o Catalisador 11, preparado com o suporte mais

ácido foi o que apresentou a mais baixa atividade entre os catalisadores da Série 2,

seguindo a mesma tendência observada na Série 1. Este resultado ajuda a reforçar

que a acidez desses suportes não está favorecendo a formação de sítios ativos nos

catalisadores suportados.

Uma outra maneira de calcular a atividade é fazer a relação entre a massa de

polímero e a massa de catalisador empregada no meio reacional. Até o presente

momento da discussão, foi considerada no cálculo da atividade somente a

concentração de metaloceno no meio. No entanto, esse cálculo inclui todo o zircônio

presente no meio, ativo e inativo.

Como não é possível fazer a determinação de zirconoceno ativo na superfície do

suporte, o uso da atividade calculada por massa de catalisador adicionada ao meio

reacional é uma ferramenta importante para estimar se há mais ou menos

zirconoceno ativo e, ao comparar os sistemas, indicar aquele que produz mais

polímero por massa de catalisador.

No Quadro 19 estão colocadas as atividades de cada catalisador das Séries 1 e 2,

calculadas com base na massa de catalisador suportado adicionado ao meio

reacional.

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Quadro 19: Atividades dos Catalisadores das Séries 1 e 2 calculadas em função das

massas de catalisador suportado adicionado ao meio reacional

Suporte Catalisador

Série 1 Atividade*

Catalisador

Série 2 Atividade*

SBA-15 4 13,1 5 23,4

AlSBA-15

(Si/Al = 10) 6 6,7 7 4,9

AlSBA-15

(Si/Al = 25) 9 4,8 8 6,2

AlSBA-15

(Si/Al = 50) 10 6,1 11 3,7

AlSBA-15

(Si/Al = 75) 12 15,2 13 10,8

*kg de PE/g cat*h*mol Et

Pode ser observado que a variação da atividade entre os catalisadores apresenta a

mesma tendência observada na Figura 52, confirmando que os catalisadores da

Série 2 suportados em aluminossilicatos apresentam desempenho inferior ao do

Catalisador 5 (SBA-15).

O Catalisador 5 foi o único que apresentou atividade superior às observadas nos

catalisadores da Série 1 (catalisadores com menores teores de zirconoceno),

considerando que a diferença nos desempenhos dos catalisadores 9 e 8 está dentro

do erro experimental, o Catalisador 5 foi 44% mais ativo que o Catalisador 4. O

comportamento observado contribui para a teoria de que a maior área específica e

os poros regulares do suporte evitam as reações de desativação bimolecular através

do isolamento de sítios ativos já imobilizados.

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Testes de Lixiviação em Tolueno e Pentano

Além da desativação bimolecular relacionada à alta concentração de metaloceno no

suporte, a lixiviação do organometálico é outro problema que pode ocorrer com os

catalisadores da Série 2, já que esses catalisadores foram impregnados com maior

teor de zirconoceno . É possível que com o aumento do organometálico no suporte

haja muitos sítios ativos adsorvidos fisicamente. Esses sítios, por não estarem

fortemente fixados ao suporte, podem sofrer lixiviação durante a polimerização para

o meio homogêneo, especialmente com tolueno e na presença de MAO.

No Quadro 20 estão os resultados dos testes de lixiviação com os catalisadores da

Série 2. Os resultados estão expressos em porcentagem e representam a relação

entre a massa de polietileno produzido nos testes de lixiviação, que foram

conduzidos com tolueno e MAO a 60ºC, e a massa do polímero produzida pelo

sistema catalítico correspondente.

Os únicos testes que apresentaram formação de polímero foram aqueles realizados

com os sobrenadantes obtidos a partir dos Catalisadores 5 e 13. Os testes

realizados com os demais catalisadores produziram apenas traços de um material

branco, quando o meio reacional foi vertido em solução diluída de ácido clorídrico

em etanol. Esse material era uma mistura de resíduo de catalisador e cocatalisador

e por isso, considerou-se que a porcentagem de polímero formado foi zero.

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Quadro 20 – Percentual em massa de polietileno produzido com o sobrenadante dos

testes de lixiviação em relação à massa de polietileno produzido com os

catalisadores suportados da Série 2

Catalisador Suporte Porcentagem em Massa

(%)

5 SBA-15 6,1

7 AlSBA-15 (Si/Al=10) 0*

8 AlSBA-15 (Si/Al=25) 0*

11 AlSBA-15 (Si/Al=50)

0*

13 AlSBA-15 (Si/Al=75) 5,5

* Formação de traço de resíduo (menos de 600mg) branco que não foi considerado polímero.

Apesar da ausência de polímero nos teste de lixiviação com os Catalisadores 7, 8 e

11, não é possível afirmar com precisão que eles não sofrem lixiviação, mesmo

porque, os Catalisadores da Série 1, com menor teor de metaloceno, suportados nos

mesmos materiais apresentaram formação de polímero nesses testes (Catalisadores

6 e 9).

Foram também realizados testes de lixiviação com os Catalisadores 5 e 13

empregando pentano como solvente na etapa de extração. Porém, não foi

observada a formação de polímeros, somente uma quantidade bastante reduzida de

resíduo branco, derivado do resíduo do sistema catalítico. Isso indica que nos

solventes industriais os catalisadores se comportaram como sistemas realmente

heterogêneos

No que diz respeito às propriedades dos polietilenos produzidos a partir dos

catalisadores da Série 2 empregando como cocatalisador o metilaluminoxano, a

Figura 53 apresenta as curvas de calorimetria de varredura diferencial (DSC) desses

polímeros. Baixas temperaturas de fusão dos polímeros podem indicar erros na

estrutura cristalina formada. Geralmente, esses erros podem estar relacionados a

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99

ramificações ou a cadeias muito grandes que formam entrelaçamentos, dificultando

a formação de cristais.

Figura 53 – Curvas de Calorimetria de varredura diferencial dos polietilenos

sintetizados com os catalisadores da Série 2 e MAO como cocatalisador

De acordo com a Figura 53, observa-se que, apesar do comportamento diferente

dos sistemas com relação à atividade catalítica, o perfil da curva de aquecimento e

as temperaturas de fusão dos polímeros são praticamente iguais para os 5

materiais.

O Quadro 21 apresenta o grau de cristalinidade e a massa molar (<Mn>) dos

polímeros obtidos com os Catalisadores da Série 2

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100

Quadro 21 – Características dos polietilenos sintetizados com os catalisadores da

Série 2.

Suporte Catalisador Tm

(°C)

Xc

(%) <Mn>

- Homogêneo 132 63 64,2

Sílica 2 133 54 98,9

SBA-15 5 133 56 99,5

AlSBA-15

(Si/Al=10) 7 133 59 *

AlSBA-15

(Si/Al=25) 8 133 60 74,3

AlSBA-15

(Si/Al=50) 11 132 51 69

AlSBA-15

(Si/Al=75) 13 134 69 *

*Não foi possível calcular as áreas das bandas de absorção e, conseqüentemente o <Mn>.

Acompanhado a tendência de polímeros sintetizados com catalisadores

heterogêneos, a massa molar dos polietilenos sintetizados com os catalisadores da

Série 2 foram maiores que a do sistema homogêneo. Outro fator observado durante

os experimentos que deixa bem claro que os catalisadores atuavam de fato como

heterogêneos era a diferença observada entre o aspecto do produto das

polimerizações. Enquanto nas polimerizações homogêneas o polímero formado era

um pó muito fino e que deixava resíduo preso às paredes do reator, os polímeros

obtidos através de catalisadores heterogêneos formavam grãos maiores e de fácil

remoção das paredes do reator.

Assim como na Série 1 (Figura 47), o polietileno obtido a partir do catalisador

suportado em SBA-15 foi o de maior <Mn>. Como mencionado anteriormente, nesse

catalisador, a maioria dos sítios ativos está imobilizada no interior dos poros do

suporte, o que estaria inibindo as reações de transferência de cadeia, que são

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101

responsáveis pela redução do tamanho das cadeias poliméricas; e favorecendo as

reações de propagação.

Os polietilenos obtidos com catalisadores suportados em aluminossilicatos, nos

quais os sítios encontram-se preferencialmente na superfície externa do suporte,

repetiram o resultado observado na Série 1, isto é, também apresentaram <Mn>

inferiores aos observados no catalisador suportado em SBA-15.

Como se pode observar, os polímeros apresentaram massas molares próximas às

observadas nos polietilenos sintetizados a partir dos catalisadores da Série 1. Sendo

assim, o aumento da concentração de metaloceno nos suportes não causa

alterações significativas nas massas molares dos polímeros obtidos.

Quanto ao grau de cristalinidade (Xc) dos polímeros, observa-se que os polietilenos

obtidos através dos sistemas heterogêneos têm Xc inferiores ao do polietileno

sintetizado com catalisador homogêneo. É possível que o baixo Xc desses polímeros

se deva à formação de ramificações longas que dificultam a formação de domínios

cristalinos no material.

5.3.2.2 – Estudo da Influência do cocatalisador

Os efeitos do cocatalisador sobre o desempenho dos catalisadores da Série 2 e

sobre as características dos polietilenos obtidos foram avaliados nesta etapa do

presente trabalho. Como discutido anteriormente, o aluminoxano tem um importante

papel na formação do sítio de polimerização com o complexo metalocênico,

proporcionando ao sistema catalítico resultante maior ou menor atividade. Além da

variação da atividade, diferentes sítios de polimerização modificam também as

propriedades do polímero resultante.

Avaliação da Atividade Catalítica

A Figura 54 apresenta as atividades dos sistemas catalíticos formados entre os

catalisadores homogêneos e da Série 2 empregando o metilaluminoxano modificado

(MMAO). As atividades dos mesmos catalisadores, porém empregando MAO no

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102

meio foram também reapresentados na figura para efeito de comparação. É possível

observar que a substituição de MAO pelo MMAO resulta na redução da atividade

catalítica. Esse efeito foi também observado na Série 1.

Comparando as duas curvas, verifica-se que a queda é bastante acentuada no

Catalisador 5, que teve sua atividade reduzida em 51% com a substituição do

cocatalisador no meio. Entre os demais catalisadores da Série 2, também houve

queda da atividade com a substituição do cocatalisador, porém não tão expressiva

quanto a observada com o Catalisador 5.

40,4

26,4

7,7 8,1

4,8

12,3

31,9

12,8

6,2 5,5

3,1

9,4

Homogêneo SBA-15Cat 5

AlSBA-15 (10)Cat 7

AlSBA-15 (25)Cat 8

AlSBA-15 (50)Cat 11

AlSBA-15 (75)Cat 13

Ati

vid

ade

(x10

-3)

(kg

PE

/mo

l Zr*

h*m

ol E

t)

(MAO 1000)

(MMAO 600)

Figura 54 – Atividade dos catalisadores da Série 2 em polimerizações que

empregaram MAO ou MMAO como cocatalisadores no meio de polimerização

Como mencionado anteriormente, é provável que a maioria dos sítios de

polimerização no Catalisador 5 esteja imobilizada na parte interna do suporte, isto é,

nos poros do material, e por isso o MMAO tenha seu acesso dificultado ao

metaloceno imobilizado. Porém, nos Catalisadores 7, 8, 11 e 13 a imobilização do

organometálico aconteceu na superfície externa do suporte, região que favorece o

acesso do MMAO ao sítio de polimerização.

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103

Seguindo a idéia anteriormente proposta nesta Tese, os resultados comprovam que

o cocatalisador adicionado ao meio reacional atua na formação do sítio ativo, isto é,

mesmo para o suporte contendo MAO em sua superfície, a ativação do complexo

catalítico depende de aluminoxano presente no meio reacional.

É importante destacar que o Catalisador 5, apesar de ter sofrido mais os efeitos da

substituição do cocatalisador, demonstrou ser o mais ativo da Série 2 mesmo com o

emprego do MMAO no meio. Outro fator importante observado na Figura 54 é que

as duas curvas apresentam o mesmo perfil, mostrando que, pelo menos nos

sistemas desenvolvidos neste trabalho, à medida que se diminui a quantidade de

alumínio (aumento do SAR) alcançam-se maiores atividades, que se torna máxima

no suporte sem alumínio (SBA-15).

Avaliação das Propriedades dos Polietilenos

As características dos polietilenos produzidos a partir dos Catalisadores da Série 2

estão no Quadro 22. Novamente, são apresentadas informações a respeito do

sistema homogêneo para efeito de comparação.

Examinando os pesos moleculares dos polímeros, é possível verificar que entre os

sistemas que empregaram MMAO como cocatalisador, somente o polietileno

sintetizado com o Catalisador 7 apresentou massa molar superior ao do polietileno

obtido em meio homogêneo com o mesmo cocatalisador. A hipótese da baixa massa

molar desses polímeros ser resultado da extração do organometálico foi

desconsiderada, pois os testes de lixiviação realizados com esses catalisadores

mostraram que eles não perdem de suas superfícies o organometálico para o meio.

Sendo assim, esse comportamento se deve aos próprios sítios dos catalisadores,

que produzem polietilenos de baixa massa molar.

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Quadro 22 – Propriedades dos polietilenos produzidos pelos catalisadores da Série

2 empregando MAO ou MMAO como cocatalisadores

Suporte Catalisador Cocatalisador* Tm

(°C)

Xc

(%) <Mn>x10-3

- Homogêneo MAO 1000 132 63 64,2

MMAO 600 132 59 69,7

SBA-15 5 MAO 1000 133 56 118,8

MMAO 600 133 69 *

AlSBA-15

(Si/Al =10) 7

MAO 1000 133 59 *

MMAO 600 132 57 80,3

AlSBA-15

(Si/Al =25) 8

MAO 1000 133 60 74,2

MMAO 600 131 66 65,6

AlSBA-15

(Si/Al =50) 11

MAO 1000 132 51 68,9

MMAO 600 134 67 66,7

AlSBA-15

(Si/Al =75) 13

MAO 1000 134 69 *

MMAO 600 134 68 66,9

*Não foi possível calcular a área das bandas de absorção e, conseqüentemente, o (<Mn>).

Com relação ao grau de cristalinidade dos polímeros, os resultados demonstram que

o cocatalisador empregado exerceu pouca influência sobre esta propriedade. De

acordo com o Quadro 22, os polietilenos sintetizados a partir dos sistemas catalíticos

que empregaram MMAO apresentam Xc ligeiramente maiores que os polietilenos

originados pelos sistemas que empregaram MAO. Esses resultados diferem

daqueles apresentados na Série 1, onde houve uma queda do grau de cristalinidade

do polímero com o emprego de MMAO como cocatalisador.

A temperatura de fusão dos polímeros não sofreu variações acentuadas e se

mantiveram dentro do valor esperado para polietilenos de alta densidade.

5.4 – Polimerizações de Propileno com Catalisadores Homogêneos e Suportados Os catalisadores suportados desenvolvidos foram também avaliados nas

polimerizações de propileno. As condições reacionais e a metodologia desta etapa

do trabalho foram as mesmas empregadas nas polimerizações de etileno. O Quadro

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23 apresenta um resumo das condições reacionais e das reações que foram

realizadas.

Quadro 23 – Resumo da metodologia e das condições reacionais empregadas nas

polimerizações de propileno

Catalisador Cocatalisador Condições Reacionais

Homogêneo* MAO 1000c

Temperatura = 60°C; Pressão = 2 bar;

[metaloceno] = 50 µM;

[propileno] = 0,5285 M

Solvente – Tolueno;

Velocidade de agitação - 600 rpm.

MMAO 600d

Suportea

Catalisadorb

(Série 1)

MAO 1000c

MMAO 600d

Catalisadorb

(Série 2)

MAO 1000c

MMAO 600d

* Sistema utilizado para comparação; a Foram empregados 6 suportes (Sílica, SBA-15 e os 4 aluminissilicatos); b

Mesmos catalisadores empregados na síntese do polietileno; c [Al]/[Zr] = 1000; d [Al]/[Zr] = 600.

Como será apresentado na discussão a seguir, somente um catalisador suportado

em material mesoporoso foi ativo nas polimerizações de propileno. Os demais

resultados apresentados, referem-se às polimerizações em meio homogêneo ou

empregando o Catalisador 2 (suportado em sílica). Todos os outros catalisadores

desenvolvidos foram testados, no entanto, não se mostraram ativos nas

polimerizações de propileno.

5.4.1 – Homopolimerizações de Propileno

Diferente do que se observa na síntese do polietileno, o polipropileno produzido

através do catalisador metalocênico homogêneo ou suportado fica dissolvido no

meio de polimerização ao longo da reação, só precipitando na etapa em que é

vertido na solução de ácido clorídrico em etanol. Sendo assim, não é possível,

através da observação da reação ou de microscopia, avaliar a morfologia das

partículas de polímero, já que esta característica será definida na etapa de

precipitação do polímero, e não pelo tipo de sistema reacional empregado.

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106

As sínteses de polipropileno em meio homogêneo resultaram em alta produção de

polímero, como era esperado. As atividades das polimerizações, assim como as

características dos polímeros obtidos estão apresentadas no Quadro 24.

Quadro 24 – Atividades dos sistemas catalíticos e características dos polipropilenos

produzidos a partir de sistemas homogêneos

Catalisador Cocatalisador Atividade*

(x10-3)

Tm

(°C)

Xc

(%)

Homogêneo MAO 1000a 24,6 137 37

MMAO 600b 17,3 134 29 *kg PP/molZr*h*mol Prop; a [Al]/[Zr] = 1000; b [Al]/[Zr] = 600

Comparando as atividades, o sistema catalítico que empregou MMAO como

cocatalisador apresentou atividade inferior àquela observada no sistema MAO.

Como discutido nos sistemas de polimerização de etileno, essa queda da atividade é

pequena frente à redução do uso de MAO no meio reacional.

Os valores de temperatura de fusão e grau de cristalinidade do polipropileno

sintetizado pelo sistema catalítico que emprega MMAO também foram inferiores aos

do polipropileno sintetizado pelo sistema que utilizou MAO como cocatalisador. Não

foi possível determinar a massa molar desses polímeros devido à ausência das

bandas de absorção necessárias para esse cálculo.

A queda tanto da Tm como do grau de cristalinidade do polipropileno pode ser

atribuída à formação de ramificações nas cadeias do polímero formadas devido ao

afastamento do par iônico (metaloceno/cocatalisador) que é maior no caso do sitio

gerado a partir do metaloceno com o MMAO. Essas ramificações impedem o

empacotamento das cadeias, diminuindo a porção de domínios cristalinos no

material.

As atividades do catalisador suportado em sílica são comparadas às atividades do

sistema homogêneo na Figura 50. É importante ressaltar que o catalisador

suportado em sílica foi o mesmo empregado nas polimerizações de etileno

(Catalisador 2).

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107

24,6

17,3

3,1

3,0

MAO 1000

MMAO 600

MAO 1000

MMAO 600

Hom

ogên

eoS

ílica

Atividade (x10-3)kg PP/mol Zr*h*mol Prop

Figura 55 – Atividades das polimerizações de propileno empregando o sistema

homogêneo e o catalisador suportado em sílica (Catalisador 2)

Como é possível observar na figura anterior, há uma queda bastante acentuada da

atividade nas polimerizações com o Catalisador 2 em relação ao sistema

homogêneo. Esse efeito foi observado e bastante discutido nos itens anteriores, que

trataram das polimerizações de etileno.

Dirigindo a atenção para os resultados apresentados na Figura 55, referentes aos

dois sistemas suportados, observa-se que eles apresentaram praticamente as

mesmas atividades, levando a concluir que o cocatalisador parece não exercer tanta

influência sobre a atividade desses dois sistemas. As atividades do Catalisador 12

não são apresentadas na figura acima, pois os valores foram muito baixos.

Esperava-se que pelo menos os catalisadores suportados em SBA-15

apresentassem atividades nas polimerizações de propileno, já que a química de

superfície desse material é semelhante a da sílica, suporte que gerou catalisador

ativo para propileno. Porém, nenhum dos catalisadores suportados em SBA-15

apresentou atividade na polimerização de propileno. É possível que a ausência de

polímero através da síntese com este catalisador se deva ao impedimento estérico

que o suporte impõe ao redor do sítio de polimerização, o que pode estar

dificultando o crescimento da cadeia polimérica. Como foi visto no início dessa

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108

discussão, verificou-se que os sítios ativos nesse suporte estariam

preferencialmente no interior dos poros.

O único catalisador suportado em material mesoporoso que produziu polipropileno

foi o Catalisador 12, que apresentou rendimento de 0,4084 g ao empregar MAO no

meio reacional como cocatalisador e 0,1614g ao empregar MMAO. Provavelmente,

em virtude da localização dos sítios ativos ser preferencialmente na região externa

do suporte, o efeito do impedimento estérico tenha sido menor, proporcionando a

formação de alguma massa de polímero. As características dos polipropilenos

sintetizados empregando este catalisador no meio, assim como com os

catalisadores homogêneo e suportado em sílica, são apresentadas no Quadro 25.

Quadro 25 – Características dos polipropilenos produzidos a partir do sistema

homogêneo e dos catalisadores suportados

Suporte Catalisador Cocatalisador Tm

(°C)

Xc

(%)

- Homogêneo MAO 1000a 137 37

MMAO 600b 134 29

Sílica 2 MAO 1000a 144 49

MMAO 600b 146 38

AlSBA-15

(Si/Al=75) 12

MAO 1000a 144 33

MMAO 600b 141 28 a [Al]/[Zr] = 1000; b [Al]/[Zr] = 600

Comparando os sistemas do Quadro 25, observa-se que os catalisadores

suportados produziram polipropilenos com temperaturas de fusão superiores

àquelas observadas nos sistemas homogêneos. No entanto, apenas o polímero

sintetizado com o Catalisador 2 apresentou maiores graus de cristalinidade que o

sistema homogêneo.

A seguir são apresentadas as curvas de calorimetria de varredura diferencial (Figura

56) dos polipropilenos sintetizados. Nessas curvas é possível observar diferentes

perfis entre os polipropilenos obtidos através do sistema homogêneo e com os

catalisadores heterogêneos. Além do deslocamento para valores superiores de

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109

temperatura de fusão, as curvas dos polipropilenos sintetizados através do

Catalisador 2 apresentam um ombro (também no Apêndice C), indicando a

existência de domínios cristalinos no material que fundem a temperaturas inferiores

àquelas determinadas no máximo do pico de fusão de cada curva.

Pode também se verificado que as temperaturas inferiores coincidem com as dos

sistemas homogêneos. Sendo assim, poderia ser concluído que esses domínios

cristalinos presentes nos dois polipropilenos sintetizados pelo Catalisador 2 seriam o

resultado de cadeias poliméricas formadas a partir do complexo que teria sido

extraído do suporte durante a polimerização. Porém, o teste de lixiviação realizado

com este catalisador (Quadro 16) revelou que ele não sofre lixiviação. Logo, é

possível que esses domínios cristalinos que fundem a baixas temperaturas tenham

sido formados em sítios diferentes na superfície do catalisador. Apesar de não se ter

observado perfis diferentes entre as curvas de DSC dos polietilenos sintetizados

com o catalisador homogêneo e com o Catalisador 2 (Figura 48), é possível que

esses diferentes sítios sejam os responsáveis pela geração de irregularidades nas

cadeias dos polietilenos, que causam a queda do grau de cristalinidade desses

polímeros quando comparado ao obtido através do sistema homogêneo (Quadro 17)

Quanto ao efeito do cocatalisador nos sistemas suportados, apesar de não ter sido

observado diferença entre as atividades dos sistemas suportados em sílica, é

possível verificar que há uma queda do grau de cristalinidade nos polipropilenos

obtidos através de sistemas catalíticos que empregaram MMAO como cocatalisador,

indicando que este cocatalisador favorece a formação de ramificações no polímero.

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110

Figura 56 – Calorimetria de varredura diferencial dos polipropilenos sintetizados em

sistemas homogêneos e suportados

É importante lembrar aqui que todas as polimerizações com catalisadores

suportados em materiais mesoporosos que não apresentaram atividade, foram

submetidas a um teste para verificar se a ausência de polímeros não era efeito de

contaminação do meio reacional. O teste consistiu em injetar 5 ml de solução

0,001M de metaloceno no meio reacional. Observou-se nesse teste que houve

formação de polipropileno, concluindo-se que não havia contaminante no meio e,

portanto, a ausência de atividade era exclusivamente efeito do tipo de sistema

catalítico empregado. Todos os testes foram negativos para a presença de

contaminantes no meio reacional.

5.5 – Copolimerizações de Etileno/Propileno com Catalisadores Homogêneos e

Suportados

Devido à ausência de atividade nas polimerizações de propileno com os

catalisadores suportados em materiais mesoporosos, pensou-se em realizar

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111

polimerizações contendo no meio reacional os dois monômeros empregados nesta

Tese, isto é, verificar se na presença de etileno, as moléculas de propileno se

incorporam à cadeia polimérica formando copolímero de etileno/propileno. Outra

possibilidade que poderia acontecer era de somente haver homopolimerização de

etileno, já que os catalisadores mostraram-se ativos para a produção de polietileno e

inativos para a produção de polipropileno. Se isso acontecesse, os catalisadores

desenvolvidos poderiam ser aplicados em situações nas quais a corrente de etileno

que alimenta o reator estivesse contaminada com propileno, e o sistema catalítico só

produziria polietileno.

As copolimerizações foram realizadas seguindo o procedimento descrito no item

4.4.7.5.2. Normalmente, as homopolimerizações de etileno são acompanhadas pela

formação do polímero, que precipita logo nos primeiros instantes da reação. Porém,

durante as copolimerizações não foi observada a formação de precipitado. Na

verdade, o meio reacional se tornou cada vez mais viscoso ao longo da

polimerização. Somente quando o sistema foi vertido em solução de ácido clorídrico

em etanol, houve a formação de um precipitado com aspecto pegajoso.

O comportamento das reações e o aspecto dos produtos como descritos acima já

sugeriam que o polímero formado não se tratava de polietileno nem polipropileno.

Os resultados das copolimerizações estão apresentados no Quadro 26. Não serão

feitas aqui comparações entre as atividades dos catalisadores, pois o objetivo

desses testes foi somente de avaliar se os catalisadores produzem apenas

homopolímeros de etileno ou copolímero de etileno/propileno.

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Quadro 26 – Rendimento das copolimerizações de etileno/propileno empregando

catalisadores suportados em materiais mesoporosos e teor de incorporação de

propileno.

Suporte Catalisador Cocatalisador Rendimento (g)

% Propileno (molar)

Homogêneo MAO 1000c 22,40 23 MMAO 600d 5,60 14

SBA-15 Cat4

MAO 1000c 0,13 a

MMAO 600d 0,20 a

Cat 5 MAO 1000c 0,96 28 MMAO 600d - -

AlSBA-15 (Si/Al = 10)

Cat 6 MAO 1000c 3,45 b

MMAO 600d 0,49 a

Cat 7 MAO 1000c - - MMAO 600d 1,35 20

AlSBA-15 (Si/Al = 25)

Cat 9 MAO 1000c 15,41 19 MMAO 600d 1,62 43

Cat 8 MAO 1000c 19,18 12 MMAO 600d 5,44 b

AlSBA-15 (Si/Al = 50)

Cat 10 MAO 1000c 19,74 15 MMAO 600d 10,13 25

Cat 11 MAO 1000c 12,78 15 MMAO 600d 19,98 20

AlSBA-15 (Si/Al = 75)

Cat 12 MAO 1000c 22,12 16 MMAO 600d 10,03 26

Cat 13 MAO 1000c 0,92 b

MMAO 600d 0,63 a

aNão havia massa suficiente para a preparação do filme; bO filme sofreu degradação; c [Al]/[Zr] = 1000; d [Al]/[Zr] = 600

Como pode ser observado no Quadro 26, a maioria dos sistemas catalíticos

produziu copolímeros e, em alguns casos, apresentando o mesmo rendimento do

sistema homogêneo.

Quanto ao efeito do cocatalisador, verifica-se que na presença de MAO os sistemas

tendem a produzir mais copolímero. Entretanto, é com MMAO que ocorre a

formação de copolímeros com maiores teores de propileno incorporado à cadeia

polimérica. Esse fenômeno foi anteriormente discutido, e observado por outros

autores [35] ao avaliarem o metilaluminoxano modificado com TIBA nas

copolimerizações de propileno/1-octeno em meio homogêneo. Aqueles autores

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113

verificaram que o MMAO possibilita maior incorporação de 1-octeno à cadeia do

copolímero, e atribuíram o efeito ao maior afastamento do par iônico

metaloceno/MMAO que facilitava a inserção do 1-octeno à cadeia polimérica.

São apresentados na Figura 57 os termogramas de calorimetria de varredura

diferencial somente dos copolímeros que apresentaram pico de fusão. Os demais

polímeros não apresentaram pico de fusão, indicando que a incorporação de

propileno às cadeias poliméricas gerou um material completamente amorfo.

Figura 57 - Calorimetria de varredura diferencial dos copolímeros de

etileno/propileno

Como podem ser observados na Figura 57, os picos de fusão dos três copolímeros

ocorrem em temperaturas abaixo das observadas para os polietilenos sintetizados

nesta Tese. Esses dados estão de acordo com as análises de teor de propileno no

copolímero, provando que o propileno se incorpora à cadeia polimérica através das

reações com os respectivos catalisadores. Assim, conclui-se que os catalisadores

não são seletivos para etileno como proposto anteriormente.

É possível que a inatividade dos catalisadores para propileno se deva às condições

reacionais empregadas e/ou ao método de impregnação utilizado. No trabalho

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desenvolvido por O’Hare e colaboradores [103], foi possível obter pequenas

quantidades de polipropileno empregando um catalisador metalocênico imobilizado

em suportes mesoporosos, no entanto, nesse trabalho, os autores imobilizaram o

organometálico através de sua síntese sobre o suporte, isto é, o metaloceno estava

ligado covalentemente ao suporte. Além disso, foram empregadas pressões

superiores (5 bar) à empregada nesta Tese.

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6 – CONCLUSÕES

Foram elaboradas duas séries de catalisadores. A primeira, com menor teor de

metaloceno, foi chamada de Série 1; e a segunda, com maior teor, Série 2.

Entre os catalisadores de Série 1, aquele suportado em SBA-15, material de maior

área específica, foi o que apresentou a maior incorporação de metaloceno. Todavia,

as maiores atividades nesta série foram alcançadas pelos catalisadores suportados

em AlSBA-15 com razão Si/Al igual a 75. Estes valores foram próximos aos obtidos

pelos sistemas homogêneos. É possível que a maior atividade desse catalisador se

deva ao fato da localização da maioria dos sítios de polimerização ser fora dos poros

do material, favorecendo o acesso do monômero ao centro de polimerização. Além

disso, este suporte foi o que apresentou a menor acidez entre os aluminossilicatos

mesoporosos e, provavelmente, este fato tenha contribuído para o aumento da

atividade, tendo em vista que os suportes mais ácidos foram os que apresentaram

as menores atividades. Os testes de lixiviação realizados com os catalisadores da

Série 1 revelaram que é baixo o teor de zirconoceno extraído pelo meio reacional.

Quanto às características dos polímeros sintetizados através dos catalisadores da

Série 1, foi observado um aumento da massa molar em relação ao sistema

homogêneo empregado para comparação. Outra particularidade observada entre os

sistemas catalíticos heterogêneos foi a ausência do fouling, fenômeno característico

dos sistemas metalocênicos homogêneos. Somado aos testes de lixiviação, essa

observação reforça a idéia de que os catalisadores desenvolvidos atuam de fato

como sistemas heterogêneos.

Os polietilenos tiveram suas temperaturas de fusão pouco afetadas pelo uso dos

diferentes catalisadores em sua síntese. O grau de cristalinidade desses polímeros

se manteve dentro da faixa entre 52 e 69%, indicando que os polietilenos eram de

alta densidade.

Na Série 2, o aumento do teor de metaloceno presente no suporte só afetou

significativamente a atividade do catalisador suportado em SBA-15. Os demais

atingiram atividades semelhantes àquelas observadas na Série 1. Os testes de

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lixiviação realizados nos catalisadores da Série 2 revelaram que a extração de

metaloceno pelo sistema reacional é também muito baixa.

Nas polimerizações de propileno, os catalisadores suportados em materiais

mesoporosos não se mostraram ativos, exceto o catalisador suportado em AlSBA-15

SAR 75, que produziu pequenas quantidades de polipropileno.

Para investigar a inatividade dos sistemas frente às polimerizações de propileno,

foram realizadas copolimerizações de etileno/propileno. Os resultados desses

experimentos indicaram que nas condições empregadas, mesmas das

homopolimerizações, e na presença de etileno, as moléculas de propileno são

incorporadas à cadeia polimérica.

O teor de propileno nos copolímeros ficou entre 12 e 25%. As análises de

calorimetria de varredura diferencial revelaram que quase todos os materiais eram

completamente amorfos, devido à ausência do pico de fusão e, apesar de alguns

apresentaram pico de fusão, esses ocorriam em temperaturas inferiores à do

polietileno.

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7 – SUGESTÕES

• Avaliar o tipo de sítios ácidos presentes nos aluminosilicatos mesoporosos

para identificar como a acidez gerada pelo átomo de alumínio melhora ou

prejudica o desempenho do sistema catalítico;

• Verificar se em pressões maiores que a empregada neste trabalho é possível

obter polipropileno a partir dos catalisadores suportados em materiais

mesoporosos;

• Investigar o desempenho dos catalisadores suportados em materiais

mesoporosos na polimerização de etileno em fase gasosa;

• Realizar o tratamento químico do suporte com o metilaluminoxano modificado

(MMAO), verificando se ocorrem modificações no desempenho dos

catalisadores;

• Estudar copolimerizações de etileno com outros monômeros vinílicos

empregando catalisadores suportados em materiais mesoporosos;

• Avaliar outros complexos metalocênicos suportados em materiais

mesoporosos nas polimerizações de olefinas;

• Verificar o desempenho de catalisadores onde o organometálico seja

sintetizado diretamente na superfície do suporte;

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131

9 – ANEXOS

Anexo A – Calorimetria de varredura diferencial dos polietilenos sintetizados a partir

dos catalisadores da Série 1 e MMAO no meio como cocatalisador

Anexo B – Calorimetria de varredura diferencial dos polietilenos sintetizados a partir

dos catalisadores da Série 2 e MMAO no meio como cocatalisador

Anexo C – Calorimetria de Varredura diferencial dos polipropilenos sintetizados a

partir do catalisador em sílica

Anexo D - Síntese dos Suportes Mesoporosos

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Apêndice A – Calorimetria de varredura diferencial dos polietilenos

sintetizados a partir dos catalisadores da Série 1 e MMAO no meio como

cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado através do sistema

homogêneo empregando MMAO como cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 2

(suportado em sílica) empregando MMAO como cocatalisador

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Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 4

(suportado em SBA-15) empregando MMAO como cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 5

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 10) empregando MMAO como cocatalisador

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134

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 9

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 25) empregando MMAO como cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 10

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 50) empregando MMAO como cocatalisador

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Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 12

(suportado em AlSBA-15 – S Si/Al = 75) empregando MMAO como cocatalisador

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136

Apêndice B – Calorimetria de varredura diferencial dos polietilenos

sintetizados a partir dos catalisadores da Série 2 e MMAO no meio como

cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 5

(suportado em SBA-15) empregando MMAO como cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 7

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 10) empregando MMAO como cocatalisador

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Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 8

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 25) empregando MMAO como cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 11

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 50) empregando MMAO como cocatalisador

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138

Calorimetria de varredura diferencial do polietileno sintetizado o Catalisador 13

(suportado em AlSBA-15 – Si/Al = 75) empregando MMAO como cocatalisador

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139

Apêndice C – Calorimetria de Varredura diferencial dos polipropilenos

sintetizados a partir do catalisador em sílica

Calorimetria de varredura diferencial do polipropileno sintetizado a partir do

catalisador suportado em sílica e empregando MAO como cocatalisador

Calorimetria de varredura diferencial do polipropileno sintetizado a partir do

catalisador suportado em sílica e empregando MMAO como cocatalisador

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Anexo D – Síntese dos Suportes Mesoporosos

Preparação das Amostras de SBA-15

Para o preparo das amostras de SBA-15 e de Al-SBA-15 foram utilizados os

seguintes reagentes: tetraetóxi-silano (TEOS, Aldrich), copolímero em bloco poli-

oxido de etileno/poli-óxido de propileno (EO20PO70EO20, Aldrich), ácido clorídrico

(HCl 38%, Vetec), aluminato de sódio (Aldrich).

Um gel apresentando a seguinte composição molar 1,0 SiO2:1,68

EO20PO70EO20:5,85 HCl:162,7 H2O foi preparado dissolvendo-se 5,10 g de

EO20PO70EO20 em 133,10 g de água deionizada e 30,91 g de HCl. Após agitar por

15 minutos, foram adicionados 10,86 g de TEOS. A suspensão formada foi agitada

por 30 minutos e aquecida a 80°C por 48 horas. O sólido formado foi recuperado por

filtração, seco em estufa a 100°C por uma noite e calcinado a 540°C por 8 horas.

Para calcinação foi utilizada uma taxa de aquecimento de 0,5°C/min, com dois

patamares de 30 minutos cada a 150°C e 350°C.

Incorporação de alumínio no SBA-15

Para incorporação do alumínio à estrutura da SBA-15, 7,5 g da amostra de Si-SBA-

15 foram suspensos em uma solução contento a quantidade requirida de aluminato

de sódio para resultar em razões Si/Al igual a 10, 25, 50 e 75. Esta suspensão foi

mantida a 80°C por duas horas. Após este tempo o sólido foi recuperado por

filtração, seco em estufa a 100°C por uma noite e calcinado a 540°C por 8 horas.

Processo de troca e calcinação para substituição do íon de compensação

sódio pelo H+

A troca iônica foi feita com cloreto de amônio, utilizando uma razão amonio/aluminio

igual a 10. Para troca foi feita uma suspensão contendo 5% de sólidos da amostra

em uma solução de cloreto de amônio. Esta suspensão foi aquecida a 80°C por 2

horas e em seguida filtrada, lavada com água deionizada em abundancia e seca em

estufa por uma noite a 100°C. A amostra trocada foi calcinada a 540°C por 6 horas

com uma taxa de aquecimento de 0,5°C por minuto.

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